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PARECER JURÍDICO 
 
ENDEREÇAMENTO 
Aos senhores Odenir Donizete Martelo; William Cardozo Silva; Juliana Marques 
Borsari; Érica Bassanezi Morandin; Daniele Arcolini Cassucci 
 
EMENTA 
DIREITO PROCESSUAL PENAL – DIREITO PENAL – DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL – DIREITO CIVIL – DIREITO COLETIVO DO TRABALHO – 
CONCURSO DE PESSOAS – INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS – TUTELAS DE 
URGÊNCIA – INQUÉRITO CIVIL – HERANÇA DE PESSOA VIVA – ESCADA 
PONTEANA – AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA – ARTIGO 70 CPP – ARTIGO 41 
CPP – ARTIGO 129 CF – ARTIGO 611 CLT – ARTIGO 59 CP – ARTIGO 121 CP – ARTIGO 
104 CC – ARTIGO 167 CC. 
 
RELATÓRIO 
Sebastião de Almeida é empregado na Fazenda Portal da Serra, no Município de 
São João da Barra, Estado do Mato Grosso do Sul, já faz cerca de vinte anos, onde reside com 
sua família. Com o falecimento do proprietário da Fazenda, o Sr. José Leonardo Dias, iniciou-
se um processo de Inventário, sendo certo que um dos herdeiros, o Sr. Carlos Aparecido Dias, 
que passou a residir na sede da Fazenda começou a exercer pressão sobre Sebastião para que 
ele desocupasse o imóvel, pois pretendia referido herdeiro, que também é inventariante 
rescindir o seu contrato de trabalho. É fato que a cerca de um mês, Carlos Aparecido procedeu 
o desligamento da energia elétrica do imóvel ocupado por Sebastião, e, iniciada uma discussão 
e alterados os ânimos, em razão de tais fatos, Carlos sacou de um revólver e disparou contra 
Sebastião, que foi atingido no abdome, o que foi presenciado pelo Sr. Pedro Ribeiro, que 
também é empregado da Fazenda. A Polícia Militar foi acionada e realizou a prisão em flagrante 
do Sr. Carlos. 
Prontamente, o Sr. Sebastião foi levado ao hospital municipal, onde chegou 
desacordado. O médico de plantão realizou os procedimentos de emergência e indicou a 
transferência do Sr. Sebastião para a Santa Casa de Belém, diante da falta da Unidade de Terapia 
Intensiva (UTI) naquele Município. A família de Sebastião acionou o plano de saúde contratado 
pela fazenda, em razão de obrigação derivada em Convenção Coletiva de Trabalho. Contudo, a 
cobertura de sua transferência foi negada sob a alegação de falta de pagamento. 
Não obstante, no curso do inventário, o sr. Carlos Aparecido Dias tomou ciência de 
que seu irmão, o sr. Roberto Carlos Dias, havia celebrado um contrato, em data muito anterior 
a da morte do sr. José Leonardo Dias, com a pessoa de João Miguel Oliveira, do qual constava 
a cessão de sua cota-parte na herança a ser deixada por seu pai e, como contraprestação, o sr. 
Roberto foi incluído no quadro societário de uma grande empresa multinacional. 
É o relatório. Passo a opinar. 
 
FUNDAMENTAÇÃO 
Inicialmente devemos falar sobre a instauração de inquérito. A forma de instauração 
de inquérito policial que se aplica no caso em pauta é o de Auto de Prisão em Flagrante que se 
conceitua como: quando uma pessoa é presa em flagrante, deve ser encaminhada para a 
delegacia onde é lavrado o auto de prisão; este é um documento constando as circunstâncias do 
delito e da prisão, assim que lavrado o auto, o inquérito será instaurado. Por mais que não conste 
expressamente no artigo 5º do CPP, o auto de prisão em flagrante é sim, uma das formas de 
instauração do inquérito policial, assim funcionando o mesmo auto como a peça inaugural da 
investigação. 
Com a conclusão do inquérito, será oferecida ação penal pública incondicionada. A 
Titularidade da ação pertence ao Ministério Público conforme disposto no Artigo 129, inciso I 
da Constituição Federal: 
“São funções institucionais do Ministério Público: 
I - Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da 
lei; ”. 
