Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 - CONCEITOS a) Jurisdição: Monopólio estatal na solução de avenças, onde o Estado tem a inafastabilidade da prestação jurisdicional. Existem formas de solução dos conflitos sem a participação do Estado (autocomposição (conciliação, mediação) e arbitragem, e autotutela). Estado-juiz, obediência aos métodos atuantes da jurisdição (processo). b) Processo: Método que dita os atos jurisdicionais do Estado-juiz. Estabelece parâmetros limitadores do Estado e disponibilizando perspectivas e solução e atuação das partes. c) Ação: Ato de exigir a tutela jurisdicional do Estado nos seus efeitos práticos (inclui os procedimentos executórios). 2 - RELAÇÕES ENTRE SOCIEDADE E DIREITO ● A sociedade, para ser vista como tal, deve trazer um sistema de regras para estabelecer seu próprio desenvolvimento. ● As sanções são as razões atuais para a não ocorrência de violação das regras de conduta (normas jurídicas). a) NORMAS JURÍDICAS ● São as regras de conduta; o texto positivado depende do seu contexto ou do caso concreto para a sua devida aplicação. ● Todo o conteúdo de um texto de lei deve ser abstrato para não ferir o principio da impessoalidade. b) DIREITO OBJETIVO ● Texto de lei in abstratu. c) DIREITO SUBJETIVO ● Quando o texto de lei se adere no caso concreto; preenchimento das condições do direito objetivo. ● O operador do direito deve analisar esses passos para a aplicação da jurisdição. 3 - CONCEITOS SOCIAIS a) Vontade: a simples vontade não manifesta ou imposta não gera efeitos. b) Pretensão: é a tentativa de imposição do desejo ao individuo a que se dirige. c) Resistência: é a argumentação que resiste a pretensão; não há a necessidade da resistência ser dirigida ao resistente, mas simplesmente a não realização da pretensão. d) Lide: conflito de interesses caracterizado pela pretensão de uma das partes e a resistência da outra. Nem sempre existe litigio na lide (jurisdição voluntária). 4 - COMO RESOLVER CONFLITOS? a) Autocomposição: diálogo para a resolução da contenda. São exemplos desta a mediação e a conciliação. b) Autotutela: resistência violenta proporcional ao fato. Em regra, a autotutela é vedada, sendo admitida somente no caso de esbulho possessório na sua contenção, e no caso do hotel que retém a bagagem do hospede para o pagamento do seu débito. c) Arbitragem: escolha de um terceiro sem interesse na disputa do litígio; envolvem questões de grande complexidade técnica e grandes montas em dinheiro. Muito utilizado em conflitos internacionais. O árbitro faz a sentença, porém não possui o poder coercitivo que garanta a execução da sentença. Válido somente para direitos indisponíveis. d) Jurisdição: monopólio estatal na solução de contendas. Estado-juiz que deve prestar a solução da lide. 5 - JURISDIÇÃO ● Dizer direito; conceito precário frente um Estado Democrático de Direito; ● Num conceito mais abrangente, a Jurisdição é o monopólio (função) estatal de aplicação coercitiva do direito para a prevenção ou solução de lides, substituindo a vontade dos jurisdicionados na solução de contendas, tendo como finalidade precípua a pacificação de conflitos. ● Toda atividade jurisdicional está vinculada à manifestação do monopólio da força pelo Estado. 5.1 - LIMITES DA JURISDIÇÃO a) Formal: o Poder Judiciário somente deve atuar por meio dos métodos procedimentais impostos (processo); b) Material: Limitação pelo conteúdo. Todo direito material é o limite para a atuação, sendo regras de conduta. → Ativismo material: início na experiência americana. Intromissão dos magistrados na vida política. Nova regulamentação que, em tese, não estaria prevista no ordenamento jurídico. Atuação do magistrado para além do que a lei permite, devendo ser evitado, pois ultrapassaria os limites do direito material. 5.2 - CONCEITOS HISTÓRICOS DE JURISDIÇÃO a) Chiovenda: A jurisdição é caracterizada exclusivamente pela substituição de vontades das partes. No entanto, nem sempre ocorre a substituição, podendo ser mera declaração de direitos destas partes. b) Allorio: Jurisdição como atividade estatal apta a formar coisa julgada. Caracteriza-se pela produção de decisões imutáveis. Subdivide-se em coisa julgada formal (sem resolução de mérito, art. 267, CPC) e coisa julgada material (com resolução de mérito, art. 269, CPC). Nem sempre existe coisa julgada na jurisdição, pois decisões como a revisional de alimentos, por exemplo, podem ser alteradas se as possibilidades assim permitirem. c) Carnelutti: Composição da lide seria o cerna da Jurisdição, entretanto, existem casos, como no divórcio consensual que não envolvam menores, em que a jurisdição existe, porém não ocorre o litígio. d) Ovídio Baptista: Jurisdição é a atividade estatal exercida por agente investido com imparcialidade. Resolução de conflitos que, de maneira alguma, atingem o magistrado, chamado de Estado-Juiz imparcial. 5.3 - CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO a) Substitutividade: ato de substituir a vontade das partes. Apaziguamento do litígio pela definição da parte “ganhadora”, ou a simples declaração de um fato, como nos casos de divórcio consensual. b) Imperatividade: imposição pela decisão do magistrado. Garantia da exigibilidade do cumprimento da sentença prolatada pelo juiz. c) Inafastabilidade: por possuir o monopólio da solução das avenças, a jurisdição deve ser sempre prestada pelo Estado-Juiz. A jurisdição não pode deixar de agir quando da sua solicitação. d) Imutabilidade: é a garantia de que a solução do conflito não sofrerá impugnações posteriores à sentença. É fonte geradora de segurança jurídica para dar fim ao litígio. e) Indelegabilidade: as competências de cada órgão previstas no ordenamento normativo não podem ser delegadas. f) Inércia: o magistrado não pode, por livre e espontânea vontade, prestar a jurisdição se não for provocado. g) Unicidade: o Poder Judiciário é único na prestação jurisdicional a quem a quem a solicita. 5.4 - JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ● Administração de interesses particulares pelo magistrado; ● Dúvidas se o magistrado pratica atos administrativos ou se são atos jurisdicionais. 5.5 - DISTRIBUIÇÃO DA JURISDIÇÃO ● Fórum: estrutura física; ● Vara: unidade jurisdicional onde está lotado o magistrado. ● 1º grau de jurisdição é diferente de 1ª instância, onde o 1º grau seria composto pelas varas, ou seja pelos órgãos do próprio Poder Judiciário; já a 1ª instância é determinada pela competência originária da ação. ● Ver a Resolução 179/2010 do TJ/SC para detalhes sobre a Organização Judiciária de Santa Catarina. 