Aula 7

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EXTERNALIDADES
CARACTERIZAÇÃO
NA VIDA REAL, HÁ VÁRIOS PROBLEMAS NO FUNCIONAMENTO ADEQUADO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO E GERAM AS FALHAS DE MERCADO, AS QUAIS CAUSAM DISTORÇÕES NA ALOCAÇÃO DE RECURSOS NA ECONOMIA. 
OS PROBLEMAS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS NA ECONOMIA SÃO QUESTÕES RELACIONADAS À EFICIÊNCIA ECONÔMICA E ELES SURGEM PORQUE ALGUNS DOS SUPOSTOS TÉCNICOS OU DE MERCADO NÃO SE VERIFICAM NA PRÁTICA.
QUANDO UM OU MAIS DOS SUPOSTOS NÃO SE VERIFICAM, A ESSÊNCIA DO PROBLEMA ECONÔMICO PARA A SOCIEDADE É SEMPRE A MESMA: A ECONOMIA DE MERCADO É DESLOCADA PARA AQUÉM DA FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE UTILIDADE E, TENDO SIDO LEVADO EM CONTA AS FALHAS DE GOVERNO E AS IMPLICAÇÕES DO TEOREMA DE COASE, MUITAS VEZES ISSO REQUER A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL PARA TRAZER A ECONOMIA DE VOLTA À FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE UTILIDADE. 
UM DOS SUPOSTOS TÉCNICOS REQUERIDOS PARA O BOM FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA DE MERCADO É O DE QUE NÃO EXISTAM EXTERNALIDADES ASSOCIADAS COM AS TRANSAÇÕES (E ATIVIDADES) DE MERCADO. 
EM SUMA, A EFICIÊNCIA ECONÔMICA REQUER QUE OS CONSUMIDORES E FIRMAS DIRETAMENTE ENGAJADOS NUMA DETERMINADA TRANSAÇÃO DEVEM RECEBER TODOS OS BENEFÍCIOS E SUPORTAR TODOS OS CUSTOS ASSOCIADOS COM ESSA TRANSAÇÃO. 
SE OUTROS AGENTES, QUE NÃO AQUELES DIRETAMENTE ENVOLVIDOS NUMA DETERMINADA TRANSAÇÃO, RECEBEM ALGUM BENEFÍCIO OU SUPORTAM ALGUM CUSTO QUE É GERADO NESSA TRANSAÇÃO, ENTÃO INEFICIÊNCIA SURGE NA ECONOMIA DE MERCADO. A INEFICIÊNCIA RESULTA PORQUE OS AGENTES DIRETAMENTE ENVOLVIDOS NA TRANSAÇÃO EM QUESTÃO NÃO TEM QUALQUER INCENTIVO PARA CONSIDERAR OS INTERESSES (I.E., BENEFÍCIOS OU CUSTOS) DOS OUTROS AGENTES NÃO DIRETAMENTE ENVOLVIDOS NESSA TRANSAÇÃO. 
ASSIM SENDO, O GOVERNO, E LEVADO EM CONTA A SUAS FALHAS DE ATUAÇÃO, DEVE EVENTUALMENTE (I.E., CONSIDERADO O TEOREMA DE COASE) TER QUE INTERVIR PARA ASSEGURAR QUE A TOTALIDADE DOS BENEFÍCIOS E CUSTOS SEJAM CONSIDERADOS NAS TRANSAÇÕES DE MERCADO, O QUE SE CONSTITUI EM REQUERIMENTO FUNDAMENTAL PARA ALCANÇAR UMA ALOCAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS ESCASSOS DA SOCIEDADE.
 
DEFINIÇÃO: 
TODA VEZ QUE A AÇÃO DE UM INDIVÍDUO OU FIRMA TEM EFEITO SOBRE OUTRO INDIVÍDUO OU FIRMA, PARA A QUAL ESSE ÚLTIMO NÃO É RESSARCIDO PELOS CUSTOS EXTERNOS QUE SOFRE (EM CASO DE EXTERNALIDADE NEGATIVA), OU NÃO PAGA PELOS BENEFÍCIOS EXTERNOS QUE AUFERE (EM CASO DE EXTERNALIDADE POSITIVA), DIZEMOS, ENTÃO, QUE EXISTE UMA EXTERNALIDADE.
