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AULA III - AS PARTES NO CONTRATO DE SEGURO

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AULA III
AS PARTES NO CONTRATO DE SEGURO
O Segurado
Segurado é a pessoa física ou jurídica que, possuindo interesse segurável, contrata o seguro, em seu benefício pessoal ou de terceiros.
Lewis E. Davis: A pessoa ou empresa protegida pela cobertura de apólice de seguro, para os casos de perdas materiais ou eventos relacionados com a vida.
Antonio Carlos Otoni Soares: Segurado, pessoa física ou jurídica é a parte que na relação contratual paga um prêmio à seguradora, para assim ter direito de receber uma indenização, se ocorrer o sinistro resultante do risco previsto no contrato. Em linguagem comercial, podemos dizer que o segurado compra à seguradora o direito de receber uma eventual indenização, pagando um preço que se denomina prêmio ou quota.
Estipulante do Seguro – É toda pessoa física ou jurídica que contrata seguro por conta de terceiros, podendo, eventualmente, assumir a condição de beneficiário, equiparar-se ao segurado nos seguros obrigatórios ou de mandatário do segurado nos seguros facultativos. Dec. Lei 73/66 em seu art. 21, e art. 192 da Constituição de 1988.
Beneficiário – É a pessoa física ou jurídica a favor da qual é devida a indenização em caso de sinistro. O beneficiário pode ser certo (determinado) quando constituído nominalmente na apólice; incerto (indeterminado) quando desconhecido na formação do contrato, caso dos beneficiários dos seguros à ordem ou nos seguros de responsabilidade.
Direitos do Segurado:
Art. 12, § único do Dec. Lei 73/66
Art. 6° da Lei 8.078/90 – Código do Consumidor
Art. 47 da Lei 8.078/90 – 
Art. 51 –da Lei 8.078/90
Art. 13 do Decreto Lei 73/66
Obrigações do Segurado:
Art. 6º caput do Decreto nº 60.459/67
Art. 6° § 4° do Decreto n° 60.459/67
Art. 52,§ 2° do Codecon
Art. 768 do CCB
Art. 769 do CCB
Art. 178 §§ 6° e 7º Decreto Lei 73/66, art. 11 §§2º e §3º
Projeto de Código Civil ar. 422 
A Seguradora
Seguradora – É a parte que na relação contratual se obriga a efetuar uma indenização, resultante do prejuízo de um sinistro. Só pode ser pessoa jurídica, legalmente autorizada para operar no ramo de seguros.
A Seguradora exerce com exclusividade as operações de seguros privados, compreendendo os seguros de coisas, bens, pessoas, obrigações, responsabilidades, direitos e garantias ( art. 3° do Dec 73/66). As Seguradoras não atuam com seguros sociais que ficam a cargo do INSS
Uma pessoa jurídica, para operar com seguros privados, depende de prévia autorização governamental, sob pena de multa e de cometimento de crime contra o sistema financeiro nacional. Para atuar em seguros privados, as pessoas jurídicas devem assumir a forma de sociedade anônima ou cooperativa; esta terá sua atividade restrita aos seguros rurais e de saúde.
Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional – art. 16 do Lei 7.492/86.
A sociedade para operar com seguros privados deve possuir um capital social mínimo, determinado pela Resolução CNSP nº 23/92 (REVOGADA PELA CNSP nº 073/02 ) que leva em consideração os ramos para o qual a seguradora possui autorização e licença para atuação em todo o território nacional..
Seguradoras não estão sujeitas a falência e a concordata. A cessação de suas atividades ou é voluntária, por deliberação dos sócios, aprovada pela SUSEP, ou por ato do Ministro da Fazenda que procede a liquidação extrajudicial de forma compulsória.
A LEI No 10.190, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2001, no entanto determinou no seu art 26, como exceção, se o ativo não for suficiente para pagamento de pelo menos metade dos credores quirografários ou quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.
A Sociedade Seguradora é obrigada a manter reservas técnicas, fundos especiais e provisões, de acordo com critérios fixados pelo CNSP, além das reservas e fundos determinados em leis especiais. Não poderá destribuir lucros se isto contrariar as reservas obrigatórias de acordo com o Dec. 73/66.