5.6 - ANÁLISE DE COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIA 5.6.1 - Supremo Tribunal Federal a) Composição: O STF compõe-se de 11 ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, com notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101, CRFB/88). Os ministros serão nomeados pelo Presidente da República, após a aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Obs.: Os cargos de Ministros do STF são privativos de brasileiros natos(art. 12,§ 3º, CRFB/88). b) Competência: é caracterizada por 3 aspectos: julgar e processar originariamente; julgamento em recurso ordinário; e julgar em grau de recurso extraordinário. ● Competência originária: ○ ADC: medida pró-ativa; controle concentrado; efeitos erga-omnes; ○ ADI: depende de organização política ou da sociedade civil; também de controle concentrado. Efeitos erga-omnes; ○ Crimes comuns em foro privilegiado; julgamento sem atuação primariamente constitucional; ○ Litigios entre entes; ○ Reclamação constitucional: apontamento de Descumprimento de magistrado de 1º grau pelo STF e suas normas. Força coercitiva das decisões do STF e suas ADI. ● Competência recursal ordinária ○ Simples atuação recursal de 2º grau. Obs.: Classificação dos Recursos I - Ordinários: todas as matérias podem ser discutidas novamente; II - Extraordinários: são recursos vinculados somente à análise de violação de dispositivo normativo; não podem reavaliar a matéria de fato. ● Competência recursal extraordinária ○ Causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da CRFB/88 (controle difuso de constitucionalidade). 5.6.2 - Superior Tribunal de Justiça a) Composição ● ⅓ dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça + ⅓ dentre desembargadores dos Tribunais Regionais Federais; + ⅓ de membros da OAB e MP; ● Mais de 35 e menos de 65 anos de idade; ● Bacharéis em Direito necessariamente; ● Apto a qualquer brasileiro, tanto nato quanto naturalizado. b) Competência ● Competência originária ○ Em razão (função) da pessoa e da matéria. ● Competência recursal ordinária ○ Simples atuação recursal de 2º grau. ● Competência recursal especial ○ Controle direto de legalidade (art. 105, “a” e “b”, CRFB/88); ○ Controle indireto de legalidade (dissídio/divergência) (art. 105, “c”, CRFB/88). 5.6.3 - Tribunais Regionais Federais (art. 106, I, CRFB/88). a) Composição ● Composição mínima de 7 juízes; ● Maiores de 35 e menores de 65 anos de idade; ● Nomeados pelo Presidente da República; ● ⅕ de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes; ● O restante é composto mediante a promoção por antiguidade ou merecimento de juízes federais; b) Competência ● Competência originária ○ Crimes comuns e de responsabilidade dos juízes federais e membro do MPU (exceto competência da Justiça Eleitoral); ○ HC de juiz federal; ○ MS e HD de juízes federais e membros do TRF; ○ Conflitos de competência positiva e negativa entre juízes federais. ● Competência recursal ○ Causas decididas pelos juízes federais e juízes estaduais em exercício de competência federal. 5.6.4 - Juízes Federais a) Competência dos Juízes Federais (art. 109, CRFB/88) ● Quanto à pessoa ○ União; ○ Autarquia; ○ Empresas Públicas Federais. ● Quanto à matéria. 5.6.5 - Justiças Estaduais ● Organizadas pelos Estados, com competências definidas pelas Constituições Estaduais; ● Análise de insconstitucionalidade estadual; ● Justiça Militar estadual; ● Descentralização; ● Justiça itinerante; ● Criação de varas especializadas para trato de questões agrárias. 5.6.6 - Justiça Eleitoral ● 2 juízes dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça; ● 2 juízes de Direito escolhidos Pelo respectivo Tribunal de Justiça; ● 1 juiz federal ou membro do TRF respectivo; ● 2 juízes dentre 6 advogados. 5.6.7 - Funções Essenciais à Justiça 5.6.7.1 - Magistratura - garantias e vedações aos magistrados previstas no artigo 95 da CRFB/88. ● Garantias ○ Vitaliciedade, após 2 anos de exercício no 1º grau; ○ Inalovibilidade, salvo interesse público; ○ Irredutibiliadde de subsídios. ● Vedações ○ Exercer outro cargo ou função, salvo uma de magistério (com ou sem disponibilidade); ○ Receber custas ou participações em processos; ○ Exercer atividade político-partidária; ○ Receber auxílios ou benefícios não autorizados em lei; ○ Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 5.6.7.2 - Ministério Público ● Instituição permanente para defesa da ordem jurídica, regime democrático e interesses sociais e individuais indisponíveis. ● Tem como princípios institucionais a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. MP MPU MPF MPT MPM MPDFT MPE ● Ministério Público x Advocacia Pública Funções essenciais à Justiça Ministério Público Estadual (MPE) Promotor de Justiça Procurador de Justiça Federal (MPU) Procurador da República Procurador Geral da República Advocacia Pública Estadual (PGE) Procurador do Estado Procurador Geral do Estado Federal (AGU) Procurador Federal Advogado Geral da União 5.6.7.3 - Advocacia Pública ● Indispensável à Administração da Justiça, onde seus membros são invioláveis por seus atos e manifestações, nos limites da lei. ● Advogado Geral da união: livre nomeação e exoneração. Pessoas maiores de 35 anos de idade. ● Procuradores Estaduais: ingresso na carreira por concurso de provas e títulos; estabilidade após 3 anos de exercício; 5.6.7.4 - Defensoria Pública ● Vedado exercer a advocacia fora das atribuições institucionais ● Defensoria Pública da União: criada por lei complementar; ingresso na carreira por concurso de provas e títulos, adquirindo a inamovibilidade. ● Defensoria Pública dos Estados: possui autonomia funcional e administrativa. 6 - ROTEIRO DE ESTUDO PARA N1 Instruções: i. As questões a seguir são um roteiro, não dispensam a leitura da doutrina e/ou artigos acadêmicos. ii. A prova será predominantemente objetiva. iii. Na prova, haverá uma questão extra, discursiva, valendo até 1,0 ponto, que abordará Capítulo do livro de Sérgio Bermudes, disponível no sistema acadêmico. 1. Qual a diferença entre direito subjetivo e direito objetivo e de que modo esses conceitos se relacionam na atividade jurisdicional? • O direito objetivo são as normas jurídicas positivadas, onde a lei é o meio pelo qual a norma se manifesta aos seus destinatários. Já o direito subjetivo é inerente ao sujeito da ação ou omissão, sendo uma manifestação em conformidade com o ordenamento jurídico. A subsunção da norma no caso concreto, ou seja, o encaixe do direito objetivo à uma situação real gera o direito subjetivo de agir ou omitir ao sujeito, surtindo efeitos no mundo fático. 