Por se tratar de ação penal incondicionada, desde que provado um crime, tornando 
verossímil a acusação, o órgão do Ministério Público deverá promover a ação penal, sendo 
irrelevante a oposição por parte da vítima ou de qualquer outra pessoa. É a regra geral na 
moderna sistemática processual penal. Assim, basta que o crime investigado seja de ação 
pública e que existem indícios suficientes de autoria e materialidade para que o promotor seja 
autorizado a oferecer a denúncia. O prazo para oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o 
indiciado estiver preso e de 15 dias se estiver solto (art. 46, CPP), contados da data em que o 
Ministério Público receber os autos com vista. 
Por se tratar de um crime cuja modalidade de ação penal pública incondicionada, a 
ação se iniciará por meio da denúncia proposta pelo Ministério Público. Ato no qual o promotor 
levará ao conhecimento do juiz a infração penal, expondo quem a cometeu e pedindo que seja 
instaurado o devido processo. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o Sr. Carlos 
preso, é de 5 dias e se solto, 15 dias, a contar da data em que o MP recebeu os autos do inquérito 
policial. 
Os requisitos que deverão ser exigidos na denúncia, assim como na queixa-crime, 
estão previstos no artigo 41 do CPP, sendo eles: exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas” Já, como previsto no 
artigo 70 do CPP, a competência será, de regra, determinada pelo lugar do último ato da 
execução da tentativa de homicídio. Ou seja, será em São João da Barra. 
Comprovada a autoria após inquérito analisemos o presente caso sob o tipo penal 
cometido pelo senhor Carlos. Ao considerarmos que ele efetuou um disparo contra Sebastião e 
possuía ciência das possíveis consequências deste ato, teremos um homicídio que não foi 
consumado (visto os fatos não apontarem o contrário) por fatores alheios a vontade de Carlos, 
sendo assim uma tentativa. Quando avaliamos o porquê deste disparo ter ocorrido, podemos, 
por exemplo, abordar o calor do momento proveniente da discussão. Assim, teremos que o tipo 
penal praticado por Carlos é homicídio qualificado tentado, disposto no artigo 121, parágrafo 
2º, inciso II do Código Penal c/c o artigo 14 inciso II do mesmo código, sendo a qualificadora 
o motivo fútil. 
“Art. 121. Matar alguém /Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: II - por motivo fútil; Pena - 
reclusão, de doze a trinta anos.” 
“ Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a 
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade 
do agente. Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, 
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)” 
Cremos que não há que se falar em agravantes ou atenuantes contidas nos artigos 
61, 65 e 66 do CP, pois somente se enquadraria o caso da futilidade (como agravante), porém, 
esta já é aplicada como qualificadora. No entanto, cabe ainda averiguar o contido no artigo 59 
CP, para as circunstâncias judiciais como a personalidade do agente (Atirar simplesmente por 
conta de situação em que os ânimos se alteraram), os motivos (já constado como qualificadora), 
as circunstancias, as consequências do crime (conforme nos é apresentado, temos toda uma 
movimentação a fim de conseguir manter vivo o sr. Sebastião, o que pode até mesmo resultar 
na morte do mesmo), como a culpabilidade (Carlos possuía consciência de sua ação e 
consequências ao atirar), a conduta social, e as particularidades que envolvem o fato criminoso 
(Como por exemplo todo o enredo da situação que os dois elementos há algum tempo já estavam 
vivendo). As demais contidas neste artigo não aparentam serem importantes para a avaliação 
do caso. Se somarmos 1/6 a mais de pena para cada circunstancias, teríamos 12 anos a mais, 
resultando numa pena total de 24 anos.Se fossemos abordar uma progressão de regime, sob a ótica dos art. 33, § 2º, do 
Código Penal e art. 112, caput, da Lei de Execução Penal e artigo 112 da Lei nº 7.210/89, visto 
que a pena é maior que oito anos, teríamos incialmente um regime fechado, podendo haver a 
progressão para semiaberto (em caso de primário e bons antecedentes) após cumprido 1/6 da 
pena, ou seja, 4 anos. Já, se o crime se enquadrar como hediondo, nós teremos progressão de 
regime prisional do condenado após dois quintos (se primário) ou três quintos (se reincidente) 
de cumprimento da pena privativa de liberdade conforme disposto no artigo 2º da Lei 8.072 de 
25 de Julho de 1990. 
Por fim, não poderá haver substituição da pena privativa de liberdade por pena 
restritiva de direito pois segundo o art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
I - Aplicada pena privativa de liberdade não 
superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência 
ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, 
se o crime for culposo; 
Carlos não pode usufruir de tal dispositivo pois sua pena é superior a 4 anos. 
