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ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. APRESENTAÇÃO Atualmente o maior desafio de qualquer organização, independente do seu tamanho, é ter competitividade. Esta realidade contemporânea exige das empresas e das organizações práticas de administração efici- entes, eficazes e efetivas. Esta obra trata as práticas da administração de forma estratégica no seu âmbito conceitual, metodológico e integra- tivo como mais uma forma de obter-se produtividade, competitividade e sucesso nas organizações. A obra está dividida em dez capítulos desenvolvendo os temas em ordem lógica e interligada para propor- cionar adequado entendimento e aprendizagem ao aluno. O primeiro capítulo trata dos aspectos conceituais básicos e dos benefícios que as organizações podem conseguir com a aplicação prática de uma admi- nistração estratégica. O capítulo dois trata da metodologia para o de- senvolvimento e implantação da administração estratégica nas organi- zações. Os sete capítulos seguintes tratam de forma detalhada as eta- pas da metodologia do capítulo dois, e o último capítulo faz um fe- chamento das competências, habilidades e atitudes de um administra- dor estratégico e seus desafios num cenário de competitividade global e de mudanças ambientais contínuas. Ao final de cada capítulo, o aluno encontrará atividades para exercitar sua aprendizagem, bem como indicações bibliográficas para leituras complementares. SOBRE O AUTOR Nestor Alberto Rancich Fº É natural da cidade de Rio Grande, RS, graduou-se em 1971 em Enge- nharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS. Concluiu curso de pós-graduação em Peda- gogia na ULBRA, em 1983 (na época Faculdades Canoenses). Fez dou- torado, com tese defendida em Fev/2002, em Administração e Ciências Empresariais pela Universidade de Leon, na Espanha. Trabalhou por mais de 30 anos como profissional, iniciando nas funções de técnico, passando a gerente e chegando ao nível de diretoria, nas áreas de Ma- teriais, Produção e Financeira. Trabalhou nas empresas VARIG (1969- 1973), Grupo Gerdau (1974-1976) e Aeromot (1976-2005), todas locali- zadas na cidade de Porto Alegre, RS. É professor da ULBRA desde 1981 atuando sempre em disciplinas do curso de Administração nas áreas de Materiais, Produção Logística e Financeira, e atualmente, além de atuar na docência, é consultor de pequenas e médias empresas nas áreas de conhecimento da sua formação acadêmica e experiência pro- fissional. Autor do capítulo 1 ao capítulo 5 da presente obra. Jorge Alexandre Vanin É administrador pela PUC-RS, especialista em gestão financeira pela UFRGS e mestre em Estratégia das Organizações pela Unisinos. Do- cente na Ulbra nos cursos de graduação e pós-graduação em adminis- tração e engenharia e na faculdade São Judas Tadeu de Porto Alegre (RS), atuando na graduação em Administração com ênfase em Negó- cios Internacionais. Exerceu função de gerente de administração em agência bancária após ter trabalhado trinta anos - carreira concluída como administrador no segmento corporate do banco. Atuou como educador corporativo na área de recursos humanos por seis anos, quando na função bancária. Trabalhou os primeiros cinco anos no comércio e na indústria de vinhos. Atua em diversas disciplinas liga- das à área de gestão e estratégia das organizações, tanto na modalida- de presencial como a distância. Além dos conhecimentos adquiridos 8 academicamente nas entidades citadas, possui outros cursos de forma- ção de curta duração na área financeira, de recursos humanos e de gestão, oferecidos por entidades como IBMEC, FGV e USP, currículo este enriquecido pela agregação de conhecimentos práticos desenvol- vidos ao longo da carreira profissional. Autor do capítulo 6 ao capítulo 10 da presente obra. SUMÁRIO 1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA - CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PREMISSAS 13 Ponto final .................................................................................................... 20 Atividades .................................................................................................... 21 2 PENSAMENTO ESTRATÉGICO .......................................................................... 22 Ponto final .................................................................................................... 35 Atividades .................................................................................................... 35 3 COMO IMPLEMENTAR ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA .................................... 37 Ponto final .................................................................................................... 46 Atividades .................................................................................................... 46 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ....................................................................... 48 Ponto final .................................................................................................... 63 Atividades .................................................................................................... 63 5 ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGICA ......................................................................... 64 Ponto final .................................................................................................... 71 Atividades .................................................................................................... 71 6 DIRECIONAMENTO DO ESFORÇO ESTRATÉGICO ............................................... 73 6.1 Colocando a estratégia em prática ........................................................... 73 6.2 Organizando estratégias funcionais ......................................................... 76 Ponto final .................................................................................................... 82 Atividades .................................................................................................... 82 10 7 ESTRATÉGIA E SUA EVOLUÇÃO – CONTROLE .................................................... 85 7.1 O que controlar ....................................................................................... 86 7.2 Como controlar ....................................................................................... 88 7.3 Benchmarking ........................................................................................ 90 7.4 Controles formais e informais .................................................................. 91 Ponto final .................................................................................................... 92 Atividades .................................................................................................... 92 8 ESTRATÉGIA E SEU DESENVOLVIMENTO .......................................................... 95 8.1 Alinhamento da estratégia ...................................................................... 96 8.2 Outros aspectos de alinhamento da estratégia ....................................... 100 Ponto final .................................................................................................. 103 Atividades .................................................................................................. 103 9 OS GESTORES ESTRATÉGICOS E AS PESSOAS ................................................106 9.1 A importância das pessoas .................................................................... 106 9.2 O administrador como pessoa do momento ............................................. 107 9.3 O exercício do poder pelo gerente .......................................................... 110 9.4 Mudança estratégica sob sua liderança ................................................. 113 Ponto final .................................................................................................. 114 Atividades .................................................................................................. 114 10 BSC - BALANCED SCORECARD .................................................................... 117 10.1 Gestão – um pouco de história e o atual momento ................................. 118 10.2 O que é o balanced scorecard .............................................................. 120 10.3 Detalhando as quatro perspectivas do balanced scorecard ................... 121 10.4 Operacionalização .............................................................................. 126 10.5 Aplicação ........................................................................................... 127 Ponto final .................................................................................................. 127 Atividades .................................................................................................. 128 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 131 REFERÊNCIAS GERAIS .................................................................................... 132 REFERÊNCIAS POR CAPÍTULO ......................................................................... 133 GABARITO ...................................................................................................... 