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Desafio Profissional Modelo 2016 PRONTO

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POLO: ATIBAIA/ SP
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
ACADEMICA:
	
DESAFIO PROFISSIONAL – 4º SEMESTRE
ATIBAIA / SP
JUNHO / 2016
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ...........................................................................3
2 - ESTUDO SOCIAL (Passo 1) .......................................................4
3 - Situação Econômica (Passo 2) ..................................................5
4 - Condições de Moradia (Passo 3) ................................................6
5 - Realização de Reunião (Passo 4) ...............................................7
6 – RELATÓRIO E PARECER (PASSO 5) ...........................................8
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................9
REFERÊNCIAS ...............................................................................10
1 – INTRODUÇÃO
	
FAMÍLIAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL: ABANDONO E EXCLUSÃO 
A complexa e sofrida situação dos refugiados é um trágico fenômeno que acompanha o ser humano desde os primórdios de sua existência na terra. Homens, mulheres e povoações inteiras são perseguidos por diversos motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social, opinião política, etc., provocam movimento migratório intenso em todos os continentes. Apesar da humanidade ter avançado tecnológica-cientificamente em todas as áreas, está cada vez mais presente a intolerância entre os povos, a ganância dos governos, a subjugação entre as nações, os conflitos insolúveis, distanciam o ser humano dele mesmo. Deveras significativa é a reflexão suscitada em BARBOSA e HORA": 
Passados milhares de anos, o homem superou desastres, desbravou os mares, conquistou a lua, e Marte já não parece tão distante. Entretanto, a dramática situação dos refugiados continua insolúvel." (2007, p. 7) Vivemos um momento histórico de conflitos e guerras, que produzem uma migração intensa entre os povos, que se vem obrigados a buscarem outros locais para abrigar e proteger sua família ou simplesmente fugir do mal que lhe vem ao encalço.
Esse fenômeno resulta num contingente enorme de refugiados, problema este que antigamente ocorriam nos continentes africanos, asiáticos e europeus, e hoje está à porta de nosso país, como indicam as estatísticas com expressivo aumento de solicitações de refúgio. São levas de angolanos, colombianos, da República do Congo, e recentemente de sírios e haitianos, e outros das mais diversas nacionalidades, que viram no Brasil a chance de reconstruir suas vidas. 
Segundo estatísticas dos organismos envolvidos o país possui aproximadamente mais de 4,5 mil refugiados. Diante da problemática, impôs-se ao Brasil criar legislação própria para adequar, regulamentar e regularizar a situação desses refugiados. O presente trabalho tem como objetivo compor um quadro da situação social de uma família de refugiado no Brasil, apresentando a evolução da legislação, das políticas adotadas para promoção e proteção, dos organismos envolvidos e suas competências.
É importante definir o termo refugiado para que não ocorra interpretações desencontradas ou confusas em relações a institutos diferentes como o asilo político, que em muitas situações são definidas como institutos iguais. No entanto o instituto do refúgio é muito mais amplo, abarcando diversas situações em que pode ser solicitado no momento em que um indivíduo busca proteção e somente outro Estado pode responder por esse pedido.
O conceito jurídico de asilo originou-se no Tratado de Direito Penal Internacional de Montevidéu, de 1889, sendo asilo, e sua modalidade diplomática, instituto característico da América Latina. Por sua vez, (.....) o termo refugiado foi aplicado aos huguenotes1, franceses que fugiram para a Inglaterra após a revogação do edito de Nantes, em 1805 (BARBOSA e HORA, 2007 p. 22). Refugiado é uma expressão usada frequentemente de forma generalizada, não havendo uma definição clara entre pessoas que foram obrigadas a sair de seu país e daquelas que apenas se deslocaram dentro de sua própria pátria, como conceituam Barbosa e Hora (2007, p.22):
O ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiado instituiu, em 1979, para orientação de todos os governos, um manual referente aos procedimentos e critérios a aplicar para a determinação do estatuto de refugiado - de
acordo com a Convenção de 1951 e do Protocolo de 1967 - sendo atualizado na medida que a problemática surge para os Estados e pela própria experiência adquirida pelo Comitê nos últimos trinta anos de existência.
