Buscar

Bem estar animal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BEM ESTAR ANIMAL
NED-ASE
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA
REFLEXÃO
"A compaixão pelos animais está
intimamente ligada à bondade de
carácter e pode ser seguramente
afirmado que quem é cruel com
os animais não pode ser um bom
homem." 
 Arthur Schopenhauer 
"A compaixão para com 
os animais é das mais 
nobres virtudes da 
natureza humana." 
Charles Darwin 
O que é ETOLOGIA?
Segundo Darwin (1850, apud Bowlby, 1982), cada espécie é dotada de
seu próprio repertório peculiar de padrões de comportamento, da
mesma forma que é dotada de suas próprias peculiaridades
anatômicas. 
Os etólogos estudam esses padrões de comportamento específicos das
espécies, fazendo-o preferencialmente no ambiente natural, uma vez
que acreditam que detalhes importantes do comportamento só podem
ser observados durante o contato estreito e continuado com espécies
particulares que se encontram livres no seu ambiente. 
Para Odum, 1988, o estudo da conduta ou etologia, tornou-se uma
importante ciência interdisciplinar que procura interligar a fisiologia, a
ecologia e a psicologia. 
Esta ciência está ligada aos nomes de Konrad Lorenz e Niko Tinbergen,
sob influência da Teoria da Evolução, tendo como uma de suas
preocupações básicas a evolução do comportamento através do
processo de seleção natural. 
Texto 1
A Etologia utiliza modelos e conceitos teóricos para a interpretação dos
fenômenos que caracterizam seu objeto enquanto disciplina científica. 
Segundo Odum, 1988 (o.c.) o comportamento é um importante
componente da compensação dos fatores (limitantes e reguladores)
ambientais e do desenvolvimento ecotípico. 
Os organismos regulam os respectivos ambientes internos e
microambientes externos por meios fisiológicos e de conduta. 
Essa adaptação caracteriza o nicho ecológico de cada espécie, que
corresponde não só ao lugar onde vive (habitat) mas também aquilo que
faz (como transforma a energia, se comporta, responde ao seu ambiente
físico e biótico e o modifica) e da forma como é constrangido por outras
espécies. 
O trabalho dos etólogos 
Os etólogos caracterizam-se por uma posição metodológica que gira em
torno das quatro questões de Nikolaas Tinbergen (1907-1988). Este, em
1963, propôs que em primeiro lugar deve-se observar e descrever o
comportamento, caracterizando o repertório comportamental ou
etograma; posteriormente, uma análise completa do comportamento
deve ser feita com bases nas análises causal, ontogenética, filogenética
e funcional. 
 
A análise causal é feita através do estabelecimento de uma relação
entre um determinado comportamento com uma condição antecedente,
sendo estudados os estímulos externos responsáveis pelo
comportamento e os mecanismos motivacionais internos; 
A análise ontogenética envolve uma relação do comportamento com o
tempo, estando o interesse voltado para o processo de diferenciação e
de integração dos padrões comportamentais no curso do
desenvolvimento de um indivíduo jovem; 
A análise filogenética, por sua vez, estuda a história do
comportamento no curso da evolução da espécie; 
Por último, a análise funcional estabelece uma relação entre um
determinado comportamento e mudanças que ocorrem no ambiente
circundante ou dentro do próprio indivíduo. 
Fonte:http://biologo.com.br/bio/comportamento-animal/
Texto 2
Aprendendo Quem é a Sua Mãe 
O Comportamento do Imprinting
Silvia Helena Cardoso, PhD e Renato M.E. Sabbatini, PhD 
"A verdade em ciência pode ser definida como a hipótese de trabalho 
melhor adequada para abrir caminho para uma próxima que seja
melhor" 
Konrad Lorens 
O comportamento animal se desenvolve como resultado da interação
de influências genéticas e ambientais. Alguns comportamentos tem
determinantes mais genéticos (inatos) do que comportamentais; em
outros o oposto é verdadeiro. Inato é uma palavra em latim que
significa "nascer com". 
Por um lado, existem os chamados comportamentos instintivos, os
quais são geneticamente programados e geralmente são muito
pouco influenciados pela experiência ou aprendizagem. 
 Eles são parte de uma constelação de habilidades que são essenciais
para a vida e sobrevivência. O comportamento de chupar o mamilo da
mãe nos bebês é um dos vários comportamentos instintivos com os
quais nós nascemos. Por outro lado, nós temos comportamentos que
são quase inteiramente dependentes da aprendizagem, tais como
amarrar o cordão dos sapatos. 
Existe, entretanto, toda uma gama de diferentes misturas de
comportamentos inatos e aprendidos. Por exemplo, muitos padrões
comportamentais aprendidos são dependentes de mecanismos inatos.
Um gatinho é dotado de mecanismos cerebrais para caçar ratos, mas
ele deve aprender a usá-los com a gata mãe. O mesmo acontece
com alguns cantos de pássaros: eles precisam ouvir seus colegas
adultos cantar, caso contrário seus padrões canoros (aqueles
relacionados ao canto) se tornarão adulterados e irreconhecíveis para
outros membros da espécie. 
Um exemplo impressionante e muito curioso de influências genéticas
e ambientais em comportamento animal é o chamado Imprinting
("estampagem", em português, mas geralmente é um termo não
traduzido). 
Inicialmente, o fenômeno foi chamado de "stamping in". A razão para
o nome é porque Lorenz achou que o objeto sensorial encontrado pela
ave é estampado (ou carimbado), imediatamente e irreversivelmente
no sistema nervoso. 
Este é um fenômeno exibido por vários animais jovens principalmente
pássaros, tais comos patinhos e pintinhos. Quando saem dos seus
ovos, eles seguirão o primeiro objeto em movimento que eles
encontrarem no ambiente (o qual pode ser a sua mãe pata ou galinha,
mas não necessariamente). Ocorre então uma ligação social entre o
filhote e este objeto ou organismo. 
Os primeiros estudos científicos deste fenômeno foram realizados pelo
austríaco naturalista Konrad Lorenz (1903 - 1989), um dos
fundadores da etologia (o estudo do comportamento animal). Ele
descobriu que, se gansos cinzentos fossem criados por ele desde
filhotinhos, eles o seguiriam como se fosse sua mãe. Os gansinhos
seguiam Lorenz até mesmo depois de se tornaram adultos e
manifestavam uma maior preferência por ele do que por outros
gansos! 
