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= UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ =
DIREITO DO CONSUMIDOR
PROF. ANA LECTÍCIA
AULA 10
AULA 10: A proteção contratual do consumidor. Fase pós-contratual. O vício do produto e do serviço no âmbito do CDC. Vícios de qualidade e quantidade. Vícios de informação. Prazos decadenciais. O fato do produto e do serviço no âmbito do CDC. Risco do empreendimento. Noções de responsabilidade objetiva. Fato do produto. Rol de responsáveis. A exceção no caso do comerciante. Fato do serviço. Risco do desenvolvimento. Profissionais liberais. Excludentes de responsabilidade. Uso abusivo dos bancos de dados.
 	Esta seção (arts. 18 a 26, CDC) trata da responsabilidade do fornecedor vício do produto ou serviço, durável ou não durável vale dizer, produtos ou serviços com alguma inadequação na sua qualidade ou quantidade, independentemente das consequências externas desses defeitos, objeto das anotações no tópico seguinte (fato do produto e do serviço – defeitos que se exteriorizam ao produto/serviço causando danos aos consumidores).
	Segundo o artigo 18 tb se considera uma lesão ao consumidor a deficiência de informação sobre o produto ou serviço, mesmo que o produto em si mesmo não apresente problemas. 
	O § 6º do art.18 nos apresenta um rol exemplificativo dos produtos considerados impróprios para o consumo, tais como: produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; produtos deteriorados, adulterados, falsificados, etc.
	Quando da ocorrência do vício, aplica-se o princípio da solidariedade, inclusive englobando o comerciante. A exceção ocorre no fornecimento de produtos in natura, caso em que responderá o fornecedor imediato, consoante o disposto no art. 18, § 5º, exceto quando identificado claramente seu produtor. Produtos in natura: são, por exemplo, arroz, feijão vendidos nos mercados, que são pesados e embalados na hora da compra. Responderá pela qualidade deles o próprio comerciante.
	Como proceder? Vc deve se dirigir ao fornecedor e solicitar a reparação do produto. O fornecedor tem 30 dias para resolver o problema, segundo o § 1º do artigo 18. Caso isso não ocorra, você poderá exigir ou a substituição do produto por outro de igual valor, ou o abatimento no preço, ou a devolução da quantia paga com correção monetária e mais perdas e danos. Tais escolhas são direito potestativo do consumidor, que as escolherá livremente.
	O fornecedor tem o direito de, no prazo de 30 dias, sanar o vício do produto. O que é sanar o vício?
	Sanar o vício de qualidade significa substituir ou consertar a parte viciada: a substituição do seletor de temperatura do ferro por outro seletor que esteja em bom estado.
 	Sanar o vício de quantidade (art.19) é suprir as utilidades da medida faltante: vc comprou um quilo de café e só vieram 800 gramas; o vício será sanado com o fornecimento dos 200 gramas faltantes.
	Já no caso de vício de informação, a solução para o consumidor poderá variar em função de cada situação específica. 
	Alteração do prazo: se o prazo de 30 dias for alterado para mais ou menos, deve haver expresso consentimento das partes. É o chamado pacto de extensão do § 2º do art. 18 (mínimo de 7, máximo de 180 dias).
	É possível tb o uso imediato das alternativas do § 1°, incisos I a III, se a extensão do vício comprometer a qualidade ou características do produto; diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial (ex. geladeira que não gela; gêneros alimentícios; medicamentos).
	O art. 19 cuida da responsabilidade por vício de quantidade do produto. Vide as opções descritas na lei para o caso de ocorrência desse vício (ex. Exigir a complementação do peso ou medida).
	Caso o consumidor opte pela substituição do produto, e não seja possível, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, uma vez que o § 1º autoriza a aplicação do § 4º do art. 18.
	Já o § 2º do art.19 traz a responsabilidade EXCLUSIVA do fornecedor imediato ou comerciante quando fizer a pesagem ou a medição do produto e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
	O art. 20 trata dos vício do serviço. O serviço não atende de maneira completa ao esperado ou contratado. Você levou seu carro para ser pintado, porém o serviço apresentou-se visivelmente mal executado. Pelo que diz o artigo, você pode exigir que o serviço seja refeito, inclusive por outrem às custas do primeiro fornecedor.
