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FACULDADE DE TECONOLOGIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DIREITO LINGUAGEM JURÍDICA Sigilo das Comunicações: Uma Perspectiva Jurídica Sobre A Inviolabilidade São Paulo 2018 Grupo Pedro Aguilera Ferreira Flores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RA: 181001744 Eduardo Augusto Casseb. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RA 181002090 Nayara Almeida de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RA 181001850 Paola Recine Silva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RA 181000980 Gabriela Cristina Rodrigues Marianno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RA 181000568 Nathaly Araujo de Queiroz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .RA 181001523 Sigilo das Comunicações Trabalho em grupo para a matéria de Linguagem Jurídica, do curso de Direito, entregue e apresentado como parte dos requisitos necessários para à obtenção de nota para a AC2 Professora: Dra. Elessandra Turma: 1º semestre São Paulo 2018 Sumário 1) Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 2) Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 2.1) Sigilo das Comunicações (Pesquisa: Paola) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2) Proteção a Intimidade (Pesquisa: Paola) . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 3) Constituição Federal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 3.1) Sigilo no Inciso XII, do Artigo 5º , da Constituição Federal de 1998 (Pesquisa: Eduardo) . . . . . . . . . . . . . . 7 3.2) Norma de Integração Completável (Pesquisa: Nayara Almeida) . . . . . ..7 4) Leis Infraconstitucionais que Regulam o Inciso XII, do Artigo 5º da CF/88 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 4.1) Interceptação Telefônica (Pesquisa: Gabriela) . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 8 4.2) Sigilo de Correspondência e Telegrafia (Pesquisa: Nathaly) . . . . . . . . . 10 4.3) Sigilo Bancário e Fiscal (Pesquisa: Gabriela) . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .10 5) STF e STJ, TJ-BA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 5.1) Jurisprudência (STF e STJ) (Pesquisa: Pedro Flores) . . . . . . . . . . . . . . 12 5.2) Caso Concreto (TJ-BA) (Pesquisa: Eduardo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 6) Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 7) Nota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 8) Sites Pesquisados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4 5 1) Introdução O presente trabalho de sigilo das comunicações trará, parcialmente, luz ao objeto aqui tratado dentro do direito e das práticas jurídicas. À saber, seu conceito e o pressuposto do seu conceito: a proteção à intimidade (pesquisa realizada pela Doutora Paola Recine); posteriormente, com a Constituição Federal de 1988, abordaremos o inciso do artigo 5º que definirá a “inviolabilidade do sigilo” de tais e quais meios além de sua exceção e também como funciona, de forma concisa, a regulamentação de uma lei constitucional por uma infraconstitucional¹ (pesquisa feita pela Doutora Nayara Almeida); por conseguinte, uma abordagem das normas infraconstitucionais das quais virão para abranger ou restringir em termos de direitos e obrigações, ou seja, regulamentar, o inciso constitucional. São elas a: interceptação telefônica (pesquisada pela Doutora Gabriela Cristina), sigilo das correspondências e telegrafia (pesquisado pela Doutora Nathaly Araújo) e o sigilo bancário e fiscal (pesquisado pela Doutora Gabriela); e, entrando no âmbito das práticas jurídicas, será esclarecida e delimitada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ou seja, seu entendimento sobre o assunto e alguns conflitos possíveis em outros tribunais (pesquisa realizada pelo Doutor Pedro Flores); por fim, uma caso concreto virá a trazer a importância do tema para a sociedade e principalmente, para os alunos do direito. 2) Conceito 2.1) Sigilo das Comunicações O conceito de sigilo, no Dicionário Michaelis, é “aquilo que deve ficar acobertado e não deve chegar ao conhecimento ou à vista das pessoas; segredo² “, este nos faz ver uma primeira face do objeto; onde uma segunda parte dele será a própria comunicação, que é o “ato que envolve a transmissão e a recepção de mensagens entre o transmissor e o receptor, através da linguagem oral, escrita ou gestual, por meio de sistemas convencionados de signos e símbolos³ ”; introduzido esses dois e misturando-os, vemos uma terceira face do nosso objeto da qual podemos concluir inicialmente que, o sigilo da comunicação existe quando há a estabilidade ou proteção da informação em relação a conhecimento alheio aos produtores dela, seja por qual meio for produzida a mensagem. 