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Direito Penal Militar - P MPU (Analista Especialidade Direito) - FINALIZADO/Aula 01.pdf Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4 () 23 1. DO CRIME Existem várias maneiras de definir o crime. Para nós importa a definição analítica (dogmática), e para tal devemos lembrar de duas das teorias mais famosas: a teoria tripartite, segundo a qual o crime é fato típico, antijurídico e culpável; e a teoria bipartite, que exclui a culpabilidade da definição analítica de crime. Para os adeptos desta teoria, portanto, crime é apenas fato típico e antijurídico, e a culpabilidade é condição de aplicação da pena. Há duas principais doutrinas sobre os elementos do fato típico: o causalismo e o finalismo. A doutrina causalista compreende a conduta como o comportamento humano capaz de causar uma alteração no mundo exterior. Alguns autores dizem que os causalistas diziam que a conduta era restrita ao “movimento corporal”. Seguindo esta doutrina, o dolo faz parte da culpabilidade. Bastaria, portanto, verificar se a conduta do agente levou ao resultado, e isso seria suficiente para que o crime estivesse configurado. Veja aí a complicação... imagine que você chega a algum local e dá de cara com uma pessoa atirando em outra com uma arma de fogo. Segundo a teoria causal, você estaria diante de um crime de homicídio, sem que se discuta qual era a intenção do sujeito que atirou no outro. Hoje, porém, essa questão é encarada pela Doutrina de forma diferente. A doutrina finalista de Hans Welzel (mais aceita hoje) entende a conduta como o comportamento humano, voluntário e consciente, direcionado para determinado fim. Estes doutrinadores, portanto, retiraram o dolo do âmbito da culpabilidade e deslocaram- no para a tipicidade. A maior parte dos finalistas adota a teoria bipartite, mas há também quem adote a tripartite. Agora a análise do evento presenciado por você precisaria ser mais detalhada. É preciso saber o que levou o agente a atirar na vítima. É preciso entrar na mente do agente e saber o que o motivou a adotar aquela Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 5 () 23 Vamos agora estudar as teorias que tratam da relação de causalidade. Segundo a teoria da equivalência dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non), causa será todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. Num primeiro olhar, o CPM parece ter adotado esta teoria, por força da parte final do caput do art. 29. Essa teoria, entretanto, tem um grave problema. A maneira como é feita a análise impõe que você vá retirando do fato possíveis causas e verifique se o crime ainda ocorreria, e aí a identificação de causas tende ao infinito. Imagine a seguinte hipótese: “Mévio dispara arma de fogo contra Caio, que vem a falecer em decorrência do ferimento”. Segundo o raciocínio da equivalência dos antecedentes, o vendedor da arma e o seu fabricante também teriam dado causa ao crime, não é mesmo? A teoria da imputação objetiva se contrapõe à equivalência dos antecedentes, dizendo que apenas haverá a relação de causalidade quando o sujeito tiver agido de forma a assumir o risco de produzir o resultado. De acordo com a teoria da causalidade adequada, causa é o antecedente mais adequado, ou mais eficaz, para a produção do resultado. Não basta qualquer conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido. A causa é o antecedente mais provável. O §1º é uma limitação à adoção da teoria da equivalência dos antecedentes. Este dispositivo trata da causa relativamente independente, que exclui a imputação quando produz o resultado por si mesma. Aqui o legislador está adotando a teoria da causalidade adequada. Explicarei a seguir. Concausa é a convergência de uma determinada conduta a uma causa inicial, contribuindo para a consecução do resultado. Essas causas podem ser dependentes, absolutamente independentes ou relativamente independentes da conduta do agente. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 6 () 23 As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29: uma pessoa amarrou a vítima, e outra disparou a arma de fogo. Todos os agentes responderão pela mesma conduta, pois as causas são dependentes. Sem as duas não teria ocorrido o crime. Dizemos que uma causa é absolutamente independente de outra quando ela não se origina da conduta do agente. É caso da pessoa que ingere veneno e posteriormente é alvejada por disparo de arma de fogo, vindo a falecer em razão do envenenamento. Estas causas podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes, e rompem o nexo causal. O agente, portanto, apenas responderá pelo resultado ao qual de causa. Nas causas relativamente independentes, a que mais nos interessa é a superveniente. No caso da superveniência, para saber se o agente responderá pelo resultado, é necessário saber se a causa relativamente independente é suficiente para produzir, por si só, o resultado. Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por disparo de arma de fogo e é socorrida em ambulância. No trajeto até o hospital, o veículo bate num muro, levando a vítima a óbito. Neste caso, estamos diante de uma causa relativamente independente da conduta do agente. De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente independente o agente apenas responderá pela conduta adotada até a superveniência. No nosso exemplo o agente responderia por tentativa de homicídio. Esta é uma manifestação da teoria da causalidade adequada. Se a causa relativamente independente não produziu por si só o resultado, será aplicável a teoria da equivalência dos antecedentes causais, de acordo com o caput do art. 29. Quanto à omissão, temos no §2º a mesma regra adotada pelo Direito Penal comum. A omissão é considerada causa quando o omisso tinha o dever e a possibilidade de agir para evitar o resultado danoso. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 7 () 23 Esse dever pode ser estabelecido por lei ou pela assunção da responsabilidade. Também é responsável aquele que criou o risco da ocorrência do resultado. Art. 30. Diz-se o crime: CRIME CONSUMADO I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; TENTATIVA II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. PENA DE TENTATIVA Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado. As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as mesmas do CP. Quero chamar sua atenção para o parágrafo único, que trata da pena aplicável em caso de crime tentado. A redução da pena em razão da sua não consumação deve ser, em regra, operada em função da extensão do iter criminis, ou seja, do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e a consumação. Esta é a teoria objetiva. Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz pode aplicar a diminuição no seu grau máximo, mas se a pessoa já estava “quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim. Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria subjetiva, pois o juiz pode, considerando a gravidade da conduta, aplicar à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César de Assis entende que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável hoje, Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 3 () 23 apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado inconstitucional e nem revogado. O Código Penal Militar autoriza que, nos casos de tentativa, o juiz aplique a pena do crime consumado, quando a conduta for excepcionalmente grave. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de prosseguir com a execução. Aquele que impede que o resultado seja produzido pratica o arrependimento eficaz. Cuidado para não confundir estes dois institutos com a tentativa, que ocorre quando o agente não consegue atingir o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade. Na parte geral do CPM não existe a figura do arrependimento posterior. Na parte especial há alguns dispositivos que preveem o arrependimento posterior de forma específica, a exemplo do crime de furto (art. 240 do CPM). O STM também entende pela inaplicabilidade do princípio da insignificância no Direito Penal Militar. O STF entendeu no passado que o princípio era cabível em algumas hipóteses, a exemplo de casos em que o militar foi surpreendido em posse de pequenas quantidades de tóxicos. Hoje, porém o STF que o princípio da bagatela não se aplica no Direito Penal Militar. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 8 () 23 CRIME IMPOSSÍVEL Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável. Aqui temos a mesma redação do Código Penal comum. A ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa tenta cometer homicídio utilizando arma de brinquedo. A absoluta impropriedade do objeto ocorre quando uma pessoa utiliza arma de fogo para atirar num cadáver. Lembre-se da Súmula 145 do STF, que trata do “flagrante preparado”. SÚMULA 145 – STF Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Não confunda o flagrante preparado com o flagrante esperado. Este é perfeitamente possível e lícito. Art. 33. Diz-se o crime: CULPABILIDADE I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo- o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo. EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 9 () 23 Perceba que o dolo e a culpa, no CPM, são tratadas sob os termos da culpabilidade. Mais uma vez o CPM demonstra que adota a teoria causal. O dolo é a soma da consciência com a vontade. Quando o agente deseja o resultado, há dolo direto. Quando ele assume o risco de produzi-lo, há o dolo eventual. A culpa inconsciente está relacionada ao agente que não presta atenção da maneira que deveria e com isso provoca o resultado. Há também, na segunda parte do inciso II, a culpa consciente, em que o agente prevê o resultado, mas acredita que ele não ocorrerá. O parágrafo único determina que a modalidade culposa só é aplicável quando a lei trouxer previsão expressa para crimes determinados. Em alguns dos dispositivos que tipificam os crimes há a menção expressa à existência da modalidade culposa. NENHUMA PENA SEM CULPABILIDADE Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só responde o agente quando os houver causado, pelo menos, culposamente. Aqui estamos diante das mesmas disposições trazidas pelo CP. O legislador vetou a responsabilidade penal objetiva. O agente só responde pela circunstância qualificadora se a ela tiver dado causa. ERRO DE DIREITO Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis. ERRO DE FATO Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 11 () 23 Perceba que o art. 35 traz uma exceção quanto à aplicabilidade da atenuação de pena na situação de erro de direito. O agente não pode alegar erro de direito quando cometer crimes contra o dever militar. Isso ocorre porque nesses crimes há uma especial afronta à hierarquia e à disciplina, e por isso o agente não pode alegar erro de direito. No CPM há um título específico tratando dos crimes contra o serviço e o dever militar (arts. 183 a 204). Todavia, Romeiro entende que os crimes que atentam contra o dever militar são todos os crimes propriamente militares. O Cespe já formulou questão dizendo que não é possível ao militar alegar erro de direito no crime de deserção. O gabarito da questão, neste caso, seria correto. A deserção está no art. 187. Para efeitos de prova objetiva, eu recomendo que você confie “na força da lei”, pois dificilmente a banca formulará questões que tratem profundamente de questões puramente doutrinárias. O agente que comete erro sobre a ilicitude do fato de fato acredita piamente que sua conduta não constitui crime, ou que existe situação que tornaria sua ação legítima. ERRO SOBRE A PESSOA Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO §1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 14 () 23 DUPLICIDADE DO RESULTADO §2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79. Quando há erro sobre a pessoa, o agente termina praticando a conduta contra pessoa diferente daquela que tinha a intenção de atingir. Neste caso o agente responderá como se tivesse conseguido seu verdadeiro intento. O erro sobre a pessoa pode se dar por erro de percepção (erro in persona) ou por erro no uso dos meios de execução (aberratio ictus). O primeiro caso é o do agente que realmente confunde a vítima com outra pessoa e contra ela pratica a conduta. A aberratio ictus resulta da inabilidade do agente em alvejar sua verdadeira vítima. Um exemplo de erro quanto ao bem jurídico (aberratio criminis) é o da pessoa que atira uma pedra contra veículo na intenção de depredar o patrimônio, mas termina atingindo a pessoa que estava dentro do carro, causando-lhe lesão corporal. Neste caso, responderá por lesão corporal culposa. Se o agente, mesmo cometendo erro, atinge também a vítima ou o bem jurídico que realmente intentava, deve ser aplicada a regra do art. 79 do CPM, que diz respeito ao concurso de crimes. Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: COAÇÃO IRRESISTÍVEL a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade; OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. §1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 12 () 23 §2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior. Este dispositivo trata da inexigibilidade de conduta diversa, que é uma excludente de culpabilidade. Nosso problema é que o CPM não traz apenas estas hipóteses, mas também o estado de necessidade exculpante. O Código Penal adota a teoria unitária, encarando o estado de necessidade apenas como uma excludente de antijuridicidade. O CPM, por outro lado, adota a teoria diferenciadora alemã, com o estado de necessidade justificante (art. 42) e o estado de necessidade exculpante (art. 39). Há ainda duas outras hipótese de inexigibilidade de conduta diversa no CPM: o excesso exculpante previsto no art. 45, parágrafo único; e o excesso escusável, previsto no art. 45, parágrafo único. Vamos ver logo estes dois dispositivos e então voltaremos às demais hipóteses. ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. Esta hipótese de inexigibilidade de conduta diversa é muito utilizada para justificar a conduta do militar desertor, quando o réu alega que incorreu no crime de deserção para atender necessidades próprias ou de sua família. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 15 () 23 EXCESSO CULPOSO Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. EXCESSO ESCUSÁVEL Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação. O excesso é cometido nas situações em que seriam aplicáveis as excludentes de antijuridicidade. É o caso, por exemplo, do sujeito que se excede na legítima defesa e, diante de um soco, defende-se atirando diversas vezes no agressor com arma de fogo. A regra do parágrafo único permite que o agente cometa um excesso sem que o fato seja punível, quando o agente foi “pego de surpresa”. Voltemos então à análise das hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa que são trazidas tanto pelo CP quanto pelo CPM: coação irresistível e obediência hierárquica. A Doutrina ensina que há a coação física (absoluta), em que o coator utiliza-se da violência; e também a coação moral (relativa). Veja bem, a coação física suprime por completo o dolo e, portanto, a conduta do sujeito. Ela, portanto, exclui o próprio crime. O legislador não explicita, no art. 38, o tipo de coação que exclui a culpabilidade. O art. 40 do CPM, por outro lado, proíbe que o militar invoque a coação moral irresistível nos crimes em que há violação do dever militar. A maior parte da Doutrina relaciona essa hipótese aos crimes previstos dos arts. 183 ao 204. A Doutrina critica muito a regra do art. 40, dizendo que o legislador exige do militar uma “conduta de super-herói”, já que a coação moral irresistível é... irresistível! Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 16 () 23 O Cespe já formulou questão, de gabarito falso, dizendo que o agente pode alegar, no crime de deserção, coação moral, desde que irresistível. A hipótese de obediência hierárquica é especialmente importante para a vida militar, não é mesmo? Já falamos mil vezes que a hierarquia e a disciplina são valores muito importantes para as organizações militares. Por esta razão, a obediência a ordem direta de superior hierárquico em matéria de serviço também exclui a culpabilidade. A desobediência é inclusive considerada crime, previsto no art. 163. Por outro lado, Romeiro traz à discussão o que ele chama de princípio das baionetas inteligentes. Este princípio se corporifica no §2°: se o superior ordena a prática de um ato manifestamente criminoso ou com excessos, o inferior também será punido, pois neste caso ele teria o dever de não cumprir a ordem. ATENUAÇÃO DA PENA Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. As hipóteses do art. 38 são exatamente a coação e a obediência hierárquica. O art. 39 trata do estado de defesa exculpante. Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento do dever legal; IV - em exercício regular de direito. Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 13 () 23 É importante que você saiba que se o comandante não agir diante dessas situações ele mesmo pode incorrer em alguns crimes, a exemplo dos arts. 199 e 200 do CPM. LEGÍTIMA DEFESA Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. EXCESSO CULPOSO Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se êste é punível, a título de culpa. EXCESSO ESCUSÁVEL Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação A legítima defesa segue os mesmos ditames do Código Penal comum. Acerca do excesso, também já conversamos anteriormente. O excesso culposo segue a mesma regra do Direito Penal comum, mas há também a figura do excesso escusável, prevista no parágrafo único do art. 45, que comentei quando tratamos das excludentes de culpabilidade. EXCESSO DOLOSO Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso. Ainda quando o sujeito pratica o excesso de forma dolosa, o juiz pode atenuar a pena. A Doutrina entende que essa situação somente poderia ser aplicada em caso de erro de direito, quando a pessoa acreditava que seu excesso não era conduta criminosa. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 18 () 23 É o caso de alguém que sofre agressão, reage em legítima defesa, mas intencionalmente se excede na defesa e atinge o agressor de maneira desarrazoada. ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente; II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão. Há alguns crimes em que a condição de superior e a de inferior são elementos constitutivos do crime. O art. 47 traz uma regra bastante importante para compreendermos estes crimes, que serão estudados mais adiante em nosso curso: de acordo com o inciso I, a qualidade de superior ou de inferior não constitui crime quando o agente não a conhecia. A regra do inciso II também diz respeito a certos crimes específicos, que estudaremos em detalhes nas próximas aulas. Nestes crimes, a condição de superior, inferior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, de sentinela, vigia ou plantão faz parte do tipo penal. Estas condições especiais deixam de compor o crime quando a conduta é praticada pelo agente para defender-se de agressão por ele sofrida. 2. IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR A imputabilidade incide sobre a culpabilidade. Ser imputável é ter o discernimento necessário para compreender a prática de um ato ilícito. As pessoas que não tem nenhum discernimento são consideradas inimputáveis. Os inimputáveis em geral não se submetem a penas, mas somente a medidas de segurança. No Direito Penal Militar, contudo, há medidas de segurança que também são aplicáveis aos imputáveis. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 19 () 23 O legislador não define a imputabilidade, mas apenas determina quem é inimputável, adotando um critério biopsicológico: não basta que a pessoa sofra de uma doença mental, mas também é preciso que esta doença seja suficiente para que a pessoa não tenha o discernimento necessário acerca da conduta praticada. Existem regras acerca do incidente de insanidade mental do acusado. Em geral é convocada uma perícia médica, e as questões que devem ser respondidas pelos peritos estão no art. 159 do Código de Processo Penal Militar. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR QUESITOS PERTINENTES Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes forem oferecidos, e dos esclarecimentos que julgarem necessários, os peritos deverão responder aos seguintes: QUESITOS OBRIGATÓRIOS a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado; b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se achava em algum dos estados referidos na alínea anterior; c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes, possuía o indiciado, ou acusado, capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com esse entendimento; d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe suprimindo, diminuiu-lhe, entretanto, consideravelmente, a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, quando o praticou. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4: () 23 Perceba que essas questões explicitam o critério biopsicológico. Se a resposta às questões das alíneas A ou B for negativa, o acusado será considerado imputável. Se a resposta da alínea C for positiva, ele será considerado inimputável. Caso a resposta da C seja negativa, será feita a questão da alínea D para verificar se o acusado poderá ser considerado semi-imputável. Voltemos ao estudo dos dispositivos do Código Penal Militar. INIMPUTÁVEIS Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113. Perceba que não importa, para fins de imputabilidade penal, se o sujeito é civilmente capaz ou incapaz, ou se é interdito. O que importa é o entendimento do agente no momento da prática da conduta típica. A sentença por meio da qual o acusado é absolvido, mas submetido a medida de segurança é chamada de sentença absolutória imprópria. É interessante saber que, mesmo diante da inimputabilidade, o processo penal militar deve seguir até as alegações finais, pois a conclusão do processo pode ser, por exemplo, pela negativa de autoria ou pela inexistência da conduta típica. O parágrafo único trata de uma redução facultativa da pena, aplicável no caso em que o acusado não é considerado inimputável, mas tem sua capacidade de compreensão da conduta criminosa reduzida. Este Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 41 () 23 é o caso do semi-imputável, com resposta positiva na questão da alínea D do art. 159 do CPPM. Mais uma vez o dispositivo trata de redução de pena, mas não determina o quantum. Aplica-se, portanto, a regra geral do art. 73. EMBRIAGUEZ Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. A embriaguez é vista no Código Penal de diversas maneiras. Ela pode ser agravante, atenuante ou excluir a imputabilidade. A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o agente de responsabilidade sobre a conduta, pois ele fez a opção de embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a embriaguez voluntária é até elementar do tipo, como no caso da “lei seca” por exemplo. É possível também que haja a embriaguez patológica, decorrente do alcoolismo, que é tratada pela Doutrina como doença, e por isso pode conduzir o agente à inimputabilidade, nos termos do art. 48 do CPM e do art. 159 do CPPM. Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal comum como uma contravenção penal, e não um crime. O CPM, por outro lado, tipifica a conduta de o militar apresentar-se para o serviço embriagado (art. 202). A embriaguez preordenada é a situação em que o agente decide embriagar-se para “tomar coragem” de cometer o crime. Nesta situação a embriaguez se torna um agravante. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 44 () 23 A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é resultado de caso fortuito ou força maior. Não é necessário, para a sua prova, diferenciar essas duas situações. O importante é que você saiba que este tipo de embriaguez pode levar o agente à inimputabilidade, se impedir que o agente tenha o discernimento necessário para compreender sua própria conduta. Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido em serviço, na fala de medicamentos adequados é anestesiado por meio da ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica. O parágrafo único traz mais uma situação de semi- imputabilidade, a ser aplicável quando o agente, por força de embriaguez acidental, não estava em sua plena capacidade mas tinha alguma compreensão do fato. Interessante que aqui não se aplica a regra do art. 73, pois o próprio parágrafo único determina os limites de redução. MENORES Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade. Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A regra geral é de que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM abria a possibilidade de o menor entre dezesseis e dezoito anos poderia ser considerado imputável em razão de perícia médica. Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico, e a regra era de que haveria diminuição de pena se houvesse suficiente desenvolvimento psíquico. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 42 () 23 EQUIPARAÇÃO A MAIORES Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade: a) os militares; b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento; c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos. Este dispositivo também não foi recepcionado pela Constituição. Não há regra constitucional que estabeleça a maioridade para os convocados e nem para os alunos das escolas militares. Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de ensino. As forças armadas mantêm diversas escolas, entre elas os famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas que tem a função específica de preparar jovens para a carreira militar, a exemplo da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (ESPCex), Ecola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval. Os alunos dessas escolas não são hoje considerados maiores de idade, exceto quando efetivamente completarem dezoito anos. Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em legislação especial. Esta é a regra geral, segundo a qual os menores infratores estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 46 () 23 Vamos continuar analisando o restante do art. 53 para compreender as características apenas aplicáveis ao Direito Penal Militar. CONDIÇÕES OU CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Esta é a razão de dizermos que o CPM adota a teoria monista temperada. Apesar de haver apenas um crime, cada envolvido responde na medida de sua culpabilidade. Se houver entre os partícipes, por exemplo, uma pessoa que sofria de doença mental e no momento não gozava de discernimento suficiente para compreender a conduta, ele, e apenas ele, será considerado inimputável. Se a circunstância de caráter pessoal for elementar do crime, ela pode se comunicar entre os concorrentes. Este é o caso dos crimes propriamente militares, que, em regra, podem ser praticados por civil, desde que em concurso de pessoas com militar. Neste caso, portanto, a circunstância de ser militar faz parte do tipo legal, e por isso se comunica entre os coautores ou partícipes. O STM, por outro lado, já decidiu pela impossibilidade de comunicação da circunstância de ser militar. AGRAVAÇÃO DE PENA § 2° A pena é agravada em relação ao agente que: I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 47 () 23 IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. ATENUAÇÃO DA PENA §3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância. A adoção da teoria monista temperada permite que a pena seja individualizada, aplicando-se a cada um dos agentes a agravação ou atenuação da pena, dependendo das circunstâncias observadas. Estes dispositivos não são tão importantes para fim de prova, mas é necessária sua compreensão para facilitar sua vida quando estudarmos os crimes militares em espécie. CABEÇAS §4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. §5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial. Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que relaciona os cabeças com os crimes de concurso de pessoas necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados por apenas uma pessoa, a exemplo do crime de motim. Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem, organizam a ação. Os cabeças em geral são pessoas que têm algum poder de decisão, e por essa razão, quando estamos diante de um crime perpetrado por oficiais e praças, os oficiais serão considerados os cabeças. Imagine, por exemplo, um motim envolvendo vários praças e um só tenente, tendo sido a ação promovida e organizada por um sargento. Este sargento e o tenente serão considerados cabeças, ainda que o tenente tenha participado apenas minimamente. Esta é a regra do §2°. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 43 () 23 CASOS DE INIMPUNIBILIDADE Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Este é o princípio da acessoriedade da participação. A participação em crime só pode ser punida se a autoria também for punida. Lembre-se de que, para que haja punição pela tentativa, é necessário que o agente pratique a conduta, mas não atinja a finalidade pretendida por razões alheias à sua vontade. Caro amigo, encerro aqui a parte teórica da nossa aula. A seguir estão as questões comentadas e logo após as mesmas questões sem os comentários, seguidas do gabarito. Se tiver dúvidas, utilize nosso fórum. Estou disponível também no e-mail. Grande abraço! Paulo Guimarães professorpauloguimaraes@gmail.com Não deixe de me seguir nas redes sociais! www.facebook.com/profpauloguimaraes @pauloguimaraesf @profpauloguimaraes (61) 99607-4477 Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 48 () 23 4. QUESTÕES COMENTADAS 1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O Código Penal Militar (CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o princípio da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine qua non, o qual se contrapõe à teoria monista adotada pelo mesmo código quanto ao concurso de pessoas. COMENTÁRIOS: Vimos na aula de hoje que o CPM, assim como o CP, adota a teoria monista temperada no que tange ao concurso de pessoas: haverá apenas um crime, ainda que haja vários coautores e partícipes, mas a pena será aplicada individualmente. Também é verdade que o CPM adota a teoria dos equivalentes causais, ainda que haja também algumas manifestações da teoria da causalidade adequada (concausa relativamente independente). O erro da questão está em dizer que uma teoria se contrapõe à outra, pois cada uma trata de um assunto diferente. GABARITO: E 2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal militar admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte do comandante para compelir os subalternos a executar serviços e manobras urgentes, para evitar o desânimo, a desordem ou o saque. COMENTÁRIOS: Esta é exatamente a causa excludente de antijuridicidade inominada, prevista no parágrafo único do art. 42 do CPM, chamada por alguns de excludente do comandante. GABARITO: C Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 49 () 23 3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico. COMENTÁRIOS: É verdade que o CPM adotou o critério biopsicológico no art. 51, mas vimos também que este dispositivo não foi recepcionado pela Constituição de 1988. Qualquer menor de dezoito anos, independentemente de ter sido incorporado ao serviço militar, responde por infrações nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente. GABARITO: E 4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. É inimputável o agente que pratica o fato criminoso sem capacidade de entendimento e sem determinação, em razão de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado. COMENTÁRIOS: Estes são exatamente os termos do art. 48 do CPM. Lembre-se das regras que vimos a respeito do procedimento para declaração de inimputabilidade, previstos no art. 159 do CPPM. Além disso, é possível também que a pessoa seja considerada semi-imputável, devendo a pena ser aplicada de forma atenuada. GABARITO: C Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 2: () 23 5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa no CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir este consciência no momento da prática do crime. COMENTÁRIOS: A embriaguez patológica decorre do alcoolismo, e é tratada como doença, podendo levar o agente à inimputabilidade, nos termos do art. 48 do CPM. Lembre-se de que o art. 49 trata da embriaguez acidental, decorrente de caso fortuito ou força maior, que exclui a culpabilidade do agente ou o torna semi-imputável. GABARITO: E 6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. Considerando-se que, em relação ao concurso de agentes, o CPM possui disciplinamento singular, entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados crimes, é correto afirmar que, havendo participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor importância, para todos os efeitos penais, eles devem ser considerados como “cabeças”. COMENTÁRIOS: Lembre-se! O oficial que participar em crime de concurso de pessoas necessário junto com praças será considerado cabeça em razão de sua posição de comando, ainda que tenha contribuído pouco para a consecução do crime, nos termos do art. 53, §5° do CPM. GABARITO: C 7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao adotar o princípio da participação de menor importância, estabeleceu uma exceção à teoria monista do concurso de agentes. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 21 () 23 COMENTÁRIOS: Essa questão é um pouco polêmica, mas é verdadeira. O princípio da participação de menor importância determina que a individualização da pena leve em consideração a medida em que cada agente participou da conduta típica. Por essa razão dizemos que o CPM adota a teoria monista temperada. GABARITO: C 8. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM estabelece que não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, exceto quando elementares do crime, o que significa dizer que responde por crime comum a pessoa civil que, juntamente com um militar, cometa, por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM. COMENTÁRIOS: É justamente o contrário, não é mesmo? O civil que comete crime propriamente militar juntamente com o militar responde por crime militar. A circunstância especial (ser militar) é elementar do tipo e, por isso, comunica-se ao civil. Lembre-se de que, como falamos na aula passada, esta regra apenas se aplica desta maneira à Justiça Militar da União, uma vez que a competência estabelecida pela Constituição para a Justiça Militar Estadual não abrange o julgamento de civis. GABARITO: E 9. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao estabelecer que aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a teoria monista. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 24 () 23 COMENTÁRIOS: Ficou fácil né? Não esqueça! O CPM adota a teoria monista temperada, pois há exceções. GABARITO: C 10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No CPM, as circunstâncias que atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação a que poderia ter resistido ou em cumprimento de ordem de autoridade superior. COMENTÁRIOS: Haverá atenuação de pena, nos termos do art. 41, se a ordem emitida pelo superior hierárquico não era manifestamente ilegal, ou se houve coação à qual era possível resistir. A estrita obediência a ordem de superior hierárquico, bem como a coação irresistível, isentam o agente de pena, de acordo com o art. 38. A banca tentou confundir o candidato misturando o conteúdo dos dois dispositivos. GABARITO: E 11. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. A posse, por militar, de substância entorpecente, independentemente da quantidade e do tipo, em lugar sujeito à administração castrense, não autoriza a aplicação do princípio da insignificância. COMENTÁRIOS: Lembre-se da nossa discussão sobre a inaplicabilidade do princípio da bagatela no Direito Penal Militar. O entendimento mais recente do STF é no sentido da inaplicabilidade do princípio, ainda que ele já tenha sido aceito no passado. GABARITO: C Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 26 () 23 5. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O Código Penal Militar (CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o princípio da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine qua non, o qual se contrapõe à teoria monista adotada pelo mesmo código quanto ao concurso de pessoas. 2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal militar admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte do comandante para compelir os subalternos a executar serviços e manobras urgentes, para evitar o desânimo, a desordem ou o saque. 3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico. 4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. É inimputável o agente que pratica o fato criminoso sem capacidade de entendimento e sem determinação, em razão de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa no CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir este consciência no momento da prática do crime. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 27 () 23 6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. Considerando-se que, em relação ao concurso de agentes, o CPM possui disciplinamento singular, entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados crimes, é correto afirmar que, havendo participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor importância, para todos os efeitos penais, eles devem ser considerados como “cabeças”. 7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao adotar o princípio da participação de menor importância, estabeleceu uma exceção à teoria monista do concurso de agentes. 8. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM estabelece que não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, exceto quando elementares do crime, o que significa dizer que responde por crime comum a pessoa civil que, juntamente com um militar, cometa, por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM. 9. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao estabelecer que aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a teoria monista. 10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No CPM, as circunstâncias que atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação a que poderia ter resistido ou em cumprimento de ordem de autoridade superior. 11. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. A posse, por militar, de substância entorpecente, independentemente da quantidade e do tipo, em lugar sujeito à administração castrense, não autoriza a aplicação do princípio da insignificância. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 01 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 23 () 23 12. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. Embora o CPM tenha se filiado à teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de oficial 13. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). No sistema penal militar, o estado de necessidade segue a teoria diferenciadora do direito penal alemão, que faz o balanço dos bens e interesses em conflito. O estado de necessidade pode ser exculpante ou justificante. O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o segundo, de exclusão de ilicitude. GABARITO 1. E 2. C 3. E 4. C 5. E 6. C 7. C 8. E 9. C 10. E 11. C 12. C 13. C Direito Penal Militar - P MPU (Analista Especialidade Direito) - FINALIZADO/Aula 03.pdf Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4 () 23 1. CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR Primeiramente quero que você entenda que os crimes contra a autoridade ou disciplina militar representam o Título II do Livro I da Parte Especial do Código Penal Militar (CPM). O nome do Livro I é “Dos crimes militares em tempo de paz”. Com isso quero dizer que na realidade estamos diante de apenas um assunto, e sua banca não cobrará outros títulos além do que veremos aqui, ok? Vamos analisar um por um os tipos penais, e eu farei os comentários pertinentes para ajudar você a acertar as questões da prova. Esta análise será feita de forma um pouco diferente do que os livros de Direito Penal geralmente fazem. Normalmente os autores buscam identificar certos elementos: bem jurídico protegido, sujeito ativo, sujeito passivo, conduta, etc. Além disso, em geral os autores ficam “viajando” tentando encontrar possibilidades de aplicação e gastam páginas e páginas discutindo se é possível a tentativa, ou em que momento o crime realmente se consuma. Nossa análise será um pouco mais prática, ok? As questões que tratam dos crimes em espécie utilizam uma fórmula simples: “Fulano praticou tal ato nessas condições. A conduta adotada é o crime tal”. CAPÍTULO I – DO MOTIM E DA REVOLTA MOTIM Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 5 () 23 IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. REVOLTA Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. Estes crimes são os que mais apareceram em provas até hoje! Perceba que todos os incisos do art. 149 mencionam de alguma forma a desobediência ou resistência ao cumprimento de ordem superior. Os delitos não podem se cometidos por apenas uma pessoa. Podemos dizer, portanto, que são crimes de concurso de pessoas necessário. Basta, porém, a ação de duas pessoas para que a conduta seja criminosa. Vai ser fácil você lembrar essa característica a partir da associação ao nome do tipo penal: quando pensamos num motim, inevitavelmente surge a ideia de ação de um grupo. Os sujeitos ativos precisam ser militares em atividade, não sendo possível o cometimento do crime por civis ou mesmo por militares da reserva ou reformados. A esta altura você também já sabe que a figura do assemelhado não mais existe em nosso ordenamento. “Mas professor, se um militar da ativa e um da reserva se recusarem juntos a cumprir ordem de superior, haverá crime de motim?” A resposta é NÃO, caro aluno. Por outro lado, se este militar inativo ocupar emprego regular na Administração Militar, será equiparado a militar da ativa, e será possível que haja o delito (relembre o teor do art. 12 do CPM). Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 6 () 23 Alguns doutrinadores entendem que o civil e o militar inativo podem cometer o delito na condição de coautores ou partícipes, mas somente se houver pelos menos dois militares da ativa envolvidos. Como a circunstância pessoal de ser militar da ativa é elementar do crime, ela se comunica aos partícipes e coautores, nos termos do art. 53, §1º do CPM. É importante, contudo, que você saiba que as considerações acima acerca do civil somente se aplicam na esfera federal, pois a Justiça Militar Estadual não julga civis sob nenhuma circunstância (art. 125, §4º da Constituição Federal). Esse raciocínio será aplicável para todos os crimes que estudaremos na aula de hoje. Sempre que eu disser que é possível que civil cometa algum crime, isso vale apenas para o âmbito federal. Parte importante dos doutrinadores, entre eles Célio Lobão, entende, todavia, que o crime de motim somente pode ser cometido por militares da ativa (crime propriamente militar). ATENÇÃO! O Cespe já elaborou questões com este entendimento. Cuidado com a confusão, ok? Quanto ao inciso I, não faz diferença se a negativa de obediência da ordem superior for expressa ou tácita. Também é importante que você saiba que o superior hierárquico não é necessariamente o militar de posto ou graduação superior à do agente. Pode ser também um militar de mesmo posto ou graduação, que esteja exercendo função de comando. O inciso II trata da situação em que o superior hierárquico tenta resgatar a normalidade da ação irregular adotada pelos agentes, ou da violência praticada de forma ilícita. Esta situação é mais grave, pois além de os autores do crime estarem agindo sem ordem ou com violência, recusam o cumprimento da ordem superior de cessar a conduta. No inciso III há a situação em que um grupo se recusa a obedecer, ou agride o seu superior. A maior parte da Doutrina acredita que a greve praticada por militares, além de ser ilegal, encaixa-se também neste tipo penal militar. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 2 () 23 Perceba que aqui a conduta é a mera concordância, e não a organização da resistência. Os criminosos não são os cabeças. É importante compreender bem esse aspecto para não confundir o motim com a conspiração, prevista no art. 152. Na conspiração a conduta é anterior, preparatória, para, posteriormente, haver anuência coletiva à prática do motim. Há ainda alguma discussão da relação do motim com a violência contra superior (art. 157). A posição doutrinária mais aceita é a de que a violência contra superior, por ser mais grave, absorve o motim. No inciso IV está prevista a conduta daqueles militares que ocupam locais ou veículos militares. Célio Lobão diz que é necessário que os locais ou meios de transporte sejam utilizados para consecução militar: movimentação própria de organização bélica, com armamento. Ainda sobre o inciso IV, perceba que o texto dá abertura para que o crime seja cometido mesmo sem desobediência direta a ordem de superior. Esta é a hipótese de ocupação destes bens ou locais em detrimento da ordem ou da disciplina militar. No crime de motim, a pena dos cabeças é aumentada de um terço. A definição de cabeças está no art. 53, §§4º e 5º do CPM, que você já estudou. Para que ocorram os crimes de motim e revolta, é necessária a atuação de pelo menos dois militares da ativa (concurso de pessoas necessário). Agora vamos estudar a revolta. Célio Lobão entende que o fato de estarmos diante de militares armados não é o que distingue a revolta do motim, mas sim a violência com que os atos são perpetrados. Esta Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 7 () 23 visão é adotada unicamente por este doutrinador, mas como ele é muito importante, acredito que seja bom você saber, ok? A revolta, na realidade, é um motim qualificado pela presença de armas. Nas polícias militares, as condutas que estudamos quase sempre incorrerão em crime de revolta, pois os policiais, salvo raras exceções, exercem suas atribuições armados. Se houver pelo menos dois militares armados, a qualificadora já se torna aplicável e comunica-se aos demais, mesmo que não estejam utilizando armas, mas apenas se tiverem conhecimento da circunstância. Assim como no motim, a pena dos cabeças do crime de revolta também é majorada de um terço. MOTIM ! Sem armas REVOLTA ! Com armas ! Não é necessário utilizá-las ORGANIZAÇÃO DE GRUPO PARA A PRÁTICA DE VIOLÊNCIA Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou material bélico, de propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à administração militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Assim como os crimes que vimos anteriormente, este crime não pode ser praticado individualmente (concurso necessário). A diferença é que agora o dispositivo traz expressamente a necessidade de haver dois Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 3 () 23 ou mais militares, enquanto a descrição legal do motim não faz referência à quantidade mínima de pessoas. O porte de armamento ou material bélico é elemento do tipo, sendo necessário para que o crime se configure. Não é necessário, entretanto, que as armas estejam sendo utilizadas na prática da violência. Para Célio Lobão, a expressão “armamento” também inclui as armas impróprias: paus, facas, revólver de uso pessoal do militar, etc. Não há nenhum requisito acerca do local onde se dá a ação, podendo ocorrer em dependências sob administração militar ou não. Vale aqui também o comentário feito acerca do porte de armamento por apenas alguns consortes. É indiferente que apenas um ou alguns deles portem o armamento, desde que os demais tenham conhecimento desta condição. Neste caso todos responderão pelo mesmo delito. O crime apenas se consuma com a prática da violência (crime material). Cuidado com a confusão que o nome do tipo penal militar pode gerar na sua mente, pois a formação do grupo por si só não configura o crime, pois o grupo precisa praticar a violência. OMISSÃO DE LEALDADE MILITAR Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo: Pena - reclusão, de três a cinco anos. O sujeito ativo apenas pode ser o militar da ativa (ou equiparado) e agora estamos diante de um crime que pode perfeitamente ser perpetrado por apenas uma pessoa. Este crime é constituído de duas condutas omissivas: na primeira o militar fica sabendo que está sendo planejado o motim ou revolta e omite-se de denunciar essa intenção. Os doutrinadores dizem Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 8 () 23 ainda que mesmo que ele comunique, se o fizer tarde demais, não dando ao seu superior oportunidade de tomar as medidas necessárias, o crime estará configurado. Na segunda, o militar não tem conhecimento prévio, mas está presente quando o motim ou a revolta são deflagrados. Nesta situação, se ele não cumprir seus deveres militares, tentando impedir os atos, incorrerá no crime em estudo. Alguns doutrinadores falam em omissão indireta, quando o sujeito ativo do crime apenas finge que tenta adotar medidas. Isso ocorre, por exemplo, quando ele telefona para o número de seu superior sabendo que ele não está disponível no local. CONSPIRAÇÃO Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena - reclusão, de três a cinco anos. Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou. Mais uma vez estamos diante de um crime de coautoria necessária (também chamado de plurissubjetivo), em que é necessária a ação de pelo menos duas pessoas. Os agentes também precisam ser militares da ativa, não fazendo sentido a participação de civil. A palavra “concertar” significa entrar em acordo, pactuar. Assim, o núcleo do tipo está nos atos preparatórios para o motim ou revolta. Não se trata da mera conversa sobre o assunto nem a manifestação de insatisfação, mas sim o planejamento, reuniões, etc. Célio Lobão diz que é muito difícil relacionar a conspiração com a primeira parte do inciso III do art. 149, porque “os agentes terão de ajustar que no futuro irão reunir-se para assentir ‘em recusa conjunta de Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 9 () 23 desobediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior’”. Acredito que essa discussão seja de menor importância para a sua prova, mas é interessante que você saiba que existem doutrinadores que pensam de forma diversa, achando que a situação descrita por Célio Lobão tem alguma possibilidade lógica. Para ilustrar, esses autores criam exemplos “do arco da velha”, dos quais eu não vou tratar aqui por considerar perda de tempo. Quando os agentes se reúnem, conscientes da finalidade do encontro, o crime está consumado. Se algum dos que estão reunidos não conhece os reais propósitos do grupo, este não estará cometendo o crime. O parágrafo único determina a isenção de pena daquele que denuncia o esquema, mesmo tendo participado dele, desde que o faça enquanto ainda era possível evitar suas consequências. Este é um exemplo de escusa absolutória: condição estabelecida pela lei para que o ato, mesmo sendo típico, antijurídico e culpável, não seja punível. CAPÍTULO II – DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Aqui o sujeito ativo não precisa ser militar. Estamos diante de um crime impropriamente militar, pois nada impede que o civil alicie um militar para o cometimento de crimes contra a disciplina ou a autoridade militar. O termo “aliciar” significa atrair, seduzir, envolver. O agente criminoso, neste caso, convence o militar a praticar os crimes que vimos até agora. É difícil imaginar, entretanto, que esse aliciamento possa ser direcionado a alguns dos crimes que vimos. Você consegue imaginar Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 1: () 23 alguém tentando convencer outro a praticar omissão de lealdade ou conspiração? O crime apenas se consuma quando o militar efetivamente se deixa seduzir pelo aliciador e com ele concorda. Se a vítima não concordar, poderá haver a aliciação para motim ou revolta em sua forma tentada. Perceba que o crime será consumado mesmo que o militar aliciado não venha a participar do crime. Sua mera concordância já é suficiente. INCITAMENTO Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. Mais uma vez o sujeito ativo pode ser tanto civil quanto militar, vez que se trata de crime impropriamente militar. O verbo “incitar” significa impelir, mover, instigar, estimular. Se a incitação for à prática de crime comum, o incitador também incorrerá na prática de crime comum (art. 286 do Código Penal). O parágrafo único, por sua vez, descreve algumas das formas pelas quais o incitamento pode ser executado, no intento de alargar a interpretação do caput. Perceba que no parágrafo único há ainda um elemento espacial (“em lugar sujeito à administração militar”). O incitamento apenas pode ser perpetrado por meio de conduta dolosa. Assim como a aliciação para motim ou revolta, o incitamento também só se consuma com a concordância do militar que é vítima do crime, mas não é necessário que ele pratique nenhuma das ações sugeridas. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 11 () 23 Se o militar não concordar com o incitador, estaremos diante da tentativa de incitamento. APOLOGIA DE FATO CRIMINOSO OU DO SEU AUTOR Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano. O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa, civil ou militar. Trata-se de crime impropriamente militar. Fazer apologia significa elogiar, exaltar, engrandecer o fato tipificado como crime militar. Este tipo de atitude pode levar alguém a decidir cometer o crime. A apologia pode ser feita também ao autor de crime militar, desde que o sujeito seja enaltecido em razão do crime, e não por outro motivo qualquer. O enaltecimento do crime militar ou seu autor também só será crime militar quando feito em local sob administração militar. Se em outro local, será considerado crime comum. A apologia a crime militar ou seu autor somente será considerada crime militar se ocorrer em local sob administração militar. O elemento subjetivo desse crime somente admite o dolo, a livre vontade de praticar a conduta de manifestar a apologia ao crime ou ao seu autor. Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 14 () 23 CAPÍTULO III – DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR EM SERVIÇO VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de três meses a dois anos. FORMAS QUALIFICADAS § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena - reclusão, de três a nove anos. § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. § 4º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. O posicionamento de Célio Lobão é de que este crime somente pode ser praticado por militar da ativa, federal ou estadual, pois o agente precisa ser inferior hierárquico da vítima. O ilustre doutrinador acredita que o militar da reserva e o reformado são sempre equiparados a civis, com exceção da previsão do art. 12 do CPM. É importante também que você saiba que há doutrinadores que defendem a possibilidade de também o militar inativo praticar o crime, pois ele não deixa de submeter-se à hierarquia militar por ter entrado na inatividade. O conceito de superior também já foi estudado por nós. Ele tanto pode ser aquele que ocupa posto ou graduação superior, quanto aquele que ocupa o mesmo posto ou função e exerce atividade especial Direito Penal Militar para MPU (Analista – Direito) Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 03 !∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 15 () 23 (art. 24 do CPM). Para que o crime ocorra, é necessário que o agressor tenha conhecimento da posição superior do agredido. A violência consiste no emprego de força física. O delito não se configura se a violência for praticada contra coisa, a exemplo do veículo ou dos pertences do superior. Não é necessário que haja lesão corporal, mas é indispensável o contato físico. O §1º traz uma forma qualificada do crime, em que o superior agredido é o Comandante da Unidade Militar a que pertence o agente criminoso. O Comandante goza de proteção especial por força dos valores de hierarquia e disciplina que representa na unidade. Se o agredido for oficial general, o agente também incorrerá na forma qualificada do crime.
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