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DIREITO REAIS AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL Aula 8 Objetivos Ao final da sessão o aluno deverá ser capaz de: - Estudar as formas de aquisição da propriedade móvel; - Analisar a usucapião de bens móveis. CONTEÚDO DA AULA 3.5. Modos de aquisição da propriedade mobiliária 3.5.1 Espécies 3.5.2 Distinção entre descoberta e ocupação Propriedade móvel Aquisição da Propriedade Móvel 5 Usucapião de Coisa Móvel • Modo originário de aquisição de bem móvel • • Dá juridicidade a situações fáticas que se alongam no tempo. •Ordinária •Extraordinária a) Posse contínua e pacífica b) Animus domini c) Justo título e boa-fé. d) Prazo de 3 anos DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL Da usucapião Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. Usucapião Ordinária de Bem Móvel 7 • Posse ininterrupta • Posse pacífica • Prazo de 5 anos • Sem justo título e boa-fé. Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé. Usucapião Extraordinária de Bem Móvel. Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244. Aplicabilidade dos arts. 1.243 e 1.244 CC à usucapião de móveis. • Possuidor de bem móvel pode unir sua posse à de seu antecessor, para reconhecimento da usucapião, desde que ambas sejam contínuas e pacíficas. • Aplicáveis as causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas da prescrição (arts. 197 a 204 CC). 99 Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. Usucapião e união de posses. • Possuidor pode, para contagem do tempo para usucapião, acrescentar à sua posse a do seu antecessor (CC, art. 1.207), •Ambas as posses devem ser uniformes quanto ao objeto, que não tenham sido interrompidas natural ou civilmente, que sejam pacíficas e, que nem a posse do transmitente nem a do adquirente sejam viciosas (violentas, clandestinas ou precárias) • Nos casos do art. 1.242 do CC, que haja justo título e boa-fé. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. Causas impeditivas da usucapião. • São causas que obstam que seu curso inicie • Arroladas no Código Civil, arts. 197, I a III, 198, I, e 199, I e II. 11 Art. 197 - Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198 - Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o artigo 3º; Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; 12 • Paralisam temporariamente o seu curso. • Cessado o motivo da suspensão da usucapião, o prazo continua a correr, computando-se o tempo decorrido antes dele. • Causas que suspendem a usucapião são mencionadas no arts. 198, II e III, e 199, III CC. Art. 198 - Também não corre a prescrição: (...) II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição: (...) III - pendendo ação de evicção. Causas suspensivas da usucapião. 13 • São as que inutilizam o tempo já corrido • Seu prazo recomeça a correr da data do ato que a interromper. • Tais causas são as do art. 202, I a VI CC. Art. 202 - A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; Causas interruptivas da usucapião 14 Posição da jurisprudência - STJ: Recurso Especial. Usucapião ordinário de bem móvel. Aquisição originária. Automóvel furtado. (STJ, 3ªTu. REsp 247345 / MG. Rel. Min. Nancy Andrighi. Publicação em DJ 25/03/2002) - Não se adquire por usucapião ordinário veículo furtado. - Recurso Especial não conhecido. • STJ julgou que havia afronta a dispositivo de lei federal. • • Jurisprudência de alguns Estados vem entendendo que há possibilidade do adquirente de boa-fé usucapir o bem, desde que não una sua posse a da pessoa que praticou o crime. Possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé Possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé ... Preliminares de Ilegitimidade Passiva ad causam e de Impossibilidade Jurídica do Pedido. Rejeitadas. USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL. PRESSUPOSTOS DE DIREITO MATERIAL. VEÍCULO FURTADO. AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE POR TERCEIRO DE BOA-FÉ. POSSIBILIDADE. 1. Compreendido que o Instituto da legitimidade para a causa relaciona-se à identificação daquele que pode pretender ser o titular do bem da vida discutido em juízo, seja como autor, seja como réu, afigura-se clara a legitimidade passiva ad causam da parte demandada que, tanto em contestação, quanto em sede de apelação, faz requerimento para que o autor da ação de usucapião entregue-lhe o bem litigioso. ademais, no caso concreto, a ré é proprietária originária do veículo objeto da presente ação, de modo que, acaso julgado procedente o pedido, ela é que suportará os efeitos do decisum. 