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PORTFOLIO IDENTIDADE NACIONAL, JESSICA BRAGA (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER
CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL – EaD
Polo: Cachoeira do Sul
Tutor local: Cleide Rehbein
A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA
Jéssica Braga dos Santos
 
Resumo:
A formação da identidade do Brasil criou força na época da Independência após Dom Pedro I abdicar de sua origem portuguesa e se tornar brasileiro. Houve um trabalho intenso para mostrar a Portugal e ao resto do mundo que o Brasil era um país diferente e tinha suas próprias características, sendo uma delas e mais falada, a “mistura” que originou nossa raça.
A era Vargas também fez parte desta construção, tendo grande importância em nossa história com a popularização do futebol, das comidas típicas e etc.
Atualmente uma grande influência sobre nossa cultura é a entrada econômica de estrangeiros e a visão sobre o modo de vida estadunidense.
Trabalho realizado baseado em artigos acadêmicos, e web sites.
Palavras chave: identidade, Brasil, formação
 1. Introdução
Todo país possui sua própria identidade, que faz cada um ser único em sua cultura, características e diversidade. Para entender a identidade nacional brasileira é preciso que se conheça o processo histórico de formação, desde o passado até os dias atuais. Temos como características o futebol, as comidas típicas, o carnaval, e a fama de que brasileiro é um povo acolhedor, amigável e que está sempre disposto a dar o famoso “jeitinho brasileiro”. Porém, em nosso país o preconceito e a discriminação são fortes atuantes em nossa cultura, mas sendo estes, escondidos por entre os panos.
Este artigo traz uma síntese sobre este processo identitário, que teve início na época da Independência e continua se modificando até hoje. Mostrando que nossa raça surgiu baseada na mistura de índios, portugueses e negros, e ao longo tempo foi criando influência de outras etnias, fazendo de nós o que somos atualmente.
A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA
Ao pensar na palavra identidade, logo nos vem à cabeça a idéia de perceber as características de algo, as formas, os traços próprios, que fazem com que cada coisa seja diferente do restante. Tudo que existe em nosso mundo possui sua identidade própria, seja de cada indivíduo ou de uma comunidade, como, por exemplo, nós seres humanos, as plantas, os animais, e até mesmo os países.
De acordo com Fiorin (2009) a identidade nacional é uma criação moderna e que pode ser construída a partir de uma autodescrição da cultura de cada país, e concordando com Pinto (2016), no Brasil, a mesma foi decorrente de um processo de construção histórica, como ocorre em diversos países.
“Renan mostra que uma nação é feita de “um rico legado de lembranças”, que é aceito por todos (1947, p. 903). Ela é uma herança, simbólica e material (THIESSE, 1999, p. 12). Assim, “pertencer a uma nação é ser um dos herdeiros desse patrimônio comum, reconhecê-lo, reverenciá-lo” (THIESSE, 1999, p. 12). A nacionalidade é, portanto, uma identidade.” (FIORIN, 2009)
Para existir uma nação, esta deve apresentar um conjunto de elementos simbólicos e materiais, como por exemplo: uma história, onde se estabelece a ligação e continuidade com os ancestrais; heróis, que servem de modelos sobre as virtudes nacionais; uma língua; monumentos culturais; um folclore; lugares e paisagens importantes e típicas; Hino, Bandeira, Escudo, etc; costumes, especialidades culinárias e árvores símbolo.(FIORIN, 2009)
“A identidade nacional é um discurso e, por isso, ela, como qualquer outro discurso, é constituída dialogicamente (BAKHTIN, 1970, p. 34-36; 1988, 86-88 e 96, 100; 1992, p. 319 e 353-358).” (FIORIN, 2009).
O empenho para se constituir a identidade brasileira, também chamada de brasilidade, está conectado à necessidade de uma coesão social que acompanhe a existência de um Estado que administra todo o território nacional. O fato de a língua portuguesa ser comum a todo o território, apesar de suas particularidades regionais, também contribuiu nesse processo de identidade. Durante o Período Regencial houve a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838, que foi o primeiro passo na tentativa estatal de refletir sobre temas que estariam relacionados à nação brasileira. (PINTO, 2016)
 “Durante o Primeiro Reinado e o Período Regencial, não houve grandes avanços na construção da identidade nacional, a não ser a formação de forças repressivas militares para garantir a ordem latifundiária e escravocrata em todo o território nacional. Os conflitos separatistas provinciais das décadas de 1830 e 1840 eram um obstáculo à integralidade territorial e também à coesão social do país recém-independente. (PINTO, 2016).
