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RESUMO AV1

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1 
 
RESUMO AV1 
AULA 1 
Crimes Contra a Administração Pública 
Administração Pública: Em decorrência da divisão de poderes, pode- mos 
considerar que incumbe ao Poder Executivo, precipuamente, a adminis- tração 
pública, seja federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Identi- fica-se dois 
aspectos: as atividades exercidas pelo Estado; e os órgãos e agen- tes que 
realizam as referidas atividades. A finalidade é o bem-comum da co- letividade. 
Funcionário Público: “o Chefe do Poder Executivo é considerado um.” É aquele 
que ocupa um cargo e exerce emprego ou função pública. O termo correto, hoje em 
dia, é servidor público; para o Direito Administrativo, é Agente Público; para o 
Direito Penal, é Funcionário Público. 
⇒Há também os Agentes Políticos. Alguns chamam os magistrados de Agentes 
Especiais. Isso não muda nada para o Direito Penal. 
Agentes Públicos→ É toda pessoa física que presta serviços para o 
Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta; 
Agentes Políticos→ São os titulares dos cargos estruturais à organização política 
do País, isto é, são ocupantes dos cargos que compõem o arca- bouço 
constitucional do Estado e, portanto, o esquema funda- mental do poder. Sua 
função é a de formadores da vontade superior do Estado; Exercem função de 
direção e orientação estabelecidas na CF. São: Chefes do executivo, seus 
auxiliares e membros do Poder Legislativo. Alguns autores incluem os 
magistrados, membros do MP e dos Tribunais de Contas, porém Carvalhinho não 
concorda porque não se referem à função política, de governo e administração. 
(Servidores Especiais) 
Agentes Particulares em cooperação→ Pelo art. 327 (do CP), um 
jurado, por exemplo, seria um Funcionário Público, por ser de caráter 
transitório. (Mesários e Jurados, empresas particulares contratadas 
para fazer um serviço público.) Executam funções especiais que podem 
ser consideradas de natureza pública levando-se em conta o vínculo 
que os unem ao Estado. Exs. Jurados e mesários (agentes 
honoríficos). Titulares de ofícios de notas e de registro não oficializado 
(artigo 236 CF) e os concessionários e permissionários de serviços 
públicos (agentes delegados). 
Servidores Públicos em sentido estrito→ É agente público por exclusão dos 
anteriores. Ele ocupa um cargo criado por lei. Exemplo: o povo do cartório. São 
todos os agentes que exercem uma função pública em razão da existência de 
algum tipo de vinculo (estatutário, celetista e temporário) com o Poder Público, 
salvo nos caso mencionados acima. 
 
2 
 
 
Obs¹⇒ Leitura do art. 327, caput (define), e §1º (traz o funcionário 
público por equiparação. 
Alcance da Equiparação: adotamos a Teoria Restritiva, então admite quem é 
sujeito ativo, isto é, quando este pratica o crime. 
Nota: não basta ter a qualidade de funcionário público. A infração deve ter uma 
conexão com o exercício da função. 
Múnus Público: “múnus” é encargo de natureza pública. Quem o exerce não é 
funcionário público. Exemplo: inventariantes judiciais e síndicos (administradores) 
de massa falida. 
Crimes Funcionais 
Próprios: a condição de “funcionário público” é elementar do tipo, sem 
a qual a conduta é considera atípica absolutamente. 
Exemplos: art. 319 (prevaricação) e art. 323 (abandono de função). 
Impróprios: são aqueles nos quais, uma vez excluída a elementar funcionário público, a 
conduta será tipificada como outro crime, como o exemplo citado no qual podemos 
confrontar os delitos de peculato (art. 312, CP) e apropriação indébita (art.168, CP) ou furto 
(art.155, CP). 
Em outras palavras, “você pode até não ser funcionário público, que- rido, mas vai 
responder por alguma coisa, sim”. 
Concurso de Agentes (arts. 29 a 31) 
Análise do concurso de agentes perante envolvimento de funcionário público. 
Exemplo: Mévio, mero mortal, e Setembrino, agente público, furtam bens da 
Administração Pública. Se Mévio conhece a condição de agente de Setembrino, ambos 
respondem por peculato. 
Fundamento: artigo 30, do CP. Podemos concluir que as elementares objetivas ou 
subjetivas se comunicam desde que o outro agente tenha ciên- cia desta elementar. 
Objetividade Jurídica 
Qual é o objetivo jurídico dessas normas em estudo? Aqui, é a tutela (proteção) do 
patrimônio da Administração Pública, sua probidade e sua mo- ralidade. 
Princípio da Insignificância 
Pelo STJ, não cabe o Princípio da Bagatela em crimes contra a Adminis- tração Pública, 
justamente pela tutela da moralidade. 
Porém, o STF diz que há possibilidade de aplicação deste princípio. Relembrando, estes 
são os requisitos para a aplicação deste princípio: 
(a) mínima ofensividade da conduta do agente; 
 
3 
 
(b) nenhuma pericu- losidade social da ação; 
(c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e 
(e) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Lembrete!! Requisitos: mínima ofensividade, nenhuma periculosidade social da 
ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da 
lesão. 
 
Existe controvérsia na doutrina quanto à sua aplicação quando se refere aos 
crimes práticos por FP. Rogério Greco entende ser possível, citou o exemplo do 
FP que furta uma caixa de clips, o que , para o autor não seria razoável a punição 
penal por este fato. 
 
Crimes em Espécie 
Peculato 
 
Art. 312. Apropriar-se1 o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo2, em proveito próprio ou alheio: 
Pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º – Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a 
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, 
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário. 
 Furto3 e concorrência dolosa4 
§ 2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena: detenção, de três meses a um ano. 
 Concorrência culposa em crime doloso5 
§ 3º – No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena 
imposta. 
⇒O servidor tem posse lícita da coisa, em razão de sua função, e em um 
determinado momento ele decide se apropriar dela (1ª parte); 
⇒É dar destinação diversa da que é estabelecida em lei. Exemplo: con- tratar 
funcionário fantasma para ficar com o respectivo salário para si próprio; 
Nota: 312 vs 315. Este tem desvio dentro da própria Administração Pública, 
enquanto que aquele tem desvio para fora dela. 
 
4 
 
⇒O bem não está na posse do funcionário público. O acesso à coisa, porém, se dá 
em decorrência de sua função e qualidade de funcionário público. Se não for pela 
facilidade de ser funcionário público, é o art. 155. A 2ª parte tem a ver com 
concurso necessário, sendo que uma das pessoas é um funcionário público;É 
concorrência dolosa para crime culposo;Não há liame subjetivo. O funcionário foi 
descuidado, o que permitiu a subtração de valores ou bens por um terceiro; 
⇒É a reparação do dano. Relacionado ao crime culposo, resumimos que, antes da 
sentença, há extinção da punibilidade (alguns dizem que é perdão judicial); depois, 
redução pela metade 
⇒E no caso do peculato doloso? Art. 16 (arrependimento posterior) é uma causa de 
diminuição de pena e serve para antes do recebimento da denúncia. Art. 65, III, b, 
que é uma atenuante e serve para depois do recebimento e antes do julgamento. 
Peculato mediante erro de outrem.( Art.313 CP) 
Chamado pela doutrina de peculato-estelionato. 
Exemplo da doutrina: serumaninho vai efetuar pagamento a órgão pú- blico em 
lugarerrado. O funcionário, sabendo do erro, fica com o dinheiro para si. O 
funcionário manteve o serumaninho em erro. 
Correntes: 
1ª: tanto faz o erro ser espontâneo ou provocado; 2ª: o erro precisa ser espontâneo 
Concussão ( Art.316 CP) 
O vocábulo exigir denota que o autor gera um temor na vítima, pois há presunção 
de intimidação. Por exemplo, “se você não me der tal coisa/valor, deslocarei seu 
veículo para o depósito público”. Agora, se o mesmo funcio- nário disser que vai 
incendiar o carro, por exemplo, não é mais o 316, pois não há relação com sua 
função. 
É crime formal; se consuma com o mero ato de exigir. A entrega do bem ou valor, 
dentro dos limites da exigência, não é conduta típica. Exemplo: “pediu 200 e 
recebeu 200”. Está dentro dos limites. 
TIPO OBJETIVO. 
EXIGIR: 
Para si ou para outrem. 
Direta ou indiretamente. 
Ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas EM RAZÃO DELA. 
NÚCLEO DO TIPO. EXIGIR⇒ Sentido de ordenar ou impor. Transmite a ideia de 
intimidação no comportamento do funcionário público, que se aproveita do temor 
proporcionado à vítima para exigir vantagem. 
 
5 
 
⇒O temor da vitima existe em razoa dos poderes inerentes ao cargo público pelo 
FP ocupado. 
 