Patinhos submetidos ao imprintnig através de objetos inanimados (um
balão branco). Em outros experimentos, Lorenz demonstrou que
patinhos poderiam receber o imprinting não somente de seres
humanos, mas também de objetos inanimados, tais como um balão.
Ele descobriu também que existe uma "janela" muito restrita de tempo
após o nascimento dos filhotinhos para que o imprinting se realizasse
efetivamente. Por este e outros trabalhos, Lorenz ganhou o Prêmio
Nobel para Medicina e Fisiologia em 1973. 
O trabalho de Lorenz forneceu uma evidência muito importante de que
existem periodos críticos na vida onde um tipo definido de estimulo é
necessário para o desenvolvimento normal. Como é necessária a
exposição repetitivaa a um estimulo ambiental (provocando uma
associação com ele), podemos dizerr que o imprinting é um tipo de
aprendizagem, ainda que contendo um elemento inato muito forte. 
Induzindo o imprinting 
Algumas das características do imprinting poderiam ser explicadas
pela tendência que o filhote de pássaro tem para procurar e responder
seletivamente a padrões de estimulos particulares, tais como o
aspecto característico de uma ave adulta. Antes do imprinting se
instalar, o cérebro da ave jovem tem a capacidade de reconhecer os
tipos de estimulos os quais serão subseqüentemente aprendidos por
associação, e este é um dos componentes inatos. O cérebro também
comanda um número de ações motoras em cadeia que facilitam o 
processo de aprendizagem e mantém a proximidade ao objeto de sua
ligação. Este é um outro componente inato ou espécie - especifico. 
A aprendizagem, entretanto, só pode ocorrer com base em estruturas
neurais determinadasgeneticamente e emum período biológicamente
crítico no ciclo da vida do patinho. Sem dúvida, o imprinting apareceu
como resultado da seleção natural, pois tem a importante função de
permitir o reconhecimento dos pais do filhote, com a finalidade de
favorecer a ligação social e de reprodução sexual com membros de
sua própria espécie e não de outras. Suas caracteristícas instintivas
são claras, pelo fato de que uma vez que o imprinting é instalado, ele
permanece por toda a vida, mesmo se for totalmente anti-natural. 
A pesquisadora imita a pata mãe fazendo quack, quack, quack em
frente de um grupo de patinhos logo após eles terem nascido. Eles
aprendem rapidamente a identificar a sua mãe com bases em
estimulos visuais, olfatórios e auditivos. 
Clique aqui para ver os patinhos ampliados 
Então, os patinhos percebem a pesquisadora como sua mãe (sua
protetora) e a seguem. 
A importância do imprinting na natureza 
No ambiente natural, o imprinting comportamental atua como um
instinto para a sobrevivência em recém nascidos. O filhote deve
imediatamente reconhecer seus pais, por causa da probabilidade de
ocorrerem eventos ameaçadores pouco depois do nascimento, tais
como o ataque por um predador ou por outros adultos que poderiam
ocorrer. Dessa forma, o imprinting é muito confiável para induzir a
formação de uma forte ligação social entre o filhote e a mãe, mesmo
que seja a mãe errada. 
Esta é a única de muitas formas de imprinting que tem sido estudada,
 e é chamada de imprinting filial. Outra forma é o imprinting sexual, no
qual as aves aprendem as caracteristícas de seus irmãos de ninhada,
as quais posteriormente irão influênciar suas preferências sexuais
como adultos. Em gansos cinzentos, o imprinting filial e sexual
ocorrem quase simultaneamente, mas em outros animais existe um
claro intervalo entre os dois processos. 
Imprinting em mamíferos é um processo mais raro. Primatas são
animais altriciais, ou seja, eles nascem em um estado "incompleto",
com o cérebro ainda imaturo, e que levará muitos meses para se
tornar completamente operacional, alerta e ativo com todos seus
sentidos e ações. Assim, a mãe é a suprema protetora. A ligação mãe-
filho acontece por outros processos que não o imprinting. Não existe
pressa, por assim dizer. 
Padrões fixos de ação e imprinting 
Outros pioneiros da etologia, tais como Niko Tinbergen (que ganhou o
Prêmio Nobel no mesmo ano que Lorenz), estudou outro importante
fenômeno no comportamento animal, que ele denominou de Padrão
Fixo de Ação, ou PFA. Esta é uma sequência comportamental de atos
motores mais elementares, os quais formam um padrão com uma
função clara na vida do animal. 
O Padrão de Ação Fixa de recuperação do ovo Por exemplo, quando
um ovo rola para fora do ninho, a pata mãe o recupera através de uma
elaboradasequência de movimentos de sua cabeça e bico. A prova de
que é um padrão fixo é que, se o ovo escapa do bico, a pata continua
a executar o movimento estereotipadamente até que ele alcance o
ninho; somente então começará tudo novamente. 
Assim, ao descobrir o imprinting, Lorenz na verdade demostrou como
a experiência pode direcionar um padrão fixo de ação. Ele acreditava 
Esta é a única de muitas formas de imprinting que tem sido estudada,
 e é chamada de imprinting filial. Outra forma é o imprinting sexual, no
qual as aves aprendem as caracteristícas de seus irmãos de ninhada,
as quais posteriormente irão influênciar suas preferências sexuais
como adultos. Em gansos cinzentos, o imprinting filial e sexual
ocorrem quase simultaneamente, mas em outros animais existe um
claro intervalo entre os dois processos. 
Imprinting em mamíferos é um processo mais raro. Primatas são
animais altriciais, ou seja, eles nascem em um estado "incompleto",
com o cérebro ainda imaturo, e que levará muitos meses para se
tornar completamente operacional, alerta e ativo com todos seus
sentidos e ações. Assim, a mãe é a suprema protetora. A ligação mãe-
filho acontece por outros processos que não o imprinting. Não existe
pressa, por assim dizer. 