134 1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA - CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PREMISSAS Nestor Alberto Rancich Fº Jorge Alexandre Vanin Neste capítulo vamos apresentar o conceito e a importância da admi- nistração estratégica nas empresas, sua área de abrangência e princi- pais objetivos. Oliveiraa define administração estratégica da combinação de dois con- ceitos: administração e estratégica. Administração é um sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios, normas e funções para alavancar, harmonio- samente, o processo de planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle de eficiência e produtividade, bem como a orga- nização e a direção dos recursos empresariais para os resultados espe- rados, com a minimização de conflitos interpessoais. Estratégia é a situação em que existe uma identificada, analisada e efetiva interligação entre os fatores externos – não controláveis – e internos – controláveis- da empresa, que visa interagir com as oportu- nidades e as ameaças ambientais perante os pontos fortes e fracos da empresa (OLIVEIRA, 2007, p.6). Um exemplo que sintetiza este concei- to: o lançamento de um novo produto é uma questão estratégica, pois é necessário efetuar uma série de análises no ambiente da empresa, tais como segmentação de mercado, análise dos concorrentes, evolução tecnológica, estrutura de preços, etc.., bem como dos fatores internos da empresa- capacidade instalada, tecnologia, estrutura dos custos, estrutura de comercialização, etc.. e, posteriormente, realizar a interli- gação entre os resultados das análises do ambiente externo com os fatores internos da empresa, considerado este último ponto o enfoque da estratégia. Outro exemplo, que pode ser estratégico ou não, é o desenvolvimento de uma nova estrutura organizacional na empresa. a. Oliveira (2007, p.4-6) 14 Ela pode ser uma questão estratégica se a estrutura estiver sendo proje- tada para criar um departamento de exportação na empresa, para poder ingressar com seus produtos e serviços nos mercados interna- cionais. Esta questão é estratégica, pois o departamento de exportação deve interagir com fatores ambientais tais como cenários e culturas de outros países. Entretanto, ela não será um fator estratégico se a estrutu- ra organizacional for estabelecida para adequar um plano de carreira ou uma estrutura de cargos e salários, sendo esta uma questão mera- mente tática e operacional da empresa. Administração Estratégica é uma administração do futuro que, de forma estruturada, sistêmica e intuitiva, consolida um conjunto de princípios, normas e funções para alavancar, harmoniosamente, o processo de planejamento da situação futura desejada da empresa como um todo e seu posterior controle perante os fatores ambientais, bem como a organização e a direção dos recursos empresariais de forma otimizada com a realidade ambiental, com a maximização das relações interpessoais. (OLIVEIRA, 2007, p.6) Já os autores Wright, Kroll e Parnellb definem Administração Estraté- gica como um processo continuo de determinação da missão e objeti- vos da empresa no contexto de seu ambiente externo e de seus pontos fortes e fracos internos, formulação das estratégias apropriadas, im- plementação dessas estratégias e execução e controle para assegurar que as estratégias organizacionais sejam bem sucedidas quanto ao alcance dos objetivos. Oliveirac destaca que a administração para que seja estratégica deve apresentar certas características: que seja evolutiva, moderna, sistêmi- ca, interativa, que maximize resultados e que tenha lideranças efetivas e administração participativa. O quadro 1.1 detalha melhor o significa- do destas características: b Wright, Kroll e Parnell (2000, p45) c Oliveira (2007, p.7-8) 15 Quadro 1.1 - Principais Características da Administração Estratégica Características Descrição Evolutiva Seus princípios estão em constante evolução quer seja de maneira global, quer seja quanto aos conceitos de delineamento dos modelos de administração estratégica e de gestão de empresa, do desenvolvimento e implementação da direção estratégica, do planejamento estratégico, da organização estratégica, do controle estratégico e da consolidação da cultura da administração estratégica na organização. Moderna Considera todos os atuais conceitos e princípios proporcionados pelas teorias das ciências tecnológicas e humanas Sistêmica Sua divisão é estruturada, suas partes são interagentes e seu todo tem função e objetivo, que evoluem ao longo do tempo Interagente Em permanente acompanhamento e fluxo ativo com os fatores ambientais, bem como com cada um de seus elementos e partes, nos mais diversos níveis, tais como unidades organizacionais, equipes de trabalho até cada funcionário da empresa. Otimização de resultados Promove um ajustamento interativo entre as mudanças nos fatores ambientais e nos fatores internos, procurando obter a satisfação e a fidelização crescente de seus clientes, a realização pessoal e profissional de seus funcionários e colaboradores e os melhores resultados financeiros para todos (empresa, clientes e funcionários) Competição A administração estratégica é mais bem exercida quando o nível de competitividade é elevado. A Competição exige criatividade e ações efetivas da alta direção da empresa. Qualidade A administração estratégica não ocorre sem um programa permanente e amplo de Qualidade e Produtividade na organização com a participação e contribuição de todos da organização. Liderança e Participação Na administração estratégica é fundamental o papel da Liderança que promova, incentive e faça acontecer a administração participativa, respeitandoas individualidades e promovendo os resultados dos trabalhos em equipe e compartilhados em função dos objetivos estabelecidos nos diversos planejamentos da empresa. Fonte: adaptado de Oliveira (2007, p.7-8) Costad define gestão estratégica como sendo o processo sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderança da d Costa (2007, p35) 16 alta administração da empresa, envolvendo e comprometendo todos os gerentes e colaboradores da organização. Segundo o mesmo autor, a finalidade da gestão estratégica visa asse- gurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da instituição por meio da adaptação contínua de sua estratégia , de sua capacitação e de sua estrutura, possibilitando-lhe enfrentar as mudanças observa- das ou previsíveis no seu ambiente externo ou interno, antecipando-se a elas. Segundo Wright, Kroll, Parnelle, a administração estratégica pode ser vista como uma série de seis etapas a serem realizadas pela alta admi- nistração da empresa: 1) Analisar oportunidades e ameaças ou limitações que existem no ambiente externo; 2) Analisar os pontos fortes e fracos de seu ambiente interno; 3) Estabelecer a missão organizacional e os objetivos gerais; 4) Formular estratégias (no nível empresarial, no nível de unidades de negócios e no nível funcional) que permitam à organização combinar os pontos fortes e fracos da organização com as oportu- nidades e ameaças do meio ambiente; 5) Implementar as estratégias; e 6) Realizar atividades de controle estratégico para assegurar que os objetivos gerais da organização sejam atingidos. O ponto fundamental que promove a dinâmica da administração estra- tégica nas empresas, em maior ou menor nível, são as constantes mu- danças do ambiente que ocorrem com o passar dos tempos e que criam os constantes desafios à busca de competitividade das organizações: Em sentido amplo, administração estratégica consiste em decisões e ações administrativas que auxiliam a assegurar que a organização formula e mantém adaptações benéficas com seu ambiente. Desse modo, os administradores estratégicos avaliam suas empresas derivando pontos fortes e pontos fracos. Manter um ajuste compatível entre o negócio e seu ambiente é necessário para a viabilidade competitiva. Como tanto o ambiente quanto a organização modificam- se com a passagem do tempo, esse processo constitui um interesse constante para a administração. (WRIGHT, KROLL, PARNELL, 2000, p 24). e Wright, Kroll, Parnell (2000, p 24) 17 Benefícios da administração estratégica Uma administração estratégica adequadamente desenvolvida imple- mentada e operacionalizada pode proporcionar às empresas diversos benefícios. Segundo Costaf, os principais benefícios obtidos com as práticas de uma administração estratégica nas organizações são: a) modelos de gestão mais simples, flexíveis e sustentados – modelos de administração mais modernos assumem o lugar da administração burocratizada, amarrada e ultrapassada . Na administração estratégica, a administração se torna mais simples, pois interliga a maior parte das principais atividades administrativas da empresa focadas nos fatos, informações, decisões ações, avaliações e retroalimentação que realmente tornam a empresa mais competitiva em seu mercado; b) identificação facilitada das capacitações e incapacitações dos profissionais da empresa, bem como consolidação de novo perfil de dirigentes – na administração estratégica a gestão se torna mais transparente, eficiente, eficaz e efetiva, na medida em que os debates ficam mais interativos com as questões es- tratégicas, sendo, assim, mais fácil a identificação, na tarefa e em tempo real das capacitações e das incompetências, de co- nhecimentos, habilidades, decisórias e operacionais; c) consolidação de postura de atuação empresarial direcionada para as necessidades e expectativas atuais e futuras do mer- cado – a administração estratégica busca consolidar planos es- tratégicos e pesquisas de mercado de forma adequada. As re- alidades externas e os correspondentes cenários estejam inte- rativos com as realidades internas atuais da empresa; d) melhorias nos níveis de motivação, comprometimento, pro- dutividade e qualidade – na administração estratégica cada profissional colaborador entende bem sua função e papel, ge- renciando seu próprio processo com indicadores de resulta- dos a serem atendidos pelos planos e objetivos da empresa; e) incremento na amplitude de atuação e nos resultados das empresas – a administração estratégica possibilita a empresa ser mais competitiva e assim conquistar maior participação no mercado e melhores resultados financeiros. f Costa (2007, p.11) 18 Premissas e atitudes da administração estratégica Oliveirag estabelece algumas premissas fundamentais para que as organizações possam atingir excelência nas práticas da administração estratégica. O quadro 1.2 apresenta a descrição de cada uma dessas premissas e seu significado: Quadro 1. 