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Parasitologia

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Parasitologia 
É o estudo dos parasitos e sua relação com o hospedeiro no parasitismo
Compreender o processo saúde-doença e nas relações estabelecidas entre os seres vivos; instituir medidas de prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde de indivíduos, famílias e comunidades; implementar medidas de biossegurança no processo de trabalho e na comunidade. 
Introdução à parasitologia
Todo ser vivo se relaciona com seu ambiente e com outros seres que o habitam.
Estas relações são imprescindíveis para que os seres completem o seu ciclo de vida: Nasce, cresce, reproduz-se, envelhece, morre
Afirma que nenhum ser vivo vive sem outro, mas a relaçao varia muito entre os filos
Seres vivos e suas relações
Nós não estamos sozinhos;
Nós temos muitos vizinhos;
Da mesma espécie
De outras espécies
Nós estamos sempre nos relacionando com nossos vizinhos.
Nós estamos sempre nos relacionando com nossos vizinhos.
O relacionamento entre seres vivos visa dois aspectos fundamentais: Proteção e alimentação
Há várias formas de relação entre os seres vivos que podem resultar em melhor obtenção de alimento, abrigo e proteção.
Nem todas são equilibradas.
Harmônicas X desarmônicas
Relações harmônicas ou positivas:
Quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo.
Comensalismo, mutualismo e simbiose
Relações desarmônicas ou negativas:
Quando há prejuízo para algum dos participantes.
Competição, canibalismo, predatismo e parasitismo.
Comensalismo:
Associação harmônica na qual uma espécie (hóspede) obtém vantagens, sem prejudicar a outra (hospedeiro).
Forésia: uma espécie fornece abrigo, transporte ou suporte a outra. EX: o peixe-piolho Echneis remora que, com auxílio de uma ventosa, se adere ao tubarão acompanhando-o nas suas caçadas e, frequentemente, alimentando-se das sobras
Inquilinismo: uma espécie vive no interior de outra, utilizando abrigo e parte do alimento da outra, mas sem se nutrir desta. EX: Entamoeba coli, É comensal... Diferente da E. Histolystica que é patogenica
Sinfilinismo ou protocooperação: uma espécie se associa a outra para benefício de ambos, mas sem obrigatoriedade. EX: formigas (gênero Camponotus) que sugam as secreções de pulgões (afídeos) ou cigarrinhas (membracídeos), protegendo os contra inimigos naturais.
Mutualismo e simbiose:
Associação obrigatória entre duas espécies, com benefícios para ambas.
Pode evoluir a tal ponto que os indivíduos não são capazes de viver separadamente.
Ex: Liquen, peixe palhaço(abrigo) e anemona (alimento), rumem 
Competição:
Indivíduos competem pelo mesmo abrigo ou alimento.
Importante na regulação populacional.
Calliphoridae X Sarcophagidae
Canibalismo:
Um animal se alimenta de outro da mesma espécie.
Relacionado à superpopulação e escassez de alimento.
Ex: Lebistes e Larvas de Culex
Predatismo:
Uma espécie animal se alimenta de outra espécie.
A sobrevivência de uma depende da outra (cadeia alimentar).
Parasitismo:
É a associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios.
O hospedeiro é espoliadopelo parasito(absorve) .
Esta espoliação é constante, mas tende a um equilíbrio que não leva o hospedeiro à morte.
Parasitismo 
Adaptações
Ao longo do tempo os parasitos desenvolveram adaptações para:
Melhor usufruir da sua relação com o hospedeiro
Evitar ou escapar das reações do hospedeiro contra suas ações parasíticas.
As adaptações sofridas causadas pelos agentes de mudança são a chave para o parasitismo
Adaptações morfológicas
Degenerações: perda ou atrofia de estruturas pouco ou não-utilizadas.
Órgãos locomotores (pulga-asas)
Aparelho digestivo (Taenia)
Hipertrofia: fortalecimento de estruturas fundamentais.
Órgãos de fixação (labios, ventosas)
Estruturas alimentares
Órgãos reprodutivos(bolsa copuladora, aumento de ovários)
Adaptações biológicas
Capacidade reprodutiva
Aumento da produção de ovos, larvas, etc.
Desenvolvimento de formas resistentes ao ambiente.
Diferentes formas de reprodução
Partenogênese, hermafroditismo, esquizogonia, etc
Aumentam as chances de reprodução 
Resistência ao hospedeiro
Secreção de enzimas que neutralizam os sucos digestivos do hospedeiro
Indução de imunossupressão
Resistência aos anticorpos e fagocitose por macrófagos.
Tropismos: atração por certos locais ou condições ambientais favoráveis à reprodução, sobrevivência ou chance de encontrar um hospedeiro.
Geotropismo
Termotropismo
Quimiotropismo
Helitropismo
Ações do parasito sobre o hospedeiro:
Espoliativa: absorção de nutrientes ou sangue do hospedeiro.
Ancylostomatidae, mosquitos e outros hematófagos.
Tóxica: produção de enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro, causando reações alérgicas ou teciduais.
Ascaris lumbricoides, Schistosoma mansoni
Mecânica: obstrução de órgãos e tecidos.
Ascaris lumbricoides, Giardia lamblia
Traumática: lesão de órgãos e tecidos.
Fasciola hepatica
Irritativa: ação pela presença constante do parasito, que mesmo não lesando o tecido, causa irritação local.
Ação das ventosas dos Cestoda e dos lábios dos Ascaris.
Enzimática: produção de enzimas para lesar os tecidos e atravessá-los ou obter alimento.
S. mansoni
Anóxia: redução da oxigenação dos tecidos por infecções severas por parasitas que consumam O2 ou causem anemia.
Plasmodium, Ancylostomatidae.
Noções de taxonomia
É a ciência responsável por nomear, descrever e classificar os seres vivos
O número de seres vivos existentes é tal que seu estudo exige que sejam agrupados de maneira sistematizada.
Morfologia, fisiologia, estrutura, filogenia etc.
Esse agrupamento obedece a leis e possui um vocabulário próprio.
Aristóteles (350 a.C.): Em seus tratados biológicos, apresentou o primeiro sistema de classificação dos animais.
O mais conhecido Sistema de Classificação dos seres vivos foi proposto por Carolus Linnaeus em meados do século 18. 
Ele criou o que chamamos de Sistemática Clássica, que utiliza todas as características observadas num determinado organismo para classificá-lo dentro de categorias taxonômicas organizadas numa hierarquia
A Sistemática Clássica é responsável pela criação de Reinos, Classes, Ordens, e fundamentalmente, Gêneros e Espécies.
Ajuda: ReFiCOFaGE!
Algumas regras 
Todo nome científico é composto por duas palavras: o Gênero da espécie, e o epíteto (ou nome) específico, que é o que caracteriza a espécie em questão.
Gênero começa em maiúscula
epíteto específico começa em minúscula
Os nomes científicos devem ser destacados em itálico; se não for possível, devem estar grifados.
Quando a espécie possui subespécie, essa palavra virá em seguida a da espécie, sem nenhuma pontuação.
Culex pipiens fatigam.
Quando possuir subgênero, este virá entre o gênero e a espécie, separado por parênteses.
Anopheles (Kerteszia) cruzi
A partir da segunda vez que se escreve o nome de determinada espécie, o Gênero pode se apresentar abreviado
Ex: Cachorro - Canis familiaris - C. familiaris.
Quando não se identificou ou não for necessário explicitar a que espécie um determinado indivíduo pertence, se utiliza após o nome do Gênero o termo sp., sem destaque mas com ponto final.
Taenia sp.: (Taenia solium, Taenia saginata)
Classificação dos Parasitos
Os animais que parasitam os humanos estão incluídos em cinco grandes filos:
Protozoa (animais unicelulares).
Platyhelminthes (vermes achatados).
Nematoda (vermes redondos).
Acantocephala (vermes arredondados, pseudo-segmentados e com uma probóscida armada de ganchos).
Arthropoda (insetos e ácaros em geral).
De acordo com a forma de transmissão:
Transmitidos entre pessoas devido ao contato pessoal ou objetos de uso pessoal (fômites).
S. scabiei, P. pubis, P. humanus, T. vaginalis.
Transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou poeira;
E. histolytica, G. lamblia, T. gondii, H. nana, A. lumbricoides.
OBS: Sarcoptes scabiei (sarna)
Sarcoptes scabei. (sarna). Pediculus humanus. (piolho). Phthirus pubis. (chato).
De acordo com a forma de transmissão:Transmitidos pelo solo contaminado por larvas (geo-helmintoses):
A.duodenale, N. americanus, S. stercoralis.
Transmitidos por vetores ou hospedeiros intermediários;
Leishmania sp, T. cruzi, Plasmodium sp, T. solium, etc.
Transmitidos por mecanismos diversos:
larvas de moscas (miíases), T. penetrans (bicho de pé).
Aula 2 – Protozoários
Características gerais dos Protozoários
Trichomonas vaginalis
Sub-reino Protozoa contém cerca de 60K espécies (50% fosseis) e 10 mil espécies de parasitos. – Apenas algumas dezenas infectam o ser humano.
Os protozoários englobam todos os organismos protistas, eucariotas, constituídos por uma única célula. Apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação, locomoção e reprodução.
 ↓
É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção.
Estas funções são realizadas pelas diferentes organelas celulares:
 – Núcleo (pode ter 2 ou +) 
 – Aparelho de Golgi (carbo) 
 – Retículo endoplasmático (liso e rugoso) 
 – Mitocôndrias
 • Cinetoplasto 
 - Hidrogenossomo 
 – Lisossoma
 – Microtúbulos 
 – Flagelos, cílios e pseudópodos 
 – Corpo basal (inserção de cílios e flagelos) 
 – Axonema (eixo do flagelo) 
 – citóstoma Protozoários
Os protozoários apresentam grandes variações morfológicas: 
 1) Entre espécies 
 2) Entre fases evolutivas da mesma espécie
Ex: Ovais, esféricos, com cílios, flagelos, ou sem organela motora...
 2) Exemplos de fases evolutivas 
• Trofozoíto: forma ativa que se alimenta e se reproduz. 
• Cisto e oocisto: forma de resistência em condições desfavoráveis ou latentes.
• Gameta: forma sexuada presente no filo Apicomplexa. 
 – Masculino: microgameta 
 – Feminino: macrogameta
REPRODUÇÃO 
•  Os protozoários apresentam várias formas de reprodução. 
 1) Assexuadas 
 2) Sexuadas Protozoários
1) Formas de reprodução assexuada: 
 – Divisão binária ou cissiparidade
– Brotamento ou gemulação
– Endogenia ou brotamento interno: produz dois ou mais indivíduos dentro do citoplasma da célula-mãe.
– Esquizogonia: divisão nuclear e das organelas seguida de divisão do citoplasma, produzindo vários indivíduos. 
 • Merogonia (merozoítos) 
 • Esporogonia (esporozoítos) 
 • Gametogonia (microgametas) 
2) Formas de reprodução sexuada: 
 – Conjugação: dois indivíduos se unem temporariamente e trocam material genético. 
 • Presente nos Ciliophora.
– Singamia ou fecundação: ocorre a união de gametas formando um zigoto. • Pode ocorrem em vários grupos.
•  Nutrição dos protozoários: 
– Autotróficos ou holofíticos 
 • Produzem energia a partir da luz por fotossíntese (pigmentos ou grânulos). 
– Heterotróficos ou holozóicos 
 • Consomem e digerem partículas orgânicas de origem animal. 
– Saprozóicos 
 • Consomem material vegetal decomposto. 
– Mixotróficos 
 • Podem usar mais de um dos mecanismos anteriores. 
•  Excreção 
 – Os protozoários podem eliminar metabólitos por difusão ou por ação do vacúolo contrátil.
•  Respiração 
 – Aeróbicos 
 – Anaeróbicos 
 • Parasitos do trato digestivo 
 – Facultativos Protozoários
•  Locomoção
É feita por uma ou mais organelas especializadas. 
 – Pseudópodos 
 • Amebas 
 – Flagelos 
 • Trypanosoma sp 
 – Cílios 
 • Balantidium coli 
 – Microtúbulos que permitem deslizamento ou ondulação.
•  Os Protozoa são divididos em sete filos: 
– Sarcomastigophora 
 – Apicomplexa 
 – Ciliophora 
 – Microspora 
 – Labyrintomorpha 
 – Ascetospora 
 – Myxospora 
– Sarcomastigophora 
 • Núcleo simples 
 • Flagelos, pseudópodes ou ambos
– Apicomplexa 
 • Presença do complexo apical: estruturas em forma de cone especializadas na penetração de células do hospedeiro. 
 • Sem cílios 
 • Todas as espécies são parasitas
– Ciliophora: 
 • Apresentam cílios 
 • Apresentam macro- e micronúcleo
– Microspora: 
• Forma esporos unicelulares 
• São parasitas obrigatoriamente intracelulares 
Trichomonas e tricomoníase
Família: Trichomonadidae	
Ordem: Trichomonadida	
Classe: ZoomasKghophorea	
Filo: SarcomasKghophora	
Gênero: Trichomonas	
Existem quatro espécies de Trichomonas descritas encontradas em seres humanos:   T. vaginalis( patogênica – TGU humanos), T.	tenax( não patogênica – boca de humanos e macacos...), T. hominis(não patogênica – TGI de humanos), T. fecalis	
Trichomonas Vaginalis
A primeira descrição do T.	vaginalis foi em 1836 por Alfred Donnè.	
Ele isolou o parasito na secreção de uma mulher com vaginite.
Pouco	depois, encontrou o mesmo parasito em um homem com uretrite.
Morfologia:	
São células polimorfas	(tanto	no hospedeiro quanto em	cultura), em geral elipsóides,	ovais ou esféricos.	
Apresentam grande plasticidade e produzem pseudópodes para capturar alimentos.	
Não possui a forma cística, somente a trofozoítica; 
A forma é variável, tanto nas preparações a fresco e como nas coradas; 
Condições fisico-químicas (pH, temperatura, oxigênio) afetam o aspecto dos tricomonas, entretanto, a forma tende a se tornar mais uniforme entre os flagelados que crescem nos meios de cultura do que entre aqueles observados na secreção vaginal e na urina;
Apresentam 4 flagelos livres cuja base é envolvida pela pelta e um quinto ligado a uma membrana ondulante
 
