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EA D Matrizes e Sistemas Lineares 2 1. OBJETIVOS • Compreender a importância das matrizes como ferra- menta matemática na resolução de problemas. • Rever e empregar as propriedades das matrizes e dos sis- temas lineares. • Compreender como ocorre o escalonamento das matri- zes. • Calcular os sistemas lineares e aplicá-los em situações- -problema. 2. CONTEÚDOS • Matrizes: conceito e classificação. • Operações com matrizes. • Matrizes e sistemas lineares. © Matemática62 • Escalonamento de sistemas lineares. • Resolução e discussão de sistemas lineares. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Leia e analise com atenção os conteúdos e exemplos so- bre matrizes e sistemas lineares disponíveis nesta unida- de, pois eles facilitam o entendimento das teorias e dos conceitos relacionados. 2) Consulte os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o mate- rial didático e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. 3) Reflita sobre alguns conceitos introdutórios importan- tes, dando atenção especial àqueles referentes aos con- juntos numéricos. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, você pôde redescobrir suas habilidades de operar com conjuntos numéricos, revendo os elementos do cál- culo algébrico. Nesta segunda unidade, aprenderemos conceitos básicos de matrizes, sistemas lineares e como resolver problemas relaciona- dos. Dessa forma, é fundamental que você compreenda que as matrizes são importantes para organizarmos e simplificarmos di- versos tipos de problemas. Quando esses problemas possuem cer- tas restrições de valores, o estudo dos sistemas lineares permite identificar e analisar suas possíveis soluções. Faremos, também, uma breve incursão no campo da Mate- mática Discreta, revendo algumas das propriedades das matrizes um arranjo retangular de números, bastante útil para armazenar e recuperar dados numéricos. 63 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares A importância das matrizes e dos sistemas lineares tem cres- cido de modo diretamente proporcional ao crescimento do poder computacional. No nosso mundo, em que grande quantidade de informações e dados precisa ser armazenada e processada, as ma- trizes constituem ferramenta indispensável nesse processo. Os sistemas lineares são modelos matemáticos úteis para descrever problemas que envolvem uma grande quantidade de variáveis. Aproveitando a linguagem e as habilidades operacionais no universo das matrizes, desenvolveremos, num contexto sim- ples, um método sistemático para resolver os sistemas lineares. 5. MATRIZES: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO Você se lembra do conceito de matriz? Matriz é uma tabela com números dispostos em linhas e co- lunas. Por exemplo: 35 40 28 103 32 17 14 63 27 27 38 92 A = É importante observar que uma disposição de números des- sa maneira é muito comum no nosso dia a dia, em todos os ramos de atividade. Estamos sempre nos deparando com “tabelas”, nas quais são armazenados dados de uma pesquisa ou de aconteci- mentos históricos. Por exemplo, o número de medalhas conquistadas pelos pa- íses participantes nas Olimpíadas de 2004 pode ser disposto em uma tabela: © Matemática64 Tabela 1 Medalhas olímpicas – Olimpíadas de 2004. OURO PRATA BRONZE TOTAL Estados Unidos 35 40 28 103 China 32 17 14 63 Rússia 27 27 38 92 Observamos que a matriz A descrita anteriormente contém os mesmos números dessa tabela referente a medalhas, que estão dispostos na mesma ordem. O trabalho com os números organizados na forma matricial traz vantagens, porque agiliza a criação de operações que definem a álgebra das matrizes, o que facilita, também, a abordagem de diversos problemas que podem ser formulados nessa linguagem matricial. Na matriz A já citada, os números estão dispostos em 3 li- nhas e 4 colunas; assim, essa é uma matriz “3 4× ”. Vejamos outros exemplos: Exemplo 1 Um professor de Educação Física, ao realizar uma pesquisa, recolheu alguns dados, tais como: estatura, massa e idade de um grupo de cinco alunos. Observe esses dados dispostos na Tabela 2. Tabela 2 Pesquisa sobre estatura, massa e idade. ESTATURA (m) MASSA (kg) IDADE (anos) Aluno A 1,70 80 26 Aluno B 1,65 73 28 Aluno C 1,60 71 22 Aluno D 1,81 89 34 Aluno E 1,73 65 21 65 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Os dados da tabela podem ser representados da seguinte maneira: 1,70 80 26 1,65 73 28 1,60 71 22 1,81 89 34 1,73 65 21 Essa forma de organizar e representar os dados é denomina- da matriz. A matriz é considerada importante porque permite a realização de operações matemáticas. Observe que, nesse exem- plo, ela possui 5 linhas e 3 colunas. Existem, portanto, nessa ma- triz, 5 3 = 15 × elementos. Exemplo 2 Para indicar os alunos presentes e os alunos ausentes em cada aula, o professor representa, na sua lista de chamada, cada aluno por seu respectivo número de matrícula; além disso, para os alunos presentes, ele utiliza o número 1 e, para os ausentes, o número 0. Observe a tabela a seguir: Tabela 3 Representação de lista de chamada. MATRÍCULA PRESENÇA Aluno A 0031 1 Aluno B 0002 1 Aluno C 0007 0 Aluno D 0016 1 Aluno E 0050 0 A Tabela 3 pode ser indicada pela matriz a seguir: © Matemática66 0031 1 0002 1 0007 0 0016 1 0050 0 Essa matriz possui 5 linhas e 2 colunas, o que significa que existem 5 2 10× = elementos. Cada elemento da matriz é identificado pela linha e pela co- luna a que pertence. Por exemplo, o número de matrícula do aluno D está na linha 4 e na coluna 1. Esse elemento é indicado por: 41 0016a = Genericamente, indicamos as matrizes por letras maiúsculas do alfabeto, e cada elemento da matriz, por letras minúsculas. Uma matriz A que contém m linhas e n colunas é representada por m nA × . Cada elemento da matriz é indicado por ija , em que i e j são números naturais não nulos que mostram, respectivamen- te, a linha e a coluna a que o elemento pertence. Pode-se admitir que: ija , 1 i m≤ ≤ , 1 j n≤ ≤ . Os elementos da matriz são esboçados dentro de parênteses ou colchetes. Observe o exemplo a seguir: 11 1 1 n m n m mn a