UMA EXTERNALIDADE GERA UMA FALHA DE MERCADO,POIS IMPLICA EM DIVERGÊNCIA ENTRE CUSTOS E/OU BENEFÍCIOS PRIVADOS E OS SOCIAIS. OU SEJA, O EQUILÍBRIO PRIVADO (“ISOLADAMENTE DETERMINADO”) NÃO CORRESPONDE AO ÓTIMO SOCIAL, O QUAL É PARETO-EFICIENTE.
EM SUMA, NA PRESENÇA DE EXTERNALIDADE QUE RESULTE EM FALHA DE MERCADO (I.E., NO CASO DA EXTERNALIDADE NÃO TER SOLUÇÃO PRIVADA NEGOCIADA ENTRE AS PARTES: TEOREMA DE COASE), A ALOCAÇÃO DE RECURSOS NA ECONOMIA NÃO SERÁ PARETO-EFICIENTE. 
 RESSALTE-SE QUE UMA SOLUÇÃO PARETO EFICIENTE É AQUELA NA QUAL SE OBTÉM A 
 SEGUINTE IGUALDADE: CMg SOCIAL = BMg SOCIAL.
EXEMPLOS DE EXTERNALIDADES
EXTERNALIDADES NEGATIVAS (“CUSTOS CAUSADOS AOS OUTROS”):
 (1) EXTERNALIDADE NEGATIVA QUE ELEVA CUSTO SOCIAL: “CONFEITARIA E CONSULTÓRIO MÉDICO” INSTALADOS 
 NUM MESMO IMÓVEL, TAL QUE O BARULHO DA ATIVIDADE DA CONFEITARIA INTERFERE NA ATIVIDADE DO 
 CONSULTÓRIO MÉDICO.
(2) EXTERNALIDADE NEGATIVA QUE REDUZ BMg SOCIAL: A PESCA NUM LAGO É OUTRO EXEMPLO DE EXTERNALIDADE NEGATIVA E SURGE EM CASOS DE EXPLORAÇÃO DE RECURSOS DE USO COMUM. NESTE CASO, O NÚMERO DE PEIXES PESCADOS POR BARCO SE REDUZ COM O AUMENTO DE BARCOS DE PESCA. ISTO É, O RETORNO MÉDIO DECRESCE, O QUE IMPLICA QUE O RETORNO MARGINAL É MENOR QUE RETORNO MÉDIO E É DECRESCENTE. PORTANTO, 
BMg SOCIAL (= BMg PRIVADO) É MENOR DO QUE A PESCA MÉDIA POR BARCO (= RETORNO MÉDIO PRIVADO).
 
CMg SOCIAL DO CONFEITEIRO =
CMgPRIV. + CMgEXT.
CMgPRIV DO CONFEITEIRO = OFERTA
DEMANDA DOS PRODUTOS DO CONFEITEIRO, SOB 
BMg PRIVADO = SOCIAL
 QE 
EQ. PRIVADO
 QS
ÓTIM.SOCIAL
BMg SOCIAL
RETORNO. MÉD. PRIV.
CUSTO DE UM BARCO
CMe = CMg PRIV. = CMg SOCIAL
No. BARCOS
EQUIL. PRIV.
No. BARCOS
ÓTIMO SOCIAL
ALOCAÇÃO 
PARETO-EFICIENTE
DECISÃO PRIVADA 
ÓTIMA
(I) EXTERNALIDADE NEGATIVA: O CASO DA “CONFEITARIA VERSUS CONSULTÓRIO MÉDICO”: A ANÁLISE TRADICIONAL BASEADA NO IMPOSTO PIGOU
O “CONFEITEIRO”, NAS SUAS DECISÕES PRIVADAS DE PRODUÇÃO, NÃO LEVA EM CONTA OS CUSTOS QUE CAUSA SOBRE O MÉDICO E SUA PRODUÇÃO DE EQUILÍBRIO SERÁ QE (ÓTIMO PRIV: CMgPRIV = BMgPRIV). 
