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RESUMO COMPLETO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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1
RESUMO COMPLETO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
SENTIDOS, CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA:
NOÇÕES TEÓRICAS
SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Nessa parte devemos conceituar Constituição. Lembrando que ao conceituar
qualquer instituto surgirão diversos critérios, não sendo um mais certo do que
o outro, talvez, no máximo, mais adequado. Procuramos trazer os que mais
aparecem nas provas. 
O conceito de constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do exame
do sentido ou concepções que ela pode apresentar. Tanto é que grande parte
dos autores prefere conceituar Constituição a partir das várias acepções
existentes. Essas acepções podem ser entendidas como concepções ou
sentidos de Constituição. 
DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O MAIS IMPORTANTE É
IDENTIFICAR QUEM FOI O PRECURSOR, QUAL FOI A OBRA ATRAVÉS
DA QUAL ELE SE TORNOU CONHECIDO, E QUAL FOI A IDEIA CENTRAL
QUE ELE DISSEMINOU.
 SENTIDO SOCIOLÓGICO
Tem como principal autor FERDINAND LASSALLE, que escreveu a obra “O
QUE É UMA CONSTITUIÇÃO”, na versão original em Português, defendendo
que a Constutição é A SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER QUE
REGEM UMA SOCIEDADE.
Essa obra foi publicada pela editora Lumem Juris com o título: “A ESSÊNCIA
DA CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro foi denominado ÜBER DIE
VERFASSUNG (SOBRE A CONSTITUIÇÃO). 
 SENTIDO POLÍTICO 
Quem mais se destacou foi o alemão CARL SCHMITT na obra “TEORIA DA
CONSTITUIÇÃO” (VERFASSUNGSLEBRE). 
Ele veio a dar uma resposta à concepção de LASSALE, definindo constituição
não em resumo ao que está na realidade, mas sim como O CONJUNTO DE
NORMAS, ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS, QUE SINTETIZAM
EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE UM
POVO.
2
No seu pensar, Constituição corresponde apenas a um conjunto de normas
referentes aos aspectos fundamentais do Estado, que ele denomina de
decisões políticas fundamentais: organização do Estado, organização
dos Poderes e direitos e garantias fundamentais.
 SENTIDO JURÍDICO 
O expoente foi o austríaco HANS KELSEN, baluarte deste sentido jurídico.
Dentre suas inúmeras obras, a mais significativa foi a chamada “TEORIA
PURA DO DIREITO”. KELSEN DEFINE A CONSTITUIÇÃO, NUMA ÓTICA
ALTAMENTE NORMATIVISTA, COMO FUNDAMENTO DE VALIDADE DE
TODO O ORDENAMENTO JURÍDICO.
Para KELSEN, a Constituição é NORMA PURA, INSERIDA NO PLANO DO
DEVER SER, E DESPROVIDA DE QUALQUER CONTEÚDO SOCIAL OU
POLÍTICO.
Na lição do autor, Constituição se caracteriza como FRUTO DA VONTADE
RACIONAL DO HOMES, E NÃO DAS LEIS NATURAIS.
Para ele, a CF teria como norma fundacional a norma hipotética
fundamental.
Nesse sentido, a concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois
sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. 
 LÓGICO-JURÍDICO = Constiutuição significa norma hipotética
fundamental, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental
de validade da Constituição jurídico-positiva. Plano suposto (norma
suposta). 
 JURÍDICO-POSITIVO = Constituição equivale à norma positiva
suprema, à norma posta, à norma positivada. 
 SENTIDO CULTURAL, CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL 
A concepção culturalista conduz a um conceito de Constituição Total.
Sentido ideal é a mescla, junção, convergência dos sentidos anteriores. 
Para explicar seu sentido se invoca duas obras e autores que se relacionam
com ele: 
1. KONRAD HESSE – A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITTUIÇÃO 
2. PETER HÄBERLE – A SOCIEDADE ABERTA DE INTÉRPRETES 
No Brasil, PAULO BONAVIDES atesta que não adianta termos uma
constituição estanque em um só dos sentidos. É precioso aliar a força
normativa da Constituição, com o respeito e a efetivação do seu conteúdo.
3
Por isso, pode-se encontrar o sentido ideal com o nome de SENTIDO
CULTURAL DE CONSTITUÇÃO.
SENTIDO SOCIOLÓGICO SENTIDO POLÍTICO SENTIDO JURÍDICO 
 F E R D I N A N D
LASSALLE, 
Obra “O QUE É UMA
CONSTITUIÇÃO”,
 Constituição é A SOMA
DOS FATORES REAIS
DE PODER QUE REGEM
UMA SOCIEDADE.
CARL SCHMITT
Obra “TEORIA DA
CONSTITUIÇÃO”
 O CONJUNTO DE
NORMAS, ESCRITAS OU
NÃO ESCRITAS, QUE
S I N T E T I Z A M
EXCLUSIVAMENTE AS
DECISÕES POLÍTICAS
FUNDAMENTAIS DE UM
POVO.
 Constituição
corresponde apenas a um
conjunto de normas
referentes aos aspectos
fundamentais do Estado,
que ele denomina de
decisões políticas
fundamentais:
organização do Estado,
organização dos
Poderes e direitos e
garantias fundamentais.
HANS KELSEN
 Obra “TEORIA PURA
DO DIREITO”.
DEFINE A
CONSTITUIÇÃO, NUMA
ÓTICA ALTAMENTE
NORMATIVISTA, COMO
FUNDAMENTO DE
VALIDADE DE TODO O
O R D E N A M E N T O
JURÍDICO.
 Constituição é NORMA
PURA, INSERIDA NO
PLANO DO DEVER SER,
E DESPROVIDA DE
QUALQUER CONTEÚDO
SOCIAL OU POLÍTICO.
 a CF teria como
norma fundacional a
norma hipotética
fundamental.
Nesse sentido, a
concepção de Kelsen
toma a palavra
Constituição em dois
sentidos: no
lógico-jurídico e no
jurídico-positivo.
 LÓGICO-JURÍDICO =
Constiutuição significa
norma hipotética
fundamental, cuja função
é servir de fundamento
lógico transcendental de
validade da Constituição
jurídico-positiva. Plano
suposto (norma suposta). 
4
JURÍDICO-POSITIVO =
Constituição equivale à
norma positiva suprema,
à norma posta, à norma
positivada. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
1- QUANTO AO CONTEÚDO:
 MATERIAL 
É o conjunto de normas escritas ou não escritas (costumeiras), fundadas
em textos ou em meros costumes, que se limitam a dispor sobre a estrutura do
Estado, organização do poder e dos direitos e garantias fundamentais. 
 FORMAL
É conjunto de normas necessariamente escritas, plasmadas em um
documento formalmente elaborado pelo poder constituinte, tenham ou não
valor constitucional material. 
2- QUANTO À FORMA:
 ESCRITA (INSTRUMENTAL)
É aquela cujas normas são dispostas, racional e solenemente, em um único
documento ou instrumento que as consolida e sistematiza. 
 NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA) 
É aquela cujas normas podem se assentar em costumes, em textos esparsos
ou extravagantes e nas decisões dos tribunais. 
3- QUANTO À ORIGEM:
 DEMOCRÁTICA (VOTADA, POPULAR ou PROMULGADA)
É aquela cuja origem teve a decisiva participação do povo, que, por meio da
eleição de representantes legítimos, compõem um órgão constituinte. 
 NÃO DEMOCRÁTICA (IMPOSTA, CARTA POLÍTICA ou OUTORGADA) 
É aquela que na origem não teve qualquer participação do povo. São
impostas pelos governantes e, normalmente, são designadas pela doutrina de
CARTAS. 
 CESARISTA
5
É ideia de José Afonso da Silva, para quem, tais constituições são aquelas
elaboradas por um ditador, junta militar, porém, dependente de uma aprovação
popular. 
 PACTUADA 
É aquela firmada por um compromisso, um pacto entre duas forças políticas
adversárias. 
4- QUANTO À ESTABILIDADE (CONSISTÊNCIA ou MUTABILIDADE):
 IMUTÁVEL
Não prevê nenhum processo de alteração de suas normas, sob o
fundamento de que a vontade do poder constituinte exaure-se com a
manifestação da atividade originária. 
 FIXA
É aquela cuja alteração está condicionada à convocação do próprio poder
constituinte originário, circunstância que implica, não em alteração, mas em
elaboração, propriamente, de uma nova ordem constitucional. 
 RÍGIDA
É aquela que admite alteração, todavia, somente através de um processo
legislativo mais solene, especial, e muito mais difícil que o processo legislativo
de elaboração das leis. 
 FLEXÍVEL
É aquela que admite alteração pelo mesmo processo legislativo de alteração
das leis. 
 SEMI-RÍGIDA /SEMI-FLEXÍVEL 
É aquela que separa, por categorias, as normas submetidas ao processo
gravoso e aquelas submetidas ao processo simplificado. É parcialmente rígida
e parcialmente flexível. 
OBS1: A MAIORIA DAS CONSTITUIÇÕES DO MUNDO É RÍGIDA. 
OBS2: TODAS AS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS DO BRASIL FORAM
RÍGIDAS. 
OBS3: ACF DO IMPÉRIO DE 1824, TODAVIA, FOI SEMI-RÍGIDA, POR
FORÇA DO SEU ART. 178. 
6
OBS4: AS CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS, POR SEU TURNO, NÃO SE
SUBMETEM AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, ISTO PORQUE
NÃO HÁ SUPREMACIA E PARADIGMA.
5- QUANTO À EXTENSÃO:
 SINTÉTICA (CONCISA) 
É aquela que só traz o núcleo básico do texto constitucional. 