Explícita⇒ Fiscal da Prefeitura cobra dinheiro para não embargar a obra de sua 
residência. 
Implicita⇒PM notoriamente conhecido por incomodar pessoas honestas exige de 
seu vizinho a doação de motocicleta para deslocar-se ao local de trabalho. 
EM RAZÃO DA FUNÇÃO⇒A exigência deve decorrer da posição ocupada pelo FP 
mesmo que ele não esteja em exercício no momento da conduta. 
⇒A ameaça consiste em utilizar o cargo público para causar mal passível de 
concretização na esfera de atuação do FP. 
⇒A ameaça representa aquilo que efetivamente o FP pode realizar em razão da 
função. 
Ex. Policial apreende veiculo por falta de documentação exige vantagem para não 
dar sumiço no veículo. Grave ameaça. Extorsão. Artigo 158. A grave ameaça está 
relacionada a mal estranho à função pública. 
VANTAGEM INDEVIDA⇒ Elemento normativo. Objeto Material. 
VANTAGEM INDEVIDA.⇒Controvérsia: 
CONSUMAÇÃO. 
Crime Formal. Consuma-se com a mera exigência não sendo necessário o 
recebimento da vantagem. 
Corrupção Passiva ( Art.317 CP) 
Mera solicitação que não causa temor na vítima, podendo ser aceita ou não. É 
formal; 
Há bilateralidade aqui, pois alguém oferece (art. 333) e outro recebe; 
Há bilateralidade aqui. A conduta correlata é de “prometer” do art. 
333. 
O primeiro parágrafo se trata de corrupção exaurida, enquanto que o segundo se 
trata de corrupção privilegiada. 
TIPO OBJETIVO. 
SOLICITAR. 
RECEBER. 
Para si ou para outrem. 
 
6 
 
Direta ou indiretamente. 
Ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas EM RAZÃO DELA. 
VANTAGEM INDEVIDA. 
 
ACEITAR⇒promessa de tal vantagem. 
OBJETO MATERIAL 
Vantagem indevida. 
Opera-se uma espécie de permuta entre a vantagem indevida desejada pelo FP e a 
ação ou omissão que beneficiará o terceiro. 
PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA⇒Cleber Masson aponta a impossibilidade de 
incidência do referido principio. Contrariamente, Rogério Greco afirma a 
possibilidade de sua aplicação quanto aos presentes de valor irrisório, o que em 
verdade afastaria a tipicidade material por conta da ausência de dolo (intenção de 
aceitar em troca de realizar alguma ação ou omissão em favor da pessoa que 
presenteou). 
ESPÉCIES. 
PROPRIA ⇒O FP negocia um ato ilícito. Ex, policial deixa de multar motorista. 
IMPROPRIA ⇒O ato sobre o qual recai a transação é lícito, Delegado solicita 
propina para agilizar andamento de IP. Protege-se a PROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. 
CONSUMAÇÃO⇒Crime formal ou de consumação antecipada. 
SOLICITAR⇒O ato de solicitar já gera consumação independentemente de receber 
a vantagem indevida. 
RECEBER⇒ Consuma-se no ato do recebimento, sem que tenha feito qualquer 
solicitação anterior. Aqui o FP recebe vantagem oferecida por terceiro (art.333). 
ACEITAR A PROMESSA⇒Consuma-se no ato de concordância com a promessa 
de vantagem que lhe foi direcionada por terceiro (art. 333). Não precisa receber a 
vantagem indevida. 
Prevaricação ( Art.319 CP) 
Sem elemento externo, funcionário público faz ou deixa de fazer ou re- tarda suas 
atribuições por sentimento ou interesse pessoal. Que elemento ex- terno? Vontade 
de um terceiro ou manifestação deste. 
Exemplo: “ajudar, sem ser solicitado, no trâmite do processo do seu João, que é 
legalzinho, bacana, fala com todos etc.” É sentimento e vontade própria do 
funcionário ajudar João. 
 
7 
 
Satisfazer = interesse ou sentimento. 
Não há modalidade culposa neste crime. 
CONSUMAÇÃO⇒ Consuma-se com as condutas descritas em lei.C 
Condescendência Criminosa ( Art.320 CP) 
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que 
cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar 
o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
⇒É quando a cria não responsabiliza ou comunica à autoridade compe- tente sobre 
infração praticada por outro funcionário. 
Remissão: art. 143, da Lei 8.112/90. 
CONSUMAÇÃO⇒O dever do superior hierárquico em promover a 
responsabilização do subordinado não está sujeito a prazo. A obrigação é 
IMEDIATA, segundo aponta a doutrina, ao mencionar a Lei 8112/90, artigo 143. 
Advocacia Administrativa 
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a adminis- 
tração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: 
Pena: detenção, de um a três meses, ou multa. 
⇒Quer dizer defender interesse privado perante a Administração Pública, quando 
não faz parte de suas funções ou atribuições. 
CONSUMAÇÃO⇒Com a prática de qualquer ato que importe em patrocínio de 
interesse particular. Doutrina majoritária no sentido de não exigir habitualidade. 
Abandono de Função 
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Correntes: 
1ª (minoritária): o abandono é condicionado a prazo. Por referência, 
pela Lei 8.112/90, só poderíamos dizer que há abandono após 30 
dias; 
2ª (majoritária): por ser a infração penal, e não administrativa, seria ape- 
nas o tempo necessária para que traga prejuízos à Administração 
Pública. Então, o tempo pode variar. 
CONSUMAÇÃO. 
 
8 
 
RG. Trata-se de crime de perigo concreto sendo assim se consuma quando o 
abandono cria efetivamente um perigo de dano em decorrência da fluência de 
tempo juridicamente relevante. 
André Estefan e Rogério Sanches. Fluência de tempo relevante, não há um prazo 
certo, mas requer que o cargo seja deixado ao desamparo com risco de dano a 
continuidade do serviço. 
Nucci. Quando houver o abandono ainda que a AP não sofra prejuízo. 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências 
legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que 
foi exo- nerado, removido, substituído ou suspenso: 
Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa 
Neste artigo, o sujeito ainda não é funcionário público, pois ainda não 
tomou posse, não passou pelos procedimentos necessários para isso. 
O momento consumativo é quando exerce ato da atividade pública. 
Cabe tentativa, pois alguém pode bloquear seus atos ao ver que não 
é um funcionário público autêntico. 
CONSUMAÇÃO⇒Crime Instantâneo. Não é habitual. O crime se aperfeiçoa no 
momento em que o sujeito ativo realiza indevidamente o primeiro ato inerente à 
função pública, sendo desnecessário o prejuízopara a administração pública. 
TENTATIVA⇒É possível. Ex. Fulano foi aprovado em no concurso para Delegado, 
mas antes de ser empossado, vai a Delegacia e antes de exercer qq ato como 
Delegado é flagrado. 
Violação de Sigilo Funcional 
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva 
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
§ 1º. Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – Permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de 
senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas 
de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II – Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2º. Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou 
a outrem: Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Obs⇒Não há modalidade culposa, mas cabe tentativa. 
 
9 
 
Observaçoes Finais : 
 
CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO 
 
Cargo. São criados por lei, com denominação própria, em numero certo e pago 
pelos cofres públicos. Lei 8112/90. EX. Delegado de Policia, Vereadores, Juízes, 
Presidente da Republica, oficial de justiça, ETC. 
Emprego público. Refere-se ao servidor contratado em regime especial ou 
celetista. EX. professor temporário. 
Função. Qualquer conjunto de atribuições que não correspondam a cargo ou 
emprego público. Ex. jurado, mesário 
CONSUMAÇÃO⇒Com a simples revelação a terceira pessoa a quem o 
conhecimento não se destinava. 
Aula 2 
Crimes Contra a Administração Pública. 
 
⇒Trata-se dos artigos 328 ao 337-A, todos do Código Penal. (Mas não ve- remos 
todos um a um.) 
Usurpação de Função Pública 
É exercer ilegalmente a função pública. É necessário fazer algo da fun- ção pública, 
não basta que você se coloque como funcionário público, se- não se configura o 
art. 45, do Decreto-Lei 3.688/41 (LCP). 
Se houver vantagem, a pena é de 2 a 5 anos, conforme parágrafo único do mesmo 
artigo. 
Pode haver uma similaridade com o art. 171, CP, [em alguns casos]. Só que no 171 
não há conexão com uma função pública; o objetivo é apenas a fraude e a 
obtenção de vantagem ilícita através do patrimônio alheio. No 328, parágrafo único, 
há conexão com a função pública e a vantagem é em decorrência da função, não 
do patrimônio alheio. 
Rogério Greco: “O núcleo usurpar deve ser entendido no sentido de exercer 
indevidamente, fazendo-se passar por um funci- onário público devidamente 
investido para a prática do ato de ofí- cio. Há necessidade, portanto, para efeitos de 
caracterização do delito em estudo, que o agente, efetivamente, pratique algum ato 
que diga respeito ao exercício de determinada função pública.” 
O delito se consuma quando o agente, efetivamente, pratica qualquer ato que 
importe no exercício da função por ele usurpada. Não basta, outros- sim, dizer-se 
ocupante daquela função, havendo necessidade, portanto, de prática de atos de 
ofício que digam respeito ao seu exercício. A tentativa é admissível. 
 