2 - Premissas para obter resultados na Administração Estratégica Premissa Descrição Ter competência estratégica Competência estratégica significa a capacidade de identificar todas as questões do cenário externo e do mercado,ou seja, as variáveis não controláveis e interligar com as questões internas da organização ou as variáveis controláveis da empresa, utilizando os instrumentos administrativos proporcionados pela administração estratégica Ter abordagem administrativa ampla e integrada A abordagem administrativa deve contemplar toda a organização dentro de sua realidade atual e futura considerando os fatores internos e externos de forma compatíveis e interligados Tratar a administração estratégica como um processo contínuo. As práticas da administração estratégica devem ser contínuas, evolutivas e acumulativas. As práticas da administração estratégica devem fazer parte da cultura da empresa, iniciando com as ações dos dirigentes e das lideranças. Promover o trabalho em equipe, principalmente multidisciplinares Premissa muito importante à administração estratégica e seu objetivo é promover a sinergia de conhecimentos, o comprometimento das pessoas com o trabalho em equipe, com aperfeiçoamento contínuo. Uma boa liderança de equipe promove aos membros da equipe uma maior facilidade de aprendizagem e conhecimento Ter autocrítica e saber aplicar o Benchmarking As pessoas devem ter autocrítica para saber identificar e trabalhar com seus erros e acertos. Também devem praticar o processo de análise referencial do benchmark do seu concorrente no mercado, e de que forma o mesmo conseguiu atingi-lo. As empresas que buscam atingir os referências de benchmarking do mercado, certamente apresentarão vantagens competitivas. Fonte: adaptado de Oliveira (2007, p.14-16) Segundo Costah, a forma de encarar o futuro nas organizações assume formas diferentes em função das atitudes dos principais dirigentes. As atitudes podem ser: g Oliveira (2007, p.14) h Costa (2007, p.12) 19 • Atitudes otimistas ou pessimistas – são atitudes que não contribu- em efetivamente para a construção de uma visão realista e positi- va do futuro. Os pessimistas sempre acham que a situação atual não é a melhor e que a tendência é de cada vez mais piorar. Por outro lado os otimistas veem o futuro com sendo as mil maravi- lhas, e até se utilizam de determinado nível de fantasia. Tanto os otimistas como os pessimistas sempreencontram fortes razões e argumentos para justificar suas posturas. • Atitudes que projetam o futuro por extrapolação do presente – para alguns o futuro é como um acontecimento que se repete. Tra- tam o futuro como uma continuidade do passado e do presente. Não percebem que o futuro é diferente e que as experiências do passado ou do presente, boas ou más, pouco contribuem, efetiva- mente, para se obter sucesso ou para se evitar fracassos futuros. • Atitude estratégica – olhando o presente a partir do futuro, exige uma mentalidade mais imaginativa e criativa diferente das descri- tas anteriormente. Esse processo consiste em projetar mentalmente um futuro desejável, possível de ser atingido, e a partir desse futu- ro olhar para trás, para hoje, e perguntar o que deve ser feito no presente para que o idealizado se concretize no futuro. Portanto o grande desafio da atitude estratégica consiste em desenvol- ver a capacidade de olhar, criticamente, o presente a partir do futuro, e não o futuro com olhos do presente. Esse processo de atitude mental se torna mais enriquecida se realizada com equipes multiníveis e inter- funcionais e não meramente individual. Mentalidade estratégica Costai classifica a mentalidade em relação ao futuro em três níveis (imediatista, operacional e estratégica), conforme a extensão do tempo futuro e o espectro da abrangência a ser alcançada. • Mentalidade imediatista – conseguem visualizar somente o que vai acontecer no próximo mês dentro do seu setor de atuação na organização. Não tem a menor ideia do que pode acontecer no médio e longo prazo. • Mentalidade operacional – baseia-se nos fatos do cotidiano e nas demandas do que pode acontecer no prazo de 12 meses futuros. i Costa (2007, p.15) 20 • Mentalidade estratégica – baseia- se em projetar e construir a visão do futuro, abstraindo-se mentalmente do presente, a fim de se co- locar em uma posição adequada, transportando a visão para cinco, dez ou mais anos à frente e posicionando-se de uma perspectiva global a partir do futuro desejado, Figura 1.3 – Mentalidade Imediatista, Operacional E Estratégica Fonte: Adaptado De Costa (2007, p.15) A mentalidade estratégica no que diz respeito ao planejamento futuro varia muito entre pessoas e organizações. Terão maior vantagem com- petitiva aquelas que exercerem as três mentalidades simultaneamente em seu quadro diretivo e funcional. Ponto final Este capítulo teve a finalidade de apresentar os conceitos básicos, as características, as premissas e os benefícios que a administração estra- tégica pode proporcionar para as empresas. Administração estratégica consiste em práticas de gestão que busca de forma integrada e sistêmi- ca manter a operação da empresa de forma atuante e competitiva e ao mesmo tempo promover uma cultura na busca das melhorias e aper- feiçoamentos com visão do futuro desejado e o que deve ser feito no presente para conseguir alcançá-lo. Também abordou-se os aspectos das atitudes e das mentalidades dos dirigentes, das lideranças e das pessoas da organização que promovem em maior ou menor nível as práticas as ações da administração estratégica. Wright, Kroll e Parnell 21 (2000, p23) destacam que as questões de administração estratégica são invariavelmente ambíguas e desestruturadas e o modo como a admi- nistração responde a elas determina se a organização será bem sucedi- da ou não. Indicações culturais 1) OLIVEIRA. Djalma de P. R de. Administração Estratégica – na prática – A competitividade para administrar o futuro. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. – Este autor apresenta de forma clara o conceito da administração estratégica e os benefícios de suas práticas para as empresas. Também enfoca as premissas necessárias para criar um ambiente de administração estratégica nas organizações. 2) COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão Estratégica, São Paulo, Sarai- va, 2ª ed., 2007. Este autor aborda os aspectos das atitudes e men- talidades dos dirigentes, lideranças e os funcionários das organi- zações que afetam em maior ou menor nível as ações e os resulta- dos de uma administração estratégica. 3) WRIGHT, P.;KROLL, M.J.; PARNELL, J. – Administração Estraté- gica – Conceitos. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. Estes autores apre- sentam muito bem o tema da administração estratégica inclusive com um modelo de formulação, implementação e controle estraté- gico nas organizações. Atividades 1) Conceitue administração estratégica. 2) Comente três características da administração estratégica. 3) Cite as premissas que facilitam a administração estratégica. 4) Qual a diferença entre atitudes que projetam o futuro por extrapo- lação do presente e atitude estratégica? 