Possui várias estruturas formadas por microtúbulos: o axóstilo, a costa e as fibras/filamentos parabasais.
O T. vaginalis é um organismo anaeróbico facultativo
 – Vive em ambientes com ou sem O2. 
O melhor meio de crescimento ‬apresenta temperatura de 20-40º 
Consomem os ‬carboidratos do meio (glicose, frutose
Não possui mitocôndrias. 
 – Energia é produzida pelos hidrogenossomos
 - Apresenta ciclo de Krebs incompleto, sem citocromos, mas com a presença de organelas denominadas hidrogenossomos, capazes de transformar piruvato em 
Biologia do T. vaginalis 
Local da infecção: 
 - Habita o trato genitourinário feminino e masculino; 
 - Não sobrevive muito tempo fora do sistema urogenital;
Sobrevive por 6 horas em secreção vaginal, 2 horas na água, a 40º C e mais de 20m na água a 46º C, 3h na urina, e 6 h no sêmen.
Reprodução: 
 - Divisão binária longitudinal.  
 - Não forma cistos (alguns autores descrevem pseudocistos).
Transmissão: 
 - A tricomoníase é uma DST. O homem serve como vetor, e pode abrigar parasitos sob o prepúcio por mais de uma semana após contato sexual com uma mulher infectada.
 - Os tricomonas podem ser levados à vagina pelo esperma ejaculado.
 - Pode haver transmissão neonatal durante o parto. 
 - Outras formas de transmissão (roupas íntimas ou instalações sanitárias) são consideradas raras.
 Contribuem para a infecção: 
 - Aumento do pH vaginal (normal 4 a 4,5)
 - Descamação epitelial 
 - Redução do glicogênio das células epiteliais 
 - Alteração da flora bacteriana vaginal
Patologia 
Tricomoníase está associada o predispõe a outras patologias: 
 - Infecção por HIV(aumenta 8x a chance de infecção)
 - Complicações na gravidez e no parto 
 - Infertilidade, câncer cervical e doença infamatória pélvica.
Tricomoníase e HIV:
 Tricomoníase e gravidez: 
 - Ruptura prematura da membrana 
 - Parto prematuro 
 - Baixo peso associado a ambos 
 - Endometrite pós-parto
 - Morte neonatal 
Tricomoníase e infertilidade: 
 - Risco de infertilidade 2x maior 
 - Relação com a doença inflamatória pélvica, que pode lesar a tuba uterina (células ciliares da mucosa tubária), inibindo a passagem de óvulos e espermatozoides.- Quanto maior a recorrência, maiores os riscos.
Mecanismos de patogênese 
 O T. vaginalis se desenvolve na vagina em pH acima de 5, e contribui para elevá-lo ainda mais. 
 - O aumento no pH reduz a flora normal da vagina e aumenta as bactérias anaeróbicas. 
 - Estas contribuem para o aspecto amarelo-esverdeado e mau cheiro do corrimento.
 Lesam as células epiteliais tanto por contato quanto pela secreção de substâncias citotóxicas. 
 - Os componentes da superfície celular do tricomonas e as substâncias citotóxicas (enzimas) são alguns dos fatores de virulência do parasito.
O tricomonas também pode atacar e fagocitar leucócitos. 
Possuem também cisteína-proteinases que são hemolíticas e também capazes de degradar IgM, IgG e IgA; 
Outros fatores de virulência são mediados por ferro e aumentam durante a menstruação; 
 - Fe regula expressão de cisteina proteinases que degradam a porção C3 do CC; 
 - Resistência ao sistema do Complemento; 
Além disso, pode se auto-revestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro, impedindo que o sistema imune reconheça o parasito como estranho. 
Sintomas e sinais 
 Mulheres: 
 - Vaginite com corrimento fluido e abundante, amarelo-esverdeado, bolhoso e fétido. 
 - Prurido e irritação vulvo-vaginal
 - Dores ao urinar (disúria) e durante relações sexuais 
 - Poliúria (frequência miccional) 
 - Edema e eritema vaginal e cervical, com pontos hemorrágicos na parede cervical.
 Homens: 
 - Em geral assintomáticos ou com leve uretrite com fluxo leitoso.
 - Corrimento presente antes da 1ª urina da manhã, podendo ter ardência.
 - Podem permanecer na uretra ou na próstata sem causar sintomas.
 - Complicações associadas: prostatite, balanopostite e cistite
IMUNOLOGIA 
•  Anticorpos locais e sistêmicos são frequentemente encontrados, apesar de não ter sido ainda comprovada a existência da imunidade adquirida contra a tricomoníase humana. 
 •  A presença de anticorpos protetores foi constatada em camundongos imunizados com soro humano de pacientes infectados, e desafiados com T. vaginalis. 
 •  Como acontece no homem, essa proteção tende a desaparecer após aproximadamente seis meses.
•  No aspecto celular, estudos in vitro indicaram que os neutrófilos PMN e os monócitos são citotóxicos ao T. vaginalis em condições aeróbicas, porém in vivo provavelmente não se realiza, talvez devido ao meio anaeróbico da vagina. 
 •  Conjugando os resultados dessas provas in vivo e in vitro para o diagnóstico da tricomoníase conclui-se que os dados encontrados são muito variáveis e discutíveis. Isso em parte é devido a variabilidade antigênica do parasito e a sua capacidade de evadir o sistema imune do hospedeiro.
Diagnóstico 
 Somente clínico é insuficiente: 
 - Apenas 20% têm corrimento e 2% tem cérvice com aspecto de morango. 
 -  Confundido com outras DSTs.
Laboratorial: amostras 
- Homens: preferencialmente por amostras de esperma fresco colhido pela manhã;
 - Primeira porção da primeira urina do dia; 
 - Paciente livre de medicamentos antitricomonas por 15 dias. 
 - Mulheres: material coletado na vagina com swab de algodão não-absorvente, preferencialmente nos dias logo após menstruação. 
 - Não deverão ter realizado higiene local 18-24 horas antes da colheita do material. 
 - Paciente livre de medicamentos antitricomonas por 15 dias. 
Laboratorial: microscopia 
 - Diagnóstico depende da observação do protozoário móvel em material fresco e também da observação em esfregaços fixados e corados. 
 - Se negativo, deve ser complementado por exame amostra cultivada. 
 Laboratorial: métodos imunológicos 
 - Aglutinação, imunofluorescência e ELISA. 
 - Não substituem, mas complementam o exame parasitológico.
 - Especialmente importantes em pacientes assintomáticos.
Epidemiologia 
 DST não-viral mais comum do mundo, com 170 milhões de casos novos anualmente. 
 Incidência: 
 - Depende vários fatores como idade, atividade sexual, outras DSTs, ciclo menstrual e condições socioeconômicas.
 Prevalência: alta entre indivíduos de baixo nível socioeconômico, pacientes ginecológicas e neonatais e de serviços de DSTs. 
Sobrevida do parasito no ambiente pode chegar a algumas horas em condições de alta umidade ou na urina coletada ou sêmen.
 Transmissão neonatal: 
 - Atinge cerca de 5% dos neonatos. 
 - O epitélio da vagina da recém-nascida pode ser modificado por hormônios da mãe no parto; 
 - Contudo, em poucas semanas pode se recuperar e terminar a infecção espontaneamente. 
 Incomum em crianças até 10 anos. 
 - Deve ser pesquisado abuso ou outras fontes não sexuais. 
 - Mais prevalente na adolescência e pré-adolescência, pelo início da vida sexual e modificações físicas e hormonais.
 Homens:
 - Prevalência 50 a 60% menor. 
 - Tricomoníase autolimitada por secreções da próstata ou eliminação na urina. 
 - 10 a 20% das uretrites recorrentes são por tricomonas. 
 - 10% dos homens estéreis são infectados por este parasito. 
Tratamento e profilaxia 
Metronidazol 
 - Descoberto nos anos 50, é efetivo contra os tricomonas. Recentemente há relatos de cepas resistentes.
 - Mecanismo de ação: Interage com o DNA, inibindo a síntese do ácido nucléico e também o desnatura
Outros fármacos: • Tinidazol, ornidazol, nimorazol, carnidazol e secnidazol
 Em gestantes deve-se usar apenas cremes ou pomadas, não tomar os medicamentos por via oral. 
Sendo uma DST, as medidas preventivas são as mesmas para outras doenças: 
 - Orientação sobre práticas sexuais seguras 
 -  Uso de preservativo 
 -  Abstinência de contato com pessoas contaminadas 
 - Tratamento simultâneo dos parceiros
Outros Trichomonas: 
 T. tenax 
 Não patogênico. 
 - Ampla distribuição geográfica. 
 -  Habita a cavidade bucal e é transmitido pela saliva. 
A transmissão também se dá também através de escovas de dentes, e de alimentos que foram previamente provados pelas mães. 
 Apesar dessa espécie ser considerada não-patogênica, pesquisadores da Europa oriental relataram infecções respiratórias e abcessos torácicos, atribuídas a esse protozoário. 
 A prevalência varia de 0% a 25%, dependendo diretamente da higiene oral. O diagnóstico é realizado pela pesquisa do organismo no tártaro dos dentes, na goma de mascar ou nas criptas das tonsilas 
T. hominis 
Não patogênico, mas presente em fezes diarreicas; 
  Transmissão dessa espécie intestinal ocorre através dos alimentos e da água contaminada com fezes (rota fecal-oral), ela depende, primariamente dos costumes de higiene e dos hábitos de alimentação dos hospedeiros humanos; 
 Associado a regiões em desenvolvimento tropicais e subtropicais. 
Prevalente em crianças e internos de asilos.
Aula 3 – Protozoário 
Giardia	
Amebas	e	amebíase	
Giardia 
Talvez o primeiro protozoário intestinal humano conhecido.
 Apesar de muitos estudos, a taxonomia ainda	é controversa.	
 - Espécies encontradas em diferentes animais.	
Três espécies encontradas em humanos são tidas como sinonímias:	
 - Giardia	lamblia	
 - Giardia	duodenalis	
 - Giardia	intestinalis
Morfologia:	
– Trofozoíto	 
– Cisto
 