a A a a × … = … ou 11 1 1 n m n m mn a a A a a × … = … Exemplo 3 O Campeonato Paulista de Futebol, versão 2010, numa de- terminada data, apresentou a seguinte classificação das quatro primeiras equipes que, possivelmente, disputarão as finais do campeonato: 67 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Tabela 4 Classificação do Campeonato Paulista de Futebol. PONTOS GANHOS VITÓRIAS EMPATES DERROTAS Santos 41 13 2 2 Santo André 36 11 3 3 Grêmio Prudente 31 9 4 4 São Paulo 30 9 3 5 Se quisermos saber: a) quantas vitórias o Santos obteve nessa fase do campeo- nato, devemos procurar o número que está na 1ª linha e na 2ª coluna; b) quantos empates o São Paulo obteve nessa fase do cam- peonato, devemos procurar o número que está na 4ª li- nha e na 3ª coluna; c) quantas derrotas o Grêmio Prudente obteve nessa fase do campeonato, devemos procurar o número que está na 3ª linha e na 4ª coluna; d) quantos jogos o Santo André realizou até essa fase do campeonato, devemos procurar os números que estão na 2ª linha e nas colunas dois, três equatro e somá-los. Uma tabela desse tipo, na qual os números estão dispostos em quatro linhas e quatro colunas, denomina-se matriz 4 4× (lê- -se: quatro por quatro), e sua representação é feita, usualmente, de uma das seguintes formas: 41 13 2 2 36 11 3 3 31 9 4 4 30 9 3 5 ou 41 13 2 2 36 11 3 3 31 9 4 4 30 9 3 5 Se observarmos a matriz a seguir, podemos obter informa- ções como: é uma matriz do tipo 3 4× (lê-se: três por quatro); os números 3 , 2 , 1 e -2 são números da 1ª linha; os números 1, 2 © Matemática68 e 5 são os números da 3ª coluna; o número 4 está na 3ª linha e na 2ª coluna. 3 2 1 2 5 6 2 3 6 4 5 9 − − − Como vimos anteriormente, no exemplo 2, os números que aparecem na matriz são chamados elementos da matriz. Na ma- triz anterior, podemos observar que: • O elemento 3 está na 1ª linha e na 1ª coluna e é indicado por: 11a (lê-se: um um) 3= . • O elemento 6 está na 2ª linha e na 2ª coluna e é indicado por: 22a (lê-se: a dois dois) 6= . • O elemento 9− está na 3ª linha e na 4ª coluna e é indica do por: 34a (lê-se: a três quatro) 9= − . Observa-se, então, que, para representar o elemento de uma matriz, usamos uma letra com dois índices: o 1º indica em que linha está o elemento, e o 2º em que coluna o elemento está. Podemos, assim, concluir que o elemento genérico de uma matriz A é indicado por ija , em que i representa a linha e j , a coluna na qual o elemento está. É possível escrevermos uma matriz qualquer na forma: ( )ij m nA a ×= , com 1 i m≤ ≤ e 1 j n≤ ≤ , onde m é o número de li- nhas e n o número de colunas. Exemplo 4 Escreva a matriz 3 2( )ijA a ×= , tal que 3 2 5ija i j= − + . 69 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Para resolver esse problema, observamos que 3m = e 2=n e concluímos que a matriz deve ter três linhas e duas colunas, isto é: 11 12 21 22 31 32 a a a a a a Considerando o que foi exposto, podemos escrever: 11 21 31 3(1) 2(1) 5 6 3(2) 2(1) 5 9 3(3) 2(1) 5 12 a a a = − + = = − + = = − + = 12 22 32 3(1) 2(2) 5 4 3(2) 2(2) 5 7 3(3) 2(2) 5 10 a a a = − + = = − + = = − + = Logo, obtemos a matriz A : 6 4 9 7 12 10 Definição de matriz Vamos, agora, definir formalmente uma matriz. Resumindo o que já foi visto nos exemplos anteriores, dados dois números naturais e n , ambos maiores ou iguais a 1, de- nominamos matriz m n× (que se lê: “m por n ”) uma tabela re- tangular formada por m n× números reais dispostos em m linhas e n colunas. Exemplos: • Matriz “dois por dois”, 2 2 5 1 3 5 A × = − : duas linhas e duas colunas. • Matriz “três por dois”, 3 2 4 3 0 0,5 6 3 A × − = : três linhas e duas colunas. © Matemática70 Representação genérica de uma matriz m n× 11 12 13 1 21 22 23 2 1 2 3 .... .... .. .. .. .... .. .... n n m n m m m mn a a a a a a a a A a a a a × = Os índices duplos nos elementos representados na matriz fa- zem referência ao “endereço” ou à localização de tal elemento nessa ordem: “linha” e “coluna”. Assim, o símbolo ija representa o número localizado na linha “ i ” e na coluna ” j ”. Os elementos são os números que aparecem na matriz. O número de linhas e colunas caracteriza o tipo ou a ordem da ma- triz. Uma matriz m nA × , como a descrita anteriormente, é uma ma- triz do “tipo m por n ” ou uma matriz de “ordem m por n ”. Uma forma compacta de nos referirmos a uma matriz de or- dem m por n é escrever: ( )m n ij m nA a× ×= Exemplos: 1) Identificar os elementos 21a , 12a , 24a e 33a da matriz: 0 5 8 2 7 1 3 12 3 0 1 7 − − − Resolução: 21a é o elemento da 2ª linha e da 1ª coluna, então, 21 7a = . 12a é o elemento da 1ª linha e da 2ª coluna, então, 12 5a = − . 24a é o elemento da 2ª linha e da 4ª coluna, então 24 12a = . 33a é o elemento da 3ª linha e da 3ª coluna, então, 33 1a = − . 71 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 2) Escrever a matriz de ordem 2 3× , tal que 2ija i j= + . Resolução: Calculando os elementos da 1ª linha ( 1i = ), obtemos: 11 2 1 1 3a = ⋅ + = 12 2 1 2 4a = ⋅ + = 13 2 1 3 5a = ⋅ + = Calculando, também, os da 2ª linha ( 2i = ), obtemos: 21 2 2 1 5a = ⋅ + = 22 2 2 2 6a = ⋅ + = 23 2 2 3 7a = ⋅ + = Logo, o resultado é a matriz: 3 4 5 5 6 7 . Tipos especiais de matrizes: Igualdade de matrizes Duas matrizes ( )ij m nA a ×= e ( )ij m nB b ×= são iguais quando possuem a mesma ordem e os elementos correspondentes tam- bém são iguais, isto é, ij ija b= . Considere, por exemplo, as matrizes A e B a seguir: 1 7 2 3 0 5 A − = e 7 3 a c B b d = Observe que as matrizes A e B possuem o mesmo número de linhas (duas) e o mesmo número de colunas (três). Para a ma- triz A ser igual à matriz B , é necessário, também, que as letras representadas na matriz B tenham os seguintes valores: 1a = , 0b = , 2c = − e 5d = . Caso as letras não tenham esses valores, as matrizes não serão iguais. © Matemática72 Observe, a seguir, os tipos especiais em que as matrizes po- dem se apresentar: 1) Matriz linha: é a matriz formada por uma única linha. Por exemplo: ( )2 1 7A = − é uma matriz linha de or- dem 1 3× . 2) Matriz coluna: é a matriz formada por uma única colu- na. Por exemplo: 4 3 B = é uma matriz coluna de or- dem 2 1× . 