 ANALÍTICA (PROLIXA) 
Aquela que trata de vários temas de forma minuciosa, definindo, largamente,
os fins atribuídos ao Estado. 
6- QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:
DOGMÁTICA
É aquela que, sempre escrita, resulta de uma manifestação constituinte
ocorrida num determinado e exato momento da história política de um país que
acolhe. 
 HISTÓRICA
É aquela sempre não escrita e resulta de uma lenta e contínua evolução
das tradições e costumes de um povo. 
7- QUANTO À IDEOLOGIA (DOGMÁTICA ou CARGA IDEOLÓGICA):
 ORTODOXA
É aquela que resulta da consagração de uma só ideologia. 
 ECLÉTICA (PLURALISTA ou COMPROMISSÓRIA) 
É aquela que é plural, aberta a várias ideologias, logra conciliar várias idéias
ou ideologias, muitas das quais aparentemente contraditórias, mas esse é o
espírito das constituições plurais ou plúrimas. 
8- QUANTO À ESSÊNCIA (MODO DE SER ou CLASSIFICAÇÃO
ONTOLÓGICA):
 NORMATIVA (com valor jurídico) 
Seria aquela perfeitamente adaptada ao fato social. 
Além de juridicamente válida, ela estaria em total consonância com o processo
político. KARL LOEWENSTEIN (idealizador dessa classificação ontológica –
em sua obra Teoría de La Consttuición), comprava o texto constitucional
normativo, a uma roupa que assenta bem, que realmente veste bem. 
 SEMÂNTICA (utilizada apenas para justificar juridicamente o
exercício autoritário do poder) 
7
Encontra-se submersa ao poder político prevalecente. Trata-se de um
documento formal, criado para beneficiar os detentores do poder de fato, que
dispõe dos meios para coagir os governados. 
Aqui KARL LOEWENSTEIN comparava o texto normativo com uma roupa que
não veste bem, mas que dissimula, esconde, disfarça os seus defeitos. 
 NOMINAIS (com valor jurídico) 
Nela a dinâmica do processo político não se adapta a suas normas, embora
ela conserve, em sua estrutura, um caráter educativo, com vistas ao futuro da
sociedade. 
Seria uma constituição prospectiva, vale dizer, voltada para um dia ser
realizada na prática. É como se fosse uma roupa guardada no armário, que
será vestida futuramente, quando o corpo nacional tiver crescido. 
OBS: Até hoje não tivemos um texto constitucional normativo. A CF/88,
sem dúvida, é nominal. Esperamos, um dia, por uma constituição
normativa, em consonância com a vida, com os fatores de transformação
da sociedade, para valer na prática, produzindo resultados concretos no
plano da vida.
A CF/88 PRETENDE SER NORMATIVA (GUILHERME PEÑA DE MORAES /
PEDRO LENZA)
9- QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO:
 UNITÁRIA
Também são denominadas de reduzidas, unitextuais ou codificadas. É
aquela em que a sistematização das matérias apresenta-se num instrumento
único e exaustivo de todo o seu conteúdo. 
Ex. Todas as constituições brasileiras. 
 VARIADA 
Também chamadas de não codificadas ou legais, encontram-se previstas
em textos esparsos. 
10 – QUANTO À FUNÇÃO OU FINALIDADE (MANOEL GONÇALVES
FERREIRA FILHO)
 CONSTITUIÇÃO GARANTIA 
Busca garantir a liberdade, limitando o poder. É aquela que possui um
mínimo de garantismo. 
 CONSTITUIÇÃO BALANÇO 
É aquela destinada a registrar um dado estágio nas relações de poder no
Estado. A Constituição é elaborada para espelhar certo período político, findo
o qual é elaborado outro texto constitucional. 
8
 CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE 
De texto denso (analíticas) é aquela que estabelece um projeto de Estado.
É aquela que estabelece programas de ação governamental e de
implementação de direitos, de um ideal social, bem como princípios a serem
observados. É a CF/88. 
Essa Constituição dirigente é caracterizada pela presença no texto de
normas programáticas. São normas que têm como destinatários diretos não
os indivíduos, mas os órgãos estatais, requerendo destes a atuação numa
determinada direção, apontada pelo legislador constituinte. 
11 – QUANTO AO SISTEMA
 PRINCIPIOLÓGICA
Predominam os princípios, identificados como normas constitucionais
providas de alto grau de abstração, consagradores de valores. 
 PRECEITUAL 
Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais
revestidas de pouco grau de abstração. 
Constituição 
Brasileira de 1988
Conteúdo: Formal 
Forma: Escrita 
Origem: Democrática 
Estabilidade: Rígida 
Extensão: Analítica 
Elaboração: Dogmática 
Ideologia: Eclética 
Essência: Nominal 
Sistematização: Unitária 
Função: Dirigente 
Sistema: Principiológica
9
10
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
O objeto e o conteúdo podem ser inferidos títulos. 
A Constituição tem 9 títulos. 
A estrutura é composta pelo preâmbulo, parte transitória e parte dogmática. 
 PREÂMBULO 
Preâmbulo é a parte precedente de uma Constituição que pré anuncia a
carga ideológica da mesma, os valores que ela prestigia e os fins por ela
estabelecidos. 
Preâmbulo é um anúncio prévio do que virá. 
Segundo o STF, o preâmbulo não tem força coercitiva e, portanto, não
pode servir de parâmetro para o exercício do controle de
constitucionalidade. 
As Constituições Estaduais e as leis orgânicas municipais podem ou não
apresentar preâmbulo, pois não se trata de norma de repetição obrigatória.
11
Para o Supremo, o preâmbulo é mero instrumento de interpretação, não
tem força obrigatória, não é de repetição obrigatória. 
Situa-se no domínio da política, e não do direito. 
Por oportuno, já se questionou se a menção a Deus no preâmbulo viola a
ideia de Estado laico. O STF disse que não. Vale lembrar que o Estado é laico,
leigo ou não confessional, mas a nação não. Esta não é laica. 
Assim, a finalidade da norma preambular é interpretativa. 
Preâmbulo serve para dirimir conflitos, antinomias entre normas
constitucionais. 
 PARTE DOGMÁTICA 
A carta é dogmática, pois apresenta condutas que representam concepções
políticas. A CF é dogmática em 250 artigos e 9 títulos.
A disposição dos títulos da CF demonstra como existe hierarquia material
entre as normas constitucionais (e isso é pacífico), muito embora no aspecto
formal não exista hierarquia. 
É fácil observar que as normas constitucionais mais importantes estão no
início da CF. 
 PARTE TRANSITÓRIA (ADCT) 
As normas que integram o ADCT são normas de validade pré-determinada,
transitórias. São normas que têm um início, meio e fim pré-definidos. A
validade é previamente definida. 
Quando seus objetos são alcançados, elas deixam de ser importante, afinal,
o motivo para o qual foram criadas já não mais existe. São normas que ficam
flutuando na Constituição. 
Tem força obrigatória. Tem força obrigatória, vinculante, coercitivo.
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Preâmbulo. 
 - Títulos: I, II, III e IV. 
 - Art. 60. 
 - Art. 242, § 2º. 
 - ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
 - STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 2076 / “Invocação da
proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na
Constituição estadual, não tendo força normativa”. 
12
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Diz-se outorgada a constituição
que surge sem a participação popular. 
II. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Considerando-se a classificação
das normas constitucionais em formais e materiais, seriam dessa última
categoria, sobretudo as normas concernentes à estrutura e à organização do
Estado, à regulação do exercício do poder e aos direitos fundamentais. Desse
ângulo, outras normas, ainda que inseridas no corpo da Constituição escrita,seriam constitucionais tão somente do ponto de vista formal. 
III. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) A invocação a Deus,
presente no preâmbulo da CF, reflete um sentimento religioso, o que não
enfraquece o fato de o Estado brasileiro ser laico, ou seja, um Estado em que
há liberdade de consciência e de crença, onde ninguém é privado de direitos
por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica. 
IV. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) O preâmbulo
constitucional possui destacada relevância jurídica, situando-se no âmbito do
direito e não simplesmente no domínio da política. 
V. (PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/CESPE/2009) O preâmbulo
constitucional, segundo entendimento do STF, tem eficácia jurídica plena,
consistindo em norma de repetição obrigatória nas constituições estaduais. 
GABARITO 
I. C 
II. C 
III. C 
IV. E 
V. E
“Esperar não é perder tempo, é perceber que há tempo pra tudo.”
 PODER CONSTITUINTE
NOÇÕES TEÓRICAS 
PODER CONSTITUINTE
1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE
Poder constituinte é o poder de elaborar (poder originário) ou atualizar
(poder derivado) uma Constituição, através da supressão, modificação ou
acréscimo de normas constitucionais.
13
No Brasil, no verbo elaborar, é possível afirmar que nós já ultrapassamos oito
exercícios do poder constituinte originário: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946,
1967, 1969, 1988. 
OBS.: Vale lembrar que a CF/69 formalmente era uma emenda, mas
materialmente era uma Constituição.
2. ORIGENS DA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
O grande teórico do poder constituinte foi o abade Emmanuel Joseph
Sieyès, através do seu panfleto denominado “Que é o terceiro Estado?”. Foi
nessa obra que o abade, pela primeira vez, na antevéspera da Revolução
Francesa, diferenciou o poder constituinte dos poderes constituídos. 
3. TITULARIDADE
Em sua obrar, o abade Sieyès apontava como titular do poder constituinte a
nação. 
Para provas adotar o entendimento de que a titularidade do poder
constituinte pertence ao povo (posicionamento tranquilamente majoritário na
doutrina moderna). 
Assim, seguindo a tendência moderna, o parágrafo único do art. 1º da CF/88
estabelece que todo poder emana do povo. 