	Importante notar que aqui não há exceção quanto à responsabilidade objetiva para os profissionais liberais nos moldes do art. 14, § 4º. A exceção, então, somente se verifica para a responsabilidade por fato do serviço (art. 14) e não para a responsbilidade por vício do serviço (art. 20). 
	De se registrar que o § 2º nos orienta acerca do que sejam serviços impróprios, vale dizer, são aqueles “que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente dele se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade”.
	O art. 21 trata das chamadas peças de reposição, que devem ser novas e originais. A única forma das oficinas se desincumbirem dessa responsabilidade é a assinatura de um termo de autorização pelo proprietário do veículo. (vide art. 70 – crime).
	O art. 22 trata dos serviços públicos (ex. água, luz, telefone, transportes, etc.) tb disciplinados pelo CDC. (obs. Atentar para a controvérsia existente na doutrina quanto a possibilidade ou não de interrupção desses serviços. Princípios da continuidade dos serviços públicos essenciais e dignidade da pessoa humana versus possibilidade de interrupção no caso de inadimplemento com base no art. 6º, § 3º, inciso II, da Lei 8.987/95).
	O art. 23 trata da ignorância (= desconhecimento) do vício pelo fornecedor, o que ainda assim, não o isentará da obrigação de reparar caso seja detectado o vício do produto.
	O art. 26 cuida dos prazos decadenciais para reclamção por eventuais vícios. Fazer distinção entre produtos não-duráveis (prazo de 30 dias) e duráveis (prazo de 90 dias). Há duas hipótese de suspensão do prazo: reclamação comprovadamente formulada e representação junto ao órgão competente.
	Atentar para a possibilidade de ocorrer vício oculto, hipótese na qual, o prazo começará a fluir a partir do surgimento do vício.
O fato do produto e do serviço no âmbito do CDC. Risco do empreendimento. Noções de responsabilidade objetiva. Fato do produto. Rol de responsáveis. A exceção no caso do comerciante. Fato do serviço. Risco do desenvolvimento. Profissionais liberais. Excludentes de responsabilidade.
O CDC estabelece duas espécies distintas de responsabilização dos fornecedores, quais sejam: a) a responsabilidade pelo fato do produto e do serviço (arts.12 e 14, CDC) e b) responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço (arts. 18 a 20, CDC).
Fato do produto é o acontecimento externo que causa dano material ou moral, atingindo a incolumidade do consumidor, ou de pessoas a ele equiparadas, nas esferas física, psíquica, em razão de um defeito do produto. Esse defeito pode ser de produção (criação, projeto, fórmula), de produção (fabricação, montagem, construção) e ainda de comercialização (informações, publicidade, apresentação, etc.).
São os chamados acidentes de consumo, que se materializam através da repercussão externa do defeito, atingindo a incolumidade físico-psíquica do consumidor e seu patrimônio (ex. televisor que explode causando queimaduras no consumidor e gerando incêndio em seu apartamento).
Já o vício do produto é um defeito de quantidade ou qualidade do produto (ex. televisor que vem com a tela rachada), isto é, o produto não tem o peso e medida corretas ou é inadequado ao fim para o qual foi produzido. (ex. automóvel com defeito no motor).
O tema responsabilidade civil está ligado à idéia de que todo aquele que causa um dano a outra pessoa ficará obrigado a reparar esse dano, esse prejuízo. Isso porque ser responsável é ter capacidade de responder, de arcar com as conseqüências de seus próprios atos.
No início, haviaum dever genérico de não causar dano a ninguém (neminem laedere) oriundo do Direito Romano. Mas o legislador começou a perceber que tal dever abstrato, verdadeiro princípio geral precisava ser positivado em lei para que ganhasse contornos de coercibilidade e, portanto, passasse efetivamente a obrigar a todos a sua observância, sob pena de responsabilização.
Assim, o legislador passou a estabelecer deveres jurídicos (normas de conduta, de comportamento a serem observadas por todos nós) em diversas leis, que quando são desrespeitadas por alguém, ou seja, quando este viola este dever legal, viola a lei, logo, comete um ato contrário à lei, cometendo um ato ilícito, nascerá para este sujeito a responsabilidade, isto é, o dever de indenizar outra pessoa pelos prejuízos que esse seu comportamento contrario à lei poderá gerar. É exatamente o que dispõe o art. 927 do CC/02, a saber: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Releva notar que a regra clássica do direito civil sempre foi a responsabilidade civil subjetiva fundada na teoria da culpa – na qual se analisa a conduta culposa de um sujeito determinado – prevista no art.186 (cujas expressões “negligência ou imprudência” significam a necessidade de fazer prova da CULPA do sujeito para que este pudesse sofrer uma responsabilização: a imposição de uma obrigação de indenizar).