6 Neste cenário, podemos identificar quatro partes que agem ou podem agir para existir o sigilo da comunicação. A primeira seria o transmissor da mensagem, a segunda a mensagem em si, a terceira parte o receptor e o último, o sujeito que vai interferir ou não na privacidade desta comunicação. Se a comunicação ela tem estabilidade e não há interferência, podemos dizer que as pessoas que se comunicam entre si estão seguras, estão protegidas. Mas se caso houver uma invasão de natureza externa à troca de mensagens e sem prévio conhecimento, do transmissor e do receptor, ou autorização legal, ocorre que houve uma invasão à privacidade, uma violação à intimidade. E por ser tão importante esses dois últimos é que se faz necessário o breve aprofundamento na definição de proteção a intimidade. Observe que, cada vez mais estamos lapidando nosso objeto para entendê-lo e analisá-lo, e uma quarta parte a ser enxergada trataremos no próximo tópico. 2.2) Proteção à Intimidade Proteger significa “defender; afastar algo ou alguém do perigo4 “; e intimidade é “caráter do que é íntimo, secreto5 “; dessa forma, pressupõe-se que há um quinto sujeito no nosso objeto, será aquele que protege à intimidade das pessoas e da informação transmitida entre eles. Ele estaria encarregado de proteger qualquer tipo de interceptação à mensagem, mantendo a segurança de todos e também a inviolabilidade do sigilo das comunicações. Este ente é o próprio Estado que através das leis, tanto constitucionais quanto infraconstitucionais, vêm para delimitar a intimidade do indivíduo e protege-la. Portanto, está quinta face do objeto diz respeito ao ente que assegura à intimidade dos dados trocados independente do meio, desde que seja uma comunicação como no início definida. Este ente, o Estado, possui, como lei maior, a Constituição Federale ela trata daquele princípio que é de “inviolabilidade do sigilo das comunicações”. No tópico seguinte entenderemos como a constituição aborda esse princípio, nos aprofundando ainda mais no conceito e tendo, assim, paulatinamente, mais claro o objeto de nossa análise. 3) Constituição Federal 7 Promulgada em 1988, pós seis constituições que datam: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967 (não contando a emenda nº 1, outorgada pela junta militar; considerada, por vezes, como a oitava constituição)6. É a lei acima das leis; essa definição confere a ela uma soberania tal que todo e qualquer princípio, direito ou dever conquistado no decorrer da história está positivado nela, ou seja, além de reger a conduta social, está ligado ao conceito de vigência7. No conteúdo da Constituição Federal do Brasil, existe uma série de artigos e incisos que principiam a instituição do Estado Contratual (não o contratualismo de Thomas Hobbes, mas o de Rousseau)8. E no artigo 5º da constituição, artigo mais longo dela, introduz “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: “ E dos diversos inciso, um nos interessa pois se trata de uma parte importante do nosso objeto, a parte jurídica dele. 3.1) Sigilo no Inciso XII, do Artigo 5º da CF/88 Esta positivado no inciso, o seguinte texto: “ e inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; ”. Aqui se observa claramente a ideia principiada neste trabalho, a parte jurídica do objeto, o sujeito que protege a intimidade e a privacidade (o Estado), aquela lei que defende a inviolabilidade do sigilo das comunicações. Segundo o site “Migalhas”, no artigo escrito pela Tânia Nigri, muitos doutrinadores argumentaram no decorrer de anos, e ainda nos dias de hoje, de que o inciso constitucional englobaria também o sigilo bancário, sob a rubrica “direito à intimidade e à vida privada9 ” (tratada no inciso X, do artigo 5º, da CF/88). Quanto as discussões sobre o entendimento dos juristas ou doutrinadores, juízes e tribunais acerca deste inciso XII, esta parte estará no tópico de jurisprudência, mas, por enquanto, contentemo-nos em seguir ao próximo feixe de luz que irá clarear ainda mais nosso objeto e neste momento, criar uma ponte conceitual que irá ligar o inciso constitucional, de forma lógica e significativa, as leis infraconstitucionais. Sempre relembrando que o foco central é encontrar algumas dimensões possíveis, tanto jurídica quando filosófico-conceitual (metafísico ou ontológico) para uma pequena e simples análise do sigilo das comunicações. 