Trofozoíto 
O disco ventral pode contrair e relaxar.	
 Junto	com os flagelos, permite a fixação do parasito	na mucosa.	
Cisto 
 Oval, com 2 a 4 núcleos	
Presença de fibrilas	(futuros flagelos)	
Estruturas escuras	em forma de	meia-lua (futuro disco ventral?)	
Ciclo	biológico	
Monoxeno de ciclo	direto.	
 - Ingestão	de cistos viáveis	
 - Desencistamento iniciado no estômago.	
 - Colonização do	intestino delgado pelos trofozoítos.
 - Multiplicação por divisão binária.	
 - Encistamento no intestino grosso e	eliminação nas fezes.	
 Não se sabe	 exatamente	quais	estímulos promovem o encistamento (ph, sistema imune...);Cistos resistem no ambiente por	até dois meses.	
Normalmente não se encontra trofozoítos nas fezes.
 - Somente em caso de diarreia forte
Transmissão	
 Ingestão de	cistos	maduros:	
 - Água contaminada ou pouco tratada (somente cloro);	
 - Alimentos contaminados (frutas e verduras);	
 – Moscas e baratas podem veicular	cistos.	
 - Contato	pessoal por meio de mãos mal lavadas;
 – Locais de aglomeração.	
 - Contato	sexual que envolva	sexo anal;	
 - Contato	com animais infectados	
 – Discutível.	
Sintomatologia	
Variável:
 - Assintomático	
 - Sintomático agudo com diarreia aguda e auto limitante	
 - Sintomático crônico com diarreia persistente, má absorção, perda de peso e resistência ao tratamento	
 - Variabilidade depende da cepa, do	número de cistos ingeridos, resposta imune, suco gástrico, estado nutricional, microbiota...
A forma assintomática é a	mais comum.	
 Portadores podem liberar cistos por até 6 meses.	
 - Importância epidemiológica.	
Sintomas agudos:	
 - Diarreia aquosa, explosiva	e fétida.	
 - Gases,	distensão e dor abdominal.	
 - Raramente apresenta muco ou sangue.	
 - Dura poucos dias e pode ser confundida	com diarreia	bacteriana ou viral.	
 Sintomas crônicos:	
 - 30 a 50% dos casos podem se tornar crônicos	
 – Diarreia com	esteatorréia,	perda	de peso e má absorção.	
 – Complicações associadas	à deficiência	de vitaminas lipossolúveis, B12, ferro e outros nutrientes.
 – Adultos suportam, mas crianças	podem sofrer	 efeitos graves.
Patogenia	
Os	mecanismos	da má	absorção e diarreia	características da giardíase ainda não são bem conhecidos.		
 - Alterações morfofuncionais da mucosa intestinal;	
 - Ação mecânica;
 - Aumento da motilidade intestinal.	
Alterações da mucosa:	
 - Perda das microvilosidades nas áreas de contato com o disco de adesão;	
 - Possível ação de toxinas(proteases);	
 - Inflamação local:
 – O	parasito provoca uma resposta imune que culmina uma reação de hipersensibilidade local, com edema e contração dos músculos lisos.	
 – Isso aumenta a renovação dos enterócitos; células jovens são menos eficientes na absorção.	
 – Ativação	posterior de outras	células do sistema imune	pode levar à inflamação e lesão	de células epiteliais.
		
Ação mecânica: “atapetamento”.
Diagnóstico	
 Clínico:	
 - Em crianças até 10-12	anos,	diarreia com	esteatorréia,	irritabilidade, insônia, náuseas, vômitos, perda de apetite e	dor abdominal são quadro característico.	
 - Recomendado confirmação laboratorial
 laboratorial:	
 - Pesquisa de cistos e	trofozoítos nas fezes.
 	 – Formadas: métodos de concentração (Faust).	
 – Diarreicas: exame direto a fresco ou de material conservado.	 
 – Recomendado colher 3 amostras em dias alternados ou intervalados.	
 - Biópsia	duodenal ou	coleta	de fluido duodenal	em pacientes sintomáticos,	mas sem parasitos	nas fezes.	
 Imunológico:	
 - Detecção de anticorpos no soro;	
 – Pode não	identificar infeções	passadas e recentes (IgG elevadas por	um longo período)	
 - Detecção de antígenos nas fezes por ELISA		
 - Detecção de DNA nas	fezes por PCR (em	desenvolvimento).	
Tratamento	
Furazolidona	(Giarlam)	
Inibe	formação de acetil-CoA – muito toxico	
 - Há resistência.	
 Metronidazol, tinidazol, ornidazol, secnidazol.	
Mebendazol, albendazol (antielmínticos)	
 Inibe síntese de microtúbulos
Epidemiologia e profilaxia	
 Fatores epidemiológicos:	
 - Mundo todo, pp	 em crianças	de 8 meses-12 anos	
 - Tratamento insuficiente da água.	
 -  Aglomerados com pouca higiene (creche,	escolas) 20-60% prevalência.	
 - Falta de saneamento básico.	
 - Manipuladores	de alimentos	e cuidadores assintomáticos.	
 - Viagem para zonas endêmicas (diarreia dos viajantes).	
 - Atividade sexual sem higienização.	
 - Resistência dos cistos	(até 2 meses).
 - Países em desenvolvimento	é um dos parasitos mais importantes
 - Países desenvolvidos é o mais importante	
 - No Brasil 4-30% de prevalência	
 Medidas profiláticas:
 - Higiene	pessoal adequada.	
 - Saneamento básico e tratamento adequado da água.	
 - Proteção dos alimentos.
 - Diagnóstico e tratamento de portadores assintomáticos.	
Amebíase 
Doença provocada	pela infecção por Entamoeba histolytica, com	alta mortalidade.	
Casos	 assintomáticos foram descritos como causados pela E. dispar, mas a atuação das	duas espécies ainda não é clara.	
 Diversas amebas podem viver no organismo humano:	
 •  E. histolytica	 ← patogênica 
 •  E. dispar	
 •  E. coli	
 •  E. hartmanni
 •  E. gingivalis (cavidade bucal)	
 •  Endolimax nana	
 •  Iodamoeba butschilii	
 •  Diantamoeba fragilis
	
