Buscar

Teoria Semiótica

Prévia do material em texto

TEORIA SEMIÓTICA
Antonio Carlos Santana
NEC/UEMS/NA
O termo Semiótica vem do grego semeiotiké que significa “a arte dos sinais”. 
Ela é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais 
como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. A semiótica se ocupa 
do estudo do processo de significação ou representação, na natureza e na cultura, do 
conceito ou da idéia; por isso dizemos que ela é mais abrangente que a lingüística, pois 
esta se restringe ao estudo dos signos lingüísticos, ou seja, do sistema sígnico da 
linguagem verbal, ao ponto que a Semiótica tem por objeto qualquer sistema sígnico 
Vamos a algumas definições teóricas sobre o assunto:
SAUSSURE: A língua é um sistema de signos que exprime idéias e, por isso, 
comparável à escritura, aos ritos simbólicos, aos sinais militares, ao alfabeto dos surdos-
mudos etc. Ela é apenas o mais importante desses sistemas. Pode-se, portanto, conceber 
uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social.
J. KRISTEVA: A partir do fato de que a linguagem “poética” (ou o texto) é aquela em 
que “a contradição vai até representar-se como lei de (seu) funcionamento”; daí a 
abertura infinita (como sabemos) de tal linguagem, exposta ao trabalho: o texto seria o 
retorno do conceito à contradição como infinidade e/ou fundamento”; em suma, “a 
contradição se revela como a matriz básica de toda significância”.
Destinador
RELAÇÃO DE COMUNICAÇÃO
Destinatário
Sujeito
RELAÇÃO DE AÇÃO
Objeto
O sujeito possui relação de ação com o objeto. Ele vai à busca do objeto e para 
isso ele precisa de algumas modalidades: crer, querer, poder, saber.
As narrativas em geral tomam sentido no “desequilíbrio”, na perda de algo que 
é preciso resgatar. Assim, surge a busca do sujeito sobre o objeto.
Ex.: Novela Roque Santeiro – A cidade vivia pelo turismo que se desenvolveu sobre o 
mítico santo Roque Santeiro que estava morto. De repente, chega o Roque Santeiro na 
cidade. A ação que surge pelo sujeito (neste caso um sujeito coletivo – a cidade inteira) 
é mais do que um querer. É um dever em fazer com que o Roque Santeiro desapareça 
para tudo voltar ao equilíbrio novamente.
Destinador Destinatário
fazer querer fazer
Ao recontarmos um romance lido a uma outra pessoa poderemos usar outras 
palavras, outras frases, mudar as “substâncias” etc, mas há algo que nunca muda: a 
estrutura que todo texto possui.
Essa estrutura é a estrutura narrativa.
Assim a forma do conteúdo sempre está abordando toda a estrutura do texto, 
ora em nível da palavra (sintaxe-semântica, morfo-sintaxe), ora em nível da frase 
(sintaxe gerativa), ora em nível de todo o texto (sintaxe textual – semiótica).
Dentro do interesse de obtermos uma conclusão, podemos dizer que na vida 
sempre estamos em busca de um sentido. Porém por detrás deste sentido há uma grande 
estrutura narrativa que se constitui por um destinador que influencia, manipula um 
sujeito a fazer algo. Assim temos um fazer fazer entendido como a manipulação e fazer 
crer seria a persuasão. 
Na relação de comunicação há sempre um “fazer” do destinador que se 
relaciona com o “fazer” do destinatário. Mas não podemos esquecer que existe no plano 
exterior e interior essa relação (destinador – destinatário). Pois dentro de nós o 
destinador é o superego que nos induz a fazer algo. Por exemplo, uma pessoa que diz: 
Puxa! Hoje não estou com vontade de fazer nada... não estou nem um pouco a fim de 
fazer esse trabalho! Mas... eu tenho que fazer! Assim percebemos que na relação de 
comunicação tanto interna ou externa, começa existir certas modalidades como por 
exemplo: dever, querer, saber.
Mas para se chegar ao fazer é preciso antes de tudo crer depois querer. Mas às 
vezes o sujeito quer mas não pode, então precisa o poder. Depois de querer, poder, 
precisa o saber.
DESTINADOR DESTINATÁRIO(sujeito) PERSUASÕES
saber – fazer → querer – fazer Sedução
poder – fazer → querer – fazer Tentação
saber – fazer → dever – fazer Provocação
poder – fazer → dever – fazer Intimidação
Com o quadro acima percebemos as relações exteriores do destinador e o 
destinatário. Por exemplo: O homem sabe fazer como uma mulher queira fazer e vice-