3) Matriz quadrada: é toda matriz em que o número de linhas é igual ao número de colunas. Por exemplo: 3 9 -1 0 C = é uma matriz quadrada de ordem 2 . Vimos que uma matriz é representada por ( )ij m nA a ×= , onde ija representa o elemento genérico da matriz, m representa o nú- mero de linhas e n representa o número de colunas. Uma matriz é denominada matriz quadrada de ordem n quando o número de linhas é igual ao número de colunas, ou seja, m n= . A matriz a seguir, que representa a classificação das quatro primeiras equipes do campeonato paulista, versão 2010, é uma matriz quadrada de ordem 4 ( 4)m n= = . 41 13 2 2 36 11 3 3 31 9 4 4 30 9 3 5 Numa matriz quadrada de ordem n , os elementos 11a , 22a , 33a , ... , nna formam a diagonal principal da matriz. Observe que os elementos da diagonal principal de uma matriz são elemen- tos que ocupam posições onde i j= . 73 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Na matriz anterior, os elementos 41 , 11, 4 e 5 compõem a diagonal principal dessa matriz. Outra diagonal da matriz quadrada é denominada diagonal secundária e é composta pelos elementos ija da matriz, onde 1i j n+ = + . Na referida matriz, os elementos 30 , 9 , 3 e 2 compõem a diagonal secundária dessa matriz. 1) Matriz nula: é a matriz em que todos os seus elementos são iguais a zero. Exemplos: 2 3 0 0 0 0 0 0 O × = ; 2 0 0 0 0 O = ; 2 1 0 0 O × = 2) Matriz diagonal: é uma matriz quadrada de ordem n em que todos os elementos acima e abaixo da diagonal principal são nulos. Exemplo: 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 D − = 3) Matriz identidade: é uma matriz diagonal em queos elementos da diagonal são todos iguais a 1. Exemplos: 2 1 0 0 1 I = ; 4 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 I = 4) Transposta de uma matriz: dada uma matriz A , a trans- posta de A , que indicaremos por tA , será obtida de A , trocando-se, ordenadamente, as linhas pelas colunas. © Matemática74 Exemplos: 7 3 1 2 A = − ⇒ 7 1 3 2 tA − = ; 3 5 1 2 7 4 B = ⇒ 3 2 5 7 1 4 tB = 6. OPERAÇÕES COM MATRIZES Iniciaremos este tópico com a operação de adição. Adição Dadas duas matrizes de mesma ordem ( )ij m nA a ×= e ( )ij m nB b ×= , a soma A B+ é a matriz ( )ij m nC c ×= , de mesma or- dem que as matrizes A e B , tal que: ij ij ijc a b= + , 1 , 1i m j n≤ ≤ ≤ ≤ . Exemplo: 2 8 4 1 5 2 1 7 5 0 3 3 0 3 2 8 2 4 7 9 5 3 1 3 − − − + − = 2 5 8 2 4 1 1 7 5 0 0 3 3 2 3 8 2 5 4 3 7 1 9 3 + − + − + + + − + + + − + + 7 6 3 8 5 3 1 11 7 1 8 12 − = − . Subtração de matrizes Sendo A e B duas matrizes de mesma ordem, a diferença entre A e B , representada por A B− , é a matriz em que cada elemento é a diferença entre os elementos correspondentes de A e B . 75 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Exemplo: 4 5 2 2 5 7 1 6 0 1 3 2 5 3 1 0 6 3 − − − − = ( ) 4 2 5 5 2 7 1 1 6 3 0 2 5 0 3 6 1 3 − − − − − − − − − − − − = 2 0 5 0 3 2 5 9 2 − − − − Multiplicação de um número real por uma matriz Para multiplicar uma matriz A por um número real α , mul- tiplicamos todos os elementos de A pelo número α . Observe o exemplo: Seja a matriz 3 1 0 3 2 6 1 8 A − = Agora, vamos calcular a matriz 3A : 3 1 0 3 3 3. 2 6 1 8 A − = = ( )3.3 3.1 3.0 3. 3 3.2 3.6 3.1 3.8 − = 9 3 0 9 6 18 3 24 − A multiplicação de matriz por um número segue algumas propriedades. Considere, então, as matrizes A e B e os números reais x e y . 1ª Propriedade ( ) x A B x A x B⋅ + = ⋅ + ⋅ © Matemática76 O produto de um número pela soma de duas matrizes é igual à soma do produto desse número pelas respectivas matrizes. Exemplo: Sejam as matrizes 4 1 1 3 A = − e 1 4 2 0 B − = e o número real 6x = − . ( ) ( ) ( ) 4 1 1 4 5 3 30 18 6 6 1 3 2 0 3 3 18 18 x A B − − − ⋅ + = − ⋅ + = − ⋅ = − − − e ( ) ( ) 4 1 1 4 6 6 1 3 2 0 xA xB − + = − ⋅ + − ⋅ − ( ) 24 6 6 24 30 18 . 6 18 12 0 18 18 x A xB x A B − − − − + = + = = ⋅ + − − − 2ª Propriedade ( ). . .x y A x A y A+ = + O produto de uma matriz pela soma de dois números é igual à soma do produto dessa matriz pelos respectivos números. Exemplo: Sejam 6x = − e 3y = . ( ) ( ) ( ) 4 1 4 1 12 3 6 3 3 1 3 1 3 3 9 x y A − − + ⋅ = − + ⋅ = − ⋅ = − − − e ( ) ( ) 4 1 4 1 6 3 1 3 1 3 xA yA + = − ⋅ + ⋅ − − ( ) 24 6 12 3 12 3 . 6 18 3 9 3 9 x A yA x y A − − − − + = + = = + ⋅ − − − 77 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 3ª Propriedade 0 A 0⋅ = A multiplicação de uma matriz por zero é igual a zero. Exemplo: (existência de elemento neutro na multiplicação) ( ) 0 4 0 14 1 0 0 0 0 0 1 0 31 3 0 0 A ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ = = = Ο ⋅ ⋅ −− (0 é o número real zero, e O é matriz nula). 4ª Propriedade ( ) ( ). . . .x y A x y A= Um número que multiplica o produto de outro número por uma matriz é igual ao produto desses números pela matriz. Exemplo: ( ) ( ) ( ) 4 1 12 3 72 18 6 3 6 1 3 3 9 18 54 x y A − − ⋅ ⋅ = − ⋅ ⋅ = − ⋅ = − − − e ( ) ( ) ( ) ( ) 4 1 4 1 72 18 6 3 18 1 3 1 3 18 54 x y A x y A − − ⋅ ⋅ = − ⋅ ⋅ = − ⋅ = = ⋅ ⋅ − − − A seguir, veremos mais alguns exemplos do produto de um número por uma matriz: Exemplo 1 Se 2 1 , 2 3 A = -1 4 2 -2 B = e 1 2 C 3 4 = Calcule: 3 2 4A B C+ − . Fazemos: © Matemática78 2 1 1 4 1 2 3 2 4 2 3 2 2 3 4 − ⋅ + ⋅ − ⋅ ⇒ − 6 3 2 8 4 8 0 3 6 9 4 4 12 16 2 11 − ⇒ + − = − − − Logo, 0 3 3 2 4 2 11 + − = − − A B C Exemplo 2 Sendo 2 5 A 4 e B 4 2 3 = = − − , determine a matriz X , tal que 2X A 2B+ = . Antes de iniciarmos a resolução, podemos fazer: 2 12 2 2 2 (2 ) 2 2 B AX A B X B A X X B A−+ = ⇒ = − ⇒ = ⇒ = ⋅ − Vamos determinar, inicialmente, a matriz 2B A− : 5 2 10 2 8 8 2 4 4 8 4 4 2 4 3 2 6 2 4 4 B A × − = − = ⇒ − = − − − − − − Agora, vamos determinar a matriz X , data pela expressão: 1X (2B A) 2 = × − . 