 
 A EXTERNALIDADE NEGATIVA GERADA PELO CONFEITEIRO IGUALA A ÁREA: [B + C + D]
O GANHO SOCIAL QUE EXISTE NA SOLUÇÃO QUE LEVA EM CONTA SOMENTE OS CUSTOS E BENEFÍCIOS PRIVADOS DO CONFEITEIRO SERÁ:
 EXCEDENTE DO CONSUMIDOR = 0
 EXCEDENTE DO PRODUTOR = [A + B + C]
 CUSTO DA EXTERNALIDADE = [B + C + D]
 GANHO LÍQUIDO SOCIAL = [(A + C + B) – (B + C + D)] = [A – D]
 
CMg SOCIAL = [CMgPRIV + CMgEXT]
CMg PRIV = OFERTA
DEMANDA = BMgPRIV = SOCIAL
A
B
C
D
QS
QE
SOLUCÃO TRADICIONAL: “IMPOSTO PIGOU”
O PROBLEMA QUE ESTÁ EXPOSTO NO EXEMPLO ACIMA É QUE A SOLUÇÃO (ISOLADA E PRIVADA) DO CONFEITEIRO, NA PRESENÇA DE EXTERNALIDADE (NO CASO NEGATIVA), É PARETO INEFICIENTE, POIS IMPLICA EM QUE: 
 [BMg PRIV (= SOCIAL) = CMg PRIV] < CMg SOCIAL. 
ESSA SOLUÇÃO SENDO PARETO-INEFICIENTE, IMPLICA QUE EM TESE EXISTE OUTRA SOLUÇÃO POSSÍVEL NA QUAL PODEMOS MELHORAR ALGUÉM SEM PIORAR NINGUÉM. ISTO É, SEGUNDO A CRÍTICA DE COASE, COMO VEREMOS ABAIXO, A SOLUÇÃO (ISOLADA E PRIVADA) DO CONFEITEIRO ACIMA DESCRITA NÃO NECESSARIAMENTE SERÁ A SOLUÇÃO OBTIDA PELO PROCESSO DE MERCADO.
A RAZÃO DA DIVERGÊNCIA ENTRE CUSTOS MARGINAIS PRIVADOS E OS CUSTOS MARGINAIS SOCIAIS É QUE O “CONFEITEIRO”, NUMA PRIMEIRA ANÁLISE, APARENTEMENTE NÃO TEM INCENTIVOS PARA INTERNALIZAR OS CUSTOS MARGINAIS DE EXTERNALIDADE (NEGATIVA) QUE GERA NAS SUAS DECISÕES PRIVADAS (ÓTIMAS) DE PRODUÇÃO.
A SOLUÇÃO TRADICIONAL APREGOADA PARA O PROBLEMA EM FOCO FOI DE IMPOSICÃO DE UM IMPOSTO (O IMPOSTO PIGOU) À ATIVIDADE DA CONFEITARIA. A IMPOSIÇÃO DA TRIBUTACÃO POR UNIDADE DE PRODUÇÃO DA CONFEITARIA AO NÍVEL DO CMg EXTERNALIDADE (OU SEJA, “IMPOSTO PIGOU”) PROVÊ UM INCENTIVO APROPRIADO PARA QUE O CONFEITEIRO INTERNALIZE SEUS CUSTOS DE EXTERNALIDADE, LEVANDO A QUE HAJA A IGUALDADE: [CMg PRIV + IMPOSTO PIGOU] = CMg SOCIAL. OU SEJA, O IMPOSTO PIGOU FAZ COM QUE O CONFEITEIRO INTERNALIZE OS CUSTOS EXTERNOS QUE GERA NA SUA DECISÃO PRIVADA (ÓTIMA) DE PRODUÇÃO, ELEVANDO O CMgPRIV AO CMgSOCIAL.
APÓS A IMPOSIÇÃO DO IMPOSTO PIGOU, A PRODUÇÃO ÓTIMA PRIVADA SERÁ QS E A MESMA SERÁ PARETO-EFICIENTE POIS: BMg SOCIAL (= BMgPRIV) = CMg SOCIAL (= CMg PRIV + IMPOSTO PIGOU). 