Observem, portanto, que para se configurar a responsabilidade subjetiva de alguém se faz necessário provar sua conduta culposa; o dano causado por este comportamento e o nexo causal (ligação, vínculo que une a conduta culposa do resultado danoso).
Mas como a prova da culpa do fornecedor de produtos e serviços se tornou um enorme obstáculo para os consumidores, muitas vezes uma verdadeira barreira intransponível, pois aqueles, na imensa maioria das vezes, além de não conhecerem o complexo processo de elaboração dos produtos, não tinham condições econômicas de pagar um perito para fazer prova de suas alegações e, muitos ainda, sequer possuíam recursos econômicos para ajuizar a ação, isto é, não tinham sequer acesso ao Poder Judiciário, milhares de consumidores acabaram ficando sem reparação, gerando instabilidade e insegurança social (contrários aos ideais do Direito: de pacificação e segurança da vida em sociedade). 
Assim, o legislador atento a essa problemática passou a elaborar uma nova teoria para justificar a adoção de uma responsabilidade do tipo OBJETIVA, na qual não se faz prova da culpa, ou seja, pela qual o agente causador do dano responde independentemente da prova da culpa.
É a TEORIA DO RISCO adotada também pelo CDC, quando trata da responsabilidade dos fornecedores de produtos e serviços, que afasta a discussão quanto a culpa. A culpa acabou nas relações de consumo.
Agora, os elementos da responsabilidade objetiva passam a ser apenas o fato ou vício do produto/serviço, o dano e o nexo causal, não havendo que se falar em culpa do agente para configurar o seu dever de indenizar, de responder pelo dano causado.
O caput do art. 12 do CDC traz expressamente esta responsabilidade objetiva, sem prova da culpa, fundada na teoria do risco, ou seja, todo aquele que se dispõe a prestar uma atividade no mercado de consumo assume os bônus (lucros) com a venda de produtos, mas, por outro lado, deverá também arcar com os ônus (prejuízos) porventura gerados aos consumidores.
Ë importante notar que os princípios da segurança e da informação fundamentam esta espécie de responsabilidade objetiva do CDC. Isso porque no artigo acima citado o legislador estabeleceu dois deveres jurídicos distintos para os fornecedores, a saber: dever jurídico de segurança (de não colocar no mercado produtos com defeito: § 1o, do art.12, CDC) e dever jurídico de informação (de prestar todas as informações adequadas sobre os possíveis riscos que o produto possa apresentar).
Dessa forma, se um desses deveres previstos na lei consumerista forem violados, surgirá para os fornecedores a responsabilidade objetiva, isto é, a obrigação de indenizar os consumidores pelos danos causados, sem necessidade de provar a culpa do fornecedor. 
Contudo, notem que existem três hipóteses previstas na própria lei (§ 3o, do art. 12 e § 3o, do art. 14), de defesa para o fornecedor. Em outras palavras, estes artigos tratam da inversão do ônus da prova legal, pois a própria lei já inverteu automaticamente o ônus da prova nas hipóteses de acidentes de consumo (=fato do produto). Isso significa que se os fornecedores não conseguirem provar uma das três alegações defensivas da lei, terão responsabilidade (= obrigação de indenizar o consumidor).
Essas três defesas nada mais são do que as excludentes de responsabilidade dos fornecedores, elas excluem o nexo causal (a ligação entre a conduta do fornecedor e dano causado, afastando o seu dever de indenizar), são as seguintes:
se o fornecedor conseguir provar que não colocou o produto no mercado, não terá dever de indenizar;
se provar que seu produto não apresenta defeito, também não terá dever de indenizar o consumidor;
se conseguir provar o fato, a “culpa” exclusiva do consumidor ou de terceiro, vale dizer, que foi o próprio consumidor ou uma terceira pessoa, o responsável pelo dano sofrido, também não terá obrigação de indenizá-lo.