8 4 4 1 4 2 2 2 4 2 2 X × = ⇒ = − − − 79 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Multiplicação de matrizes O produto de matrizes é mais complicado e segue a seguinte regra: • Dadas duas matrizes ( ) ij mxnA a= e ( ) ij nxpB b= , o pro- duto das matrizes A e B ( )A B× é uma matriz ( ) ij mxpC c= , na qual cada elemento ijc é obtido multipli- cando-se, ordenadamente, os elementos da linha i da matriz A pela coluna j da matriz B , adicionando-se, em seguida, os produtos obtidos. De acordo com essa regra de multiplicação de matrizes, para que exista o produto A B⋅ , é necessário que o número de colunas do 1º fator seja igual ao número de linhas do 2º fator. Vamos acompanhar um exemplo. Dadas as matrizes: 2 3 2 5 1 3 0 1 A × − = e 3 2 2 1 3 5 1 3 B × − = , obtenha o produto .C AB= . Resolução: O primeiro passo é verificar se a multiplicação pode ser feita, ou seja, verificar se as ordens das matrizes dadas são compatíveis. No caso, isso é possível, pois, a matriz 2 3xA possui duas linhas e três colunas, enquanto a matriz 3 2xB possui três linhas e duas colunas. Efetuando a multiplicação de “linhas” por “colunas”, temos: 2 1 2 5 1 . 3 5 3 0 1 1 3 C − − = = © Matemática80 ( ) ( ) ( ) ( ) 2.2 5.3 1 .1 2. 1 5.5 1 .3 3.2 0.3 1.1 3. 1 0.5 1.3 + + − − + + − + + − + + = 18 20 7 0 Para compreender melhor a multiplicação de matrizes, veja, a seguir, mais um exemplo. Um zoológico alimenta chimpanzés e gorilas com três rações diferentes. A quantidade de ração consumida por animal diaria- mente está representada na Tabela 5. Tabela 5 Quantidade de ração consumida. RAÇÃO 1 (porções) RAÇÃO 2 (porções) RAÇÃO 3 (porções) Chimpanzé 2 1 3 Gorila 4 3 0 O zoológico tem, atualmente, cinco chimpanzés e dois gori- las. Quanto se consome diariamente de cada tipo de ração? Para determinar o consumo de cada tipo de ração, somamos o consumo dos chimpanzés com o consumo dos gorilas. • Consumo da ração 1: ( ) ( )1 5 2 2 4 18ração chimpgorilasC = ⋅ + ⋅ = . • Consumo da ração 2: ( ) ( )2 5 1 2 3 11ração chimp gorilasC = ⋅ + ⋅ = . • Consumo da ração 3: ( ) ( )3 5 3 2 0 15ração chimp gorilasC = ⋅ + ⋅ = . Observe como podemos fazer esse cálculo utilizando matri- zes. Escrevemos a quantidade de animais em uma matriz: [ ]5 2 e as quantidades de ração consumida na Tabela 5 em outra matriz: 2 1 3 4 3 0 81 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Em seguida, multiplicamos a quantidade de animais pelo consumo de cada ração, conforme demonstrado a seguir: [ ]5 2 . 2 1 3 4 3 0 [ ]5.2 2.4 5.1 2.3 5.3 2.0= + + + [ ]18 11 15= Assim, descobrimos que o zoológico gasta, por dia, 18 por- ções da ração 1, 11 porções da ração 2 e 15 porções da ração 3. Prático, não? Vamos observar outros exemplos, mas agora pensaremos apenas nos cálculos. Exemplo 1 Dadas as matrizes A e B a seguir, determine A B× . 2 3 4 0 1 2 A = 4 1 3 2 B = Como A é uma matriz 3 2× e B é uma matriz 2 2× , o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B e, portanto, é possível realizarmos o produto das matrizes A e B , que será igual a: 11 12 21 22 31 32 . c c A B c c c c = Vamos calcular os elementos ijc do produto da matriz A pela matriz B , detalhadamente: 1) 11c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 1ª linha da matriz A pelos elementos da 1ª coluna da ma- © Matemática82 triz B , e somamos os resultados, obtendo: 11 2.4 3.3 8 9 17.= + = + =c 12 21 22 31 32 2 3 2.4 3.3 4 1 4 0 . 3 2 1 2 c c c c c + = 2) 12c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 1ª linha da matriz A pelos elementos da 2ª coluna da matriz B e somamos os resultados, obtendo: 12 2.1 3.2 2 6 8c = + = + = . 21 22 31 32 2 3 17 2.1 3.2 4 1 4 0 . 3 2 1 2 c c c c + = 3) 21c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 2ª linha da matriz A pelos elementos da 1ª coluna da ma- triz B e somamos os resultados, obtendo: 21 4.4 0.3 16 0 16c = + = + = . 22 31 32 2 3 17 8 4 1 4 0 . 4.4 0.3 3 2 1 2 c c c = + 4) 22c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 2ª linha da matriz A pelos elementos da 2ª coluna da ma- triz B e somamos os resultados, obtendo: 22 4.1 0.2 4 0 4c = + = + =. 31 32 2 3 17 8 4 1 4 0 . 16 4.1 0.2 3 2 1 2 c c = + 83 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 5) 31c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 3ª linha da matriz A pelos elementos da 1ª coluna da ma- triz B e somamos os resultados, obtendo: 31 1.4 2.3 4 6 10c = + = + =. 32 2 3 17 8 4 1 4 0 . 16 4 3 2 1 2 1.4 2.3 c = + 6) 32c – multiplicamos ordenadamente os elementos da 3ª linha da matriz A pelos elementos da 2ª coluna da ma- triz B e somamos os resultados obtendo: 32 1.1 2.2 1 4 5c = + = + =. 2 3 17 8 4 1 4 0 . 16 4 3 2 1 2 10 1.1 2.2 = + Resumindo, temos: 2 3 2.4 3.3 2.1 3.2 17 8 4 1 4 0 . 4.4 0.3 4.1 0.2 . 16 4 3 2 1 2 1.4 2.3 1.1 2.2 10 5 A B + + = + + ⇒ = + + Exemplo 2 Dadas duas matrizes A e B , calcule .A B : 3x2 2 1 4 2 5 3 A − = 2 2 1 3 0 6 B × − = Para realizar esse cálculo, procedemos tal como fizemos no exemplo anterior: multiplicamos as linhas da 1ª matriz pelas colu- nas da 2ª matriz. © Matemática84 3 2 2 1 4 2 5 3 × − . 2 2 1 3 0 6 × − 2.1 ( 1).0 2.( 3) ( 1).6 4.1 2.0 4.( 3) 2.6 5.1 3.0 5.( 3) 3.6 + − − + − = + − + + − + 3 2 2 12 4 0 5 3 × − = Você sabe por que a matriz resultante tem três linhas e duas colunas? Se você ainda não descobriu, acompanhe este outro exemplo: Exemplo 3 Sejam as matrizes 2 3 1 2 3 2 0 1 A × − = − e 3 1 1 2 4 x B − = − . Então: 2 3 1 2 3 2 0 1 A B × − ⋅ = − . 3 1 1 2 4 × − − = 2 1 1.( 1) ( 2).( 2) 3.4 2.( 1) 0.( 2) ( 1).4 × − + − − + = = − + − + − 2 1 1 4 12 2 0 4 × − + + = = − + − 2 1 15 6 × − 85 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Agora, a matriz resultante tem duas linhas e uma coluna. Por quê? A resposta é simples. Quando multiplicamos duas matrizes, o resultado é uma nova matriz, que apresenta: • o número de linhas da 1ª matriz; • o número de colunas da 2ª matriz. Por esse motivo, a propriedade comutativa não é válida para a multiplicação de matrizes, isto é, o produto . A B geralmente é diferente de .B A . Lembremos o exemplo do zoológico especificado na Tabela 5: a matriz que representa a quantidade de animais possui uma linha e duas colunas ( )1 2A× , e a matriz que representa as porções de ração tem duas linhas e três colunas ( )2 3B × . A matriz resultante ( )A B⋅ obtida possui uma linha e três colunas. ( )1 2 2 3 1 3A B A B× × ×⋅ = ⋅ Na multiplicação de matrizes, há uma importante proprie- dade a destacar: somente é possível realizar a multiplicação entre duas matrizes A e B quando o número de colunas da matriz A for igual ao número de linhas da matriz B. Alguns exemplos de aplicações de matrizes Exemplo 1 Uma indústria de calçados utiliza dois componentes, solado e cabedal, para montar calçados de três modelos diferentes, con- forme especificação da Tabela 6. © Matemática86 Tabela 6 Modelos de calçados. MODELO A MODELO B MODELO C Solado 3 5 2 Cabedal 8 10 5 A produção dos três modelos deve seguir as recomendações de produção para os dias 1 e 2 de determinado mês conforme es- pecifica a Tabela 7. Tabela 7 Produção de calçados. DIA 1 DIA 2 Modelo A 12 10 Modelo B 15 12 Modelo C 10 20 Nessas condições, quantos cabedais serão usados em cada dia de produção? Para resolvermos esse problema, basta efetuarmos a mul- tiplicação das matrizes obtidas a partir das tabelas 6 e 7. Assim, teremos: 12 10 3 5 2 . 