2. O que é jurisdição e quais suas principais características? • Na sua essência, Jurisdição consiste numa função, um poder inafastável e um dever do Estado, de aplicação coercitiva do Direito, mediante decisões de autoridade indiscutível, substitutivas da vontade dos jurisidicionados, destinadas a prevenir ou solucionar os conflitos sociais, ou a administrar interesses sociais relevantes. Temcomo características a inafastabilidade (o Estado não pode se eximir de prestar a jurisdição), a inércia (o direito impede a atuação espontânea da jurisdição), investidura (jurisdição exercida por seus órgãos constitucionalmente definidos), indelegabilidade, substitutividade, imparcialidade, lide, unidade, definitividade, monopólio do Estado. 3. O que é jurisdição voluntária? Ela é propriamente jurisdição? Explique os argumentos que justificam sua resposta. • A jurisdição voluntária é um complexo de atividades confiadas ao juiz nas quais não há litígio entre os interessados. Doutrina majoritária brasileira não a considera como jurisdição, mas sim simples atividade administrativa exercida pelo juiz, pelo fato de não constituir uma lide, um conflito de interesses, nem ocorrer a substituição da vontade das partes pela posição do magistrado. 4. Quais os órgãos do Poder Judiciário? Todos eles são jurisdicionais? • São órgãos do Poder Judiciário o STF, CNJ, STJ, TRF e Juízes Federais, TJ e Juízes Estaduais e as Justiças especializadas (TST, TRT e Juízes Trabalhistas; TSE, TRE, os Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais; STM, os Tribunais e Juízes Militares). Somente o Conselho Nacional de Justiça, as Ouvidorias da Justiça e a Escola da Magistratura não possuem competência jurisdicional, sendo o CNJ mero órgão administrativo, ligado à defesa da autonomia do Poder Judiciário. 5. Qual a competência do STF? De que modo ele é composto? • O Supremo Tribunal Federal possui três competências: Originária, atuando como verdadeiro tribunal especial para o julgamento de determinadas causas que perante ele se iniciam; Julgar em recurso ordinário determinados fatos de cunho predominantemente político; e o julgamento de recursos extraordinários, que cabem contra julgamentos de tribunais de qualquer justiça. • O STF é composto por 11 ministros, no gozo de seus direitos políticos, com mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade, com notável saber jurídico e reputação ilibada, sendo nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Ocorre também a exigência de ser brasileiro nato, devido à hipótese de sucessão presidencial. 6. Qual a competência do STJ? De que modo ele é composto? • O Superior Tribunal de Justiça tem como competências: a) originária: atua como defensor e unificador do direito infraconstitucional nacional, com atuação em certas áreas previstas pela CRFB/88; b) Julgamento de recurso ordinário nas causas regidas pelo direito substancial comum; c) Julgamento de recursos especiais em causas que versem sobre questões federais. • O STJ é composto por no mínimo 33 ministros, brasileiros, com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. É composto por uma terça parte de ministros dentre juízes dos TRF, uma terça parte dentre Desembargadores dos TJ e uma terça parte dentre advogados e membros do Ministério Público com mais de 10 anos de atuação 7. STF e STJ são tribunais de sobreposição? O que isso significa? Eles sempre atuam com tal competência/função? • Ambos são considerados tribunais de superposição, ou seja, tanto o STF quanto o STJ julgam causas que já hajam exaurido todas as instâncias das justiças de que provêm, dando a decisão final sobre a matéria tratada. Essa característica não é única no rol de competências destes Tribunais, visto as suas competências originárias preconizadas na CRFB/88. 8. Quais as garantias ou prerrogativas da magistratura? • A magistratura tem como prerrogativas: a) A vitaliciedade, que no primeiro grau será adquirida após 2 anos de exercício, dependendo a perda do cargo somente de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, ou por sentença judicial transitada em julgado; b) A inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público (voto da maioria absoluta do tribunal respectivo ou do CNJ, assegurada ampla defesa); c) Irredutibilidade dos subsídios, exceto nos casos previstos na CRFB/88. 7 - PROCESSO ● Método de atuação do Estado; ● Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV, CRFB/88). ● Proteção do devido processo legal: ○ Material: perspectiva pouco exercida no Brasil, tendo como exemplo os princípios de limitação tributária. ○ Formal: processo jurisdicional (processo justo); igualdade, contraditório e ampla defesa, decisão fundamentada, duplo grau de jurisdição, duração razoável do processo. 7.1 - Origem ● Magna Charta (1215), John Noland; proteção da liberdade e propriedade dos lordes ingleses. 7.2 - Garantias Constitucionais do Processo 7.2.1 - Definições ● Garantias, princípios constitucionais e princípios gerais: ○ As garantias e os princípios se referem ao mesmo texto, no caso o texto constitucional. Também pode ter como sinônimo a expressão direito fundamental, no entanto, apesar da mesma referência, não tratariam da mesma coisa. ○ Os princípios gerais do direito são obtidos com o passar do tempo, e só pode ser exigido se este estiver previsto em texto de lei. Difere dos princípios constitucionais, que são previstos no texto da Constituição. 7.2.2 - Devido Processo Legal ● A Constituição brasileira de 1988 traz a garantia exarada no seu Artigo 5º, que trata das garantias e direito individuais. Seu inciso LIV expressa a essência do due process, e o inciso LV surge como seu corolário (ou desdobramento): "Art. 5º - (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. LV – aos litigantes em processo judicial e administrativo, e aos acusados em geral, serão assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios de recurso a ela inerentes." ● O Supremo Tribunal Federal decidiu em alguns recursos extraordinários que o devido processo legal também se aplica às relações privadas, especificamente para garantir a ampla defesa em procedimentos de exclusão de associados dos quadros de entidades privadas. 7.2.3 - Isonomia ● Intimamente ligado ao contraditório e à ampla defesa, no seu sentido formal. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; ● Isonomia formal: igualdade perante a lei, desconsiderando possíveis desigualdades anteriores; ● Isonomia material: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Exemplo disto são os benefícios processuais à Fazenda Pública. 7.2.4 - Juízes e promotores naturais Art. 5º [..] XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pelaautoridade competente; ● Vedação ao Tribunal de exceção. Dispersa-se pelo estabelecimento de competências. Não gera a mudança da jurisdição. ● O promotor natural se liga às causas em que o MP age como parte processual. 7.2.5 - Inafastabilidade da Jurisdição ● Não se excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito. (art. 5º XXXV, CRFB/88). 7.2.6 - Contraditório e ampla defesa ● O contraditório tem conteúdo substancial, levando em consideração as ponderações da parte adversa, permitindo que esta manifestação seja fundamentada na decisão, não sendo apenas a autorização da parte de se manifestar. É intimamente ligado à inafastabilidade da jurisdição e da fundamentação das decisões. ● A ampla defesa fica envolto na ideia de que a parte terá a ampla possibilidade de defesa. Demonstra maior rigor na proteção do acusado. 7.2.7 - Vedação à prova ilícita ● São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Ligação ao Princípio dos frutos da árvore envenenada. 7.2.8 - Publicidade dos atos processuais ● Todos os atos processuais devem ser públicos. Exceção à regra da publicidade dos atos são os casos de processos que correm em segredo de justiça. Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 7.2.9 - Garantia ao duplo grau de jurisdição ● Indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de 1º grau. ● Constitui também aplicação desse princípio a exigência de que ordinariamente os processos tenham início perante os órgãos inferiores, salvo nos casos de competência originária dos tribunais, previstos na CRFB/88. 7.2.10 - Motivação ● Segundo os incisos IX e X do artigo 93, da Constituição de 1988, todas as decisões do poder judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade, estendendo o preceito às decisões administrativas dos Tribunais, que, igualmente, terão de ser motivadas. 7.2.11 - Celeridade e duração razoável do processo Art. 5º, LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ● A intenção dos legisladores era garantir a presteza na tramitação de processos judiciais e administrativos. ● Celeridade é signo de velocidade no seu mais lato grau; processo célere seria aquele que tramitasse com a maior velocidade possível; ● Processo com razoável duração já não significa, necessariamente, um processo veloz, mas um processo que deve andar com certa rapidez, de modo a que as partes tenham uma prestação jurisdicional em tempo hábil. 8 - PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO CIVIL ● São regras tidas pela doutrina que trazem conceitos gerais do próprio Direito. Influenciam a criação e formatação de leis. ● Não tem aplicabilidade normativa, apesar de embasarem todas as formas normativas; ● Apesar do processo dever se guiar pela oralidade, os procedimentos adotados nas matérias processuais são predominantemente escritos; 8.1 - Classificações a) Quanto à prestação da jurisdição - limites de atuação ● Princípio da Inércia Jurisdicional - a jurisdição somente será exercida se for provocada. Pode ser relacionada com o direito de ação, ato de exigir a tutela jurisdicional. ● Princípio da Adstrição ou vinculação ao pedido - o pedido deve ser realizado na exordial, não podendo praticar o magistrado uma atuação diferenciada daquilo que fora solicitado pelo autor. Caso contrário, o magistrado estaria incorrendo nos casos de declarações infra petita, ultra petita ou extra petita. Pode ser relacionado com o princípio da inércia (ultra e extra petita). ○ Extra petita: A parte deixa de realizar um pedido e o magistrado julga este pedido favorável ao autor; Aplicação de um pedido extra não solicitado. ○ Ultra petita: O magistrado dá além do que o autor solicitou; Tem aplicação direta na questão do acréscimo (no valor) não solicitado numa indenização por dano moral, por exemplo. ○ Infra petita: Ligado ao direito de ação e à inafastabilidade da jurisdição. Ocorre quando o magistrado deixa de dar parte do pedido, ou também a falta de análise de parte do pedido. Pode gerar a nulidade da decisão ■ Não confundir com a aplicação menor do valor sollicitado na causa; por exemplo, se o valor da causa de determinado processo é de R$ 40.000 e o juiz concede apenas R$ 30.000, neste caso, houve a análise do pedido, não se encaixando hipótese de infra petita (tem que ser fundamentado, caso não o seja, o advogado pode solicitar a sentença como infra petita). b) Quanto à organização dos procedimentos ● Princípio da concentração de atos - os atos devem, sempre que possível, ser realizados de forma reunida, concentrada, de forma que corram paralelamente num mesmo lapso temporal. No CPC/2015 ocorrerá a concentração de variados atos de defesa na contestação. Aplicado (em tese) nos juizados especiais. ○ Preclusão - perda da prerrogativa de alegar determinada matéria pelo transcurso temporal. A concentração determina preclusão para a prática posterior de um ato. ● Princípio da Oralidade - os atos processuais devem ser preferencialmente orais, tendo em vista a maior compreensão daquilo que se discute no processo. Entretanto, como supracitado, boa parte dos procedimentos são realizados por escrito, inclusive as oitivas testemunhais são reduzidas a termo, quando não há a gravação. ● Princípio da Economia e Celeridade Processual - garantia à parte de uma duração razoável do processo, além do aproveitamento de atos, evitando que meras formalidades não cumpridas, invalidem a execuçao de um ato. _________________________________________________________________________ __ c) Quanto aos sujeitos do processo. ● Princípio da Responsabilidade - o sujeito que está em juízo é responsável por todos os atos de má-fé praticados no processo. Envolve: ○ Ato atentatório à dignidade da Justiça - ato da parte que inviabiliza uma ordem ou a própria dignidade judicial. ○ Litigância de má-fé - ato de uma parte que prejudica a outra parte no processo. Um mesmo ato pode incidir nas duas hipóteses. ● Princípio da Lealdade - Relaciona-se com a litigância de má-fé. As partes devem cooperação umas com as outras. O saneamento continuado no processo é uma hipótese de cooperação oriunda dos