3.1) Norma de Integração Completável 8 Segundo a doutrina de Celso Bastos e Ayres Britto: “A utilização de certas expressões linguísticas, como ‘a lei regulará’ ou ‘a lei disporá’, ou, ainda, ‘na forma da lei’, deixa de logo claro que a vontade constitucional não está integralmente composta. (...). Ela reclama a superveniência de uma normação posterior (...), quer para alargá-la, quer para restringi-la.10 ” Um exemplo claro dessa necessidade constitucional, por regulamentação através de lei infraconstitucional, é no final do inciso XII, do artigo 5º, uma parte que diz “(...) nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (...)”. A que lei o texto se refere? A lei infraconstitucional, mais especificamente, como já a é regulamentada, lei nº 9.296/96, por exemplo. Há outras leis também, que virão limitar ou ampliar os direitos ou deveres tanto desse nosso exemplo quanto de toda a Constituição Federal. Mas limitemo-nos apenas ao nosso objeto, o sigilo das comunicações, da qual o texto da Magna Carta trata e terá atrás de si, ou melhor, abaixo dela, leis infraconstitucionais das quais exporemos algumas por necessidade da própria análise jurídica do objeto. A primeira delas está contida no tópico que se segue. 4) Leis Infraconstitucionais que Regulam o Inciso XII, do Artigo 5º da Constituição Federal de 1998 Como já registrado, não completaremos, aqui, todo o objeto, até mesmo porque para isso, aplicar-se-ia um método mais rigoroso de investigação, um repertório maior de conhecimento e acima de tudo mais tempo. Todavia, o tempo necessário não há, devido ao prazo estabelecido para tal trabalho. Dessa forma, traremos a parte mais importante que regula o inciso constitucional e mais recorrente nos tribunais brasileiros, tanto ad quo quanto ad quem; a tarefa não é uma das mais fáceis, pois existe uma quantidade enorme e incansável de itens e detalhes dos quais não me ocorre o tempo necessário para pesquisá-los, mas, nada que uma boa concisão, alguns detalhes a menos, a exposição apenas da parte maior, principal e, permitam a analogia, “a ponta do iceberg”, não possa dar conta em tempo hábil. Logo, as leis e definições que traremos, infraconstitucionais, serão: de interceptação telefônica, de sigilo das correspondências e telegrafia e de sigilo fiscal e bancário. 4.1) Interceptação Telefônica11 9 A interceptação telefônica, dentre as outras formas de dissolver o princípio de inviolabilidade do sigilo das comunicações, seria competência do nosso quarto sujeito (como já explicado no segundo parágrafo do tópico “2.1 Sigilo das Comunicações”). Ele interceptará a mensagem, sem conhecimento do receptor e nem do transmissor, na comunicação, podendo, assim, ter acesso a informação (mensagem) sem o consentimento ou ciência do primeiro e segundo sujeito. Isso geralmente ocorre com as crianças, quando fofocam e passam a saber algo sobre alguém ou sobre a relação de duas pessoas, sem mesmo elas saberem. Mas devemos entender, como operadores do direito, que, nas diversas sociedades, conhecimento é poder e pode ser usado contra ou à favor de alguém ou alguma coisa. Dessa forma, para o direito, qualquer informação que for obtida, especificamente, por interceptação telefônica deve primeiro: ser feita nos termos da lei; segundo, seguindo a lei, deve servir de proteção a valores fundamentais para a manutenção da vida social, combatendo, assim, o crime e reparando algo valorado negativamente; e terceiro, ser o único meio pelo qual os investigadores poderão obter provas de ilícito, do contrário, não será nem autorizada a interceptação por um juiz idôneo e de moral ilibada que segue à risca os preceitos e princípios do direito. Para se entender como funciona essa dinâmica de investigação, autorização e interceptação, recorrer-se-á a lei constitucional (inciso XII, artigo 5º da CF/88) e a sua regulamentação (lei nº 9.296/96), que no texto da primeira terá a seguinte necessidade de norma de integração completável: “ é inviolável o sigilo(...) das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial(...) para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. ” e a lei infraconstitucional nº 9.296/96 que no seu artigo primeiro diz: “A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o dispostonesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.” E a partir deste artigo, da lei, segue-se mais 11 outros artigos da mesma. Portanto, se interceptada uma ligação telefônica, sem autorização judicial é crime; interceptação telefônica como meio de prova sem a mesma, anula o valor das informações obtidas, como provas no processo; e se houver qualquer outro meio de se obter provas, mesmo que frágeis, para iniciar um processo, será tida como desnecessária, a interceptação, à investigação considerando o princípio constitucional de inviolabilidade do sigilo das comunicações. 