ANÁLISE DO GANHO SOCIAL:		 SEM IMP. PIGOU	 COM IMP. PIGOU
GANHOS (EXCEDENTE) DO CONSUMIDOR = 0 0
GANHOS (EXCEDENTE) DO CONFEITEIRO =	 (A+B+C)	 (A)
PERDAS (EXTERNALIDADE NEGATIVA) DO MÉDICO = (B+C+D)	 (B)
RECEITA TRIBUTÁRIA (GANHO PARA SOCIEDADE) = ------ (B)
GANHO SOCIAL LÍQUIDO = (A - D) (A)
 
DA ANÁLISE DE COASE SOBRE AS IMPLICAÇÕES DAS EXTERNALIDADES
A ANÁLISE DE COASE SOBRE A SOLUÇÃO DE PIGOU PARA A EXTERNALIDADE LEVOU A DUAS CONCLUSÕES:
 (1) NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, 
 OS ARGUMENTOS DE PIGOU ESTÃO INCORRETOS: 
 NÃO HÁ NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO
 GOVERNAMENTAL.
 (2) NA PRESENÇA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, 
 OS ARGUMENTOS DE PIGOU AINDAESTÃO INCORRETOS, 
 MAS POR RAZÕES DISTINTAS.
 
 O TEOREMA DE COASE (EM DUAS FORMAS EQUIVALENTES):
 (A) NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, OS CUSTOS PRIVADOS
 IGUALAM AOS CUSTOS SOCIAIS.
 (B) NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, A ATRIBUIÇÃO DOS 
 DIREITOS DE PROPRIEDADE (OU REGRAS DE EXIGIBILIDADE) NÃO 
 TEM EFEITO SOBRE O BEM-ESTAR SOCIAL. 
JUSTIFICAÇÃO DAS CONCLUSÕES (TEOREMA) DE COASE
# A PRODUÇÃO DE ÓTIMA DE EQUILÍBRIO (“DECISÃO ISOLADA”) PRIVADA É: QE .
# A PRODUÇÃO ÓTIMA SOCIAL É: QS . 
 ISSO SIGNIFICA QUE O “POTE SOCIAL” É MAIOR EM QS DO QUE EM QE.
 QUANDO O “POTE” É MAIOR, EM PRINCÍPIO, ENTÃO, TODOS PODEM TER UM PEDAÇO MAIOR, HÁ 
 ESPAÇO PARA UMA MELHORA PARETIANA.
 NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, O MÉDICO E O CONFEITEIRO TEM UM INCENTIVO PARA ACORDAREM UM ARRANJO ENTRE SI, PELO QUAL QS SERÁ PRODUZIDO E NO QUAL O “VENCEDOR” COMPENSA O “PERDEDOR” POR UM MONTANTE SUFICIENTE QUE TORNE MELHOR AS DUAS PARTES ENVOLVIDAS. UMA SOLUÇÃO DIRETAMENTE ACORDADA ENTRE SI E QUE BENEFICIE A AMBOS É POSSÍVEL PORQUE O “POTE SOCIAL” ÓTIMO É MAIOR. 
 
 POR EXEMPLO: O MÉDICO, LEVANDO EM CONTA SUA AVALIAÇÃO DO CUSTO DA 
 EXTERNALIDADE, PODE PROPOR PAGAR UM MONTANTE IGUAL A (C + 1/2D) EM 
 TROCA A QUE O CONFEITEIRO PRODUZA SOMENTE QS . COM ESTE ARRANJO, AMBAS 
 PARTES GANHAM DE MODO IGUAL (MAS, RESSALTE-SE, HÁ INFINITAS OUTRAS 
 POSSIBILIDADES DE ARRANJO DIRETO MUTUAMENTE VANTAJOSO ENTRE AS PARTES):
 BENEFÍCIO LÍQUIDO DO MÉDICO: [(C + D) – (C + 1/2D)] = (1/2)D (= AUMENTO DO
 BENEFICIO DO MEDICO APOS NEGOCIACAO )
 BENEFÍCIO LÍQUIDO DO CONFEITEIRO: [(C+ 1/2D) – (C)] = (1/2)D (= AUMENTO
 DE BENEFICIO DO CONFEITEIRO APOS NEGOCIACAO)
QUE TIPOS DE OUTROS ARRANJOS QUE O “CONFEITEIRO E O MÉDICO” PODEM NEGOCIAR DIRETAMENTE ENTRE SI E QUE BENEFICIAM AMBAS PARTES ENVOLVIDAS?