OBS: Dessas oito espécies, a E. gengivalis vive na cavidade bucal e as demais vivem no intestino grosso, e a E. histolytica é a única que em determinadas situações pode ser patogênica!!!
Morfologia	
Núcleo esférico ou	arredondado	e vesiculoso,	com a	cromatina periférica formada por	pequenos grânulos	justapostos e	 distribuído regularmente na parte interna da	membrana nuclear,	lembrando uma roda de carroça;	
O cariossoma (massa de cromatina) é relativamente	pequeno, central ou excêntrico;	
 As amebas se distinguem por:	
 - Tamanho do trofozoíto e cisto	
 - Estrutura e número de núcleos	
 - Número e forma de vacúolos e corpos cromatóides.	
A distinção entre as espécies é difícil, pois nenhuma delas se diferencia facilmente das demais, principalmente nos trofozoítos a fresco. Portanto, para que seja feito um diagnóstico diferencial seguro é necessária a observação das várias estruturas em mais de um exemplar.
E. histolytica: trofozoíto	
•  Forma móvel e que se alimenta.	
•  20 a 40 µm, um só núcleo em geral, ecto- e endoplasma.
•  Hemácias (disentérico) ou bactérias ou grãos de amido no citoplasma (não-invasivo).
• Pré-cisto: intermediário entre o	trofozoíto e cisto.	
 – É menor e mais arrendondado.	
 – Núcleo	semelhante ao trofozoíto.
 – Corpos	cromatóides(forma	de bastonete) no citoplasma.	
• Metacisto: multinucleada – emerge do	cisto no intestino delgado	e após divisões origina os trofozoítos.	
• Cistos
 -  8 a 20µm, esféricos ou ovais.	
 - Um	a 4 núcleos visíveis se corados.	
 - Cromatina periférica espalhada e carissoma pequeno e central.
 - 1 a 4 corpos cromatóides, escuros se corados.
 - Vacúolos	de glicogênio	 que se coram pelo	lugol.	
OBS: Na microscopia eletrônica,	os trofozoítos da E. histolytica se caracterizam pela ausência de mitocôndria, aparelho	de Golgi, reticulo endoplasmático, centríolos e microtúbulos,	que são organelas	diferenciadas e encontradas nas	 células eucariotas.
Biologia e ciclo biológico	
 Trofozoítos	vivem	na	luz	do	intesino	grosso;
 - Pode penetrar	na mucosa e	causar complicações;
 - Ulcerações	intestinais ou no figado, pulmão, rim, e até mesmo cérebro (mais raro).	
 São anaeróbicos mas sobrevivem com	até 5% de O2;	
 Não	possuem mitocôndrias:	
Na glicólise anaeróbica operam enzimas não usuais, sendo produzidos sob estas condições: etanol, CO, e ATP.
 Locomoção por pseudópodes e alimentação por fagocitose e pinocitose.
Reprodução	por divisão binária dos trofozoítos.	
 Ciclo	não-patogênico:	
 - Vive aderido à mucosa como comensal.	
 -  Eventualmente se desprende da parede,	formando pré-cistos e depois cistos.
 - Cistos sofrem divisão nuclear e saem nas fezes formadas.	
Ciclo	patogênico:	
 - Penetra	e invade a submucosa intestinal; 
 - Multiplica-se ativamente nas úlceras;	
 - Pela circulação podem atingir o fígado, pulmão, cérebro, rins,	pele e outros órgãos.– Neste ciclo não formam cistos e fagocitam hemácias.
Transmissão:	
 Ingestão de cistos:	
 - Água e alimentos contaminados;
 – Moscas e baratas podem veicular cistos. 
 - Contato	pessoal por meio de mãos mal lavadas;
 – Falta de higiene domiciliar 
 – Manipulação de alimentos
Patogenia e sintomas:	
 Patogenia:	
 - Forte adesão seguida de ruptura da membrana celular
 	 – Hialuronidase, protease e mucopolissacaridase
 - Penetram em todas as direções formando ulceras em “botão	de camisa”.	
 - Ruptura	do equilíbrio	parasito-hospedeiro	(fatores	diversos)
 - Pela circulação trofozoítos invasivos e virulentos porta atingem o fígado	e formam abcessos.
 - Podem se romper e o parasito atingir outros órgãos.
 Sintomatologia variada, agrupada em	:	
 - Formas	assintomáticas;
 - Colite não-disentérica;
 - Colite disentérica;	
 - Amebíase extra intestinal.	
Incubação: 7 dias a 4 meses, muito variável.	
 Amebíase	intestinal	
Forma assintomática:
 - 80-90% dos casos; 
 - Cistos nas fezes;	
 - Propõe-se causada pela E. Dispar;
 - Centro-sul do Brasil	
Colite não-disentérica:	
 - Uma das formas clínicas mais frequentes;		
 - 2-4 evacuações, diarreias ou não,	por dia, com	fezes	moles	ou pastosas, às	vezes	contendo muco ou sangue.
 - Pode apresentar desconforto abdominal ou cólicas;
 - Raramente há manifestação febril;	
 - Alternância entre a manifestação clínica e períodos silenciosos, com funcionamento normal do intestino;
 - A maioria das amebas provenientes deste quadro clínico foi identificada como E. Dispar.	
 Colite	disentérica:	
 - Disenteria aguda com cólicas intensas, tenesmo ou tremores.	
 - 8	ou mais evacuações por dia com muco	e sangue.
 - Pode ser fulminante e em crianças requer hospitalização.	
 - Pode causar perfurações no intestino.	
Amebíase extra intestinal:	
 - Rara no Brasil,	mas já descrita.	
 - Tríade do abcesso hepático:	dor, febre e hepatomegalia.
 - Abcesso	 geralmente simples, com	ou sem bactérias invasoras.
 – Amebas	podem atingir pulmões, pericárdio e cérebro; geralmente após ruptura do abcesso hepático (8%).
Diagnóstico
Clínico:
 - Confundido com outras doenças intestinais.
 - Necessita confirmação laboratorial
 - No abcesso, observar	a tríade e exames complementares de imagem (raio-x, cintilografia, tomografia).	
Laboratorial:	
 - Exame de fezes para	procura de cistos e	trofozoítos.	
 – Exame a fresco para pesquisa de trofozoítos e hemácias fag
 – Fezes conservadas se não for possível.	
 – Exame de	fezes	formadas para pesquisa de cistos.	
 – Usar métodos de	concentração e flutuação (Faust, MIF e formol-éter).
 -  Exames imunológicos.	
 – Importantes	nos casos de	abcesso hepático para determinar se é amebiano ou não.	
 - Detecção de antígenos nas fezes por ELISA	.
 – Em padronização.	
 - Exame das ulcerações nas mucosas (retossigmoidoscopia).	
Tratamento:	
 Amebicidas com ação na luz intestinal	
 - Atuam sobre as amebas aderidas à mucosa.
 - Derivados da quinoleína (danos à membrana e acumulo de produto toxico do metabolismo da hemoglobina) 
 - Antibióticos (eritromicina e paramomicina) (inibe	síntese protéica)
 Amebicidas com ação Tissular:	
 - Atuam na parede do intestino e fígado. 
 - Cloridrato de emetina, cloridrato de diidroemetina (anti hemeticos) e cloroquina.	
 – Esses últimos são tóxicos e usados quando os outros	tratamentos falham.	
 Amebicidas	com ambas ações:	
   - Antibióticos (inibe RNA-t pp procarionte)	
 – Tetraciclinas e derivados, eritromicina, espiramicina e paramomicina.	
 - Derivados imidazólicos (interferem	no genoma)	
 – Metronizadol e derivados.
 – Indicados também na amebíase extra intestinal.		
Epidemiologia e profilaxia:	
 Cerca	de	480	milhões	de	infectados	no	mundo.
 - 10% adquirem a forma invasiva.	  
 - Atinge países tropicais e temperados.
 -  Fator mais importante é a condição de higiene.
 No Brasil:
 - Mais prevalente na região amazônica.	
 - Maior prevalência de formas mais graves.	
 - Encontrada também nas outras regiões do país.	
 Aspectos epidemiológicos importantes:	
 • Transmissão oral por cistos na água e alimentos.
 • E. histolytica é endêmica, não causa epidemias.
 • Mais frequente em adultos.
 • Portadores assintomáticos são a principal fonte	 de contaminação.
 • Cistos viáveis por até 20 dias.	
Profilaxia:
 • Diagnóstico e tratamento de portadores	assintomáticos.	
 – Exames	frequentes em manipuladores de alimentos.	
 – Desinfecção de alimentos preferencialmente com iodo
 • Saneamento	básico e tratamento	adequado da	água.
 • Proteção dos alimentos e combate a moscas.	
Aula 4 – Gênero Leishmania	
 Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)	
Agente etiológico:	
 – Protozoário do gênero Leishmania (Ross,1913)
 • Flagelado, heteróxeno ou digenético	(2 ou	mai hospedeiros).	
 • Hospedeiros vertebrados: vários mamíferos.
 • Hospedeiros invertebrados:	
 – Mosquitos da subfamília Flebotominae, gênero Lutzomya.	
 – Protozoário do gênero Leishmania (Ross,1913).	
 • L. braziliensis	
 • L. guyanensis	
 • L. amazonensis	
• L. lainsoni
• L. shawi
• L.naiffi
– Apresenta três formas:	
 • Amas,gota	
 • Promas,gota	
 • Paramas,gota	
Se refere à forma, tamanho/posição do flagelo e cinetoplasto em relação ao núcleo.
Agente etiológico:	
 – Amastigota:	
 • Esférico ou ovóide	
 • Núcleo deslocado.	
 • Cinetoplasto em bastão e pequeno.	
 • Vaúolos visíveis e rudimento de flagelo	na bolsa flagelar.	
 – Promastigota:	
 • Alongado e com flagelo livre	
 • Flagelo pode ser maior que o corpo	
 • Forma infectante.	
– Paramastigota:	
 • Ovais com cinetoplasto próximo ou posterior ao núcleo.	
 • Pequeno flagelo livre.
 • Em geral se aderem à mucosa digestiva do vetor pelo flagelo.	
 -  Reprodução:
 • Assexuada por divisão binária.	
 – Paramastígotas no sistema digestivo do vetor.	
 – Amastígotas nos macrófagos do hospedeiro mamífero.	
Ciclo biológico:	
 – Ocorre no vetor e no hospedeiro	mamífero.	
 • Em ambos o parasito pode se reproduzir.	
Transmissão:	
 – Pela picada da fêmea de várias espécies	do flebotomíneo.
 • Mosquito-palha, birigui,	tatuquira.	 
 • Mosquito corta a pele, provocando afluxo de sangue.	
 – Interação com a célula hospedeira:	
 • Sofrem ação da resposta imune inespecífica.	
 – Proteínas séricas,	células fagocitárias	e NK, componentes do Complemento.	
 • Parasito pode ser favorecido pelos componentes que induzem fagocitose por macrófagos.	
 – Anticorpos, Complemento, fibronectina.	
 • Também	favorecido pela saliva do flebótomo	
 – Maxidilan: potente vasodilatador, inibe IL-12 e INFγ.	
 – Inibe a resposta imune e facilita a infecção.	
 • Possuem	moléculas na membrana que os tornam resistentes à destruição dentro do fagossomo e inibem a ação tóxica do macrófago.
 – Glicoproteína 63	(gp63)	
 – Lipofosfoglicano	(LPG)	
 OBS: • Dessa forma, podem se reproduzir dentro dos macrófagos.
 – Indução de diferentes respostas imunológicas:	
 • A	resposta imune desencadeada peloparasito pode levar à ativação de dois tipos de linfócitos T:	
 – Linfócitos T CD4+ Th1	
 – Linfócitos T CD4+ Th2	
 • Linfócitos TCD4+ Th1	
 – Produzem IL2, IL12, TNFα	e INFγ	 – pró-inflamatórias.	
 – Estimulam a ação dos macrófagos e secreção de citocinas e podem levar à forma cutânea e cutaneomucosa	da LTA.
 – Associada à resistência do hospedeiro.	
 • Linfócitos TCD4+ Th2	
 – Produzem IL4, IL6, IL10 e outras	
 – Inibem a atividade dos macrófagos e a secreção de citocinas.	
 – Estimulam a produção de anticorpos.	
 – Pode levar à forma cutânea difusa da LTA.
 – Associada à susceptibilidade do hospedeiro.
 