5) Como podem ser classificados os tipos de mentalidades dos diri- gentes, lideranças e pessoas quanto ao futuro de uma organiza- ção? 2 PENSAMENTO ESTRATÉGICO Nestor Alberto Rancich Fº Jorge Alexandre Vanin O pensamento estratégico é a primeira etapa a ser elaborada num processo de planejamento estratégico. O futuro de qualquer empresa em longo prazo depende de um pensamento estratégico. Fica muito difícil ou praticamente impossível organizar, dirigir, controlar e cuidar do desenvolvimento e crescimento de qualquer empresa sem que se tenha realizado a priori um pensamento sobre seu planejamento. Se- gundo Fernandes e Bortona, o planejamento estratégico busca sistema- tizar o pensamento estratégico. A palavra estratégia existe há muito tempo é tem influência decisiva na atuação dos altos executivos e dirigentes de qualquer empresa ou organização. O estudo das estratégias empresariais está fundamentado historica- mente nos conceitos militares sobre como vencer os inimigos. Fernan- des e Berton b afirmam que Clausewicz enfatizava os fatores psicológi- cos da guerra, os fatores acidentais e, por fim, o caráter situacional das estratégias. Carl von Clausewicz, pai da estratégia militar moderna, definia três alvos para vencer o inimigo. O primeiro relacionava-se à avaliação das forças do inimigo; o segundo, a avaliar os recursos do inimigo; e o terceiro alvo dizia respeito à sua disposição para lutar (FERNANDES E BORTON (2007, P.5) As definições de Clausewicz, após a segunda grande guerra, foram incorporadas aos métodos e práticas de gestão, quando se tratava de estabelecer as estratégias para vencer na batalha por mercado. Além dessa concepção de “competição” e “vencer inimigo”, a palavra estra- a Fernandes e Borton (2007, p.11) b Fernandes e Berton (2007, p.5) 23 tégia na visão empresarial ampliou-se no sentido de concretizar uma situação futura desejada, tendo em conta, por um lado, as oportunida- des que o mercado oferece, e por outro, os recursos disponíveis e com- petitivos da empresa ou organização. A palavra estratégia pode ser entendida como um meio para se chegar a um fim. Ela não significa um fim, mas sim um caminho. Constituem exemplos de estratégia, construir ou expandir uma fábrica, abrir novas lojas, iniciar operações em outro país, lançar um novo produto ao mercado, estabelecer aliança estratégica com outras empresas, vender parte ou toda a empresa. Uma estratégia se caracteriza por ter influên- cia no longo prazo e afeta a organização como um todo. Segundo Fernandes e Bertonc, as decisões estratégicas são contrapostas às decisões táticas e operacionais. As decisões táticas são normalmente no nível gerencial e geralmente consistem em ações para operacionali- zar as decisões estratégicas. As decisões operacionais são as cotidianas que colocam em prática as decisões estratégicas e táticas. Em tese, são claras as diferençasdas decisões e ações no nível estratégico, tático e operacional, entretanto na prática os limites às vezes se confundem. Por exemplo, em uma grande empresa, contratar um vendedor é visto como uma decisão operacional, mas para uma pequena loja de varejo, a decisão pode ser estratégica, considerando que o profissional tenha larga experiência e conhecimento do mercado e sua contratação fará com que as vendas da loja aumentem significativamente. A aquisição de um novo software pode ser uma decisão operacional para determi- nada empresa, e estratégico para outra em função do retorno de sua aplicação para os resultados da empresa. Segundo Wright et al.,1992 apud Mintzberg et al. (2000:17), o conceito clássico de estratégia significa como sendo os planos da alta adminis- tração para atingir resultados consistente com as missões e objetivos da organização. Já Mintzberg et al. (2000: 17), afirma que na realidade a palavra estratégia pela sua abrangência requer uma visão mais ampla. O conceito dando ideia de um plano, uma direção, um guia ou um curso de ação para o futuro, um caminho para ir de onde estamos até chegar onde se deseja, de nada resultará se não for observada a estra- tégia como sendo um padrão, ou seja, uma consistência em comporta- mento ao longo do tempo. Portanto, a estratégia não deve ser vista somente como um plano – olhar para frente -, mas também como um padrão - olhar o histórico e o comportamento passado da organização. Neste enfoque, define-se a estratégia pretendida (plano) e a estratégia realizada (padrão). Nem toda a estratégia pretendida pode ser realiza- da e tampouco estratégia realizada que não tinha sido pretendida, que c Fernandes e Berton (2007, p.8) 24 neste caso Mintzbetrg (2000:18) a denomina estratégia emergente, na qual surge uma oportunidade de negócio para a empresa que não era expressamente pretendido. A estratégia envolve tanto a organização como o ambiente, sendo que a organização usa a estratégia para lidar com as mudanças do ambien- te. Como as mudanças trazem novas combinações de circunstâncias para a organização, a essência da estratégia permanece não estrutura- da, não programada, não repetitiva e não rotineira. A estratégia envol- ve tanto questões de conteúdo como de processo, ou seja, o que fazer e como fazer. A estratégia envolve vários processos de pensamento, envolve também exercícios conceituais e analíticos. Ela apresenta pon- tos de vantagens e desvantagens, conforme quadro 2.1: Quadro 2.1 - As vantagens e desvantagens da Estratégia A ESTRATÉGIA VANTAGEM DESVANTAGEM Fixa a direção Mapeia o curso de uma organização para que ela navegue coesa através do seu ambiente Seguir um curso determinado em águas desconhecidas pode- se colidir com um iceberg. Embora a direção seja importante às vezes é melhor movimentar-se devagar, olhando atentamente à frente Focaliza o esforço Promove a coordenação das atividades, caso contrário as pessoas puxam em direções diferentes o que gera perdas de esforços O pensamento grupal focado pode não permitir visão periférica para abrir outras possibilidades de negócio Define a organização Ajuda entender a organização e distingui-las das outras Corre-se o risco de estereotipá- la perdendo assim a rica complexidade do sistema organizacional Provê consistência Reduz ambiguidades e promove a ordem. Explica como a empresa e o ambiente funcionam e com isso facilita a ação. A criatividade floresce na inconsistência – descobrindo novas combinações de fenômenos até então separados. Fonte adaptado de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007, p.22) Estratégias não são realidades, apenas representações ou abstrações da realidade nas mentes das pessoas. Ninguém jamais viu ou tocou uma estratégia. Isso significa que cada estratégia pode ter um efeito de informação falsa ou distorção. Esse é o preço de se ter uma estratégia. Portanto, estratégias podem ser vitais para as organizações tanto por 25 sua presença como por sua ausência. A ausência de estratégia não precisa ser associada ao fracasso organizacional. A ausência de estraté- gia pode promover flexibilidade à organização e isto ser uma vanta- gem competitiva. Organizações com controles rígidos, altamente de- pendentes de procedimentos formalizados e uma cultura pela consis- tência pode promover a perda de capacidade para experimentar e inovar. Na área da estratégia existem dois termos muito utilizados: Adminis- tração Estratégica e Planejamento Estratégico. Qual a diferença entre eles? Segundo Fernandes e Berton (2007, p.10), não existe um consenso entre os autores; alguns consideram os termos idênticos e outros esta- belecem diferenças sutis. Alguns consideram a administração estraté- gica como um administrar olhando para a estratégia sem a obrigação de formular planos de ação, o que levaria a administração estratégica se aproximar de um pensamento estratégico presente nas ações da empresa. Esta obra direciona o conceito de administração estratégica e planejamento estratégico nas concepções de suas origens terminológi- cas entre elas a do filósofo René Descartes, “planejo logo realizo”, sinalizando o ato de planejar como uma orientação das ações subse- quentes. Entende-se, portanto, administração estratégica como um processo amplo, envolvendo o planejamento a execução e o controle. O planejamento estratégico corresponde tão somente ao primeiro passo da administração estratégica ou seja a análise e a formulação dos pla- nos e de como executá-los e controlá-los. O implantar, fazer e contro- lar, atos das práticas do planejamento ensejam a administração estra- tégica. Hierarquias da estratégia Fernandes e Berton d(2007, p.11) destacam que alguns autores (Hax e Majluf; Certo; Wright et al.) distinguem a estratégia em três categorias – corporativa, de negócio e funcional. A estratégia corporativa responde à questão – em que negócios esta- mos e em que negócios deveríamos estar? Por exemplo, um grupo na área da comunicação, atuando no setor de televisão, considera se entra ou não na área da Internet ou imprensa escrita. A estratégia de negócio envolve a tomada de decisões na divisão ou unidade de negócios, consistente com a estratégia global da organiza- ção para a linha específica do seu negócio. d Fernandes e Berton (2007, p.11) 26 A estratégia de negócio foca unidades específicas, com produtos e serviços concebidos e vendidos para um grupo definido de clientes e com concorrentes conhecidos. (FERNANDES E BERTON, 2007, p.12) Wright el al (2000, p. 186) estabelecem que a questão que se coloca na estratégia de negócio é: Como se deve competir no setor ou negócio escolhido? O conceito de unidade estratégica de negócio foi concebido pela General Eletric Company (GE) dos Estados Unidos, onde chegou a ter duzentas unidades de negócios desde a fabricação de eletrodo- mésticos até turbinas de aeronaves. Uma unidade de negócio é um subsistema organizacional que tem um mercado, um conjunto de con- correntes e uma missão diferente dos outros subsistemas organizacio- nais da empresa. A estratégia funcional trata das áreas específicas da administração, tais como estratégia de marketing, de produção, de recursos humanos, financeira, etc. Neste caso as estratégias funcionais detalham por fun- ção a estratégia corporativa ou de negócio da empresa. Neste caso também pode-se falar em estratégias de pesquisa e desenvolvimento, projeto, qualidade, etc. Visões e as escolas da estratégia Mintzberg, Ahlstrand e Lampel realizaram