Padrões fixos de ação e imprinting 
Outros pioneiros da etologia, tais como Niko Tinbergen (que ganhou o
Prêmio Nobel no mesmo ano que Lorenz), estudou outro importante
fenômeno no comportamento animal, que ele denominou de Padrão
Fixo de Ação, ou PFA. Esta é uma sequência comportamental de atos
motores mais elementares, os quais formam um padrão com uma
função clara na vida do animal. 
O Padrão de Ação Fixa de recuperação do ovo Por exemplo, quando
um ovo rola para fora do ninho, a pata mãe o recupera através de uma
elaboradasequência de movimentos de sua cabeça e bico. A prova de
que é um padrão fixo é que, se o ovo escapa do bico, a pata continua
a executar o movimento estereotipadamente até que ele alcance o
ninho; somente então começará tudo novamente. 
Assim, ao descobrir o imprinting, Lorenz na verdade demostrou como 
a experiência pode direcionar um padrão fixo de ação. Ele acreditava
que o imprinting é o resultado da interação entre instinto e
aprendizagem. 
Na sua época havia um debate caloroso entre os etólogos sobre a
importância dos dois fatores no comportamento animal. Este debate
foi chamado de "Nature x Nurture" (Natureza x Criação). Lorenz
forneceu evidências de que este na verdade, era um dilema falso: em
quase todos os comportamentos animais existe uma mistura de
ambos. 
Entretanto, Lorenz achava que o imprinting diferia da aprendizagem
associativa de várias formas. Primeiro, porque existe um período
crítico restrito, ou tempo fixo, para ele acontecer. Com poucas
exceções isto não vale para aprendizagem associativa. Segundo,
porque o imprinting parece ser irreversível, e novamente, a
aprendizagem associativa é altamente volátil, geralmente
desaparecendo com o tempo (o processo de "esquecimento").
Terceiro, porque Lorenz propôs que o imprinting não é um processo
individual de memória, o qual é restrito somente ao animal que
experimenta a aprendizagem, mas que seria um tipo de
condicionamento supra-individual, ou seja, "além e acima do
indivíduo", ou de um grupo de organismos. Em outras palavras ele é
espécie-especifíco, e não um processo geral tal como a aprendizagem
associativa. 
O imprinting hoje 
Estudos recentes tem mostrado que a visão tradicional do imprinting
proposta por Lorenz e seus seguidores pode ser incompleta ou
mesmo incorreta. Lorenz estudou os animais principalmente em seus
ambientes naturais, uma vez que esta é uma das principais premissas
da etologia, entretanto, pesquisadores modernos o imprinting em um
contexto de laboratório mais controlado rigorosamente. O objetivo
desta abordagem é estudar o papel de formas especiais
de aprendizagem, tais como reconhecimento visual de memória que
opera no impringting.
No laboratório, as situações de criação e testes para todos os sujeitos
são mais facilmente estruturadas e controladas, tais como o ambiente
onde os ovos são colocados antes que o nascimento aconteça. Por
exemplo, a temperatura e iluminação são constantes, as paredes e
assoalhos de todos os aparatos são pretas, nenhum alimento ou água
é disponível durante o experimento, e o manuseio dos animais é
mínimo. 
Essas investigações tem mostrado que o imprinting não é nem rápido
e nem irreversível, e também não é restrito a um período crítico, como
foi proclamado por Lorenz e seus seguidores. Foi também descoberto
 que o imprinting ocorre em outras espécies, e que os componentes
do aprendizado são mais importantes do que aqueles previamente
pensados (Hoffman, 1996). Existe evidência de que este processo
acumulativo está vinculado a liberação de endorfinas no cérebro. 
Assim, tem sido feita a hipótese por alguns autores que o estimulo de
imprinting fornece uma retroalimentação confortadora através da
liberação cerebral de endorfinas, agindo assim para fixar a associação
com o objeto. Outro importante re-exame das teoriasda era Lorenz é
que o periodo crítico pode resultar da não interferência do período em
que começa o medo do desconhecido, quatro ou cinco dias depois da
ninhada. Desta forma, não existe competição com as respostas de
medo, e o estimulo ambiental se torna um alvo para a ligação social. 
Imprinting no cérebro 
Existem áreas particulares no cérebro responsáveis pelo imprinting ? 
Parece que sim. Diversos estudos usando diferentes técnicas
neurobiológicas têm implicado a parte intermediária e medial de uma
estrutura chamada hiperestriado ventral (IMHV) em ambos os lados do
cérebro, como sendo uma das provavéis estruturas para o
armazenamento da associação do imprinting (Horn, 1985). A crista 
ventricular dorsal (do inglês dorsal ventricular ridge, ou DVR) é uma
estrutura apresentada unicamente em pássaros e répteis. Em pássaros,
a DVR inclui o hiperestriado ventral, e uma outra área chamada wulst.
O wulst parece ser parte de um sistema que se assemelha ao substrato
da memória em mamífero. 
Evidência experimental sobre o papel do IMHV foi obtida por Horn e
seus colaboradores em uma série de trabalhos científicos. Eles
mostraram que pintinhos que tinham seu IMHV removido
cirurgicamente em ambos os lados não podiam mais reter e nem
reconhecer o imprinting. 
A contribuição do imprinting para a ciência 
Em conclusão, o imprinting é um exemplo maravilhoso da interação de
comportamento inato espécie-específico, e as propriedades específicas
de aprendizagem, as quais tem sido chamadas aprendizagem
"perceptual" (Bateson, 1966). Estes estudos afirmam que as espécies
animais são geneticamente construidas para capacitá-las a aprender
tipos específicos de comportamento que são importantes para a
sobrevivência das espécies. Imprinting é uma dessas formas de
comportamento. 
Finalmente, devemos mencionar que os criadores de patos e gansos
são bem conscientes da existência do imprinting, e algumas vezes eles
tiram vantagem disso. Infelizmente, a prática intensiva de exploração
econômica de aves de corte tem levado ao processo de incubação
artificial de ovos em ambientes estéreis e não naturais. Isto, em
conseqüência, produz milhões de pintinhos, gansinhos e patinhos
"órfãos", os quais são privados de seu desenvolvimento
comportamental natural. 
Fonte:http://www.cerebromente.org.br/n14/experimento/lorenz/index-
lorenz_p.html
A pesquisadora imita a pata mãe fazendo quack, quack, quack em frente
de um grupo de patinhos logo após eles terem nascido. Eles aprendem
rapidamente a identificar a sua mãe com bases em estimulos visuais,
olfatórios e auditivos.