O processo de construção da nacionalidade brasileira surge com a nacionalização de Dom Pedro I, quando este renuncia a seu país de origem, e assume a nacionalidade do Brasil. Para a construção da identidade brasileira era preciso levar em consideração a origem portuguesa, porém, apresentar o povo brasileiro, como povo diferente do de suas heranças. (FIORIN, 2009)
A literatura teve um papel de grande importância na constituição da nacionalidade, pois os autores românticos, com destaque para Alencar, estiveram na linha de frente desse processo. A obra mais importante para destacar este patrimônio de identidade, é O Guarani, nela foram descritas as paisagens típicas do Brasil; a singularidade da língua; e o casal ancestral dos brasileiros (Peri e Cecília, um índio e uma portuguesa respectivamente). Um modelo explicativo sobre a singularidade da cultura brasileira também é elaborado, o que constituiria o Brasil como nação. É com o romantismo que se começa a construir a idéia de que a cultura brasileira se baseia na mistura. (FIORIN, 2009) 
De acordo com Fiorin, 2009, no romance O Guarani, existe um mito sobre a origem de nosso país, onde dizia ter sido formado inicialmente pelo casal Peri e Cecília, um índio que aceitara os princípios cristãos, e uma portuguesa que acolhera os valores da natureza do Novo Mundo.
“O mito de origem de nosso país opera com a união da natureza com a cultura, ou seja, dos valores americanos com os europeus. O Brasil seria, assim, a síntese do velho e do novo mundo, construída depois da destruição do edifício colonial e dos elementos perversos da natureza. Os elementos lusitanos permanecem, mas modificados pelos valores da natureza americana. A nação brasileira aparece depois de um dilúvio, em cuja descrição se juntam os mitos das duas civilizações constitutivas de nosso povo, o de Noé e o de Tamandaré (FIORIN,2009).”
Na obra também foi relatada a fundação da língua falada no Brasil, que não se tratava	 do português como é falado em Portugal, mas de um português modificado pela natureza brasileira. Tendo a concepção do povo e da língua existentes no país, não se poderia permitir que a literatura reproduzisse os cânones da literatura portuguesa, devendo incorporar a variedade lingüística de nosso país. Ter independência lingüística era tão importante quanto ter independência política. (FIORIN, 2009)
Outro movimento de construção de identidade importante, existiu na primeira metade do século XX, que falava sobre a mistura de nosso povo, considerando que a mestiçagem era o nosso jeito de ser. 
“O Brasil celebra a mistura da contribuição de brancos, negros e índios na formação da nacionalidade, exaltando o enriquecimento cultural e a ausência de fronteiras de nossa cultura. De nosso ponto de vista, o misturado é completo; o puro é incompleto, é pobre. Insiste-se no fato de que se está falando de autodescrição da cultura brasileira. (FIORIN, 2009)”
De acordo com Fiorin, 2009, a idéia de que nossa cultura se assenta na mistura e, sendo assim, de que o brasileiro é acolhedor, tolerante, amigável e simpático, naturaliza-se, pouco a pouco. Entretanto, no intrínseco da cultura, não era exatamente assim que acontecia. Em primeiro lugar é preciso perceber que há sistemas que não são admitidos nessa mistura.Por exemplo, na era da construção da nacionalidade não existe a idéia da miscigenação das três raças que atualmente se diz terem criado a nação brasileira, mas apenas a dos índios e brancos. Não se desejava a mistura com os negros, porque se tratavam de escravos, com isso eles eram excluídos da idéia de mistura. 
Embora o brasileiro tenha passado a ser conhecido como acolhedor, cordial e agradável, escondia-se por entre os panos o povo cheio de preconceito e a exclusão que existia sobre certas classes, em relação a gênero, raça, cor e sexualidade. Acreditava-se que o negro deveria ser extinto da sociedade, para só assim existir uma raça “pura”, não exaltavam a mistura que existia, e sim a tinham como excluída, impura, foi este o chamado “embranquecimento cultural”. As mulheres eram desvalorizadas, diminuídas e tratadas como posse, e os homossexuais eram condenados pela literatura. (FIORIN, 2009)
“O melhoramento era o afastamento do negro, considerado rude, sem cultura, incivilizado, e a aproximação com o branco, modelo da sociedade brasileira; a piora era a aproximação com o negro.( FIORIN, 2009)”
Segundo Pinto, 2016, com a chegada de Getúlio Vargas à presidência após a Revolução de 1930, se fortaleceu um esforço nacional da parte do Estado para a difusão de uma cultura brasileira unânime. A Era Vargas representou um novo momento de centralização política, com o auxílio da criação de instituições que pretendiam padronizar práticas administrativas, como o Ministério do Trabalho e a política de oferta de uma educação básica comum. Padronizar os currículos escolares buscava interligar um conteúdo nacional através do processo educativo institucional, com isso levou também a uma erradicação dos traços culturais das minorias étnicas que não eram admitidos como constituintes identitários.
Os anos 1930 foram sem dúvida o momento de explosão do nacionalismo, tanto na política quanto no próprio futebol. No cenário político este movimento foi impulsionado pelo governo de Getúlio Vargas e no futebol os símbolos nacionalistas se fortalecem após a profissionalização deste esporte, em 1933, tendo seu ápice na Copa de 1938. Os movimentos de construção da nação partiram do Rio de Janeiro e abrangeram todo o Brasil. (SILVA e CARVALHO, 2016)
De acordo com Silva e Carvalho, 2016, por meio constitucional, em 1937 a impressa passou a ser subordinada ao poder público. No projeto educativo criado pelo Estado Novo, o Estado se impõe como único interlocutor legítimo para falar com e pela sociedade. O que torna evidente o empenho do governo no sentido de usufruir das manifestações da cultura popular como fonte de disseminação da ideologia oficial.