10 4.2) Sigilo das Correspondências e Telegrafia12 Seguindo o raciocínio jurídico de entendimento do objeto sigilo das comunicações, observaremos ainda sobre o quarto sujeito, uma outra forma de atravessar a barreira entre dois comunicantes e obter a informação da mensagem sem conhecimento deles, violando, logo, a intimidade. Esta última, é protegida, nesta forma de sigilo, tanto no inciso constitucional quanto no artigo 151 do Código Penal que tipifica “Devassar, indevidamente o conteúdo da correspondência fechada, dirigida a outrem” sob a pena de “detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. ” O entendimento, acerca das exceções de quebra de sigilo de correspondência são complexas e necessitam de mais tempo para se definir tanto as exceções possíveis para interferir na mensagem de uma carta enviada quanto as exceções para interferir na mensagem de uma carta recebida em algum lugar, à pessoa ou instituição determinada, para tais e quais fins sejam. Fiquemo-nos nas primeiras exceções e não ultrapassemos o limite do tempo possível ao trabalho. O sigilo poderá ser quebrado na condição em que o país esteja em Estado de Defesa ou Estado de Sítio, conforme escrito nos artigos 136 e 139 da Constituição Federal. Existem outros casos dos quais não gastarei tempo para expô-los. Mas faço questão de citar um pelo menos: quando um preso estiver usando de cartas para receber e enviar informações sobre tráfico ilícito de entorpecentes, as forças governamentais podem cercear o direito em questão e fazer a quebra do sigilo. Assim, mesmo sendo correspondências, comunicações telegráficas ou de dados, se for para o uso ilícito, poderá haver a quebra de sigilo com ordem judiciária prévia. 4.3) Sigilo Bancário e Fiscal13 Neste outro formato, o quarto sujeito continua o mesmo, porém, a mensagem é que muda de caráter. As mensagens aqui serão de dados bancários e fiscais; dados tais que são confiados a bancos. Agir à interferir nesses dados, portanto, diz respeito ao banco e ao cliente do banco, em termos de privacidade, ou seja, intimidade. E, dessa forma, a proteção a intimidade vem do inciso X do artigo 5º da Carta de 1988, que diz “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material 11 ou moral decorrente de sua violação”; esta proteção é importante visto que compreendem, na relação banco-cliente, desde o cadastro pessoal até a mais detalhada descrição do patrimônio dos indivíduos. O sigilo bancário é um dever jurídico tutelado pelo Estado e necessário para garantir a segurança jurídica e social, bem como a estabilidade econômica. Essa estrutura, consiste no bem comum - a que compete ao Estado e ao seus representantes manter - que serve como uma forma de proteção à liberdade do indivíduo. Porém, como toda regra possui sua exceção, é possível quebrar o sigilo bancário. E essa quebra funciona exatamente como as outras citadas anteriormente em outros tópicos: será permitido no caso de processo judicial em que se reconheça a necessidade do exame de informações sigilosas; assim, o juiz determinará às devidas instituições que as forneçam, devendo as informações ficarem restritas às vistas das partes. Para a definição e quebra do sigilo fiscal, o Código Tributário Nacional (CTN), no seu artigo 198, é muito claro “Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, para qualquer fim, por parte da Fazendo Pública ou de seus funcionários, de qualquer informação, obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza, e o estado dos seus negócios ou atividades. ” E no seu parágrafo único dispõe “Excetuam-se do disposto neste artigo, unicamente, os casos previstos no artigo seguinte e os de requisição regular da autoridade judiciária no interesse da justiça. ” É possível, ser, como troca de informação necessária da qual haveria a quebra, a comunicação de dados entre a Fazenda Pública da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, mas deve ser determinada por lei ou convênio. Sobre isso, é que se refere o artigo 199 do CTN. Nesse caso de quebra de sigilo, alguns juristas entendem não como uma quebra em si mas uma cooperação tendo em vista a ideia de que todos os entes citados formam um único órgão que constitui a “própria nação”; sendo, assim, entes que visam ao mesmo resultado: fiscalizar o recolhimento devido dos tributos. 