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Gestão da Qualidade Gestão da Qualidade Organizado pela Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2017 Marie Cristine Fortes Rocha Conselho Editorial EAD Andréa de Azevedo Eick Ângela da Rocha Rolla Astomiro Romais Claudiane Ramos Furtado Dóris Gedrat Honor de Almeida Neto Maria Cleidia Klein Oliveira Maria Lizete Schneider Luiz Carlos Specht Filho Vinicius Martins Flores Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Dados técnicos do livro Diagramação: Jonatan Souza Revisão: Ane Sefrin Arduim A qualidade vem, há muito tempo, deixando de ser um diferencial no mercado para ser uma questão de sobrevivência para as organiza- ções. O consumidor, cada vez mais exigente, leva-as a buscar métodos que direcionem seus processos e sua gestão para a qualidade, garantindo, assim, a geração de valor e a competitividade da empresa. A definição de qualidade constante e preventiva começou durante a Segunda Guerra Mundial, quando técnicas estatísticas começaram a ser usadas para controle de qualidade na indústria bélica. A partir daí, essa concepção de qualidade espalhou-se pelas indústrias de todas as áreas. No início da década de 1960, no Japão, já se falava em qualidade esten- dida às outras áreas das organizações, como recursos humanos, financei- ro, administrativo. Cabe salientar que o tema Gestão da Qualidade vem ocupando um papel decisivo dentro das organizações por apresentar, por meio de seus fundamentos, ferramentas, métodos e programas, resultados muito positi- vos e competitivos em um mercado globalizado. Atualmente, as organizações precisam garantir a qualidade com redu- ção de custos internos. Por isso, necessitam trabalhar com sistemas sólidos de metodologias avançadas para atender às necessidades dos clientes e acompanhar os novos desafios de mercado, buscando sistemas de infor- mação, tecnologia de ponta e atendimento às legislações e, assim, garantir seu sistema de gestão de qualidade. Para manter o padrão e monitora- mento dos processos, é necessário que a empresa faça uma combinação integrada de recursos humanos, financeiros e tecnológicos para garantir os requisitos de seus clientes e se tornar cada vez mais competitiva. Apresentação Apresentação v Para que a empresa consiga definir e manter seus ideais, é necessário que sejam traçados objetivos estratégicos que se desdobram por toda or- ganização através da disseminação de suas políticas, missão, visão, pro- cedimentos, diretrizes, normas, requisitos de certificação, programas que deem suporte e forneçam recursos para que seus objetivos possam ser alcançados. O clima organizacional é um fator importante que deve fa- vorecer todas as pessoas envolvidas nos processos, fazendo com que elas se sintam valorizadas e responsáveis por cada atividade, com o objetivo de garantir a qualidade e o bom desempenho do negócio. Toda essa vi- são de crescimento e competitividade justifica o interesse das empresas em implementar um Sistema de Gestão da Qualidade para fortalecer a sua manutenção dentro de um mercado globalizado e expandir-se cada vez mais, usando modelos e padrões de qualidade internacionais e modernos. As metodologias, ferramentas, procedimentos e certificações adota- dos nas organizações como padrões e modelos de sistemas de ges- tão contribuem com o aprimoramento dos processos visando maio- res níveis de competitividade, nos quais a melhoria contínua é um processo que contribui cada vez mais com a evidência de excelência em resultados e gestão de qualidade dentro das organizações. Os capítulos deste livro estão divididos de forma que o leitor consiga estabelecer uma linha de raciocínio na construção do conceito de quali- dade, tomando conhecimento da história da evolução e das abordagens dos grandes mestres além da aplicação das ferramentas, metodologias e programas dentro das empresas. Através da evolução de métodos e técni- cas, elas passaram a entender os processos de melhoria da qualidade, bus- cando o entendimento dos sistemas, certificações, auditorias e estratégias que deram origem a uma nova visão, a qual denominamos de Sistema de Gestão da Qualidade. Dessa forma, este livro traz fundamentos e exemplos de práticas para que o leitor possa apreender, de forma clara e didática, nos textos, exercícios e vídeos, o tema em questão. Autora Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade Porto-ale-grense de Ciências Contábeis e Administrativas (1998). Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Luterana do Brasil (2004). For- mação em Metodologia Científica para o Ensino Superior e a Distância (2005). Concluídas todas as disciplinas do curso Doutorado em Gestão pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD (Portugal-UE) em 2015. Atua como professora universitária de Graduação e Pós-Gradu- ação na Universidade Luterana do Brasil, com atuação também em outras Instituições, como na Pós-Graduação do Instituto Educacional do RS (IER- GS) e no MBA de Gestão da Qualidade e Certificações da Faculdade da Serra Gaúcha. Auditora da Qualidade Lead Assessor para Sistemas Inte- grados (qualidade, meio ambiente e saúde e segurança e responsabilidade social - com reconhecimento INMETRO), coordenou o curso e participou do processo de qualificação junto ao MEC do MBA de Gestão Ambiental da Faculdade da Serra Gaúcha. Atualmente, atua como coordenadora do curso de Administração EAD na Ulbra e possui conhecimento dos critérios e processos de avaliação do MEC. Como docente, possui experiência em ati- vidades de pesquisa, produção técnica e projetos extensionistas e também leciona no ensino presencial e a distância, atuando fortemente nas áreas de Gestão da Qualidade e Responsabilidade Social, Gestão Ambiental e de Saúde e Segurança Ocupacional, Teoria da Administração, Gestão Pú- blica, Engenharia de Produção e Ambiental e disciplinas voltadas a Projeto e Pesquisa. Experiência em videoaula e produção científica de livros para a metodologia do Ensino a Distância. Auditora Lead Assessor, na área de Sistemas Integrados de Gestão da Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança e Responsabilidade Social. Experiência de mais de 15 anos no Mercado Automotivo nas áreas de Qualidade e Ambiental. Diretora da W4 Consultoria Integrada atuando em processos de suporte a certificação e manutenção de normas, como a ISO9001, ISO14001, OSHAS18001 e boas práticas para NBR16001. 1 A História e a Evolução da Qualidade ...................................1 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade ...............................17 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade ........................................32 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade .......50 5 Métodos e Técnicas para Melhoria da Qualidade ................75 6 Sistemas de Qualidade .......................................................92 7 Auditorias da Qualidade ...................................................109 8 Estratégias da Qualidade ..................................................122 9 Monitoramento e Medição do Sistema de Gestão da Qualidade ........................................................................137 10 Qualidade como Gestão do Negócio ................................150 Sumário A História e a Evolução da Qualidade Marie Cristine Fortes Rocha Capítulo 1 2 Gestão da Qualidade Introdução A evolução da história da qualidade vem sendo contada ao lon- go dos anos. Conforme bibliografias e técnicasaplicadas nas or- ganizações, podemos observar que essa evolução vem acompa- nhando as necessidades humanas em busca da competitividade e excelência no mercado global. Conforme Marshall Junior et al, o tema Gestão da Qualidade é dinâmico, sendo sua evo- lução fruto da interação dos diversos fatores que com- põem a estrutura organizacional e sua administração. Al- guns fatores estruturais e tendências apontam para ciclos de vida e perfis quantitativos com influência decisiva nos paradigmas vigentes, pois  criam desafios e transformações multidisciplinares na gestão organizacional, causando impactos surpreen- dentes na Gestão da Qualidade;  afetam a estruturação, a abrangência, os conceitos e o portfólio de competências, conhecimentos, habilidades, ferramentas, técnicas e metodologias;  expandem as fronteiras atuais e interligam áreas do sa- ber e de especialização em um novo conceito da quali- dade, diversificado e holístico.1 É importante considerar o que cada autor traz em suas res- pectivas obras, pois cada um viveu uma situação diferente em um lugar diferente, contribuindo, através de suas pesquisas, 1 Marshall Junior et al., 2006, p. 19. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 3 práticas e experiências, com a mudança de cenário do concei- to e das práticas de qualidade. As questões da Qualidade têm existido desde que chefes tribais, reis e faraós governavam. O código de Hamurabi, datado de 2150 a.C., estabelece que “se um constru- tor erguer uma casa para alguém e seu trabalho não for sólido e a casa desabar e matar o morador, o constru- tor deverá ser imolado”. Inspetores fenícios eliminavam quaisquer violações reincidentes de padrões de qualidade amputando a mão do fabricante do produto defeituoso. Inspetores aceitavam ou rejeitavam produtos e faziam cumprir as especificações governamentais. Por volta de 1450 a.C., inspetores egípcios conferiam a forma de blo- co de pedra com um barbante, enquanto também usa- vam esse método. Essas civilizações antigas enfatizavam a retidão do negócio e tratamento de reclamações.2 Observando historicamente, a qualidade é um conceito ori- ginário das práticas de engenharia de produção da indústria americana. Difundiu-se no Japão pós Guerra com os chamados sistemas de gestão pela qualidade total. Na Europa, assumiu a forma contratual de Sistema de Gestão da Garantia da Quali- dade, espalhando-se rapidamente pelo mundo no bojo das exi- gências e requisitos de compra do mercado comum europeu.3 A criação de padrões de controle de qualidade evidenciou- -se como necessária durante a Segunda Guerra Mundial, 2 Gitlow, 1993, p. 1. 