10 
 
Resistência 
O sujeito impede a execução de ato legal através de violência ou ame- aça. A 
ordem do funcionário tem que ser legal e ele tem que ser competente para cumpri-
la. 
Aplicar este artigo não desqualifica outros correspondentes à violência (§ 2º), como 
os de lesão corporal. Vale salientar que não caberia concurso de crimes com o art. 
147 (ameaça), visto que esta é uma elementar do caput. 
Nelson Hungria: “A oposição deve ter, na espécie, um cará- ter militante. A 
simples desobediência ou resistência passiva (viscivilis) poderá constituir outra 
figura criminal (art. 330), sujeita a pe- nalidade sensivelmente inferior. Se não há 
emprego de violência (vis physica, vis corporalis) ou de ameaça (vis compulsiva), 
capaz de incutir medo a um homem de tipo normal, limitando-se o indivíduo à 
inação, à atitude ghândica, à fuga ou tentativa de fuga, à oposição branca, à 
manifestação oral de um propósito de recalcitrância, à simples imprecação de 
males (pragas), não se integra a resistência. Não a comete, por exemplo, o 
indivíduo que se recusa a abrir a porta de sua casa ao policial que o vai prender, ou 
se agarra a um tronco de árvore ou atira-se ao chão para não se deixar conduzir ao 
local da prisão. ” 
Rogério Greco: “A violência deverá ser aquela dirigida contra a pessoa do 
funcionário competente para executar o ato legal, ou mesmo contra quem lhe 
esteja prestando auxílio. Importa em vias de fato, lesões corporais, podendo até 
mesmo chegar à prática do delito de homicídio. A ameaça também poderá ser 
utilizada como meio para a prática do delito em estudo. Embora a lei penal não 
utilize a expressão grave ameaça, tal como fez em outras situações, a exemplo do 
crime de roubo, entendemos que, também aqui, deverá ter alguma gravidade, 
possibilitando abalar emocionalmente um homem normal, ficando afastada aquela 
de nenhuma significância. ” 
⇒O crime de resistência se consuma com a oposição à execução de ato legal, 
mediante violência ou [grave] ameaça. A execução não prosseguir é mero 
exaurimento. 
Por ser um crime plurissubsistente, cabe tentativa (mas é difícil acontecer). 
Em caso de embriaguez, esta condição pode eliminar a infração penal, 
dependendo da forma como o delito foi cometido. Esta posição não é radi- cal, pois 
somente o caso concreto pode dizer se a infração será eliminada ou não. 
Desobediência ( Art.330 CP) 
É como o crime de resistência, mas sem o emprego de violência ou mesmo 
ameaça. É a chamada resistência passiva. 
 
11 
 
Significa deixar de atender, não cumprir a ordem legal de funcionário público, seja 
fazendo, ou mesmo deixando de fazer alguma coisa que a lei imponha. (Se 
consome assim.) 
Superior Tribunal de Justiça: “Superior Tribunal de Justiça, que: “Criminal. RHC. 
Desobediência. Trancamento da ação. Atipicidade evidenciada. Re- curso provido. 
I. Só se configura o delito de desobediência quando há des- cumprimento à ordem 
legal endereçada diretamente para quem tem o de- ver legal de cumpri-la. II. 
Recurso provido para determinar o trancamento da ação penal por atipicidade” 
(RHC 10.648/SP, 5 a T., Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 19/3/2001, p. 120).” 
De acordo com Rogério Greco, se fracionarmos a conduta do agente (iter criminis), 
é possível o reconhecimento da tentativa. 
Desacato 
Significa desrespeitar, humilhar, o funcionário público, quando feito por particular. 
O STF tem decisões e pronunciamentos de que este dispositivo está em desacordo 
com a Convenção Americana de Direitos Humanos. Ele não seria válido quando 
utilizamos esta convenção (art. 13). 
A doutrina majoritária diz que, para a configuração deste delito, há ne- cessidade 
da presença física do funcionário e do sujeito. Então, não caberia por telefone, e-
mail e afins. Isso é para filtrar os crimes e excluir este, pois se não for esse, seria 
crimes contra a honra 
Exercício da Função 
 
1ª Corrente (qualquer ofensa): Guilherme Souza, Fernando Capez e Cleber 
Masson. 
2ª Corrente (ofensa relacionada à função): Cezar Roberto Bittencourt. 
Em Razão da Função ⇒ a ofensa está direcionada à função pública, não à pessoa 
em si. Não está em exercício. Exemplo: gritar “corrupto! Ladrão!” para um 
deputado, porque ele é deputado. 
⇒A consumação se dá no momento em que o funcionário público re- cebe a 
ofensa. 
Nelson Hungria: “Não é desacato a ofensa in litteris, ou por via telefônica, ou pela 
imprensa, em suma: por qualquer modo, na ausência do funcionário. Em tais 
casos, poderão configurar-se os crimes de injúria, difamação, calúnia, ameaça, se 
ocorrerem os respectivos essentialia, e somente por qualquer delesresponderá o 
agente. ” 
Rogério Greco: “Não é preciso que o agente esteja no exercício da função para 
que se possa configurar o desacato, bastando que a conduta ofensiva seja 
praticada em razão dela. Assim, por exemplo, poderá um juiz de direito ser 
 
12 
 
desacatado em um restaurante, quando almoçava com a sua família, ou mesmo 
um fiscal de rendas ser ofendido, em virtude da sua função, durante uma pescaria. 
O mais importante é que a conduta de menoscabo, de desprestígio etc., diga 
respeito às funções exercidas pelo funcionário público, atacando-se, na verdade, a 
própria Administração Pública. ” 
Superior Tribunal de Justiça: “A reação indignada do cidadão em re- partição 
pública onde esbarra com intolerância de servidor com quem dis- cute não 
configura desacato (CP, art. 331). Um Estado pode ser eficiente ou não 
dependendo do nível de cidadania dos que pagam impostos. Pagar im- postos e 
conformar-se, aceitando as coisas como sempre estão, em suas mes- mices, 
implica aumentar o poder dos mandantes e seus mandados, ampli- ando-se a 
arrogância entre todos de todas as esferas da administração. Con- tra a má 
prestação de serviços públicos em quaisquer de suas formas, quais- quer que 
sejam os agentes estatais, resta ao contribuinte a indignação. Só pela indignação, 
pela denúncia, será possível repor o Estado brasileiro na compatibilidade da 
Constituição e das leis, resgatando-se em favor dos pa- gadores de impostos a 
verdadeira cidadania. Recurso conhecido e provido para trancar a ação penal” 
(STJ, RHC 9615/RS; RO em HC, Rel. Min. Edson Vi- digal, 5ª T., DJ 25/9/2000, p. 
113). 
Concurso de Crimes? 331, 330 e 329? Talvez. Exemplo: funcionário público vai 
cumprir ordem de busca e apreensão, mas o sujeito o ameaça, o agride e, em ato 
contínuo, joga tomates no servidor. Temos aqui o 329 e 331; este para humilhar, 
aquele para impedir o ato. Também vale concurso entre 331 e 330. Contudo, um 
concurso entre 329 e 330 não seria possível, visto que o 330 comporta a conduta 
do 329 sem a violência ou ameaça. 
Desacato cometido por Advogado: a Lei nº 8.906/1994, que dispõe so- bre o 
Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no 
§ 2º do seu art. 7º, conferia imunidade aos advogados, em exercício de sua função, 
nos crimes de injúria, difamação e desacato. Porém, o STF (ADI 1.127- 8 (STF) 
(PDF)) declarou a inconstitucionalidade da norma, retirando “desa- cato” da lista. 
Tráfico de Influência 
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou pro- 
messa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no 
exer- cício da função: 
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua 
que a vantagem é também destinada ao funcionário. 
⇒Solicitar ⟺Eexigir⟺Cobrar⟺ Obter. 
 
13 
 
Solicitar deve ser entendido no sentido de pedir; exigir significa impor, ordenar, 
determinar; cobrar é atuar no sentido de ser pago, de receber; obter importa em 
alcançar, conseguir. 
Rogério Greco: “Todos esses comportamentos devem ser dirigidos no sentido de 
que o agente obtenha, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de 
vantagem, que poderá ou não ter caráter econômico, podendo, também, tratar-se 
de uma prestação sexual, haja vista não haver qualquer limitação interpretativa 
para efeitos de seu reconhecimento. [...] não há necessidade de que o agente 
tenha, efetivamente, recebido a vantagem por ele solicitada, exigida ou cobrada, 
bastando, tão somente, que o sujeito passivo a tenha prometido. ” 
Por ser formal, a mera conduta consuma o crime. Dependendo da hi- pótese 
concreta, visualizando-se a possibilidade de fracionamento do iter cri- minis, será 
possível a tentativa. Quando os atos forem praticados de forma concentrada, dada 
à sua natureza monossubsistente, ficará afastada a ten- tativa. 
Edgard Magalhães Noronha: “O crime realmente é um estelionato, pois o agente 
ilude e frauda o pretendente ao ato ou providência governamental, alegando um 
prestígio que não possui e assegurando-lhe um êxito que não está ao seu alcance. 
Todavia, o legislador preferiu, muito justificadamente, atender aos interesses da 
administração, lembrando, com certeza, de que, frequentes vezes, pela pretensão 
ilícita que alimenta, o mistificado equivale ao mistificador, estreitados numa torpeza 
bilateral.” 
Guilherme de Souza Nucci: “Eleva-se a pena na metade, caso o agente afirme ou 
dê a entender de modo sutil que o ganho destina-se, também, ao funcionário que 
vai praticar o ato. Caso realmente se destine, trata-se de corrupção (ativa para 
quem oferta e passiva para quem recebe).” 
Descaminho 
O crime de descaminho veio com a Lei 13.008/14, que alterou o referido artigo e o 
dividiu em 334 e 334-A, pois o mesmo tratava tanto de descaminho quanto de 
contrabando. 
Devemos lembrar que estamos falando de crimes contra a Administração Pública. 
É uma fraude em relação a mercadoria não-proibida. Trata-se de fraudar a 
arrecadação tributária (IPI), abrangendo tanto a importação quanto a exportação. 
Na doutrina, é pacífico dizer que o princípio da bagatela é cabível. E, considerando 
portaria do Ministério da Fazenda, é cabível nos casos em que o imposto não 
passe de 20 mil reais. 
O STJ, contudo, mantém uma posição conservadora (anterior à do MF) e diz que 
são 10 mil reais. 
A consumação do crime se dá com o ato de iludir o pagamento do imposto. É crime 
formal. 
 