 # SUPONHA QUE CMg EXT. = $ 2/UNIDADE DA “CONFEITO”.
 # SUPONHA QUE O MÉDICO OFEREÇA AO CONFEITEIRO $ 2 POR 
 UNIDADE NÃO PRODUZIDA. 
 # NESTE CASO, ENTÃO, PARA CADA UNIDADE QUE O CONFEITEIRO 
 PRODUZA ELE DEIXA DE GANHAR $ 2 DO MÉDICO. ASSIM SENDO, A OFERTA DO
 MÉDICO GERA UM CUSTO DE OPORTUNIDADE AO CONFEITEIRO, O QUAL SE 
 TORNA PARTE DO CUSTO MARGINAL PERCEBIDO PELO CONFEITEIRO. AO 
 FINAL, A SUA DECISÃO ÓTIMA DE PRODUÇÃO SERÁ EXATAMENTE A MESMA 
 QUE UM IMPOSTO PIGOU FARIA. A NOVA CURVA DE CUSTO MARGINAL 
 EFETIVAMENTE PERCEBIDA PELO CONFEITEIRO COINCIDIRÁ COM A CURVA DE
 CUSTO MARGINAL SOCIAL, ISTO É: 
 CMg SOCIAL = CMg PERCEBIDO = [CMg + CMg OPORTUNIDADE].
EM SUMA, INDEPENDENTEMENTE DOS DETALHES DO ARRANJO ACORDADO DIRETAMENTE ENTRE O MÉDICO E O CONFEITEIRO, SEMPRE SERÁ O CASO DE QUE O CONFEITEIRO PODE EXTRAIR UM “SUBORNO” DO MÉDICO DE NO MÁXIMO $ 2 POR UNIDADE NÃO PRODUZIDA NA CONFEITARIA.
 
EM SUMA, NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, UM RESULTADO SOCIALMENTE EFICIENTE SERÁ ALCANÇADO MEDIANTE ACORDOS DIRETAMENTE NEGOCIADOS ENTRE AS PARTES ENVOLVIDAS. ESSA SOLUÇÃO CORRESPONDE A UMA SOLUÇÃO PRIVADA PARA A EXTERNALIDADE E ELA INDEPENDE DE COMO SÃO ATRIBUÍDOS OS DIREITOS DE PROPRIEDADE.
 UM IMPOSTO PIGOU ASSEGURA O DIREITO DE PROPRIEDADE AO 
 MÉDICO (TEM DIREITO AO SILÊNCIO) E RESULTA NUM GANHO
 SOCIAL (PARETO-EFICIENTE) = (A). 
 DE MESMO MODO, DADO O DIREITO DE PROPRIEDADE DO MÉDICO, 
 O SISTEMA LEGAL PENALIZARIA O CONFEITEIRO (“AO NÍVEL DO CMgEXT”) E 
 ELEVARIA A CURVA DE CMgPRIV PARA A CURVA DE CMgSOCIAL E, ASSIM, TAMBEM
 RESULTA NUM GANHO SOCIAL (PARETO-EFICIENTE) = (A).
 SE, POR OUTRO LADO, O DIREITO DE PROPRIEDADE É ATRIBUÍDA AO 
 CONFEITEIRO (I.E., ELE TÊM DIREITO A EXERCER A SUA ATIVIDADE PRODUTIVA, 
 INDEPENDENTEMENTE DO BARULHO QUE GERA), ENTÃO O MÉDICO TEM 
 INCENTIVO A “SUBORNAR” O CONFEITEIRO (DE NO MÁXIMO $2 POR UNIDADE
 NÃO PRODUZIDA: GERA CUSTO DE OPORTUNIDADE AO CONFEITTEIRO) PARA QUE
 PRODUZA “QS ” (OU SEJA, UMA SOLUÇÃO PRIVADA PARA A EXTERNALIDADE) E, 
 AINDA ASSIM, O GANHO SOCIAL (PARETO-EFICIENTE) SE MANTÉM EM: (A).