2. a pretensão autoral a que seja declarada a sua titularidade do veículo, em razão de usucapião, encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, notadamente nos artigos 618 e 619 CC/1916, não havendo que se falar em impossibilidade jurídica do pedido. Possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé 3. O art. 618, caput e § Ú CC/1916 - correspondente ao art. 1.260 CC/2002 - disciplina a cognominada usucapião ordinária, cujos pressupostos de direito material que viabilizam a aquisição da titularidade da coisa correspondem aos seguintes: posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, durante 03 anos, exercida com animus domini, justo título e boa-fé. 4. A partir da análise da cadeia dominial do veículo objeto destes autos, infere-se que, ainda que se pudesse cogitar de eventual má-fé porventura existente na transação realizada entre a Sociedade Empresária Sarita Autos LTDA. e o Sr. Romualdo Paes de Barros - dada a inexistência de informação no CRV deste último acerca de emplacamento anterior -, a mesma compreensão não se aplica àqueles que adquiriram o automóvel posteriormente. estes, ao que tudo indica, compraram o veículo desconhecendo a restrição de furto que pendia sobre o bem; os negócios jurídicos de compra e venda do automóvel foram celebrados de boa- fé; ademais, o próprio Poder Público, por meio do competente órgão de trânsito, confirmou as transferências relativas ao bem, emitindo o apropriado Certificado de Registro de Veículo. Possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé 5. As posses exercidas pelo autor e seus antecessores - até, ao menos, o Sr. Cirilindo Vieira de Sá -, unidas por força da accessio possessionis, nos termos do Art. 619, § Ú, C/C Art. 552, ambos doCC/1916, preenchem os pressupostos de direito material viabilizadores da usucapião ordinária. 6. Nada obsta que o terceiro de boa-fé que adquire automóvel proveniente de furto adquira a titularidade deste por meio da usucapião. 7. Recurso de Apelação A que se nega provimento. (TJDF, 1ª Turma Cível. Processo nº 2008 01 1 033256-0 ? APC. Rel. Des. Flavio Rostirola. Publicação no DJe em 31/08/2009). Possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé Usucapião de bens furtados – Problemas: 1- Possibilidade jurídica - fator que pode ser superado considerando que é possível a interversão da posse; 2- Qual a modalidade? (se ordinária ou extraordinária). Ainda que o adquirente esteja de boa-fé, o título que ensejou a posse não é apto a transferir a propriedade, eis que passado por aquele que não é proprietário. Situação não se enquadra no conceito de justo título, motivo pelo qual alguns autores preferem posicionar-se no sentido de que a usucapião será extraordinária. • Posicionamento do STJ mais recente é o mostrado acima. • Jurisprudência não consolidada. • Possibilidade do STJ rever posicionamento para admitir possibilidade de usucapião de bens furtados, com evolução da jurisprudência. 19 OCUPAÇÃO • Modo de aquisição do domínio • Apropriação de coisa sem dono, com intenção de adquirir. • Não pode ser ocupação indevida ou injusta. • Ocupação => apropriação da coisa sem dono e suscetível de apropriação, para efeito de ser adquirida. • Pode ser coisa sem dono (res nullius) ou coisa abandonada (res derelictae). 20 Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. Formas de aquisição da propriedade móvel. • Quando alguém adquire um direito de propriedade, em regra, de outro lado, alguém perde a titularidade desse direito. • Modos aquisitivos da propriedade móvel podem ser: a) Originários • Não há ato de transmissibilidade. Ex: ocupação e usucapião. b) Derivados • Ocorre ato de vontade. Ex: especificação, confusão, comistão, adjunção, tradição e sucessão hereditária. • Quando alguém encontra coisa perdida por outrem. • Recompensa de no mínimo: 5% do valor do bem + despesas com conservação e transporte. • Recompensa (achádego) fixada conforme esforço do descobridor para encontrar dono, possibilidades que dono teria de encontrar e situação econômica de ambos. • Descobridor responde se danificar bem dolosamente. • Só é forma de aquisição da propriedade se a coisa encontrada for: > de valor exíguo > abandono pelo Município em favor do descobridor. • Nas demais hipóteses, a coisa será alienada em hasta pública. Descoberta Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. Descoberta Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar. Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido. Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou. Descoberta 24 Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. • Depósito antigo de coisa preciosa, oculta, cujo dono não haja memória • Não será tesouro se possível provar ou justificar a propriedade de alguém sobre o valioso depósito Ex: A prova que o achado valioso encontrado por um marceneiro em fundo falso do móvel lhe pertence porque o havia ocultado. Tesouro encontrado casualmente em prédio alheio. • Se alguém encontrar casualmente tesouro em terreno alheio, será dividido em partes iguais entre o dono do prédio e o descobridor. • Se um deles vier a se apossar de todo o tesouro, será furto quanto à metade que não lhe pertence => Prejudicado pode exigir judicialmente que lhe seja entregue a parte que lhe cabe por lei Tesouro 25 Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado. Propriedade exclusiva do dono do prédio sobre o tesouro. a) tesouro encontrado por ele em seu próprio imóvel; b) tesouro achado por empregado, incumbido de procurar c) tesouro achado por pessoa que intencionalmente invadiu sua terra, sem licença, em busca de riqueza. Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor. Propriedade do tesouro encontrado em terreno aforado • Partilhado entre quem encontrou e o enfiteuta. • Senhorio direto não tem direito sobre depósito achado. • Entrega de bem móvel ao adquirente, com intenção de transferir o domínio, em razão de título translativo de propriedade, tendo em vista que o negócio jurídico antes da tradição apenas gera direito pessoal. • Somente com a tradição é que a declaração translatícia de vontade se transforma em direito real. Tradição Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Tradição Real, Simbólica, Ficta. Tradição Art. 1.267. ... Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente contínua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. Tradição e constituto possessório. TRADIÇÃO REAL =>Entrega material da coisa TRADIÇÃO SIMBÓLICA => Ato representativo da transferência, em que não há entrega real do objeto mas de coisa a ele equivalente (), TRADIÇÃO FICTA => Constituto possessório > transmitente continua na posse da coisa alienada, não mais em seu nome, mas em nome do adquirente Constituto possessório. • Ocorre quando possuidor de um bem que o possui em nome próprio passa a possuí-lo em nome alheio. • 2 atos jurídicos simultâneos: 1. Transferência da posse de um antigo para um novo possuidor 2. Conservação da posse pelo antigo possuidor em nome do novo adquirente. Ex: A vende a B a casa em que reside e de que é proprietário, ficando convencionado que A permanecerá no imóvel, não mais como dono, mas como locatário; logo, o possuidor antigo, que tinha posse plena e unificada, passa a ser possuidor direto, ao passo que o novo proprietário se investirá na posse indireta.Tradição da coisa feita por quem não é seu dono • Se transmitente não é proprietário do bem móvel, a tradição não transfere o domínio, • Constitui crime de estelionato (CP, art. 171, § 22), salvo se bem, oferecido ao público, em leilão ou estabelecimento mercantil, for transferido em circunstância tal que ao adquirente de boa-fé pareceu ser a coisa alienada pertencente ao alienante. Tradição baseada em ato negocial nulo. • Se tradição teve por título um ato nulo, não opera transferência da propriedade da coisa móvel. Tradição a non domino • Não transfere propriedade. • Exceção: teoria da aparência (coisa ofertada ao público, adquirida de boa-fé); => Parte da doutrina entende que propriamente não se trata de tradição. Pós-eficacização da tradição (art. 1.268 §1º) Se adquirente de boa-fé e alienante vier a adquirir, posteriormente, a propriedade da coisa, será revalidada a transferência e operado o efeito da tradição, desde o momento da celebração da alienação. Tradição a non domino Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono. § 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. § 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo. Tradição a non domino • Modo de aquisição da propriedade. • Transformação de coisa móvel em espécie nova, em virtude do trabalho ou indústria do especificador, desde que impossível retornar à forma primitiva Ex: Escultura em relação à pedra; Pintura em relação à tela etc. • Variáveis consideradas: a) Irredutibilidade da especificação b) Boa/Má-fé do especificador. • Se valor agregado for desproporcionalmente superior ao da matéria-prima, o especificador será proprietário da obra final, independente da intenção (boa/má-fé). Especificação Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova. § 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria- prima. § 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima. Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior. Especificação Efeito – A coisa nova será do: a) Especificador de boa-fé > se não puder voltar à forma anterior; b) Dono da matéria-prima > se especificador de má-fé + impossível voltar forma anterior c) Dono da matéria-prima > se puder voltar à forma antiga; d) Especificador (boa-fé ou má-fé) > podendo ou não ser reduzida à forma precedente se valor da mão-de-obra for consideravelmente maior do que o da matéria-prima. Obra de arte ou literária decorrente de especificação. • Coisa nova será do especificador se valor exceder consideravelmente o da matéria-prima alheia Ex: pintura em relação à tela escultura relativamente à matéria-prima, escritura / trabalho gráfico em relação à matéria-prima que os recebe. Coisa nova feita com matéria-prima alheia. • Lesado com especificação feita com matéria-prima alheia tem direito a indenização • Não há ressarcimento em favor do especificador de má-fé que utilizar material de outrem. • Dono do material adquire a coisa nova, isento de indenizar o especificador se a especificação foi feita de má-fé. Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente, quando irredutível a especificação. Especificação de má-fé e perda da indenização Confusão Mistura de coisas líquidas, de diferentes donos, sendo impossível separá-las. Comistão Consiste na mistura de coisas secas ou sólidas, pertencentes a diversos donos, de tal forma que não se possam separá-las e sem que se produza coisa nova. (Ex: café de duas qualidades) Adjunção Justaposição de uma coisa à outra, de modo que não mais torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração. Ex: anel de brilhantes Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer- lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. § 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado. § 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros. Art. 1.273. Se a confusão, comissão* ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado. Da confusão, da comistão* e da adjunção *Trata-se, na verdade, da comistão, e não comissão. Confusão. • Modo de acessão ou aquisição de direitos, • União de matérias líquidas , homogêneas, da mesma espécie ou qualidade (água com água; vinho com vinho), ou heterogêneas (água com vinho; vinho com mel) • Passam a formar um só todo - partes confundidas não se podem mais separar - não podem ser distinguidas. • Impossível separação dos elementos que se compõe. Pode ocorrer por: •Vontade dos proprietários •Vontade de somente um deles • Acaso. Vontade dos proprietários • Ocorre sociedade. • Sócios mantêm direito sobre o todo, na proporção das partes misturadas. Vontade de somente um deles • Em regra, domina o condomínio, desde que a confusão não permita separação, cabendo a cada um dos donos o quinhão proporcional ao valor da parte com que contribuiu para a mistura. Causada pelo acaso • Quando não gerar especificação usa hipóteses acima • Se ocorrer especificação pertencerá ao autor, podendo sujeitar à indenização as partes que se prejudicaram. Confusão ≠ Comistão e Adjunção. Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão* ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273. *comistão Formação de espécie nova. Se da mistura de matérias diferentes advier coisa nova, a confusão passará a ter, na verdade, natureza de especificação. Caso Concreto Adriano, contumaz receptador de veículos furtados, adquiriu um veículo Honda em janeiro de 2006, alterando-lhe a placa e o chassi. Desde então, Adriano vem utilizando contínua e ininterruptamente o veículo. No entanto, em maio de 2016 Adriano foi parado em uma blitz que apreendeu o veículo, mesmo tendo este afirmado que como já estava na posse do bem há mais de dez anos, tinha lhe adquirido a propriedade por usucapião. Pergunta-se: bens furtados ou roubados podem ser objeto de usucapião por pessoa que conhece sua origem? Justifique sua resposta. Questão objetiva 1 Sobre a aquisição e perda da propriedade, analise as afirmações abaixo: I - A usucapião é forma de aquisição de propriedade. II - A usucapião no direito brasileiro, quanto aos bens imóveis poderá ser, entre outras espécies, ordinária, extraordinária, urbana e rural. III - A aquisição da propriedade por especificação somente é aplicável aos bens móveis.Quais são corretas? a) Apenas I e II. b) Apenas I e III. c) Apenas II e III. d) Apenas II. e) Todas as alternativas. Questão objetiva 2 Sobre a descoberta e ocupação, é correto afirmar que: a. A apropriação de uma coisa sem dono (res nullius) constitui um negócio jurídico uma vez que resulta da intenção de assenhorar-se do bem. b. Para efetivar-se a ocupação é essencial a apreensão da coisa com as próprias mãos. c. A coisa perdida é suscetível de ocupação. d. O tesouro pode ser considerado na legislação brasileira uma forma de ocupação uma vez que pode ser caracterizado como res nullius ou res derelicta. e. O usufrutuário não terá direito à parte do tesouro encontrado por outrem, quando o usufruto recair sobre universalidade ou quota- parte de bens.
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