5) Jurisprudência14 Qual é o serviço que essa tal jurisprudência pode dar ao objeto? Eis que a função dela é interpretativa pois, ela sustentará uma ideia, seja de interceptação telefônica, de quebra de sigilo das correspondências, telegrafia, bancário ou fiscal, que pode seguir a lei à risca ou trazer o infortúnio de demonstrar que a lei não é absoluta, movendo, assim, o ordenamento jurídico ao seu próprio interesse e, a possibilidade de acontecer isso decorre de uma 12 decisão anterior. É essa decisão anterior que definirá a jurisprudência por alguns motivos: 1) presume-se que uma decisão refletida e discutida é justa e prudente; 2) portanto, se ela é justa (jus) e prudente (prudentia), logo pode ser usada como exemplo e até mesmo como orientação para casos semelhantes; 3) se pode ser usada novamente, tanto trará eficiência quando rapidez à casos iguais; 4) e quando tomada reiteradamente por outros juízes e tribunais, passa a ter uma maior força e importância, se transformando não só agora em uma orientação mas em uma interpretação ou um entendimento, ou seja, uma jurisprudência. A definição que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem dela é simples e concisa: “é o conjunto das decisões dos tribunais, no exercício da aplicação da lei. Representa a visão do tribunal, em determinado momento, sobre as questões legais levadas a julgamento. ” 5.1) Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF)15 Tratando-se da Carta Magna de 1988 e de decisões que são justas e prudentes, nada mais óbvio que ser analisado o entendimento do STF. E este entendimento, sobre a matéria, é de proteger sempre o sigilo das comunicações, entretanto, com a sua exceção, escrita no final do texto constitucional “salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. Isso baseados nas decisões: 1) do processo HC136503 – PR – Paraná (04/04/1017), por votação unânime, que denegou a ordem do pedido de afastamento do sigilo das comunicações; vide ementa do processo no STF: “O afastamento do sigilo das comunicações telefônicas dos pacientes foiprecedido de diligências realizadas no curso de uma investigação formalmente instaurada”; 2) do processo HC 114321 - MG - Minas Gerais (10/12/2013), do qual foi denegada o pedido; vide ementa: “houve investigação criminal anterior ao pedido de interceptação das comunicações telefônicas. 2. É dispensável prévia instauração de inquérito para a autorização de interceptação telefônica, bastando que existam indícios razoáveis de autoria ou participação do acusado em infração penal.”; 3) e do processo Pet 3683 QO - MG - MINAS GERAIS (13/08/2008), caso contrário pois respeita as exigências da Lei 9.296 de interceptação telefônica cuja ementa: “Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal”. O que foi decidido então, pelo Tribunal, por maioria e nos termos do voto do relator, resolveu a questão de ordem no sentido de permitir. 5.2) Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ)16 13 O Superior Tribunal de Justiça, que é um dos órgãos máximos do Poder Judiciário do Brasil, descreve como sua missão zelar pela uniformidade de interpretações da legislação federal brasileira. Dessa forma, sua interpretação quanto ao referido Inciso do artigo 5º da CF/88 é, assim como o STF (Supremo Tribunal Federal), de inviolabilidade do sigilo das comunicações exceto com a devida permissão judicial e para fins de investigação, como pede o inciso “salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” (Vide Lei nº 9.296, de 1996). Isso baseado nas decisões: 1) do processo RHC 67.379 - RN (20/10/2016) do qual o colegiado determinou que fossem desentranhadas dos autos as provas obtidas por meio do celular apreendido. Segundo o acórdão, “as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que deve abranger igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, através de sistemas de informática e telemática”; 2) do processo HC 186.118 - RS (05/06/2014) do qual a Sexta Turma declarou a nulidade de interceptações telefônicas autorizadas para apuração de supostas ameaças feitas contra um promotor de Justiça, no decorrer das investigações, foram interceptados vários números de telefone, mas o acompanhamento dos áudios não conseguiu relacionar os telefonemas às ameaças; 3) do