Mas foi precisamente no ano de 1951, quando foi aprovada a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados, conhecida como Convenção de Genebra de 1951, das Nações Unidas, que se definiu claramente quem poderia ser considerada pessoa refugiada e, assim, possuía o direito de proteção internacional, através de um instrumento normativo. Reconhecidamente, o Brasil está entre os países que detém legislação mais completa para atender e abrigar as necessidade dos refugiados. Isto, no entanto, não significa que o refugiado no Brasil está devidamente amparado e protegido pelas políticas públicas e sociais e até que ponto os organismos não governamentais tem condições de atendê-lo satisfatoriamente.
2 - ESTUDO SOCIAL (Passo 1)
Composição Familiar:
	Número de pessoas: 5
	Adultos: 2
	Crianças: 3
	Idade:55-40-12-10-06
	18 a 24 ( ) 25 a 36 (01 )
37 a 49 ( ) 50 a …( )
	0 a 5 ( 1 ) 6 a 11 ( 1 )
12 a 14 ( ) 15 a 17 ( )
	Documento: certidão de nascimento (2 ) RG ( 01 ) CPF ( - ) carteira de trabalho 
( 0 )
Cartão do SUS ( 0 ) passaporte ( 3 ) título de eleitor ( 0 ) NIS ( 0 )
	Quantos estão matriculados no CEINF 0 No ensino fundamental 0	
Ensino médio 0 Educação superior 0 Analfabeto 02	
	
Família de Haitianos composta uma mulher de 30 anos, Hadassa Mayouri e duas filhas menores Maria Mayouri 06 anos, e Antonia Mayori 09 anos, vivem com ajuda de uma igreja pentecostal que estão doando alimentos e produtos de higiene pessoal. Hadassa faz faxina uma vez por semana na igreja, onde recebe cem reais por faxina.
A família não possui Registro Nacional de Estrangeiros e tem muita dificuldade com a língua. Hadassa entende um pouco, pois tem um primo que morou no Brasil. As filhas, apesar de estarem em idade escolar não estão matriculadas em nenhuma escola.
3 - Situação Econômica ( Passo 2)
Hadassa não possui RNE (Registro Nacional de Estrangeiros) nem carteira de trabalho. Tem formação em Pedagogia no seu país de origem, onde trabalhou, segundo ela, por 10 anos, eu uma escola de educação infantil. Recebe doação mensal de uma cesta básica e com as faxinas que faz recebe mais 400 reais mensais.
Sendo a única adulta da família não tem muito com quem contar, não tem com quem deixar as filhas menores para trabalhar. Leva as duas com ela para fazer a faxina numa igreja próxima do seu barraco. Há seis meses no país, Hadassa e as filha se encontram completamente desamparadas no que diz respeito as políticas sociais e ao poder público. 
Ela tem muito medo de tudo, e por isso se esconde por medo de ter que voltar ao Haiti. Foi descoberta por uma ACS (Agente comunitária de Saúde) que conseguiu que ela abrisse a porta do barraco pra conversar. A partir daí o caso da família passou a ser apreciado pela USF (Unidade de Saúde da Família) para devidas providência.
4 - Condições de Moradia (Passo 3)
A família reside em um barraco de madeira de um cômodo sem janela, em um terreno invadido onde residem cerca de 40 famílias.
Quanto à propriedade das casas, 84% dos moradores afirmaram morar em casas próprias, considerando o fato de não pagarem aluguel, mesmo sem possuir um título de propriedade e confirmando sua presença no local por um movimento de invasão. Eles possuem um sentimento de posse por conhecer que residem em uma área pública, ressaltando o fato de a coisa pública serdo povo.
As famílias servem-se de água da Cedae (Companhia Estadual de água e esgoto do Rio de Janeiro), mas fazem uso clandestino, através de algumas torneiras com água encanada em determinados pontos da rua, sem pagar nenhuma taxa por esse consumo. Da mesma forma é o abastecimento elétrico, onde a energia é utilizada sem nenhum custo para a comunidade. Afinal são pessoas sem condições de manter os custos desses serviços, cuja renda familiar mais comum (71%) gira em torno de meio a um salário mínimo. De modo geral, acaba-se por viver em péssimas condições de vida, traduzidas nas precárias condições das moradias e do seu ambiente em torno. As famílias convivem diretamente com o lixo e a poluição. Somente 38% das moradias pesquisadas utilizam fossas rudimentares, sendo pequeno o percentual de casas com banheiros e sanitários (43%). Tal descaso com a população local é demonstrado pelo grande número de insatisfeitos com o lugar (59% dos entrevistados), que apontam os problemas de marginalização, falta de estrutura física; alta incidência de doenças. Contudo, fica a esperança na promessa de que serão indenizados ou remanejados, ou seja, eles vivem com a perspectiva da mudança e de uma nova mobilidade. 