OBS.: Vale ressaltar, por oportuno, que no tocante ao poder constituinte,
a titularidade é aspecto distinto do exercício.
Assim, o titular desse poder nem sempre é quem o exerce. 
4. ESPÉCIES
Para a doutrina mais avançada, o poder constituinte é uno e indivisível. Só
existe um poder constituinte. Nesse sentido, tais autores entendem que não
existe grau de poder constituinte. É o caso de CELSO ANTÔNIO, PAULO
BONAVIDES, EDVALDO BRITO. CUIDADO: NÃO ADOTAR ESTE
POSICIONAMENTO EM PROVA!
Já para a doutrina voltada para os concursos públicos, o poder constituinte
pode ser dividido em: originário e derivado.
4.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
 CONCEITO
Também pode ser chamado inicial, inaugural ou de primeiro grau. 
14
É aquele poder que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por
completo com a ordem jurídica precedente.
O objetivo fundamental do poder constituinte originário, portanto, é criar
um novo Estado, diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do
poder constituinte precedente. 
Este poder constituinte está acima da própria CF, e corresponde à vontade
do titular do Poder Constituinte. Ele é anterior e posterior à própria
Constituição. 
 SUBDIVISÃO
 Histórico = seria o verdadeiro poder constituinte originário,
estruturando, pela primeira vez, o Estado. 
 Revolucionário = seriam todos os posteriores ao histórico,
rompendo por completo com a antiga ordem e instaurando uma
nova, um novo Estado. 
 CARACTERÍSTICAS 
INICIAL = porque inaugura uma nova ordem jurídica rompendo com a
anterior. Por isso se diz que o poder originário é constituinte e desconstituinte.
AUTÔNOMO = porque só ao seu exercente cabe fixar os termos em que a
nova Constituição será estabelecida e qual o Direito deverá ser implantado. 
ILIMITADO = porque é soberano e não sofre qualquer limitação prévia
imposta pelo direito anterior. 
OBS: A doutrina contemporânea entende que há sim limites ao poder
constituinte originário. Para CANOTILHO, o poder constituinte originário é
estruturado e obedece a padrões e modelos de condutas espirituais, culturais,
éticos e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade e,
nesta medida, considerados como “vontade do povo”. 
Fala, ainda, o constitucionalista Português, na necessidade de observância de
princípios de justiça (suprapositivos ou supralegais), e princípios do
direito internacional, quais sejam o princípio da independência, da
autodeterminação e o princípio da observância de direitos humanos. 
OBS: COMO O BRASIL ADOTOU A CORRENTE POSITIVISTA, NEM
MESMO O DIREITO NATURAL LIMITARIA A ATUAÇÃO DO PODER
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.
INCONDICIONADO = porque não tem de se submeter a qualquer forma
prefixada de manifestação. 
15
Em síntese: trata-se de um poder de fato, político energia ou força
social e tem natureza pré-jurídica. 
 FORMAS DE EXPRESSÃO OU MANIFESTAÇÃO 
 ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE OU CONVENÇÃO = nasce da
deliberação da representação popular. Brasil: 1891, 1934, 1946 e 1988. 
OUTORGA = caracterizada pela declaração unilateral do agente
revolucionário, quando há usurpação do poder constituinte do povo. Brasil:
1824, 1937, 1967-1969;
 4.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO
 CONCEITO
 Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é criado e
instituído pelo originário, sendo também denominado instituído, constituído,
secundário e de segundo grau. 
Enquanto o originário está acima da CF, este poder derivado encontra-se
inserto na própria Carta. 
Assim, ao contrário do seu criador, que é ilimitado, incondicionado e inicial, o
derivado deve obedecer as regras impostas pelo originário. 
 CARACTERÍSTICAS 
 DERIVADO = porque deriva do poder constituinte originário. 
 LIMITADO = porque a Constituição lhe impõe limitações. 
CONDICIONADO = porque só pode se manifestar de acordo com as
formalidades traçadas na Constituição. 
 ESPÉCIES 
Este poder divide-se em poder reformador e decorrente: 
 REFORMADOR – consiste no poder de alterar e atualizar a
constituição. 
A CF admite duas formas de alteração: mediante emendas
constitucionais e revisão constitucional. 
 EMENDAS = Emendas são alterações pontuais do texto constitucional,
cujo procedimento se encontra previsto na própria Constituição. 
16
 REVISÕES = A revisão se destina à alteração global e geral do texto
constitucional, por meio de formalidades mais simples do que as concernentes
às emendas. 
No entanto, a previsão da revisão constitucional foi excepcional e autorizada
para ocorrer uma única vez, em data pré-estabelecida (a partir de cinco anos
após a promulgação da Constituição). 
Essa única revisão pela qual passou a Constituição resultou em 6 emendas
de revisão. 
 DECORRENTE – Traduz-se no poder que têm os Estados membros de
elaborarem suas próprias Constituições Estaduais, e o Distrito Federal de
elaborar a sua lei orgânica distrital.
Tal competência decorre da capacidade de auto-organização, prevista no
art. 25, caput, da CF/88: “os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios dessa
Constituição”.
E o que deve ser entendido por princípios dessa Constituição? Quais são os
limites à manifestação do poder constituinte derivado decorrente? São eles: 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS (APONTADOS OU
ENUMERADOS)
São os limites fixados no art. 34, VII, “a” – “e”. 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS
(ORGANIZATÓRIOS)
São aqueles que vedam a ação indiscriminada do poder constituinte
decorrente, por isso funcionam como balizas reguladoras da capacidade de
auto-organização dos Estados. Ex. repartição de competência, sistema
tributário, organização dos poderes, direitos políticos, direitos de
nacionalidade, etc. 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXTENSÍVEIS
São aqueles que integram a estrutura da federação brasileira,
relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura dos cargos eletivos,
17
processo legislativo, orçamento, preceitos ligados à administração pública, etc.
A CE tem que respeitar, necessariamente, a CF. Tanto é assim que ela está
submetida ao controle de constitucionalidade. 
Os municípios possuem leis orgânicas, que não se equiparam às
constituições. Por isso, não exercem poder decorrente, até porque não
existe poder constituinte decorrente, decorrente. As leis orgânicas têm de
respeitar tanto a CE, como a CF.
O DF possui lei orgânica. Como se sabe, o DF acumula tanto competências
estaduais como municipais. 
Nesse sentido, o DF exerce o poder constituinte derivado decorrente em
parte. Haja vista que, como visto, também acumula competência estadual.
Assim, naquilo que a lei orgânica trata de competência estadual, há exercício
do poder constituinte derivado decorrente. 
OBS: PARA LENZA (mudando de opinião) E DIRLEY, O PODER
CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE NÃO SÓ É EXERCIDO PELOS
ESTADOS MESMBROS, MAS TAMBÉM PELO DISTRITO FEDERAL. 
A norma constitucional ainda pode sofrer modificação sem alteração
expressa do seu texto, mudando-se apenas o sentido interpretativo. Esse
fenômeno se chama mutação constitucional, interpretação constitucional
evolutiva ou poder constituinte difuso.
Com a mutação constitucional não se muda o texto, mas sim o alcance
do sentido interpretativo da norma, por necessidade do contexto. 
 5. LIMITES AO PODER REFORMADOR 
Tais limites estão previstos no art. 60 da CF. Os limites são em número de 4,
e foi o poder constituinte originário quem os definiu. 
 5.1 LIMITES MATERIAIS 
Correspondem às cláusulas pétreas, previstas no art. 60, § 4º, da CF.
Art. 60. (...)
§ 4.º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
OBS: MUITO EMBORA A CONSTITUIÇÃO DIGA QUE AS CLÁUSULAS
PÉTREAS NÃO PODEM SER ABOLIDAS, ESTA LIMITAÇÃO NÃO SE
18
ESTENDE AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. NESSE SENTIDO
PODE-SE AFIRMAR QUE NÃO HÁ CLÁUSULAS IMUTÁVEIS.
Vale lembrar que as emendas constitucionais (exercício do poder constituinte
derivado reformador), não podem abolir uma cláusula pétrea, mas podem
modificá-la. Pode modificar, por exemplo, para ampliar as cláusulas pétreas.
Ex. ampliação do rol dos direitos fundamentais, a exemplo do direito à moradia
que veio com a EC 26/2000. Lembrar que a alimentação foi inserida como
direito social com a EC 64/10. 
Uma EC pode restringir um direito fundamental, dês que amplie outro. Se
abolir ou apenas restringir, será inconstitucional. 
As limitações materiais são: 
a) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO
Forma de governo e sistemas de governo não constituem cláusulas pétreas. 
b) VOTO DIREITO, SECRETO, UNIVERSAL e PERIÓDICO
O voto obrigatório não constitui cláusula pétrea. Ou seja, uma emenda
constitucional pode vir a determinar que o voto seja facultativo. 
c) SEPARAÇÃO DOS PODERES
Corresponde ao princípio da separação dos poderes, idealizado por
Aristóteles, passado para John Lock, passado para Montesquieu, que levou a
fama na obra “O espírito das leis”. 
Assim, também pode vir chamada de separação das funções estatais.
Hodiernamente, também com esta nomenclatura o doutrinador alemão KARL
LOEWENSTEIN. 
Essa expressão, inclusive, é mais adequada, pois não há separação
estanque entre os poderes, afinal cada poder possui suas funções típicas e
atípicas. 
d) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
Houve aí uma grande atecnia. Incorre em erro o legislador a se referir
apenas aos direitos e garantias individuais, quando melhor seria ter feito
referência a todos os direitos fundamentais, que é gênero do qual “direitos
individuais e coletivos” são espécies. 
Os direitos fundamentais se dividem em 5 modalidades, e todas devem
ser consideradas cláusulas pétreas. 