Então, os patinhos percebem a pesquisadora como sua mãe (sua
protetora) e a seguem.
Texto 3
 INTRODUÇÃO 
O tema bem-estar animal vem recebendo crescente atenção nos
meios técnicos, científicos e acadêmicos. Juntamente com as questões
ambientais e segurança alimentar, o bem-estar animal tem sido
considerado entre os três maiores desafios confrontando a agricultura
nos últimos anos, (Rollin, 1995). O processo de produção precisa ser
ambientalmente benéfico, eticamente defensável, socialmente aceitável
e relevante aos objetivos, necessidades e recursos da comunidade para
o qual foi elaborado para servir, (Fraser, 1999). 
Sendo assim, o bem-estar animal, pode ser considerado uma demanda
para que um sistema seja defensável eticamente e aceitável
socialmente e, segundo Warriss (2000), as pessoas desejam comer
carne com “qualidade ética”, isto é, carne oriunda de animais que foram
criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-
estar, e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos. 
Com a industrialização da agricultura, os métodos de produção
mudaram radicalmente, relevando uma preocupação quase que
exclusiva com o desempenho quantitativo dos animais. O confinamento
foi o caminho para reduzir trabalho, perda genética dos animais e
ganhar espaço, colocando os animais sob fácil controle. Agravaram-se,
então, os problemas de comportamento e bem-estar dos animais. 
Exigências atuais de bem-estar animal e 
sua relação com a qualidade da carne
Patrícia de Sousa
 Novos tipos de sofrimento resultaram do confinamento intensivo dos
animais como o aumento de doenças, produção sem atenção
individualizada dos animais. O sofrimento também resulta de 
privação física ou psicológica dos animais confinados, tais como,
ausência de espaço, isolamento social, impossibilidade de se
movimentar, monotonia e outros. Em vários países a questão do bem-
estar animal tem se tornado uma preocupação constante, onde a
sociedade tem demandado um grande aumento nas regulamentações
que melhorem a qualidade de vida dos animais. 
2 - DEFINIÇÃO DE BEM-ESTAR 
Hurnik (1992), definiu bem-estar animal com sendo “o estado de
harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por condições
física e fisiológica ótimas e alta qualidade de vida dos animais”. O
sofrimento normalmente está relacionado com o bem-estar, mas falta
de bem-estar não é, necessariamente, sinônimo de sofrimento. Os
animais mostram sinais inequívocos que refletem dor, angústia, medo,
frustração, raiva, e outras emoções que indicam sofrimento. O conforto
mental é um estado, que sem dúvida está relacionado com a condição
física do animal, mas não apenas. É difícil saber o grau de satisfação
do animal com seu ambiente. Entretanto, a manifestação de certos 
comportamentos se constitui em evidência do desconforto. A privação
de estímulos ambientais (ambiente monótono, falta de substratos,
palha, ramos, terra) leva à frustração que pode se refletir em
comportamentos anômalos ou estereótipos. O animal pode estar em
ótimas condições físicas e estar saudável e bem nutrido, mas sofrendo
mentalmente. Alta produtividade não necessariamente implica em bem-
estar. Pelo contrário, animais selecionados geneticamente para alta
especialização e colocados em ambientes pressionados para alta
produtividade podem trazer grande sofrimento. 
3 - ESTRESSE 
O estresse tem sido o principal mecanismo de medida ou de avaliação
do bem estar animal. Estímulos externos e internos são canalizados via 
 sistema nervoso até o hipotálamo, onde é liberado o hormônio liberador
da corticotropina (CRH). O CRH é transportado até a hipófise,
estimulando a síntese e a liberação de adrenocorticotropina (ACTH), que
por sua vez estimula a liberação de cortisol pelas glândulas adrenais. É
o chamado eixo hipotálamohipófise-adrenal (HPA). O CRH também
estimula o sistema nervoso simpático–adrenal e a secreção de
hormônios catecolaminas, adrenalina e noradrenalina (epinefrina e
norepinefrina), responsáveis pela resposta em curto prazo, uma 
rápida resposta de “alarme”, conhecida como Síndrome de Emergência,
que prepara o organismo para a “luta ou fuga”, com sinais como
aumento da freqüência respiratória e cardíaca. Outra resposta do
estresse ocorre após o alarme e durante um período mais longo,
permitindo ao animal recompor-se da situação de alarme ou adaptar-se
à nova situação. Este componente da resposta do organismo ao
estresse envolve mudanças significativas no sistema endócrino e
autônomo, via eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e é conhecida
como a Síndrome Geral da Adaptação. A liberação do cortisol 
estimulada pela liberação de ACTH atua sobre o metabolismo orgânico, 
aumentando o catabolismo protéico, a gliconeogênese no fígado, inibe a 
absorção e a oxidação da glicose, além de estimular o catabolismo de 
triglicerídeos no tecido adiposo. A importância disso está no fato de que
os estressores crônicos mobilizam energia contentemente, desviando-a
da produção, (Zulkifli e Siegel, 1995). 
O estresse é uma reação do organismo a uma reação do ambiente,
numa tentativa de manter a homeostase. Mas o estresse crônico,
entretanto, leva a uma outra reação, conhecida como “desistência
aprendida”. O animal “aprende” que sua reação ao meio desfavorável
não resulta em adaptação e,portanto, deixa de reagir. Essa condição
tem inúmeras conseqüências para o organismo animal como, maior
fragilidade do sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a
doenças; redução da produtividade em alguns casos; ocorrência de
comportamento anômalo. 
 Comportamento anômalo é o redirecionamento de um comportamento
que o animal tem alta motivação para realizar, mas cujo
desencadeamento está impedido pelo ambiente. 