14 
 
Conforme súmula 560, do STF, há extinção de punibilidade nos crimes de 
contrabando e descaminho quando há pagamento do tributo devido. 
Controvérsia 
STF⇒ equipara o descaminho ao contrabando 
STJ⇒ não vê extinção de punibilidade para o descaminho, pois não está na 
Lei 8.137 
Análise Conjunta com o Art. 318 – Facilitação de Contrabando ou 
Descaminho 
É crime praticado por funcionário público para facilitar o descaminho ou 
contrabando. Se receber alguma vantagem, responde, também, pelo 
317 (corrupção passiva). 
Contrabando 
Aqui, a mercadoria é ilícita, é de fato proibida por, por exemplo, sua própria 
natureza. 
⇒Dependendo do produto, aplica-se a lei especial, sendo o Código Penal residual. 
O delito de contrabando se consuma quando da entrada (importação) ou saída 
(exportação) do território nacional da mercadoria proibida. Se não conseguir, é 
tentativa. 
⇒Os Tribunais Superiores não veem aplicação do princípio da bagatela. 
Rogério Greco: “Para que se configure o contrabando, a mercadoria importada ou 
exportada deve se encontrar no rol daquelas consideras proibidas de ingresso ou 
saída do território nacional. Trata-se, portanto, de uma norma penal em branco, 
uma vez 
que o Governo brasileiro, por intermédio de seus Ministérios (Fazenda, Agricultura, 
Saúde etc.), como regra, é que especificará quais são essas mercadorias 
consideradas proibidas, a exemplo do que ocorre com a importação de: cigarros e 
bebidas fabricados no Brasil, destinados à venda exclusivamente no exterior; 
cigarros de marca que não seja comercializada no país de origem; brinque- dos, 
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir, 
exceto se for para integrar coleção de usuário auto- rizado, nas condições fixadas 
pelo Comando do Exército Brasileiro; espécies animais da fauna silvestre sem um 
parecer técnico e licença expedida pelo Ministério do Meio Ambiente; espécies 
aquáticas para fins ornamentais e de agricultura, em qualquer fase do ciclo vital, 
sem permissão do órgão competente; produtos assinala- dos com marcas 
falsificadas, alteradas ou imitadas, ou que apresentem falsa indicação de 
procedência;mercadorias cuja produção tenha violado direito autoral (“pirateadas”) 
produtos contendo organismos geneticamente modificados; agrotóxicos, seus 
componentes e afins; resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos 
 
15 
 
sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e 
animal ou à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso, 
reutilização ou recuperação etc.; ou com a exportação de: peles e couros de 
anfíbios e répteis, em bruto; cavalos importados para fins de reprodução, salvo 
quando tiverem permanecido no País, como reprodutores, durante o prazo mínimo 
de três anos consecutivos etc.” 
AULA 3 
Crimes Praticados Contra a Administração Justiça. 
 
Recapitulação 
Art. 333 – corrupção ativa 
 
 
 O funcionário aceitar ou não é mero exaurimento. 
 ELE ACEITOU! ‘O’ Então ele cometeu corrupção passiva, querido. 
 
 
Remissão ao artigo 343: Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra 
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer 
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, 
tradução ou interpretação: 
Pena: reclusão, de três a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é 
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal 
ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou 
indireta. 
Denunciação Caluniosa 
É diferente da calúnia porque vai além. A calúnia é apenas a imputação falsa de 
crime a alguém que não o cometeu. Esse é o artigo 138/CP. 
O 339 vai além, pois inicia-se uma investigação, gera custos, e a pessoa tem que 
saber que o acusado é inocente. 
Admite-se tentativa. Se consuma com a instauração do inquérito. 
Bem Jurídico Tutelado⇒Administração da justiça. 
Indiretamente⇒Honra,patrimônio e liberdade da pessoa. 
Oferecer ou prometer vantagem 
indevida a funcionário público. 
 
16 
 
 
Tipo Objetivo⇒Dar Causa,provocar ou ocasionar.Investigação policial, processo 
judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa. 
Contra alguém, Imputando-lhe crime de que o sabe ser inocente. 
Alguém: pessoa determinada ou determinável. 
Obs⇒Se for contravenção é caso do § 2º. 
Tipo Subjetivo⇒ É indispensável o efetivo conhecimento do agente acerca da 
inocência da pessoa que teve contra si atribuída uma infração penal. 
Consumação⇒ Crime material. Com a efetiva instauração do procedimento. 
Confronto entre o direito à autodefesa e a denunciação caluniosa. 
Cleber Masson⇒ diz que a autodefesa não permite a imputação falsa de crime a 
outrem. 
Rogério Greco⇒ aponta decisão em mostra a atipicidade da conduta em caso de 
exercício da autodefesa. 
Denunciação caluniosa e organização criminosa⇒ Lei 12850/2013 prevê 
figura especifica de denunciação no bojo da colaboração premiada. 
Arrependimento Posterior e Desistencia voluntária⇒Cabíveis. 
 
Momento para o oferecimento da Denúncia: 
⇒O MP deve aguardar o desfecho do IP ou da ação penal, reconhecendo-se 
judicialmente a inocência do denunciado para então imputar o crime do artigo 
339CP? 
Rogério Greco/Cleber Masson⇒ aponta decisão do STF no sentido de 
aguardar-se o desfecho do IP ou ação penal. 
 
Denunciação Caluniosa e Calúnia 
⇒DC. O sujeito faz imputação falsa de crime para movimentar o aparelho estatal. 
 
⇒C. O sujeito faz imputação falsa de crime para ofender a honra objetiva da vitima. 
Comunicação Falsa de Crime ou de Contravenção (Art.340 CP) 
É como o artigo anterior, mas sem imputar contra alguém específico. 
Observação: ver art. 171, § 2º, V, do CP. A comunicação falsa de crime funcional 
como meio fraudulento para o agente obter ilicitamente indenização ou valor de 
seguro (exemplo: comunicar roubo de carro para receber seguro). 
Exemplo do art. 340: nadador que alegou ter sido sequestrado, mas não foi. 
 
17 
 
 
Provocar⇒ dar causa à ação policial. 
 ⇒A ação da autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de CRIME ou 
CONTRAVENÇÃO que sabe não se ter verificado. 
Obs⇒O agente limita-se a comunicar falsamente uma infração penal quer saber 
não ter verificado,não acusa falsamente nenhuma pessoa; já no delito do art.339 
CP o agente individualiza o suposto autor do crime sabendo ser ele inocente. 
Consumação⇒ Consuma-se no instante em que a autoridade pública asota 
alguma ação com a finalidade de apurar a ocorrência do delito falsamente 
comunicado.Não é suficiente a meca comunicação,depende da ação da autoridade 
policial 
 
Ob⇒ Ver art.171§2º,V do Código Penal.A comunação falsa de crime funciona como 
meio fraudulento para o agente obter ilicitamente indenização ou valor do seguro. 
 
Autoacusação Falsa (Art. 341 CP) 
 
Atribuir a si próprio crime inexistente ou praticado por outrem. 
Digamos que eu tenha matado o Diego, minha roupa esteja manchada de sangue 
etc. Mas minha mãe diz à autoridade que foi ela quem o matou, visando me 
proteger. Pensamos no momento consumativo, então não fazemos analogia com a 
falsidade ideológica grotesca, em que não há chance de engano e não responde 
por isso. Na defesa, podemos falar em inexigibilidade de conduta diversa da mãe. 
Tentativa: somente por meios escritos. 
Falso Testemunho ou Falsa Perícia (Art.342 CP) 
 
⇒Falar uma inverdade, negar a verdade ou se calar quando deve falar. 
Obs¹:O 342 não fala sobre o compromisso de dizer a verdade (art. 203, CPP1), 
que é uma formalidade processual. 
Corrente Minoritária (CRB2 e Nucci)  é indispensável o compromisso para a 
caracterização do crime, pois a sua ausência transforma quem seria testemunha 
em mero informante (este não presta depoimento, mas declarações ou 
informações). 
 