3 Figueira, 2003, p. 9. 4 Gestão da Qualidade onde os aliados viram-se em situações adversas, possuindo munições e canhões no mesmo local, mas que, por diferentes origens, não podiam ser usados. Cabeda4 revela que, a partir desse fato, surge um dos primeiros padrões internacionais: o calibre das armas de fogo. A indústria americana desenvolveu as primeiras estruturas formais do controle de qualidade, as técnicas estatísticas de amostragem e os controles estatísticos de processo, inclusive o conceito de qualidade como uma forma de gestão, dando origem ao termo qualidade total. Neste capítulo, iremos conhecer a história da qualidade e como foi a sua evolução através das ERAS que foram caracte- rizadas por novas descobertas e avanços tecnológicos. 1 A Evolução da qualidade Segundo Robes Junior e Bonelli,5 a partir da implementação da economia globalizada, a palavra qualidade adquiriu o status de bem econômico, porque ninguém mais compra um produto ou serviço para simplesmente satisfazer seu desejo ou necessidade de consumo: o comprador, pessoa física ou jurí- dica, deseja usufruir, na verdade, do potencial de benefícios e resultados esperados da qualidade do bem adquirido. 4 Cabeda, 2003. 5 Robes Junior; Bonelli, 2006. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 5 A qualidade passou a ser um importante resultado a ser considerado no desenho de um modelo de gestão em qual- quer setor da atividade econômica. Em matéria de eficácia or- ganizacional, a qualidade tornou-se, hoje em dia, importante variável para se avaliar a viabilidade de um plano estratégico de negócios, pois ela poderá definir quais serão, em nível de excelência, os direcionadores básicos dos resultados econô- mico-financeiros dos negócios ou do projeto de uma empresa em um ambiente de forte competitividade confrontacional. Em suma, a evolução do conceito e da história da qualidade, começou a se desenvolver no início do século XX, onde tivemos a forte influência de Taylor, o qual promoveu a análise científica do trabalho do operário, visando maior qualidade e produtividade na empresa. Cada década trouxe a sua contribuição para a his- tória da qualidade, conforme ilustrado por período no Quadro 1. Quadro 1 Gestão da qualidade no processo: a qualidade através dos tempos (compacto) Evolução histórica Acontecimentos Lições do período para os dias de hoje Primeiro período: Antiguidade Esse primeiro período pode ser caracterizado pela alta qualidade e por padrões para as artes em geral e a arquitetura de extrema precisão na Grécia e em Roma. Houve ainda avanços no Egito, onde foram feitas descobertas fundamentais na matemática. A qualidade é, antes de tudo, um objetivo a atingir. As ferramentas desenvolvidas sob motivação da qualidade ou com o objetivo de produzi-las tendem a adquirir vida própria. Seus benefícios, sua utilização e sua área de abrangência vão além do que se esperava em sua concepção original. 6 Gestão da Qualidade Segundo período: Idade Média Período marcado pelo aparecimento dos primeiros operadores de controle da qualidade, surgido a partir do crescimento de pequenas empresas e da diversificação de suas linhas de produção. Na Europa, a formação de associações de artesãos contribuiu para a regulamentação da economia; preocupação com as condições de trabalho, controle de matéria- prima e regulagem dos processos. As Indústrias da época contavam com indivíduos que produziam bens e serviços e eram responsáveis pela qualidade do que faziam. Reflexos muito amplos da qualidade, envolvendo benefícios em uma grande diversidade de áreas. Desde sua origem, a avaliação da qualidade é uma atividade que não pode ser dissociada da própria ação produtiva. Terceiro período: de 1900 a 1930 O início do século XX marca o surgimento do Jornal of the American Statistical Society, um veículo de divulgação da qualidade que se mantém ainda hoje como um dos mais relevantes na área. Esse período registra o aparecimento dos supervisores de controle da qualidade. São formulados conceitos relevantes que perduram até hoje como: “probabilidade de aceitação”, “fração defeituosa tolerável” e “ nível de qualidade aceitável”. Surgem também os primeiros métodos de controle estatístico da qualidade (A Western Eletric e a American Bell Telephone Company). A primeira avaliação da qualidade ocorre nos produtos e serviços, mas a avaliação afetiva se dá no nível do processo produtivo. A produção e avaliação da qualidade são atividades técnicas. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 7 Quarto período: as décadas de 1930 e 1940 No início dos anos 1930, foram desenvolvidas, de forma consistente, as aplicações estatísticas nos processos produtivos com um princípio de popularização de conceitos baseado em aspectos como os gráficos de controle e a aceitação por amostragem. Na Inglaterra, são criados padrões para produtos e serviços e nos Estados Unidos diversos produtos são regulamentados, sobretudo em termos de higiene e segurança. Há a estruturaçãode planos de amostragem, a preocupação com os recursos humanos e a estruturação dos processos motivacionais. Durante a Segunda Guerra Mundial, acelerou- se o desenvolvimento de técnicas de inspeção e controle de qualidade, sobretudo em termos das relações com os fornecedores. A utilização de mão de obra pouco preparada e o incremento da produção foram aspectos que contribuíram para criação de procedimentos, grupos de pesquisa e programas formais de qualificação de pessoal. A produção e a avaliação da qualidade não são atividades intuitivas, mas requerem consistentes sustentações técnicas. O elemento humano, embora não seja único, é o fator fundamental para a produção da qualidade. A qualidade é uma estratégia de alta estabilidade para se enfrentar situações de crise e elevada competitividade. Seus benefícios permanecem mesmo quando o ambiente se altera. Quinto período: anos 1950 A década de 1950 pode ser caracterizada, na história da qualidade, como o período da solidificação e disseminação dos sistemas já existentes (ex.: planos de amostragem). Há o reconhecimento e a popularização dos métodos e da essência conceitual do controle da qualidade, descobertos e aplicados principalmente no Japão. Ganha credibilidade o trabalho de A meta de todo esforço de e para a qualidade em processos produtivos é a qualidade de vida. A qualidade é, antes de tudo, uma questão de cultura (qualidade = valor social). A exigência da qualidade na ação produtiva decorre 8 Gestão da Qualidade Deming, Juran e Ishikawa, por introduzirem técnicas de controle de processo e conceitos revolucionários (1955). Década também marcada pela implantação e desenvolvimento de modelos de controle de qualidade em vários outros países, como, por exemplo, Inglaterra (1952). da exigência da qualidade na sociedade como um todo e não o contrário. Até pela sua importância, a produção da qualidade não é intuitiva, mas requer conceitos consistentes e técnicas fundamentais. Sexto período: anos 1960, 1970 e 1980. Décadas que se caracterizam pela extensão do conceito básico da qualidade para novos horizontes, principalmente nos métodos e estratégias que focavam a viabilização da produção e qualidade em função dos processos de bens e serviços. A estruturação do Controle da Qualidade Total (TQC) por Armand Feigebaun, em 1963. Criação do modelo Americano de Defeito Zero. Década marcada ainda pela criação de veículos importantes da qualidade como a Revista Quality (1962), o Jornal of Quality Technology (1965), e a Revista Quality Progress (1967). Na década de 1970, a criação da abordagem Sistêmica, Controle da Qualidade Participativo e início de estudos sobre o Custo da Qualidade. Já na década de 80, o computador ampliou e facilitou o uso de técnicas estatísticas, o cliente passou a ganhar atenção especial e criação de leis de proteção ao consumidor. A qualidade é tarefa e responsabilidade de todos. Ela depende de todos e todos dependem dela. Produzir qualidade não é difícil, pois as ferramentas para tanto existem e estão disponíveis. A qualidade é fundamentada como uma questão de decisão. A estrutura mais adequada para a qualidade é o sistema. Qualidade: atenção aos clientes. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 9 Desenvolvi mento recente e tendências futuras Esforço direcionado para alcançar maior garantia da qualidade desde o projeto do produto. Estruturação de auditorias técnicas, utilização de sistemas como o CAD e o CAM, que unificam a função de projeto e produção com o auxílio do computador. Fornecedores estreitam as relações e começam a ser tratados como parceiros. Aplicação de normas de avaliação do controle da qualidade de nível internacional (ISO900). Envolvimento de todas as pessoas. Dessa forma, o futuro da qualidade parece ser o de que, proximamente, desapareçam os setores específicos da qualidade, pois a empresa toda será um laboratório voltado para produzir com qualidade. A qualidade é um processo evolutivo. Toda crise contribui para o processo de evolução e mudanças no contexto da qualidade total. Fonte: Adaptado de Paladini, 1995, p. 32-40. 