 Direitos individuais e coletivos – art. 5º; 
 Direitos sociais – art. 6º ao 11; 
 Direitos relativos à nacionalidade – arts. 12 ao 13; 
 Direitos políticos – arts. 14 ao 16; 
 Direitos dos partidos políticos – art. 17. 
19
Mas caso a pergunta seja de acordo com a literalidade da Constituição,
deve-se marcar apenas os direitos e garantias individuais. 
0BS.: Em síntese: é pacífico que todos os direitos fundamentais são
cláusulas pétreas, mas expressamente a CF só se refere aos direitos e
garantias individuais.
 5.2 LIMITES CIRCUNSTANCIAIS 
Estes estão presentes no art. 60, § 1º, e consistem nos períodos de
instabilidade política, econômica e social que legitimam o Presidente da
República a editar decreto que instaure a intervenção federal, estado de
defesa e estado de sítio.
Em períodos tão instáveis a CF não pode vir a ser alterada. Enquanto
perdurar alguma dessas situações, uma PEC poderá até ser discutida, muito
embora não possa ser aprovada.
Art. 60. (...)
§ 1.º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
 5.3 LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS 
a) QUANTO À LEGITIMIDADE PARA ENCAMINHAMENTO DE PEC’S
Os legitimados para o encaminhamento são os elencados nos incisos I, II e
III do art. 60 da CF. I) Presidente da República; II) 1/3, no mínimo, dos
membros da Câmara do Deputados (171 de 513) ou do Senado Federal (27 de
81); III) mais da metade das assembleias legislativas das unidades da
federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus
membros. 
Não cabe iniciativa popular para alterar a Constituição Federal. 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
Já as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas admitem alteração por
iniciativa popular. 
OBS: SEGUNDO O STF, SÓ É ADMITIDO O PRINCÍPIO DA SIMETRIA OU
PARALELISMO CONSTITUCIONAL DE NORMA SUPERIOR PARA NORMA
INFERIOR. ASSIM, NÃO PODERÁ UMA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
20
SERVIR DE PARÂMETRO PARA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POR ISSO
QUE NÃO CABE EMENDA POR INICIATIVA POPULAR.
b) QUANTO AO PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS
É encaminhada para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Depende
de quem seja a iniciativa. Devem ser discutidas duas vezes, com 3/5 de
aprovação (308 na CD e 49 no SF). 
Quem promulga são as mesas da Câmara ou do Senado. 
A única participação do Presidente da República é quando ele propõe a
PEC. 
Quando o texto de uma PEC é rejeitado ele só poderá ser objeto de nova
proposta na próxima sessão legislativa. 
Sessão legislativa não se confunde com legislatura.
 Uma legislatura é composta de quatro sessões legislativa e cada
uma delas é composta de dois períodos legislativos. 
 O primeiro período legislativo vai de 02/02 a 17/07 e de 01/08 a 22/12. 
As emendas constitucionaisdevem ser discutidas 2 vezes, em cada casa
legislativa, com o quórum de aprovação de 3/5 de seus membros. Caso a EC
seja emendada, a reemenda também precisa ser discutida 2 vezes e aprovada
com o quórum de 3/5. 
Lei complementar e lei ordinária quem promulga é o Presidente, mas quem
promulga as emendas são as mesas da Câmara e do Senado. 
 5.4 LIMITAÇÃO TEMPRORAL 
Traduz-se no interstício durante o qual a lei fundamental não poderá ser
objeto de alteração. 
A nossa atual Carta Magna não estabeleceu qualquer limitação temporal para
alteração. Nesse sentido, tendo sido promulgada em 5 de outubro de 88, no
dia 6 a CF já poderia receber uma emenda constitucional. 
Todavia, essa mesma Constituição estabeleceu no art. 3º do ADCT limitação
temporal quanto às revisões. 
Previu que tais revisões seriam realizadas após 5 anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Acerca dos limites para essas revisões, a teoria prevalecente foi a que
estabeleceu como limite material o mesmo limite determinado ao poder
21
constituinte derivado reformador, qual seja, o limite material das cláusulas
pétreas. 
O ano em que ocorreram as revisões foi o imediatamente subsequente ao
quinto ano da promulgação, logo, 1994. Assim, todas as seis revisões
ocorreram em 1994. 
Mas, como visto, quanto às emendas constitucionais, não houve limitação
temporal. 
Do jeito que a CF se encontra, não é possível mais emendas de revisão. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 - Art. 34, VII 
 - Art. 60 – com todos os incisos e parágrafos. 
 - ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: 
 Art. 3º. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
 STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 939 / Cláusulas
pétreas. 
 STF / Recurso Extraordinário – RE 587008 / “O poder constituinte
derivado não é ilimitado, visto que se submete ao processo consignado
no art. 60, §§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais,
circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do aludido artigo. A
anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa
uma das garantias fundamentais do contribuinte, traduzindo uma
limitação ao poder impositivo do Estado”. 
QUESTÕES CORRELATAS
I. (TCE-ES/PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS/CESPE/2009) No tocante
ao poder constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo
que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-jurídica. 
II. (MP/PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2008) A CF prevê expressamente o
poder de reforma, o qual materializa o poder constituinte derivado. 
III. (STF/ANALISTA/2008) Um deputado federal pretende cumprir um
compromisso de campanha de fazer uma emenda à CF visando alterar o
sistema Tributário Nacional, o qual considera muito complexo e oneroso para a
sociedade. Essa proposição legislativa deve ser apresentada na Câmara dos
Deputados subscrita por, pelo menos, um terço dos deputados federais. 
IV. (STF/ANALISTA/2008) A CF, conforme seu próprio texto, pode ser
emendada por meio de iniciativa popular, desde que o projeto seja subscrito
por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, cinco
estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. 
V. (TRF5/JUIZ/2009) A CF admite emenda constitucional pode meio de
iniciativa popular. 
22
GABARITO 
I. C 
II. C 
III. C 
IV. E 
V. E 
“Nenhum obstáculo será tão grande, se a sua vontade de vencer for
maior.”
APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
NOÇÕES TEÓRICAS
APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
1. APLICABILIDADE
a) IMEDIATA
Normas de aplicabilidade imediata são aquelas autoexecutáveis. 
São as normas que não dependem de outras para produzir efeitos. É aquela
norma que em si só já basta. 
b) MEDIATA
São normas não autoexecutáveis. Exigem um regramento posterior para que
possam produzir efeitos sociais. Precisa desse arcabouço posterior. 
A sistematização de JOSÉ AFONSO DA SILVA no que tange à aplicabilidade
eficácia das normas é falível e contraditória, em que pese ser aceita no STF. 
A principal crítica que se dispara é a alocação das normas programáticas
como espécie das normas de eficácia limitada. 
2. EFICÁCIA
a) JURÍDICA
É a norma na sua literalidade. É o texto codificado. Todas as normas
constitucionais, só pelo aspecto formal, ou seja, por estarem inseridas na
Constituição, possuem a eficácia jurídica. 
A eficácia jurídica corresponde à irradiação de efeitos da norma
constitucional perante o ordenamento jurídico. Todas as normas que estão
inseridas na Constituição têm status de lei fundamental, no aspecto formal,
independentemente da correspondência perante a sociedade. 
b) SOCIAL
23
É a norma que tem ressonância na sociedade. Por isso se diz norma de
eficácia social. Há normas que estão na constituição, mas não possuem
eficácia social. 
A eficácia social consiste na efetividade da norma constitucional, ou seja, a
norma que é sentida e reconhecida pelo cidadão. 
Ex. art. 7º, IV – tem eficácia jurídica, mas não tem eficácia social (norma do
salário mínimo). 
OBS: NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL COMPLETAMENTE
DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. UMA NORMA PODE ATÉ NÃO POSSUIR
EFICÁCIA SOCIAL, MAS CERTAMENTE POSSUIRÁ A CHAMADA EFICÁCIA
JURÍDICA, QUE É A APTIDÃO PARA CONDICIONAR O ORDENAMENTO
JURÍDICO.
3. CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR JOSÉ AFONSO DA SILVA –
ADOTADA NO STF
a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA
É aquela que desde a sua entrada em vigor, está apta a produzir todos os
seus efeitos. 
É norma de aplicabilidade direta, imediata e de efeitos integrais, que só
poderá sofrer limitações por outra norma constitucional, ou seja, outra norma
do mesmo patamar. 
Como exemplos a doutrina aponta normas que criam órgãos ou atribuem
competências (art. 2º, 19, 20, 21, 22, 24, etc.). 
b) NORMA DE EFCÁCIA CONTIDA
Chamada de norma de eficácia redutível, restringível ou prospectiva,
também é aquela norma que desde a sua vigência está apta a produzir todos
os seus efeitos, todavia PODERÁ TER SUA ABRANGÊNCIA REDUZIDA
POR OUTRAS NORMAS (constitucionais ou infraconstitucionais). 
Assim, também tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não
integral (pois poderá sofrer mitigações).
O exemplo mais clássico é o art. 5º, XIII da CF, que afirma ser livre o exercício
de qualquer trabalho ofício ou profissão, nos termos e limites que a lei
estabelecer. 
c) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA
São aquelas que desde a sua promulgação não estão aptas a produzir
todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional. 
É norma de aplicabilidade indireta, mediata, reduzida ou diferida.
Depende de regramento posterior para apresentar eficácia social. 
Vale lembrar que tais normas possuem o mínimo efeito de vincular o legislador
infraconstitucional aos seus vetores. 
As normas de eficácia limitada se dividem em dois grupos:
24
a) INSTITUTIVA OU ORGANIZATIVA – São aquelas que englobam a
organização dos poderes e do Estado. Ex. art. 33, 88, 91, § 2º da CF. 