profundas pesquisas e estudos para analisar os diferentes pontos de vista a respeitode como a estratégia ocorre de fato nas organizações desde 1960. Constataram dez diferentes visões ou escolas no entendimento da estratégia em organizações. O quadro 2.2 apresenta o nome das escolas, seu processo de formulação, surgimento e sua natureza: Quadro 2.2 – Escolas do Pensamento Estratégico Escolas do pensamento Estratégico Processo de formulação Da estratégia Surgimento Natureza 1 Do Design Concepção 1960 Prescritiva - Como formular as estratégias 2 Do Planejamento Formal 1960-1970 3 Do Posicionamento Analítico 1980 4 Empreendedora Visionário 1990 Descritiva - Trabalha os aspectos específicos da formulação da estratégia 5 Cognitiva Mental 6 De aprendizado Emergente 7 Do poder Negociação 8 Cultural Coletivo 9 Ambiental Reativo 10 De Configuração Transformação Combinam todas as outras Fonte: Adaptado de Mintzberg et al. 2000 27 Não se pretende aqui detalhar e aprofundar cada um das escolas, po- rém faremos algumas evidências das escolas de natureza prescritiva, que são aquelas que tratam de como formular a estratégia, e, portanto, alinhadas com os objetivos deste livro. Escola do Design A origem da escola do design surgiu em 1957, com um influente livro escrito na época por Philip Selznick da Califórnia University (Berkely) denominado Leadership in Administration. Em 1962 é publicado outro livro pela MIT do autor Alfred D. Chandler, denominado Strategy and Structure. Mas, a verdadeira consagração da escola do design surgiu do grupo de administração da Harvard Business School, através da publica- ção em 1965 de um livro texto básico denominado Business Policy – Text and Cases dos autores Learned, Christensen, Andrews e Guth. Esta escola propõe um modelo de análise e formulação estratégica que busca atingir a melhor adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas. Adotou a conhecida sigla SWOT, do termo em inglês de Strenghts (pontos fortes) Weaknesses (pontos fracos), Opportu- nities (oportunidades) e Threats (ameaças). Em outras palavras seu significado é de avaliar os pontos fortes e fracos da organização à luz das oportunidades e das ameaças em seu ambiente. A figura 2.3 apre- senta o modelo básico da escola do design - adaptada de Mintzberg et al. (2000:31) 28 Figura 2.3 – Modelo Básico da Escola do Design Variáveis ambientais Apresenta-se a seguir alguns dos principais aspectos que devem ser analisados como variáveis ambientais: 29 Mudanças na Sociedade – mudar as preferências dos clientes, novo design e inovação do produto Mudanças Governamentais – nova legislação, barreiras ou não de importações, políticas; protecionistas, etc..; Mudanças Econômicas – Taxas de juros, taxas de câmbios, política de impostos, renda per capita, etc..; Mudanças na Competição – novas tecnologias afetando custos e quali- dade, novos concorrentes, mudanças nas posições de marketshare, pu- blicidade e propaganda; Mudança nos Fornecedores – disponibilidade ou não dos materiais, quantidade de fornecedores, competição nos custos; Mudanças no Mercado – novos produtos, obsolescência de produtos, novos mercados. Pontos fortes e fracos A seguir alguns dos pontos mais importantes a serem analisados como pontos fortes e fracos da organização: Recursos Humanos – Competências, talentos e capacidades dos cola- boradores, políticas e programas de treinamento e capacitação; políti- cas de remuneração e benefícios, planos de saúde planos de aposenta- doria, assistência à família, etc.. Finanças – Disponibilidade de capital próprio, existência de bens para garantia de empréstimos de longos prazos, maior facilidade de obter linhas de crédito e recursos financeiros no mercado. Bons históricos de situação fiscal, lucro e desempenho financeiro. Operações – Tecnologia de processo, sistema de produção enxutos e sincronizados (JIT, lean manufacturing), certificações de qualidade, bons históricos de prazo de entrega níveis de qualidade, assistência técnica Diretoria e Gerência – Liderança, experiência, congruência de valores, habilidades, espírito de equipe, coordenação de esforços. Sistemas de Informações Gerenciais – Qualidade das informações, sistema de hardware e software, velocidade e resposta, capacidade de expansão, sistema orientado para o usuário. Pesquisa e Desenvolvimento – Capacidade de P&D, parcerias com Centros Tecnológicos e Universidades, parcerias com empresas estran- geiras, engenharia de produto e processo. 30 Marketing – marca, qualidade e diferenciação do produto, representa- ções e distribuições comerciais, tradição e participação no mercado, canais de distribuição, serviços pós- venda, assistência técnica, exis- tência de parcerias estratégicas. Principais características da escola do Design Basicamente existem sete (7) características que bem definem a escola do design, editadas pela Harvard com base nos escritos de Andrews, Christensen e mais outros estudiosos colaboradores • A formação da estratégia deve ser um processo deliberado de pensamento consciente – a ação deve fluir da razão decorrente de um processo de pensamento humano e rigidamente controlado. A formulação da estratégia é uma aptidão adquirida aprendida for- malmente, e não natural ou intuitiva. • A responsabilidade pelo controle e percepção da estratégia deve ser do principal executivo da organização. Essa pessoa é a estrate- gista e é o executivo que se posiciona no cume da pirâmide orga- nizacional. • O modelo da formação da estratégia deve ser mantido simples e informal. • As estratégias devem ser únicas. As estratégias têm de ser sob medida para o caso individual, e com isto pouco diz a respeito do conteúdo das estratégias em si, mas concentra-se no processo pelo qual elas devem ser desenvolvidas. • O processo está completo quando as estratégias parecem plena- mente formuladas como perspectiva. Esta premissa oferece pouco espaço para visões incrementalistas ou estratégias emergentes. • As estratégias devem ser explicitas e, portanto mantidas simples. Andrews dizia que a simplicidade é a essência da boa arte. • As estratégias somente podem ser implantadas após estarem to- talmente formuladas no sentido de serem únicas, desenvolvidas, explícitas e simples. Uma imagem que transmitiu o sentido da escola do design foi famosa foto de Thomas J. Watson Jr. sentado sob um cartaz dizendo “Pense”, distribuídos pela empresa que ele constitui no final dos anos 40, de- nominada IBM. 31 Escola do planejamento A escola do planejamento surgiu ao mesmo tempo da escola do design e teve seu livro mais influente, Corporate Strategy de H. Igor Ansoff, publicado em 1965. Esta escola aceitou praticamente todas as caracte- rísticas da escola do design, apenas deixando de ser um modelo sim- ples e informal, tornando-se uma elaborada sequência de etapas plane- jadas. Um exemplo de estratégia de planejamento foi a da Stanford Rese- arch Institute (Stewart, 1963, apud Mintzberg et al. 2000: 48) conforme fluxograma da Figura 3 a seguir. 32 Figura 3 – Modelo de Estratégia de Planejamento da Stanford Research Institute Fonte: adaptado de Mintzberg (2007, p48) Outro exemplo de metodologia aplicada na escola do planejamento foi do autor Steiner apud Mintzberg et al. (2000: 45) do seu livro Top Man- gement Planning (1969), representado pelo esquema da Figura 2.5 a seguir: 33 Figura 2.5 - O modelo de Steiner de Planejamento Estratégico Fonte: adaptado de Mintzberg (2007, p.46) A escola do planejamento desenvolveu as hierarquias de estratégia. Quanto a hierarquia de estratégia definiu as estratégias corporativas (portfólio), as estratégias de negócios e as estratégias funcionais.Quan- 34 to à gestão e controle definiu a administração corporativa, de negócio, funcional e operacional. Basicamente pode-se resumir a escola do planejamento em três carac- terísticas básicas; são elas: • As estratégias devem resultar de um processo controlado e consci- ente de planejamento formal, decomposto em etapas distintas, ca- da uma delineada por itens de controle e apoiada por técnicas; • A responsabilidade por todo o processo está, em princípio, com o principal executivo e na prática a responsabilidade pela execução está com os planejadores; • As estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explici- tadas para que possam ser implementadas através da atenção de- talhada a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais de vários tipos. Escola de posicionamento A escola de posicionamento foi capaz de criar e aperfeiçoar um conjun- to de ferramentas analíticas dedicadas a ajustar a estratégia correta às condições vigentes. Como nas outras duas escolas anteriores a forma- ção de estratégia continuou a ser vista como um processo controlado e consciente, que produzia estratégias deliberadas completamente de- senvolvidas, a serem tornadas explícitas antes de sua implantação formal. Mintzberg (2007, p.70) definiu cinco características principais para a escola do posicionamento; são elas: Estratégias são posições genéricas, especificamente comuns e identifi- cáveis no mercado; O mercado é econômico e competitivo; O processo de formação de estratégia decorre da seleção dessas posi- ções genéricas com base em cálculos analíticos; Os analistas desempenham papel importante neste processo, passando os resultados de seus cálculos aos gerentes que oficialmente controlam as opções; 35 As estratégias são desenvolvidas para serem articuladas e implemen- tadas, ou seja a estrutura do mercado dirige as estratégias posicionais deliberadas, as quais dirigem a estrutura organizacional. Os modelos que foram criados e se tornaram os mais conhecidos e aplicados pelas organizações, dentro da escola de posicionamento, são: matriz BCG, Ciclo de vida do produto, matriz Ansoff, matriz GE e as cinco forças de Porter, que serão vistos no próximo capítulo. Ponto final Este capítulo apresentou o tema sobre estratégia abrangendo seus conceitos, limites e acepções. Abordou também os diversos pontos de vistas e diferentes concepções de diversos autores sobre o processo de formação estratégica. Detalhou o pensamento das três escolas da linha prescritiva, design, planejamento e do posicionamento, com suas ca- racterísticas, vantagens e desvantagens, as quais obedeceram a uma sequência em suas evoluções no decorrer dos últimos tempos. Indicações culturais FERNANDES, Bruno Henrique Rocha; BERTON, Luiz Hamilton. Ad- ministração Estratégica – da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2007. Estes autores trabalham os fundamentos da administração estratégica em seus conceitos e visões de diversos autores. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. – Safári de Estraté- gia, Porto Alegre, Bookman, 2000. Obra que detalha todas as visões e escolas do entendimento da estratégia, com suas caracterísiticas e pe- culiaridades WRIGHT, P.;KROLL, M.J.; PARNELL, J. – Administração Estratégica – Conceitos. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. Estes autores definem muito bem as hierarquias e terminologia da estratégia e da gestão e controle. Atividades 1) A palavra estratégia surgiu dos meios militares e foi aplicada nas práticas de gestão da empresa. Correlacione os motivos dessa as- sociação nas atividades militares e na administração de empresas. 2) Quais os três tipos de estratégia aplicadas nas organizações e suas características? 36 3) Quais as principais características da visão estratégica na escola do design? 4) Quais as principais características da visão estratégica na escola do planejamento? 5) Quais as principais características da visão estratégica na escola do posicionamento? 3 COMO IMPLEMENTAR ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Nestor Alberto Rancich Fº Jorge Alexandre Vanin Este capítulo apresenta uma metodologia para o desenvolvimento e implementação da administração estratégica nas empresas. Oliveiraa com base em suas experiências em consultoria e treinamento em administração estratégica em várias empresas dos mais diversos setores de atividades e tamanhos, além de várias pesquisas realizadas, desenvolveu uma metodologia, com forte abordagem prática, para o desenvolvimento e implementaçãoo da administração estratégica nas empresas. A metodologia deste autor possui seis fases decompostas em 16 etapas (ver quadro 3.1), e a mesma serve meramente como mais uma referência, e que devererá ser adptada ou ajustada para cada empresa em função de sua realidade e principalmente qual o modelo de gestão que a empresa pretende adotar. Quadro 3.1 – Metodologia de desenvolvimento e Implementação da Administração Estratégica Fases Etapas 1 - Delineamento dos modelos de administração estratégica e de gestão da empresa 1- Delineamento do modelo de administração estratégica 2 –Interligação das seis partes do modelo de administração estratégica 3 - Delineamento do modelo de gestão 4 – Interligação dos dois modelos 2- Desenvolvimento e implantaçao de Planejamento Estratégico 5 – Elaboração do plano estratégico 6- Aplicação do plano estratégico 7 – Início das análises do desenvolvimento estratégico a Oliveira (2007, p. 23) 38 3 - Desenvolvimento e implantação da organização Estratégica 8 – Análise da melhor organização estratégica para a empresa 9 – Implementação da organização estratégica 4 - Desenvolvimento e implantação da direção Estratégica 10 – delineamento da direção estratégica 11 – implementação da direção estratégica 3 - Desenvolvimento e implantação do controle estratégico 12 – Estruturação do controle estratégico 13 – Implementação do controle estratégico 6 – Consolidação do desenvolvimento estratégico 14 – Estruturação geral do desenvolvimento estratégico 15 – Aplicação final do desenvolvimento estratégico 16 – Efetivação da implementação da administração estratégica na empresa Fontre: adaptado de Oliveira (2007, p. 24-35) A fase 1 – delineamento dos modelos de administração estratégica e de gestão da empresa – estabelece as etapas 1 e 3 do quadro 5, que consiste em definir o modelo de administração estratégica a ser utilizada pela empresa e o modelo que identifique a abordagem de gestão a ser adotada, inclusive quanto à absorção da administração estratégica da empresa. Esses dois modelos devem atuar de forma interativa, ou seja cada um contribuindo para a evolução do outro. Podem existir ainda na fase 1 duas etapas complementares, representadas pelas etapas 2 e 4 do quadro 5. Oliveirab considera cinco grandes partes interdependentes e interagentes, com abordagem sistemica e com unidade de tratamento e desempenhadas de tal forma que visam o objetivo comum para a empresa. São elas: • Planejamento estratégico; • Organização estratégica; • Direção estratégica; • Controle estratégico; • Desenvolvimento estratégico. Essas cinco partes da administração estratégica devem estar contidas, para seu desenvolvimento e implementação, no modelo de gestão definido pela empresa. b Oliveira (2007, p.25) 39 O modelo de gestão e as cinco partes são influenciados entre si dentro de um processo interativo e estratégico. A seguir uma ideia de cada uma dessas partes:Modelo de gestão – conceituado por Oliveirac como sendo um processo estruturado, interativo e consolidado de desenvolver e operacionalizar as atividades – estratégicas, táticas e operacionais – de planejamento, organização, direção e controle dos resultados, bem como do processo de mudança planejada, visando ao crescimento e ao desenvolvimento sustentado da empresa. Planejamento estratégico – estabelece a direção a ser seguida pela empresa, visando um maior grau de interação com o ambiente, fatores estes não controláveis pela empresa. Organização Estratégica – consiste na melhor utilização dos recursos da empresa para interagir, ativamente, com as realidades e os cenários do ambiente empresarial. Direção estratégica – obter os melhores resultados nos processos decisórios através da supervisão dos recursos alocados de forma interativa com os fatores ambientais e com sinergia nas realções interpessoais. Controle estratégico – consiste no acompanhamento e avaliação permanente dos resultados do planejamento estratégico. Desenvolvimento estratégico – refere-se à mudança planejada no contexto e engajamento da cultura organizacional da empresa, resultante do processo de delineamento e implementação das questões estratégicas da empresa. Todos esse seis componentes ou partes da administração estratégica devem estar constantemente em sintonia e perfeito equilíbrio. O modelo de gestão pode ser interligado com o planejamento estratégico pelo debate e consolidação dos valores da empresa; com a organização estratégica pela utilização ou não da governança corporativa, de unidades estratégicas de negócios; com a direção estratégica pelo estilo de liderança idealizada para a empresa; com o controle estratégico pelo estabelecimento dos indicadores de desempenho e pela aplicação do processo de autocontrole; e, com o desenvolvimento estratégico pelo próprio debate do modelo de gestão no início do processo, consolidando, dessa forma, uma otimizada mudança planejada com mínima resistência à nova realidade da empresa. (OLIVEIRA, 2007, p. 27) c Oliveira (2007, p.25) 40 Os modelo de gestão deve ser tal que consiga desenvolver e operacionalizar as atividades de palnejamento, organizção, direção e controle estratégicos que promovam o desenvolvimento e crescimento da empresa, bem como uma melhor posição competitiva junto ao mercado. A figura 3.2 apresenta um modelo de gestão considerando dez componentes e os respectivos instrumentos administrativos considerados por Oliveira os mais importantes a serem considerados em um modelo de gestão. Figura 3.2 – Modelo De Gestão Das Empresas E Seus Componentes 41 Fonte: Oliveira (2007,p.29) A fase 2 que trata do desenvolvimento e implementação de planejamento estratégico, considera o planejamento estratégico como sendo o componente da administração estratégica que consolida a interação da empresa com todos os fatores externos e que afetam o ambiente empresarial. Esta fase desenvolve 3 etapas: 42 • Elaboração do plano estratégico – é considerado o ponto mais importante e fundamental dos seis componentes da administração estratégica, inclusive é o que mais influencia os outros cinco. Também o planejamento estratégico é o que apresenta metodologias e técnicas mais estruturadas e consagradas de aplicacão entre os seis componentes. • Aplicação do plano estratégico – utilizado para estruturar os processos da empresa que possibilitarão efetivar e sustentar todas as etapas do planejamento estratégico aplicada nas variáveis de controle da empresa. • Início das análises do desenvolvimento estratégico – consiste em trabalhar o futuro da empresa junto com as questões de