magistrados. ● Princípio da Sucumbência - A parte que perdeu processo é obrigada a ressarcir os gastos realizados pela parte vencedora.São exemplos as custas iniciais, perícia realizada... Fala da responsabilidade obrigatória do sucumbido na lide sobre o direito. As verbas sucumbenciais são duas: honorários sucumbenciais (advogado) e despesas gerais (parte). d) Quanto à nulidade dos atos processuais ● Princípio das Liberdade das Formas - todo ato processual será realizado de qualquer forma, exceto quando houver forma determinada prevista em lei. Ver artigo 154 do CPC/73: "Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial". ● Princípio da Fungibilidade (recursal) - O recurso interposto erroneamente pode ser aceito, se este preencher as finalidades próprias à ocasião. Deve envolver nesta questão a dúvida do advogado em qual recurso aplicar, devendo, inclusive, esta dúvida fundamentar o ato praticado. ● Princípio da fungibilidade entre tutelas de urgência - Ver artigo 273, parágrafo único: § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002). _________________________________________________________________________ __ e) Quanto à produção de provas: ● Oralidade - Um ato processual deve ser, sempre que possível, realizado de forma oral, não significando a ausência da reduzida à termo dos atos praticados. Proporciona proximidade na interpretação das provas e de outras questões incidentes. A gravação em áudio e vídeo aplicada atualmente visa à garantia da análise das características da oralidade. ● Imediatidade - relacionada com a ideia da oralidade e do magistrado lidar com a prova. Inclui a análise in loco pelo magistrado da prova, visando à melhor forma de análise do ato probatório realizado. Prova imediata ao juiz, retirando intermediários. Muitos autores consideram este princípio como um desdobramento da oralidade. ● Livre convencimento motivado - Indicação de aplicação expressa deste princípio no artigo 131 do CPC/73: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973). ○ O magistrado pode decidir da forma que mais lhe for adequado, devendo, contudo, fundamentar sua escolha, motivando os pontos que formaram seu convencimento. Não se confunde com liberdade de atuação do magistrado. ○ O ativismo judicial pode se relacionar com este princípio por causa da politização do Poder Judiciário. A garantia por parte da CRFB de direitos amplos ao indivíduo propicia a aplicação do livre convencimento motivado do magistrado, com o intuito de conquistar este direito não garantido pelo Estado. _________________________________________________________________________ __ f) Quanto à tutela jurisdicional executiva. A reforma aplicada em 1994 admitiu a antecipação da tutela, prevista no artigo 273 do CPC/73. Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002). ● Princípio do Título Executivo - não se pode ter um ato de execução sem o título executivo. Estes podem ser judiciais (sentença) ou extrajudiciais, previstos no artigo 585 do CPC/73: Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006). ○ A exigência de título judicial é mitigada com a antecipação da tutela, por exemplo. ● Tipicidade dos Atos Executivos - refere-se à ideia de que o juiz, durante a execução, pode realizar somente aquilo que o Código Processual Civil preconiza. Entretanto, o CPC de 73 e o de 2015 versam sobre a atuação do magistrado segundo seu livre entendimento: Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória (CPC/15). Art. 461, § 5º. Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial (CPC/73). _________________________________________________________________________ __ g) Quanto aos recursos ● Princípio da taxatividade - Por este princípio entende-se que somente uma lei federal poderá criar recursos no sistema processual civil brasileiro, conforme disposto no artigo 22 da CRFB (compete à União privativamente legislar sobre). Os recursos cabíveis no ordenamento processual civil estão previstos taxativamente no artigo 496 do CPC/73. Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo; III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; Vl - recurso especial; Vll - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. ● Princípio da unirrecorribilidade - para cada decisão efetuada no processo existiria apenas uma forma única de recurso. Decorre da interpretação sistemática dos recursos taxativamente enumerados. A parte deve ter clareza de que determinada decisão gera a possibilidade de um determinado recurso. ○ Exceção à regra são os embargos de declaração, situação em que podem ocorrer o duplo recurso contra uma só decisão, visto que este suspende o prazo da apelação (art. 518). ● Princípio do duplo grau de jurisdição - garantia dada pelo sistema processual de que toda sentença será revista por, pelo menos, mais um órgão julgador. Visa à segurança jurídica. Consiste em estabelecer a possibilidade de a sentença definitiva ser reapreciada por órgão de jurisdição, normalmente de hierarquia superior à daquele que a proferiu, o que se faz de ordinário pela interposição de recurso. Não é necessário que o segundo julgamento seja conferido a órgão diverso ou de categoria hierárquica superior a daquele que realizou o primeiro exame. _________________________________________________________________________ __ 15.10.2015 9 - PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ● Elementos que um processo deve seguir para gerar efeitos jurídicos. ● Requisitos objetivos que visam às garantias constitucionais e processuais gerais. Todos estes requisitos devem ser seguidos para esta conquista. 9.1 - PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA Se o processo não contiver um destes pressupostos, o processo é considerado inválido, inexistente. a) Provocação inicial: Ligado essencialmente com a inércia da jurisdição. Em regra se materializa por meio da petição inicial. b) Existência de jurisdição: Ligada ao aspecto da vinculação de competências próprias do poder Judiciário. c) Existência de citação: A citação é o ato que chama o acusado ao processo para tomar conhecimento e se defender no prazo legal. Vinculado ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. 