 – Não são claros os fatores que contribuem para a ativação de Th1 ou Th2.
 • Atividade das citocinas no meio no momento da ativação do linfócito.	
 • Diferença	 na sinalização celular das células Th.
 	 • Tipo de antígeno apresentado.	
 • Sinais co-estimuladores.
Patogenia e evolução da doença:	
 – A lesão inicial é semelhante em todos os casos.	
 • Forma uma pápula e pode curar espontaneamente;	
 • Pode progredir para um histiocitoma e tornar-se uma úlcera.
 
 – Úlcera típica:	
 • Circular com bordas altas.	
 • Fundo granuloso, vermelho e com exsudato.	
 • Indolor.
 • Se tratada ou resolvida pelo organismo com sucesso, desaparece deixando uma cicatriz de pele fina e despigmentada.	
•  Formas clínicas da LTA:	
 – Cutânea (LC)	
 – Cutaneomucosa (LCM)	
 – Cutânea difusa (LCD)	
Leishmaniose cutânea:	
 – Características:	
 • Úlceras únicas ou múltiplas na derme;
 • Aspecto típico;
 • Muitos parasitos na borda da úlcera, reduzido nas úlceras crônicas.
 • Causada por (no	Brasil): 
 – L. braziliensis (úlcera de Bauru, ferida brava, bouba)
 » Lesões	geralmente	únicas, mais destrutiva entre as espécies.	
 – L. guyanensis (pian	bois)	
 » Úlceras	múltiplas mestastáticas linfáticas.
 » Linfagite e linfadenoma.
 – L. amazonenses
 – L. laisoni	
Leishmaniose cutaneomucosa:	
 – Nariz de anta ou tapir, espúndia.	
 – Causada pelo L. braziliensis.	
 – Infecção inicial semelhante à LC;	
 •  Meses ou anos após surgem leões	secundárias	envolvendo mucosas e cartilagens.	
 – Geralmente nasofaringe.	
 – Nariz de anta ou tapir, espúndia.	
 • Inicia com eritema e inflamação discreta com coriza.
 • Progride	para ulceração e se espalha por toda a estrutura do nariz e palato.	
 • Pode atingir laringe, faringe e esôfago.
 OBS:Pode evoluir para casos severos com	comprometimento da fala, respiração e deglutição. Pode levar a óbito por infecção respiratória secundária.
Leishmaniose cutânea difusa:	 
 – Formação de lesões	difusas não-ulcerosas por toda a pele.
 • Causada no Brasil pelo L. amazonensis.	
 • Inicia como úlcera única e 40% dos casos progride para LCD.	 • Espalha-se por migração linfática dos parasitos ou macrófagos contaminados.	
 – Pacientes apresentam resposta imune reduzida à Leishmania.	
 – Sem resposta no teste de Montenegro (age na pele).
 – Crônica e refratária ao tratamento.	
Diagnóstico
 – Clínico:	
 • Característica da lesão	 
 • Dados epidemiológicos	
 • Diferenciar de outras dermatoses granulomatosas.	
 – Tuberculose	cutânea, hanseníase, fungos, e outras.	
 
 – Laboratorial:	
 • Pesquisa	do parasito:	
 – Esfregaço dos bordos da lesão, corado.	
 – Em biópsia histopatológica.	
 – Em	cultura de material de biópsia.	
 • Inoculação em animais de laboratório.	
 • Determinação do DNA do parasito.	
 – Suplementar.	
 – Pode identificar até o gênero.	
 
 • Imunofluorescência para anticorpos ou ELISA.
 – Pode informar sobre a cronicidade da lesão.	
 – Não determina	a espécie.	
 – Indicado em casos crônicos com poucos parasitos nas lesões.
 – Métodos imunológicos:	
 • Teste de Montenegro:	
Tratamento:
 – Antimonial pentavalente (Glucantime) injetável.	
 • 10 dias tratamento/ 10 dias intervalo	
 • Repetido até cicatrização da úlcera.	
 • Deve-se tratar localmente as úlceras para evitar infecções secundárias.
 – Água e sabão, compressas com permanganato de potássio
 • Inibe enzimas do parasito 
 – Em caso de resistência pode-se tentar:	
 • Anfotericina B(ergosterol).	
 • Isotianato	de pentamidina (biossíntese de DNA/RNA e fosfolipídeos e ptns).	
 – Imunoterapia:	
 • Em desenvolvimento: inocula-se antígenos de Leishmania no paciente para estimular sua resposta imune, em seguida se associa a terapia convencional.
 – Importante o acompanhamento a longo prazo do paciente.
 • Parasitos podem sobreviver nas lesões cicatrizadas.
 – Observar restrições	medicamentosas:	
 • Gravidez, idade, hepatopatias e nefropatias.	
 
Epidemiologia e profilaxia:	
 – Primariamente	uma	doença de animas silvestres; torna-se zoonose quando o ser humano penetra das áreas de ocorrência da doença.
 – Raramente	provoca doença nos hospedeiros mamíferos silvestres.
 • Ratos, gambá, tamanduá, preguiça, tatu	e canídeos silvestres.	
 • A doença surge nos	hospedeiros	acidentais: humanos e animais domésticos	.
 – Cada espécie de Leishmania pode ter diferentes reservatórios e espécies de flebotomíneos transmissores. 
 • Diferente distribuição geográfica da doença
 – No mundo 
 • Índia, Paquistão, Oriente Médio, Rússia, litoral Mediterrâneo, grande parte da África.	
 • México	e América Central, toda a	América do Sul menos o Chile.
 – No Brasil	
 • Na região Norte é mais comum em áreas ocupadas ligadas ao desmatamento.
 • Mais ao sul, além dessas áreas, ocorre nos trabalhadores rurais	no campo e quando penetram nas matas
 • Pode ocorrer em regiões urbanas, não florestais.
 – Animais domésticos servem de reservatório do parasito.	
 • Algumas infecções são mais raras porque o vetor é pouco antropofílico.	
 – Flebotomíneo de hábitos noturnos ou pouco atraído para o peridomicílio.
 – L. amazonenses (Lutzomya	flaviscutellata).
Profilaxia:	
 – Medidas preventivas:
 	• Construir casas a pelo menos 500m da mata.	
 • Evitar acúmulo de	mato e lixo no peridomicílio.
 • Controle de insetos no interior da moradia.
 • Proteção individual (mosquiteiros, repelentes). 
 • Evitar exposição no horário de atividade dos vetores.
 – Amanhecer/anoitecer e noite.	
 
 – Medidas de controle:	
 • Diagnosticar e tratar adequadamente	os casos.
 • Controledo vetor quando no ambiente domiciliar. 
 • Não se recomenda o controle dos reservatórios.
 – Eutanásia em cães somente em casos muito graves com sofrimento do animal.
Gênero Leishmania
Leishmaniose	Visceral
Leishmaniose visceral	ou calazar.
 – “Kala-azar”,	doença negra na Índia.
 – Leishmaniose infantil no Mediterrâneo.	
 – Leishmaniose visceral americana ou calazar neotropical na América Latina.
 – Atinge	diversos órgãos,	causando debilidade progressiva, hepatoesplenomegalia, baixa imunidade, caquexia, levando a óbito se não tratada.	
Agente etiológico:
 – Parasitos do	complexo Leishmania donovani.	
 • L. donovani	
 – África, Índia, China	
 • L. infantum	
 – Oriente médio,	África, China	
 • L. chagasi	
 – Américas	
 – Mesmo que L. infantum?
 – Apresenta três formas:	
 • Amastigota
 – Forma intracelular nos fagócitos.	
 • Promastigota	
 – Forma infectante para os mamíferos.	
 – Encontrada no trato digestivo do vetor.	
 • Paramastigota	
 – Colonizam o trato digestivo do vetor.	
 – Multiplicam-se avidamente.	
Ciclo	biológico:	
 – Ocorre no vetor e no hospedeiro mamífero.	
 • Em ambos o parasito pode se reproduzir.	
 • Assexuada	por divisão	binária.	
 – Paramastigotas e promastigotas no sistema digestivo do vetor.
 – Amastigotas nos macrófagos do hospedeiro	mamífero.
 OBS: imagem do ciclo biológico da LTA
Transmissão:	
 – A	L. chagasi é transmitida principalmente	pela picada da fêmea do flebotomíneo Lutzomyia longipalpis.
 • Promastigotas infectantes (metacíclicas) na saliva.
	