 
SOLUÇÕES ALTERNATIVAS
 VIMOS QUE NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, OS CUSTOS PRIVADOS SE ELEVAM AO NÍVEL DOS CUSTOS SOCIAIS, INDEPENDENTEMENTE DE COMO OS DIREITOS DE PROPRIEDADE SÃO ATRIBUÍDOS. NO ENTANTO, ESSAS SOLUÇÕES IMPLICAM EM QUE (NA PRESENÇA DE EXTERNALIDADE NEGATIVA) OCORRA UMA REDUÇÃO DO PRODUTO (SOCIAL): “QS < QE”.
PORTANTO, VALE O QUESTIONAMENTO SOBRE SE PODE HAVER O CASO DE QUE A RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DE EXTERNALIDADE NEGATIVA, OBTIDA MEDIANTE NEGOCIAÇÃO PRIVADA DIRETA ENTRE AS PARTES, SEJA UMA QUE NÃO RESULTE EM REDUÇÃO DA PRODUÇÃO DO “CONFEITEIRO”, ISTO É, QUE RESULTE NUMA SOLUÇÃO EM PRINCÍPIO SOCIALMENTE MAIS DESEJÁVEL? 
ALGUMAS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS:
 # O CONFEITEIRO PODE COMPRAR MÁQUINAS MAIS MODERNAS E 
 SILENCIOSAS. NESTE CASO A EXTERNALIDADE NEGATIVA DESAPARECE E
 A PRODUÇÃO SOCIALMENTE ÓTIMA SERÁ QE .
 # O MÉDICO PODE DESLOCAR SEU CONSULTÓRIO PARA UM LUGAR MAIS 
 DISTANTE NO IMÓVEL, DE FORMA QUE NÃO HAJA O BARULHO DA 
 CONFEITARIA. NESTE CASO A EXTERNALIDADE NEGATIVA DESAPARECE 
 E A PRODUÇÃO SOCIALMENTE ÓTIMA SERÁ QE .
 # O MÉDICO OU O CONFEITEIRO, OU AMBOS CONJUNTAMENTE PODEM 
 ERIGIR UMA PAREDE ACÚSTICA ENTRE SUAS DUAS ATIVIDADES. NESTE 
 CASO A EXTERNALIDADE NEGATIVA DESAPARECE E A PRODUÇÃO 
 SOCIALMENTE ÓTIMA SERÁ QE .
EM QUALQUER DESSAS ALTERNATIVAS ACIMA MENCIONADAS, A DISCREPÂNCIA ENTRE OS CUSTOS PRIVADOS E OS CUSTOS SOCIAIS SERIA ELIMINADA PELA REDUÇÃO OU ELIMINAÇÃO DOS CUSTOS EXTERNOS (SOCIAIS), AO INVÉS DE ELEVAÇÃO DOS CUSTOS PRIVADOS COMO O IMPOSTO PIGOU FAZ. 
 NESTE CASO, A PRODUÇÃO SOCIALMENTE ÓTIMA SERÁ QE E O GANHO
 SOCIAL SE ELEVARÁ DE (A) PARA (A + B + C). 
TODAVIA, TODAS ESSAS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS ACIMA DESCRITAS, AS QUAIS IMPLICAM NA REDUÇÃO DO CUSTO SOCIAL E, ASSIM, LEVAM AO AUMENTO DO GANHO SOCIAL AO SEU MÁXIMO, SÃO SOLUÇÕES CUSTOSAS. 