A questão do caso fortuito ou da força maior é controvertida:
1a corrente) Sustenta que não excluem a responsabilidade do fornecedor, porque não se pode ampliar os casos de excludentes previstos na lei (art.12, § 1o, CDC) e se o legislador não fez menção a isso, não caberia ao intérprete fazê-lo;
2a corrente) Sustenta que o fato de terceiro engloba a modalidade de caso fortuito, porque se a própria lei admite o fortuito humano como excludente da responsabilidade, tem que admitir o fortuito não causado pelo homem, ou seja, o fato da natureza, material, que sempre excluiu a responsabilidade civil. 
A responsabilidade do COMERCIANTE (ART.13 do CDC):
A própria lei do consumidor excepcionou o comerciante do caput do art.12, logo sua responsabilidade não é solidária com os demais agentes da cadeia de produção (art.7o, p.u., CDC) e sim, responsabilidade subsidiária, ou seja, o comerciante só responderá perante os consumidores lesados nas três hipóteses previstas na lei:
quando não conseguir identificar o fabricante, construtor, o produtor ou o importador do produto;
o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante (...);
quando o comerciante não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
(exs. em aula)
O p.u. do art. 13 trata do direito de regresso, pois aquele que paga a indenização nem sempre é o único causador do dano.
A responsabilidade dos profissionais liberais (ex. médicos, advogados, etc.) é SUBJETIVA, com culpa provada pelo consumidor, segundo disposto expressamente pelo art.14, § 4o, do CDC.
ART.17: Todos as pessoas que sofram danos em razão de um produto, ainda que não tenham sido elas as compradoras do produto (= os compradores são consumidores diretos: destinatário final do art. 2o, caput, do CDC, uma vez que é este que retira o produto do mercado para uso próprio), serão equiparadas a consumidor (= consumidor por equiparação; consumidor indireto) e também poderão se valer da Lei 8.078/90 para defender seus direito em Juízo, pela simples razão de também terem sido vítimas de um produto defeituoso.
Esse artigo rompe com o princípio clássico da relatividade dos contratos, pois atinge outras pessoas que não fazem parte do contrato original de consumo.
Art. 42. COBRANÇA DE DÍVIDAS
	Já vimos que a tutela do consumidor ocorre antes (oferta, publicidade), durante (fase contratual) e, agora, veremos, após a formação da relação de consumo.
	Assim, neste tópico estamos tratando da proteção da privacidade e imagem pública do cidadão na qualidade de consumidor.
	O consumidor, especialmente o de baixa renda, é exposto muitas vezes a ridículo, principalmente em seu ambiente de trabalho e doméstico, perante amigos, e ainda tem seu descanso do larperturbado por telefonemas, muitos deles em cadeia e em horas inapropriadas. Agindo assim, o fornecedor viola, invade a privacidade individual do consumidor também perante sua família, contribuindo para a instabilidade matrimonial; perda do emprego, etc. (vide CRIME do art. 71, CDC).
	A maioria entende que “expor a ridículo” pressupõe que o fato seja presenciado, ou ao menos, chegue ao conhecimento de terceiros (ex. o design do envelope; divulgação da lista de devedores em escolas e condomínios).
	 Parágrafo único – possibilidade de repetição do indébito da quantia paga em excesso.
 Parte final: “Engano justificável”: quando não decorrer de dolo ou culpa. É aquele que não obstante todas as cautelas do fornecedor-credor, ainda assim se manifesta. Tal prova compete ao fornecedor. (ex. Vírus no programa de computador; demora do correio no envio da entrega de retificação da cobrança original). Há muita jurisprudência no sentido de não é erro justificável, o erro de cálculo elaborado por empregado do fornecedor.
	Art. 43. BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES
	 (SPC; SERASA) (Lojas)
	Proteção do consumidor após a contratação, o qual possui quatro direitos específicos, quais sejam, direito ao acesso (art. 43, caput); direito à comunicação (art. 43, § 2º), direito à retificação (art. 43, § 3º) e direito à exclusão (art. 43, § 1º e § 5º).
	O registro irregular viola dispositivos da Constituição da República, quais sejam: dignidade da pessoa humana e intimidade e vida privada (direito à privacidade) (art. 1º, inciso III, da Portaria nº 05/2002 da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça).
	Alguns autores apontam algumas diferenças entre os Bancos de dados e os cadastros, a saber: enquanto naqueles inexiste autorização ou conhecimento do consumidor quanto ao registro, sendo direcionado a terceiros, este, por sua vez, via de regra, é o próprio consumidor que fornece seus dados para ser cadastrado, ficando restrito à própria loja.