Direitos e Obrigações da Seguradora
Direitos:
perceber o prêmio que o segurado se obrigou, durante a vigência do seguro;
isentar-se do pagamento da indenização se provar dolo do segurado.762 CCB
Isentar-se do pagamento da indenização, se o segurado deu à coisa valor superior ao valor real (CC. Art. 766 E 778)
Isentar-se do pagamento da indenização, se existir no seguro algum vício capaz de lhe tirar a eficácia (CC. Arts. 784 e 766);
Isentar-se de pagamento da indenização, se a apólice caducou, por não ter sido pago o prêmio conforme o acordado;NCC ART-763
Responder, exclusivamente, pelos riscos que assumiu expressamente na apólice e condições gerais (CC, art. 779);
Opor ao representante ou sucessor do segurado, uma vez ocorrido o sinistro, todos os meios de defesa legítimos que contra ele lhe assistir (CC. Art. 767);
Argüir a existência de circunstância relativa ao objeto ou interesse segurado cujo conhecimento prévio influenciaria a sua aceitação ou a taxa do seguro, para exonerar-se da responsabilidade assumida, até no caso de sinistro (Decreto-Lei nº 73/66, art. 11, § 2º);
Merecer a lealdade, a sinceridade e a boa-fé do segurado;NCC art.765
Sub-rogar-se, caso pague a indenização ajustada, no direito respectivo contra o autor do sinistro, podendo reaver o que desembolsou (CC, art. 346. III e Súmula nºs 188 e 257 do Supremo Tribunal Federal);
Reajustar o prêmio para que este corresponda ao risco assumido (CC. Art. 1.438 - 769);
Eximir-se de responsabilidade na hipótese prevista no art. 763 do CC: “Se o segurado vier a falir, ou for declarado interdito, estando em atraso nos prêmios, ou se atrasar após a interdição, ou a falência, ficará o segurador isento da responsabilidade pelos riscos, se a massa, ou o representante do interdito, não pagar antes do sinistro os prêmios atrasados.”
OBRIGAÇÕES DA SEGURADORA:
Indenizar o segurado quanto aos prejuízos resultantes do risco assumido;
Aceitar a cessão do seguro e pagar a terceiro, havendo transferência do contrato de seguro, a indenização, como acessório da propriedade ou de direito real sobre a coisa segurada (CC. Art. 785)
Não realizar práticas abusivas de comércio contra os consumidores de seguros (art. 39 do Codecon);
Observar os direitos básicos do consumidor de seguros (art. 6º do Codecon);
Não inserir no contrato de seguros cláusulas abusivas ou que coloquem o consumidor de seguros em posição de extrema desvantagem na relação do consumo (art. 4º e 51 do Codecon)
Redigir o contrato de seguro em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor (Codecon, art. 54, § 3º)
As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque pela seguradora, permitindo sua imediata e fácil compreensão (Codecon, art. 54, § 4º);
Pulverizar o risco, sob forma de co-seguro e resseguro (Dec.Lei 73/66 , art. 4º)
Não reter responsabilidades cujo valor ultrapasse seus limites técnicos (Dec. Lei 73/66, art. 79)
Constituir reservas técnicas, fundos especiais e provisões para garantir as obrigações assumidas (Dec. Lei nº 73/66, art. 84);
Restituir o prêmio recebido em dobro, se não houve má-fé do segurador no caso do art. 773 do CC;
Defender o seguro e tomar todas as providências necessárias para eliminar ou diminuir os efeitos maiores do risco, desde que lhe tenha sido comunicado algum fato incidente pelo segurado;
Tomar todas as medidas necessárias assim que souber do sinistro;
No mesmo sentido é de destacar que o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o proprietário de automóvel segurado voluntariamente sofrer perda total do bem, deverá ser indenizado pelo limite máximo, correspondente ao valor da apólice contratada.
A Circular da Susep nº 88/99 seria ilegal pois permite a comercialização de apólices com cláusula de indenização, por perda total do automóvel, pelo valor médio de mercado. Ela contraria o Decreto Lei 73 pois deixa de zelarpela proteção dos segurados e contraria jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça que entende que o segurado com perda total deverá ser indenizado pelo valor expresso na apólice e não pelo valor médio de mercado. O entendimento em contrário causaria o enriquecimento sem causa da seguradora. 
O FORO DE ELEIÇÃO NOS CONTRATOS DE SEGURO
A Jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça vem considerando ilegal a fixação de foro de eleição nos contratos de seguro em favor da seguradora.

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