 # SE O CUSTO DE UMA DESSAS ALTERNATIVAS FOR MENOR DO QUE 
 O AUMENTO DO PRODUTO SOCIAL ASSIM GERADO (= “B + C”) (“MAIS
 CORRETO SERIA INTERTEMPORAL”), ENTÃO ESSA ALTERNATIVA SERÁ 
 UMA SOLUÇÃO MAIS EFICIENTE A QUALQUER OUTRO ESQUEMA QUE 
 IMPLICA NA ELEVAÇÃO DO CMgPRIV AO CMgSOCIAL, POIS AO REDUZIR
 O CMgSOCIAL ELEVA O GANHO SOCIAL.
 # SE A COMPRA DE MÁQUINAS NOVAS PELO CONFEITEIRO É MAIS 
 BARATO DO QUE O DESLOCAMENTO DO CONSULTÓRIO DO 
 MÉDICO, EMBORA AMBAS ALTERNATIVAS, POR HIPÓTESE, SEJAM 
 MENORES DO QUE (“B + C”), ENTÃO A COMPRA DE MÁQUINAS SERÁ
 A SOLUÇÃO SOCIALMENTE MAIS EFICIENTE.
EM SUMA, NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, O MÉDICO E O CONFEITEIRO ENCONTRARÃO, POR SI SÓS, A MAIS EFICIENTE ALTERNATIVAPARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA DE EXTERNALIDADE E NEGOCIARÃO ENTRE SI UM SISTEMA DE COMPENSAÇÕES QUE TORNARÃO AMBOS MELHOR (PARETO-EFICIENTE). ESSA MELHORA SOCIAL OCORRERÁ INDEPENDENTEMENTE DE COMO OS DIREITOS DE PROPRIEDADE ESTEJAM ATRIBUÍDOS. TODAVIA, AO NÍVEL INDIVIDUAL (SEJA DO CONFEITEIRO, SEJA DO MÉDICO) IMPORTA QUEM DETÉM OS DIREITOS DE PROPRIEDADE, POIS ELE NÃO PRECISA BUSCAR A NEGOCIAÇÃO PARA MELHORAR. ISSO TERÁ DE SER FEITO POR QUEM NÃO DETÉM OS DIREITOS DE PROPRIEDADE.
 O RESULTADO MAIS EFICIENTE PODE TANTO IMPLICAR NUMA 
 REDUÇÃO DO PRODUTO SOCIAL (PARA QS ), ISTO É, IMPLICAR 
 NUM ELEVAÇÃO DO CMgPRIV AO CMgSOCIAL, COMO PODE 
 IMPLICAR EM ALGUM ESQUEMA DE ELIMINAÇÃO/REDUÇÃO DO 
 CUSTO DE EXTERNALIDADE, ISTO É, DE REDUÇÃO DO CMgSOCIAL
 AO CMg PRIV E, ASSIM, RESULTANDO NA ELEVAÇÃO DO PRODUTO 
 SOCIAL (PARA QE ). NÃO EXISTE FORMA DE DETERMINAR EX-ANTE 
 COM AS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NO GRÁFICO QUAL É A 
 SOLUÇÃO MAIS EFICIENTE. 
SUMÁRIO:
NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO, O TEOREMA DE COASE NOS DIZ QUE A SOLUÇÃO DE PIGOU (“IMPOSTO PIGOU”) É INCORRETA POR DOIS MOTIVOS:
 (1) “QS ” PODE NÃO SER O RESULTADO SOCIALMENTE ÓTIMO. PODE SER QUE A SOLUÇÃO MAIS 
 EFICIENTE SEJA ELIMINAR O PROBLEMA DE BARULHO POR ALGUMA DAS MUITAS FORMAS 
 POSSÍVEIS QUE EXISTEM.
 (2) QUALQUER QUE SEJA O ÓTIMO SOCIAL, ELE SERÁ ALCANÇADO COM OU SEM A IMPOSIÇÃO DE 
 TRIBUTO, POR VIA DA BARGANHA ENTRE AS PARTES ENVOLVIDAS E COM A MELHORA DO BEM-
 ESTAR DE TODOS ENVOLVIDOS NA QUESTÃO.