2 As eras da qualidade Existem várias classificações para os diversos períodos ou eras da qualidade. Garvin6 foi quem desenvolveu uma estrutura para classificar as eras correspondentes à história e à evolução do pensamento da qualidade, na qual cada época apresenta- va uma peculiaridade e eram divididas da várias formas. Era da inspeção  Era do controle estatístico da qualidade. 6 Garvin, 1992, p. 6-16. 10 Gestão da Qualidade  Era da garantia da qualidade.  Era da qualidade total. Era da inspeção A inspeção foi implementada por meio de critérios e definições especificadas pelo próprio artesão e sua equipe. A inspeção era considerada uma atividade corriqueira dentro desse perí- odo, até que a evolução das atividades transformou-a rapida- mente em um processo independente e associado ao controle da qualidade. Era do controle estatístico A qualidade passou a ganhar um espaço científico através da publicação de livros ao longo dos anos. Por meio dessa forma documentada, tornou-se mais fácil o entendimento e o cum- primento padronizado da aplicação dos critérios de qualida- de, utilizando controle e amostragens durante o processo de produção. Segundo Marshall Junior et al.,7 um marco dessa nova era foi a publicação, em 1931, da obra Economic control of qua- lity of manufactured product, de Walter A. Shewhart, a qual es- clarece a questão dos fundamentos, procedimentos e técnicas que transformaram efetivamente a qualidade mais presente no processo de produção em todos os estágios. 7 Marshall Junior et al., 2006, p. 22. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 11 Era da garantia da qualidade Conforme Marshall Junior et al.,8 por volta do final da II Guerra Mundial, a qualidade já conquistara seu lugar e passou a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com técnicas especí- ficas e resultados efetivos, com profissionais especializa- dos e bem caracterizados na especialidade, basicamente esta era consagrou-se por  abordar a qualidade desde a fase do projeto de desen- volvimento do produto, incluindo os aspectos funcionais e atributos de desempenho;  envolver todos os funcionários, de todos os níveis hierár- quicos, assim como fornecedores e clientes, nos proces- sos de melhoria da qualidade, objetivando o compro- metimento e a confiança recíproca;  manter e aperfeiçoar as técnicas clássicas da qualidade. Ainda segundo esse autor, a garantia da qualidade foi um impor- tante fator no processo de amadurecimento do conceito qualidade. Em síntese, a era da garantia da qualidade, segundo Cam- pos9, foi marcada pela valorização do planejamento e coorde- nação dos processos, o estabelecimento de padrões e técnicas estatísticas em busca da qualidade. Com a contribuição dos fundamentos de outros mestres da qualidade, como Feigen- 8 Marshall Junior et al., 2006, p.24-25. 9 Campos, 1996. 12 Gestão da Qualidade baum e Juran, a função especialista da qualidade passou a ser mais do que ter conhecimento estatístico: surgiu então a defini- ção do que chamamos de engenheiros da qualidade, aos quais atribuía-se funções não só técnicas, mas também gerenciais. Era da qualidade total A era da qualidade total passa a acumular a preocupação com inspeção, controles estatísticos de processo e atendimento às necessidades do cliente, o qual passa a ser o papel principal dentro da razão de existência das organizações, de maneira que seus requisitos transformam-se em regras e critérios dentrodos objetivos destas. Uma das características mais relevantes desta era é a de que a organização direciona seus esforços para garantir a qualidade dos produtos, serviços, funcionários e processos de sua responsabilidade. Segundo Barçante,11 após a era da garantia da qualidade, o conceito começa a ganhar uma nova forma, evoluindo em termos de estrutura e estratégias, cujos processos passam a ser geridos de forma sistêmica, de tal modo que os inter-relacionamentos e interdependências sejam considerados entre todos os níveis da empresa, recebendo a denominação de era da qualidade total. Durante a evolução da qualidade, muitos programas fo- ram desenvolvidos e incorporados nos processos visando à busca incessante da melhoria contínua, como, por exemplo, o programa zero de defeito de Crosby. Ainda, segundo o mesmo autor,10 para aperfeiçoar técnicas de confiabilidade foi necessário aprofundar os estudos das teo- 10 Barçante, 1998. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 13 rias de probabilidade e de estatística. Essas técnicas estudadas por ele têm por objetivo evitar que ocorram falhas do produto ao longo do seu ciclo de vida útil. As indústrias foram pioneiras nessa abordagem preventiva, desenvolvendo técnicas baseadas na detecção de falhas e na análise do quanto essas falhas po- deriam impactar no produto ou processo. Essa prévia ocorre por meio de uma ferramenta que foi denominada Análise de Efeito e Modo de Falha (FMEA), a qual avalia preventivamente todas as possibilidades de um componente de sistema vir a falhar du- rante o uso, através de procedimentos e técnicas que detectem o problema antes que ele ocorra e da elaboração de ações para eliminar as causas potenciais de falha, os quais buscam garantir efetivamente a sua qualidade de processamento e aplicação. A Figura 1 evidencia a evolução das quatro eras da qualidade. Figura 1 Interação das eras da qualidade. Fonte: Adaptado de Barçante, 1998. 14 Gestão da Qualidade No Brasil, segundo Figueira e Ramalho,11 os sistemas de garantia da qualidade começaram a ser implementados a partir das filiais das empresas multinacionais, como forma de unificação dos respectivos processos de gestão pela busca da competitividade. Duas medidas governamentais estimularam o desenvolvimento dos programas de qualidade das empresas brasileiras: a sanção do código de defesa do consumidor, ins- trumentalizando e dando poder ao consumidor para exigir a garantia da qualidade dos produtos e serviços, e o lançamento do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP). Recapitulando Este capítulo visou oferecer ao leitor um melhor entendimento sobre a essência de história da qualidade e como ela evoluiu ao longo dos anos, referenciando alguns conceitos e pensa- mentos de autores que contribuíram com as primeiras técnicas e fundamentos que originaram a criação de algumas aborda- gens distintas, as quais estudaremos no próximo capítulo. Referências BARÇANTE, Luiz César. Qualidade total: uma visão brasilei- ra, o impacto estratégico na universidade e na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 11 Figueira; Ramalho, 2003. Capítulo 1 A História e a Evolução da Qualidade 15 CABEDA, Marcelo. Sistema de gestão ambiental . PAP- -CREA/RS. Porto Alegre: Ulbra, 2003. Apostila. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas diretrizes: Hoshin Kanri. Belo Horizonte: UFMG, 1996. FIGUEIRA, Tadeu; RAMALHO Jorge. Gestão da pequena empresa. São Paulo: Epse, 2003. GARVIN, David A. Managing quality: The strategic and com- petitive edge. New York: Harvard Business School, 1992. GITLOW, Howard S. Planejando a qualidade, a produtividade e a competência. Rio de Janeiro: Qual- ity-mark, 1993. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da qualidade. 9. ed. São Paulo:FGV, 2006. PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade no proces- so. São Paulo: Atlas, 1995. ROBES JUNIOR, Antonio; BONELLI, Valério Victor. Gestão da qualidade e do meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2006. Atividades 1) Como vem sendo explicada a evolução da história da qualidade ao longo dos anos? 2) Historicamente falando, em quais países a qualidade se difundiu rapidamente? 16 Gestão da Qualidade 3) Fale resumidamente sobre como foi o processo de evolu- ção da qualidade em cada período. 4) Explique como foram caracterizadas a primeira e a segun- da era da qualidade. 5) Explique como foram caracterizadas a terceira e a última era da qualidade. ???????? Capítulo ? Conceitos e Abordagens da Qualidade Marie Cristine Fortes Rocha Capítulo 2 18 Gestão da Qualidade Introdução A qualidade, basicamente, depende da percepção de cada indivíduo. O que tem qualidade para uns pode não atender às necessidades de outros. Dessa forma, o primeiro conceito a ser entendido é o de que a noção de qualidade depende da visão e da necessidade de cada pessoa. Segundo Caravantes,1 as definições da palavra qualidade incluem certas palavras-chave que requerem, elas próprias, definições.  Produto: é a saída de qualquer processo. Consiste, prin- cipalmente, em bens, software e serviços. Com relação às características de produto, são consideradas priori- dade, para que seja atendida a necessidade do cliente, atendendo a sua expectativa com relação ao que lhe foi fornecido.  Cliente: é qualquer um que recebe ou é afetado pelo produto. É propriedade do produto que visa atender a certas necessidades dos clientes e, dessa maneira, pro- ver satisfação deles.  Satisfação com o produto e satisfação do cliente: atinge-se a satisfação com o produto quando suas ca- racterísticas correspondem às necessidades do cliente.  Deficiências: é a falta de um item ou aspecto que resul- ta na insatisfação com o produto. 1 a Cavalcante, 2005. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 19 Segundo Bonato,2 o conceito de qualidade é relativo, pois está centrado na necessidade de quem avalia. O produto ou serviço passa a ser de qualidade se atender aquilo que se es- pera dele. Logo, qualidade é aquilo que o cliente diz que é qualidade. O contexto qualidade depende do contexto que é aplica- do, podendo se considerar diversas percepções em relação a ela, em face da subjetividade e da complexidade. Segundo Almeida, qualidade é cumprir o especificado. Entende-se por especificação, aquilo que é o certo, o que o cliente espera. A qualidade é feita de itens como seriedade, perseverança, treinamento, participação de todos e respeito. Qualidade não é, por exemplo, encantar o cliente com brindes para compensar erros; é fazer o certo já da primeira vez e sem- pre. Esse processo exige persistência, pois a busca da qualida- de deve ser uma constante nas empresas. À medida que essa cultura se solidifica, os resultados aparecem, o que motiva os funcionários a continuarem a busca pela melhoria contínua. Gil3 conceitua qualidade com a seguinte frase: A qualidade nas organizações é interpretada como um fator necessário aos processos e resultados empresariais, os quais, para serem consubstanciados, necessitam da caracterização dos recursos humanos, materiais, tecno- lógicos e financeiros vigentes ou existentes nos diversos ambientes da entidade. 2 Bonato, 2008. 3 Gil, 1992, p. 21. 20 Gestão da Qualidade O conceito da qualidade total é uma generalização rele- vante do conceito da qualidade, principalmente porque atuou em duas dimensões simultaneamente: a externa e a interna. Essa ampliação do conceito fica mais bem caracterizada com a noção de melhoria contínua, a qual dá ideia da componente evolutiva que identifica o esforço pela qualidade. Para Paladini,4 as abordagens que geraram uma visão mais generalista da qualidade, enquanto “adequação ao uso”, guardam relação direta com a noção de multiplicidade,o que leva o consumidor a ter não apenas uma, mas várias razões para decidir adquirir um produto ou utilizar um serviço. As abordagens de Garvin reforçam a ideia de que o concei- to da Qualidade é dinâmico, pois as razões que determinam a seleção de um produto pelo consumidor alteram-se continu- amente. Em sua pesquisa, esse autor fixou cinco abordagens básicas, as quais estão voltadas ao processo, ao produto, ao valor, à transcendência e ao usuário. O conceito qualidade vai mudando ao longo do tempo e, assim, a organização também vai criando novas diretrizes de operação. Dessa forma, as dimensões e as abordagens conceituais da qualidade passam a ser vistas respectivamente como características e etapas pelas quais a empresa passa no esforço de diferenciar-se, criando, para bens e serviços produ- zidos, consistência no mercado. 4 Paladini, 2008. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 21 1 Dimensões da qualidade Segundo Bonato,5 para entregar ao nosso cliente o produto que ele deseja, é preciso controlar a sua qualidade. Esse con- trole se faz por meio de medidas. Nesse contexto, a pergunta a ser respondida é: o que se vai medir para controlar a quali- dade do produto? A resposta a essa pergunta está no conceito de qualidade total, que estabelece cinco dimensões para qualidade. 1) Qualidade Intrínseca – Características específicas do pro- duto, que definem a sua adequação à necessidade do cliente. 2) Custo – Refere-se ao custo operacional para produzir o produto. A dimensão econômica é fundamental para o cliente, que tem prioridades a considerar. O custo é com- ponente gerencial de preço e, portanto, se torna uma di- mensão significativa. 3) Entrega – Significa entregar ao cliente a quantidade certa, no local certo e na hora certa. O tempo é uma grande dimensão da qualidade. No entanto, no caso de serviços prestados na empresa do cliente, esta dimensão engloba o tempo de espera na fila, o tempo de serviço propriamente dito, enfim, a qualidade do atendimento. 4) Segurança – O cliente e a equipe de trabalho devem se sentir seguros ao utilizar os produtos, ou seja, o produto 5 Bonato, 2008. 22 Gestão da Qualidade não deve causar danos físicos ao usuário. O conceito mo- derno de segurança abrange, inclusive, o respeito à na- tureza, o combate a qualquer forma de depredação dos recursos naturais. Assim, o conceito segurança liga-se ao de confiança e exatidão. 5) Moral – O gerente sabe que o produto a ser entregue ao cliente é aquele produzido por sua equipe; portanto, se ele deseja um produto de qualidade, deverá promover um ambiente de qualidade, que é a única forma de assegurar a satisfação de todos os clientes. Todos os produtos têm essas dimensões, mas como quali- dade é um conceito relativo, algumas delas terão maior rele- vância que outras, dependendo do processo e do cliente. As- sim, o que vamos medir para controlar a qualidade do produto são as dimensões mais importantes sob a ótica do cliente.6 As dimensões da qualidade foram classificadas por meio de diferentes características, oferecendo uma visão ampla so- bre as principais variáveis que devem ser consideradas na me- dição da qualidade do produto fornecido. 2 Abordagens da qualidade Embora já tenhamos identificado as diferentes características das dimensões da qualidade, é importante analisarmos os as- pectos de Qualidade sob diversos pontos de vista. Por meio 6 Bonato, 2008, p. 10. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 23 da definição dos tipos de abordagens, é possível identificar que fator pode estar interagindo com a qualidade do produto, processo ou serviço. 2.1 Abordagem centrada para o processo Segundo Paladini,7 o que determina a aquisição de um produ- to é a confiança que o consumidor tem no processo produtivo que o gerou. O consumidor entende como o produto é feito, conhece o processo, sabe que ele é confiável e, por isso, resol- ve adquiri-lo. Essa abordagem prioriza o processo produtivo e os aspectos a ele relacionados, como atendimento a espe- cificações básicas, normas operacionais, requisitos legais ou contratuais. O princípio que norteia essa abordagem é simples: “se o processo de produção não pode desenvolver um produto conforme suas especificações, automaticamente a qualidade estará comprometida.”8 2.2 Abordagem centrada no produto Esta abordagem caracteriza o primeiro movimento do consu- midor em direção à seleção do que vai adquirir, pois nesse momento ele se guia pelas características que vê no produto em si. Para Crosby, citado por Marshall et al., “qualidade quer 7 Paladini, 2008. 8 Paladini, 2008, p. 36. 24 Gestão da Qualidade dizer conformidade com as exigências”9 e, ainda, é “o grau em que o produto específico está de acordo com o projeto ou especificação”.10 Para Paladini,11 a abordagem centra-se na ideia segundo a qual, em um primeiro momento, o consumidor avalia o produ- to pelas características que ele apresenta. A seguir, começa a compará-lo com artigos similares. Assim, em termos operacio- nais, a abordagem viabiliza-se pelo esforço das organizações em diferenciar seus produtos, criando características que os tornam “melhores” que os demais. Como melhor é um termo relativo, devemos defini-lo: um produto “melhor” tem caracte- rísticas que o consumidor acha mais relevantes, bonitas, úteis, práticas etc. que as do concorrente. 2.3 Abordagem centrada no valor De acordo com Paladini,12 inicialmente essa abordagem consi- dera o valor financeiro, mas, logo em seguida, começa a levar em conta valores dos mais diferentes tipos: culturais, éticos, morais, locais, sentimentais, determinados pela estima, pela consideração ou, ainda, decorrentes da importância, do in- teresse, do mérito, da validade que o consumidor confere ao produto. 9 Marshall, 2006, p. 25. 10 Marshall et al., 2006. p, 34. 11 k Paladini, 2008. 12 Paladini, 2008. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 25 Dessa forma, a noção da qualidade “passa a ser associada a baixo preço, visto como oportunidade de aquisição, ou a preço elevado, visto como status.”13Pode também envolver va- lores afetivos ou sentimentais ou, ainda, valores morais como, por exemplo, um consumidor que se nega a adquirir um qua- dro que mostra uma pessoa fumando, o que, segundo ele, pode motivar hábitos inadequados. Ainda segundo o mesmo autor, dentro dessa abordagem, existe um comportamento do consumidor em que é evidente que o preço determina a escolha do produto. De fato, é co- mum o consumidor investir em produtos cujo preço ele chama de razoável: não tão barato que pareça falsificação, nem tão caro que pareça muito sofisticado para o uso esperado. Atuar nessas faixas intermediárias é uma estratégia de lojas de de- partamento. Marshall Junior et al.14 salientam que a qualidade é basea- da no “grau de excelência, levando em consideração o preço adequado e o controle da variabilidade a um custo aceitável”. Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são: a) O verdadeiro uso b) O preço de venda do produto.15 13 Paladini, 2008, p. 39. 14 Marshall Junior et al., 2006. 15 Marshall Junior et al., 2006. 26 Gestão da Qualidade 2.4 Abordagem transcendental Esta abordagem esclarece claramente que a qualidade vai muito além da fabricação do produto ou fornecimento do ser- viço. Para Paladini,16 a relação do consumidor com o bem ou o serviço está centrada em elementos que não estão presentes no produto, nem na forma como foi produzido. O consumidor adquire um produto porque tem identificação com a marca. De forma mais ampla, esta abordagem consolida as marcas que são de tal modo conhecidas, que o nome do produto confunde-se com a própria marca, determi- nandoações que, embora pareçam especificamente di- rigidas a certo produto, são gerais. Exemplo: tomar uma Brahma, tirar um xérox, fazer a barba com “gillete”. Essas marcas, assim, surgem como referencial para todos os produtos similares e fixam-se na mente do consumidor como as mais representativas entre os produtos similares. A abordagem transcendental “é uma condição de exce- lência que implica ótima qualidade distinta de má qualidade. Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento.”17 16 Paladini, 2008, p. 41. 17 Marshall Junior et al., 2006, p. 33. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 27 Assim, “Qualidade não é uma ideia ou uma coisa concre- ta, mas uma terceira entidade independente das duas [...] em- bora não se possa definir qualidade, sabe-se o que ela é”.18r 2.5 Abordagem centrada no usuário Conforme Paladini,19 essa abordagem estabelece uma hierar- quia nas ações do consumidor, embora todas tenham uma mesma raiz. A primeira razão que determina a aquisição de um produto é o atendimento a uma necessidade. A seguir, vêm outras razões associadas às questões de prioridades, oportuni- dades, conveniências, utilidade, seleção entre algumas opções para o momento ou para o futuro, maior proveito, preferên- cias, vantagens, benefícios imediatos (ou não), gostos, desejos etc. Movida por esses ou quaisquer outros motivos, a compra é realizada. Ainda segundo o autor, surgem, então, três novas situa- ções. 1) O consumidor fica insatisfeito com o produto e deixa de comprá-lo no futuro. 2) O consumidor fica satisfeito com o produto e pode ser que volte a comprar outro da mesma marca (ou não). 3) O produto supera as expectativas do consumidor e, por isso, ele voltará a comprar outros da mesma marca. 18 Marshall Junior et al., 2006, p. 33. 19 Paladini, 2008. 28 Gestão da Qualidade Paladini20 considera que somente essa terceira opção pode determinar a fidelidade do consumidor e, por essa razão, as empresas que investem nessa direção são as únicas que se posicionam estrategicamente, com ações que apontam para a sobrevivência da organização. Para Edwars, citado por Marshall Junior et al.,21 “Qualida- de consiste na capacidade de satisfazer desejos”. Assim, “Na análise final de mercado, a qualidade de um produto depende de até que ponto ele se ajusta aos padrões das preferências do consumidor.”.22 Reforçando essa linha de raciocínio: “Qualidade é a adequação ao uso”.23 Segundo Garvin, citado por Marshall Junior et al.,24 O conceito qualidade pode ser desdobrado em elementos básicos, como os elencados a seguir: Desempenho – refere-se às características operacionais básicas do produto; Características – são as funções secundárias do produto, que suplementam seu funcionamento básico; Confiabilidade – reflete a probabilidade de mau funcio- namento de um produto; 20 Paladini, 2008. 21 Marshall Junior et al., 2006, p. 34. 22 Marshall Junior et al., 2006, p. 34. 23 Marshall Junior et al., 2006, p. 34. 24 Marshall Junior et al., 2006, p. 34-35. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 29 conformidade – refere-se ao grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos; durabilidade – refere-se à vida útil de um produto, consi- derando suas dimensões econômicas e técnicas; Atendimento – refere-se à rapidez, cortesia, facilidade de reparo ou substituição; Estética – refere-se ao julgamento pessoal e ao reflexo das preferências individuais; Qualidade percebida – refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do produto. Com os exemplos apresentados, podemos perceber que a qualidade pode ser caracterizada de uma forma ou aborda- gem diferente, mas em ambas situações ela visa a atender a uma expectativa do cliente com relação ao produto ou servi- ço que vai ser oferecido, por isso este conceito não é único, vai depender das necessidades de quem adquire os bens ou serviços. Nesse aspecto, o conceito qualidade se torna bem abrangente. Recapitulando Dessa forma, podemos perceber que o conceito e as aborda- gens da qualidade servem como direcionadores para que as organizações possam definir os métodos e as técnicas (funda- 30 Gestão da Qualidade mentadas e desenvolvidas pelos grandes mestres ou gurus da qualidade) mais adequadas para os seus respectivos processos. Referências BONATO, José Carlos. Produtividade e qualidade organi- zacional. Canoas: Ulbra, 2008. (Caderno Universitário, n. 540) CARAVANTES, Geraldo Ronchetti; CARAVANTES Claudia; BJUR, Wesley. Administração teoria e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GARVIN, David A. Gerenciamento da qualidade: a visão es- tratégica e competitiva. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2002. GIL, Antônio de Loureiro. Gestão da qualidade empresa- rial. São Paulo: Atlas, 1993. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da qualidade. 9. ed. São Paulo: FGV, 2006. PALADINI, Edson Pacheco. Gestão estratégica da quali- dade: princípios, métodos e processos. São Paulo: Atlas, 2008. Capítulo 2 Conceitos e Abordagens da Qualidade 31 Atividades 1) Segundo Caravantes (2005), quais são as palavras-chave que melhor caracterizam a qualidade e suas respectivas definições? 2) Quais foram as cinco abordagens da qualidade definidas para Garvin (2006)? 3) Cite e explique as cinco dimensões da qualidade, segundo Bonato (2008). 4) Explique a abordagem centrada no processo e no produto. 5) Explique a abordagem centrada no usuário. ?????????? Capítulo ? Os Mestres (gurus) da Qualidade Marie Cristine Fortes Rocha Capítulo 3 Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 33 Introdução As contribuições de Juran, Deming, Crosby, Feigenbaum e Ishi- kawa (entre outros mestres da qualidade que revolucionaram o mundo dos negócios, contribuindo com técnicas e metodolo- gias de qualidade para organizações), integram um seleto gru- po de especialistas da área de gerenciamento, considerados os maiores gurus ou mestres da Qualidade em nível mundial. A melhoria da qualidade nos processos produtivos desen- cadeia a diminuição de custos envolvidos com a produção de bens e serviços. Essas melhorias foram possíveis através das técnicas, desenvolvidas e utilizadas na indústria japonesa e americana, que foram evoluindo ao longo do tempo em busca do controle de qualidade. Para aplicação das teorias e práticas de qualidade, foi preciso que o Japão e a América do Norte adaptassem as suas respectivas culturas a esse novo padrão de conduta, o qual exigia uma postura mais técnica e o desenvolvimento de ferramentas, estatísticas e controles de processo em prol da Qualidade dos produtos e serviços. Para um melhor entendimento sobre os grandes mestres neste capítulo, iremos estudar sobre as suas contribuições para o sistema de gestão da qualidade. 34 Gestão da Qualidade 1 Alguns mestres e suas respectivas contribuições para qualidade Segundo Marshall Junior et al.,1 Juran e Deming foram os dois principais responsáveis pelo movimento da qualidade no Japão. Os Japoneses os consideram os inspiradores do milagre industrial de seu país, iniciado na década de 1950. Os norte-americanos só lhes deram o devido valor nos anos 1980. Segundo Marshall Junior et al,2 do lado norte-americano, Philip Crosby contribuiu com sua teoria do zero defeito e Armand Feigenbaum foi o grande impulsionador do conceito de controle da qua- lidade total. Do lado Japonês, Kaoru Ishikawa e Geni- chi Taguchi são dois nomes importantes. Ishikawa foi o responsável pela adaptação da cultura japonesa aos ensinamentos de Deming e Juran, também criando as sete ferramentas do controle estatístico da qualidade. Foi ainda o grandeinspirador dos círculos de controle da qualidade (CCQ). Taguchi deu forte impulso à produ- ção do design industrial, que marcou a segunda onda do movimento da qualidade no Japão após a primeira fase, assentada no controle estatístico. 1 Marshall Junior et al., 2006, p. 35. 2 Marshall Junior et al., 2006, p. 35-36. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 35 Os grandes mestres da qualidade definem o conceito de qualidade dentro de seus respectivos princípios, conforme Quadro 2. Quadro 2 Os grandes mestres e seus respectivos conceitos sobre a qualidade Mestres O conceito na visão de cada mestre Garvin Qualidade existe há muito tempo, mas recentemente emergiu como forma de gestão. Essa nova abordagem é resultante de um processo evolutivo e vem passando novamente por uma evolução considerável nas organizações do primeiro mundo. Juran Qualidade é fitness for use (adequação ao uso), ou seja, o usuário de um produto ou serviço pode contar com ele para desempenhar o que lhe foi determinado. Essa definição aponta para duas direções: atendimento às características do produto e ausência de deficiência nos processos. Moller Concebe a qualidade como integrada por dois fatores: a qualidade técnica e a qualidade humana. A qualidade técnica: visa satisfazer às exigências e às expectativas concretas, como, por exemplo, tempo, qualidade, finanças, taxa de defeitos, função, durabilidade, segurança, garantia. A qualidade humana, por sua vez, visa satisfazer às expectativas e desejos emocionais, como lealdade, comprometimento, consistência, comportamento, credibilidade, atitudes, atenção. É importante ressaltar que os conceitos de “qualidade técnica” e de “qualidade humana” são complementares. 