15 12 8 10 5 10 20 3.12 5.15 2.10 3.10 5.12 2.20 8.12 10.15 5.10 8.10 10.12 5.20 131 130 296 300 = + + + + = + + + + = Portanto, serão utilizados 131 solados no dia 1 e 130 no dia 2. Quanto à quantidade de cabedais, serão utilizados 296 cabedais no dia 1 e 300 cabedais no dia 2. 87 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Exemplo 2 Pesquisas recentes constataram que pessoas praticantes de atividades físicas, aliadas a uma dieta balanceada e acompanhada por nutricionistas, têm menor probabilidade de voltarem a ganhar massa. Além disso, a adoção desses hábitos saudáveis acarreta di- versos benefícios, tais como a diminuição do estresse, o controle da pressão arterial, a melhoria da resistência física, entre outros. Com base no enunciado, analisamos a seguinte questão: Antônio é um professor que possui 74 kg de massa e deseja perder parte dessa massa por meio de uma dieta balanceada e de atividades físicas. De posse da Tabela 8, fornecida pela sua nutri- cionista, que indica a quantidadede calorias consumidas em rela- ção a uma hora de atividade física, ele montou um programa de exercícios físicos a serem praticados no decorrer de uma semana, de acordo com o exposto na Tabela 9. Tabela 8 Calorias consumidas por hora de atividade física. MASSA CAMINHAR A 3KM/H CORRER A 9KM/H BICICLETA A 9KM/H JOGAR FUTEBOL 69 213 651 304 420 74 225 688 321 441 77 237 726 338 468 81 249 764 356 492 Tabela 9 Programação do tempo/hora de cada atividade no decor- rer de uma semana. CAMINHAR CORRER BICICLETA JOGAR FUTEBOL Segunda-feira 1,0 0,0 1,0 0,0 Terça-feira 0,0 0,0 0,0 2,0 Quarta-feira 0,4 0,5 0,0 0,0 Quinta-feira 0,0 0,0 0,5 2,0 Sexta-feira 0,4 0,5 0,0 0,0 © Matemática88 Após os resultados obtidos nas Tabelas 8 e 9, é possível cru- zar as informações. Observe que a massa do professor Antônio corresponde ao que está descrito na segunda linha da Tabela 8. Podemos obter, da Tabela 8, uma matriz A do tipo 4 1× e, da Tabela 9, uma matriz B do tipo 5 4× . Se multiplicarmos a ma- triz B pela matriz A , obteremos a quantidade de calorias consu- midas pelo professor dia a dia, de segunda a sexta-feira. Assim, temos: 1,0 0,0 1,0 0,0 225 0,0 0,0 0,0 2,0 688 . .0, 4 0,5 0,0 0,0 321 0,0 0,0 0,5 2,0 441 0,4 0,5 0,0 0,0 B A = Se multiplicarmos a primeira linha da matriz B (que repre- senta a quantidade de calorias que será consumida na segun- da-feira) pela coluna da matriz A (que representa a quantidade de calorias consumida por hora de atividade física para uma pessoa de massa de 74 kg), obteremos a quantidade total de calo- rias que será consumida na segunda-feira. Logo, fazemos, para o cálculo do consumo de calorias para todos os dias da semana, a multiplicação das linhas da matriz B pela coluna da matriz A : 1) Segunda-feira: 1,0 225 0,0 688 1,0 321 0,0 441 546× + × + × + × = calorias; 2) Terça-feira: 0,0 225 0,0 688 0,0 321 2,0 441 882× + × + × + × = calorias; 3) Quarta-feira: 0,4 225 0,5 688 0,0 321 0,0 441 434× + × + × + × = calorias; 89 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 4) Quinta-feira: 0,0 225 0,0 688 0,5 321 2,0 441 1042,5× + × + × + × = c a l o - rias; 5) Sexta-feira: 0,4 225 0,5 688 0,0 321 0,0 441 434× + × + × + × = calorias. Nessas condições, conclui- se que o professor Antônio irá consumir, com esse programa de exercícios, no decorrer da sema- na (de segunda a sexta-feira), o equivalente a 3.338,5 calorias. 7. MATRIZES E OS SISTEMAS LINEARES Uma equação linear nas variáveis (ou incógnitas) , é uma expressão algébrica do tipo , envolvendo es- sas variáveis, todas com expoente igual a 1 e sem produtos ou quocientes entre elas. Quando o número de variáveis envolvidas não é muito grande, costumamos, por facilidade de escrita, utilizar as letras para indicar essas variáveis em vez da notação indexada . Observe os exemplos numéricos: • é equação linear. • é equação linear. • é equação linear. • é equação linear. Sistema de equações lineares Sistema de equações lineares é um conjunto de m equa- ções lineares com n incógnitas, como o exemplo a seguir: © Matemática90 11 1 12 2 13 3 1 1 21 1 22 2 23 3 2 2 1 1 2 2 3 3 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... n n n n m m m mn n m a x a x a x a x b a x a x a x a x b a x a x a x a x b + + + + = + + + + = + + + + = Observe o exemplo numérico: 2 2 3 3 3 2 4 7 x y z x y z x y z + − = + − = − + + = Perceba que, nesse exemplo, há um sistema de três equa- ções e três incógnitas. Vamos a outro exemplo: 3 2 8 1 x y x y + = − = O exemplo anterior é um sistema de duas equações e duas incógnitas. Para mais clareza na exposição, trabalharemos com exem- plos de sistemas numéricos, com poucas variáveis. Uma vez entendidos o método e as técnicas de resolução, a generalização para sistemas “maiores” torna-se uma tarefa simples. Um sistema de equações lineares, da forma geral, pode sem- pre ser escrito na notação matricial: 11 12 1 1 1 21 22 2 2 2 1 2 ... ... ... ... ... ... ... ... ... n n m m mn n m a a a x b a a a x b a a a x b × = O resultado do produto da matriz mxnA (matriz dos coeficien- tes) pela matriz coluna 1nxX (matriz das incógnitas) é a matriz 1mxB (matriz dos termos conhecidos). 