 – Outros mecanismos devem ser considerados:
 • Compartilhamento de seringas e agulhas em usuários de drogas injetáveis.	
 • Transfusão sanguínea.	
 • Transmissão congênita (muito rara).	
 – Interação com a célula	hospedeira:	
 • Sofrem ação	da resposta imune inespecífica e são fagocitadas ativamente.
 • Resistem à destruição no fagolisossomo e se multiplicam no fagócito.
 – Indução de diferentes respostas imunológicas:	
 • A resposta imune desencadeada	pelo parasito pode levar à ativação de dois tipos de linfócitos T:
 – Linfócitos T CD4+ Th1	
 – Linfócitos T CD4+ Th2	
 • Linfócitos TCD4+ Th1
 – Produzem IL2, IL12, TNFα e INFγ– citocinas próinflamatórias.
 – Estimulam a ação dos macrófagos	e estão associados à resistência do hospedeiro.
 • Linfócitos TCD4+ Th2
 – Produzem IL4, IL-6, IL10	e outras citocinas	
 – Inibem a atividade	dos macrófagos e estimulam a produção de anticorpos pelos Linfócitos B.	
 – Estão associados à susceptibilidade do hospedeiro à leishmaniose.	
 • Doentes apresentam altos níveis	de IL-10 e anticorpos, a maioria inespecíficos.
 • A infecção se	perpetua a menos que seja tratada ou que o paciente desenvolva resposta imune celular.	
 – Via Th1.	
Patogenia	e	evolução	da	doença:	
 – A picada do vetor é acompanhada de resposta inflamatória local
 – Pode haver formação de um nódulo (leishmanioma)	que	se cura, ou evolução para migração	tecidual dos	parasitos.
 • No caso da L. chagasi o local da picada pode passar despercebido (sem	nódulo).	
 – Os	parasitos migram inicialmente para os linfonodos, em seguida para as vísceras.	
 – Induzem infiltração de macrófagos, linfócitos e plasmócitos.	
OBS: Na leishmaniose visceral o	parasito invade e se reproduz em fagócitos de diversos órgãos. Difere da LTA, que é cutânea e mucosa.	
	– As	amastígotas	de L. chagasi parasitam as células do sistema mononuclear	fagocitário.	
 • Macrófagos, monócitos, e outros fagócitos.	
 • Atingem linfonodos, baço, fígado e medula óssea.
 	– Rins, pulmões, pele e intestino	podem ser afetados.	
 – Alterações	no baço – esplenomegalia.	
 • Achado importante e frequente no calazar.	
 • Apresenta	tecido	friável	e congestão	dos vasos.
 • Hiperplasia e hipertrofia	 das células fagocíticas, densamente parasitadas.	
 – Alterações no fígado – hepatomegalia.	
 • Também frequente no calazar.	
 • Ocorre hiperplasia e hipertrofia	das células de Kupffer.	
 • Pode haver fibrose e infiltração celular.	
 • Alterações contribuem para a desproteinemia do calazar.	
 – Alterações hemocitopoéicas.
 • A medula é infectada e os macrófagos lentamente substituem as regiões hemocitopoéticas	(desregulação da hematopoiese,	podendo levar à aplasia).	
 • Há desenvolvimento de anemia, e plaquetopenia em quadros graves.
 – Facilita hemorragias.	
 – Alterações renais:	
 • Glomerulonefrite e nefrite por excesso de imunocomplexos.	
 – Inflamações pulmonares com tosse seca.	
 • Broncopneumonia levando a óbito em casos severos.	
 – Linfonodos:	
 • Aumentados e	com grande	presença de	macrófagos e linfócitos B, e redução de células T.	
 – Intestino:
 • Grande	proliferação	de células fagocitárias, com edema e alongamento das vilosidades.	
 – Placas de Peyer – aglomerados de tecido linfóide	no intestino.	
Quadro clínico e sintomatologia	
 – Forma	assintomática:	
 • Febre baixa	recorrente, tosse seca, diarreia, sudorese, prostração.	
 	• Pode haver cura espontânea ou tornar-se portador assintomático por toda a vida.	
 • Equilíbrio rompido: Desnutrição ou estados imunossupressivos podem desencadear formas mais graves.	
 – Forma aguda:	
 • Período inicial da doença.	
 • Febre alta, palidez de mucosas, hepatoesplenomegalia discreta.	
 – Frequentemente diarreia e tosse.	
 	• Confundida com outras doenças que causam febre aguda	e hepatoesplenomegalia.	
 – Tifo, malária, esquistossomose, doença de Chagas.	
 • Altos	títulos	de IgG anti-leishmania.	
 – Forma sintomática crônica (calazar clássico):	
 • Febre	irregular e agravamento dos sintomas agudos.	
 • Desnutrição	proteico-calórica e caquexia mesmo com apetite preservado.	
 – Óbito se não for tratada.	
 • Inchaço abdominal.	
 • Infecções bacterianas podem ocorrer e levar a	óbito (caráter imunossupressivo da doença).	
 – Pneumonia, tuberculose, disenteria, co-infecção	por Plasmodium	(malária) e Schistosoma	(esquistossomose).	
 • A leishmaniose visceral é considerada infecção oportunista para portadores de HIV.	
 – Leishmaniose dérmica pós-calazar	
 • Manifestação cutânea que ocorre após o tratamento da forma visceral.
 • Surgem lesões variadas	na pele, desde hiperpigmentação a nódulos ou papilomas contendo leishmanias.	
 • Ocorre na Índia e Sudão, causada pela L. donovani.	
 • Etiologia desconhecida, mas pode ser fontes de infecção.	
Diagnóstico:	
 – Clínico:	
 • Atenção aos sintomas característicos junto	com epidemiologia. 
 • Verificar doenças com sintomatologia semelhante.	
 – Laboratorial:	
 • Observação do parasito em esfregaços corados de material colhidoda medula óssea, baço, fígado ou linfonodos.	
 – Cortes histológicos de biópsias também
 – Punção de baço tende a ser evitada– risco de hemorragia.
 – Punção de medula- mais simples (esterno ou ilíaco)	
 • Sorologia inespecífica (titulação de imunoglobulinas) ou específica (anticorpos contra a leishmania) são bastante usados.	
 • ELISA para dosagem de anticorpos específicos.
 • Imunofluoresência indireta (lâmina com promastígotas fixadas).	
Tratamento:	
 – Antimonial pentavalente (Glucantime) injetável.	
 • 20 a 40 dias de	tratamento.
 • Via endovenosa	
 – Em caso de resistência ou recidiva pode-se tentar:
 • Segundo	tratamento com Glucantime (enzimas do parasito);
 • Anfotericina B (ergosterol);	
 • Isotianato de pentamidina (biossíntese de DNA/RNA e fosfolipídeos e ptns);	
 – Estas em regime hospitalar.	
 • Miltefosine, recentemente desenvolvido contra formas resistentes da Índia e Sudão (inibe gp63 e LPG).	
 – Em paralelo, tratar os sintomas como desnutrição e infecções oportunistas.	
Epidemiologia e profilaxia:	
 – Doença	endêmica em países tropicais e subtropicais da Ásia, Oriente Médio, África e Américas.	
 • Presente também no Mediterrâneo.	
 – No Brasil:
 • RR, PA, TO, GO, MG e Nordeste 
 • Ocorre sobretudo	na zona rural com casas próximas das matas, e em zona urbana se houver condições	para o vetor se desenvolver.	
 	 • Atinge sobretudo	crianças até 10 anos de idade (54% dos casos) e maior no sexo masculino. 
 • Desnutrição é fator de risco para infecção e desenvolvimento das formas mais graves.	
 • A leishmaniose é uma antropozoonose que envolve a presença de reservatórios naturais da doença e do vetor.	
EX: Cão doméstico (Canis familiaris), Raposas (Dusicyon vetulus) e Lutzomyia longipalpis 
   – Profilaxia envolve a tríade:	
 • Diagnóstico e tratamento	dos doentes.	
 • Eliminação dos cães com	sorologia positiva (tratamento e em último	caso, eutanásia).
 • Combate ao inseto vetor.	
 • Diagnóstico e tratamento dos doentes.	
 – Considerar a condição sócio-econômica, idade e região.
 – Investigar assintomáticos.
 – Especial	atenção com portadores de HIV.	
 • Eliminação dos cães com sorologia positiva.	
 – Calazar canino	é importante	pela prevalência (de 3 a 40% em áreas endêmicas).
 – Exame sorológico é importante porque 40-60% dos cães são assintomáticos.
 – Animais	doentes devem ser	tratados ou sacrificados.
 – Recomendado o cuidado com os cães, com uso de coleiras e outros	produtos repelentes.	
 • Combate ao	inseto	vetor	
 – Combate-se a forma	adulta	com inseticidas residuais aplicados no domicílio e peridomicílio.
 • Calazar canino: epidemiologicamente mais importante do que humano- mais prevalente e fonte de infecção para humanos.	
 • Vacina anti-leishmania	
	
Aula 5 – Trypanosoma cruzi
 Doença de Chagas
T. cruzi e Chagas 
O Trypanosoma cruzi foi descoberto por Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas em 1907.
Descobriu o flagelado nos	barbeiros e testou sua infecção em saguis, com ajuda de Oswaldo Cruz. 
Conjecturou	que este flagelado poderia infectar e causar doença em humanos.
Em 1909 descobriu	uma menina com sintomas parecidos com os animais infectados e com o protozoário do barbeiro no seu sangue.	
Descreveu então a	morfologia, biologia, reservatórios e vários aspectos da doença, denominando o parasito Trypanosoma cruzi.
Berenice foi	acompanhada durante toda sua vida, e representava, deste modo, a chamada forma indeterminada da doença de Chagas, na qual se situa a maioria dos	indivíduos infectados com	o T.cruzi.		
Berenice morreu no dia 11 de setembro	de 1982, com 75 anos de	idade e 73 anos de infecção pelo T.cruzi. Não foi possível a realização de necropsia, mas pelas investigações realizadas, sua causa mortis não poderia ser atribuída a infecção pelo T. cruzi	 
  A doença de Chagas é endêmica no Brasil atinge cerca de 8 milhões de pessoas;	
OMS indica como principal causa de morte súbita em cidadãos em idade produtiva;	 
Além disso, o chagásico é um indivíduo marginalizado pela sociedade – impossibilidade de emprego, mesmo que adequado à sua condição clínica, que	quase sempre não	é devidamente avaliada.	
Morfologia:	
 – O T. cruzi apresenta basicamente 3 formas: amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas.	
 • Epimastigotas só ocorrem	no hospedeiro invertebrado.
	