36 Gestão da Qualidade Teboul A qualidade é, antes de mais nada, a conformidade às especificações. É, ainda, a resposta ajustada à utilização que se tem em mente, na hora da compra e também a longo prazo. Mas é também aquele algo mais de sedução e de excelência, mais próximo do desejo que da qualidade. A qualidade é a capacidade de satisfazer as necessidades tanto na hora da compra quanto durante a utilização, ao menor custo possível, minimizando perdas e fazendo melhor do que os concorrentes. Ishikawa A gestão da qualidade consiste em desenvolver, criar e fabricar mercadorias mais econômicas, úteis e satisfatórias para o comprador. Administrar a qualidade é também administrar preço, custo, preço venda e lucro. Taguchi A qualidade consiste em minimizar as perdas causadas pelo produto não apenas ao cliente, mas à sociedade em longo prazo. Crosby Qualidade quer dizer conformidade com as exigências. Feigenbau m Julga que a qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são: a) o verdadeiro uso; b) o preço de venda do produto e c) a satisfação completa do cliente. Lee Qualidade é mais do que um modelo de gestão, é uma filosofia e terá um impacto maior que qualquer outro movimento na economia global do século XXI. Baker Afirma que o paradigma da qualidade é essencial à excelência e que, na virada para o século XXI, já era necessária até para se manter no mercado. Fonte: adaptado de Caravantes et al., 2007, p. 239. As principais linhas de pensamento da qualidade foram elaboradas pelos grandes mestres já mencionados: Deming, Juran, Crosby, Feigenbaum, Taguchi e Ishikawa. Algumas con- Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 37 siderações sobre esses principais estudiosos do conceito quali- dade serão vistas a seguir. W. Edwards Deming Segundo Brocka e Brocka,3 W. Edwards Deming nasceu em 14 de outubro de 1900 na cidade de Sioux, Iowa. Logo após, sua família se mudou para Powell, Wyoming. Deming graduou-se com o bacharelado em Física, pela Universidade de Wyoming, em 1921, e com o título de doutor em Física Matemática por Yale em 1928. Trabalhou para o bureau do censo americano durante e após a 2ª Guerra Mundial. Em 1950, Deming foi ao Japão ajudar no censo japonês e fez conferências aos líderes empresariais sobre Controle Estatístico da Qualidade. O executivo deve compreender, através dos fundamentos de Deming, que o mais importante na gestão da qualidade é fazer com que os colaboradores trabalhem melhor, e não mais. Com isso, a qualidade do processo que determina o produto passa a ser mais importante do que a quantidade de volumes produzidos. Segundo Bonato,4 o sistema empresarial norte-americano foi criticado por Deming por não apostar na participação dos trabalha- dores no processo de decisão. Ele argumenta que os 3 Brocka; Brocka, 1994, p. 76. 4 Bonato, 2008, p.13. 38 Gestão da Qualidade gestores são responsáveis por 94% dos problemas de qualidade. O seu principal papel é remover as barreiras na empresa que impedem a realização de um bom tra- balho. “Os executivos devem fazer os outros trabalharem melhor, e não apenas mais” é uma de suas frases famo- sas. Para Marshall Junior et al.,5 os 14 pontos de Deming para a melhoria da qualidade tornaram-se uma referência universal no ensino e na prática da qualidade. Os mesmos são apre- sentados abaixo. 1. Criar uma constância de propósitos para a melho- ria dos produtos e serviços. Uma visão organizacional deve guiar a cultura corporativa e fornecer uma meta para a organização. Tal visão equipa a organização com uma perspectiva de longo prazo. Meça o compromisso do ge- renciamento e os marcos de excelência da situação da organização em relação às outras. 2. Adotar uma nova filosofia. O gerenciamento do ociden- te deve despertar para o desafio e assumir um novo papel de liderança. A Revolução na Qualidade é a mesma na economia de importação como na Revolução Industrial. Ela é concomitante com a globalização da economia. 3. Acabar com a dependência da inspeção para alcan- çar a qualidade. Introduza modernas ferramentas de qualidade, como controle estatístico de processo, opera- ções revolucionárias, projetos de experimentos e o desdo- 5 Marshall Junior et al., 2006, p. 36-37. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 39 bramento da função qualidade. A inspeção somente mede um problema, e não permite qualquer correção dele. Fre- quentemente, se diz que ninguém pode inspecionar em qualidade. 4. Acabar com a prática de negócio compensador ba- seado apenas no preço. Em vez disso, minimizar o custo total. Insistir na ideia de um único fornecedor para cada item, desenvolvendo relacionamentos duradouros, calca- dos na qualidade e na confiança. 5. Aperfeiçoar constantemente e continuamente todo o processo de planejamento, produção e serviço, com o objetivo de aumentar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir os custos. 6. Fornecer treinamento no local de trabalho. 7. Adotar e estabelecer liderança. O objetivo da liderança é ajudar as pessoas a realizar um trabalho melhor. Assim como a liderança dos trabalhadores, a liderança empresa- rial necessita de uma completa reformulação. 8. Eliminar o medo. 9. Quebrar barreiras entre departamentos. Os colabora- dores dos setores de pesquisa, projetos, vendas, compras ou produção devem trabalhar em equipe, tornando-se ca- pazes de antecipar problemas que possam surgir durante a produção ou durante a utilização dos produtos ou servi- ços. 40 Gestão da Qualidade 10. Eliminar slogans, exortações e metas dirigidas aos empregados. 11. Eliminar padrões artificiais (cotas numéricas) para o chão de fábrica, a administração por objetivos (APO) e a administração através de números e metas numéricas. 12. Remover barreiras que despojem as pessoas de orgu- lho no trabalho. A atenção dos supervisores deve voltar- -se para a qualidade e não para números. Remover as barreiras que usurpam dos colaboradores das áreas ad- ministrativase de planejamento/engenharia o justo direito de orgulhar-se do produto de seu trabalho. Isso significa a abolição das avaliações de desempenho ou de méritos e da administração por objetivos ou por números. 13. Estabelecer um programa rigoroso de educação e au- toaperfeiçoamento para todo o pessoal. 14. Colocar todos da empresa para trabalhar de modo a realizar a transformação. A transformação é tarefa de to- dos. Philip B. Crosby Philip B. Crosby nasceu em 1926 em Wheeling, Oeste da Vir- gínia. Crosby graduou-se em ortopedia (profissão de seu pai), mas decidiu não seguir carreira nessa área. Em 1952, tornou- -se engenheiro na área de confiabilidade na Crosley Corpora- tion, em Richmond, Indiana. Posteriormente, de 1957 a 1965, trabalhou na Martin Corporation. Foi encarregado da qualida- de no projeto do míssil Pershing e, de 1965 a 1979, foi diretor Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 41 (status de vice-presidente) da Qualidade na ITT. Em 1979, fun- dou a Philip Crosby Associates (PCA) em Winter Park, Flórida. Em 1991, retirou-se da PCA e foi para a Career IV e auxiliou na formação de executivos. Segundo Brocka e Brocka, Crosby contribui com a melhoria da qualidade através da definição dos seus 14 passos, que seguem abaixo. 1. Esteja certo de que o gerenciamento está comprometido com a qualidade. 2. Forme equipes de melhorias da qualidade com represen- tantes de cada departamento. 3. Determine como medir onde os problemas correntes e po- tenciais com a qualidade se assentam. 4. Avalie o custo da qualidade e explane a sua utilização como uma ferramenta de gerenciamento. 5. Faça seguir as advertências a respeito da qualidade e o interesse pessoal de todos os empregados. 6. Efetive ações formais para corrigir problemas identificados por meios dos passos anteriores. 7. Estabeleça um comitê para o programa de zero defeito. 8. Treine todos os empregados para carregarem ativamente as suas partes no programa de qualidade. 9. Estabeleça um dia do zero defeito para permitir que todos os empregados participem e contribuam com as mudan- ças. 42 Gestão da Qualidade 10. Encoraje as pessoas a estabelecerem metas de melhorias para si mesmas e para seus grupos. 11. Encoraje os empregados a comunicar à gerência os obstá- culos encontrados em face dos objetos de melhoria. 12. Reconheça e dê apreço a quem participa. 13. Estabeleça um conselho de qualidade para comunicação sobre uma base regular. 14. Faça tudo normalmente para enfatizar que o programa de melhoria de qualidade nunca termine. Segundo Marshall Juniot et al.,6 Crosby considera as técni- cas não preventivas, como inspeção, teste e controle da qua- lidade, pouco eficazes. Tal como Deming, ele também definiu os 14 passos citados para a melhoria da qualidade, os quais são encarados como um processo e não como um programa, e devem ser perseguidos de modo permanente. Armand Vallin Feigenbaum Feigenbaum contribuiu de forma relevante para tornar os con- ceitos de qualidade em estratégias de negócio. Com sua visão apurada para a aplicabilidade das técnicas de qualidade, bus- cou lapidar as metodologias e atitudes corporativas em busca da gestão e do comprometimento com a excelência dos pro- cessos, visando um melhor desempenho para a organização e a obtenção de um padrão que qualidade orientada ao cliente. 6 Marshall Junior et al., 2006. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 43 Segundo Marshall Junior et al.,7 Feigenbaum foi um dos formuladores do conceito de “controle da qualidade total” – TQC. De acordo com a sua abordagem, qualidade é um instrumento estratégico pelo qual todos os trabalhadores devem ser responsá- veis. Mais do que uma técnica de eliminação de defeitos nas operações industriais, qualidade é uma filosofia de gestão e um compromisso com a excelência. Volta-se para fora da empresa e tem por base a orientação para o cliente. A premissa básica do TQC é que a qualidade está ligada a todas as funções e atividades da organiza- ção e não apenas à fabricação e à engenharia. Feigen- baum é reconhecido como pioneiro no estudo dos custos da qualidade. Ainda segundo autor, o comprometimento positivo com a qualidade é fundamental para os programas de TQC. As for- mas de desenvolver e de atingir esse comprometimento de- pendem da cultura, da história, da política, dos recursos e da personalidade da empresa. Mas é fundamental que o compro- metimento ocorra a partir da alta administração. Joseph M. Juran De acordo com Marshall Junior et al.,8 Juran foi pioneiro na aplicação dos conceitos de qualidade nas estratégias de ne- gócios da empresa, no lugar de meramente ficar associando-a 7 Marshall Junior et al. 2006, p. 39. 8 Marshall Junior et al. 2006. 44 Gestão da Qualidade somente aos controles e aos métodos da qualidade para os processos. A gestão da qualidade divide-se em três pontos fundamen- tais, denominados Trilogia Juran. São eles:  Planejamento;  Controle;  Melhoria. Para Juran, o processo de negócio é a maior e mais negligenciada oportunidade de melhoria. Uma parcela expressiva dos problemas de qualidade é causada por processos de gestão. Juran considera a melhoria da qua- lidade a principal prioridade do gestor e o planejamento a segunda, esforço que deve contar com a participação das pessoas que irão implementá-lo. Na sua visão, se- parar planejamento e execução é uma noção obsoleta, que remonta aos tempos de Taylor. A terceira priorida- de consiste em promover o controle da qualidade. Juran aconselha a sua delegação aos níveis operacionais da empresa. Devido à crescente qualificação dos trabalha- dores ele acredita em equipes autogerenciadas.9 Kaoru Ishikawa Conhecido como o pai do Controle Total da Qualidade (TQC) japonês, Ishikawa enfatizou os aspectos humanos e a imple- 9 Marshall Junior et al., 2006, p. 39. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 45 mentação dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). De acordo com Marshall Junior et al.10, cada elemento da empresa tem que estudar, praticar e participar do controle da qualidade. O TQC enseja que, com a participação de todos os colaboradores, incluin- do o presidente, qualquer empresa ofereça produtos (ou serviços) melhores a um custo mais baixo, aumente as vendas, melhore os lucros e se transforme em uma orga- nização melhor. Genichi Taguchi O Mestre Taguchi desenvolveu bastante a questão da elimi- nação de desperdícios durante todo o processo de produção – desde o projeto até a destinação final. O planejamento de todo o desenvolvimento e aplicação do produto começa obe- decer a padrões de qualidade que estabeleçam controles que possam ser monitorados durante o processo, para garantir a boa qualidade do produto ou o serviço final oferecido ao con- sumidor. Segundo Marshall Junior et al.,11 a filosofia de Taguchi, por seu turno, abrange todo ciclo de produção, desde o design até a transformação em produto acabado. Ele define a qualidade em função das 10 Marshall Junior et al., 2006, p. 41. 11 Marshall Junior et al., 2006, p. 41-42. 46 Gestão da Qualidade perdas geradas pelo produto para a sociedade. Essas perdas podem se estimadas em função do tempo, que compreende a fase de expedição de um produto até o final de sua vida útil. Para Taguchi, o segredo para que se consiga reduzir os desperdícios não está na conformidade com as especifi- cações, mas na redução da variabilidade estatística em relação aos objetivos fixados. Desta forma, o processo de design e fabricação são fatores fundamentais para garantir a qualidade e reduzir os custos relacionados a cada produto. Dessa forma, a qualidade passa a ser vista não mais como um produto ou atividade isolada, mas como um processo que apresentaelementos de entrada, transformação e saída, e que ainda pode ser monitorada, após a venda dos produtos, atra- vés das atividades de pós-vendas, como assistência técnica por exemplo. Para Marshall Junior et al.,12 o mestre Masaaki Imai defi- niu que o melhoramento contínuo depende de uma profunda transformação na mentalidade, na filosofia, nos métodos e nos objetivos das empresas, pois, para ele, o melhoramento contí- nuo é a chave do sucesso competitivo japonês. Os mestres da qualidade contribuíram com o processo da qualidade total, cada um trazendo a sua respectiva contribui- 12 Marshall Junior et al., 2006. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 47 ção. Para melhor entendermos como foi a construção desse processo, segue o modelo representado na Figura 2, que de- monstra todos os seus elementos. Figura 2 Componentes da qualidade total. Fonte: Campos, 2004. As dimensões da qualidade servem para ajudar no controle dela por meio de medidas que podem ser facilmente identifica- das e quantificadas. Dessa forma, fica mais fácil satisfazer as necessidades dos clientes quando eles apontam as dimensões de maior relevância para o atendimento de suas expectativas. 48 Gestão da Qualidade Recapitulando Os mestres da qualidade contribuíram com o processo da qualidade total, cada um trazendo a sua respectiva contribui- ção. Desta forma, o sistema de gestão da qualidade passou a ser visto sob muitas óticas dentro das organizações, mas sem- pre com foco em buscar melhores resultados e a excelência no desempenho dos processos. Referências BONATO, José Carlos. Produtividade e qualidade organi- zacional. Canoas: Ulbra, 2008. (Caderno Universitário, n. 540) BROCKA, Bruce; BROCKA, Suzanne M. Gerenciamento da qualidade. São Paulo: Makron Books, 1994. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: [s. n.], 2004. CARAVANTES, Geraldo Ronchetti; CARAVANTES Claudia; BJUR, Wesley. Administração teoria e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da qualidade. 9. ed. São Paulo: FGV, 2006. Capítulo 3 Os Mestres (gurus) da Qualidade 49 Atividades 1) Quais foram os principais mestres responsáveis pelo movi- mento da qualidade no Japão? 2) Resuma, em tópicos, quais foram os 14 princípios da qua- lidade segundo Deming. 3) Quais foram os 14 pontos de Crosby, identificados para a melhoria da qualidade? 4) Quais são os três pontos fundamentais da Trilogia de Ju- ran? 5) Qual a contribuição dos mestres para a história da evolu- ção da qualidade? ?????????? Capítulo ? Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade Marie Cristine Fortes Rocha Capítulo 4 Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 51 Introdução Segundo Pimentel,1 a história da origem e evolução dos méto- dos e ferramentas da qualidade, os quais encontramos até hoje nas bibliografias da área administrativa/organizacional e des- critos por Taylor, Fayol, Mayo, Maslow, McGregor, Herzberg, entre outros autores da época – verdadeiros missionários da qualidade – se propagam até os dias atuais, evidenciados pela prática da qualidade dentro das organizações. Muitas obras desses autores percorreram o mundo com a finalidade de nor- tear as organizações sobre quais seriam os melhores métodos de gestão da qualidade. Cabe-nos salientar que a inovação do processo de gestão da qualidade se deu devido à incansável crítica e às pesquisas realizadas por especialistas da área da qualidade e das diversas Teorias Administrativas estudadas na ciência da Administração. Vejamos, a seguir, as ferramentas, metodologias e programas utilizadas nos processos de gestão da qualidade que foram se reestruturando, principalmente a partir de 1950, com base em conceitos e práticas desenvolvi- dos pelos grandes mestres no Japão e na América do Norte. 1 Brainstorming Ferramenta consiste em grupos formados entre cinco e doze pessoas, cujas ideias são lançadas por todos em uma atmosfe- ra de descontração, porém com foco. Essa ferramenta auxilia na formação de equipes, incentiva a criatividade livre e coloca 1 Pimentel, 2005. 52 Gestão da Qualidade em evidência a questão de lidar com as diferenças entre co- legas. Sua aplicação é resumida em três fases: apresentação clara do assunto, geração e registro das ideias e, por fim, a seleção delas. Segundo Brocka e Brocka,2 o Brainstorming existe desde 1928 e foi criado por Walt Disney, cuja técnica continuou sen- do usada e auxiliou diretamente no planejamento do Walt Dis- ney World. Essa é uma ferramenta de grupo na qual as ideias são geradas livremente e a criatividade não é impedida, por exemplo, pelo medo das críticas. As ideias são lançadas de forma livre, mas com o enfoque necessário. Um profissional qualificado com o conhecimento da ferramenta e do comportamento humano deve participar, mas não influenciar nas ideias geradas; deverá apenas garantir a ausência das críticas e o clima de paz entre os partici- pantes, não considerando nem mesmo as diferenças hierárquicas. O Brainstorming por si só não garante a solução do problema apresentado, mas várias opções para esse objetivo. Deve-se usar outra ferramenta para determinar qual é a melhor opção. 2 Histograma A finalidade do histograma é mostrar e entender como um conjunto de dados se distribui, demonstrando a variabilidade de um processo. 2 Brocka; Brocka, 1994. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 53 Para Marshall Junior et al.,3 o histograma pode ser representado por um gráfico de barras que associa os valores de uma característica da qualidade, divididos em pequenos intervalos, com a fre- quência com que ocorreram na amostra. Este gráfico re- presenta a distribuição de frequência dos dados. O obje- tivo é resumir um grande conjunto de dados, ressaltando suas características globais, tais como faixa de valores observados, dispersão ou forma de variação. Podemos encontrar vários tipos de histograma, como os representado nos gráficos a seguir. Gráfico 1 Tipo geral etc. (diagramador, por favor, verifique comigo ao diagramar estes gráficos, separar um por um... vai do nº 1 ao nº 6. Fonte: Marshall Junior et al., 2006. 3 Marshall et al., 2006, p. 106. 54 Gestão da Qualidade O histograma representa, também, a distribuição dos re- sultados coletados em uma amostra. A curva sobreposta sobre o histograma representa a distribuição de todos os resultados do processo. Quando ela apresenta um formato de sino, é de- nominada de distribuição normal, também chamada de curva de Gauss, ilustrada no Gráfico 2: Gráfico 2 Distribuição normal Fonte: Marshall Junior et al., 2006. 3 Folhas de verificação Conforme manual do Sebrae,4 as folhas de verificação são ta- belas ou planilhas usadas para facilitar a coleta e análise de dados, cuja utilização economiza tempo, elimina o trabalho de se desenhar figuras ou escrever números repetitivos e evita 4 Sebrae, 2009. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 55 o comprometimento da análise dos dados, (Tabela 1). É uma das sete ferramentas básicas da qualidade, representada por uma espécie de lista de itens pré-estabelecidos que serão mar- cados a partir do momento que forem realizados ou avaliados. Tabela 1 Modelo de aplicação da folha de verificação Fonte: Marshall Junior et al., 2006. 4 Cartas de controle É um tipo específico de gráfico de controle de dados ao longo do tempo, que serve para acompanhar a variabilidade de um processo, identificando as causas comuns e especiais.5 5 Marshall Junior et al., 2006. p. 99. 56 Gestão da Qualidade As causas comuns estão ligadas ao funcionamento da roti- na dosistema de trabalho, enquanto as causas especiais estão relacionadas às falhas não previstas no processo (Gráfico 3). Gráfico 3 Exemplo de uma carta de controle Fonte: Marshall Juniot et al., 2006. 5 5W2H O 5W2H ajuda a empresa a organizar suas ações e a definir os respectivos responsáveis e recursos que devem estar dispo- níveis para que ela consiga a efetiva conclusão de suas ações. O 5W2H, conforme exemplo do Quadro 3, representa as iniciais das seguintes palavras em inglês: why (por que), what (o quê), where (onde), when (quando), who (quem), how (como) e how much (quanto custa). Surgiu no mercado uma variação dessa ferramenta, que passou a se chamar 5W3H, correspondendo o terceiro H a how many (quantos).6 6 Marshall Junior et al., 2006. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 57 Quadro 3 Modelo de 5W2H Fonte: Marshall Junior et al., 2006. Nesse plano, todos os detalhes da estratégia são analisa- dos para que os erros que normalmente são vistos durante a aplicação sejam evitados. Essa é uma das ferramentas mais utilizadas nas empresas que buscam uma certificação de qua- lidade, uma vez que é um plano de ação para resolver tanto os problemas existentes quanto para implantar as melhorias. Esse plano pode ser aplicado para estabelecer ações de não conformidade ou eliminação de falhas potenciais identificadas no processo, sistema ou produto desenvolvido na organiza- ção. Para melhorar a forma de controle, podem ser utilizados, 58 Gestão da Qualidade como apoio, os serviços de tecnologia para gerenciamento de datas e geração e envio de relatórios de acompanhamento a todos os envolvidos. Caso contrário, esse monitoramento tam- bém poderá ser realizado manualmente, porém demandará um pouco mais de tempo para o alinhar e calcular todos os dados relevantes. 6 Diagrama de Pareto O Diagrama de Pareto, segundo Marshall Junior et al.,7 é uma ferramenta muito usada para organizar e utilizar os dados es- tatísticos da empresa. Através dela, podemos verificar onde focar as soluções de problemas, pois a imagem no gráfico deixa claro onde o problema é maior e onde ocorre poucas vezes, evitando, assim, o desperdício de tempo e energia em situações que não representam tanta gravidade para a empre- sa. Para a aplicação correta da ferramenta, faz-se necessário atentarmos a alguns passos. 1º Definir quais problemas terão sua frequência analisa- da. 2º Deverá haver um padrão para essas análises. Assim, se o primeiro item foi considerado com base no custo atual, todos os outros deverão ser analisados da mes- ma forma. 7 Marshall Junior et al., 2006. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 59 3º Essas medições devem ser feitas com um padrão esta- belecido de tempo e todos os problemas devem ser ve- rificados com a mesma base, que pode ser, por exem- plo, anual ou mensal. 4º Os dados coletados devem ser reunidos por catego- rias. 5º Cada categoria deverá ter seus dados comparados com as outras, formando, assim, uma lista de ordem crescente. 6º As categorias devem ser listadas em ordem decrescen- te no gráfico, da esquerda para a direita. 7º No gráfico, faz-se uma barra para cada categoria, re- presentando proporcionalmente sua quantidade. Dessa forma, estará pronta a visualização, como podemos verificar no gráfico a seguir. 60 Gestão da Qualidade Gráfico 4 Modelo de implementação do Gráfico de Pareto Fonte: Campos, 2004. No exemplo mostrado, foi adicionada uma linha de frequência acumulada, a qual mostra o crescimento de ocor- rências que serão solucionadas em cada caso. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 61 7 Diagrama Espinha de Peixe ou Diagrama de Causa e Efeito Segundo Brocka e Brocka,8 o Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe, é uma representação em dese- nho das causas que podem ter levado ao problema estudado. A aplicação dessa ferramenta inicia-se com uma análise em grupo do problema que, uma vez discutido, é registrado no lado direito, na ponta, do diagrama. A seguir, completa-se com suas causas divididas em categorias. Existem várias causas para cada problema ou efeito ocor- rido em uma organização, as quais deverão ser agrupadas. As principais características levantadas pelos autores, podem ser analisadas através da definição do 6M: Métodos, Mão de obra, Material, Máquinas, Meio e Medidas. O diagrama pode ser elaborado individualmente ou em grupo. A partir da montagem dessa ferramenta, as causas mais prováveis devem ser separadas e analisadas mais de- talhadamente. Assim, é resolvida a questão principal, que é a detecção da causa raiz do problema, a fim de que ele seja efetivamente eliminado (Figura 3). 8 Brocka; Brocka, 1994. 62 Gestão da Qualidade Figura 3 Modelo de utilização da ferramenta Diagrama de Causa e Efeito Fonte: Campos, 2004. 8 Metodologias para melhoria do desempenho da qualidade No Brasil, a maioria das organizações, ao decidirem pela im- plantação de um programa de qualidade total, normalmente buscam a assessoria de consultorias especializadas para me- lhor esclarecer o conceito e aplicabilidade de cada ferramenta ou metodologia, a fim de verificar qual a melhor maneira de incorporá-las aos seus respectivos processos. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 63 Segundo Bonato,9 é fundamental ressaltar a diferença entre método e ferramenta. “O método é sequência lógica para se atingir uma meta desejada e as ferramentas são os recursos a serem utilizados no método.” De nada adianta conhecer várias ferramentas se o método não é dominado. É muito comum dar-se mais importância às ferramentas que ao método. Como consequência, as pessoas ficam exímias conhecedoras de fer- ramentas, mas não sabem o que fazer com elas. As metodologias para melhoria do desempenho da qua- lidade vêm, então, fortalecer as práticas já desenvolvidas pe- las ferramentas da qualidade, porém, com técnicas um pouco mais complexas, uma vez que têm como objetivo a manuten- ção e a melhoria contínua dos processos. 8.1 Ciclo do PDCA O Ciclo do PDCA foi inicialmente desenvolvido por Wal- ter Shewhart, em 1920, e, posteriormente, popularizado por Edward Deming. Essa metodologia contribuiu com a manuten- ção do controle dos processos. “O ciclo do PDCA é composto das quatro fases básicas do controle: planejar, executar, verificar e atuar corretivamente.”10 O PDCA representa um ciclo dinâmico que pode ser des- dobrado em cada etapa do processo de uma organização. 9 Bonato, 2008, p. 29. 10 Robes Junior; Bonelli, 2006, p. 33. 64 Gestão da Qualidade É uma metodologia que está associada ao planejamento, à implementação, ao controle e à melhoria contínua da realiza- ção de produto ou serviços resultantes de um processo e do sistema de gestão da qualidade (Figura 4). Figura 4 Ciclo do PDCA. Fonte: Robes Junior; Bonelli, 2006. Segundo Marshall Junior et al.,11 a filosofia da melhoria contínua possui, como sua mais conhecida representação, o ciclo do PDCA, também conhecido como ciclo de Shewhart, seu idealizador, ou como ciclo de Deming, o responsável por seu desenvolvimento e reconhecimento. O ciclo de PDCA é um método gerencial para a promoção da melhoria contínua e reflete, em suas quatro fases, a base da filosofia do melho- ramento contínuo. Sendo praticado de forma cíclica e ininter- rupta, acaba por promover a melhoria contínua e sistemática 11 k Marshall, 2006. Capítulo 4 Ferramentas, Metodologias e Programas da Qualidade 65 da organização. As quatro fases, mostradas anteriormente na Figura 4, podem ser conceituadas da seguinte forma. 1º Fase: Plan (planejamento) – os objetivos e as metas devem ser estabelecidos para que sejam desenvolvidos
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