São normas que contêm esquemas gerais de estruturação de instituições,
órgãos ou entidades. Ex. art. 18, §2º, 33, 102, §1º. 
b) PROGRAMÁTICA – São aquelas que se revestem sob a forma de
promessas ou programas a serem desempenhados pelo Estado para a
consecução dos seus fins sociais. 
São políticas públicas a serem adotadas pelo Estado, que dependem de um
orçamento estabelecido. Ex. art. 3º da CF. Ex. direito à saúde, educação,
cultura, ciência e tecnologia, etc. 
É a norma que informa uma aspiração. Não é porque é programática que
não é imperativa. Elas também são cogentes e devem ser efetivadas. 
OBS: NOVAS NOMENCLATURAS. 
MARIA HELENA ainda acrescenta à classificação as normas supereficazes
ou com eficácia absoluta.Assim são chamadas porque contêm uma força paralisante de toda e
qualquer legislação que, explicita ou implicitamente vier a contrariá-las. 
Essas normas se perfazem nas chamas cláusulas pétreas. 
Ainda com a professora MARIA HELENA DINIZ (opinião também de UADI
LAMMÊGO BULOS), normas constitucionais de eficácia exaurida (ou
esvaída) e aplicabilidade esgotada são aquelas, como o próprio nome sugere,
que já extinguiram a produção de seus efeitos, por isso estão esgotadas. São
próprias do ADCT, notadamente as normas que já cumpriram o papel, encargo
ou tarefa para a qual foram propostas. 
Você é do tamanho dos seus sonhos.
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Segundo o constitucionalista português J. J. Gomes Canotilho, seis são os
diferentes métodos através dos quais é possível realizar a intepretação
constitucional, quais sejam: o método jurídico ou hermenêutico clássico;
o tópico-problemático; o hermenêutico-concretizador; o
científico-espiritual; o normativo-estruturante e o método da comparação
constitucional.
25
Para ele, a interpretação das normas constitucionais nada mais é do que um
conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, com
base em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas)
diferentes, mas, em geral, reciprocamente complementares. 
Abaixo são listadas as principais características de cada um desses métodos
apontados pelo jurista português. 
1.1 Método jurídico ou hermenêutico clássico
O método jurídico ou hermenêutico clássico parte da premissa de que a
Constituição é uma lei, de tal modo que a interpretação constitucional não
deixa de ser, em igual sentido, uma interpretação legal, o que confirma a
tese da identidade. 
Já que a atividade interpretativa da Constituição se traduz na própria noção
de interpretação da lei, para o desempenho dessa tarefa o intérprete deverá se
valer dos critérios clássicos de hermenêutica, tradicionalmente conhecidos
como: 
 Elemento gramatical (filológico, literal ou textual) 
 Elemento histórico 
 Elemento sistemático (ou lógico) 
 Elemento teleológico (ou racional) 
 Elemento genético 
Este método se caracteriza por atribuir grande importância ao texto
constitucional, isso porque será a partir dessa previsão textual que o intérprete
buscará descobrir o verdadeiro significado da norma, o seu real sentido. 
1.2 Método tópico-problemático
A principal ideia que pode ser extraída deste método é que ele parte do
problema concreto para a norma. 
Assim, o seu objetivo será tentar adequar (a partir de um processo
argumentativo aberto desempenhado por vários intérpretes) a norma da
Constituição ao problema existente, ou seja, tentar fazer com que a solução do
problema possa ser enquadrada e adaptada à norma constitucional. 
A principal crítica disparada contra este método reside na noção de que a
atividade interpretativa não deveria partir do problema concreto para a
norma, ao revés, a norma constitucional que deveria servir de ponto de partida
para a solução dos problemas. 
1.3 Método hermenêutico-concretizador
26
Em sentido diametralmente oposto ao modelo tópico-problemático, o método
hermenêutico-concretizador parte da norma da Constituição para o
problema concreto.
De modo objetivo, é possível concluir que este método vem consolidar os
seguintes pressupostos da atividade interpretativa, quais sejam: 
 § Pressupostos subjetivos – relacionam-se ao papel criador do
intérprete que deverá valer-se da sua pré-compreensão da matéria
com a finalidade de encontrar o real sentido da norma da constitucional.
 § Pressupostos objetivos – estes, por sua vez, podem ser
relacionados ao contexto, identificando a atuação do intérprete como
alguém apto a promover a mediação entre o texto e a situação em que
se aplica. 
 “Movimento de ir e vir” – aqui identificado como o círculo
hermenêutico que traduz a relação entre o texto e o contexto, indo
do subjetivo para o objetivo, até que seja possível ao intérprete alcançar
a melhor percepção da norma. 
Em síntese, por meio deste método a interpretação constitucional passa a
ser percebida como uma atividade por meio da qual é possível concretizar a
Constituição, situação esta que habilita o intérprete a proceder à delimitação
do próprio substrato material da norma. 
1.4 Método científico-espiritual
Por este método, a interpretação da Magna Carta não pode estar adstrita
apenas e tão-somente à previsão da literalidade textual de suas disposições.
Ao contrário, no desempenho de sua atividade o intérprete deve considerar os
valores subjacentes ao texto da Constituição, compreendendo-a como uma
ordem de valores e como elemento do processo de integração. 
Isso porque, para além da letra “fria e crua” do texto, existe ali uma tábua
axiológica (valorativa) que deve ser levada em consideração no processo
interpretativo para a captação do real espírito de valores da comunidade. 
Enfim, trata-se de um método através do qual as normas constitucionais são
percebidas não apenas e tão-somente pela sua previsão textual, mas,
principalmente, pelos valores que ali estão consagrados, tendo por objetivo
proporcionar uma integração da norma constitucional com os reais fatores
espirituais da comunidade. 
1.5 Método normativo-estruturante
27
O método normativo-estruturante parte da premissa segundo a qual inexiste
identidade entre a norma jurídica e o texto normativo. 
Isso porque a norma jurídica não compreende apenas o texto, afinal de contas
abrange também um “pedaço da realidade social”, ou seja, além da
atividade legislativa, para a compreensão da norma é indispensável analisar a
sua conformação no desempenho da atividade jurisdicional e no exercício da
atuação administrativa, ou seja, não só em um, mas em todos os níveis. 
1.6 Método da comparação constitucional
Por fim, com este método busca-se estabelecer uma comparação da
própria evolução dos institutos nos diversos ordenamentos jurídicos no
sentido de se alcançar a melhor percepção para a realidade concreta. 
Seria o mesmo que, a partir de critérios comparativos, promover um
intercâmbio constitucional no intuito de aperfeiçoar a compreensão dos
institutos jurídicos, visando aplicá-los na resolução dos problemas concretos. 
1.1 Método
jurídico ou
hermenêuti
co clássico
1.2
Método
tópico-pr
oblemáti
co
1.3 Método
hermenêuti
co-concreti
zador
1.4Método
científico-e
spiritual
1.5
Método
normativ
o-estrutu
rante
1.6
Método da
comparaç
ão
constituci
onal
Parte da
premissa de
que a
Constituiçã
o é uma lei,
de tal modo
que a
interpretaçã
o
constitucion
al não
deixa de
ser, em
i g u a l
s e n t i d o ,
u m a
interpretaç
ão legal, o
q u e
confirma a
tese da
identidade.
 A
pr inc ipa l
ideia que
pode ser
e x t r a í d a
d e s t e
método é
que ele
parte do
problema
concreto
para a
norma. 
 Em
s e n t i d o
diametralme
nte oposto
ao modelo
tópico-probl
emático, o
m é t o d o
hermenêutic
o-concretiza
dor parte da
norma da
Constituiçã
o para o
p r o b l e m a
concreto.
De modo
objetivo, é
p o s s í v e l
concluir que
este método
v e m
 A
interpretaçã
o da Magna
Carta não
pode estar
adstrita
apenas e
tão-somente
à previsão
da
literalidade
textual de
suas
disposições.
Ao
contrário, no
desempenh
o de sua
atividade o
intérprete
deve
considerar
 Parte
da
premissa
segundo
a qual
inexiste
identidad
e entre a
norma
jurídica e
o texto
normativ
o. 
 Isso
porque a
norma
jurídica
não
compree
nde
apenas o
texto,
 Este
m é t o d o
b u s c a - s e
estabelece
r uma
comparaç
ão da
p r ó p r i a
e v o l u ç ã o
d o s
i ns t i tu tos
n o s
d i ve rs o s
ordename
n t o s
juríd icos
no sentido
de se
alcançar a
m e l h o r
percepção
para area l i dade
28
 Já que a
a t i v i d a d e
interpretativ
a da
Constituiçã
o se traduz
na própria
noção de
interpretaçã
o da lei,
para o
desempenh
o dessa
tarefa o
i n té rp re te
deverá se
valer dos
c r i t é r i o s
clássicos
d e
hermenêuti
c a ,
tradicionalm
e n t e
conhecidos
como: 
Elementos:
gramatic
al 
Histórico
Sistemáti
co 
Teleológi
co 
Genético
conso l idar
os seguintes
pressuposto
s da
a t i v i d a d e
interpretativ
a, quais
sejam: 
Pressupo
s t o s
subjetivos
Pressupo
s t o s
objetivos
“Movime
nto de ir e
vir”
os valores
subjacente
s ao texto
da
Constituiçã
o,
compreende
ndo-a como
uma ordem
de valores
e como
elemento do
processo
de
integração.
afinal de
contas
abrange
também
um
“pedaço
da
realidad
e social”
concreta. 
2. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Além dos métodos apontados que sem prestam a concretizar a atividade
hermenêutica, e com o objetivo de auxiliar a tarefa do intérprete, o
constitucionalista lusitano Gomes Canotilho ainda apresenta os princípios
específicos de interpretação constitucional.