processo HC 251.540 - SP (05/08/2014) do qual a defesa impetrou habeas corpus sob o fundamento de que a autorização judicial da interceptação telefônica não observou as formalidades da Lei 9.296, por não ter comprovado a imprescindibilidade da medida. Então, o colegiado reconheceu que a autorização não demonstrou, de modo pormenorizado, que não houvesse outra forma menos invasiva para a obtenção de elementos aptos a comprovar o delito; 4) e do processo RHC 77.175 - AP (12/09/2017) cujo o entendimento mostrou a possibilidade de excepcionalidade. Portanto, a defesa até alegou que os grampos telefônicos foram autorizados sem fundamentação legal, razão pela qual não poderiam embasar a denúncia contra os acusados, mas o relator, ministro Rogerio Schietti Cruz, entendeu que o requerimento policial da utilização da interceptação foi justificado, em razão de a identificação dos demais membros do esquema não poder ser feita pelos meios de investigação ordinários. 6) Caso Concreto17 O processo utilizado para mostrar, assim como a jurisprudência, prática jurídica do sigilo das comunicações foi: a “(...)Apelação Criminal de nº 0000072-48.2017.8.05.0172, da Vara Criminal da Comarca de Mucuri(..). ” 14 No caso, o réu (Guilherme) foi acusado de uso e tráfico de drogas por autoridades baianas. Durante uma batida policial, o apelante foi encontrado portando apenas um comprimido de ecstasy e três papelotes de LSD; por esta razão, o réu foi levado pelos policiais mediante ao Auto de Prisão em Flagrante Delito. O Ministério Público do Estado da Bahia foi quem abriu o processo contra o réu, acusando-o, assim, de uso e venda de drogas. Uma vez que em juízo houve a confissão por parte do mesmo de somente ser usuário, alegar venda de entorpecentes foi desconsiderado do processo, já que por razões legais essa parte de acusação não se encontrava nos autos do processo. A ação vexatória é de cunho visível, e, o que sustentou a decisio litis do tribunal de absolver as acusações foram dois conceitos controversos a lei: 1) o anexo de provas não constadas no processo em questão foram conversas interceptadas no celular do acusado de forma ilícita. As quais a promotoria afirmou fielmente que compilavam na ação de tráfico inerente, uma vez que o mesmo fora encontrado portando substâncias tóxicas; 2) não foram ouvidas testemunhas fundamentais na elucidação da verdade, a exemplo da proprietária do imóvel e do suposto indivíduo inicialmente abordado pelos milicianos. Diante do exposto, a sentença foi deferida à soltura do apelante mediante a nulidade das provas em questão, sendo descartadas baseando-se nos direitos a personalidade, por terem sido conseguidas de forma ilegal. 7) Conclusão Dessa forma, no sigilo das comunicações, teremos o transmissor da mensagem (que pode ser pessoa física ou jurídica; pode ser uma instituição), a mensagem que será transmitida (os meios dos quais se transmitiu a mensagem, a forma da mensagem, o objetivo do conteúdo), o receptor dela, um que pode ou não a interceptar (geralmente ocorre numa investigação e com autorização legal ou pode ser feita de várias outras formas porém ilegais) e outro que regulará se pode ou não e quais as condições para isso, através da Constituição Federal, de Leis Infraconstitucionais, de juízes e de jurisprudências dos tribunais brasileiros. Portanto, através do exposto e dessa primeira conclusão, se tira uma outra: a importância do sigilo das comunicações para proteção a intimidade dos dados e da própria privacidade. Sendo, ao Estado, para tanto, assegurar o bem comum, tutelar a inviolabilidade do sigilo das comunicações. 15 Nota: ¹ Lei infraconstitucional: É a norma, preceito, regramento, regulamento e lei que estão hierarquicamente abaixo da Constituição Federal. A Constituição Federal é considerada a Lei Maior do Estado, e as demais normas jurídicas são consideradas infraconstitucionais, pois são inferiores às regras previstas na Constituição. Fundamentação: Arts. 102 e 103 da CF ² Definição da palavra sigilo pelo Dicionário Online Michaelis ³ Definição da palavra comunicação pelo Dicionário Online Michaelis 4 Definição da palavra proteger pelo Dicionário Dicio 5 Definição da palavra intimidade pelo Dicionário Dicio 6 “O Brasil, desde a sua independência, teve sete Constituições: as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Alguns consideram como uma oitava Constituição a Emenda nº 1, outorgada pela junta militar, à Constituição Federal de 1967, que teria sido a Constituição de 1969. ” 7 “Em termos jurídicos, vigência é o atributo da norma jurídica que, em um determinado tempo e espaço, é destinada a produzir efeitos no mundo jurídico, de modo cogente. Carlos Roberto GONÇALVES conclui que “A vigência, portanto, é uma qualidade temporal da norma: o prazo com que se delimita o seuperíodo de validade. ” 8 Estado Contratual de Hobbes, se baseia no povo que cede seu poder de liberdade à um soberano representado na figura de um homem (o monarca); entretanto, Rousseau vai trazer luz ao conceito que nossa constituição leva até hoje: “todo poder emana do povo”. Dessa forma, Rousseau vem com a ideia de que o povo é o titular da soberania e a constituição ira acima de tudo delegar funções, mas nunca dar poder a, pois este pertence ao povo. 9 Tânia Nigri: Advogada, formada pela UERJ, especializada em Direito de Empresas pela PUC/RJ e mestre em Direito Econômico pela UGF/RJ 10 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional, 18. Ed., ampl. E atual. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 75. 11 Pesquisa de Gabriela Cristina 12 Pesquisa de Nathaly Araújo 13 Pesquisa de Gabriela Cristina 16 14 Pesquisa de Pedro Flores 15 Pesquisa de Pedro Flores 16 Pesquisa de Pedro Flores 17 Pesquisa de Eduardo Casseb Sites Pesquisados: ¹ https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/931/Infraconstitucional ² http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/sigilo/ ³ http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/comunica%C3%A7%C3%A3o/ 4 https://www.dicio.com.br/proteger/ 5 https://www.dicio.com.br/intimidade/ 6 https://jus-vigilantibus.jusbrasil.com.br/noticias/117944/as-constituicoes-do- brasil 7 https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6968/Vigencia-da-Lei-e-contagem- do-prazo 8 http://www.consciencia.org/comparacao-entre-o-contrato-social-de-hobbes-e- rousseau 9 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI29716,21048- Sigilo+de+dados+os+limites+da+sua+inviolabilidade 10 https://erddireito.jusbrasil.com.br/artigos/371502489/o-inciso-xii-do-artigo-5- da-cf-88-como-norma-de-integracao 11 https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2308/Interceptacoes-telefonicas https://www.google.com.br/amp/s/leonardocastro2.jusbrasil.com.br/artigos/2073 88192/interceptacao-telefonica-dicas-rapidas-que-podem-salvar-uma-questao- em-sua-prova/amp 12http://www.gabarite.com.br/dica-concurso/135-quebra-do-sigilo-da- correspondencia-e-mail-cartas-e-telefonemas http://ricardobanana.com.br/sigilo-de-correspondencia/ 17 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2535466/quando-e-possivel-a-quebra-do- sigilo-da-correspondencia https://jus.com.br/artigos/9911/o-carater-relativo-da-inviolabilidade-do-sigilo-de- correspondencia https://nestorsampaio.jusbrasil.com.br/artigos/143604313/liberdade-de- comunicacao-e-sigilo-de-correspondencia-como-expressoes-de-direitos- humanos-fundamentais http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1498 https://jus.com.br/duvidas/7823/sigilo-de-correspondencia-comunicacoes- telegraficas-telefonicas-e-de-dados 13 https://jus.com.br/artigos/201/a-quebra-dos-sigilos-bancario-e-fiscal 14 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurisprud%C3%AAncia http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/perguntas-frequentes 15 - HC136503 – PR – Paraná (04/04/1017) http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=340044 - HC 114321 - MG - Minas Gerais (10/12/2013): http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5068149 - Pet 3683 QO - MG - MINAS GERAIS (13/08/2008) http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=Pet- QO(3683%20.NUME.)&base=baseAcordaos 16 - RHC 67.379 - RN (20/10/2016) https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA& sequencial=1535958&num_registro=201600186073&data=20161109&formato= PDF - HC 186.118 - RS (05/06/2014) https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA& sequencial=1302078&num_registro=201001761602&data=20141029&formato= PDF - HC 251.540 - SP (05/08/2014) https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA& sequencial=1335516&num_registro=201201705320&data=20140818&formato= PDF - RHC 77.175 - AP (12/09/2017) https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA& sequencial=1630121&num_registro=201602706620&data=20170920&formato= PDF 18 17 https://tj-ba.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/553744163/apelacao-apl- 724820178050172/inteiro-teor-553744173
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