A família de Hadassa reside ali há 06 meses, desde que acabou o dinheiro que trouxeram com eles, não tiveram mais condições de pagar aluguel, sem emprego, conheceram na rua, um morador dessa área de ocupação, e em regime de mutirão construíram para ela e as duas filhas o barraco onde residem.
	
5 - Realização de Reunião (Passo 4)
Foi realizada uma reunião na Unidade Básica de Saúde para estabelecer os critérios de intervenção para a família de Hadassa. 
Participaram da reunião os do CRASS – Centro de Referência de Assistência Social, CREAS – Centro de Referência Especializada em Serviço Social, CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família, Conselho Tutelar, Gerente de Enfermagem da Unidade Básica de Saúde, Diretor Médico responsável pelas equipes de Saúde da Família e as Agentes Comunitárias de Saúde, e Secretaria Municipal de Educação.
O objetivo da reunião foi desenvolver estratégias para elaboração de um plano de trabalho conjunto visando implantação de políticas públicas no Jardim Alterosa, onde reside a família e definir como será acolhida a família de refugiados que se encontra lá.
Ficaram definidas as seguintes estratégias:
- Serão Promovidas e articuladas ações que possibilitem à assistência social por meio da educação, da cultura e da saúde, assim como, do incentivo a solidariedade das famílias e pessoas empobrecidas, em especial crianças, adolescentes, jovens, idosos, mulheres, solicitantes de refúgio e refugiados. 
- Atuar através de parcerias com o poder público e privado na promoção de iniciativas que minorem os sofrimentos de grupos sociais e comunidades em situações de exclusão social e contexto de emergência natural, social e civil; 
- Realizar ações solidárias de geração de trabalho e renda, apoiando, quando necessário, à criação de oficinas, cooperativas, grupos de produção, prestação de serviços e outros; 
- Investigar, estudar, analisar e desenvolver estratégias de combate à miséria, à pobreza e a exclusão social; 
- Defender e promover os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana; 
Acolher com solidariedade, orientar e encaminhar solicitantes de refúgio e refugiados, vindos de diversos países, em parcerias com o ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados; CONARE – Comitê Nacional para Refugiados e a Sociedade Civil, procurando dar condições para que se insiram e se integrem a Sociedade; 
- Formar, acompanhar, assessorar e articular os agentes que atuam nas áreas de competência da Ação Social e no exercício da cidadania; 
Fazer-se representar, sempre que solicitada, para defender seus interesses junto aos Órgãos Oficiais e Privados.
- Ficou definido ainda que uma vez por trimestre seja feita uma nova reunião para avaliação e adequação de metas.
	
6 – RELATÓRIO E PARECER (PASSO 5)
Foi realizada no dia 24 de maio de 2016 reunião Intersetorial na Unidade de Saúde da Família no Jardim Alterosa para discussão de casos relacionados a famílias que moram na ocupação, Lago Dourado, e que estão em situação de vulnerabilidade social. 
Na reunião foi discutido a situação dos moradores do ¨Lago Dourado¨, em especial o caso de uma família de imigrantes haitianos que vive no local.
Foram definidas quais serão as medidas tomadas para inclusão dessa família nas políticas pública e nos programa sociais brasileiros.
Setor de Serviço Social
RELATÓRIO SOCIAL
Rio de Janeiro – RJ, 25 de maio de 2016.
Referente: Família de imigrantes residentes no Jardim Alterosa
Idenificação: 
Nome: Hadassa Myouri
Endereço: Jardim Alterosa s/N , Rio de Janeiro, RJ
DESCRIÇÃO
Após visita domiciliar, foi observado que Hadassa Mayouri e as menores Maria Mayouri 06 anos, e Antonia Mayouri 9 anos, imigrantes do Haiti, residentes em uma ocupação, no Jardim Alterosa na cidade do Rio de Janeiro estão vivendo em completo abandono social. A família de Hadassa reside ali há 06 meses, desde que acabou o dinheiro que trouxeram com eles, não tiveram mais condições de pagar aluguel, sem emprego, conheceram na rua, um morador desse área de ocupação, e em regime de mutirão construíram para ela e as duas filhas o barraco onde residem. A família serve-se de água da Cedae (Companhia Estadual de água e esgoto do Rio de Janeiro), mas fazem uso clandestino, através de algumas torneiras com água encanada em determinados pontos da rua, sem pagar nenhuma taxa por esse consumo. Da mesma forma é o abastecimento elétrico, onde a energia é utilizada sem nenhum custo para a comunidade.