29
Para a doutrina majoritária, estes princípios, que possuem natureza
instrumental (pressupostos lógicos da aplicação das normas constitucionais),
são: princípio da unidade da Constituição; do efeito integrador; da
máxima efetividade; da justeza ou da conformidade funcional; da
concordância prática ou da harmonização; da força normativa da
Constituição; da interpretação conforme a Constituição e da
proporcionalidade ou razoabilidade.
2.1 Princípio da unidade da Constituição
Por este princípio, a Constituição deve ser interpretada de modo a evitar
antinomias (conflito entre normas), bem como contradição envolvendo os
seus princípios. Ou seja, primando por uma unidade do Texto Supremo,
tem-se que as normas constitucionais devem ser interpretadas de modo
global, objetivando-se harmonizar os possíveis espaços de tensão. 
Nesse passo, o operador do Direito deve perceber as normas da Constituição
não de maneira isolada ou estanque, ao revés, deve ele senti-las como
enunciados que compõem um sistema uno de regras e princípios, dotado de
harmonia e, por conseguinte, marcado pela ausência de conflitos. 
2.2 Princípio do efeito integrador
Trata-se de consectário natural do princípio da unidade da Constituição, com
o qual guarda estreita semelhança. 
Explicando o princípio do efeito integrador, Canotilho ressalta que na
resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos
critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o
reforço da unidade política.
2.3 Princípio da máxima efetividade
Também conhecido como princípio da eficiência ou princípio da
interpretação efetiva, traduz a ideia segundo a qual o hermeneuta deve
conferir à norma constitucional a interpretação que lhe conceda a maior
eficácia, é dizer, a mais larga efetividade social possível. 
Nesse sentido, em caso de eventual dúvida envolvendo a aplicação de um
direito fundamental constitucionalmente previsto, a melhor exegese
(interpretação), certamente, será aquela que esteja apta a conceder o mais
alto grau de eficácia a este direito. 
2.4 Princípio da justeza ou da conformidade funcional
Também chamado de princípio da exatidão ou correção funcional, traduz a
ideia de que o intérprete final da Constituição (na realidade brasileira, o
30
Supremo Tribunal Federal), ao desempenhar as suas atividades, não poderá
chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório
funcional que foi estabelecido pelo legislador constituinte. 
A título de exemplo, não é dado ao STF, no exercício das suas atividades
jurisdicionais, conferir uma interpretação à Constituição que venha subverter a
clássica separação dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário),
consagrada, inclusive, como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, III, da CF/88. 
Assim, a partir da aplicação deste princípio garante-se não só a observância
da separação das funções estatais, como também a própria repartição de
competências constitucionalmente estabelecidas para as pessoas políticas ou
entes federados. 
2.5 Princípio da concordância prática ou da harmonização
Pautado na noção de ausência de hierarquia entre os princípios e direitos
fundamentais, caso ocorra algum conflito entres bens jurídicos igual e
constitucionalmente protegidos, deve-se primar pela concordância prática ou
harmonização de tais preceitos, justamente com o objetivo de impedir o
sacrifício total de um princípio em relação ao outro com o qual esteja
colidindo. 
Nesse sentido, Canotilho chega mesmo a fazer referência ao
estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos entre tais direitos
envolvidos no conflito, de modo a conseguir uma harmonização ou
concordância prática entre eles, e impedindo, dessa forma, como solução, o
sacrifício de uns em relação aos outros. 
2.6 Princípio da força normativa da Constituição
Como norma jurídica que é a Constituição possui força normativa suficiente
para, de modo coercitivo, impor as suas determinações. 
Trata-se de princípio idealizado pelo jurista Konrad Hesse, para quem o
operador do Direito deve, no exercício das suas atribuições, realizar a
chamada vontade de Constituição, inclusive cuidando da atualização das
suas normas. 
Assim, na resolução dos diversos conflitos existentes, deve-se conferir máxima
aplicabilidade às normas constitucionais. Com Canotilho, na solução dos
problemas jurídico-constitucionais deve-se dar prevalência aos pontos de vista
que, tendo em conta os pressupostos da Constituição (normativa), possam,
efetivamente, contribuir para uma eficácia ótima da Lei Fundamental. 
2.7 Princípio da interpretação conforme a Constituição
À luz deste princípio, sempre que o intérprete estiver diante das chamadas
normas polissêmicas ou plurissignificativas (aquelas que admitem mais de
uma interpretação), deve ser dada preferência ao sentido interpretativo que
31
melhor seja compatibilizado com o texto constitucional e que mais se
aproxime dos seus preceitos. 
Assim, ao aplicar o Direito no caso concreto, dentre as várias possibilidades
de interpretação existentes, deve o operador escolher aquela que não
contrarie o texto constitucional. 
Na trilha do mesmo raciocínio, não deve uma lei ser declarada
inconstitucional quando, a partir da observância de suas finalidades, ela puder
ser interpretada em consonância com a Constituição. 
Com isso, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, percebe-se
que mais do que um princípio de hermenêutica, a interpretação conforme a
Constituição se apresenta com verdadeira espécie de decisão do controle
de constitucionalidade das normas, podendo ser equiparada a uma
declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. 
2.8 Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade
Razoabilidade significa lógica, coerência, congruência. 
Para a doutrina brasileira, dentro do princípio da razoabilidade é possível
identificar o princípio da proporcionalidade, que, por sua vez, significa
equilíbrio entre os meios empregados e os fins visados. 
Conforme já foi cobrado em prova de concurso, um exemplo metafórico de
aplicação da proporcionalidade é a ideia segundo a qual “não se abatem
pardais com canhões”. Isso porque, conforme se percebe, a medida
empregada é excessivamente desproporcional em realização ao fim
pretendido. 
Vale lembrar que razoabilidade e proporcionalidade são princípios
implícitos na Constituição Federal, porém expressos na legislação
infraconstitucional, qual seja a Lei n. 9.784/99, conhecida como Lei de
Processo Administrativo no âmbito federal, mais especificamente em seu art.
2º. 
A importância desses princípios ganhou no relevo do Direito Público
brasileiro principalmente após a possibilidade conferida ao Poder Judiciário decontrolar a legalidade dos atos administrativos discricionários. 
É que antes desse reconhecimento, os atos discricionários, muitas vezes
arbitrários, não eram submetidos a controle jurisdicional sob a justificativa de
que o Estado-juiz não poderia imiscuir-se no mérito do ato administrativo,
ainda que flagrantes ilegalidades estivessem sendo cometidas. 
Hoje, porém, a despeito de continuar não podendo adentrar na análise dos
requisitos de conveniência e de oportunidade que ensejam a prática do ato
(elementos que compõem o próprio conceito de mérito), o Poder Judiciário não
só pode como deve exercer o chamado controle de legalidade. 
32
Essa legalidade aqui deve ser percebida em termos amplos, é dizer, não só a
partir do direito positivado, mas também pela contemplação de princípios
constitucionais implícitos, como a razoabilidade e a proporcionalidade. 
Controlando a legalidade dos atos discricionários, tendo por parâmetro os
princípios mencionados acima, com certeza há uma limitação da liberdade do
administrador. Não se trata (é preciso que se diga) de controle de mérito,
entretanto, não há como negar que tal controle acaba, sim, por limitar o
espectro de abrangência do mérito desse ato administrativo. 
“Tudo o que você quiser fazer ou sonhar você alcançará. Sendo assim,
mão à obra”.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS - COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 4º 
ART. 1º - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Além de listar os fundamentos da República, consagra o art. 1º da CF as
bases políticas do Estado brasileiro, a saber: princípio federativo
(consagrando a forma de Estado), princípio republicano (consagrando a
forma de governo), princípio do Estado Democrático de Direito (definindo o
regime político). 
 PRINCÍPIO FEDERATIVO 
 PRINCÍPIO REPUBLICANO 
 PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
O Estado democrático se assenta no pilar da soberania popular, pois a base
do conceito de democracia está ligada à noção de governo do povo, pelo povo
e para o povo. 
O art. 1º da CF elenca quais seriam os fundamentos constitucionais da
República Federativa do Brasil. 
Todos os fundamentos formam o processo mnemônico de memorização 
SO CI DI VA PLU.
1. SOBERANIA
Para a doutrina majoritária, três são os elementos que compõem o Estado. 
São eles: 
 SOBERANIA, que pode ser dividida em externa e interna. 
33
 POVO, que não se confunde com nação e população. 
 TERRITÓRIO, que pode ser jurídico ou geográfico. 
Dos três elementos constitutivos do Estado, apenas a soberania é também
fundamento da República Federativa do Brasil.
Logo, a soberania pode ser entendida como um elemento constitutivo do
Estado. 
A soberania externa é aquela que resguarda o princípio da não
intervenção, nas suas diversas dimensões (não intervenção cultural,
lingüística, etc.). Significa independência na ordem internacional. 
A soberania interna significa que o poder do Estado não pode ser limitado
por nenhum outro poder. O poder do Estado é o mais alto existente dentro do
Estado, é a potestade. Significa supremacia no âmbito interno.
OBS: A UNIÃO NÃO É SOBERANA. SOBERANO É O ESTADO BRASILERO
(REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL).
A União (pessoa jurídica de direito público interno) é ente federativo
autônomo, todavia, não é superior aos demais entes que compõem a
federação brasileira. 
Assim, em síntese, pode-se dizer que quem exerce soberania é o Estado
brasileiro, representado pela União.
2. CIDADANIA
A cidadania pode ser compreendida em dois sentidos: 
 SENTIDO AMPLO
Consiste no conjunto de direitos e obrigações firmadas entre o Estado e o
nacional. 