 
 
 
18 
 
Corrente Majoritária (RG3, CM4 e Damásio)  o compromisso de dizer a verdade 
mencionado no art. 203 do CPP não constitui elemento essencial à configuração do 
tipo do art. 342, logo, mesmo não sendo prestado a testemunha responderá pelo 
crime. 
Cabe concurso de pessoas? 
É CRIME DE MÃO PRÓPRIA. Atuação pessoal ou conduta infungível ou 
personalíssima. 
Crimes assim são incompatíveis com a coautoria, pois não podem transferir a 
execução da conduta típica. No entanto, comporta participação (induzimento, 
instigação e auxílio). 
⇒Cleber Masson coloca que é possível a coautoria em caso de falsa perícia. 
Rogério Greco diz que são incompatíveis também com a autoria mediata. Não diz 
nada sobre a falsa perícia. 
⇒E sim, lindo! O advogado também pode ser partícipe! E olha! Ele é 
o mais cotado, viu?! 
⇒A retratação afasta a punibilidade e se encontra no segundo parágrafo. 
⇒Vale dizer que calar a verdade ou dizer uma inverdade não é aplicável ao réu, 
pois ele não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
⇒A tentativa é extraordinária, pois é difícil de acontecer. 
Tipo Objetivo: 
Acusar-se⇒atribuir a si próprio crime inexistente ou praticado por outrem. 
Autoridade⇒Para RG e CRB autoridade é a policial, judiciária e o Ministério 
Público. Para LRP abrange também as autoridades administrativas como, por 
exemplo, o prefeito. 
⇒Cleber Masson menciona às autoridades administrativas desde que tenham 
atribuição para investigar (servidor da Receita Federal). 
Crime⇒ O art. 341 abrange exclusivamente crime. 
Consumação⇒Crime Formal. Independe de qq providencia da autoridade, basta 
a autoacusação. 
 
Tentativa. Somente por meio de escritos. 
Exercício Arbitrário das Próprias Razões (Art.345 CP) 
 
 
 
 
 
19 
 
⇒Visa coibir a autotutela,salvo quando a lei a permitir, como no caso de defesa da 
posse e da legítima defesa. 
Exemplo: A está devendo dinheiro a B. B, após diversas tentativas amigáveis 
frustradas, vai à casa de A e subtrai bens equivalentes à dívida. 
Pode haver concurso de crimes entre o art. 345 e o art. 129, por exemplo, que é de 
lesão corporal. 
Obs¹⇢ Para a configuração do exercício arbitrário das próprias razões, faz-
se necessária a comprovação da legitimidade da pretensão a ser satisfeita, 
e a vontade do autor de empregar a fraude com o único fim de satisfazer tal 
pretensão, o que não ocorreu no caso (TRF, 2ª Reg., Processo 
20035101508 1370, ACr./RJ, Rel.ª Maria Helena Cisne, pub. 20/2/2008). 
Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder 
de terceiro por determinação judicial ou convenção: 
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
Obs⇒Tirar tem o sentido de subtrair, retirar; suprimir significa fazer com que 
desapareça; destruir importa em eliminar; danificar diz respeito a estragar, 
deteriorar. Essas condutas devem ter como objeto material a coisa própria, vale 
dizer, a coisa móvel pertencente ao agente, que se acha em poder de terceiro por 
determinação judicial ou convenção. 
Fraude Processual (Art.347 CP) 
 
Exemplo: lavar manchas de sangue de uma cena de crime. 
Os réus têm “direito” a alterar/inovar artificialmente a cena, pois seria uma 
expressão da autodefesa. 
Obs⇒Inovar artificiosamente é valer-se de um artifício, de um ardil, com a 
finalidade de enganar, iludir, modificando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa. 
Como esclarece Hungria, “a fraude opera-se com a artificiosa inovação (alteração, 
modificação, substituição, deformação, subversão) relativamente ao ‘estado de 
lugar, de coisa ou de pessoa’ (enumeração taxativa). Inova-se artificiosamente: o 
estado de lugar, quando, por exemplo, se abre um caminho, para inculcar uma 
servidão itineris; o estado de coisa, quando, v.g., se eliminam os vestígios de 
sangue numa peça indiciária da autoria de um homicídio, ou se coloca um revólver 
1793 junto a uma vítima de homicídio, para fazer crer em suicídio; o estado (físico) 
de pessoa, quando, in exemplis, se suprimem, mediante operação plástica, certos 
sinais característicos de um indivíduo procurado pela justiça”. 
Favorecimento Pessoal (Art.348 CP) 
Devemos ter como visualização um crime antecedente. 
 
20 
 
Exemplo: “Setembrino acabou de praticar um furto e lesão corporal. Um policial vê 
o ocorrido e inicia uma perseguição. Um amigo, Mévio, vê Setembrino correndo e 
ajuda-o a furtar-se da ação policial dizendo que Setembrino correu na direção 
oposta.” 
O auxílio deve ocorrer após a consumação do delito anterior sem acordo prévio 
(liame). 
O primeiro parágrafo é a modalidade privilegiada, enquanto que o segundo trata de 
inexigibilidade de conduta diversa (escusa absolutória  imunidade penal material 
ou absoluta). 
É? Ou, não é? 
1. Setembrino rouba e pede a Mévio para distrair o policial para fugir; 
2. Setembrino rouba e, depois, Mévio, desconhecido, diz para ele se esconder em 
determinado lugar para escapar. 
O 2º exemplo, sim, pois não houve liame. Se Mévio está no 148 aqui, não pode ser 
partícipe. 
No 1º exemplo, ele atua como partícipe do crime de roubo, pois houve acordo prévio. 
Vale ressaltar que a infração anterior deve ser crime, não contravenção 
 
Rogério Greco: “Essa ajuda deve ser dirigida no sentido de fazer com que 
alguém se subtraia à ação de autoridade pública, ou seja, aquela que seja 
legitimada a determinar ou proceder à captura do autor do crime, a exemplo do 
delegado de polícia, promotor de justiça e juiz de direito. ” 
Favorecimento Real (Art.349 CP) 
Visa assegurar o proveito do crime, tirando a coautoria e a receptação. O que está 
no 349 mão pode ter concorrido para o crime anterior. 
⇒O foco é apenas no produto do crime, enquanto que o 348 tem foco no autor do 
crime. 
⇒O delito se consuma, como adverte Fragoso, “no momento e no lugar em que o 
auxílio idôneo for prestado pelo agente, ainda que a pessoa beneficiada não tenha 
conseguido o objetivo visado”. 
⇒A tentativa é admissível. 
Diferença entre Favorecimento Real e Receptação 
TJPR: “As figuras do favorecimento real e da receptação dolosa, embora 
mantenham certas semelhanças, diferem no tocante ao dolo. Para a receptação é 
preciso que o auxílio praticado o seja no sentido de conseguir vantagem para si ou 
para outrem que não seja o criminoso. No favorecimento, o agente não visa a um 
proveito econômico, mas tão somente beneficiar o criminoso” (TJPR, ACr. 
0402370-3, 5ª Câm. Crim., Rel. Lauro Augusto Fabrício de Melo, j. 27/3/2008). 
 
21 
 
TJMG: “Restando comprovado nos autos que o agente guardou o bem proveniente 
de roubo, sabendo de sua origem ilícita, para assegurar o proveito do próprio 
sujeito ativo do delito antecedente, não há falar em receptação, mas em 
favorecimento real, cujo núcleo do tipo consiste em beneficiar o criminoso” (TJMG, 
Processo 2.0000.00.504550-1/000 [1], Rel. Vieira de Brito, pub. 18/2/2006). 
⇒Dá para fazer analogia com o segundo parágrafo do 348? A princípio, não, pois 
no 348 há uma questão afetiva, enquanto que no 349 há um proveito do produto 
apenas. 
Exploração de Prestígio (Art.357 CP) 
 
Remissão: ver artigo 332. 
Exemplo: “Ivo solicita a determinada pessoa dinheiro, afirmando que conhece um 
juiz e pode adiantar sua vida”. A verdade é que ele sequer conhece o juiz e nem 
fará contato. Porém, se falar mesmo com o juiz e este aceitar, é corrupção passiva 
para o juiz e corrupção ativa para Ivo. 
A diferença é que o 357 é especial (juiz, jurado, órgão do MP, perito etc.), e o 332 é 
mais abrangente (funcionário público). 
 Rogério Greco: “Solicitar deve ser entendido no sentido de pedir, 
requerer; receber tem o significado de aceitar. Ambas devem ter como 
objeto dinheiro (cédulas e moedas aceitas como meio de pagamento) ou 
qualquer outra utilidade (que deve ter uma natureza econômica, haja vista 
que, in casu, deverá ser procedida uma interpretação analógica, tendo o 
dinheiro como fórmula exemplificativa e a utilidade como fórmula genérica). 
O agente atua, segundo a doutrina dominante, com uma finalidade 
especial, qual seja, a de influir em juiz (em qualquer grau de jurisdição), 
jurado (aquele que exerce uma função pública perante o Tribunal do Júri), 
órgão do Ministério Público (promotores e procuradores de justiça), 
funcionário de justiça (aquele que exerce suas funções perante o Poder 
Judiciário), perito (o expertus em determinado assunto ou matéria, que 
materializa o seu parecer através de laudos), intérprete (pessoa que serve 
de tradutor ou de intermediário para fazer compreender indivíduos que 
falam idiomas diferentes) ou testemunha (aquele que viu, ouviu, ou tem 
conhecimento de algum fato que deva ser trazido ao crivo do Poder 
Judiciário). 
TJMG: “O crime de exploração de prestígio se consuma com a efetiva solicitação, 
ainda que seja rejeitada ou recebida, e exige o dolo, qual seja, a vontade livre e 
consciente de solicitar e receber, a pretexto, ou seja, com a desculpa de que irá 
influenciar alguma das pessoas enumeradas no art. 357 do Código Penal. Não 
existindo provas de que o acusado tivesse dito antes de receber o dinheiro que ele 
se destinava a influenciar a juíza, e se, posteriormente, ele fez tal afirmação, a sua 
 