91 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Resolver um sistema de equações é obter um conjunto de valores 0x , 0y , 0z etc. que satisfaçam, simultaneamente, todas as equações do sistema. Assim, por exemplo, 2; 1x y= = é solução do sistema: 3 2 8 1 x y x y + = − = , pois, substituindo 2x= e 1y = em cada uma das equações do sistema, a igualdade é satisfeita. Método de Gauss ou Método de Escalonamento Um método importante para resolução de sistemas lineares é o chamado Método de Gauss ou Método de Escalonamento, que se fundamenta em três operações possíveis de se efetuar so- bre as linhas de um sistema, sem que se altere sua solução: 1) Trocamos duas linhas de posição. 2) Multiplicamos (ou dividimos) uma das linhas por qual- quer número real não nulo. 3) Substituímos uma das linhas pela soma (ou diferença) dessa linha com outra linha multiplicada por um número real não nulo. O processo de escalonamento consiste em utilizar, sistema- ticamente, as propriedades anteriores (de 1 a 3) para transformar um dado sistema linear em outro sistema equivalente escrito na forma escalonada. Para sua melhor compreensão, veja o exemplo a seguir: 2 2 3 3 3 2 4 7 x y z x y z x y z + − = + − = − + + = Esse sistema pode ser transformado no sistema escalonado equivalente: © Matemática92 2 1 2 x y z y z z + − = − = − = Esse sistema escalonado apresenta a seguinte solução ime- diata: 2z = ; 1y = ; 3x = . Para efetuar essas transformações, é conveniente escrever- mos o sistema linear na forma matricial, que nos dará mais facili- dade de cálculos, inclusive possibilitando a utilização de softwares computacionais. Utilizando o produto de matrizes, podemos escrever um sis- tema, por exemplo, da seguinte forma: 2 2 3 3 3 2 4 7 x y z x y z x y z + − = + − = − + + = Esse mesmo sistema na forma matricial é dado deste modo: 1 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 x y z − − × = − Nessa forma matricial, destacamos as matrizes associadas que caracterizam o sistema: matriz dos coeficientes 1 1 1 2 3 3 1 2 4 − − − matriz dos coeficientes 1 1 1 2 3 3 1 2 4 − − − e termos independentes 2 3 7 A matriz dos coeficientes é chamada matriz incompleta. Se incorporarmos a coluna dos termos independentes à matriz dos coeficientes, obteremos a matriz completa associada ao sistema, representada na forma: 93 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 1 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − Para compreender melhor, vamos discutir o processo de es- calonamento de matrizes; depois, retornaremos às discussões dos sistemas lineares. Escalonamento de matrizes Uma matriz ( )ij m nA a ×= está na forma escalonada quando os elementos ija , com i j> , são todos nulos. Observe os exem- plos de matrizes na forma escalonada:5 2 8 0 1 4 0 0 3 A − = ; 9 2 3 0 3 1 0 0 5 0 0 0 B − = ; 2 1 4 5 0 0 3 1 3 9 0 0 2 6 4 0 0 0 1 7 C − = − Para ilustrar o método de escalonamento, que é feito por etapas, consideremos uma matriz genérica, digamos, de ordem 4 4x : 11 12 13 14 21 22 23 24 31 32 33 34 41 42 43 44 a a a a a a a a a a a a a a a a 1ª etapa Devem-se “zerar” os elementos da primeira coluna da matriz que estão abaixo do elemento 11a , que chamaremos “pivô da 1ª etapa”. Então, seguimos este procedimento: © Matemática94 a) Escolhemos um número n que, multiplicado pelo pivô 11a e somado com 21a , 21a , resulta igual a zero. Substitu- ímos, então, a segunda linha pela soma dela mesma com a primeira, multiplicada por n . b) Observe, nos exemplos que resolveremos a seguir, que, quando o pivô for igual a 1, a escolha desse número n ficará bastante facilitada. c) Escolhemos outro número m que, multiplicado pelo pivô 11a e somado com 31a , resulta igual a zero. Substi- tuímos, então, a terceira linha pela soma dela mesma com a primeira, multiplicada por m . d) Escolhemos um novo número p que, multiplicado pelo pivô 11a e somado com 41a , resulta igual a zero. Substituímos a quarta linha pela soma dela mesma com a primeira, multiplicada por p . Finalizada a 1ª etapa, obtemos a matriz: 11 12 13 14 22 23 24 32 33 34 42 43 44 0 0 0 a a a a b b b b b b b b b 2ª etapa Devem-se “zerar” os elementos da segunda coluna dessa nova matriz, que estão abaixo do elemento 22b , que será o pivô da 2ª etapa. Observe que tudo se passa como na primeira etapa, agora para a matriz ( )ijb , obtida da anterior, ignorando a primeira linha e a primeira coluna. Continuando o processo com 3ª e 4ª etapas, obtemos a ma- triz escalonada: 95 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 11 12 13 14 22 23 24 33 34 44 0 0 0 0 0 0 a a a a b b b c c d Para melhor entender o método, vejamos um exemplo nu- mérico: Escalonar a matriz: 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − 1 2 z = 1 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − a) O primeiro passo é zerar todos os elementos da primei- ra coluna abaixo do elemento 11 1a = 11a (em desta- que), pivô do primeiro passo. 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − 1 1 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − Para cumprir esse objetivo, devemos substituir a segun- da linha pela soma dela com a primeira multiplicada por 2− ; e substituir a terceira linha pela soma dela com a primeira. Agindo dessa maneira, obtemos: 1 1 1 2 1ª 0 1 1 1 (2ª ) 2 (1ª ) 0 3 3 9 (3ª ) (1ª ) − → − − → − ⋅ → + mantém a linha linha linha linha linha © Matemática96 b) O segundo passo é zerar todos os elementos da segunda coluna abaixo do elemento 22 1a = 22a (em destaque): 1 1 2 0 1 1 1 0 3 3 9 − − − 1 1 1 1 2 0 1 1 1 0 3 3 9 − − − Para isso, basta repetir o procedimento anterior e substi- tuir a terceira linha e somá-la com a segunda multiplica- da por 3− . 1 1 1 2 1ª 0 1 1 1 2ª 0 0 6 12 (3ª ) 3 (2ª ) mantém a linha mantém a linha linha linha − → − − → → − ⋅ Perceba que a matriz já está escalonada; no entanto, é possível simplificá-la dividindo a terceira linha por 6 , ob- tendo: 1 1 1 2 0 1 1 1 0 0 1 2 − − − Veja que obtemos uma forma escalonada simplificada. Resolução de matrizes e sistemas lineares Para resolver um sistema de equações lineares, utilizaremos o método de escalonamento, discutido anteriormente. Destacan- do a matriz completa associada ao sistema, efetuando o escalona- mento dessa matriz e retornando ao sistema na forma escalonada, obteremos a solução. Vejamos alguns exemplos a seguir. 