Todo indivíduo que integra o povo brasileiro é cidadão. 
O real sentido de cidadania não se restringe ao campo dos direitos políticos. 
Já se disse que exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e
sociais. 
Logo, este é o conceito que melhor atende aos postulados de dignidade
humana. 
 SENTIDO ESTRITO
Cidadão em sentido mínimo ou restrito é o cidadão eleitor. 
Esse é o conteúdo jurídico tradicional da expressão cidadania, que reconduz
ao exercício do direito político ativo (capacidade eleitoral ativa = votar). 
OBS: A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR
ESTÁ CIRCUNSCRITA AO CONCEITO DE CIDADÃO EM SENTIDO
34
ESTRITO. ESSA CIDADANIA SE COMPROVA POR MEIO DO TÍTULO DE
ELEITOR (art. 1º, § 3º da lei 4.717/65).
OBS: MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE TRATAR SOBRE NORMAS
RELATIVAS À CIDADANIA (nem direitos político, dos partidos político,
direito eleitoral e direitos de nacionalidade – dentre outras matérias).
3. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Trata-se do fim supremo de todo o direito e é o fundamento maior do
Estado brasileiro.
OBS: SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, O PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESOA HUMANA PODE SER RELATIVIZADO SOB O
FUNDAMENTO DE QUE NÃO EXISTEM PRINCÍPIOS ABSOLUTOS.
O que difere o princípio da dignidade da pessoa humana dos demais princípios
é o fato de tratar-se de um princípio meta, um princípio fim.
Ou seja, todo e qualquer conflito de princípios deve ter como solução aquela
que mais se aproxima da dignidade da pessoa humana. 
Essa solução não pode ser prévia e abstrata, pois sempre deverá ser
analisado o caso concreto. 
4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA
A primeira Constituição brasileira a fazer referência à valorização do
trabalho foi a de 1946; referência essa mantida nas Constituições de 1967 e
1969. 
A livre iniciativa, por sua vez, deve ser compatibilizada à valorização do
trabalho, pois ambos constituem fundamento do Estado brasileiro e
consagram, por assim dizer, a opção constitucional pela ideologia
democrático-social. 
5. PLURALISMO POLÍTICO
Tal princípio não deve ser confundido com pluripartidarismo – sistema
que permite a criação de inúmeros partidos. 
Em verdade, sua abrangência é muito maior, significando um direito
fundamental à diferença em todos os âmbitos em expressões da
convivência humana. Tanto nas escolhas de natureza política, quanto nas de
caráter religioso, econômico, social e cultural. 
Liga-se à ideia de tolerância, significando que ninguém pode ser vítima de
preconceitos, de ódio ou de perseguições pelo simples fato de ser diferente,
afinal o normal é ser diferente.
35
ART. 1º, PRÁGRAFO ÚNICO
Diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Trata-se da chamada democracia participativa (semidireta),
combinando-se elementos do sistema representativo com os da
democracia direta. 
Exemplos de democracia direta são o plebiscito, referendo e a iniciativa
popular. 
ART. 2º - TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS
São poderes da União independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. 
Primeiro; o poder é uno e indivisível. Divididas são as funções do Estado.
Portanto, é técnico e correto se referir à tripartição das funções estatais. 
A partir dessa ideia nós conhecemos a possibilidade de exercício de
funções típicas e atípicas. 
ART. 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL - GPCE
Os objetivos fundamentais constituem normas programáticas.
Normas programáticas são as que estabelecem políticas públicas a serem
implementadas pelo Estado para a consecução dos seus fins sociais. 
Objetivos são metas a serem alcançadas, são ações. 
FUNDAMENTOS DA
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO
SOBERANIA
CIDADANIA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
OS VALORES SOCIAS DO TRABALHO
PLURALISMO POLÍTICO
SO CI DI VA PLU
36
OBS: SEMPRE QUE A ASSERTIVA ESTIVER COMPSTA DE VERBOS E
METAS, ESTAREMOS DIANTE DE OBJETIVOS FUNDAMENTAIS, QUE NÃO
SE CONFUNDE COM OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA. Ex. construir,
garantir, erradicar e promover. 
O rol dos objetivos fundamentais é meramente exemplificativo, ou seja,não
se trata de rol taxativo, tendo em vista a existência de vários outros objetivos
fundamentais que não estão previstos expressamente no texto constitucional. 
CONGA ERRAPRO
ART. 4º - PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL NAS SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
São dez incisos que perfazem o processo mnemônico de memorização CC
II DNA PRS.
Destaque para PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS 
Esse é um dos princípios mais importantes, principalmente em decorrência da
EC 45/04 que tratou da reforma do Poder Judiciário e inseriu o § 3º ao art. 5º
da Constituição. 
Com a nova redação, tem-se que: 
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”. 
OBJETIVOS
FUNDAMENTAIS DA
REPÚBLICA FEREDERATIVA
DO BRASIL
I - construir uma sociedade livre, justa e
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
I - independência nacional;
37
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, XIII, 7º, IV, 18, § 2º, 19, 20, 21, 22, 24, 33, 102, § 1º. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
- Súmulas vinculantes nº: 11 e 14. 
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (TRT/PR/Técnico/2007) Norma constitucional de eficácia contida é aquela
que, sendo autoaplicável, autoriza a posterior restrição por parte do legislador
infraconstitucional. 
II. (TJ/RJ/Analista/2008) A República Federativa do Brasil admite o direito de
secessão, desde que esta se faça por meio de emenda à CF, com três quintos,
no mínimo, de aprovação em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos. 
PRINCÍPIOS QUE
REGEM A REPÚBLICA
FEDERATIVA DO
BRASIL NAS SUAS
RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
III - autodeterminação dos povos;
II - prevalência dos direitos humanos;
IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao
IX - cooperação entre os povos para o
X - concessão de asilo político.
CC II DNA PRS.
38
III. (TJ/RJ/Analista/2008) A República é uma forma de Estado. A federação é
uma forma de governo. 
IV. (TJ/RJ/Analista/2008) São poderes da União, dos estados e do DF,
independentes e harmônicos, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. 
V. (STJ/Analista/2008) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo
princípio da autodeterminação dos povos, mas repudia o terrorismo e o
racismo. 
GABARITO 
I. C 
II. E 
III. E 
IV. E 
V. C 
“Nunca deixe de ser forte. Nunca deixe de acreditar em você. Tenha
orgulho de quem você é.”
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
NOÇÕES TEÓRICAS
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
São fundamentais porque estes direitos manifestam-se como pressupostos
de um estado democrático de direito. 
Assim, a fundamentalidade reside na essencialidade desses direitos para a
pessoa humana – que não existe dignamente sem eles – e no fato de serem
pressupostos de um estado democrático de direito. 
1. DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS – DISTINÇÃO NECESSÁRIA
CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
São o conjunto de bens jurídicos, prerrogativas, franquias e instituições que
explicitam e concretizam a dignidade humana como o fim de assegurar a
existência solidária, igual e fraterna entre as pessoas. 
CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos fundamentais são os direitos humanos incorporados na ordem
jurídica dos Estados. 
CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS
39
Conjunto de medidas ou providências, destinadas à proteção, segurança e
efetivação dos direitos fundamentais. 
Assim, a garantia é a medida de proteção dos direitos fundamentais. Ex.
remédios constitucionais. Todo direito tem que ter a sua garantia, a sua forma
jurídica de proteção. Não há que se falar em direitos sem as suas próprias
garantias. 
1. CLÁUSULA DE ABERTURA MATERIAL OU DE INESGOTABILIDADE
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O art. 5º, § 2º da Constituição Federal estabelece que “os direitos e
garantias expressos nesta Constituição, não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte”. 
A partir da leitura do dispositivo, contata-se que o Brasil adotou um
sistema materialmente aberto de direitos fundamentais, não se podendo
considerar taxativa a enumeração dos direitos fundamentais no Título II da
Constituição. 
2. TITULARIDADE ou DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Não resta dúvida de que todos os seres humanos são titulares de direitos
fundamentais. Pode-se indagar, porém, se apenas as pessoas físicas
protagonizam tais direitos. 
PESSOAS JURÍDICAS TITULARIZANDO DIREITOS FUNDAMENTAIS
Não há, em princípio, impedimento insuperável a que as pessoas jurídicas
venham, também, a serem consideradas titulares de direitos fundamentais,
não obstante estes, originalmente, terem por referência a pessoa física. 
Garantias, porém, que dizem respeito à prisão têm as pessoas físicas
como destinatárias exclusivas. Da mesma forma como ocorre com os
direitos políticos, direitos sociais, assistência social etc. 
OBS: Pessoas jurídicas de direito público possuem, por exemplo, direitos
fundamentais de caráter processual (ou do tipo procedimental – devido
processo legal, contraditório, ampla defesa).
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ESTRANGEIROS
Ao contrário da literalidade do art. 5º, caput, os direitos fundamentais são
extensíveis aos estrangeiros residentes no país, bem com aos não
residentes, aqueles que aqui estejam de passagem, a exemplo dos turistas.
Esse entendimento está pautado no princípio vetor de nosso ordenamento,
qual seja a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88). 
40
3. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O tema da eficácia horizontal dos direitos fundamentais é também
denominado pela doutrina de eficácia privada ou externa dos direitos
fundamentais. 
Surge como importante contraponto à ideia de eficácia vertical dos direitos
fundamentais, que se desenha a partir da aplicação dos direitos fundamentais
nas relações entre o particular e o poder público. 