22 
 
conduta, ainda que reprovável, não constitui crime” (TJMG, Rel. Antônio Carlos 
Cruvinel, Processo 1.0105. 01. 037718-9/001[1], pub. 11/1/2006). 
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (Art. 
359 CP) 
Deveria deixar de fazer algo, mas fez assim mesmo.Não se configura a desobediência à decisão de natureza administrativa, podendo, 
se for o caso, configurar-se no delito tipificado no art. 330 do Código Penal. 
Rogério Greco: “Embora a lei penal use o verbo exercer, utilizado, em 
geral, para demonstrar habitualidade, entendemos ser instantânea a 
infração penal em estudo, uma vez que a proibição diz respeito à prática de 
qualquer ato que importe em desobediência à decisão judicial que tenha 
suspenso ou privado o sujeito do exercício de: “função, encargo derivado 
de lei, convenção ou decisão judicial; atividade, que encerra as espécies de 
profissão, ofício ou ministério; direito, como o pátrio poder,111 autoridade 
parental, político etc.; autoridade, que é o desempenho de funções em que 
há competência para impor suas decisões; e múnus, derivado de lei ou de 
decisão judicial, como as de jurado, defensor dativo etc.” 
Aula 04 – Lei 8.072/90 – Crimes Hediondos 
 
Fundamento Constitucional 
Art. 5º. XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
Lei 13.260/16 e Lei 8.072/90. 
Critério de Tipificação⇒É o critério legal, pois é hediondo todo crime previsto e 
apontado pelo legislador. 
Se não estiver na Lei 8.072/90, não é hediondo. 
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados 
no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados 
ou tentados: 
I – Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, 
§ 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal 
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
 
23 
 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até terceiro grau, em razão dessa condição; 
II – latrocínio (art. 157, § 3o, in fine; 
III – extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
IV – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 
2o e 3o); 
V – Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); 
VI – Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). 
VII-A – (VETADO) 
VII-B – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação 
dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998); 
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio 
previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de 
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei 
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. 
 
Vedação à Indulgência Soberana 
 
Perdão vindo do poder público. 
Art. 2º, da Lei 8.072/90. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I – anistia, graça e indulto; 
II – Fiança. 
 
Art. 5º, XLIII, da CF/88. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
24 
 
Como podemos ver, a Constituição Federal de 1988 só prevê a impossibilidade de 
aplicação dos institutos da graça, da fiança e da anistia, enquanto que a Lei 
8.072/90 prevê, além desses, o instituto do indulto. 
Entende-se, então, que a graça é gênero, do qual derivam o indulto coletivo (o 
propriamente dito) e o indulto individual. 
[PROFESSORA] “Segundo entendimento do STF, a vedação ao indulto 
estabelecida na Lei de Crimes Hediondos é constitucional, tendo em vista trata-se 
de espécie do gênero ‘graça’, instituto este referido na Constituição Federal.” 
Anistia 
Espécie de indulgência soberana que significa esquecimento da 
infração penal e tem por objeto fato definido como crimes e não 
pessoas. Ex. 12.505/11 anistiou os crimes militares praticados 
por que participou de manifestação. 
Ato legislativo em que o Estado renuncia o ius puniendi. 
Competência exclusiva da União, privativa do Congresso 
nacional e exige sanção do PR. Artigo 48, VIII, CF. 
Graça (indulto individual) 
Tem por objeto crimes de natureza comum e é concedida pelo 
PR, por Decreto, a um indivíduo determinado, condenado 
irrecorrivelmente, provocando extinção de punibilidade. 
o Benefício individual postulado pelo interessado, por iniciativa 
do MP. Artigo 118 da LEP. 
Indulto 
Indulto pp dito. É dirigido a um número indeterminado sendo 
delimitado pela natureza do crie, quantidade de pena e outros 
requisitos. o Concedido espontaneamente. Medida de ordem 
geral. Competência do PR. Artigo 84, XII, CF. 
o Indulto parcial. Comutação de pena. Não extingue a 
punibilidade apenas diminui a pena. 
 
Progressão de Regime 
Livro Proprietário: Com a entrada em vigor da Lei nº 8.072/1990, passou a ser 
vedada a progressão de regimes aos condenados pela prática de delitos 
hediondos. 
Em 1997, com o advento da Lei nº 9.455, foi concedida a progressão de regimes 
aos condenados pelos crimes de tortura e, segundo o verbete de súmula nº 698 do 
Supremo Tribunal Federal, por força do princípio da especialidade, somente a estes 
seria possível a progressão de regimes. 
A celeuma a respeito era tanta em decorrência dos princípios da dignidade da 
pessoa humana, individualização das penas, proporcionalidade, dentre outros, que 
a Lei de Crimes Hediondos foi alterada pela Lei nº 11.464/2007, vindo a permitir a 
referida progressão desde que preenchidos determinados requisitos específicos, 
diferentes daqueles previstos na Lei de Execuções Penais (1/6 de cumprimento de 
pena), a saber: cumprimento de, no mínimo, 2/5 de pena se o apenado for 
primário, e 3/5, se reincidente. 
A entrada em vigor desta lei gerou uma série de controvérsias, pois, em 23 de 
fevereiro de 2006, por meio de um Habeas Corpus (HC 82.959/SP) proferido pelo 
Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, cujo relator foi o Ministro Marco 
 
25 
 
Aurélio e que versava sobre tráfico de drogas, foi deferida a prog progressão de 
regimes de cumprimento de pena a condenado a crimes hediondos e equiparados, 
razão pela qual a Lei nº 11.464/2007 passou a ser considerada novatio legis in 
mellius. 
A pergunta a ser feita é: por que a Lei nº 11.464/2007 passou a ser considerada 
novatio legis in mellius, já que a redação anterior da Lei nº 8.072/1990 vedava a 
progressão? Ou, em outras palavras, qual a relevância da decisão proferida no HC 
82959/SP? Podemos chegar a esta conclusão através da interpretação da súmula 
vinculante nº 26, aprovada em sessão plenária do STF em 16 de dezembro de 
2009, e do enunciado de súmula nº 471 do Superior Tribunal de Justiça, aprovado 
em 23 de fevereiro de 2011. 
Súmula Vinculante 26/STF: para efeito de progressão de regime no cumprimento 
de pena por crime hediondo ou equiparado,o juízo da execução observará a 
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem 
prejuízo de avaliar se o condenado preenche ou não os requisitos objetivos e 
subjetivos do benefício, podendo determinar para tal fim, de modo fundamentado, a 
realização de exame criminológico. 
Súmula 471/STJ. Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados 
cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 
112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. 
Liberdade Provisória 
É cabível nos hediondos e equiparados, pois a Constituição só veda a fiança. 
“A possibilidade da concessão da liberdade provisória em crimes hediondos e 
assemelhados gerou discussões na doutrina e na jurisprudência diante da vedação 
existente na Lei de Crimes Hediondos. Tal proibição feria vários princípios como o 
do princípio do devido processo legal, da presunção da inocência, do in dubio pro 
reo, o da dignidade da pessoa humana, entre outros. Assim, após o advento da 
Lei 11.464/2007, a vedação foi excluída do artigo 2º, da Lei 8.072/90, tornando 
possível a concessão aos agentes acusados em crimes hediondos ou 
assemelhados. Porém, mesmo com a nova redação do artigo 2º a discussão 
continuou, mas agora somente em relação ao crime de tráfico de drogas que é 
assemelhado a crime hediondo, conforme o artigo 2º, caput, da citada Lei e pelo 
artigo 5º, inciso XLIII da Constituição Federal, pois a Lei Antidrogas vedava a 
concessão do instituto da liberdade provisória, e por ser uma lei especial não seria 
atingida pela Lei 11.464/2007. No entanto, a doutrina majoritária afirma que, como 
esta lei é posterior a Lei Antidrogas, revogou a vedação, sendo então possível a 
concessão da liberdade provisória para os acusados em um dos crimes hediondo 
ou assemelhado. Assim, para embasar tal posicionamento será utilizado o método 
indutivo, uma vez que usaremos posições doutrinarias e julgados em relação 
 