Há duas grandes vertentes de conduta para melhorar o bem-estar
animal. Uma delas é o chamado “enriquecimento ambiental”, que
consiste em introduzir melhorias no próprio confinamento, com o objetivo
de tornar o ambiente mais adequado às necessidades comportamentais
dos animais. Exemplos: 1)colocação de objetos, como correntes e
“brinquedos” para quebrar a monotonia do ambiente físico. Isto reduziria
a incidência de canibalismo; 2) palha no piso, sobre o cimento, evitando
piso ripado: 3) área mínima por animal, reduzindo a agressão e os
animais separam área de excreção da área de descanso; 4)Gaiolas com
espaço suficiente para o animal virar-se e com palhas para contrição de
ninhos. E a outra vertente seria repensar o sistema de produção como
um todo, ou propor sistemas de produção alternativos. Exemplos: 
produção extensiva (suínos, ovinos, bovinos), com animais ao ar livre,
sistemas orgânicos (aves: frango verde, criação colonial), produção de
gado à pasto, etc. 
O fator humano também é importante na produção e bem-estar dos
animais. O manuseio diário dos animais, ou a maneira como o tratador se
relaciona com o animal, voz, contato físico, interação geral, pode
influenciar o comportamento e a produtividade do animal. Em termos de
personalidade e atitude, um “bom tratador” é normalmente introvertido,
confiante, consistente, disciplinado, perseverante e imaginativo. Tem
uma atitude de respeito com o animal, “conversando” com voz firme e
tocando gentilmente durante o manuseio.Gritos, agressões e violência
devem ser sempre evitadas, assim como cães no interior das instalações.
Os animais gostam de rotina e reconhecem as pessoas pela imagem,
odor, voz, caminhar. Os tratadores devem ser sempre os mesmos, usar
uniformes e utilizar a mesma rotina. Treinamento e satisfação com o
trabalho também afetam a relação que os humanos têm com os
animais, e pode se refletir no comportamento e produtividade dos
animais, (Hemsworth e Coleman, 1998) 
4 - QUALIDADE DA CARNE 
Ausência de bem-estar pode levar à produção de uma carne de
qualidade inferior, o que resulta em perda de produção e perda de
vendas, ou venda de produto de baixa qualidade. Warriss et al., (1994)
analisaram animais abatidos em abatedores subjetivamente avaliados
como tendo um manejo pré abate inadequado. Os animais tiveram um
nível aparente de estresse mais alto, bem como níveis mais elevados de
lactato e creatina kinose no sangue coletado ao sangramento, do que os
níveis encontrados em animais abatidos em sistemas melhor conduzidos.
O estresse pré abate pode ter conseqüências negativas na qualidade da
carne, aumentando, inclusive, o risco de incidência de PSE (pale, soft,
exudative – pálida, mole, exudativa) e DFD (dark, firm, dry – escura,
dura, seca) nas carcaças, (Gregory, 1998). 
5 - MANEJO PRÉ ABATE 
O manejo pré abate em animais envolve atividade muscular, assim como
o estresse causado por fatores físicos e emocionais. O efeito do exercício
no metabolismo de energia e produção de metabólitos varia de acordo
com a intensidade e duração dos exercícios. Durante o carregamento,
demanda menos de 60% do consumo máximo de oxigênio, 50% a 80%
dos substratos oxidados derivam da gordura (60% ou menos derivam do
sangue) e a maioria da glicose utilizada deriva da redução do glicogênio.
Nessas condições, a proporção de fontes de energia extramuscular
utilizada, aumenta com a intensidade dos exercícios. Quando o
carregamento corresponde 60 a 90% do consumo máximo de oxigênio,
50% a 80% das calorias que são queimadas derivam dos carboidratos, o
qual 80% derivam da reserva de glicogênio no músculo. Exercitando, a
proporção das fontes extramusculares dos carboidratos utilizados
aumenta. O lactato é produzido continuamente durante o período de
exercício, com mais de 90% de oxigênio máximo obtido, substratos de
energia são quase exclusivamente carboidratos, e quase todos derivados
de reservas locais. Portanto, o ponto de exaustão aparece muito rápido,
quando a reserva de glicogênio nos músculos ainda é alta.
Diferente estressores associados ao aumento da atividade muscular
durante o período 
pré abate pode causar diferentes efeitos nas reservas de energia
presente nos músculos. Exemplificando, o exercício pode reduzir o
fosfato de creatina e ATP, enquanto a liberação de epinefrina pode
causar primariamente a degradação de glicogênio, produzindo efeitos
distintos no padrão, e declínio no pH pós abate (Henckel et al., 2002). 
A intensidade, o período, tipo e duração de estressores antes do abate
possui um efeito variável no uso e reabastecimento das reservas de
energia nos músculos; entretanto, eles também têm efeito variável no
metabolismo pré e pós abate, declínio do pH e qualidade da carne. Isto é
evidenciado pela associação entre indicadores de estresse e da
ocorrência de carnes DFD em suínos (Warriss, et al., 1998). 
 Exercícios antes do abate podem reduzir o nível de glicogênio e,
consequentemente, aumentar o pH final dos músculos de animais com
dieta normal, assim como, dieta com alto teor de carboidrato. 
Suínos recebendo uma dieta com baixo carboidrato e alta gordura,
submetidos ao exercício, a redução do glicogênio no músculo foi
associado ao aumento do pH final e a redução das perdas por
gotejamento. Portanto, exercício imediatamente antes do abate pode
também ser responsável por um aumento na ocorrência de carne PSE,
devido ao aumento da temperatura do músculo e aumento na taxa
metabólica. 
Estudos demonstram que a qualidade da carcaça e da carne, que é o
produto final, é influenciada pelo tipo de manejo que os animais recebem
durante o período imediatamente antes do abate. A privação de alimento
por 48 horas antes do abate tem mostrado muitos benefícios, tais como,
economia de alimento por animal, redução de mortalidade no transporte,
melhora no sangramento e redução da quantidade de resíduos nas
vísceras no abate, (Beattie, et al., 2002). A privação de alimento pode
também minimizar o efeito de patógenos trazidos no alimento. Se o trato
gastrointestinal do animal for perfurado durante o processo de
evisceração no abatedor, as carcaças podem ser contaminadas com
bactérias do trato gastrointestinal. O risco de contaminado de carcaça é
reduzido se o estômago do animal estiver vazio na hora do abate. O
manejo pré abate possui ainda uma outra grande vantagem, o jejum
antes do abate reduz a incidência de carnes PSE. No entanto, tais 
ganhos em economia e produto de qualidade devido a privação do
alimento pode ser negativo com relação a diminuição no rendimento de
carcaças, mais lesões nas carcaças causadas por brigas, incidência de
DFD devido ao prolongado estresse pré abate e redução no bem-estar
do animal, (Warriss, 1998). Beattie, et al., 2002, concluíram que a
privação de alimento por 12 horas pré abate não afeta a performance,
peso da carcaça, qualidade da carne e o bem-estar dos animais. 