Olhemos agora a questão da vítima, o sr. Sebastião, que devido a seu grave estado 
necessita ser movido para uma UTI na Santa Casa de Belém, porém, sua família está 
encontrando problemas com o plano de saúde. 
Se olharmos o artigo 300 do NCPC, teremos que: 
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida 
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do 
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do 
processo. 
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz 
pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea 
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, 
podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente 
hipossuficiente não puder oferecê-la. 
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida 
liminarmente ou após justificação prévia. 
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada 
não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade 
dos efeitos da decisão. ” 
Pois bem, o sr. Sebastião está correndo risco de vida e aparentemente possui o 
direito de remoção hospitalar e internação na UTI através do plano de saúde, ou seja, atende os 
requisitos para requerer uma tutela de urgência antecipada antecedente. A questão de ser 
antecipada e antecedente provém exatamente da urgência de assegurar o provimento 
jurisdicional fim para evitar o dano/risco a vida. 
Podemos falar também do fato que não há risco ao conceder tal tutela, visto sua 
reversibilidade, pois bastaria que a família do sr. Sebastião pagasse ao plano de saúde os gastos 
com todos os procedimentos que não eram devidos a eles. Obviamente, aqui já sabemos que 
estará no polo ativo da ação o Sr. Sebastião (ou legal representante) e no polo passivo a empresa 
do plano de saúde. 
Por fim, teremos com esta tutela a antecipação da decisão de mérito, devendo ela 
ser requerida antes do pedido principal (sendo aprovada liminarmente, ou não) e solicitada ao 
juiz competente para conhecer do pedido principal. As custas deverão ser recolhidas ao entrar-
se com o pedido de tutela. Já, o valor da causa será equivalente aos custos necessários para que 
haja a transferência do paciente para a UTI, além de todos os outros gastos que estejam atrelados 
a intenção e que não podem ser apurados de forma exata por falta de dados na descrição do 
caso. A petição para a tutela deverá conter: Exposição da lide, exposição do direito que se busca 
realizar, mais o perigo de dano e o requerimento da tutela final, valor da causa de acordo com 
o pedido de tutela final (303, e parágrafo 4º, NCPC). 
Novamente devemos falar que se for tutela de urgência antecipada deve ser 
comprovado que a tutela pode ser reversível (300, par.3º., NCPC). Além é claro, do Juiz pode 
determinar caução conforme avaliar possibilidade (300, par.1º., NCPC) 
Se for concedida a tutela e autor não houver mencionado os fatos, o direito e qual é 
a tutela final pretendida deverá aditar a petição inicial, sem incidência de novas custas (303, 
par.3º. NCPC), confirmando qual é o pedido de tutela final e também juntando todos os 
documentos no prazo que o juiz fixar, sendo que, pelo NCPC, em seu artigo 303, parágrafo 1º., 
inciso I, esse prazo é de 15 dias (ou outro maior a ser fixado pelo juiz). A ausência do 
requerimento da tutela final pretendida na própria inicial, ou no aditamento, acarretará a 
extinção do processo sem resolução do mérito (303, parágrafo 2º., NCPC). Concedida a tutela 
e autor já havia mencionado a tutela final, juntados todos os documentos necessários à sentença 
final, não haverá a necessidade de aditamento. 
A grande vantagem desse tipo de tutela é que, uma vez deferida, ela pode se tornar 
estável, caso o réu não interponha o Agravo de Instrumento da respectiva decisão (304, NCPC) 
e se não revista, reformada ou invalidade por decisão de mérito proferida em ação específica 
pode se tornar definitiva em 2 anos contados da ciência da decisão que extinguiu o processo. 
Para finalizarmos o tópico sobre tutelas, devemos deixar claro que o Juiz poderá exercer 
diversas medidas a fim de torna-la efetiva. Dentre estas medidas podemos ter um mandado de 
transferência para a UTI imediata e total cobertura de gastos, ou ainda, caso isto não seja 
realizado pelo plano de saúde, multa diária até que se cumpra. 
Levando em conta que Sebastião era funcionário do falecido senhor José Leonardo, 
temos que abordar o caso sobre uma ótica trabalhista. Toda a situação comentada acima provém 
do plano de saúde, que tem origem em uma Convenção Coletiva de Trabalho deveremos 
entender o que é isto. Conforme Art. 611 da CLT, Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo 
de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias 
econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das 
respectivas representações, às relações individuais de trabalho. 