9.2 - PRESSUPOSTOS DE VALIDADE a) Aptidão da provocação: Para que o processo seja válido, a provocação deve observar os seus requisitos formais (devido processo legislativo) e materiais (limites da constituição). Exemplo desta aplicação é o não cumprimento de algum dos requisitos previstos no artigo 282 do CPC/73: Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. b) Competência do juízo: O processo deve ser direcionado ao magistrado competente para o julgamento daquilo que pede na exordial. A competência pode ser analisada em razão da matéria, do valor, do território ou da pessoa ou função. Ver artigos 91 a 111 do CPC/73. c) Imparcialidade do Juiz: São os casos de impedimento e suspeição do Juiz: Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I - de que for parte; II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo. d) Capacidade de ser parte: Para a parte estar em juízo litigando algum direito, ela deve ter a capacidade de usufruir deste direito exigido. Alguns exemplos: Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Art. 8º Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento dooutro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. e) Capacidade postulatória: é a capacidade do advogado em praticar todos os atos em defesa de sua causa, seja a busca ou a defesa do direito. Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver. Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. f) Citação válida: Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. ______________________________________________________________________ 29.10.15 9.3 - PRESSUPOSTOS NEGATIVOS ● Pressupostos ou situações que afastam a possibilidade de julgamento do processo. São vedados no processo. a) Litispendência: Pedido trazido em novo processo que busca o mesmo pedido em outra ação já em trâmite de análise. Conflito de questão controvertida com outro pedido já analisado. Pode resultar em extinção ou suspensão do processo. b) Coisa julgada: É a característica de uma decisão que se tornou imutável, não cabendo mais recursos. c) Perempção: Processos que podem ser extintos sem a resolução do mérito. Resta configurada pelo sucessivo abandono da causa pelo autor. Decorre da inércia do autor, que motivou por 3 vezes a extinção de um mesmo tiipo de ação. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (...) V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; d) Convenção de arbitragem: O conflito deve versar sobre direitos disponíveis. Existindo cláusula arbitral, preenchidos os seus requisitos, a sua presença no instrumento contratual vincula as partes, impedindo que qualquer dela venha a recusar a sua submissão ao juízo arbitral. Haverá, por vontade das partes manifestada na convenção de arbitragem, a exclusão prévia e irretratável à jurisdição estatal. Tem o escopo de diminuir o número de demandas judiciais. e) Falta de caução a outra exigência legal: A ausência de pagamento dos procedimentos suscitados pela parte geram a inabilitação (extinção) do processo. 9.4 - ATOS PROCESSUAIS ● São todos os atos jurídicos praticados no processo (petições, audiências, decisões…). Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. (CPC/73) Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. (CPC/15) 10 - AÇÃO 10.1 - CONCEITO ● Garantia de prestação jurisdicional para tutelar o direito de pedir perante o Poder Judiciário. 10.2 - NATUREZA JURÍDICA ● O direito de ação é um direito diverso daquele em que se alega ter em juízo. Aquele está vinculado à garantia de prestação jurisdicional, enquanto que este são as razões que expõem em juízo a matéria questionada ou violada. É a chamada Teoria Abstrata da Ação; direito a solicitar a prestação jurisdicional até mesmo quando a matéria suscitada não favorece o autor. ● O direito processual caracteriza-se por ser um Direito Público, abstrato (não se confunde com o direito material). ● Os procedimentos ordinário ou comum são os utilizados para a grande parte das ações judiciais. ● Gerou como consequência a supervalorização da norma e também, modos de mitigação destas formalidades (instrumentalidade e aproveitamento das formas, das provas, dos recursos…) ● A fase instrumental da evolução processualista denota o retorno da preocupação em relação ao direito material, caracterizando o direito processual como consequência organizadora do direito material. 10.3 - CONDIÇÕES DA AÇÃO a. Legitimidade das partes: É necessário que o autor tenha o direito material pretendido, em regra, para poder buscá-lo em juízo. A legitimidade pode ser ordinária (a parte defende seu próprio direito); extraordinária (substituição processual); ativa e passiva. Art. 6º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. a. Interesse de agir: Pode ser entendido quanto à adequação ou necessidade. É a análise da necessidade de solicitação da prestação jurisdicional e da utilização das formas adequadas da ação. O processo deve ser um meio necessário para a solução da lide, aliado à adequada utilização do instrumento correto para a prática do pedido. Art. 3º Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade (CPC/73). Art. 4º O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência ou da inexistência de relação jurídica; II - da autenticidade ou falsidade de documento (CPC/73). a. Possibilidade jurídica do pedido: A pretensão do autor deve ser legal, não sendo vedada pelo ordenamento jurídico. Todo pedido ilegal é juridicamente impossível de ser apreciado pelo Poder Judiciário. A análise da possibilidade jurídica do pedido, para alguns autores, pode ser considerada uma anáise do mérito da causa, e assim, não seria uma condição da ação (pensamento minoritário). ● A consequência da ausência de qualquer uma das condições da ação é a extinção do processo sem a resolução do mérito: Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (...) Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual (CPC/73). _________________________________________________________________________ __ 05.11.2015 10.4 - ELEMENTOS DA AÇÃO ● Servem basicamente para a comparação entre as ações, para saber se existe uma similaridade ou não das ações conflitadas a. Partes: Autor, réu e possíveis interessados (incluindo a assistência) no julgamento da lide. Nem sempre haverá um processo simplificado, podendo existir a pluralidade tanto no polo ativo quanto no polo passivo (litisconsórcio). Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou dedireito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo. Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos (CPC/73). a. Causa de Pedir: Elementos aos quais se afirma a existência do pedido. Seria o motivo para a proposição da ação judicial. a. Pedido: Aquilo que a parte requer ao magistrado. Em regra, o processo possui mais de um pedido, promovendo a cumulação de ação (ou pedido), podendo se comunicar estes pedidos entre si. 10.4.1 - INCIDENTES NOS ELEMENTOS DA AÇÃO a. Conexão: Quando se tem o mesmo pedido e a causa de pedir, tendo o intuito de evitar decisões conflitantes. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles (CPC/15). a. Continência: Também traz a ideia do conflito de decisões, necessitando da identidade de partes e de causa de pedir. Entretanto, o pedido de uma ação contém o pedido de outra, sendo a primeira mais abrangente com relação ao pedido. Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente (CPC, 15). c. Litispendência: Autor move uma ação idêntica a outra proposta contra o mesmo réu, não ocorrendo a coisa julgada no processo mais antigo. Pode acontecer por pluralidade de procuradores ou má-fé do autor. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. 10.5 - CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES a) Quanto ao tipo cognitivo: ● Ação de conhecimento ● Ação de execução ● Ação cautelar (CPC/73) b) Quanto à natureza da sentença ou dos pedidos: ● Teoria trinária: fala-se em ação declaratória, constitutiva e condenatória. Classificação típica da escola paulista processual. ○ Declaratória: é a declaração afirmativa ou negativa de um direito pelo magistrado. São aquelas ações que, na conformidade do artigo 4º do CPC/73, visam declarar a certeza de existência ou inexistência de relação jurídica, ou de autenticidade ou falsidade de documento. Art. 4º O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência ou da inexistência de relação jurídica; II - da autenticidade ou falsidade de documento. Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. ○ Constitutiva: é a ação deconhecimento que tem por fim a criação, modificação ou a extinção de umarelação jurídica, sem estatuir qualquer condenação do réu ao cumprimento de uma prestação, produzindo efeitos ex tunc ou ex nunc. ○ Condenatória: serve para colocar uma das partes no polo passivo de uma obrigação. Visa formar um título executório que sujeitará o devedor à constrição da execução. ● Teoria quinária ○ Declaratória ○ Constitutiva ○ Condenatória ■ Condenatória stricto sensu: abarca o pedido de alimentos,sendo uma das exceções de tutela urgente que não seria mandamental ou executiva latu sensu. ■ Mandamental: natureza de ordem, geralmente acompanhada de algum elemento coercitivo (multa diária ou astreinte) que deve ser cumprido pela parte. Refere-se esta ação à pretensão por atos de que o juiz ou outra autoridade deva mandar que se pratiquem. Geralmente aplicados em tutelas urgentes. Tem como exemplo o Mandado de Segurança. ■ Executiva latu sensu: um terceiro recebe a ordem promulgada na sentença. Geralmente aplicados em tutelas urgentes. ● Nenhuma destas modalidades são puras, contendo elementos de mais de uma classificação. ● Na maioria das ações, os pedidos não são únicos, cumulando estes pedidos na petição inicial. ESQUEMA BÁSICO DE PETIÇÃO INICIAL (ver artigo 282 CPC/73 e artigo 319 CPC/15) CPC/1973 Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Se o autornão cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. ________________________________________ CPC/2015 Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. ROTEIRO DE ESTUDOS PARA N3 1. O que são, quais são e como podem ser classificados os pressupostos processuais? → Os pressupostos processuais são elementos que um processo deve seguir para gerar efeitos jurídicos. São requisitos objetivos que visam às garantias constitucionais e processuais gerais, devendo estes requisitos serem seguidos para esta conquista dos efeitos pretendidos. → Classificam-se em 3 gêneros, sendo estes os pressupostos de existência (provocação inicial, existência de jurisdição e existência de citação), pressupostos de validade (aptidão da provocação, competência do juízo, imparcialidade do juiz, capacidade de ser parte, capacidade postulatória e citação válida) e pressupostos negativos (litispendência, coisa julgada, perempção, convenção de arbitragem, falta de caução a outra exigência legal). → Pressupostos de existência: Se o processo não contiver um destes pressupostos, o processo é considerado inexistente. ● Provocação inicial: Ligado essencialmente com a inércia da jurisdição. Em regra se materializa por meio da petição inicial. ● Existência de jurisdição: Ligada ao aspecto da vinculação de competências próprias do poder Judiciário. ● Existência de citação: A citação é o ato que chama o acusado ao processo para tomar conhecimento e se defender no prazo legal. Vinculado ao princípio do contraditório e da ampla defesa. → Pressupostos de validade: Se o processo não contiver um destes pressupostos, o processo é considerado inválido. ● Aptidão da provocação: Para que o processo seja válido, a provocação deve observar os seus requisitos formais (devido processo legislativo) e materiais (limites da constituição). Exemplo desta aplicação é o não cumprimento de algum dos requisitos previstos no artigo 282 do CPC/73. ● Competência do juízo: O processo deve ser direcionado ao magistrado competente para o julgamento daquilo que pede na exordial. A competência pode ser analisada em razão da matéria, do valor, do território ou da pessoa ou função. Ver artigos 91 a 111 do CPC/73. ● Imparcialidade do Juiz: São os casos de impedimento e suspeição do Juiz. ● Capacidade de ser parte: Para a parte estar em juízo litigando algum direito, ela deve ter a capacidade de usufruir deste direito exigido. ● Capacidade postulatória: é a capacidade do advogado em praticar todos os atos em defesa de sua causa, seja a busca ou a defesa do direito. ● Citação válida: para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. → Pressupostos negativos: Pressupostos ou situações que afastam a possibilidade de julgamento do processo. São vedados no processo. ● Litispendência: Pedido trazido em novo processo que busca o mesmo pedido em outra ação já em trâmite de análise. Conflito de questão controvertida com outro pedido já analisado. Pode resultar em extinção ou suspensão do processo. ● Coisa julgada: É a característica de uma decisão que se tornou imutável, não cabendo mais recursos. ● Perempção: Processos que podem ser extintos sem a resolução do mérito. Resta configurada pelo sucessivo abandono da causa pelo autor. Decorre da inércia do autor, que motivou por 3 vezes a extinção de um mesmo tipo de ação. ● Convenção de arbitragem: O conflito deve versar sobre direitos disponíveis. Existindo cláusula arbitral, preenchidos os seus requisitos, a sua presença no instrumento contratual vincula as partes, impedindo que qualquer dela venha a recusar a sua submissão ao juízo arbitral. Haverá, por vontade das partes manifestada na convenção de arbitragem, a exclusão prévia e irretratável à jurisdição estatal. Tem o escopo de diminuir o número de demandas judiciais. ● Falta de caução a outra exigência legal: A ausência de pagamento dos procedimentos suscitados pela parte geram a inabilitação (extinção) do processo. 