Hadassa faz faxina uma vez por semana na igreja, onde recebe cem reais por faxina. A família não possui Registro Nacional de Estrangeiros e tem muita dificuldade com a língua. Hadassa entende um pouco, pois tem um primo que morou no Brasil. As filhas, apesar de estarem em idade escolar não estão matriculadas em nenhuma escola. Por isso não podem receber o bolsa Família.
 Hadassa não possui Registro Nacional de Estrangeiros ou carteira de trabalho. Tem formação em Pedagogia no seu país de origem, onde trabalhou, segundo ela, por 10 anos, em uma escola de educação infantil. Recebe doação mensal de uma cesta básica e com as faxinas que faz recebe mais 400 reais mensais.
Sendo a única adulta da família não tem muito com quem contar, não tem com quem deixar as filhas menores para trabalhar e segundo ela, a filha maior é altista, o que dificulta ainda mais o seus dia a dia. Leva as duas com ela para fazer a faxina numa igreja próxima do seu barraco. Há seis meses no país, Hadassa e as filha se encontram completamente desamparadas no que diz respeito as políticas sociais e ao poder público. Ela tem muito medo de tudo, e por isso se esconde por medo de ter que voltar ao Haiti. Foi descoberta por uma Agente comunitária de saúde que conseguiu que ela abrisse a porta do barraco pra conversar. A partir daí o caso da família passou a ser apreciado pela Unidade de Saúde da Família para devidas providências.
Setor de Serviço Social
PARECER SOCIAL
Conforme solicitado pelo gestor da Unidade de Saúde da Família do Bairro alterosa, com o objetivo de averiguar a situação de saúde e social da família da Sra. Hadassa Mayouri, imigrante do Haiti e residente na ocupação ¨Lago Dourado¨ no Jardim Alterosa.
Em visita Domiciliar constatou-se que a imigrante mora com duas filhas menores, num barraco de madeira, sendo uma com diagnóstico de autismo, no endereço acima. Faz faxina uma vez por semana, e recebe R$ 400,00 por mês, única fonte de sustento da família. Não está recebendo Bolsa família porque as crianças não estão na escola.
Evidenciou-se através da visita domiciliar que a família é vulnerável econômica e emocionalmente, vivenciam situação de doença grave de um de seus membros.Segundo dados colhidos não estão inseridos em nenhum serviço de saúde ou social. Não possuem conhecidos ou parentes no país. Estão em situação de completo abandono social, não possuem sequer RNE ( Registro Nacional de Imigrantes) Unidade de Saúde da Família, único órgão que até agora tomou conhecimento dessa família marcou consulta clínico médico e pediatra para a mãe e as crianças, informou a Secretaria Municipal de Educação sobre as crianças em idade escolar que estão fora da escola. A SME espera definição de local de moradia para definição da escola mais próxima para as crianças. 
Sugiro então, que a família seja encaminhada em caráter de urgência, a casa do imigrante para que possa ser acolhida, orientada e auxiliada para ter seus direitos fundamentais preservados.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cultura, desigualdade social e políticas públicas são dimensões que possibilitam a compreensão da situação das famílias em vulnerabilidade social. A ótica de que o abandono do Estado em relação à essas famílias impacta no modo como essas pessoas vivem ou sobrevivem em condições muitas vezes desumanas e precárias foi apontada nesse trabalho como aspecto que dificulta a autonomia e a promoção social das famílias pobres. 
Os dados do Censo 2010 evidenciaram a desigualdade social. A fragmentação da sociedade em classes ricas e extremamente pobres, cultura culta e inculta mantém uma luta de classes. Os mecanismos de exclusão influenciam em maneiras distintas de pertencimento social e pode afetar o acesso dos indivíduos e famílias às políticas públicas. Portanto, a exclusão social deve ser debatida e analisada por meio da perspectiva macrossistêmica (políticas públicas) e microssistêmica (famílias). 
A família em vulnerabilidade social ganhou espaço nas agendas políticas e no noticiário brasileiro. No entanto, constatou-se a precarização dos serviços, os quais tentam garantir os mínimos sociais (alimentação, renda, moradia). Esses serviços não contemplam expressivamente condições dignas de vida para esses cidadãos. 
