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CONTRATO CONCEITO Negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que a regulam. - Roberto Senise Lisboa. É o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial – Maria Helena Diniz OBS: O Código Civil Brasileiro não estabelece uma definição de contrato. CONTRATOS ESTRUTURA DO CONTRATO – Sujeitos Partes (bipolaridade da relação contratual: alteridade e composição de interesses). Exceção: art. 117, CC/2002: autocontrato. - Objeto - imediato (operação) - mediato (bens jurídicos materiais ou imateriais) CONTRATOS TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO Objetivas - teoria normativa (Hans Kelsen): acordo de vontades que possui a função criadora do direito. - teoria preceptiva (Oscar von Bülow): as cláusulas contratuais têm natureza de preceito jurídico. Subjetivas - voluntarista (Savigny): a vontade é o fundamento dos contratos. - declarativa (Sailleles): a vontade declarada por ambas as partes é o fundamento dos contratos. OBS: A teoria que prevalece na doutrina é a teoria declarativa. CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS CONTRATOS Os contratos, enquanto negócios jurídicos que são, desdobram-se em três planos distintos, conforme estudado em Direito Civil I: EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA. Quanto à validade, deve atender aos requisitos do artigo 104 do CC. São eles: Agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei. Quanto à eficácia, tem que se ter em conta os elementos acidentais do negócio jurídico que são: Condição (art. 121 a 130 do CC); termo (art. 131 a 135 do CC); Encargo ( art. 136 e 137 do CC) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL a) Liberdade de contratar. Autonomia da vontade. Pacta sunt servanda; Em um primeiro momento, a liberdade de contratar está relacionada com a escolha da pessoa ou das pessoas com quem o negócio será celebrado, sendo uma liberdade plena, em regra (...) Em outro plano, a autonomia da pessoa pode estar relacionada com o conteúdo do negócio jurídico, ponto em que residem limitações ainda maiores à liberdade da pessoa humana. Trata-se, portanto, da liberdade contratual. (TARTUCE, Flávio). b) Liberdade de forma; Princípio do consensualismo, através do qual é possível que o contrato seja celebrado pela simples manifestação da vontade. Os efeitos jurídicos do contrato serão gerados independentemente da forma pela qual a vontade se manifestou, a menos que a lei tenha estipulado forma específica. c) Função econômica e social do contrato (art. 421 e 422 do CC); O princípio da função social do contrato está contido em uma cláusula geral que se revela vinculante, sobretudo do ponto de vista axiológico, pois permite sejam permeados valores constitucionais a orientar a autonomia contratual. Impõe deveres referentes a interesses extracontratuais socialmente relevantes Obs: ver enunciados 21 a 27 da I Jornada de Direito Civil PRINCÍPIO DA BOA-FÉ Funções principais a) Interpretativa (art. 113 do CC) b) Supletiva – deveres anexos c) Corretiva – controle das clausulas abusivas Desdobramentos da boa-fé Supressio – redução de um direito, previsto no contrato, por inercia de um dos contratantes no exercício desse direito. Ex: o art. 330 do CC diz: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”. Surrectio – aumento de um direito previsto no contrato ou criação de um direito nele não previsto. Ex: LOCAÇÃO. Shopping center. Alteração do regulamento interno. Proibição de atendimento direto nas mesas da praça de alimentação, por meio de garçons. Locatária antiga que seguia esse modelo de atendimento há quase duas décadas. Prática consolidada por lapso considerável de tempo não pode ser afetada por modificação unilateral posterior. Boa-fé objetiva (art. 422 do CC). Venire contra factum proprium – A proibição do venire contra factum proprium ou teoria dos atos próprios visa proteger a parte contra aquele que deseja exercer um status jurídico em contradição com um comportamento assumido anteriormente. Ex: contrato de plano de saúde coletivo, realizado entre as partes, com previsão de rescisão no caso de o número de titulares se tornar inferior a cinco. Entretanto, o contrato já foi celebrado com um número reduzido de titulares, de modo que não pode o apelante, mais de quatro anos depois, desejar rescindir unilateralmente o contrato. CASO CONCRETO O professor Antônio José começou a aula de Direito Civil III com a seguinte afirmação: - A vontade é um dos principais elementos para a formação dos contratos. Deve ser valorizada. Porém dentro de toda a lógica normativa que envolve os deveres e obrigações contratuais. Assim o contrato se tornou um instituto funcionalizado, isto é, uma vez não cumprida a sua função, não possui efeitos jurídicos. Nesse contexto a autonomia de vontade das partes dentro da relação negocial existente está condicionada ao cumprimento da função social. A seguir, o professor colocou as seguintes perguntas no quadro: a) Quais as condições de validade do contrato? b) O que significa e qual a relevância da autonomia da vontade das partes numa relação contratual? c) O que vem a ser a função social do contrato? QUESTÃO OBJETIVA 1 (TJMS - Juiz Substituto - 2009) A propósito dos contratos, examine as assertivas abaixo e indique a alternativa correta: a) Obrigação e contrato se confundem porque deste advém o acordo de vontades que visa a constituição, modificação ou extinção de direitos; em suma, um conjunto de obrigações a serem cumpridas pelas partes. b) Nem toda relação jurídica contratual possui, além das partes e do consensualismo, um objeto. c) O objeto da relação jurídica patrimonial pode ser imediato ou mediato, sendo o primeiro o contrato propriamente dito e o último, o bem da vida suscetível de apreciação econômica. d) O objeto mediato se limita ao seu aspecto econômico e ao fato de ser corpóreo. e) Vale, em regra, o contrato que implique transmissão de direitos autorais QUESTÃO OBJETIVA 2 (MPRS - 2001) A superação do paradigma voluntarista do contrato encontra- se justificada pela: I. Utilidade social do contrato. II. Objetivação do vínculo contratual. III. Concepção da causa como função econômico-social do contrato. IV. Justiça da relação contratual no caso concreto. V. Expansão das hipóteses de vícios do consentimento. Assinale a alternativa correta: a) Somente as alternativas I e III estão corretas. b) Somente as alternativas II e III estão corretas. c) Somente as alternativas I, II, III e IV estão corretas. d) Somente as alternativas I, II, IV e V estão corretas. e) Somente as alternativas I e IV estão corretas. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 1 – Quanto à obrigação: a) Unilaterais – apenas uma das partes assume obrigações; b) Bilaterais ou sinalagmáticos – existe imposição de obrigação a ambos os contratantes; c) plurilaterais – cada contratante adquire direitos e obrigações em relação aos demais contratantes de forma entrelaçada. 2 – Quanto à vantagem patrimonial a) Onerosos – impõe direitos e obrigações reciprocas aos contratantes; b) Gratuitos – impõe obrigações a um dos contratantes e benefícios patrimoniais ao outro. 3 – quanto à aleatoriedade a) Comutativos – são aqueles em que os direitos e obrigações são certas e definidas no momento do contrato; b) Aleatórios – na substânciado negócio existe a incerteza ou a indeterminação em algum dos aspectos da prestação. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 4 – Quanto à negociabilidade do conteúdo a) Paritários – existe uma igualdade de forças entre os contratantes; b) De adesão – existe a imposição intransigente do conteúdo do contrato por um dos contratantes (art. 423 e 424 do CC e art 47 a 54 do CDC). 5 – Quanto à forma a) Solenes – quando a lei prescreve forma especial para seu aperfeiçoamento (arts. 107 e 1227 CC); b) Não solenes – são aqueles de livre formação. Decorrem do princípio do consensualismo; c) Reais – são contratos solenes ou não que só tem eficácia com a efetiva tradição (entrega do bem) (art. 579, 586 e 627 do CC). 6 – Quanto à qualidade do contratante a) Personalíssimos – celebrado em função de qualidade especial do contratante; b) Impessoais – a pessoa do contratante é irrelevante para a finalidade do negócio. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 7 – Quanto ao momento da execução a) Instantâneos – as prestações são realizadas em um só momento e uma única prestação; b) Diferidos – quando a prestação é realizada em momento futuro, ou seja a obrigação se extingue em um momento futuro c) Trato sucessivo - quando as prestações se prolongam no tempo de forma reiterada. (ver teoria da imprevisão; arts.478 a 480 do CC). 8 – Quanto à designação do contrato a) Nominados – a lei estipula o nome; b) Inominados – quando não existe uma designação imposta por lei; c) Típicos – são expressamente regulados por lei; d) Atípicos – não estão previstos em lei, mas reúnem os requisitos essenciais. 