valores, expectativas, comportamentos e atitudes dos profissionais da empresa, de tal forma que se tenha os menores níveis de resistências por parte das pessoas às mudanças e que haja o comprometimento de todos ao planejamento estratégico previsto desenvolvido e a ser implementado. A fase 3 proposta por Oliveirad trata do desenvolvimento e implementação da organização estratégica que deve proporcionar toda a sustentação para que a empresa possa alcançar os resultados estabelecidos no planejamento, interligando as variáveis externas, não controláveis pela empresa e que podem influenciar a forma organizacional escolhida, com as variáveis internas, que consistem nas atividades, processos, responsabilidaes, autoridades, da empresa. Esta fase pode ser desenvolvida em duas etapas que se interligam: • Análise da melhor organização estratégica para a empresa – analisando em um primeiro momento todas as estruturações organizacionais que apresentam abordagem mais estratégica e se pode ser aplicada na empresa. A seguir aplicar a estruturação organizacional que mais se adapta à realidade atual e futura desejada da empresa, e por último analisar os níveis intermediário e operacional da empresa e ajustar e adaptar uma situação ideal para a realidade da empresa. • Implementação da Organização estratégica – nesta etapa ocorre a adequada capacitação e, principalmente, habilidade e competência dos executivos para assumirem os cargos e as funções correspondentes. d Oliveira (2007, p.31) 43 A fase 4 consiste no desenvolvimento e Implementação da direção estratégica, onde se dabate a questão da direção estratégica, composta de duas etapas: • Delineamento da direção estratégica com envolvimento da participação das pessoas de forma interativa, considerando as variáveis ambientais não controláveis; • Implementação da direção estratégica à luz do planejado. A fase 5 aborda o desenvolvimento e implementação do controle estratégico – que consiste na estruturação dos processos de controle e os indicadores de desempenho. A sexta e última fase consiste na consolidação do desenvolvimento estratégico, considerado como a sustentação para a administração estratégica, e se compõe em 3 etapas: • Estruturação geral do desenvolvimento estratégico; • Aplicação final do desenvolvimento estratégico; • Efetivação da implementação da administração estratégica na empresa, onde se evidencia a administração estratégica como um processo e como tal não deve nunca parar. O Gerenciamento do processo na administração estratégica O processo de desenvolvimento do modelo de gerenciamento dos processos de qualquer organização, tanto sejam de produção como administrativos, teve grande contribuição da gestão pela qualidade desenvolvida pelas organizações japonesas a partir da década de 50. O método desenvolvido contou com a participação de grandes estudiosos e pensadores da época (Deming, Isikawa, Juran Crosby entre outros) e culminou em um modelo de gerenciamento do processo como uma ferrramenta padrão podendo ser utilizada por qualquer pessoa em qualquer tipo e tamanho de organização. Em 1950 a JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers) convidou o estatístico William Eswards Deming, dos Estados Unidos, para proferir um seminário sobre controle da qualidade para administradores e engenheiros. Neste seminário foram abordados os seguintes tópicos: utililização do Ciclo PDCA (Plan Do Check Action) para a melhoria da Qualidade; a importância do entendimento da variabilidade presente em todos os processos de produção e de serviços; utilização de graficos de controle para o gerenciamento de processos. (WERKEMA, 1997, P.11) 44 A figura 3.3 apresenta um diagrama de como se procede a gestão de qualquer processo. Tudo inicia pelo Processo, representado no lado superior esquerdo do diagrama. O conceito de processo neste caso, é definido como um conjunto decausas que têm como objetivo produzir um determinado efeito, o qual é denominado resultado do processo. Um processo é uma combinação dos elementos equipamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas, tendo como objetivo a fabricação de um bem ou o fornecimento de um serviço (WERKEMA, 1997, P.16) Para todo e qualquer processo deve-se estabelelecer qual a responsabilidade pelos resultados e qual a autoridade do operador do processo sobre as causas do processo. Não se pode exigir responsabilidade de alguém sobre o resultado se ele não tiver autoridade de atuar sobre suas causas. 45 Figura 3.3 – Diagrama do Gerenciamento do Processo – Uma ferramenta para todos Fonte: adaptado de Campos (1994) O processo é gerenciado e controlado pelos itens de controle, os quais medem a qualidade intrínseca, o custo, a entrega, e a segurança do produto que será fornecido ao cliente, bem como a moral das pessoas que trabalham no processo que o fabrica. Portanto, um processo é gerenciado pelos seus itens de controle, os quais devem ser acompanhados e registrados periodicamente. Se o processo resulta dentro dos padrões e metas desejadas segue-se o gerenciamento (mantendo a rotina) e ao mesmo tempo procurando sempre obter melhores resultados (buscando melhorias). Caso os resultados esperados do processo não sejam satisfatorios, relata- se e registra-se as anomalias e atua-se sobre as causas de tal forma a remover e eliminar os sintomas. No momento em que os resultados insatisfatórios se tornam crônicos (se repetem periodicamente), adota-se uma pesquisa 46 mais profunda denominada MASP – Método de Análise e Soluções de Problemas, envolvendo, se for o caso, equipe multidiciplinar e especializadas nas áreas de conhecimentos necessárias para eliminar os sintomas. Ponto final Este capítulo apresentou o modelo básico de desenvolvimento e im- plementação da administração estratégica nas empresas, segundo a metodologia desenvolvida pelo Prof Rebouças Oliveira em seus traba- lhos de assessorias e estudos junto às empresas. A metodologia é constituída de seis grandes fases e 16 etapas. Também foi apresentada de forma muito simples a metodologia de gerenciamento do processo do professor Vicente Falconi Campos, consagrada em seus resultados nos trabalhos de assessorias deste professor e sua equipe nos progra- mas de Qualidade Total junto às empresas. Indicações culturais OLIVEIRA. Djalma de P. R de. Administração Estratégica – na prática – A competitividade para administrar o futuro. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. – Este autor com base em suas experiências em consultoria e treinamento em administração estratégica em várias empresas dos mais diversos setores de atividades e tamanhos, além de várias pesqui- sas realizadas, desenvolveu uma metodologia, com forte abordagem prática, para o desenvolvimento e implementação da administração estratégica nas empresas. WERKEMA, Maria Cristina Catarino. TQC – Gestão pela qualidade total, Série Ferramentas da Qualidade. Vol 2 Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995. Esta bibliografia apresenta em detalhe o ge- renciamento do processo dentro da gestão da qualidade total e todas suas ferramentas de aplicação. Atividades 1) Quais são as seis fases componentes do modelo de administração estratégica segundo a metodologia do Professor Rebouças de Oli- veira? 2) Qual a diferença entre planejamento estratégico e direção estraté- gica? 3) Qual o significado da terminologia “Organização Estratégica”? 47 4) Qual vantagem de conceituar processo na administração estratégi- ca como uma relação de causa e efeito? 5) Quais as funções dos itens de controle no gerenciamento do pro- cesso? Cite alguns exemplos de itens de controle. 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Nestor Alberto Rancich Fº Jorge Alexandre Vanin O planejamento estratégico é o primeiro passo da administração estratégica. Oliveiraa define planejamento estratégico como sendo uma metodologia administrativa que permite estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, e que visa ao maior grau de interação com o ambiente, no qual estão os fatores externos não controláveis pela em- presa. Segundo Costab planejar o futuro de uma empresa é muito semelhante que planejar a construção de um grande obra edifício, uma estrada, uma ponte ou qualquer outra obra, pois todos exigem a neces- sidade de alicerçá-los muito bem no terreno. Os alicerces estratégicos de uma organização ou também denominados propósitos da organiza- ção são constituídos por sua visão, missão, abrangência, princípios e valores. Portanto, os propósitos de uma organização são definidos como o conjunto de elementos básicos que caracterizam aquilo que a organização deseja ser no futuro, ou seja, a sua vontade, seu desejo de ser e de agir. Os propósitos são os impulsos, as motivações maiores que fornecem forças que direcionam a organização para os caminhos que ela escolher. Fernandes e Bertonc definem o planejamento estratégico em três etapas: a primeira etapa focaliza a análise, a segunda considera a formulação e a terceira trata da implantação das estratégias. A figura 4.1 apresenta as atividades dessas três etapas desses autores: a Oliveira (2006, p. 73) b Costa (2007, p. 35) c Fernandes e Berton (2007) 49 Figura 4.1 – Etapas do Processo Estratégico Fonte: adaptado de Fernandes e Berton (2007, p.3) A seguir apresenta-se os conceitos de cada uma das atividades do processo e planejamento estratégico: Negócio O