 
 • Nos tecidos: amastigotas.	
 • No vetor: epimastigotas (também apresenta tripomastigotas).	
– No hospedeiro vertebrado os tripomastigotas podem apresentar duas variações (polimorfismos):	
 • Formas delgadas (mais infectantes, frágeis) - Macrofagotrópicas.
 • Formas	largas	(menos infectantes,	resistentes) -	Miotróficas.
Vetor: triatomíneos (barbeiros)
Biologia e ciclo de vida
Biologia e ciclo de vida:	
 – Parasito heteroxeno:	
 • Multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado mamífero.	
 • Multiplicação extracelular no hospedeiro invertebrado (triatomíneo).	
 • Reprodução assexuada(divisão	binária simples).	
Mecanismos de transmissão:	
 – Pelo vetor: mais importante.	
 • Tripomastigotas nas fezes/urina do vetor penetram pela ferida da picada.
	
 – Transfusão de sangue. 
 • Importante em cidades endêmicas.	
 – Congênita.	
 • Ninhos de amastigotas na placenta podem	liberar tripomastigotas que atingem a circulação fetal.	
 – Oral:	
 • Amamentação, alimentos	contaminados.	
 – Outras	formas:	
 • Acidentes de laboratório.	
 • Sexual (não comprovado,	apesar de encontrados no sêmen de camundongos e sangue menstrual	de mulheres)
 • Transplantes
 – (órgão infectado) Utilizam imunossupressores	
 –  Forma aguda grave.
Patogenia e doença
Patogenia e sintomas	
 – Fase aguda: sintomas
 • Pode ser assintomática (mais comum). 
 • Sintomática mais frequente e severa em crianças até 5 anos.	
 – Ambas estão	relacionadas	com o	estado imunológico do hospedeiro 
 •  O T. cruzi	pode parasitar praticamente qualquer célula. 
 –  Inicialmente prefere fagócitos e células musculares.	
 •  Restos de células e de	parasitos mortos provoca resposta inflamatória local e	desenvolvimento de resposta imune.	
 –  O parasito não é de todo eliminado.	 
 • Locais:	
 – Sinal de Romaña	(conjuntiva).	
 – Chagoma de inoculação	(pele).	
 • Coração pode ser intensamente lesado.	
 • Inflamação pode atingir	todo o	órgão	e levar à morte.	
 • miocardite	aguda	difusa.
 – Inflamação local afetando linfonodos-satélites.	
 – Tende a regredir em 1-2 meses.	
 • forma-se o complexo cutâneo	e/ou	 conjuntivo-linfonodal.	
 • Gerais 
 Obs: Em	alguns casos, insuficiência cardíaca e complicaçõesneurológicas.	
– Fase crônica:	
 • Assintomática – sorologia e parasitologia positiva, mas sem sintomas.
 – Lesões teciduais discretas; 
 – Mortes súbitas	
 •  Sintomática: Certo número de chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, com o correr do tempo	apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório (forma cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou ambos (forma cardiodigestiva ou mista).	
 – Muda inteiramente a fisionomia anatômica do miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente).	
 – Observa-se reativação intensa do processo	inflamatório, com dano destes órgãos, nem	sempre relacionada com o parasito, que se encontra extremamente escasso nesta fase.	
– Fase crônica cardíaca:	
• 20-40% dos casos no sudeste e centro-oeste.
• ↓ tecido muscular e é fibrose, perda de aferências nervosas.	
• Problemas	circulatórios,	hipóxia, trombose cardíaca ou de membros inferiores
• Êmbolos no pulmão, rins, baço, encéfalo morte súbita.	
•  Quando os	mecanismos	de compensação não são suficientes culmina com insuficiência cardíaca congestiva	(ICC):	
•  Dispnéia,	
•  insônia,	
•  Congestão	visceral (lesão anóxica capilar produzir a vasodilatação, o que determina a acumulação de sangue nos órgãos),	
•  Edema	de	membros	inferiores	
•  Pode	ser	fatal	
– Fase crônica digestiva:	
 • 7-11%	casos	
 • Parasita e destrói o sistema nervoso intramural (sistema nervoso entérico).
 – Descoordenação motora.	
 – Alteração de secreção.	
 – Má absorção.	
 – Sobretudo esôfago e cólon esquerdo/sigmóide.	
 • Em 10-20 anos surgem os megas.
 – Dilatações permanentes das vísceras.	
 – Poucos	parasitas, inflamação local, hipertrofia muscular e fibrose.	
 – Megacólon, megaesôfago.	
 • Megaesôgafo:	
 – Disfagia, dor ao engolir, dor restroesternal, regurgitação, tosse, soluço.	
 • Megacólon:	
 – Constipação, obstrução intestinal (fecalomas), perfuração e peritonite.		
– Outras formas:	
 • Transfusional: sintomas iguais ao da fase aguda mas sem chagoma.	
 – Pode evoluir para forma crônica.	
 – Pode ser fatal.	
 • Congênita: pode ocorrer a qualquer momento da gravidez.	
 – Placenta alterada com edema, palidez e lesões	microscópicas.	
 – Abortos ou natimortos com meningoencefalite, miocardite e infecções.	
 – Nascidos a termo podem evoluir sem sintomas ou ter hepatoesplenomegalia e alterações cardíacas.	
 
 • Nervosa	
 – Discutida (atribui à SI e esquemias)	
 • Em imunossuprimidos	
 – Tendem a desenvolver encefalites necrosantes, edemas	cerebrais e grande infestação da glia e neurônios.
Diagnóstico,	tratamento e profilaxia
•  Diagnóstico:	
 – Clínico:	
 • Origem do paciente
 • Sinais típicos agudos
 • Sinais crônicos	
 – Laboratorial:	fase aguda	
 • Exame de sangue a fresco.	
 • Cultura de sangue/biópsia de linfonodos.	
 • Xenodiagnóstico (infecta um vetor sadio).	
 • Exames sorológicos para detecção de anticorpos específicos (IgM).	
 – Laboratorial:	fase crônica	
 • Xenodiagnóstico (método de escolha).	
 • Hemocultura.	
 • Exames sorológicos para detecção de anticorpos específicos (IgG).
 – Diferentes métodos para confirmação (ELISA, imunofluoresência,	hemaglutinação).	
 • Métodos moleculares (PCR).
Tratamento:	
 – Beznidazdol ou Benzonidazol (Rochagan®, Rodanil®).	
 • 5-10 mg/kg/dia por	 60 dias.
 • Eficaz na fase aguda (>60%) e congênita (95%), não tanto na crônica (50%).	
 • Pode	causar anorexia, vertigens, dermatites, cefaléia, sonolência, alterações neurológicas.	
 • Radical nitro formado da molécula faz de ligações covalentes com macromoléculas do parasita (DNA nuclear, mitocondrial, lipídeos e proteínas) podendo prejudicar o metabolismo;	
 •  Além disso há quebra na dupla fita de DNA e danos ao DNA mitocondrial;	
 •  Auxilia no aumento da fagocitose atuando na	elevação da	produção da citocina interferon gama (INF-γ);	
 •  Ainda, há evidência de que o fármaco	atue na inibição da enzima NADH-fumarase redutase bloqueando o crescimento do T. cruzi		
 – Alternativa: nifurtimox.
 Gera radicais nitros aniônicos intracelulares que são	tidos como responsáveis pelo efeito tripanocida.	
 • Difícil obtenção.	
 – Critério de cura ainda não estabelecido.	
 • Negativação da sorologia em mais de um método em dois exames consecutivos.
 – Pode levar até 5 anos para negativar
Epidemiologia	
 •  Doença de Chagas atinge cerca de 16 a 18	milhões de habitantes de 18 países, causando 21.000 mortes anuais e uma incidência de 300.000 novos casos por ano.	
 •  Ela se distribui em duas zonas ecológicas distintas:	
  - Cone sul: Argentina, Chile e Uruguai, Bolívia, Brasil, Paraguai e Peru, onde os insetos vetores vivem em habitações humanas;	
 - Sul da América do Norte, América Central e México, onde o vetor vive em ambos os ambientes, dentro e fora do domicílio	
	 - Áreas endêmicas	originais incluem quase toda a região nordeste, sudeste, centro-oeste e sul. 
 • Estão vinculadas à presença do triatomínio nos domicílios.	
 • A região Amazônica	tem se tornado emergente
 – Casos de transmissão	oral	
 – Transmissão vetorial extra-domiciliar ou domiciliar	
 •  No	ambiente silvestre, os tatus, gambás, roedores e respectivos	ninhos	forneciam abrigo e alimentos para os triatomíneos;			
 • No domiciliar, o cão, o gato, os humanos e as frestas da cafua(pau a pique)	fornecem abrigo e alimento para	os barbeiros;	
 – Importante salientar a passagem do barbeiro do meio-ambiente para o domicílio, trazendo a doença de animais silvestres para os humanos e animais domésticos.	
Profilaxia	
 – Envolve basicamente:	
 • melhoria das habitações e peridomicílio;
 • combate ao triatomíneo;	
 • identificação	e seleção dos doadores de sangue ou esterilização do sangue coletado.
 • Tratamento dos doentes agudos e crônicos.
 • Vigilância epidemiológica.
 – Coleta/controle de barbeiros pela população.		
Aula 6 - T. gondii e Toxoplasmose
• A toxoplasmose é	uma zoonose cosmopolita muito frequente em mamíferos e aves,	causada pelo Toxoplasma	gondii.	
• Estima-se que até	60 – 70% da população de certos países esteja infectada pelo parasito. 
 – Alguns dados citam até 95%.	
• O toxoplasma foi descoberto em 1908 por pesquisadores em dois locais distintos.	
 – Splendore, em São Paulo, em coelhos;	
 – Nicolle e Manceaux, na Tunísia, em um roedor (Ctennodactylus gondi).	•  Daí	o nome T. gondii.		
• Durante alguns anos após sua descrição o T. gondii não foi objeto de muitas pesquisas;		
• Somente a partir da década de 70, com o conhecimento de sua ampla distribuição geográfica por meio de testes sorológicos e do grande número de mamíferos (inclusive o homem) e aves atingidos, é que seu	estudo foi aprofundado;	
•  Foram, então, descritas as várias formas que possui, os hospedeiros definitivos (felinos) e intermediários (demais animais), os ciclos biológico	e epidemiológico, melhores métodos para diagnóstico e as tentativas terapêuticas.
•  Seu	ciclo de vida só foi descrito na década de 70
.	– Gatos e outros felídeos são os hospedeiros definitivos.
 • Parasito apresenta ciclo sexuado	e assexuado.	
 – Outros mamíferos	são hospedeiros intermediáriosou incompletos.
 • Apenas o ciclo assexuado.	
Agente etiológico: Toxoplasma gondii	
 – Protozoário do filo apicomplexa.	
Filo apicomplexa	
 – Latim apex, ponta ou	topo + complex, complexo	
 – Complexo apical anterior que se prende ou que penetra no interior da célula hospedeira.
Morfologia	
 – O toxoplasma apresenta várias formas ao longo do seu ciclo de vida.	
 – Vamos focar nas	formas infectantes para células humanas e de outros mamíferos.
 – Formas infectantes:	
 Taquizoíto	
 Bradizoíto
 Esporozoíto	
	