	A natureza jurídica de tais arquivos de consumo: entidades de caráter público (pois apresentam particular interesse para a sociedade como um todo, “interesse público”). Possível, assim, o uso do habeas data – Lei 9.507/97. 
	Só dívidas incontestadas podem ser arquivadas, sob pena de abuso de direito. Havendo dúvida judicial ou razoavelmente materializada sobre seu valor/existência, não cabe anotação. É o que dispõe a Portaria nº 05 de 27 de agosto de 2002 da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça: “Considera-se abusiva a cláusula que: autorize o envio do nome do consumidor e/ou seus garantes a cadastros de consumidores (SPC/SERASA, etc), enquanto houver discussão em juízo relativa à relação de consumo.”
	É possível antecipação de tutela para retirar o nome do cadastro, enquanto perdura o processo judicial.
	A finalidade pública e única do registro é garantir o mercado e não o credor original. 
	O tipo de informação arquivada deve ser objetiva, vale dizer, não cabe anotação personalíssima.
	O acesso a tais informações pelo comerciante tb é limitado, isto é, só para transações específicas (ex. uma determinada compra e venda).
PRAZOS máximo de tempo de anotação negativa:
	a) GENÉRICO: 5 anos (§1º do art. 43)
	b) ESPECÍFICO: prescrição da ação de cobrança (§ 5º) – regra especial afasta a geral
	Fundamentos da proteção temporal do devedor:
1°) A prescrição é instituto não só legal, mas social, estabiliza as relações humanas e traz paz social;
2º) o direito ao esquecimento;
3º) Impede penas de caráter perpétuo, vedada inclusive pela Lei Maior;
4º) Evita a eternização do constrangimento.
	Termo inicial do prazo (inexiste disciplina específica no CDC): o lapso começa a fluir após o vencimento da obrigação, sendo indiferente o prazo de comunicação do SPC ou registro nele lançado. Começa a correr da data de vencimento, sem pagamento, da dívida. Findo o quinqüênio as informações devem ser canceladas de ofício.
	Não sendo o prazo prescricional uniforme para todas as obrigações civis e comerciais, poderá ser inferior à cinco anos. Vale o que ocorrer primeiro: o prazo de 5 anos ou a prescrição da ação de cobrança do débito do consumidor. (Sumula 13 do TJ/RS).
	Isso significa que o quinqüênio não pode ser ampliado (é teto), mas pode perfeitamente ser rebaixado (não é piso). 
	Enquanto não prescrita a ação de cobrança do credor em face do devedor, o débito pode ser inscrito no banco de dados. Mas no seu 5º aniversário, prescrito ou não o instrumento processual, a informação é de ofício retirada do arquivo.
	Responsáveis: arquivista mais fornecedor (solidariamente). Cabe ação de regresso. O consumidor pode escolher em face de quem endereçará a ação indenizatória (art. 6º, VI, CDC). É hipótese de responsabilidade objetiva (Teoria do risco do empreendimento), a qual independe da prova da culpa.
	Há ainda presunção relativa de dano moral (lesão à honra, fama, à imagem, à privacidade), pois vigora a presunção de honestidade. Já o dano material (prejuízo financeiro) precisa ser provado pelo consumidor. Cabe também sanção administrativa: art.56.
IMPORTANTES SÚMULAS DO STJ SOBRE O TEMA: 323 e 359;
ENTENDIMENTO DO STJ: sempre que houver inscrição irregular, caberá dano moral. A única diferenaça é que, quando houver inscrições anteriores, haverá redução do quantum indenizatório. A única hipótese que não caberá dano moral ocorrerá quando há outras inscrições anteriores e não há comunicação de nova inscrição baseada em dívida existente. Nesse último caso a inscrição é legítima, somente faltando o requisito da comunicação prévia.
O STJ tb tem entendimento no sentido de que não cabe dano moral por falta de comunicação quando a informação é acessível ao público (Diários Oficiais, ex. Execução fiscal/ Cartórios de Protesto).
A responsabilidade pela inscrição irregular é do fornecedor e não do arquivista, porém segundo a Súmula 359 do STJ, cabe ao órgão mantenedor do cadastro, e não ao credor (fornecedor), a notificação do devedor antes de proceder à inscrição, sem necessidade de envio de carta com AR, basta que comprove o envio da comunicação, não se exigindo que o fornecedor comprove ter o consumidor efetivamente recebido a informação da inserção cadastral.