97 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Exemplo 1 Resolva o sistema: 2 2 3 3 3 2 4 7 x y z x y z x y z + − = + − = − + + = Resolução: A matriz completa associada a esse sistema é: 1 1 1 2 2 3 3 3 1 2 4 7 − − − Essa matriz resultou na forma escalonada: 1 1 1 2 0 1 1 1 0 0 1 2 − − − Sendo essa matriz completa e associada ao sistema escalo- nado, temos: 2 1 2 x y z y z z + − = − = − = Se substituirmos 2z = na equação 1y z− = − , obteremos: 1y z− = − (2) 1 1 2 1y y y− = − ⇒ = − + ⇒ = . Do mesmo modo, se substituirmos 2z = e 1y = na equa- ção 2x y z+ − = , obteremos: (1) (2) 2 2 2 1 3x x x+ − = ⇒ = + − ⇒ = Assim, a solução para a matriz é: 3; 1; 2x y z= = = . Sugestão: mostrar como foram obtidos y e x . © Matemática98 Exemplo 2 Resolva o sistema: 2 3 3 2 6 2 2 2 4 x y z x y z x y z + − = − − + = + + = Resolução: A matriz completa associada a esse sistema é: 2 3 1 3 1 1 2 6 2 2 2 4 − − − Para facilitar o processo de escalonamento, podemos trocar de posição a primeira com a segunda linha (isso torna o pivô igual a 1). Observe, também, que a terceira linha pode ser simplificada, dividindo-a por 2. Logo, obtemos a matriz: 1 1 2 6 2 3 1 3 1 1 1 2 − − − Efetuamos o seguinte processo: • Substituímos a segunda linha pela soma dela com a pri- meira multiplicada por – 2 . • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a pri- meira multiplicada por – 1. Obtemos a matriz: 1 1 2 6 0 5 5 15 0 2 1 4 − − − − − 99 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Mas, antes de prosseguirmos, podemos dividir a segunda linha por 5, obtendo: 1 1 2 6 0 1 1 3 0 2 1 4 − − − − − • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a segun- da multiplicada por – 2 , obtendo a forma escalonada: 1 1 2 6 0 1 1 3 0 0 1 2 − − − Essa é a matriz completa associada ao sistema escalona- do, equivalente ao inicial: 2 6 3 2 x y z y z z − + = − = − = Assim, a solução é facilmente obtida: 1; 1; 2x y z= = − = . Exemplo 3 Resolva o sistema: 2 3 2 5 3 1 4 0 0 x y z x y z x y z + + = + + = − + + = Resolução: A matriz completa associada a esse sistema é: 2 1 3 2 1 5 3 1 1 4 0 0 − © Matemática100 Inicialmente, trocaremos de posição a primeira com a segun- da linha: 1 5 3 1 2 1 3 2 1 4 0 0 − Então, procedemos da seguinte forma: • Substituímos a segunda linha pela soma dela com a pri- meira multiplicada por – 2 . • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a pri- meira (multiplicada por 1). 1 5 3 1 0 9 3 0 0 9 3 1 − − • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a segun- da (multiplicada por 1). 1 5 3 1 0 9 3 0 0 0 0 1 − − ou 1 5 3 1 0 3 1 0 0 0 0 1 Essa é a matriz completa associada ao sistema escalonado: 5 3 1 3 0 0 1 x y z y z z + + = + = = A última equação, 0 1z = , é uma equação que não tem solu- ção, isto é, não existe valor nenhum para a variável z que satisfaça essa equação. O sistema é classificado como sistema impossível. Se, em qualquer estágio do escalonamento, aparecer uma linha em que todos os elementos correspondentes aos coeficien-101 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares tes do sistema são nulos, e o último termo, correspondente ao ter- mo independente, for não nulo, o sistema é dito impossível, isto é, não tem solução. Isso porque uma linha desse tipo gera uma equa- ção da forma 0 0 0x y z a+ + = , 0a ≠ , que não tem solução. Exemplo 4 Resolva o sistema: 2 6 2 3 3 3 2 3 x y z x y z x y z − + = + − = − + + = Resolução: A matriz completa associada a esse sistema é: 1 1 2 6 2 3 1 3 3 2 1 3 − − − Então, procedemos da seguinte forma: • Substituímos a segunda linha pela soma dela com a pri- meira multiplicada por – 2 . • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a segun- da multiplicada por – 3 . 1 1 2 6 0 5 5 15 0 5 5 15 − − − − − ou 1 1 2 6 0 1 1 3 0 1 1 3 − − − − − • Substituímos a terceira linha pela soma dela com a segun- da multiplicada por – 1. 1 1 2 6 0 1 1 3 0 0 0 0 − − − © Matemática102 Se, terminado o escalonamento (eliminada a situação 0x a= ), a matriz contiver uma linha inteiramente nula, essa linha pode ser eli- minada, e o número de equações fica menor do que o número de incógnitas; nesse caso, o sistema é possível e indeterminado, tendo uma infinidade de soluções. O sistema associado a essa matriz tem a forma: 2 6 3 0 0 x y z y z z − + = − = − = Observe que a última equação 0 0z = é sempre satisfeita, seja qual for o valor da variável z . Em outras palavras, para cada valor atribuído à variável z , podemos calcular os correspondentes valores de x e de y , o que justifica classificar tal sistema como sistema indeterminado. Exemplo 5 No sistema linear a seguir, aplique o método de escalona- mento para resolvê-lo. 2 7 2 7 + 21 3 5 2 8 x y z x y z x y z + + = + = − − + = − Para anular os coeficientes de x na segunda e na terceira equação, podemos multiplicar a primeira equação por ( )2− , obtendo ( 2 4 2 14)x y z− − − = − e somar esse resultado com a segunda equação (2 7 21)x y z+ + = , obtendo (0 3 7)x y z+ − = . Em seguida, devemos multiplicar a primeira equação por ( )3 , obtendo (3 6 3 21)x y z+ + = , e somar esse resultado com a terceira equação ( 3 5 2 8)x y z− − + = − , obtendo (0 5 13)x y z+ + = . 103 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Logo, temos como resultado o sistema: 2 7 0 3 7 0 5 13 x y z x y z x y z + + = + − = + + = Com esse sistema, podemos trocar de posição a segunda e a terceira equação, para que o coeficiente de y seja 1 na segunda equação. 2 7 0 5 13 0 3 7 x y z x y z x y z + + = + + = + − = Para finalizar, multiplicamos por ( )3− a segunda equação (0 5 13)x y z+ + = , obtendo (0 3 15 39)x y z− − = − , e somamos esse resultado com a terceira equação (0 3 7)x y z+ − = , obtendo (0 0 16 32)x y z+ − = − . O sistema fica assim definido: 2 7 0 5 13 0 0 16 32 x y z x y z x y z + + = + + = + − = − Portanto, temos na terceira equação: 16 32 2z z− = − ⇒ = . Assim, substituindo 2z = na segunda equação, obtemos: 5(2) 13 3y y+ = ⇒ = . Substituindo, também, 2z = e 3y = na primeira equação, obtemos: 2(3) 2 7 1x x+ + = ⇒ = − . Logo, a solução do sistema é possível e determinada, sendo dada pelo conjunto solução {( 1,3,2)}S = − . © Matemática104 Exemplo 6 Dê o conjunto solução para o sistema a seguir, utilizando o método do escalonamento. 