 
26 
 
ao tema para chegarmos a uma conclusão geral. Do mais, concluiremos que é 
possível a concessão em razão da alteração legislativa e em respeito às garantias 
constitucionais.”5 
Conversão da Pena Privativa de Liberdade em Restritiva de Direitos 
Cabe a conversão da Pena Privativa de Liberdade em Restritiva de Direitos, desde 
que presentes os requisitos do artigo 44, CP. 
Histórico: STF julgou inconstitucional o artigo 44 e 33, § 4º, da Lei 11.343/06 (Lei 
de Drogas). Como o regime era integralmente fechado, não tinha compatibilidade 
com a conversão da pena, independentemente do tempo de pena a ser cumprido. 
Livro Proprietário: “Quando estudamos os requisitos para a substituição das 
penas privativas de liberdade em, por exemplo, penas restritivas de direito, 
verificamos a existência de requisitos de natureza objetiva (quantidade da pena 
aplicada para crimes dolosos praticados sem violência ou grave ou grave ameaça à 
vítima) e subjetiva (circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, bem como a 
reincidência), previstos no art. 44 do Código Penal. Da mesma forma, verificamos a 
possibilidade de a substituição de penas ocorrer tanto na sentença penal 
condenatória quanto no curso da execução penal (art. 180, LEP, Lei nº 
7.210/1984). 
Com relação aos crimes hediondos e equiparados, a controvérsia acerca da sua 
aplicação tem por pressupostos a natureza hedionda e a sua incompatibilidade com 
a substituição de penas e a vedação expressa no art. 44, da Lei de Drogas (Lei nº 
11.343/2006). A primeira justificativa contrária à substituição de penas baseia-se no 
disposto no art. 44, III, do Código Penal, bem como no fato de que, em regra, a 
condenação por crime hediondo ou equiparado é, geralmente, superior a quatro 
anos. Todavia não podemos esquecer que também no curso da execução penal 
poderá o condenado requisitar a referida substituição. Sobre a possibilidade da 
conversão destas penas, o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou no sentido 
da possibilidade quando reconheceu a inconstitucionalidade da vedação constante 
na Lei de Drogas. Vejamos trecho da ementa, constante no Informativo de 
Jurisprudência nº 615 do Supremo Tribunal Federal: 
No que concerne ao pedido de substituição da pena por restritiva de direitos, 
registrou-se que o plenário desta corte declarara incidentalmente a 
inconstitucionalidade da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de 
direitos”, constante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e da expressão “vedada 
a conversão de suas penas em restritivas de direitos”, contida no referido art. 44 do 
mesmo diploma legal. Alguns precedentes citados: HC 82959/SP (DJU de 
1º.9.2006); HC 97256/RS (DJe de 16.12.2010). HC 105779/SP, rel. Min. Gilmar 
Mendes, 8.2.2011 (HC-105779).” 
ATENÇÃO!!!!! 
 
 
 
27 
 
Figura do tráfico privilegiado, da Lei de Drogas 
Art. 33, da Lei 11.343/06. Ele é privilegiado porque, por ventura, o traficante pode 
não ser efetivamente aquele que se dedica à atividade do tráfico. É o caso do 
traficante de primeira viagem. 
⇒Uma situação emblemática que reproduz isso é aquela história da mula do tráfico. 
Num dado momento resolveu fazer transporte de drogas, é flagrado no aeroporto 
etc. Não é aquela pessoa que se dedica à atividade criminosa. 
Por isso há o tráfico privilegiado. 
A pena do tráfico é de 5 a 15 anos. Se aplicarmos o privilégio (art. 33, § 4º), é 
possível reduzir a pena mínima ao ponto de chegar ao critério do art. 44, do CP. 
Então, já seria uma possibilidade de a pessoa ser condenada por tráfico 
privilegiado e haver a conversão de PPL em PRD. 
Obs⇒Lembrando que o crime de tráfico não é hediondo, mas sim equiparado. 
Art. 2º, § 3º, da Lei 8.072/90. Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
§ 4º. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro 
de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
Sobre o 3º parágrafo, essa questão de apelar em liberdade é um recurso. 
Imaginemos que o réu é condenado por um crime hediondo. O juiz só vai decidir se 
ele vai apelar em liberdade ou não se, antecedentemente, houver uma prisão 
preventiva. Se a situação se apresenta, no curso do processo, de uma forma 
perigosa a testemunhas ou à coletividade como um todo, por exemplo, efetua-se a 
prisão preventiva, pois põe em risco a fase de coleta de provas. 
Vencida esta fase, ele não pode mais ficar preso. Assim, juiz pode se pronunciar 
sobre a soltura do preso ou sobre mantê-lo preso no curso do processo. 
Sobre o 4º parágrafo, a prisão temporária é uma prisão decretada no curso da 
investigação. E quando se tratar de crimes hediondos, o é prazo maior. Em regra, 
se o crime não for hediondo ou equiparado, o prazo da prisão temporária é de 5 
dias com a possibilidade de prorrogação de mais. 
Como é hediondo ou equiparado, a previsão é de 30 dias prorrogáveis por mais 30. 
Art. 7º. Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo: 
“§ 4º. Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a 
dois terços." 
É a questão da delação/colaboração premiada. 
 
28 
 
Associação para a prática de delitos hediondos 
Art. 8º, Lei 8.072/90. Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando 
ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a 
dois terços. 
⇒Estabelece uma pena maior para o crime de associação criminosa. No 288, a 
pena é de 1 a 3 anos. Mas quando se tratar de crimes hediondos, a pena é 
aumentada de 3 a 6 anos. 
⇒Quando se tratar de tráfico ilícito de entorpecentes, temos uma situação 
específica para a associação para o tráfico. A Lei de Crimes Hediondos é de 1990, 
enquanto que a Lei de Drogas é de 2006; então houve adaptações. 
⇒Por exemplo, se houver associação para o tráfico – pessoas que se reúnem de 
forma permanente com o objetivo de praticar delitos relacionados a tráfico de 
entorpecentes –, independente do crime de tráfico ocorrido, que é o art. 33, da Lei 
11.343/06, pergunta-se: vai responder pelo artigo de Crimes Hediondos? Não, pois 
há uma pena específica na Lei de Drogas (cronologia), que é o artigo 35, que exige 
apenas 2 pessoas para ser uma associação. 
Obs¹⇒Lembrando que a Lei 11.343/06 é equiparada a hediondo, assim como o 
terrorismo e a tortura (art. 5º, XLIII, da CF/88). 
Sobre o parágrafo único: a discussão é se essa causa de diminuição de pena 
será aplicada apenas ao crime de associação criminosa ou também seria aplicada 
ao crime de associação mais os crimes praticados pelos associados. 
Por exemplo: uma associação criminosa tendente a praticar homicídios 
qualificados (porque são crimes hediondos). E se eles praticarem os crimes que eles 
se organizaram para tanto? Então, temos em regra concurso de crimes: a 
associação (art. 288, CP, com a pena aumentada da 8.072) com os homicídios 
praticados pela associação criminosa. 
Sobre esse indivíduo que delatou com o propósito de desmantelar, a redução de 
pena é cabível apenas para o 288 ou para o 288 e também para todos os outros 
crimes praticados por ele e os outros integrantes? 
Há duas correntes: 
1⇒Alcança ambos; 
2⇒Só diminui a pena do 288. 
A segunda é a mais aceita. 
 
 
29 
 
O artigo 9º não produz mais efeitos, pois faz referência aos artigos 223 e 224, 
ambos do Código Penal, que foram revogados. 
Análise do Artigo 1º, da Lei 8.072/90 
I – Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado 
(art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
O homicídio simples é considerado crime hediondo? Poderíamos chegar a essa 
conclusão pela redação deste inciso, pois faz uma referência ao homicídio 
qualificado no final. 
Mas não é, pois a atividade típica de grupo extermínio é uma causa de aumento de 
pena do art. 121, § 6º. Os meios de execução desse grupo acabam por serem 
qualificados, entrando em algum dos incisos do § 2º do art. 121. 
Nota do art. 121, § 2º, III: perigo comum é aquele referente à coletividade, um 
perigo que pode atingir o povo. 
E a figura do homicídio híbrido (privilegiado-qualificado)? O híbrido é aquele em 
que as circunstâncias objetivas (incisos III e IV) se comunicam com as subjetivas 
do primeiro parágrafo. 
⇒Tratando-se de homicídio híbrido, a hediondez é afastada, vista a incidência do 
privilégio e, pelo critério legal, por não ter previsão no 1º artigo da Lei 8.072/90. 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão 
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição; 
É apenas lesão corporal de natureza gravíssima e a seguida de morte, além de que 
devem ser praticados estes crimes contra os integrantes das Forças Armadas ou 
da Segurança Pública. 
II – latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
A violência deve ter sido empregada dolosamente. O emprego da violência deve 
ser intencional que produz a morte, dolosa ou culposamente. 
Súmula 610/STF. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda 
que não realize o agente a subtração de bens da vítima. 
O latrocínio é consumado quando há morte, ainda que a subtração não seja 
efetuada. Se tanto a subtração quanto a morte forem tentadas, é latrocínio tentado. 
Se apenas a morte é tentada, o latrocínio também é. 
 