primeiro passo na primeira etapa do processo estratégico é entender o Negócio da empresa ou organização. Negócio pode ser definido como a arena onde uma organização compete ou, de forma mais ampla, atua. Olhar o conjunto de empresas que atendem um mesmo grupo de clientes, visando satisafazer as necessidades semelhantes desses clientes, com base em tecnologias não muito distintas, pode ser uma pista para se atender o que é um negócio. (FERNANDES E BERTON, 2007, P.21-22) Quando uma empresa define seu negócio ela estabelece o limite de sua atuação. Por exemplo, uma empresa que concebe seu negócio como transporte rodoviário de cargas, não se aventurará entrar na área de transporte aéreo de cargas. Os autores Fernandes e Bertond recomendam que qualquer organização deve conceber seu negócio de forma que ele não seja tão amplo a ponto de não orientar para lugar nenhum nem tão específico a d Fernandes e Berton (2007, p. 23) 50 ponto de deixar passar oportunidades. Alguns exemplos para evidenciar essa ideia: Se um negócio de um posto de combustível for definido como “vender gasolina”, ficará restrito a comercializar somente gasolina e deixará de gerar valor por meio de outros produtos e serviços de maior valor agregado. Alguns postos de gasolina definem seu negócio como “oferecer conveniências”. Outro exemplo é o caso de um banco que defina seu negócio como “lucro” estaria sendo extremamente vago e impreciso; se especificar “poupança ou aplicações financeiras”, ficaria limitado. O termo mais correto e focado de negócio seria “transações financeiras”. A definição de negócio sinalizará as principais atividades a serem desenvolvidas pela organização ou empresa. As atividades centrais ou principais recebe mais atenção e são denominadas na terminologia da língua inglesa de “core business”, cujo tradução significa “negócio central”. Uma indústria automobilística que conceba seu negócio como “automovéis de luxo” sinalizaráindiretamente importância nas áreas de design, segurança, inovação, sofisticação e qualidade. Fernandes e Bertone fornecem algumas recomendações para definir o negócio da organização: • Pense no negócio com os olhos da concorrência ampliada e de produtos substitutos. • Pense não só no produto, mas nos serviços que esse produto presta ao cliente. • Pense não só no produto, mas no uso do produto pelo cliente. • Pense no produto como um meio de satisafazer o cliente. e Fernandes e Berton (2007, p.28) 51 Figura 4.2 – Níveis de análise do Ambiente Fonte: adaptado de Fernandes e Berton (2007, p.34) Análise do ambiente A análise do ambiente é a atividade que se segue após a definição do negócio e os limites de ação. O ambiente estabelece o contexto histórico e espacial que a organização atua. Fernandes e Bertonf afirmam que a análise do ambiente constitui uma das principais etapas da administração estratégica, já que seu monitoramento pode identificar riscos e oportunidades para a empresa. O ambiente, para efeitos de planejamento e administração estratégica é dividido em dois níveis: • Ambiente geral – ou macroambiente, relativo às grandes forças externas que influenciam a organização; f Fernandes e Berton (2007, p.31) 52 • Ambiente operacional – ou setorial, mais próximo da organização, constituido por seus clientes, fornecedores, concorrentes imediatos, entre outros. Muitas vezes esses ambientes se interpenetram na prática e consequentemente não se distingue a diferença de um e de outro. Entretanto considerá-los separadamente ajuda e facilita a compreensão mental e melhor possibilita o desenvolvimento das estratégias especificas. A figura 4.2 apresenta a representação da organizaçao e dos ambientes geral e operacional. Ambiente geral O ambiente geral também denominado de macroambiente refere-se às questões amplas do universo social, econômico, político, tecnológico e legal, em que as empresas muito pouco conseguem individualmente influenciar, mas que por outro lado são fatores que influeciam diretamente as empresas. Grandes e poderosas organizações ou setores oligopolizados constituem exceção à regra, por força de seus lobbies ou descobertas tecnológicas revolucionárias que geram novas tendências e padrões do mercado, e, portanto, influenciando no macroambiente. O quadro 4.3 apresenta alguns dos principais fatores do macroambiente que interferem nas organizações. Quadro 4.3 - Fatores do Macroambiente que interferem nas organiza- ções Econômico Tecnológicas Sociais Políticos Legais PIB Inflação Poder aquisitivo Renda per capita Políticas de crédito Taxas de juros Taxas de câmbio Taxas de desemprego Computador es Internet Robótica Fibras óticas Biotecnologia Eletrônica embarcada Inteligência artificial Preocupações com saúde, estética ecologia Idade de vida mais longa Taxas de nascimento Mulher atuando mais no mercado de trabalho Melhor nivel educacional Aumento nas taxas de violência Leis tributárias Incentivos fiscais Mudanças da Legislação Monopólios e concessões Leis de proteção ambiental Leis trabalhistas Fonte: adaptado de Wright et al (2000, p. 58) 53 Ambiente operacional O professor Michel Porter da Harvard University dos Estados Unidos é uma das principais autoridades em análise setorial. Porter realizou vários estudos e pesquisas sobre análise setorial e concebeu em 1979 a existência de cinco forças que determinam a competição e consequentemente o potencial de lucro de um setor. A análise dessas cinco forças devem ser estudadas para o ambiente operacional de cada setor para que se possa desenvolver um palnejamento estratégico eficiente. As cinco forças de Porter, representadas graficamente na Figura 4.4, são: • Intensidade da rivalidade entre os concorrentes; • Poder de barganha dos clientes; • Poder de barganha dos fornecedores; • Ameaça de novos entrantes; • Ameaça de produtos substitutos. Figura 4.4- Representação gráfica das Cinco Forças de Porter 54 Determinantes dos concorrentes do setor A intensidade da concorrência de um setor afeta na redução dos preços e por consequência na lucratividade do setor. A disputa por melhor posição no mercado se obtém pela: concorrência de preços, batalhas de publicidade, introdução de inovação nos produtos ou serviços, qualidade do produto, na garantia e assistência técnica. A concorrência de preços é altamente vantajosa para os consumidores, mas, por outro lado, se for muito acirrada pode deixar toda a indústria em pior situação do ponto de vista de rentabilidade. A batalha de publicidade pode expandir a demanda. Determinantes do poder dos fornecedores Fornecedores de todos os tipos, tais como os de matérias primas, insumos, componentes inclusive mão de obra podem comprimir a lucratividade de um setor, por este ser incapaz de poder repassar os aumentos de custos aos seus preços. A seguir algumas considerações que tornam os fornecedores poderosos. • diferenciação e importância dos insumos do fornecedores para os compradores • custos de mudanças dos fornecedores e empresas do segmento industrial • não existem produtos ou insumos substitutos para os compradores; • Concentração que fornecedores exercem controle considerável sobre os preços; • O setor que compra não tem volume para os fornecedores; • Os fornecedores fazem uma ameaça consistente de integração para a frente, ou seja, eles podem entrar na manufatura, canais de distribuição ou depóstitos e pontos de venda no varejo terão poder considerável sobre os compradores. Determinantes do poder dos compradores Os compradores de um setor podem diminuir a lucratividade do setor exigindo qualidade mais alta ou mais valor agregado e colocando as empresas fornecedoras umas contra as outras. Os compradores têm poder nas seguintes situações: 55 • Compras em grandes quantidades em relação ao total das vendas do setor; • Os compradores adquirem insumos que representam porcentagem significativa de seus custos, presicionando os fornecedores a baixarem os preços; • Produtos padronizados sem diferenciação fornecidos por muitos. Compradores presionam preços colocando os fornecedores uns contra os outros. • Compradores com lucros baixos criam pressão para reduzir os custos de compras; • Os compradores ameaçam integração para trás, tornando-se os próprios fornecedores; • O produto de setor tem importância relativamente pequena para a qualidade dos produtos e serviços do comprador; • Compradores muito bem informados sobre a demanda do mercado, preços práticados em todo o mundo e os custos do fornecedor, possuem maior poder de barganha junto aos fornecedores. Ameaças de novos entrantes Quando um setor recebe novos concorrentes, sua capacidade produtiva de oferta aumenta. Se o mercado não estiver crescendo rapidamente, um novo concorrente intensifica a luta pela participação ou fatia de mercado, reduzindo assim os preços e consequentemente a lucratividade do setor. A probabilidade de novas empresas entrarem em um setor depende de dois fatores: retaliação esperada pelos concorrentes existentes e as barreiras de entradas. As ameaças de entrada dependem basicamente de seis barreiras: • Economia de escala - detêm a entrada, forçando a empresa entrante a ingressar em larga escala e arriscar-se a uma forte reação das empresas existentes ou, a ingressar em pequena escala e sujeitar-se a custo de produção mais elevado; duas opções indesejáveis; • Identidade
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