Durante o governo Getulista foram criados diversos instrumentos de educação coletiva com intuito de promover o ensino de bons hábitos. Os cidadãos passaram a serem “educados” pelo rádio, cinema, esporte, música popular. A cultura popular foi usada para singularizar o Brasil e para a reconceituação e a exaltação do sentido positivo de “popular”. (SILVA e CARVALHO, 2016)
“No século XX o Estado e os intelectuais de várias correntes teórico-ideológico lançam-se na busca do Brasil. Durante as ações do projeto de invenção da nação os discursos, interpretações e a própria imagem de identidade e memória nacional tem seus rumos ditados pelos intelectuais. Ao longo da Era Vargas são criados símbolos nacionais que concentram a cultura popular. O samba e o futebol são vistos como símbolos de nacionalidade e se tornam ferramentas de divulgação do ideal de unidade nacional. Contudo há quem qualifica os símbolos nacionais criados pelos homens de ação e pensamento – políticos e intelectuais, como ferramenta de alienação e de não representação da cultura popular. Tomamos como exemplo o futebol que era defendido por muitos e igualmente criticado. (SILVA E CARVALHO, 2016)
Entre as camadas populares, o futebol havia se tornado sua maior paixão, e antes de sua regulamentação, em abril de 1941, ele sofreu muitas interferências do Governo. O maior interesse de Vargas no futebol era a influência que este tinha sobre a população, a popularidade deste esporte se mostrava como um meio para propagar a ideologia oficial do Estado. A impressa foi um importante veículo de propaganda e controle utilizado por Vargas, e serviu também para disseminar a idéia do Brasil como o “país do futebol”. Na formação da identidade nacional e do nacionalismo durante a era Vargas, o futebol é apresentado nos jornais como um símbolo de harmonia, sem conflitos e sendo um esporte coletivo. (SILVA e CARVALHO, 2016)
“Entre as décadas de 1940 e 1960, a construção da identidade nacional passou a ser realizada levando em consideração a luta contra o que era considerado uma influência colonial, do que era vindo da Europa ou dos EUA. A partir da década de 1960, com a ditadura militar e sua centralização autoritária e repressiva, aliadas à difusão da televisão pelos domicílios, um novo momento de difusão de elementos culturais foi conhecido. As telenovelas passaram também a auxiliar na exposição de práticas sociais consideradas expoentes da brasilidade. (PINTO, 2016)”
De acordo com Pinto, 2016, a partir deste período, com a entrada cada vez maior do capital estrangeiro em nossa economia e a apresentação de um modo de vida mais próximo do estadunidense, tiveram forte influência sobre o processo contínuo de formação da identidade nacional, momento que ainda estamos vivenciando no século XXI. 
É importante ressaltar que nossa cultura surgiu baseada na diversidade de três raças diferentes, índios, portugueses e negros, mesmo que estes últimos não sejam citados pela história como povo integrante dessa mistura, já que se tratavam de escravos e eram considerados uma raça impura.
Conhecer todo o processo de construção que deu origem a nossa nacionalidade é relevante a todos os brasileiros, sabermos de onde viemos, quem somos e o que definiu nossas características como país. E para nós, futuros assistentes sociais, é ainda mais importante, pois seremos agentes de garantia de direitos e precisamos conhecer nossa identidade e nossa formação para atuarmos com conhecimento e segurança.
3. Considerações finais
Com base nas pesquisas realizadas, podemos perceber que a construção de nossa identidade partiu da idéia de desligar o Brasil de Portugal, fazendo assim se tornar uma nação independente, com seus costumes, raças predominantes e características. Ao passar dos anos diversos fatores tiveram grande influência em nossa cultura, como as imigrações, a literatura e a política.
Como brasileiros, devemos conhecer nossa história para sabermos quem somos de fato, e pelo o que devemos lutar. Já no âmbito acadêmico e profissional de Serviço Social, precisamos entender este processo de formação para termos consciência de onde surgiram os direitos e deveres de nosso povo, já que seremos nós, os agentes que protegerão e garantirão que estes sejam cumpridos.
Este processo é gradativo e constante, pois as pessoas e as influências sempre mudam, nosso país estará sempre em evolução e cabe a nós nos mantermos atualizados e cientes do povo que somos, o que nos deu origem e o que tem nos transformado ao longo do tempo.
4. Referências Bibliográficas
SILVA, Kelen Katia Prates e CARVALHO, Eduardo Souza de. A construção da identidade nacional durante a era vargas: os políticos, os intelectuais e o futebol. Revista Outras Fronteiras, Cuiabá-MT, vol. 3,n. 1,jan/jun, 2016.
PINTO, Tales dos Santos. Construção da identidade brasileira. 2016. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/a-identidade-nacao-brasileira.htm >. Acesso em: 10 de outubro de 2017.
FIORIN, José Luiz. A construção da identidade nacional brasileira. Bakhtiniana, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 115-126, 1o sem. 2009.

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