2 4 10 6 3 6 15 11 x y z x y z − + = − + = Inicialmente, podemos dividir por ( )2 a primeira equação (2 4 10 6)x y z− + = , obtendo: ( 2 5 3)x y z− + = . 2 5 3 3 6 15 11 x y z x y z − + = − + = Observe que, para zerarmos o coeficiente de x , podemos multiplicar por ( )3− a primeira equação ( 2 5 3)x y z− + = , obten- do ( 3 6 15 9)x y z− + − = − . Em seguida, podemos somar esse resul- tado ( 3 6 15 9)x y z− + − = − com a segunda equação (3 6 + 15 11)x y z− = ( 3 6 15 11)x y z− + − = , obtendo (0 0 0 2)x y z+ + = e, por consequência, o sistema: 2 5 3 0 0 0 2 x y z x y z − + = + + = Assim, a solução do sistema é impossível, ou seja, S ϕ= . Podemos também resolver e interpretar um sistema linear utilizando representações gráficas. Sabemos que os pares de nú- meros reais, que são soluções de uma equação linear com duas incógnitas, determinam, num gráfico, uma reta. A intersecção das duas retas das equações do sistema determina a solução do siste- ma, caso esta exista. Veremos um exemplo da solução de um sistema linear por meio de representação gráfica. 105 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Exemplo 7 Dado o sistema a seguir, determine o conjunto solução e construa a resolução gráfica. 3 10 2 5 1 x y x y − = + = Para resolvê-lo, multiplicamos por ( )5 a primeira equação (3 10x y− = ), obtendo (15 5 50)x y− = . Em seguida, somamos essa equação (15 5 50)x y− = com a segunda equação (2 5 1)x y+ = , obtendo (17 0 51)x y+ = . Dessa última equação obtida (17 0 51)x y+ = , determina- mos: 17 51 3x x= ⇒ = . Substituindo 3x = na primeira equação, temos: 3(3) 10 1y y− = ⇒ = − . Portanto, o conjunto solução para o sistema anterior é dado por {(3, 1)}S = − . Graficamente, observamos duas retas concorrentes que se interceptam no ponto ( )3, 1− , que é a solução do sistema, confor- me demonstrado na Figura 1. © Matemática106 Sistema Linear -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 x y Figura 1 Representação gráfica de um sistema linear possível e determinado. Exemplo 8 Dado o sistema a seguir, determine o conjunto solução e construa a resolução gráfica. 2 5 2 4 2 x y x y − = − = Para resolvê-lo, multiplicamos por ( )2− a primeira equação ( 2 5)x y− = , 2 5x y− = obtendo ( 2 4 10)x y− + = − . Em seguida, somamos essa equação ( 2 4 10)x y− + = − com a segunda equação (2 4 2)x y− = , obtendo (0 0 8)x y+ = − . Observe que, para qualquer valor de x ou y , o resultado será sempre 8− , o que não é verdadeiro. Portanto, dizemos que o sistema é impossível e que o conjunto solução é S ϕ= . Graficamente, observamos, na Figura 2, duas retas paralelas que não se interceptam; portanto, não existe solução para o sistema. 107 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares Sistema Linear -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2 3 4 x y Figura 2 Representação gráfica de um sistema linear impossível. Exemplo 9 Dado o sistema a seguir, determine o conjunto solução e construa a resolução gráfica. 2 6 8 3 9 12 x y x y − = − = Para resolvê-lo, dividimos por (2) a primeira equação (2 6 8),x y− = obtendo ( 3 4)x y− = . Em seguida, dividimos por ( )3 a segunda equação (3 9 12)x y− = , obtendo ( 3 4)x y− = . Observe que as equações lineares são iguais e, portanto, di- zemos que o sistema é possível, porém indeterminado, pois exis- tem infinitos pares que são soluções do sistema. Graficamente, observamos, na Figura 3, duas retas coinci- dentes que possuem infinitos pontos comuns, caracterizando um sistema de infinitas soluções. © Matemática108 Sistema Linear x - 3y = 4 -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 x y Figura 3 Representação gráfica de um sistema linear possível e indeterminado. Depois de ter estudado as matrizes e os sistemas lineares, no próximo tópico, você terá a oportunidadede testar seus conheci- mentos. Caso tenha dúvidas, esclareça-as com seu tutor. 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Escreva a matriz ( )ijX a= , com 1 3i≤ ≤ e 1 3j≤ ≤ , tal que 1 , para i j 0, para i j ij ij a a = = = ≠ , e determine os elementos da diagonal principal e secundária. 2) Sabe-se que 2 3 2 2 4 3 x x y x z y w + = + + . Calcule x, y, z e w. 109 Claretiano - Centro Universitário © U2 - Matrizes e Sistemas Lineares 3) Determine as matrizes X e Y , tais que 3 2 3 2 + = + − = − X Y A B X Y A B , onde 3 0 1 2 A = − e 1 2 0 4 B − = . 4) Seja a matriz 1 2 3 A − = e a matriz 4 3 7 B = − , determine a matriz X , tal que 2X B A+ = . 5) Dada a matriz 1 3 2 0 5 1 A = − e a matriz 3 0 4 2 1 6 B = − . Determine AB . 6) Seja a matriz 2 3 1 4 A = , determine 2A . 7) Determine o produto AB , quando 4 1 8 2 A = e 3 5 12 20 B − = − . 8) Determine o conjunto solução para o sistema linear: 0 9 0 8 0 5 x y z x y z x y z + + = + + = + + = Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) A matriz deve ter três linhas e três colunas, tal que: 11 22 33 1a a a= = = e 12 13 21 23 31 32 0a a a a a a= = = = = = . 2) 3x = ; 4y = − ; 1z = ; 11w = . 3) 13 2 3 3 4 43 X − = − e 5 16 3 3 1 103 Y − = © Matemática110 4) 9 8 11 x − = − 5) 17 6 19 16 AB = − 17 6 19 16 − 6) 2 7 18 6 19 A = 7) 0 0 0 0 AB = 8) 6x = ; 3y = ; 2 z = 9. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, você pôde relembrar e aprender um pouco mais sobre as matrizes e os sistemas lineares. Na próxima unidade, você terá a oportunidade de estudar as funções. 10. E-REFERÊNCIA DOMINGUES, H. H. Origem dos sistemas lineares e determinantes. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/historia/sistemas.php>. Acesso em: 11 maio 2011. 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações. São Paulo: Ática, 2002. IEZZI, G.; HAZZAN, S. Fundamentos de Matemática elementar. São Paulo: Atual, 2004. v. 4. LAY, D. C. Álgebra linear e aplicações. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. MORETTIN, P. A. et al. Cálculo: funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva, 2003.
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