Como o sistema sindical brasileiro está dividido por categoria e não por classe, as 
negociações através das Convenções Coletivas se tratam de negociações por categorias, isto é, 
Sindicato Patronal contra Sindicato dos Trabalhadores, esta negociação faz lei para as empresas 
e empregados inseridos neste ramo de atividade e territorialidade. 
Acordo Coletivo de Trabalho: conforme Art. 611, § 1º da CLT: 
“é facultado aos Sindicatos representativos de 
categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou 
mais empresas da correspondente categoria econômica, que 
estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da 
empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.” 
A negociação de âmbito da empresa, é o Acordo Coletivo, isto é, quando uma ou 
mais empresas firmam negócio jurídico com o sindicato dos trabalhadores, onde esta 
negociação faz lei para as empresas e empregados registrados nesta ou nestas empresas. 
A distinção entre Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho 
é uma das partes. Convenção Coletiva de Trabalho uma das partes são os Sindicados Patronais 
e a outra os Sindicados dos Trabalhadores, enquanto o Acordo Coletivo de Trabalho uma das 
partes é Empresa ou Empresas e a outra os Sindicatos dos Trabalhadores. Ambas fazem lei para 
os inseridos na negociação. 
Mas como ficaria a hierarquia das cláusulas convencionais e suas incorporações nos 
contratos individuas de trabalho? Primeiro é importante saber que as hierarquias das cláusulas 
convencionais são compostas por: 
Cláusulas que regem a convenção – É o caso da norma convencionada sobre o prazo 
de vigência do convênio. 
Cláusulas obrigacionais – São aquelasque dizem respeito às obrigações assumidas, 
resultam de cláusulas de compromissos diretos e concretos que são vinculados. 
Cláusulas normativas – Aqui são criadas as condições de trabalho, mediante as 
normas e devem ser respeitadas na celebração dos contratos individuais. 
A respeito das incorporações nos contratos individuais de trabalho as cláusulas 
obrigacionais extinguem-se com o término da vigência da norma coletiva, porém, a doutrina 
aborda duas correntes: 
Na primeira os juristas sustentam que as novas condições de trabalho, não podem 
vir a prejudicar o empregado, artigo 468 da CLT. 
Na segunda sustentam que as normas coletivas têm prazo certo de vigência artigo 
613, II. 
Neste quesito trabalhista, temos que comparar as cláusulas obrigacionais e 
normativas, para entendermos quais se aplicam neste caso. 
Cláusulas obrigacionais, são aquelas que estabelecem as obrigações a serem 
assumidas, em nome próprio, pelos sindicatos ou empresas, ela cria obrigações direta para os 
convenentes e são imediatas, sendo assim incidem diretamente sobre casos concretos, um 
exemplo de cláusula obrigacional, seria uma cláusula prevendo uma multa para o sindicato que 
descumprir alguma convenção, pois possui a característica de uma obrigação assumida pelo 
sindicato como pessoa jurídica, por tanto resulta de tais cláusulas compromissos diretos e 
concretos que vinculam, não as categorias alcançadas pelos convênios, mas sim, os próprios 
convenentes, neste sentido as cláusulas obrigacionais em nada diferem, quanto à sua natureza 
jurídica, das cláusulas do contrato civil, comercial ou mesmo do contrato individual de trabalho. 
Por isso, podemos denomina-las cláusulas contratuais. 
Cláusulas normativas, elas são usadas para criar condições de trabalho, mediante a 
indicação das normas que, com força obrigatória, devem ser respeitadas na celebração dos 
contratos individuais, elas estabelecem as normas adotadas pelas partes, como verdadeira regras 
de conduta, que disciplinam seu comportamento, mas submetem à sua determinação o contrato 
individual de trabalho que venha a ser celebrado por qualquer das categorias alcançadas pela 
convenção, elas não incidem sobre os fatos, mas sim, sobre outros atos jurídicos, que a elas se 
subordinam, sob pena de nulidade, exemplo uma cláusula que asseguram aumento salarial tem 
natureza normativa. 