versa; é a sedução. Pois o homem diz: Puxa! Você é tão linda!... (Pronto, a mulher se 
envaidece e vai cair no ponto do fazer!)
Como já foi citado essas modalidades podem estar presentes em um plano 
interior do indivíduo. É quando o ego e o superego se relacionam claramente entre, por 
exemplo, um fazer (poder-fazer) do ego agir sobre o superego (querer-fazer).
O ser humano sempre está, ou em estado de ação, ou de paixão.
A paixão, às vezes, é decorrente de ações passadas do próprio sujeito como 
também, poderá ser decorrente de ações de outras pessoas. Assim estamos sempre em 
um ciclo onde paixões alimentam futuras ações e ações que alimentam novas paixões.
Podemos dizer que as paixões é o estado que maior tempo nós passamos. É ao 
mesmo tempo passional (passivo) e ao mesmo tempo potencial para ações futuras.
O que depende para a pessoa sair do seu estado passional e agir, é sua 
competência, a sua performance (ação). Para pessoa entrar no campo do agir depende de 
sua competência que compõe modalidades: saber, querer, poder, crer etc.
Outra função actancial que existe, além das já citadas é o anti-sujeito. Anti-
sujeito é tudo aquilo que impede a ação do sujeito. Ex.: Um dragão que impede o 
cavalheiro de chegar até a princesa. Porém, por detrás do símbolo desse dragão sabe-se 
que sempre há um destinador que por sua vez se torna anti-destinador de um primeiro 
destinador do sujeito. Como exemplo esse poderia ser uma bruxa.
ANTI-SUJEITO ⇒ Interrompe a fluência do sujeito.
Retarda uma narrativa.
A vida sempre se baseia pelas PARADAS. Pois não existe continuidade 
absoluta. Em uma trajetória poderá existir mais ou menos paradas, mas o fato é que 
sempre há. Até mesmo em uma “parada” é necessário que exista “parada da parada” 
para que assim “algo” possa caminhar, continuar. É necessário que a parada pare para 
que retome a continuidade.
A parada é em essência um grande anti-sujeito. E parada da parada é o sujeito 
se transformando anti-sujeito do anti-sujeito.
A parada é um sentido negativo porque não são muitas coisas até que saiba o 
que é!
O anti-sujeito é importante por que surge em todas as áreas. Até mesmo na 
música surge primeiro uma melodia até que surja uma melodia de contraste que se torna 
anti-sujeito da primeira. Depois é retomada a primeira melodia que de certa forma é o 
símbolo da vitória do sujeito.
DESTINADOR DESTINATÁRIO SUJEITO
OBJETO ANTI-SUJEITO ANTI-DESTINADOR
ADJUVANTE ANTI-ADJUVANTE
A leitura fornece matéria prima para a escrita: o que se escrever.
A leitura contribui para a constituição dos modelos: o como se escrever.
Os sentidos têm sua história, isto é, há sedimentação de sentidos. Segundo as 
condições de produção de linguagem.
Um texto tem relação com outros textos (a intertextualidade).
Referências Bibliográficas para Consulta
BARROS, Di. Luz P. de. Teoria do discurso: fundamentos semióticos. São Paulo: 
Atual, 1988.
BARROS, D. L. P. de. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 1990.
BERTRAND, D. Caminhos da semiótica literária. Trad. Grupo CASA. Bauru: Edusc: 
2001.
CORTINA, A.; MARCHEZAN, R. C. Teoria Semiótica: a questão do sentido. In: 
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Org.). Introdução à Lingüística III: 
fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. p. 393-438.
EVERAERT-DESMEDT,N. Semiótica da narrativa. Trad. Alice Frias. Coimbra: 
Almedina, 1984.
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 1989.
FONTANILLE, J. Semiótica do discurso. Trad. Jean Cristtus Portela. São Paulo: 
Contexto, 2007.
KRISTEVA, J. Sêmêiôtikê: Recherches pour une sémanalyse. Paris: Seuil, 1969.
LOPES, I. C.; HERNANDES, N. (Org.). Semiótica: objetos e práticas. São Paulo: 
Contexto, 2005.
SAUSSURE, F. de. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 1980.
TATIT, L. Abordagem do texto. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à lingüística 
I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. p. 187-209.
TATIT, L. Análise semiótica através das letras. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
	TEORIA SEMIÓTICA
	DESTINADOR		DESTINATÁRIO(sujeito)		PERSUASÕES

Outros materiais

Perguntas Recentes