 6 - TRANSPORTE 
Para o transporte, deve-se utilizar um caminhão com no máximo, dois
pisos. Ao chegar na propriedade para carregar os animais, o caminhão
deve ter sido previamente higienizado e desinfetado, evitando assim a
exposição dos mesmos a eventuais agentes contaminantes. Os animais
devem ser alojados no caminhão na razão máxima de 2,5 suínos de
100kg/m2, ou seja, proporcionar área mínima de 0,40m2/100kg animal. O
transporte deve ser efetuado com calma, de preferência durante a noite,
sempre aproveitando as horas mais frescas ou de menor temperatura. O
cuidado no transporte deveser redobrado quando esse for feito em
estradas não pavimentadas ou irregulares. 
Quando o transporte exceder a duração de 3 horas, devem ser adotados 
cuidados especiais. O transporte em longas distâncias, a mistura com
animais desconhecidos, espaço inadequado, carrocerias mal
desenhadas, frio, calor, podem resultar em estresse e sofrimento animal.
Além das condições eticamente indesejáveis, esses fatores têm
influência direta na qualidade da carcaça, lesões nos músculos,
hematomas. 
Um maior nível de indicadores de estresse no sangue, tais como, o
lactato e cortisol, e mais baixa qualidade da carne foi observada nos
suínos abatidos quando transportados num curto período de tempo
(15mim), provavelmente porque os suínos transportados a longas
distâncias (3 horas), adaptaram as condições de transporte, (Perez et al.,
2002). Animais submetidos a um rápido transporte precisará de um maior
tempo de repouso antes do abate. 
Estudos mostram uma alta mortalidade dos animais durante o transporte, 
sendo um indicador de falta de bem-estar durante o deslocamento.
Outros fatores além do tempo de transporte podem influenciar o bem-
estar do animal durante a viagem e subsequente qualidade da carne.
Estes fatores são: carregamento e descarregamento dos animais,
densidade, condições do tempo (temperatura, velocidade do vento e
umidade), características do veículo, privação de alimento e água e 
mistura de animais de diferentes grupos, (Warriss, 1998). A interação
entre estes fatores com o manejo utilizado e tempo de espera entre o
descarregamento e o abate, torna-se difícil de interpretar o real efeito do
tempo de transporte no bem-estar e qualidade da carne dos animais.
Gispert, et al., (2000), constataram que a genética pode também 
influenciar na susceptibilidade ao estresse, mortalidade no transporte e 
qualidade da carne. Animais com susceptibilidade ao estresse possuem
uma anormalidade no metabolismo de seus músculos, o qual, faz o
músculo super reativo aos estímulos estressores como as altas
temperaturas. O músculo é propenso ao metabolismo excessivo e em
suínos desenvolve a hipertermia e níveis letais de potássio no sangue,
(Gregory, 1998). 
No frigorífico os animais são descarregados e alojados em baias até o
abate. Após o abate a carne é destinada aos cortes in natura e ao
processamento dos subprodutos e industrialização. A coordenação e
liderança da cadeia são exercidas pelo segmento da agroindústria. A
produção na indústria sofre um intenso processo de diversificação em
produtos e mercados. A estratégia de agregar valor dificulta a
popularização do consumo de carne suína. 
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os sistemas de produção animal podem ser melhorados, adequando-os
aos objetivos específicos e melhorando as condições de bem-estar e
qualidade de carne, sendo estes, não analisados isoladamente,
necessitando estudos multidisciplinares. 
A produção animal brasileira tem evoluído muito nos últimos anos, mas
mesmo assim deve-se buscar a interação dos diferentes seguimentos da
cadeia produtiva, visando melhorar os ajustes entre o setor produtivo,
indústria e consumidores. 
Fonte:https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/exigencias_atu
ais_de_bem_estar_animal_e_sua_relacao_com_qualidade_da_carne_00
0fz75urw702wx5ok0cpoo6agbfbiwd.pdf
Introdução 
Animais estão presentes na vida cotidiana do homem há 12.000 anos, 
quando começaram a ser domesticados, fornecendo alimentos, agasalho,
trabalho, proteção e companhia. O cão tem se associado com o homem
há mais tempo que qualquer outro animal doméstico e seu processo de
domesticação foi um fator importante no desenvolvimento da sociedade
humana. Principalmente a partir do século XX, os cães são usados para
preencher mais necessidades humanas que qualquer outra espécie
doméstica e, por isso, é crescente a preocupação da sociedade em
oferecer um bem-estar de grau bom pleno para essa espécie. 
O conceito de bem-estar refere-se ao estado de um indivíduo em uma
escala, variando de muito bom a muito ruim. e qualquer avaliação nesse
sentido deve ser independente de considerações éticas. 
Para Molento , a definição mais aceita de bem-estar animal é a de um 
completo estado de saúde física e mental, em que o animal se encontra
em harmonia com seu meio ambiente. 
Em 1993, na Inglaterra, o Comitê de bem-estar de Animais de Produção 
definiu as cinco liberdades para a avaliação do bem-estar animal. Elas
são: Liberdade nutricional, Liberdade sanitária, Liberdade
comportamental, Liberdade psicológica e Liberdade ambiental. 
A implementação das cinco liberdades vem ao encontro da ideologia 
de uma grande parte dos médicos veterinários brasileiros. 
O médico veterinário deve conhecer as principais linhas de pensamento 
Bem-estar de cães e gatos
Renata Maria Albergaria Amara - CRMV-MG: 
8332 
Médica Veterinária
acerca da relação homem-animal, reconhecendo a diferença entre
promoção de bem-estar animal e a filosofia dos direitos dos animais
comum para os veterinários ver os animais apresentando problemas 
comportamentais. Em parte, isso reflete a mudança no papel do cachorro
na sociedade, de um habitante do quintal para um membro da família. 