30 
 
Livro Proprietário: “Para fins de exemplificação, vejamos a seguinte situação 
hipotética: Astrogildo, com o dolo de roubar um carro, dirige-se a um sinal de 
trânsito vermelho para veículos e, mediante o emprego de grave ameaça com arma 
de fogo, obriga Bernardo a entregar seu veículo. Importante destacar que a 
conduta principal de Astrogildo volta-se à subtração do carro, nem que para isso 
ele tenha de matar seu condutor, bem como o fato de que o latrocínio não é crime 
preterdoloso, mas sim agravado pelo resultado lato sensu (art.19, CP), pois caso 
reconheçamos ser possível que o resultado morte ocorra a título de culpa, esta 
será incompatível com a hediondez do delito. Desta forma, em relação à sua 
conduta, é possível que tenhamos quatro possíveis resultados: 
Morte consumada, subtração consumada: neste caso, estamos diante da figura 
típica complexa, descrita inicialmente no art. 157, §3º, parte final, do Código Penal, 
que se consuma com ambas as consumações. 
Morte consumada, subtração tentada: nesta situação, identificamos a 
preponderância do bem jurídico-penal vida sobre o patrimônio, em consonância com 
o disposto no enunciado de súmula nº 610 do Supremo Tribunal Federal. 
Morte tentada, subtração tentada: nesta situação, identificamos o delito de 
latrocínio como delito agravado pelo resultado lato sensu, bem como sua 
caracterização como delito plurissubsistente, de modo a permitir a tentativa. 
Caracterizar-se-á, portanto, o latrocínio na forma tentada. 
Morte tentada, subtração consumada: aqui, da mesma forma que na situação 
anterior, estaremos diante do latrocínio na forma tentada. Entretanto, o critério 
utilizado para fins de diminuição de pena não será o mesmo, haja vista a situação 
anterior caracterizar-se como tentativa branca, e esta, cruenta. De acordo com o 
disposto no art.14, II e parágrafo único, do Código Penal, quanto mais próximo da 
consumação a conduta do agente se aproximar, menor será o índice de redução de 
pena, que varia de um a dois terços. 
Em síntese, o delito de latrocínio consuma-se com a ocorrência do resultado 
naturalístico morte, independentemente da consumação da subtração da res 
furtiva.” 
O STF vê de duas formas em concurso de crimes, uma visão mais tradicional: 
1. Roubo + tentativa de homicídio 
2. Roubo qualificado + lesão corporal 
⇒Para o STF, não haveria latrocínio tentado. 
Fulano aponta uma arma para a vítima e subtrai seus pertences. A arma cai no 
chão e dispara atingindo a vítima que vem a óbito. Teve a grave ameaça, roubo 
circunstanciado pelo emprego de arma, mas não pode ser qualificado porque a 
violência não foi dolosa. Responderá em concurso pelo homicídio culposo. 
E sobre a competência para processar e julgar, a súmula 603 do STF diz que a 
competência não é do Tribunal do Júri, pois não se trata de crime doloso contra a 
vida. 
 
31 
 
 
III – extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
Lembrando que não é crime de sequestro. A figura do “sequestro relâmpago” é, na 
verdade, crime de extorsão qualificado pela restrição de liberdade, que é o art. 158, 
§ 3º. 
A discussão é a seguinte: o “sequestro relâmpago” é um crime que foi inserido por 
uma legislação de 2009. A Lei de CrimesHediondos é de 1990. Essa lei de 2009 
não alterou o corpo do artigo primeiro da Lei 8.072/90; não há referência ao 
parágrafo terceiro. 
Pode ser que esse sequestro relâmpago (extorsão qualificada pela restrição de 
liberdade) ocasione o resultado morte, ao empregar certa violência com o intuito de 
obter certa vantagem. 
A pergunta é: o artigo 158, § 3º, se resultar morte, é considerado crime hediondo? 
Ou faremos uma leitura restrita do artigo 1º da Lei 8.072, que não menciona o 
“sequestro relâmpago”? 
A doutrina disputa a interpretação. Pelo Princípio da Legalidade Estrita e pelo 
critério legal para tipificação dos crimes hediondos, tenho que dizer que são 
hediondos todos aqueles descritos em lei. A lei faz referência direta ao § 2º do 
artigo 158, do CP; não é mera remissão do editor, mas sim referência direta do 
legislador. 
A posição contrária diz que não. De fato, enquadra-se, sim, o sequestro relâmpago, 
pois ele é modalidade de extorsão qualificada pela morte (nesse caso em estudo). 
A única coisa que o legislador fez em 2009 foi especificar o meio de execução (por 
meio da privação de liberdade). Porém, a extorsão já existia, não foi um crime 
novo. A lei nova, então, teria apenas especificado o meio de execução do resultado 
morte, que seria a privação de liberdade. 
Quem for por essa última análise, diz que a extorsão qualificada pelo resultado 
morte (a do art. 158, § 3º) seria crime hediondo. 
IV – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 
lº, 2o e 3o); 
Aqui pouco importa se é modalidade simples, qualificada, se teve resultado morte 
ou não. É crime hediondo, independentemente de ter resultado agravador. 
V – Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); 
Também pouco importa a modalidade do estupro, é caso de crime hediondo. 
VI – Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
Também pouco importa a modalidade do estupro, é caso de crime hediondo. 
 
32 
 
Livro Proprietário: “Conforme estabelece o art.1º, V e VI, as figuras típicas de 
estupro (art. 213 do Código Penal) e estupro de vulnerável (art. 217-A do Código 
Penal) são consideradas hediondas em quaisquer de suas figuras (simples ou 
qualificadas), pois tutela-se não somente autonomia e dignidade sexual, mas, 
principalmente, a própria dignidade da pessoa vítima deste delito.” 
VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). 
Constitui crime contra a saúde pública. Alguém provoca uma ação com o propósito 
de contaminar uma população. Não basta a epidemia, ela precisa ter um impacto 
maior: o resultado morte. 
Se não houver resultado morte, não há de se falar em crime hediondo. 
Exemplos de epidemia: febre amarela, febre tifoide e varíola. 
VII-B – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado 
a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a 
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998); 
Livro Proprietário: “Com relação ao delito previsto no inciso VII-B do art.1º, sua 
inclusão pelas leis nº 9.677/98 e nº 9695/98 teve por justificativa um momento de 
comoção social decorrente da falsificação de uma medicação contraceptiva 
(microvillar, da empresa Schering) que, de acordo com carta anônima enviada à 
empresa, um lote de seu produto mais vendido, o citado anticoncepcional, havia 
saído da fábrica com as pílulas adulteradas, feitas de farinha. Além desta 
medicação, podemos citar a adulteração de outros medicamentos, como anti-
inflamatório Tandrilax e até mesmo medicamentos utilizados para o tratamento 
contra o câncer, como o Androcur, utilizado para o tratamento de câncer de 
próstata. Da mesma forma que ocorre com o delito de epidemia com resultado 
morte, este também é objeto de muitas controvérsias acerca da sua caracterização 
como delito hediondo, em decorrência do princípio da proporcionalidade das 
penas.” 
O art. 273, § 1º-B, V, em seu preceito secundário (pena), foi declarado 
inconstitucional pelo STJ. “Procedência ignorada” significa que não se sabe sua 
origem, de onde veio. A pena do 273 é de 10 a 15 anos, uma pena severa. O STJ, 
vendo isso e pensando no Princípio da Proporcionalidade, reconheceu que a pena 
é mais onerosa que a da Lei de Drogas, como no tráfico de cocaína, por exemplo. 
Ele equalizou a pena: reconheceu a responsabilidade do 273, mas aplicou a pena 
do crime de tráfico, que é o art. 33, da Lei 11.343/06. 
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual 
de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). 
O caput fala daquele que está incentivando a pessoa a integrar qualquer tipo de 
atividade voltada à exploração sexual. A pessoa a ser “incentivada” deve ter menos 
 
33 
 
de 18 anos ou ser portadora de alguma deficiência mental ou enfermidade que 
diminua sua capacidade de discernimento. 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, 
impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena: reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
 § 1º. Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
§ 2º. Incorre nas mesmas penas: 
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as 
práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3º. Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a 
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 
Aula 05 – Crimes Equiparados a Hediondos. Lei de Tortura. Terrorismo 
 
Lei 9.455/97 – Lei de Tortura 
 
Fundamento Normativo 
O central é a própria lei especial, porém temos uma previsão constitucional (art. 5°, 
III) e também o Decreto 40, de 15 de fevereiro de 1991 – promulga a convenção 
contra tortura e outros tratamentos desumanos – (art. 1° da Convenção). 
Art. 5º, III, CFRB/88. Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante. 
Referência, também, ao art. 5º, XLIII, da Constituição. 
Há um relatório sobre tortura escrito por uma pesquisadora, Flávia Piovesan, que 
também escreve na área de direitos humanos. Ela pegou um recorte do ano de 
2005 ao de 2010, levantando uma série de dados (perfil) das pessoas vítimas de 
tortura e também dos torturadores, quais são os impactos da Lei de Tortura, até 
que ponto ajudou ou não a minimizar esse tipo de criminalidade. 
Bem Jurídico Tutelado⇒Integridade corporal e psíquica. 
 
 
34 
 
Tem uma peculiaridade: deve resultar intenso sofrimento físico ou mental. Às 
vezes, as lesões podem resultar lesão corporal grave, mas não apenas isso, pois o 
físico lesado pode resultar em problemas psicológicos. 
Privação de sono, comida, liberdade ou mesmo luz do sol podem gerar problemas psíquicos, ou 
seja, não vistos facilmente por nós expectadores. 
Conceito de Tortura 
Artigo 1º, do Decreto 40, de 1991. Para os fins da presente Convenção, o termo 
"tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou 
mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de 
uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou 
uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar 
ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em 
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores

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