9 – Quanto à autonomia do contratos a) Principais – independem de outro contrato para existir; b) Acessórios – dependem de outro contrato para existir; c) Derivados – são contratos que tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato. INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS ESPÉCIES DECLARATÓRIA: quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato; INTEGRATIVA OU CONSTRUTIVA: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes; A integração contratual preenche, pois, eventuais lacunas encontradas nos contratos, complementando-os por meio de normas supletivas, especialmente as que dizem respeito à sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do local, bem como buscando encontrar a verdadeira intenção das partes, às vezes revelada nas entrelinhas. Seria, portanto, um modo de aplicação do direito pelo qual o órgão jurisdicional, mediante o recurso à lei, à analogia, aos costumes, aos princípios gerais do direito ou à equidade, cria norma supletiva, que completará, então, o contrato, que é uma norma jurídica individual. INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS PRINCÍPIOS BÁSICOS Nos contratos e demais negócios escritos, a análise do texto (interpretação objetiva) conduz, em regra, à descoberta da intenção dos pactuantes. Parte-se, portanto, da declaração escrita para se chegar à vontade dos contratantes (interpretação subjetiva), alvo principal da operação. Expressão do art. 112 do CC/2002, nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem; Dois princípios hão de ser observados sempre na interpretação dos contratos: 1) o da boa-fé objetiva(art. 113 do CC) 2) o da conservação do contrato; Ver artigos: Art. 423, 426, 819, 843, 1.899 do CC e Súmulas: STF, Súmula 454. Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário; STJ, Súmula 181. É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto a exata interpretação de clausula contratual. INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS CRITÉRIOS PRÁTICOS PARA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 1) a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo como vinham executando o contrato, de comum acordo; 2) deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor; as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais; 3) qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi; 4) na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exeqüível (princípio da conservação do contrato); 5) em relação aos termos do contrato, considerar-se-á que, por mais genéricos que sejam, só abrangem os bens sobre os quais os interessados contratarem e não os de que não cogitaram; 6) nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga; 7) nos contratos gratuitos, a interpretação deve proceder-se no sentido de fazê-lo o menos pesado possível para o devedor; nos onerosos, deve-se buscar interpretar de modo a alcançar um equilíbrio eqüitativo entre os interesses das partes; 8) na dúvida entre a gratuidade e a onerosidade do contrato, presumir-se-á esta e não aquela; 9) nas convenções que tiverem por objeto uma universalidade de coisas, compreendem-se nela todos os bens particulares que a compõem, mesmo aqueles de que os contraentes não tiverem conhecimento; 10) no contrato de locação que apresentar dúvidas, resolver-se-á contra o locador; 11) no contrato seguido de outro, que o modifica parcialmente, a interpretação deverá considerar ambos como um todo orgânico. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Fases da formação do contrato (art. 427 a 435 do CC) 1. negociações preliminares: nesta fase ocorrem as tratativas para a celebração do contrato. Não há vínculo jurídico entre os negociantes, portanto, a não conclusão do contrato não gera responsabilidade civil contratual. Na fase de puntuação pode ser elaborada minuta contratual. Obs: a responsabilidade civil pré-contratual, fundada na culpa in contrahendo (ilegítima frustração de um contrato esperado), é excepcional, cabendo diante da hipótese de violação da boa-fé objetiva. Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada no princípio de que os interessados na celebração de um contrato deverão comportar- se de boa-fé e nos arts. 186 e 927 do Código Civil. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS FASES DA FORMAÇÃO DO CONTRATO 2. Policitação (proposta ou oblação): fase em que é feita a oferta por parte do proponente para que o solicitado emita seu consentimento. A proposta é uma declaração unilateral de vontade receptícia, estando sujeita à aceitação da outra parte para que produza seus efeitos. Vontade contratual: vontade formada a partir da convergência dos interesses das partes negociantes, após o consentimento do oblato sobre a proposta do proponente. SUJEITOS DA PROPOSTA - proponente, policitante ou solicitante: aquele que faz a oferta. - solicitado, policitado ou oblato: aquele para quem a proposta é direcionada. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS REGRA NA FORMAÇÃO DA PROPOSTA (análise dos art. 427 a 435 do CC) A proposta séria e consciente de um contrato obriga o proponente. Caso não seja mantida, induz perdas e danos. A proposta deixa de obrigar se: - O contrário não resultar dos termos dela; a proposta possui clausula de não-obrigatoriedade; - Feita sem prazo determinado a pessoa presente, não for imediatamente aceita; - Feita sem prazo determinado a pessoa ausente; - Feita com prazo determinado a pessoa ausente, não tiver sido expedida resposta dentro do prazo estipulado; - Antes da resposta ou juntamente com ela , chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. ( art. 433 do CC) A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS OFERTA AO PÚBLICO (Art. 429 do CC). A oferta ao públicoequivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário não resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. CONTRAPROPOSTA: considerada uma nova proposta, havendo, pois inversão da polaridade da relação inicial (o policitante passa a ser policitado e vice- versa). A discussão ou a modificação do conteúdo da proposta pelo policitado importa em nova proposta, desvinculando-se o policitante do conteúdo anterior. A alteração dos termos da proposta pode se dar: por acréscimo (adição) ou por restrição (LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: contratos e declarações unilaterais - teoria geral e espécies. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 217) A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS FASE DE CONCLUSÃO DO CONTRATO Aceitação - momento da formação do contrato. A aceitação faz com que a vontade contratual seja formada, fazendo com que o contrato seja concluído (eficácia da aceitação). O Código Civil adota, regra geral, a teoria da agnição (ou declaração), na modalidade expedição. É dizer, o contrato é formado no momento em que a vontade é expedida, independente do conhecimento imediato do policitante. A adoção da teoria da agnição na modalidade expedição não é absoluta. Há hipóteses em que o Código Civil não reconhece a formação do vínculo contratual somente com a expedição da proposta (proposta entre ausentes), abraçando a teoria da agnição na modalidade recepção: Ex: a) quando a retratação do oblato chegar antes da aceitação ou junto com esta. OBS: Nesse caso, a aceitação é considerada inexistente (art. 433, CC/2002); b) quando o policitante tiver firmado compromisso de aguardar a resposta, fixando como o momento da conclusão o instante do recebimento da resposta; c) quando a proposta não chegar no prazo convencionado. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS FASE DE CONCLUSÃO DO CONTRATO Aceitação tácita: art. 432, CC/2002. Teoria do silêncio circunstanciado. É evidente, porém, que não têm qualquer respaldo legal as disposições incluídas em algumas propostas no sentido de que o silêncio do destinatário importará na formação do contrato. Aceitação tardia: a aceitação tardia, quando feita com adições, restrições ou modificações, importará em nova proposta (art. 431, CC/2002). Obs 1: quando a aceitação é recebida fora do prazo por motivos imprevisíveis, o policitante deverá imediatamente informar o oblato, sob pena de responsabilizar-se por possíveis perdas e danos (art. 430, CC/02). Obs 2: nos contratos reais, o momento de formação do contrato é o da tradição da coisa. Lugar da formação do contrato: em conformidade com o art. 435, CC/2002, o contrato se forma no lugar em que foi feita a proposta. CASO CONCRETO Manoel, prestador de serviços em Curitiba, após troca de e-mails com informações sobre o serviço (via Internet) com Maria (residente em Colombo, região metropolitana de Curitiba) apresenta -lhe on-line (também via Internet/Messenger) proposta para realizar pintura de sua residência, indicando o preço que cobraria pela empreitada e o material necessário. Responda as questões abaixo: i. Pode-se afirmar que houve negociação preliminar? Se afirmativa a resposta, de que forma? ii. A proposta feita on-line por Manoel vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. iii.Qual o prazo de validade da oferta feita por Manoel? iv.Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato? v. Identifique o lugar da celebração do contrato. QUESTÃO OBJETIVA 1 A respeito da interpretação de contratos, é certo dizer que a) as cláusulas não podem ser revistas em hipótese alguma depois da assinatura do contrato por todos os contratantes, a não ser por determinação judicial em processo de conhecimento. b) as expressões com mais de um sentido não devem, em caso de dúvida, ser entendidas de maneira mais conforme à natureza e ao objeto do contrato só podendo ser modificadas em juízo. c) as cláusulas ambíguas não são interpretadas de acordo com o costume do lugar em que foram estipuladas. d) quando um contrato ou uma cláusula apresenta duplo sentido, deve-se interpretá-lo de maneira que possa gerar algum efeito, e não de modo que não produza nenhum. e) as cláusulas inscritas nas condições gerais do contrato, impressas ou formuladas por um dos contratantes, não são interpretadas, na dúvida, em favor do outro. QUESTÃO OBJETIVA 2 Sobre os efeitos da boa-fé objetiva, é INCORRETO afirmar que a) servem de limite ao exercício de direitos subjetivos. b) resultam na proibição do comportamento contraditório. c) qualificam a posse, protegendo o possuidor em relação aos frutos já percebidos. d) servem como critério para interpretação dos negócios jurídicos. e) reforçam o dever de informar das partes na relação obrigacional. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS CONTRATOS DE DIREITO COMUM E DE CONSUMO Quanto à qualidade dos sujeitos contratantes, os contratos podem ser: A) Contratos de direito comum: são regulados pelo direito civil. São considerados contratos paritários, em decorrência do princípio da igualdade formal que informa o direito civil. B) Contratos de consumo: são contratos cuja polarização se dá entre consumidor e fornecedor. Os contratos de consumo são regulados pelas normas do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90, arts. 2° e 3°). CONTRATOS CONSENSUAIS E CONTRATOS REAIS Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato, os contratos podem ser: a) Contratos consensuais: são aqueles que se aperfeiçoam simplesmente pela declaração da vontade dos contratantes. Ex: contrato de compra e venda. b) Contratos reais: são aqueles que, para se aperfeiçoarem, precisam da efetiva entrega da coisa (traditio rei). A declaração de vontade é elemento necessário, porém insuficiente, devendo ocorrer a entrega do bem para que o contrato seja celebrado. Ex: contrato de mútuo. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO À FORMA, OS CONTRATOS PODEM SER: a) Solenes: aqueles cuja forma é determinada pela lei. Ex: compra e venda de imóvel cujo valor é supere em trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país (art. 108, CC/2002). Insta observar que a desobediência à forma prevista em lei gera invalidade do negócio jurídico. b) Não solenes: aqueles em que não há forma especial para sua celebração, seguindo, pois, o princípio da liberdade das formas (princípio do consensualismo). Ex: contrato de mandato. Obs: parte da doutrina diferencia o contrato solene do contrato formal. QUANTO À TIPICIDADE, OS CONTRATOS PODEM SER: a) Típicos: regulamentados por lei. Ex: contrato de transporte. b) Atípicos: não regulamentados por lei. Ex: contratos eletrônicos. Obs: Há parte da doutrina que não identifica como sinônimas as expressões típico e nominado, admitindo hipóteses de contratos nominados e atípicos, como p.ex. o contrato de locação de garagem ou estacionamento, previsto no art. 1°, parágrafo único, da Lei n° 8.245/90 (Lei de Locação). CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS CONTRATOS DE DIREITO PÚBLICO E DE DIREITO PRIVADO a) Contratos de Direito Público: são os contratos em que a Administração Pública figura em um dos pólos. São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por normas de direito privado, no que não lhe for incompatível. Ex: contratos administrativos, contratos de gestão. b) Contratos de Direito Privado: travados entre particulares e regidos pelas normas de direito privado. Os contratos de direito privado podem ser de direito comum, mercantis ou de consumo.QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS, OS CONTRATOS PODEM SER: a) unilaterais: impõem deveres a apenas uma das partes. Ex: contrato de doação. Obs: atentar para os chamados contratos bilaterais imperfeitos. b) bilaterais: impõem deveres recíprocos a ambas as partes. São chamados de contratos sinalagmáticos. Ex: contrato de locação. c) plurilaterais (contratos plúrimos): há direitos e deveres recíprocos entre todos os sujeitos envolvidos no contrato. Ex: contrato de sociedade. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO SACRIFÍCIO PATRIMONIAL DAS PARTES, O CONTRATO PODE SER: a) Gratuito ou benéfico: é aquele em que só há sacrifício de uma das partes. Há uma prestação sem que haja uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex: doação. b) Oneroso: é aquele em que há sacrifício patrimonial de ambas as partes, de modo que inexiste uma prestação e uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex: troca. Obs. Todo contrato bilateral é oneroso, mas nem todo contrato unilateral é gratuito. Ex: mútuo feneratício, que é unilateral, porém oneroso, pois há pagamento de juros. OS CONTRATOS ONEROSOS PODEM SER: a) comutativos, quando ambas as partes sabem com exatidão suas prestações e contraprestações. b) aleatórios, quando há a presença do risco (álea), que pode recair tanto na própria existência da coisa (contrato aleatório emptio spei - de coisa esperada), quanto na quantidade da coisa (contrato aleatório emptio rei speratae). CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO ÀS RELAÇÕES RECÍPROCAS, OS CONTRATOS PODEM SER: a) Principais: são independentes, existindo por si só. Ex: contrato de compra e venda. b) Acessórios: são aqueles que guardam uma relação de dependência com outro contrato, existindo em função dele. Ex: contrato de fiança, que é acessório a um contrato de mútuo. c) Coligados. Os contratos coligados constituem situação intermediária entre os contratos principais e acessórios, pois se tratam de dois contratos principais por natureza, mas que, por vontade das partes, estão unidos por um nexo funcional. Ex: A compra de um terreno com imóvel para moradia (contrato principal) e a compra de outro terreno, vizinho, para área de lazer (contrato secundário). O STJ tem entendido que, em sede de contratos coligados, o inadimplemento do contrato principal não enseja, necessariamente, a resolução do contrato secundário, como ocorreria se fosse contrato acessório, em consonância com o princípio da gravitação jurídica. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO MOMENTO DE SEU CUMPRIMENTO, PODEM SER: a) de execução imediata (instantâneos): aqueles cujo vencimento ocorre concomitantemente com o aperfeiçoamento do contrato. b) de execução diferida: são contratos a termo, que deverão ser adimplidos em sua totalidade na data do vencimento ajustada. c) de execução continuada (execução sucessiva ou trato sucessivo): aqueles cuja execução se dará de forma periódica. CONTRATOS DE ADESÃO NO CÓDIGO CIVIL, ARTS. 423 E 424. Características gerais Conceito - art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. O Código Civil não conceitua o contrato de adesão. O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita, pois nele podem conter diversas modalidades obrigacionais. É um método de contratação cuja forma de aceitação de um dos contratantes se dá com a simples adesão a um conteúdo pré-estabelecido pelo outro contratante. (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. p. 58). ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS Ver arts. 436 a 438 do CC. CONCEITO: a estipulação em favor de terceiro é o negócio jurídico por meio do qual se ajusta uma vantagem pecuniária em prol da pessoa que não o celebra, mas se restringe a colher seus benefícios. (Manual de Direito civil: contratos e declarações unilaterais: teoria geral e espécies. Vol. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 251.). A regra geral é, portanto, que os contratos produzem efeitos tão-somente aos contratantes, excluindo todos aqueles alheios à avença. No entanto, situações há em que os efeitos do contrato alcançarão terceiros, tornando-os interessados na relação contratual. Tais efeitos podem lhes ser benéficos ou prejudiciais. Quando maléficos (contrato em prejuízo de terceiros), pode o terceiro interessado opor-se, por legitimação ordinária ou extraordinária, para resguardar seus direitos. Ex: evicção. É possível, porém, que os efeitos sejam em benefício do terceiro interessado, situação em que há estipulação em favor de terceiro. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO A promessa de fato de terceiro é fonte de uma obrigação de fazer, qual seja, fazer com que uma pessoa integre relação jurídica com outra. Em outras palavras, o devedor tem a obrigação de convencer que terceiro celebre negócio jurídico (facere) com o credor. O adimplemento dessa obrigação, portanto, ocorre com a formação da relação jurídica entre o terceiro e o credor (da relação originária), motivo pelo qual o devedor (aquele que prometeu fato de terceiro) não se compromete com o cumprimento do negócio celebrado com o terceiro. Art. 439 do CC. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440 do CC. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. CASO CONCRETO Lúcia promete à sua Comissão de Formatura que trará para cantar em uma festa, destinada a arrecadar fundos para a Comissão, sua tia, Ivete Sangalo. Os membros da Comissão, conhecedores do relacionamento próximo que Lúcia possui com sua tia, com razões concretas e objetivas para acreditar na promessa, não contratam nenhuma banda e iniciam os preparativos de divulgação do evento que, então, terá como uma das principais atrações a mencionada cantora. Ocorre que um dia antes do início da festa, Lúcia telefona para o presidente da Comissão e o comunica que embora tenha realizado inúmeros esforços não conseguirá trazer a tia para cantar na festa. Diante dessa situação, responda: a) Qual é o tipo de obrigação (utilize pelo menos duas classificações) assumida por Lúcia em face da Comissão de formatura e que espécie contratual pode ser identificada? b) Lúcia poderá ser de alguma forma responsabilizada, mesmo tendo empreendido todos os seus esforços para que a tia cumprisse promessa por ela feita? c) Suponha que por intermédio de Lúcia, a representante da cantora entrou em contato com o Presidente da Comissão e, anuindo com a indicação do promitente, combina que a cantora cantará na festa no dia e horários marcados. No entanto, no dia do evento a cantora é convidada a receber um prêmio e não comparece ao evento. Quem responderá pelos prejuízos causados por essa ausência? Fundamente sua resposta. QUESTÃO OBJETIVA 1 (TJMA - Juiz substituto - 2008) Assinale a proposição correta, em se considerando o atual Código Civil: A - Qualquer que seja o valor do imóvel, a escritura pública é essencial à validade do contrato de compra e venda. (art. 108 do CC) B - Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça (art. 392 do CC) C - Nos contratos unilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a suaobrigação, pode exigir o implemento da do outro. (não existe contraprestação) D - A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou o seu cumprimento; mas apenas na primeira hipótese será possível cumular o pedido com o de indenização por perdas e danos. (art. 389 do CC) QUESTÃO OBJETIVA 2 (TRT 8a. Região - 2009) Marque a alternativa correta: A - Se o contrato for aleatório em virtude de fatos futuros, cujo risco de inexistirem for assumido por um dos contratantes, terá o outro direito de receber integralmente o que foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido culpa ou dolo, ainda que nada do avençado venha a existir. (art. 458 do CC) B - No contrato aleatório, o alienante terá direito ao preço integral em qualquer situação, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. C - Concluído o contrato preliminar poderá a parte exigir seu cumprimento. A existência e a utilização da cláusula de arrependimento não inibe a exigência de perdas e danos. D - Se a promessa de contrato for unilateral, pode o credor manifestar-se a qualquer tempo pela sua aceitação. E - A resilição unilateral do contrato, em qualquer caso, só se opera mediante denúncia. DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS São defeitos ocultos que tornam a coisa imprópria para o uso a que é destinada ou que, se fossem conhecidos, impediriam a realização do contrato. Os vícios redibitórios autorizam o comprador a rejeitar a coisa recebida e redibir o contrato (ação redibitória) ou a pedir o abatimento do preço pago (ação estimatória ou quanti minoris), nos termos do art. 442 do CC/2002. As ações destinadas a combater os vícios redibitórios são também chamadas de ações edilícias (redibitória ou estimatória). Os defeitos aparentes ou de fácil constatação não autorizam o comprador a rejeitar a coisa recebida e redibir o contrato, ou pedir o abatimento do preço pago. Exige-se do comprador a diligência do homem médio, um mínimo de cuidado ao comprar a coisa. O prazo para a propositura da ação é curto. O adquirente deve propor a ação em trinta dias, em caso de bem móvel, ou em um ano, no caso de imóvel, a contar da data da entrega efetiva (CC, 445). Nos termos do § 1º do referido artigo, quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. Importante esclarecer que o prazo para manejo das ações edilícias é decadencial. DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS FUNDAMENTO JURÍDICO 1 – Teoria do erro – não faz distinção entre defeitos ocultos e erro sobre as qualidades essenciais do objeto; 2 – Teoria do inadimplemento contratual – violação do princípio de garantia que onera o alienante e o faz responsável pelo perfeito estado da coisa em condições de uso a que é destinada; 3 – Teoria dos riscos – o alienante tem a obrigação de suportar os riscos da coisa alienada; 4 – Teoria da equidade – se baseia na necessidade de se manter o justo equilíbrio entre as prestações dos contratantes, como se observa nos contratos comutativos; OBS: A teoria mais aceita é a do inadimplemento contratual, que aponta o fundamento da responsabilidade pelos vícios redibitórios no princípio da garantia DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS REQUISITOS PARA CARACTERIZAR OS VÍCIOS 1 – coisa recebida em virtude de contrato comutativo; 2 – que os defeitos sejam ocultos; 3 – que os defeitos existam no momento da celebração do contrato; 4 – que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente; 5 – que os defeitos sejam graves; Exemplos de defeitos graves: a) esterilidade do touro adquirido como reprodutor; b) excessivo aquecimento do motor de veículo em aclives; c) Frequentes inundações de terreno, destinado a construção de residência, devido as chuvas; d) Sacos adquiridos para embalar produtos consumíveis apresentando cheiro intolerável. DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS AÇÕES CABÍVEIS E SUAS ESPÉCIES A) Ação redibitória – o adquirente rejeita a coisa, denunciando o contrato; B) Ação estimatória ou quanti minoris – o adquirente conserva a coisa, mesmo com defeito, reclamando diminuição do preço; OBS: se ocorrer o perecimento da coisa em razão do vício oculto o adquirente deverá propor obrigatoriamente ação redibitória. PRAZOS DECADENCIAIS O prazo das ações edilícias são decadenciais (art. 445 do CC): 30 dias se o bem é móvel e um ano se o bem é imóvel, contados da tradição. Se o adquirente já estava na posse do bem, conta-se o prazo da alienação reduzido à metade. HIPÓTESES QUE NÃO CABEM AÇÕES EDILÍCIAS A – coisas vendidas conjuntamente (art. 503 do CC) Não cabem ações edilícias para rejeitar todas a coisas recebidas quando apenas uma delas for defeituosa ; B – Inadimplemento contratual (art. 389 do CC) Entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório e sim inadimplemento contratual, respondendo o devedor por perdas e danos; C – Erro quanto as qualidades essenciais do objeto (art. 139 do CC) O erro quanto as qualidades essenciais do objeto não se confunde com os vícios redibitórios, pois estes são objetivos enquanto que aqueles são subjetivos; OBS: Se a coisa for vendida em hasta pública, por determinação judicial, poderá o adquirente lesado propor tanto ação redibitória como a quanti minoris, se a coisa arrematada contiver vício redibitório. DA EVICÇÃO (Arts. 447 a 457 do CC) A evicção é a perda total ou parcial de um bem em razão de sentença que o atribui a outrem por direito anterior ao contrato. A garantia contra a evicção é obrigação do alienante que deriva automaticamente do contrato. Assim, nos contratos onerosos pelos quais se transfere o domínio, posse ou uso, o alienante deve garantir o adquirente dos riscos da evicção e indenizá-lo na eventualidade de vir a perder o bem por força de sentença que reconheceu direito de outrem. Na redação do art. 447 do novo Código Civil, pode-se considerar evicção, também, a perda do domínio do bem pelo implemento de condição resolutiva, pela apreensão policial de coisa furtada ou roubada em momento anterior à aquisição ou pela privação da coisa por ato inequívoco de qualquer autoridade. A única excludente prevista pelo CC/2002 para a responsabilidade pela evicção é a ciência por parte do comprador de que a coisa adquirida é alheia ou litigiosa. DA EVICÇÃO REQUISITOS DA EVICÇÃO a) a onerosidade da aquisição do bem, o que afasta a figura nos contratos gratuitos; b) a perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa alienada pelo adquirente; c) sentença judicial com trânsito em julgado, reconhecendo a evicção, salvo as exceções mencionadas anteriormente (Ex: apreensão policial). SUJEITOS - alienante: sujeito que transfere a coisa; - evicto ou evencido: adquirente da coisa; - evictor ou evencente: sujeito que alega direito anterior ao do alienante. NECESSIDADE DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE O exercício dos direitos assegurados pela garantia contra a evicção depende de prévia comunicação do adquirente (evicto) ao alienante, que deve ser instrumentalizada através da figura da denunciação da lide (CC/2002, 456; NCPC, art. 125, I). Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; Nos termos do parágrafo único do art. 456 do CC/2002, não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Entretanto, ajurisprudência tem suavizado o aparente rigor do art. 456 do CC, entendendo que a denunciação da lide não é obrigatória, sendo somente necessária para que a restituição ao evicto pelo alienante seja feita no mesmo processo. Assim, ainda que o evicto não faça a denunciação da lide, ainda poderá ser indenizado através de ação própria. Sobre o tema, o STJ já se posicionou: Esta Corte tem entendimento assente no sentido de que "direito que o evicto tem de recobrar o preço, que pagou pela coisa evicta, independe, para ser exercitado, de ter ele denunciado a lide ao alienante, na ação em que terceiro reivindicara a coisa" (REsp 255639/SP, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Terceira Turma, DJ de 11/06/2001). CASO CONCRETO Caio ajuizou uma demanda buscando o ressarcimento de danos materiais e morais advindos da perda da propriedade de dois lotes de terra urbanos adquiridos da empresa “Da Terra Ltda.", no ano de 2004, decorrentes da evicção. Alega Caio que, tão logo se imitiu na posse dos bens adquiridos, foi deles retirado por credor do alienante. O credor do alienante apresentou escritura particular demonstrando que os lotes que Caio acabara de adquirir lhe foram entregues em dação em pagamento. Considerando os dados fornecidos, esse pedido será julgado procedente ou improcedente? Por quê? Fundamente sua resposta. QUESTÃO OBJETIVA (DPE-SP-2006) Sobre os vícios redibitórios, é correto afirmar: a) São defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de qualquer tipo de contrato. b) Ocorrendo vício redibitório pode o adquirente rejeitar a coisa ou conservar o bem e reclamar abatimento no preço sem acarretar a redibição do contrato, através da ação estimatória ou quanti minoris. c) Se o alienante tinha ciência do vício oculto, deverá restituir o que recebeu, sem perdas e danos. d) Se a coisa vier a perecer em poder do alienatário, em razão do defeito já existente ao tempo da tradição, o alienante não terá de restituir o que recebeu. e) A ação redibitória ou estimatória deve ser proposta dentro do prazo de trinta dias, em se tratando de bens móveis ou imóveis. QUESTÃO OBJETIVA 2 (TJMG - Juiz Substituto - 2008) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Assim, de acordo com o Código Civil, é correto dizer que: a) A garantia não subsiste quando a aquisição se tenha realizado em hasta pública. (art. 447) b) A garantia ou responsabilidade pela evicção independe de culpa. (art. 456 do CC) c) A garantia opera-se com a perda da coisa por ato administrativo de política sanitária ou se segurança pública. d) A garantia ou responsabilidade pela evicção não pode ser objeto das disposições de vontade dos contratantes. (art. 448) FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DO CONTRATO PRELIMINAR (ver arts. 462 a 466 do CC) Contrato preliminar, também conhecido como pré-contrato, promessa de contratar, contrato preparatório ou compromisso, é a convenção de que se valem as partes, em uma fase inicial de entabulamento de negócio, para se obrigarem, ou uma delas, à outorga futura de um contrato definitivo. É fonte de uma obrigação de fazer, qual seja, celebrar um contrato definitivo. Trata-se, portanto, de contrato não formal, mesmo sendo solene o contrato definitivo (art. 462 do CC). Em certos casos, o contrato preliminar, preenchendo determinados requisitos legais, essenciais do contrato definitivo visado, chega a confundir-se com ele, conferindo direito real sobre o objeto da contratação, a possibilitar a concretização negocial futura, por via judicial (adjudicação compulsória), como na hipótese do compromisso de compra e venda de imóvel para pagamento parcelado. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS MODO NORMAL DE EXTINÇÃO DO CONTRATO. O contrato, assim como as obrigações, possui um ciclo vital. Nasce do acordo de vontades, produz os efeitos que lhe são peculiares e extingue-se. Como nos ensina Humberto Theodoro Júnior, o vínculo contratual é, por natureza, passageiro e deve desaparecer, naturalmente, tão logo o devedor cumpra a prestação prometida ao credor. A extinção do contrato se dá, via de regra, pela execução, seja instantânea (imediata ou diferida) ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. Sobre a prova do cumprimento (ou pagamento, como quer a lei civil), consulte o art. 320 do CC, que trata da quitação. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS À FORMAÇÃO DO CONTRATO a) Nulidade absoluta e relativa. A nulidade absoluta resulta da ausência de elemento essencial do ato, com transgressão a preceito de ordem pública, impedindo que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex tunc). O Código Civil enumera hipóteses de nulidade em seus artigos 166 e 167. O pronunciamento da nulidade pode ser requerido em juízo a qualquer tempo, por qualquer interessado, podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou sob provocação do Ministério Público (CC, 168). Nos termos do art. 170 do CC/2002, se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Seria a hipótese de contrato de compra e venda de imóvel celebrado sem a observância da forma prevista em lei, gerando a nulidade do contrato (CC, 166, IV); no caso, poderá o juiz considerar o contrato de compra e venda nulo como uma promessa de compra e venda, em atenção ao princípio da conservação do negócio jurídico. É a denominada conversão do negócio jurídico. A nulidade relativa ou anulabilidade resulta da imperfeição da vontade: ou porque emanada de um relativamente incapaz não assistido, ou porque contém algum dos vícios do consentimento (erro, dolo, coação etc.). Como pode ser sanada e até mesmo não argüida no prazo prescricional, não extinguirá o contrato enquanto não se mover a ação que a decrete, com efeitos ex nunc. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO CLÁUSULA RESOLUTIVA Na execução do contrato, cada contraente pode pedir a resolução do acordo, se o outro não cumpre as obrigações avençadas. Essa faculdade pode resultar de estipulação ou de presunção legal. Quando as partes convencionam, diz-se que estipulam cláusula resolutiva expressa ou pacto comissório expresso. Na ausência de estipulação, tal pacto é presumido pela lei, que subentende a existência da cláusula resolutiva. É a denominada cláusula resolutiva implícita ou tácita. Em todo contrato bilateral ou sinalagmático presume-se a existência de uma cláusula resolutiva tácita, autorizando o lesado pelo inadimplemento a pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos. Assim: Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Nestes termos, o contratante pontual tem, diante do inadimplente, duas alternativas: pleitear a resolução do contrato ou exigir-lhe o cumprimento mediante execução específica. Em qualquer das hipóteses, terá direito a indenização por perdas e danos. Nos termos do art. 474 do CC/2002, a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. A sentença que reconhecer a cláusula expressa e o direito à resolução terá efeito meramente declaratório, ex tunc, portanto. Sendo a cláusula tácita, a sentença tem efeito desconstitutivo, dependendo de interpelação judicial, ou seja, a cláusula só produz efeitos após a interpelação. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DIREITO DE ARREPENDIMENTO Desde que expressamente previsto no contrato, o arrependimento autorizaqualquer das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da vontade, sujeitando-se à perda do sinal, ou à sua devolução em dobro, sem, no entanto, pagar indenização suplementar. Estamos diante das arras penitenciais, previstas no art. 420 do CC/2002. O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado, ou antes da execução do contrato, se nada foi estipulado a respeito, pois o cumprimento do contrato implica em renúncia tácita do direito de arrepender-se. O Código de Defesa do Consumidor prevê hipótese especial de direito de arrependimento em seu art. 49, para os casos de contratação fora do estabelecimento comercial (por telefone, fax, internet). O prazo para o consumidor se arrepender é de 7 dias. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO A) Resolução por inexecução voluntária. Decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal. Entretanto, se o contrato for de trato sucessivo, como no caso de locação ou fornecimento de matéria prima, a resolução não produz efeito em relação ao pretérito, não se restituindo as prestações cumpridas. Há efeito ex nunc. Exceção do contrato não cumprido. Vem prevista no art. 476 do CC/2002, nestes termos: nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. A sede natural da exceção em comento encontra-se nos contratos bilaterais ou sinalagmáticos, que envolvem prestações recíprocas, atreladas umas às outras. Se uma das prestações não é cumprida, deixa de existir causa para o cumprimento da outra. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO B) Resolução por inexecução involuntária A resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, como nas hipóteses de fato de terceiro ou de acontecimentos inevitáveis, alheios à vontade dos contraentes, denominados caso fortuito ou força maior, que tornam impossível o cumprimento da obrigação. A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. Há de ser objetiva, ou seja, não dizer respeito à própria pessoa do devedor, pois deixa de ser involuntária se de alguma forma este concorre para que a prestação se torne impossível. A impossibilidade deve ser, também, total, pois se a inexecução for parcial e de pequena proporção, o credor pode ter interesse em que, mesmo assim, o contrato seja cumprido. Por outro lado, há de ser definitiva, pois via de regra a inexecução temporária acarreta apenas a suspensão do contrato. O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, ou se estiver em mora (CC, arts. 393 e 399): MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO C) Resolução por onerosidade excessiva. Os negócios jurídicos podem sofrer as conseqüências de modificações posteriores das circunstâncias que os justificaram, com quebra insuportável da equivalência das prestações. Tal constatação deu origem ao princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva. A partir da Idade Média, desenvolveu-se a teoria rebus sic stantibus, que presume, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e execução diferida, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários, como uma guerra, que tornem excessivamente oneroso para uma das partes o adimplemento de sua prestação, poderá esta requerer ao juiz que a isente da obrigação, total ou parcialmente. O Código Civil de 2002 reconheceu o direito à alteração do contrato em situações específicas, dedicando uma seção, composta de três artigos, à resolução dos contratos por onerosidade excessiva, são eles os Arts. 478 a 480 do CC. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO RESILIÇÃO A resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir, do latim resilire, significa voltar atrás. A resilição bilateral é denominada distrato, que é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um acordo de vontades anteriormente celebrado. A unilateral pode ocorrer somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade. Distrato. Nos termos do art. 472 do CC/2002, o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. O distrato é um caso de retratação bilateral do contrato, que se perfaz mediante um novo contrato (solutório e liberatório), de conteúdo igual e contrário ao do contrato originário e celebrado entre as mesmas partes do contrato que se irá dissolver. A sua eficácia é ex nunc, operando sem necessidade de pronunciamento judicial. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO RESILIÇÃO UNILATERAL: DENÚNCIA, REVOGAÇÃO, RENÚNCIA E RESGATE. (ART. 473 DO CC) A resilição unilateral pode ocorrer somente nas obrigações duradouras, contra a sua renovação ou continuação, independentemente do não- cumprimento da outra parte, nos casos permitidos na lei (p.ex., a denúncia prevista nos arts. 6º; 46, §2º e 57 da Lei 8.245/91 - Lei do Inquilinato), ou no contrato, quando as partes tenham expressamente pactuado a possibilidade de resilição unilateral. A resilição é o meio próprio para dissolver os contratos por prazo indeterminado. Cumpre mencionar ainda o contrato de mandato, no qual a resilição unilateral denomina-se revogação ou renúncia, conforme a iniciativa seja, respectivamente, do mandante ou do mandatário. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO MORTE DE UM DOS CONTRATANTES. A morte de um dos contratantes só acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos, que não poderão ser executados pela morte daquele em consideração do qual foi ajustado. Subsistem as prestações cumpridas, pois seu efeito é ex nunc. RESCISÃO. Existe o hábito no meio negocial de utilizar a expressão rescisão englobando as figuras da resolução e da resilição. Contudo, tecnicamente falando, a rescisão ocorre nas hipóteses de dissolução de determinados contratos, como aqueles em que ocorreu lesão (art. 157 do CC) ou que foram celebrados em estado de perigo (art. 156 do CC). CASO CONCRETO Arnaldo contratou, por telefone, serviço de TV a cabo por meio do qual recebeu, em comodato, aparelho de recepção de sinal. Passado algum tempo, informou, também por telefone, que desejava realizar distrato, além de ser indenizado pelo que gastou nas despesas com o uso da coisa, consistentes em aquisição de televisor compatível com a tecnologia do aparelho de recepção de sinal. A prestadora de serviço informou que, para realização do distrato, Arnaldo deveria assinar um instrumento escrito. Além disto, recusou-se a indenizar Arnaldo e exigiu de volta o aparelho de recepção de sinal. A prestadora de serviço tem ou não tem razão? Explique sua resposta. QUESTÃO OBJETIVA Em se tratando da resolução do contrato por onerosidade excessiva, é certo afirmar: a) Uma das partes pode pedir a resolução do contrato por onerosidade excessiva se a prestação tomou-se impossível, gerando o enriquecimento da outra parte, sempre com a aquiescência da outra parte. b) À parte assiste o direito de pleitear a resolução do contrato, mas não a suarevisão. c) A resolução poderá ser evitada, se o réu concordar em modificar equitativamente as cláusulas do contrato. d) A resolução poderá ser pleiteada se a prestação ficou onerosa em razão de acontecimento imprevisto anterior à assinatura do contrato. e) Os efeitos da sentença que decretar a resolução retroagirão à data da assinatura do contrato. COMPRA E VENDA DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A COMPRA E VENDA Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço. Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. CONCEITO É o contrato por meio do qual o adquirente (comprador) paga determinado preço em dinheiro com o fim de obter para si a transferência definitiva do bem do alienante (vendedor). CLASSIFICAÇÃO O contrato de compra e venda é: a) oneroso; b) bilateral (sinalagmático) (art. 491, CC/2002). c) típico; d) não solene (exceção à compra e venda de imóvel que exceda a trinta salários mínimos, conforme o art. 108, CC/2002); e) consensual (art. 482, CC/2002) f) comutativo e aleatório COMPRA E VENDA EFEITO DA COMPRA E VENDA Meramente obrigacional: há um compromisso de transferência de propriedade. O ato de transferência, em si, faz parte da execução do contrato, e não de sua formação. A transferência pode ocorrer através da tradição, quando se tratar de bens móveis, ou do registro do título translativo do domínio no Cartório de Registro de Imóveis, quando se tratar de bens imóveis. ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA A) Coisa - a coisa é o objeto mediato da obrigação do vendedor para com o comprador, eis que aquele deve transferir a este a propriedade. B) Preço - O preço é a contraprestação do comprador, caracterizando, assim, o sinalagma do contrato de compra e venda. C) Consentimento - é o acordo de vontades entre comprador e vendedor com relação à coisa e o preço. Em conformidade com o art. 482, CC/02, o contrato de compra e venda é concluído com o simples consentimento (contrato consensual). COMPRA E VENDA LEGITIMAÇÃO DAS PARTES Apesar de capazes, não têm legitimidade para celebrar contrato de compra e venda: - Nulidade absoluta (art. 497,CC/2002): a) tutores e curadores (compradores), com relação aos bens dos seus tutelados e curatelados(vendedores); b) testamenteiros e administradores, com relação aos bens sob sua administração; c) servidores públicos, com relação aos bens ou direitos da pessoa jurídica a que estejam vinculados; d) juiz e auxiliares da justiça, com relação aos bens que estejam sob sua autoridade. Exceção: quando se tratar de cessão ou venda entre coerdeiros, para pagamento de dívidas ou para a garantia de bens que já pertençam a essas pessoas. e) leiloeiros e seus prepostos, com relação aos bens que a eles caiba vendem. Obs: A compra e venda entre cônjuges é possível, sempre que tiver como objeto bens excluídos da comunhão (art. 499, CC/02). A compra e venda de bem pertencente à comunhão é nula por impossibilidade jurídica do objeto, consoante o art. 104, II, CC/2002. COMPRA E VENDA LEGITIMAÇÃO DAS PARTES - Nulidade relativa (art. 496, CC/02): Compra e venda entre ascendentes (vendedor) e descendentes (comprador) sem a devida autorização EXPRESSA dos demais herdeiros (incluindo, portanto, o cônjuge do alienante, a menos que se trate de regime de separação legal de bens). O prazo decadencial para anular a venda é de 2 (dois) anos, contados a partir da data da conclusão do contrato. O Código não menciona a necessidade de autorização para a compra e venda entre descendentes (vendedor) e ascendentes (comprador). Inteligência do dispositivo: evitar a fraude à lei com relação à proteção à legítima dos herdeiros necessários. COMPRA E VENDA OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR - pagamento prévio do preço, de modo que, salvo estipulação contratual em contrário, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o pagamento (exceção de contrato não cumprido); - arcar com as conseqüências de seu eventual inadimplemento (purgação da mora); - arcar, salvo estipulação contratual em contrário, com as despesas da transcrição do título no Cartório de Registro de Imóveis; - responder pelos riscos do transporte do bem feito por ordem do comprador, salvo se o alienante se abster de instruir o transportador. OBRIGAÇÕES DO ALIENANTE - transferir a propriedade do bem. Salvo estipulação em contrário, quando a compra e venda for à vista, a entrega se dará após o pagamento, enquanto que na compra e venda a prazo, a entrega será feita no momento da celebração do contrato. - arcar com as despesas de conservação e transporte até a tradição. Salvo estipulação em contrário, a tradição se dará no local em que a coisa se encontra. - responder por eventuais vícios redibitórios; - arcar com as despesas da tradição em casos de bens móveis. COMPRA E VENDA MODALIDADES ESPECIAIS DE VENDA 1 - Venda ad corpus e ad mensuram (art. 500, CC/02): - venda ad corpus: o bem imóvel é vendido como coisa certa e individuada, independente de suas medidas, que, nesta hipótese, têm caráter meramente enunciativo e é irrelevante para a formação da vontade contratual. Toda vez que a diferença entre as medidas for inferior a 5% (cinco por cento) da área total constante do instrumento contratual, há presunção juris tantum de que a venda foi ad corpus. - venda ad mensuram: as medidas do bem imóvel são determinantes para a formação da vontade contratual, de sorte que uma eventual discrepância entre o discriminado no contrato e as medidas reais do bem pode ensejar extinção contratual. - Assim, se a venda for ad mensuram e o imóvel for inferior àquilo que foi acertado, tem o comprador as seguintes opções: a) exigir, quando possível, o complemento da área; b) solicitar, através de ação estimatória (quanti minoris) o abatimento proporcional do preço; c) solicitar, através de ação redibitória, resolução do contrato 2 - Venda à vista de amostras e princípio da vinculação da proposta: inteligência do art. 484, CC/02. 3 - Venda conjunta: o vício redibitório de uma delas não implica em redibição das demais (art. 503, CC/02). 4 - Venda em condomínio: direito de preferência aos demais condôminos (art. 504, CC/02). CASO CONCRETO (CESPE-DPE-Adaptado) Em 19/12/2012, Elias, divorciado, e sua irmã, por parte de pai, Joana, solteira, procuraram a DP para saber o que poderia ser feito a respeito da venda de um imóvel urbano, realizada pelo pai de ambos, Aldair, a seu neto, Miguel, filho de Cláudio, irmão dos assistidos, o qual havia passado a residir no imóvel com o pai alienante após a morte da companheira deste, Vilma. Afirmaram que não haviam consentido com a venda, muito embora dela tivessem sido notificados previamente, sem que, contudo, apresentassem qualquer impugnação. A alienação consumou-se em escritura pública datada de 18/10/2002 e registrada no dia 11/11/2002. Considerando aspectos relativos a defeitos, validade, invalidade e nulidade do negócio jurídico, com referência à situação hipotética acima descrita, que é necessário para sua anulação?. QUESTÃO OBJETIVA (TRE-MT) Considerando o contrato de compra e venda, assinale a opção correta. a) A propriedade da coisa vendida, salvo disposição em contrário, transfere-se no momento do contrato, por isso, considera-se tal operação como contrato real. (errada, art. 481) b) Será suspensa por tempo determinado a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. (errada, art. 496) c) Desde a celebração docontrato, independentemente da tradição, os riscos da coisa correm por contado comprador e os riscos do preço, por conta do vendedor. ( ao contrário, art. 492) d) Salvo cláusula em contrário, ficarão a cargo do comprador as despesas de escritura, registro e tradição. (errada, art. 490) e) O preço corrente nas vendas habituais do vendedor é critério válido de atribuição do preço, quando a venda for feita sem fixação do preço ou de critérios válidos para a sua determinação e não houver tabelamento oficial para o objeto do contrato. (art. 488) COMPRA E VENDA Cláusulas especiais à compra e venda As cláusulas especiais de compra e venda consistem em elementos acidentais do negócio jurídico (cláusulas adjetas da compra e venda), provocando, assim, alterações eficaciais no contrato. Em outras palavras, em decorrência da aposição ou não das cláusulas adjetas, pode a transferência da propriedade ser resolúvel ou definitiva. São modalidades especiais de compra e venda: A) Preferência (preempção ou prelação) - arts. 513 a 520 do CC. Decorre de cláusula contratual que impõe a preferência do alienante em readquirir o bem transferido, caso o comprador futuramente o venda. Exemplo de Preempção legal: retrocessão dos bens desapropriados. Preempção voluntária: o comprador, atual proprietário da coisa, deve oferecer prazo decadencial (3 dias para bens móveis e 60 dias para bens imóveis) ao proprietário anterior se manifeste no sentido de readquirir a coisa. A cláusula de prelação só pode durar por 180 dias ou 2 anos quando se tratar, respectivamente, de bens móveis ou imóveis, contados da data da celebração do contrato. O direito de preferência é personalíssimo. COMPRA E VENDA Cláusulas especiais à compra e venda B) Retrovenda (arts. 505 a 508, CC) É a cláusula que possibilita ao alienante readquirir a coisa pelo preço que pagou, mais as despesas que o comprador teve com o bem, dentro do prazo estipulado para o resgate (direito de retratação). O prazo de resgate é decadencial e não pode ser superior a 3 anos. Ao contrário da prelação, a retrovenda não é personalíssima, podendo ser transferida aos herdeiros e legatários do sujeito, bem como ser passível de cessão. Assim é que a compra e venda com cláusula de retrovenda enseja transferência de uma propriedade resolúvel, eis que está sujeita a condição resolutiva, qual seja, o exercício do resgate por parte do alienante. Retrovenda conjunta: pode ser exercida por apenas um dos alienantes, devendo o atual proprietário intimar os demais. O depósito do preço deve ser sempre integral, ainda que apenas um dos alienantes exerça a retrovenda. COMPRA E VENDA Cláusulas especiais à compra e venda C) Venda a contento e venda sujeita à prova (arts. 509 a 512, CC) Na venda a contento, a transmissão inicialmente feita é da posse, e não da propriedade - a transferência da propriedade só se dará no momento em que o adquirente manifestar-se em sentido favorável dentro do prazo ajustado. a venda a contento pode estar sujeita tanto a condição suspensiva. Na venda sujeita à prova: condição suspensiva para garantir que a coisa tem as qualidades e guarda idoneidade com a finalidade. D) Venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528, CC) A transferência incide inicialmente sobre a posse, só havendo transferência da propriedade quando houver o pagamento integral do contrato. Trata-se de uma propriedade resolúvel do alienante sobre o bem. Deve ser feita sempre sob a forma escrita e deve ser registrada no domicílio do comprador. A venda com reserva de domínio não precisa ser feita sobre bens infungíveis, mas sim sobre bens individualizáveis. E) Venda sobre documentos (arts. 529 a 532, CC) PROMESSA DE COMPRA E VENDA E TROCA Promessa de compra e venda Aplicação das normas contidas nos arts. 462 a 466, CC, ao contrato de compra e venda. Legislação especial: Decreto 58/37 e Lei 6.766/79. Troca ou Permuta Conceito Segundo Flávio Tartuce: É aquele pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas para uma compensação recíproca. Caracteres jurídicos a) Típico b) não solene ou solene (do art. 108, CC); c) consensual; d) comutativo; e) bilateral; f) oneroso. TROCA OU PERMUTA Objeto A troca recairá sobre dois bens, devendo os sujeitos envolvidos ter capacidade para dispor. Disposições comuns à compra e venda e disposições peculiares Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. CASO CONCRETO Germano vendeu a Juca uma chácara localizada a poucos quilômetros do centro de Curitiba. Neste contrato fixaram as partes que se Juca quiser vender o imóvel deverá oferecê-lo previamente