Essas reflexões preliminares apontam a necessidade de estudos com as próprias famílias em situação de vulnerabilidade social, a fim de compreender mais acuradamente como elas percebem seu contexto. É preciso compreender quais as significações referentes ao espaço urbano, a violência e ao processo de exclusão social a partir da ótica de quem as vivenciam. 
A situação das famílias em vulnerabilidade social que são vítimas do abandono do Estado, bem como a falta de políticas públicas efetivas, merecem atenção. Em um cenário nacional onde vivem mais de 190 milhões de habitantes, cerca de 27 milhões de moradias faltam o básico. A vulnerabilidade social das famílias do Brasil está presente no cotidiano cultural e na história de nosso país, inclusive marcando presença em noticiários locais e nacionais. 
A pobreza marca a história de vida de milhares brasileiros e o cenário de todo o país. A luta constante pela sobrevivência causa sofrimento as famílias em vulnerabilidade social. Essa situação tem sido objeto de implantação de políticas públicas. Entretanto, a desigualdade social e a pobreza no Brasil ainda apresentam dados alarmantes. 
A existência da família pressupõe uma condição primordial: a convivência sob o mesmo espaço – a moradia. A casa é um ambiente de compartilhamento, de significação e de desenvolvimento de modos de vida para a família. A moradia é um dos direitos fundamentais de todos os indivíduos conforme preconizado no artigo 6 da Constituição Federal (1988). Em contrapartida, milhares de famílias em situação de vulnerabilidade social vivenciam violações desse direito fundamental. A omissão, a insuficiência ou o abandono do Estado em prover os mínimos sociais, bem como condições dignas de vida a essas pessoas refletem uma violência estrutural e um problema macrossistêmico. 
Retratar e problematizar a realidade das famílias em vulnerabilidade social constitui um desafio importante, uma vez que as condições de pobreza e extrema pobreza atingem uma parcela muito significativa da população brasileira.
Políticas públicas sociais não são universalistas. Elas criam critérios de acesso aos serviços reproduzindo, portanto, formas de exclusão social. As políticas voltadas para a Assistência Social selecionam os mais pobres dos mais pobres para acessar os benefícios de transferência de renda. O Programa Bolsa Família, por exemplo, seleciona famílias em extrema pobreza, que vivem com renda per capta de até R$70,00 ou em situação de pobreza, famílias com renda per capta de até R$140,00.
Diante da falta de infraestrutura e de políticas públicas, a violência se torna mais incidente nas regiões menos favorecidas. Sentimentos de insegurança, impunidade ou mesmo medo por parte do público alvo são as respostas às diferentes formas de violência que ocorrem e são retratadas diariamente na mídia brasileira, principalmente em locais onde as condições de moradia, acesso à saúde, educação, saneamento básico e estrutura famílias são mais vulneráveis. 
Além de ampliar o conhecimento dessas realidades, é necessário promover o debate político referente aos serviços voltados especificamente para as famílias em vulnerabilidade social. O processo de transformação social requer ações variadas e intersetoriais que visem minimizar sofrimento ético-político, aquele que está nos sujeitos, mas o transcende, pois reflete o processo de exclusão social e pobreza que atinge milhares de famílias.
REFERENCIAS 
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ROSO, A. STREY, M.N.; GUARESCHI, P.; BUENO, S.M.N (Dez/ 2002). Cultura e ideologia: a mídia revelando estereótipos raciais de gênero. Psicologia e Sociedade. Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 74-94.
SANTOS, Claudia Monica dos. Na Prática a Teoria é Outra? : Mitos e Dilemas na Relação Entre Teoria, Prática, Instrumentos e Técnicas no Serviço Social. 3. ed. São Paulo: Lumen Juris, 2013. 
TOME, Fabiana Del Padre. Contribuições para a Seguridade Social – À Luz da Constituição Federal. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012. YAZBEK, M. C., SILVA, M. O.S.; 
RAICHELIS, Raquel. COUTO, Berenice R. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil – uma realidade em movimento. 3. ed. São Paulo: Cortez. 2012
BRASIL. Parecer CNE/CES 492/2001 DE 03.04.2001 – Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Filosofia, História, Geografia, Serviço Social, Comunicação Social, Ciências Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e Metodologia. Ministério de Educação / Conselho Nacional de Educação. Brasília, 2001. Disponível em: Acesso em: 01 out. 2015 
DAMASCENO, Aderbal O. D. et al. Desenvolvimento Econômico. 2. ed. Campinas: Átomo/Alínea, 2012. 
GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. 21. ed. São Paulo: Vozes, 2012.

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