Nesse sentido, temos que o Brasil adota a: 
 TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA – para essa teoria, os
direitos fundamentais têm aplicação direta e imediata às relações
privadas, independente de prévia atividade legislativa. Essa teoria foi
acolhida na Espanha, Itália, Argentina e Portugal, onde há inclusive
norma expressa na sua Constituição da República Portuguesa. No
Brasil, a doutrina e a jurisprudência do STF adotam a teoria da eficácia
direta e imediata. Essa tendência não é mais senão a aplicação do que
preconiza, entre nós, o § 1º do art. 5º, que determina a aplicabilidade
imediata das normas de direitos fundamentais. 
4. EVOLUÇÃO E DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A doutrina dispara uma crítica à expressão “geração”, tendo vista que a
evolução dos direitos fundamentais traduz uma relação de
complementaridade, e não hereditariedade. 
Gerações ou dimensões de direitos correspondem a uma sucessão temporal de
afirmação e acumulação de novos direitos fundamentais.
1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 4ª DIMENSÃO 
Séc. XVIII e XIX 
Estado Liberal 
Séc. XIX e XX 
Estado Social 
Séc. XX e XXI --- 
Direitos civis e
políticos 
Direitos
econômicos,
sociais e culturais 
Direitos difusos e
coletivos -
transindi. 
Democracia direta
e biotecnologia 
41
Liberdade Igualdade Fraternidade /
Solidariedade 
--- 
Liberdade de
reunião,
associação,crença
e consciência,
inviolabilidade de
domicílio... 
Saúde, educação,
trabalho,
assistência,
moradia,
sindicalização,
direitos de greve... 
Meio ambiente,
consumidor,
progresso,
desenvolvimento
tecnológico 
Direito de mudança
de sexo, contra
manipulação
genética 
Absenteísmo,
liberdades
negativas,
obrigações de não
fazer, defesa. 
Intervencionismo,
liberdades
positivas,
obrigações de
fazer, prestação. 
Pela primeira vez,
o homem passa a
ser visto como
membro de uma
coletividade. 
Resultado da
globalização dos
D.F. 
 Paulo Bonavides já fala na 5º dimensão cuja tônica seria o direito à paz
mundial, podendo ser exemplificado no combate ao terrorismo. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Arts. 5º, caput, § 1º, § 2º, § 3º e § 4º. 
CÓDIGO CIVIL: 
- Art. 52 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
- Súmulas vinculantes: 3 e 5. 
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (MP/RO/Promotor/2008) O art. 5º da CF prevê que ninguém pode ser
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Entretanto,
esse dispositivo não tem aplicabilidade imediata devido ao fato de não ter sido
regulamentado no plano infraconstitucional. 
II. (TER/MT/Analista/2010) Os direitos e garantias fundamentais estão
previstos de forma taxativa na CF. 
III. (MP/AM/Promotor/2007) A partir da Emenda Constitucional nº 45/04, que
introduziu os parágrafos 3º e 4º ao art. 5º da CF, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos passaram a ter força de emenda
constitucional, desde que tais atos internacionais sejam aprovados em ambas
as casas congressuais, em turno simples de votação, e por maioria simples de
votos de seus respectivos membros. 
IV. (STJ/Analista/2008) Os direitos e garantias fundamentais são considerados
elementos limitativos das constituições. 
42
V. (MP/AM/Promotor/2007) Embora o art. 5º da CF disponha de forma
minuciosa sobre os direitos e as garantias fundamentais, ele não é exaustivo e
não exclui outros direitos. 
GABARITO 
I. E 
II. E 
III. E 
IV. C 
V. C 
“Você não é derrotado quando perde. Você é derrotado quando desiste.”
DIRIETO DE NACIONALIDADE
NOÇÕES TEÓRICAS
DIREITOS DE NACONALIDADE
1. CONCEITO
Nacionalidade é um vínculo de natureza jurídica e política que liga
determinada pessoa a um determinado estado soberano, quer em razão do
nascimento, quer em razão da naturalização. 
Nacional não se confunde com cidadão. A rigor, todo cidadão é nacional, mas
nem todo nacional é um cidadão. Cidadão é o nacional no pleno gozo dos
direito políticos. 
2. ESPÉCIES E AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE
ORIGINÁRIA (PRIMÁRIA ou de 1º GRAU)
Aquela que resulta de um fato involuntário ou natural, que consiste no
nascimento. 
Então, originariamente ela é adquirida pelo nascimento. 
Todavia, dentro dessa espécie é possível encontrar dois critérios, a serem
adotados pelos Estados, determinantes na aquisição da nacionalidade. 
 CRITÉRIO TERRITORAL (jus solis) – a nacionalidade é a do
local do nascimento, e não da descendência. Aqui interessa
saber o local, território onde a pessoa nasceu. 
 CRITÉRIO SANGUÍNEO (jus sanguinis) – a nacionalidade está
ligada ao parentesco, pois o que interessa para a nacionalidade
é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco importando o local
onde o indivíduo nasceu. 
SECUNDÁRIA (SECUNDÁRIA ou DE 2º GRAU)
43
Aquela que resulta de um ato voluntário, consistente num concurso de
vontades entre o pretendente estrangeiro, que deseja obter a
nacionalidade de outro país, e a concordância do outro Estado em
conceder a nacionalidade e receber o estrangeiro como nacional. 
No Brasil há a lei 6.815/80, que no art. 112 define os pressupostos para a
naturalização do estrangeiro. 
3. NACIONALIDADE - OS BRASILEIROS NA CF/88
A Constituição relaciona quem são os brasileiros, tanto os originários (natos),
como os secundários (naturalizados). 
No art. 12, os natos estão no inciso I, os naturalizados, no inciso II. 
 NATOS (aquisição de nacionalidade originária)
A CF, sendo o Brasil um país de imigração, explicitamente consagra o critério
territorial, mas o fez como regra, comportando exceções. 
Assim, são natos (rol taxativo): 
 Art. 12, I, “a” (critério territorial) - os nascidos no Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. 
 Art. 12, I, “b” (critério sanguíneo + serviço do Brasil) - os nascidos
no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, quando qualquer deles estiver
a serviço da República Federativa do Brasil. 
 Art. 12, I, “c” (critério sanguíneo + 1) registro ou 2) opção
confirmativa = nacionalidade originária potestativa) - os nascidos no
estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que forem registrados na
repartição brasileira competente, OU vierem a residir no Brasil, e
optarem, a qualquer tempo, desde que atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira. 
Repartição brasileira competente aí pode ser entendida como Consulados
ou também as seções consulares nas Embaixadas, bem com as repartições
diplomáticas. 
Veio com a EC 54 (que corrigiu imperfeição trazida pela EC 3/94) e inseriu o
art. 95 ao ADCT, além de modificar o art. 12 da CF. 
Antes, só se viesse residir aqui, agora, foi acrescentada esta nova hipótese. 
OBS: A CRIANÇA QUE VENHA A RESIDIR COM OS PAIS AQUI, SEGUNDO
O STF, É BRASILEIRA NATA, SÓ QUE ELA TEM ESSA SITUAÇÃO
PERMANECIDA ATÉ OS DEZOITO ANOS, QUANDO DEVERÁ FAZER A
OPÇÃO; SE NÃO FIZER, PERDE A NACIONALIDADE ORIGINÁRIA.
TRATA-SE DE CONDIÇÃO SUSPENSIVA.
44
NATURALIZADOS (aquisição de nacionalidade secundária)
 Art. 12, II, “a” - ORDINÁRIA – os que, na forma da lei, adquiram a
nacionalidade brasileira. 
Também são naturalizados, os estrangeiros provenientes de países de
língua portuguesa, que residam aqui por um ano ininterrupto e possuam
idoneidade moral. Aqui já não é na forma da lei, basta ser originário de país
de língua portuguesa, comprovar a residência ininterrupta por um ano aqui, e
ter idoneidade moral. 
A ordinária é qualquer estrangeiro, por isso que é na forma da lei. Nessa
segunda hipótese, são estrangeiros de países de língua portuguesa (p. ex.
Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe,
Timor Leste), por isso basta manifestar sua vontade e cumprir os requisitos
previstos na constituição, além da aquiescência brasileira. 
 Art. 12, II, “b” - EXTRAORDINÁRIA – quaisquer estrangeiros,
residentes ininterruptamente no Brasil, há mais de quinze anos,
requerendo a identidade nacional, desde que não tenha sofrido
condenação penal. 
OBS: AINDA NA FORMA DA LEI (APESAR DO SILÊNCIO
CONSTITUCIONAL), PODEMOS ENCONTRAR:
 RADICAÇÃO PRECOCE: admitidos no território durante os primeiros cinco
anos de vida e radicados definitivamente, confirmando a nacionalidade até
dois anos após atingir a maioridade. 
 CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR: estrangeiros que vêm residir no
Brasil antes da maioridade que façam curso superior em estabelecimento
nacional e requeiram a nacionalidade até um ano depois da formatura. 
DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS
A lei não poderá estabelecer distinções entre brasileiros natos e
naturalizados. Mas a CF faz distinções:
1. CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO - 12, § 3º.
2. QUANTO À EXTRADIÇÃO - Art. 5º, LI.
3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA REPÚBLICA - Art. 89, VII.
4. PROPRIEDADE DE EMPRESAS JORNALÍSTICAS E DE RÁDIO DIFUSÃO
DE SONS E IMAGENS – Art. 222. 
5. PERDA DA NACIONALIDADE PELA PRÁTICA DE ATIVIDADE NOCIVA
AO INTERESSE NACIONAL – art. 12, § 4º.
45
4. PERDA DA NACIONALIDADE
Duas são as hipóteses de perda de nacionalidade prevista na Constituição. 
 Quando for cancelada a naturalização por sentença judicial
(transitada em julgado, apesar do silêncio – ver art. 15, I) em
razão de prática nociva ao interesse nacional. 
Restringe-se à nacionalidade secundária, ou seja,

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