Os proprietários podem não saber qual é o comportamento animal normal 
ou podem ter expectativas irreais do seu animal, pois não observam os
aspectos universais dos comportamentos dos cães e gatos. 
Agressividade e Bem-Estar Animal 
A agressividade é definida como um comportamento ao qual todos os 
mamíferos estão vulneráveis, sendo um conflito onde a causa principal é o
meio social em que o animal vive. O comportamento agressivo, em alguns
casos,é normal e faz parte do repertório comportamental do animal,
necessário para sua sobrevivência. 
Mensurações do comportamento têm grande valor na avaliação de bem- 
-estar. No animal, alguns sinais de bem-estar pobre são evidenciados 
por mensurações fisiológicas, como aumento de frequência cardíaca, 
atividade adrenal e resposta imunológica reduzida. 
A agressão em animais de companhia tem profundas implicações 
com o bem-estar animal, e mudanças comportamentais podem indicar que
o bem-estar não está satisfatório.Comportamentos anormais, como
estereotipias,automutilação e comportamentos agressivos podem indicar
que o indivíduo encontra-se em condições de bem-estar ruim. 
São considerados posturas ou sinais de agressividade ou ataque iminente
em cães e gatos: pilo-ereção, mostrar os dentes, vocalizar, encarar de
frente, abanar apenas a ponta da cauda, orelhas eretas, achatadas ou
para frente, cauda elevada e contato visual prolongado 
Cães Agressivos 
Para Beaver , não existem raças agressivas. Existem raças que
criaram má fama devido a acidentes, como Pit Bull, Rottweiler, 
Fila Brasileiro, Pastor Alemão, Doberman ou Mastim Napolitano. 
Na verdade, qualquer raça pode tornar--se agressiva. Essa característica 
depende de vários fatores, como o entorno social, vínculo com pessoas,
estado sanitário, comportamento aprendido e bem-estar animal. As raças
mais conhecidas pela característica de guarda possuem maior
potencialidade para possessividade, territoriedade e dominância. Tais
características combinadas com o tamanho e a força do cão podem se
tornar um grande risco para as pessoas se esses animais não forem
socializados e tratados adequadamente desde filhotes. 
A mídia tem enfatizado a ideia de que certas raças de cães são de
natureza violenta e representam perigo para as pessoas. Essa descrição
exagerada coloca cães como os da raça Pit Bull como monstros e refletem
na hostilidade de alguns membros da sociedade sobre esses animais. 
Para esses autores, leis que proíbam posse particularmente baseadas em
raças que desempenham algum tipo de comportamento não são
adequadas, pois generalizam e prejudicam muitos animais que não
apresentam nenhum vício ou perigo à população. Para os autores não
deveria ser permitido“criminalizar” raças inteiras por causa de exceções
ou má conduta de proprietários. 
Eles acreditam que, no futuro, a classe médica veterinária irá se organizar 
para extinguir políticas discriminatórias e auxiliar os legisladores a elaborar
leis mais adequadas ao comportamento animal. 
É importante enfatizar que cães mordem um número significativo de 
pessoas todos os anos e enquanto pessoas e cães existirem, esse
problema persistirá. 
Tipos de Agressividade 
De acordo com a origem no sistema nervoso central, existem dois tipos de 
agressão. 
A agressão predatória não está associada aos sinais de agressão e é
aquela disparada por presas em movimento. 
Esse tipo de agressividade é instintivo e não está associado com os
sinais de agressividade, tem origem hipotalâmica, utilizando a acetilcolina
como neurotransmissor. 
A agressão afetiva normalmente tem uma ativação autônoma,
envolvendo o córtex frontal, podendo utilizar sistemas
neurotransmissores colinérgicos, catecolaminérgicos, GABA ou
serotoninérgicos. 
Esse tipo de agressividade apresenta uma linguagem corporal 
identificável associada com alteração acentuada de humor e com os
sinais de agressão. Existem várias situações que podem estimular
o animal a exibir um comportamento agressivo afetivo. 
Dentre elas, a situação que mais atua de forma negativa para o bem-
estar animal é a agressividade por medo. A agressividade por medo ou
defesa acomete com maior frequência cães que não foram sociabilizados
corretamente, podendo aparecer também em cães ou gatos que 
desenvolvem medo perante situações que desconhecem. No intuito de
disfarçar seus receios, o animal toma uma postura agressiva, podendo 
apresentar uma postura ambivalente, como se estivesse se defendendo 
de alguma coisa. O medo é uma sensação de desconforto ou
constrangimento causada pela proximidade de um objeto ou indivíduo.
Assim, nessas condições, o animal apresenta um bem-estar pobre. 
Antropomorfismo 
Antropomorfismo significa a aplicação de algum domínio da realidade 
social, biológica, física, da linguagem ou conceitos próprios do homem,
inclusive seu comportamento, ao animal. 
Um animal doméstico sofre todas as influências do ser humano e essa
situação pode afetar não só a saúde, mas também o seu comportamento,
em que passa a ser um total dependente do homem, interferindo 
nos relacionamentos familiares e pessoais. 
A domesticação de cães e gatos remonta a mais de 10 mil anos, quando
esses animais passaram a consumir dietas similares às de seus
proprietários, alimentando-se de suas sobras. 
Esse tipo de alimentação fez surgir nesses animais problemas de saúde
similares aos dos humanos, como doenças cardíacas, obesidade,
diabete, doenças hepáticas, doenças renais e câncer, que na natureza 
não eram observadas anteriormente. 
Os animais domésticos têm necessidades nutricionais e preferências 
alimentares diferentes das do homem. Não há dúvidas de que o
antropomorfismo alimentar interfere na saúde do animal, mas esses 
problemas de inadequação nutricional só são percebidos no longo prazo. 
A inadequação nutricional normalmente se apresenta na forma de
dermatites alérgicas,obesidade, pressão arterial alterada, entre outras
enfermidades. 
Outro tipo de antropomorfismo que virou mania entre os proprietários 
é o antropomorfismo social. Para Vidal , esse antropomorfismo “beira a
casa do ridículo”. Para o autor, não se deve confundir cuidados
sanitários, clínicos, nutricionais, alimentares, cirúrgicos e que 
promovam o bem-estar pleno do animal, que se fazem necessários 
aos animais domésticos, com os excessos, como unhas postiças, óculos
e calçados, que alguns proprietários insistem em fazer os animais
usarem. 