 – Taquizoíto:	taqui = rápido; que se reproduz rapidamente.
 • Fase aguda.
 • Forma de arco (toxon = arco), meia-lua, banana
 • Móvel(forma livre	ou trofozoíto), se reproduz por endodigenia dentro das células.	
 – Vacúolos parasitóforos de várias células.	
 • Sensíveis ao suco gástrico.	
 – Bradizoíto: bradi = lento, que se reproduz lentamente.	
 • Fase crônica	
 • Multiplicação lenta formando cistos (endodigenia ou endopoligenia).	
 – Modificação	da membrana do parasitóforo formando uma cápsula do cisto tecidual.
 • Viáveis nos tecidos por anos.	
 • Musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina
	– A parede do cisto é resistente e elástica, que isola os bradizoítos da ação dos mecanismos imunológicos do hospedeiro.	
 – Esporozoíto: forma infectante presente dentro do oocisto, que é a forma	de resistência do parasito.
 •  Oocistos só são formados no epitélio intesnal dos felídeos e eliminados nas fezes;	
 •  Liberam esporozoítos quando ingeridos;	
 •  Os	oocistos são esféricos, e após esporulação no	meio ambiente contêm dois esporocistos,	com quatro esporozoítos cada- que dará origem aos taquizoítos.
Ciclo	de vida	
 – O gato é o hospedeiro definitivo e também	transmissor	da doença.
 – Outros mamíferos são	hospedeiros	intermediários e só transmitem a doença em algumas situações.	
 – O ciclo biológico	do T. gondii desenvolve-se em duas fases distintas:	•  Fase Assexuada:	nos linfonodos e nos tecidos de vários hospedeiros	(inclusive gatos e outros felídeos);	
 •  Fase Coccidiana ou Sexuada:	nas células do epitélio intestinal de gatos jovens (e outros felídeos) nãoimunes;
Transmissão	
– Mecanismos importantes:
 • Ingestão de oocistos em alimentos ou água (fecal/ oral).
 • Ingestão de cistos em carne crua ou mal cozida contaminada.	
 • Transmissão vertical (congênita ou transplacentária).	
 • Mais raramente: leite materno, saliva, transplantes.	
Patogenia e sintomas	
• A patogenia na espécie humana parece estar ligada a alguns fatores importantes, como cepa do parasito, resistência da pessoa e o modo pelo qual ela se infecta; 
• Entretanto, a transmissão congênita é frequentemente a mais grave... 
Patogenia	
– Forma congênita:	
 • É a forma mais grave.	
 • Ocorre se a mãe estiver na fase aguda ou agudizada da doença.	
 • 10% dos casos causa aborto, 10-20% nascem com sintomas (dependem do estágio da gravidez).	
 • Comprometimento ganglionar generalizado, hepatoesplenomegalia, edema, miocardite, anemia e lesões oculares.	
 • Síndrome de Sabin:	
 – Coriorretinite, calcificações cerebrais	(69%),	perturbações neurológicas	e retardamento psicomotoras (60%), alterações do volume craniano- macro ou micro (50%).
 
 – Formas pós-natais: ocorrem nas crianças e adultos infectados
Podem ser benignos ou	assintomáticos (a grande maioria) até casos de morte.
• Ganglionar ou febril aguda; 
• Ocular: lesões necróticas na retina, perda progressiva da visão.	
• Cutânea ou exantêmica: rara, fulminante;
• Cerebroespinhal ou meningocefálica	
• Generalizada (rara)
 
Diagnóstico
 – Clínico:	
 • Dificultado pela evolução rápida para forma crônica assintomática ou forma aguda fatal.	
 • Sintomas crônicos são similares a outras doenças (encefalite,pneumonite, febre, gânglios inchados, dores musculares e de cabeça...).	
 • Necessário diagnóstico laboratorial.	
	 – Laboratorial:	
 • Observação de taquizoítos no sangue ou fluidos em esfregaço corado;	
 • Inoculação em cobaias. 
 • Métodos moleculares (PCR)	
 • Pesquisa de cistos de bradizoítos em biópsias.	
 – Pode ser confundido com outros parasitos.	
	 – Sorologia: pesquisa de anticorpos específicos para o toxoplasma.
 • Fase	aguda ou em	recém-nascidos: altos títulos de IgM ou subida	brusca de títulos inespecíficos (IgG, IgM, IgA) em exames seguidos.
 • Fase	crônica: altos títulos de IgG. 
 • Métodos: imunofluorescência, hemaglutinação, ELISA.	
 • Em imunodeficientes é importante associar exames de imagem para pesquisa de lesões encefálicas.
Tratamento
 – Só recomendado em casos sintomáticos agudos, toxoplasmose ocular, imunodeficientes, gestantes e recém-nascidos.	
 –  Pirimetamina + Sulfadiazina.	
 •  Pirimetamina: inibe a enzima di-hidrofolato redutase	(DHFR) do parasito, resultando na inibição da síntese vital do ácido tetraidrofólico, um precursor dos ácidos nucleicos (DNA E RNA). Sua afinidade pela DHFR do parasito é cerca de cem vezes maior do que pela DHFR humana; 
 •  Sulfadiazina: bloqueia síntese de ac.folico do	parasito
 –  Associado a prednisona (antiinflamatório)	no tratamento ocular.	
	 –  Gestantes:
 •  Espiramicina ou	Clindamicina, VO. A associação anterior (piri + sulfa) não é recomendada.
 •  Ligam-se de forma reversível à porção 50S do ribossomo e inibem a síntese protéica T. gondii e Toxoplasmose 
Epidemiologia	
 - A infecção possui distribuição geográfica mundial e alta prevalência sorológica. No entanto, 90% das infecções são assintomáticas e os casos de doença clínica são menos frequentes	
Profilaxia	
 – Difícil ser evitada dada a prevalência.	
 • Não ingerir carne crua ou malcozida ou leite cru.
 • Cuidar adequadamente dos gatos e controlar a população.	
 • Incinerar as fezes e proteger caixas de areia.
 • Atenção pré-natal nas gestantes.	
 • Controle de doações	de sangue e órgãos
 
Matéria A2
Aula 8 – Protozoários
 Isospora beli	
 Criptosporidium	
 Balantidium coli	
 Amebas de vida livre 
Isospora
 – Duas espécies identificadas em humanos:
 • I. belli (vários países e Brasil) 
 • I. natalensis (África do sul)	
 – Mais frequente em regiões de higiene e saneamento precários.
 • Contaminação pela ingestão	de água e alimento contaminados pelos oocistos.	
 – Seu ciclo de vida envolve:	
 •  Fase assexuada com merozoítos e trofozoítos
 • Fase sexuada com gametas que vão formar o oocisto.	
 – Geralmente a infecção é benigna e se cura espontaneamente.
 – Em crianças e especialmente em pacientes imunodeprimidos, pode haver um quadro mais grave.	
 • Pode levar à morte.	
 – Nesses casos, causa:
 • Febre, diarreia, cólicas abdominais, esteatorréia, vômitos, desidratação e perda de peso.	
 – Em imunodeprimidos: 
 • Diarréia aquosa e duradoura (meses), desidratação	e perda de peso acentuada, necessitando internação.	
 – Patogenia: 
 • Causa destruição das células da mucosa do intestino delgado, culminando com síndrome da má absorção.	
 • Em pacientes com AIDS, o I. belli pode atingir e infectar a vesícula biliar.	
 – Diagnóstico:	
 • Localização de oocistos nas fezes.	
Cryptosporidium:	
 
– Gênero encontrado

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