Atenção para o fato de que há Projeto de lei no Congresso Nacional visando à criação do chamado Cadastro Positivo de Consumidores (vide PL 5870/2005), visando a dar tratamento à utilização das informações positivas pelas entidades de proteção ao crédito (ex. Por exemplo conceder ao bom consumidor taxa de juros menor em financiamentos).
	
17/06/2010 - 09h22 
DECISÃO 
STJ limita indenização por inscrição indevida em cadastro de proteção ao crédito 
O valor razoável da indenização para casos de inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito é de 50 salários-mínimos. Assim entende o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que se limita a revisar a quantia da condenação por danos morais apenas nos casos em que o montante fixado nas instâncias locais é exagerado ou ínfimo, de modo a afrontar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Com base nessa orientação, a Quarta Turma do Tribunal conheceu em parte do recurso especial do Banco Bradesco S.A., e reduziu, de 200 salários para R$ 20 mil, a quantia que a instituição foi condenada a pagar. 
D.J. ajuizou ação de indenização por danos morais contra o Banco de Crédito Nacional, posteriormente sucedido pelo Bradesco. O autor alega que seu nome foi indevidamente inscrito no Serasa, em virtude de dois protestos que valiam, juntos, R$ 5.930. O cliente afirma que providenciou todas as certidões negativas de títulos e solicitou o cancelamento da restrição, mas, sem justificativa, o banco não retirou o nome dele do órgão de proteção ao crédito, o que teria lhe causado inúmeros prejuízos. 
O juízo de primeira instância julgou procedente o pedido, condenando a instituição bancária ao pagamento de indenização por danos morais em dez vezes a soma dos títulos indevidamente protestados,ou seja, R$ 118.600, corrigidos monetariamente a partir da citação. Ambas as partes apelaram e o Tribunal de Justiça de Santa Catarina alterou o valor do dano moral para 200 salários mínimos, mais juros de 6% ao ano: “Abalo de crédito inconteste, culpa do banco evidenciada, obrigação de indenizar, fixação moderada e condizente com os elementos apresentados nos autos”. 
Insatisfeito, o Bradesco recorreu ao STJ, pedindo a redução dos valores da condenação. Argumentou violação ao artigo 1º da Lei n. 6.205/1975, uma vez que a fixação da indenização foi feita em salários-mínimos. Alegou também violação aos artigos 160 do Código Civil e 13 da Lei n. 5.474/1968, “pois o banco-endossatário é obrigado por lei a levar duplicatas vencidas a protesto, o que não constitui ato ilícito”. 
“Rever os fundamentos que ensejaram o entendimento do tribunal de origem de que o banco recorrido é responsável pela inscrição indevida, uma vez negligente ao encaminhar o título indevidamente para protesto, implica reexaminar o conjunto fático probatório dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial”, explicou o relator do processo, ministro Luis Felipe Salomão. 
Entretanto, o ministro acolheu o pedido do banco para reduzir o valor da indenização, ressaltando que a jurisprudência consolidada do STJ admite a revisão do montante indenizatório em recurso especial, quando a quantia fixada nas instâncias locais é exagerada ou ínfima. “Este colendo Tribunal, por suas turmas de Direito Privado, só tem alterado os valores assentados na origem quando realmente exorbitantes, alcançando quase que as raias do escândalo, do teratológico; ou, ao contrário, quando o valor arbitrado pela ofensa é tão diminuto que, em si mesmo, seja atentatório à dignidade da vítima”. 
Para o relator, a quantia fixada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina fugiu da razoabilidade, distanciando-se dos parâmetros adotados pelo STJ em casos de indenização por inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito, que é de 50 salários-mínimos. “Diante da flagrante inadequação do valor fixado nas instâncias ordinárias, justifica-se a excepcional intervenção deste Tribunal, a fim de reformar o acórdão impugnado, de modo a minorar a indenização fixada para R$ 20.000, com juros de mora a partir do evento danoso e correção monetária a partir da data de julgamento deste acórdão, mantendo, no mais, a decisão recorrida, inclusive quanto aos ônus sucumbenciais”.
Coordenadoria de Editoria e Imprensa

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