Os animais domésticos se comunicam através do corpo e de
vocalizações, expressando dessa maneira seu comportamento. Quando
o cão é inserido no ambiente familiar, ele se vê como parte de uma
matilha. Entretanto, com o antropomorfismo, pessoas associam 
atitudes animais com posturas humanas. 
Assim, comportamentos normais podem resultar em problemas como
maus--tratos, abandono e bem-estar animal ruim. 
As visões culturais sobre os cães e os gatos variam por todo o mundo.
Existem lugares em que cães são altamente considerados, recebem
nomes de seres humanos, dormem na cama com seus donos 
e comem a mesma comida que eles. 
Na outra extremidade, há pessoas que não respeitam os animais. Entre
esses dois extremos, estão culturas indiferentes ao bem-estar dos
animais. 
Mutilações Estéticas 
Instituições de controle de cinofilia,organizações de criação de cães 
de raça pura, na tentativa de padronizar certas raças, exigiam que o
animal passasse por cirurgias mutilantes para ser registrado. Essas 
cirurgias incluíam o corte da cauda (caudectomia), corte das orelhas 
(conchectomia) e a amputação do dedo ergot. Além disso, alguns 
profissionais, na tentativa de adaptar o animal ao meio urbano, 
difundiram práticas como o corte das cordas vocais de cães (cordotomia)
e a retirada da unha de gatos (oniectomia e tendectomia). 
Atualmente, as instituições de registro de raça não aceitam mais animais 
que já passaram por essas cirurgias para registro. Salientam que nas
principais competições de raça também não admitem animais que
passaram por tais procedimentos cirúrgicos. 
Com a crescente preocupação sobre questões relacionadas com o bem-
estar animal, começaram a existir questionamentos sobre a real
necessidade da realização dessas cirurgias. 
No sentido de orientar os profissionais médicos veterinários, o Conselho
Federal de Medicina Veterinária e Zootecnia , na Resolução 877, de 15
de fevereiro de 2008, dispôs que essas cirurgias não deveriam mais 
ser realizadas, pois o animal passa por sofrimento desnecessário, dor,
medo, estresse e incapacidade de exercer o comportamento da espécie.
Todos esses fatores levam o animal a um bem- -estar ruim pobre, 
principalmente no pós-cirúrgico imediato. 
Posse Responsável 
Embora o cachorro e o gato tenham se tornado uma parte importante da 
sociedade, estima-se que somente 38% dos proprietários de cães 
mantêm seus animais de estimação em longo prazo. 
Todo ano, milhões de cães são descartados, sendo enviados para novos
lares, abandonados em abrigos de animais ou soltos para se tornarem
vadios. 
Animais de estimação requerem cuidados especiais para que se evite a 
propagação de doenças. 
É de responsabilidade do proprietário prevenir e cuidar de seu animal 
nesse sentido. 
A posse responsável é o conjunto de várias atitudes,
envolvendo proprietários de animais, médicos veterinários, sociedade
civil e poder público, objetivando o bem-estar animal e uma melhor
relação entre ser humano e esses animais. 
Para os proprietários, a posse responsável implica basicamente:
responsabilizar-se pela limpeza dos dejetos do animal, evitar procriação
inconsequente, levar o animal regularmente ao médico veterinário,
manter o animal dentro de espaço doméstico, fornecer boas condições 
ambientais (espaço adequado, higiene, cuidados para evitar a
superpopulação), vacinar regularmente o animal, proporcionar 
atividades físicas e momentos de interação do animal com as pessoas. 
Para a escolha do animal de estimação, deve-se observar: o espaço
disponível, o objetivo da criação, o custo de manutenção do animal,
cuidados específicos da espécie e raça, o tempo disponível do
proprietário, as pessoas que irão conviver com o animal e o tempo médio 
de vida da espécie animal a ser criada. 
Animais abandonados ou domiciliados de forma incorreta estão sujeitos a
acidentes de trânsito,proliferação de doenças, fome e maus-tratos. 
Algumas Organizações Não Governamentais (ONG) sustentam abrigos 
para animais visando retirar esses animais da rua. Em longo prazo,essas
medidas não são eficazes, já que os abrigos normalmente ficam 
superlotados, impossibilitando muitas vezes que os animais exerçam as
cinco liberdades.Assim, esses animais tendem a apresentar um bem-estar ruim. 
Além disso, a taxa de sucesso dos abrigos é muito baixa. 
Aproximadamente 19% dos cães que deixam os abrigos são introduzidos
em novo lar, 15% são reclamados pelo proprietário original e 66% 
são sacrificados. 
A observação desses fatores e a escolha correta do animal de estimação
são muito importantes por favorecerem uma relação homem e animal
mais saudável e induzir a uma melhor interação entre as duas partes.
Dessa forma, a posse responsável, além de proporcionar uma melhor 
qualidade de vida para cães e gatos, aumenta o grau de bem-estar pleno
desses animais 
Controle Populacional 
A superpopulação canina é uma preocupação em saúde pública, pois 
existem várias doenças que podem ser transmitidas dos animais para 
o homem. Segundo Bussolotti, as zoonoses que mais preocupavam 
o Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte (CCZ-BH) 
em 2006 eram leishmaniose, raiva, leptospirose e toxoplasmose. 
Os cães tornam-se vadios devido a um tratamento irresponsável por
parte dos proprietários. O vadio é definido como um cão doméstico
errante que recebeu liberdade não supervisionada para vagar em uma
base regular ou intermitente. 
Evidências indicam que a maioria dos cães errantes tem dono. 
. 
Existem cerca de 400 milhões de cães de rua em todo o mundo. Esse 
elevado número indica uma grave crise de bem-estar animal: milhões de
cães com fome e potencialmente doentes perambulam pelas ruas,
comprometendo a saúde de outros animais e de seres humanos. 
Os cães vadios respondem por 20% das mordeduras nos seres
humanos. 
Eles podem ser perigosos para o tráfego e podem ser predadores de
animais de produção e populações de animais silvestres, inclusive
ofendendo o equilíbrio ecológico.

Outros materiais