No presente caso estudado, a espécie de cláusula é normativa, pois foi criada uma 
condição na convenção, que ela seria aceitada desde que se obtivesse esse plano de saúde, por 
tanto se criou uma condição de trabalho, que deve ser respeitada por possuírem força 
obrigatória, sendo assim essa relação pode ser considera nula, pois essa cláusula tem esse poder 
de nulidade, e se no contrato houver cláusula obrigacional que se descumprir alguma 
convenção, poderá haver pena de multa. 
Como último tópico desta fundamentação, abordemos a questão do contrato 
celebrado entre Roberto e João. 
Inicialmente cabe comentarmos que o contrato celebrado é vedado em nossa 
legislação, pois é vedado dispor sobre herança de pessoa viva, na forma do artigo 426, CC/02. 
Visto que o contrato foi celebrado em data anterior a morte de José Leonardo pai de Roberto, 
se enquadraria neste caso. Devido a esta vedação, a consequência jurídica para tal celebração 
seria a nulidade, além da ilegitimidade da parte e da carência de ação. Não existe possibilidade 
jurídica, quando o autor visa garantir futuro direito hereditário, contendo em si a expectativa da 
morte do genitor, buscando estabelecer limitação ao direito de propriedade dele. 3. O filho não 
é sócio do pai, podendo ser, no máximo, seu dependente, e até poderá vir a ser futuro herdeiro, 
mas não tem direito algum sobre o seu patrimônio ou sobre os negócios do genitor, o qual pode 
dispor do que é seu como melhor lhe aprouver.) 
Apliquemos ao presente caso a Escada Ponteana a fim de identificar em que 
momento de sua formação o contrato se tornou irregular. Observemos o que é necessário no 
“segundo degrau” da escada de Pontes de Mirada: Segundo degrau: o plano da validade. Os 
substantivos recebem os adjetivos. Requisitos de validade (art. 104) -> partes capazes, vontade 
livre (sem vícios), objeto lícito, possível ou determinado ou determinável, e forma prescrita ou 
não defesa em lei. Temos aqui os requisitos da validade. Não há dúvida, o código civil adotou 
o plano da validade. Se tenho um vício de validade, ou problema estrutural, ou funcional, o 
negócio jurídico será nulo (166 e 167) ou anulável (171). 
Mesmo que existisse boa-fé entre as partes, não é possível a celebração de tal 
contrato, pois ele estaria ferindo a legislação que aborda o assunto e ainda abrindo precedentes 
para que mais vezes ocorresse tal situação. 
Caso o senhor Carlos, no papel de herdeiro do senhor João Miguel, queira ingressar 
com uma ação contra o irmão Roberto para que o contrato seja avaliado judicialmente e assim 
identificado todos os vícios já comentados, a sentença seria constitutiva, ou seja, iria criar, 
modificar ou extinguir o estado ou relação jurídica existente entre os celebrantes do contrato. 
 
CONCLUSÃO 
Pelo exposto, respondendo a cada um dos questionamentos formulados na consulta, 
opinamos o seguinte: 
Referente ao senhor Carlos, deverá ser instaurado inquérito através do Auto de 
Prisão em Flagrante, sendo posteriormente oferecida ação penal pública incondicionada com 
Titularidade da ação pertence ao Ministério Público. 
Para o caso de condenação, o crime do réu estará tipificado como homicídio 
qualificado tentado, podendo pegar 24 anos ao somarmos atenuantes, agravantes e 
circunstância. Sua progressão de regime se daria após 4 anos e não lhe caberia substituição 
penal, visto o tempo de pena ser superior a quatro anos. 
Referente ao senhor Sebastião, sua família poderá ingressar com tutela de Urgência 
Antecipada Antecedente para que o plano de saúde arque com a transferência para a UTI de 
Belém. Deverão estipular o valor da causa e pagar as custas assim que entrarem com a petição 
da tutela. Caberá ao Juiz estipular ações como a imediata remoção do paciente, multa diária 
enquanto esta não for realizada e até mesmo fiscalizar se o plano de saúde está cobrindo todas 
as despesas para os procedimentos. O plano de saúde foi adquirido por clausula normativa do 
contrato de trabalho. 
Por fim, referente ao senhor Roberto e o contrato celebrado com João Miguel, 
teremos a nulidade do mesmo por violar dispositivo que veda dispor sobre herança de pessoa 
viva. O irmão do senhor Roberto, senhor Carlos, poderá propor ação. 
É o parecer. 
 
SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP, 18 DE OUTUBRO DE 2017 
 
 
GUILHERME BERNARDES RODRIGUES 
OAB/SP nº 416612

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