2. O que é o direito de ação? → Garantia de prestação jurisdicional para tutelar o direito de pedir perante o Poder Judiciário. O direito de ação é um direito diverso daquele em que se alega ter em juízo; aquele está vinculado à garantia de prestação jurisdicional, enquanto que este são as razões que expõem em juízo a matéria questionada ou violada. É a chamada Teoria Abstrata da Ação; direito a solicitar a prestação jurisdicional até mesmo quando a matéria suscitada não favorece o autor. 3. De que modo é possível relacionar os conceitos de ação, processo e jurisdição? → Uma nova forma de abordar os institutos fundamentais da teoria geral do processo, reaproximando o direito processual do direito material, é a tratativa da construção e conceituação de um novo instituto, a “tutela jurisdicional” com pretensão de os aspectos da teoria geral. A tutela de direitos, ou tutela jurisdicional, é uma decorrência do estudo da jurisdição, da ação e do processo no modelo de processo civil contemporâneo. → Significa que são necessárias a norma processual, o procedimento em si, e o reconhecimento do direito pelo Estado-Juiz, para se poder falar em tutela efetiva. 4. Como as ações podem ser classificadas quanto à sua carga de eficácia? ● Declaratória: é a declaração afirmativa ou negativa de um direito pelo magistrado. São aquelas ações que, na conformidadedo artigo 4º do CPC/73, visam declarar a certeza de existência ou inexistência de relação jurídica, ou de autenticidade ou falsidade de documento. ● Constitutiva: é a ação deconhecimento que tem por fim a criação, modificação ou a extinção de uma relação jurídica, sem estatuir qualquer condenação do réu ao cumprimento de uma prestação, produzindo efeitos ex tunc ou ex nunc. ● Condenatória: serve para colocar uma das partes no polo passivo de uma obrigação. Visa formar um título executório que sujeitará o devedor à constrição da execução. ● Condenatória stricto sensu: abarca o pedido de alimentos,sendo uma das exceções de tutela urgente que não seria mandamental ou executiva latu sensu. ○ Mandamental: natureza de ordem, geralmente acompanhada de algum elemento coercitivo (multa diária ou astreinte) que deve ser cumprido pela parte. Refere-se esta ação à pretensão por atos de que o juiz ou outra autoridade deva mandar que se pratiquem. Geralmente aplicados em tutelas urgentes. Tem como exemplo o Mandado de Segurança. ○ Executiva latu sensu: um terceiro recebe a ordem promulgada na sentença. Geralmente aplicados em tutelas urgentes, representa a possibilidade de ações que tragam embutidas no processo de conhecimento capacidade executória, possibilitando ao juízo determinar, desde logo, e independentemente de qualquer outra providencia, a entrega do bem da vida objeto da lide, isto porque o provimento jurisdicional tem caráter executório. 5. Comente, destacando os principais conceitos de Teoria do Processo estudadas ao longo do semestre, os arts 1º ao 11 do CPC/15. ● Enfoque no modelo constitucional de processo civil, focando o direito processual a partir do texto constitucional; constitucionalização do direito. Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. ● Princípio da Inércia da jurisdição: a jurisdição somente será exercida se for provocada. Pode ser relacionada com o direito de ação, ato de exigir a tutela jurisdicional. Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. ● Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição: Não se excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito. Lembrando que a arbitragem e a conciliação respeitam e não ferem a inafastabilidade da jurisdição. Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. ● Duração razoável do processo e efetiva satisfação do direito (material): Processo com razoável duração já não significa, necessariamente, um processo veloz, mas um processo que deve andar com certa rapidez, de modo a que as partes tenham uma prestação jurisdicional em tempo hábil. A segunda parte do artigo traz a certeza de que o processo deve servir como técnica valorativa que objetiva a realização do direito material. Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. ● Princípio da boa-fé processual: vertente objetiva da boa fé, é aquele que impõe um comportamento leal, ético, de acordo com a boa-fé, em nada se relacionando com a intenção do sujeito do processo (boa fé subjetiva). Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. ● Princípio do Contraditório e ampla defesa: O contraditório tem conteúdo substancial, levando em consideração as ponderações da parte adversa, permitindo que esta manifestação seja fundamentada na decisão, não sendo apenas a autorização da parte de se manifestar. É intimamente ligado à inafastabilidade da jurisdição e da fundamentação das decisões.A ampla defesa fica envolto na ideia de que a parte terá a ampla possibilidade de defesa. Demonstra maior rigor na proteção do acusado. Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. ● Princípio da cooperação: As partes devem cooperação umas com as outras. O saneamento continuado no processo é uma hipótese de cooperação oriunda dos magistrados. Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. ● Vedação às “decisões surpresa”: Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. ● Princípio do contraditório efetivo: forma de assegurar que haja, no processo judicial, um contraditório pleno, efetivo, prévio à construção das decisões judiciais, e destinado fundamentalmente a assegurar que o resultado do processo seja fruto de um processo participativo, cooperativo, em que todos os seus atores trabalham juntos (ainda que buscando resultados diversos) no qual, democraticamente, será construído. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. ● Princípio da publicidade: Todos os atos processuais devem ser públicos. Exceção à regra da publicidade dos atos são os casos de processos que correm em segredo de justiça. Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Compartilhar