NA ESSÊNCIA, O ARGUMENTO DE COASE É DE QUE SE UM DETERMINADO RESULTADO É PARETO NÃO-EFICIENTE, ENTÃO TODOS (“ENVOLVIDOS NA QUESTÃO”) PODEM GANHAR AO REFORMAR ESSE RESULTADO PARA UM QUE SEJA PARETO-EFICIENTE. POIS, ASSIM, O “POTE SOCIAL” SERÁ MAIOR, O QUE PERMITE UMA REDISTRIBUIÇÃO DO GANHO ACRESCIDO QUE OCORRE POR SE PASSAR PARA A SITUAÇÃO PARETO-EFICIENTE DE MODO QUE TODOS FIQUEM MELHOR. E, COMO AS TROCAS SÃO VOLUNTÁRIAS, OS AGENTES PRIVADOS AUTONOMAMENTE (E AUTOMATICAMENTE) SE MOVERÃO PARA A SITUAÇÃO PARETO-EFICIENTE. OU SEJA, NÃO HÁ A NECESSIDADE DA INTERVENÇÃO DO GOVERNO PARA “CORRIGIR” UMA EXTERNALIDADE NEGATIVA, POIS OS MERCADOS PRIVADOS TEM INCENTIVOS PARA FAZER ISSO POR SI MESMOS E ESCOLHERÃO A MELHOR ALTERNATIVA EXISTENTE. 
OBSERVACÃO:
UMA OUTRA SOLUÇÃO PRIVADA AO PROBLEMA DE EXTERNALIDADE (NEGATIVA) AQUI ANALISADO PODE EVENTUALMENTE CONSISTIR A DE QUE O CONFEITEIRO AUMENTE DE TAMANHO E COMPRE E EXERÇA AS ATIVIDADES DO CONSULTÓRIO DO MÉDICO. NESTE CASO, O CONFEITEIRO INTERNALIZA AS CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE DE SUA CONFEITARIA SOBRE SUA ATIVIDADE DE CONSULTÓRIO MÉDICO E GARANTE UMA SOLUÇÃO NA QUAL CMgPRIV. = CMgSOCIAL. 
RESUMO DOS EFEITOS E SOLUÇÕES DE EXTERNALIDADE NEGATIVA
A SITUAÇÃO DE PARETO ÓTIMO (EFICIENTE) IMPLICA:
 CMg SOCIAL = BMg SOCIAL
A DECISÃO ÓTIMA PRIVADA SEMPRE IMPLICA NA IGUALDADE:
 CMg PRIVADO = BMg PRIVADO
A EXTERNALIDADE NEGATIVA SEMPRE IMPLICA NA DIVERGÊNCIA ENTRE O CMg PRIVADO E O CMg SOCIAL, NA SEGUINTE DESIGUALDADE:
 CMg PRIVADO < CMg SOCIAL = [CMg PRV + CMg EXTERNALIDADE]
PORTANTO, NA PRESENÇA DE EXTERNALIDADE TEREMOS QUE:
 DECISÃO ÓTIMA PRIVADA ≠ DECISÃO ÓTIMA SOCIAL
SOLUÇÃO PARA EXTERNALIDADE NEGATIVA NA AUSÊNCIA DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO:
 NÃO HÁ NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL; AS PARTES 
 ENVOLVIDAS SEMPRE ALCANÇAM UM RESULTADO EFICIENTE (SOCIALMENTE 
 ÓTIMO) QUE TANTO PODE IMPLICAR EM: 
 (A) ELEVAÇÃO DO CMg PRV AO NÍVEL DO CMg SOCIAL, OU
 (B) REDUÇÃO DO CMg SOCIAL AO NÍVEL DO CMg PRV. 
BIBLIOGRAFIA
ROSEN, HARVEY S. – Public Finance, 7. ed, McGraw-Hill, 2005.
STIGLITZ, JOSEPH E. – Economics of the Public Sector, 3. ed., W.W. Norton & Company, 2000.
TRESCH, RICHARD W. – PUBLIC SECTOR ECONOMICS, CAP. 7 PALGRAVE MACMILLAN, 2008.
CONNOLLY, SARA & ALISTAIR MUNRO – ECONOMICS OF THE PUBLIC SECTOR, CAP. 5, PRENTICE HALL, 1st. Ed., 1999.
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