a Germano em igualdade de condições da oferta feita a terceiros. Sobre este contrato, pergunta-se: A) Pode-se identificar algum tipo de cláusula especial neste contrato de compra e venda? Em caso afirmativo, qual é a cláusula e qual seu conceito? B) Não havendo prazo estipulado para o exercício do direito previsto na cláusula especial, qual será o limite temporal máximo? Quando tem início a contagem desse prazo? Esses prazos podem ser alterados pela vontade das partes? C) Caso a cláusula não seja observada por Juca, que medidas Germano poderá tomar? Explique sua resposta. QUESTÃO OBJETIVA (TJRS - Juiz Substituto - 2003) Na venda de um imóvel, foi estipulado o preço por medida de extensão, e esta não corresponde às dimensões dadas. Com base no enunciado, considere as assertivas propostas: I. O comprador terá direito de exigir o complemento da área. II.Não sendo possível o complemento da área, pode o comprador reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço. III. Se, em vez de falta, houver excesso e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. (art. 500, CC.) DOAÇÃO (ART. 538 A 564 DO CC) Conceito, elementos característicos e natureza jurídica Conceito Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Natureza contratual da doação O art. 538 do Código Civil de 2002 suprimiu a parte final do art. 1.165 do Código Civil de 1916, que ressaltava a necessidade de aceitação no próprio conceito do contrato de doação. Em razão de tal supressão, parte da doutrina entende que o aperfeiçoamento da doação se daria independente da aceitação do donatário, como Flávio Tartuce, para quem a aceitação está no plano de eficácia deste negócio jurídico [a doação] e não no plano da validade. Entretanto, o posicionamento majoritário é o de que a doação, como contrato consensual que é, se forma a partir do consentimento de ambos os sujeitos, sendo, por isso, necessária a aceitação do donatário. O contrato de doação não se aperfeiçoará enquanto o beneficiário não manifestar sua intenção de aceitar a doação (RT 186:338). DOAÇÃO Espécies de aceitação:- expressa - tácita - presumida (art. 539, CC/02) - ficta (art. 543, CC/02 - doação a absolutamente incapazes) Por ter natureza contratual, é imprescindível a capacidade das partes, com exceção da hipótese de aceitação ficta do art. 543, CC/02 (doação feita a absolutamente incapaz), da doação feita a nascituro (art. 542, CC/02) e a da doação a entidade futura (art. 546, CC/02). Classificação a) consensual; b) unilateral; c) gratuito; d) formal; e) típico. DOAÇÃO Elementos A) Animus donandi (elemento subjetivo); B) Transferência de bens e/ou vantagens do doador ao donatário; C) Aceitação do donatário. Pressupostos e requisitos Sendo contrato, a doação segue os mesmos requisitos de validade dos negócios jurídicos. É importante atentar para a aceitação ficta dos absolutamente incapazes (art. 539, CC) e para as legitimidades específicas que seguem abaixo: Doação feita de ascendente a descendente Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Adiantamento de legítima. Não é necessário o consentimento dos demais herdeiros para a doação. Doação entre cônjuges É nula, se feita com relação aos bens da comunhão. Com relação aos bens excluídos da comunhão, aplica-se o disposto no art. 544, CC/02. DOAÇÃO Doação inoficiosa Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Princípio da intangibilidade da legítima. A nulidade atinge apenas a parte inoficiosa. Doação da totalidade dos bens Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. A chamada doação universal (doação de todos os bens do doador sem reserva de patrimônio mínimo para sua subsistência) é nula. A invalidade desse ato apresenta duplo escopo: evitar a miséria do doador e garantir a satisfação dos credores do doador, evitando, assim, possível fraude contra credores. Possibilidade de reserva de usufruto, renda ou alimentos. Doação feita por pessoa adúltera ao seu cúmplice Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. DOAÇÃO Objeto A doação pode ter por objeto coisas corpóreas ou incorpóreas, móveis ou imóveis, assim como universalidades de coisas. Pode ainda ser doado um direito real ou pessoal patrimonial. A questão da doação de direitos futuros é vedada na maior parte dos sistemas legislativos. O Código Civil brasileiro silencia a respeito da matéria. A doação pode ainda consistir em subvenção ou prestações periódicas (CC, 545). Não se trata de uma sucessão de doações, mas sim de doação com execução prolongada. Consentimento. Além da manifestação do animus donandi do doador, que deve ser clara e inequívoca (se houver dúvida, interpreta-se não ter havido doação), a formação do contrato de doação pressupõe a aceitação da oferta pelo donatário. Enquanto não consumada a doação pela aceitação, o doador pode arrepender-se ou revogá-la. A morte ou incapacidade do doador, antes que o donatário a aceite, resulta na extinção da obrigação. Por outro lado, a morte do donatário, antes da aceitação, não obriga o doador a cumprir a doação com os herdeiros, pois o animus donandi existia em relação ao falecido. Nos termos do art. 546 do CC/2002, a doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar. DOAÇÃO Espécies e conteúdo Doação pura e simples; Doação com encargo ou modal; Doação remuneratória; Doação propter nuptias; Doação com cláusula de reversão; Doação conjunctiva; Doação sob forma de subvenção periódica. Invalidade e revogação a) Invalidade A doação pode ser nula ou anulável. a.1) Hipóteses de nulidade. Será nula por incapacidade absoluta do doador, por ilicitude ou impossibilidade absoluta do objeto e por desobediência à forma prescrita em lei. Além dessas hipóteses, comuns a todos os negócios jurídicos, é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte ou bens suficientes para a sobrevivência do doador (CC, 548). A proibição do referido artigo visa ainda tutelar os credores do doador, que com a doação de todos os seus bens teriam esvaziada a garantia patrimonial do devedor (CC, 158). A doação que excede a metade dos bens do patrimônio do doador no momento do contrato também é considerada nula, se o doador tiver herdeiros considerados necessários (CC, 549). DOAÇÃO Hipótese de anulabilidade. É anulável a doação feita pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice (CC, 550). A ação anulatória é privativa do cônjuge, enquanto for vivo. Após a sua morte, seus herdeiros poderão propô-la. Revogação. A doação, como qualquer contrato, não pode ser revogada segundo a vontade do doador. É irrevogável. Contudo, admite-se, excepcionalmente, a revogação da doação, se ocorrer alguma das hipóteses previstas no Código Civil como demonstrativos da ingratidão do donatário ou descumprimento de encargo. A revogação só é possível na doação pura e simples. As doações puramente remuneratórias, as oneradas com encargo, as feitas em cumprimento de obrigação natural ou para determinado casamento não podem ser revogadas por ingratidão (CC, 564). O direito de revogar a doação pura e simples é personalíssimo, não se transmitindo aos herdeiros do doador, nem prejudica os herdeiros do donatário (CC, 560). Embora o direito seja personalíssimo, nada impede a sucessão processual. O direito de revogar a doação é irrenunciável. Seus motivos estão previstos no art. 557 do CC/2002, de modo exaustivo, não comportando interpretação ampliativa. Os direitos adquiridos por terceiros antes da resolução subsistem (CC, 563). Também não está o donatário obrigado a devolver os frutos colhidos antes da citação. O prazo para a propositura da ação revocatória é de um ano, a contar do conhecimento pelo doador do fato que a autorize (CC, 559). CASO CONCRETO Minotauro, empresário milionário, celebrou contrato de doação com seu amigo de infância Aquiles. Através do referido contrato Minotauro doou para Aquiles uma pequena propriedade imóvel, onde ele pudesse organizar seu comitê eleitoral, já que pretende se candidatar nas próximas eleições municipais, dando a ele 15 dias úteis para declarar se aceita ou não. a) Aponte as características do contrato de doação entabulado entre os dois amigos: b) Trata-se de doação não sujeita a encargo, sendo que o doador fixou prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade. Se Aquiles, ciente do prazo, não a fizer, o que acontecerá? QUESTÃO OBJETIVA 1 É correto afirmar que a doação feita a nascituro a) deve ser considerada nula tanto nos casos de natimorto como nos casos de nascimento com deficiência mental. b) deve ser considerada inexistente no caso de natimorto e nula nos casos de nascimento com vida, ainda que haja aceitação por seu representante legal. c) é nula de pleno direito, já que a personalidade civil começa apenas com o nascimento com vida, independentemente de aceitação por seu representante legal. d) desde que seja aceita por seu representante legal, é válida, ficando, porém, sujeita a condição, qual
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