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FARMACOLOGIA GERAL Conceitos gerais Conceito de drogas “Droga é uma substância química de estrutura conhecida, que não seja nutriente ou ingrediente essencial da dieta, que, quando administrada em um organismo vivo produz um efeito biológico”. Exceções: insulina e tiroxina quando administrados intencionalmente Medicamento – preparação química, que geralmente, não necessariamente, contém uma ou mais drogas com o intuito de produzir um efeito terapêutico. Conceito de farmacologia Farmacologia é o estudo das propriedades de substâncias químicas usada em medicina (humana ou veterinária) com propósito terapêutico ou diagnóstico. Áreas de extrema importância para farmacologia: Estudo da absorção e destino das drogas (farmacocinética). Estudo dos efeitos e dos mecanismos bioquímicos e fisiológicos (farmacodinâmica). ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DROGAS Para que possam agir, os fármacos precisam atingir uma concentração adequada nos tecidos alvos. Uma droga precisa atravessar várias membranas de tecidos desde o sítio de administração até alcançar o seu sítio de ação e produzir a resposta. O fármaco move-se pelo organismo de duas maneiras: Fluxo de massa (corrente sanguínea) e difusão (moléculas do fármaco atravessando membranas). Algumas características físico-químicas dos fármacos governam sua absorção, distribuição e excreção. BARREIRAS CELULARES A ABSORÇÃO Exemplos de barreiras a serem atravessadas: Pele Mucosa gástrica Barreira hematoencefálica Barreira placentária Endotélio vascular (diferente para cada tecido) Difusão pode ocorrer por espaços entre as células ou através delas. Barreiras pode tornar-se mais permeáveis em situações de inflamação. 1º Mecanismo: Difusão Passiva Drogas atravessam as membranas baseadas em: Habilidade de dissolver na porção lipídica Tamanho molecular Características físico químicas do fármaco influenciam: Características físico químicas do fármaco influenciam: Fármacos lipossolúveis atravessam melhor Fármacos ionizáveis (ácidos ou bases) precisam estar em sua forma não-ionizável para atravessar as membranas. Fármacos lipossolúveis: Sais Anestésicos Sedativos, tranquilizantes e narcóticos Antibióticos Organofosforados Hormônios Fármacos lipossolúveis: Rapidamente absorvíveis Chegam mais rápido ao SNC Podem atravessar a placenta Podem acumular-se na gordura (problemas toxicidade) Fármacos ácidos ou bases fracas: Sofrem efeito do pH do meio: Fármacos Ácidos Ex.: aspirina (ácido acetilsalicílico) sendo absorvida no estômago Fármacos ácidos ou bases fracas (ionizáveis): Sofrem efeito do pH do meio: Fármacos Básicos Ex.: Evitar dar leite em casos de envenenamento de animais Fármacos ácidos ou bases fracas: Sofrem efeito do pH do meio: Suco gástrico – pH 1,5 a 3,0 (monogástricos) Suco gástrico – pH 5,5 a 7,0 (ruminantes) Plasma – pH 7,4 Urina – pH 4,5 a 8 Casos de envenenamento: pode-se tentar diminuir absorção no estômago ou aumentar a excreção na urina (evitar reabsorção). Maioria dos fármacos são ionizáveis! 2º Mecanismo: Mediado por transportadores Muitas membranas celulares possuem mecanismos de transporte que regulam a saída de moléculas fisiológicas: (ex.: açúcares, aminoácidos, neurotransmissores e íons) Envolvem uma proteína transmembrana (transportador): Esta se liga a molécula no meio extracelular Há uma mudança na conformação do transportador Ocoordendo a liberação da molécula no meio intracelular Existem dois tipos de transporte por este mecanismo: Sem gasto de energia (apenas facilitam - a favor do gradiente eletroquímico) DIFUSÃO FACILITADA Ex.: reabsorção glicose no rim e absorção vitamina B12 Com gasto de energia (acoplados ao Na+ - contra um gradiente eletroquímico) TRANSPORTE ATIVO Ex.: droga anti-câncer 5-fluoracila (transportador de uracila no intestino) droga anti-Parkinson levodopa (transportador de fenilalanina *mais comum que difusão facilitada. Atenção! Transportadores podem ficar saturados Principalmente no transporte ativo (difusão facilitada é mais rápida) Pode ser inibido se outra substância competir pelo transportador Este tipo de transporte é de maior importância em certos locais: Barreira hematoencefálica Trato gastrointestinal Túbulo renal Trato biliar Placenta GLICOPROTEÍNA P: Transporte reverso Outros Mecanismos 3º Mecanismo: Canais aquosos AQUAPORINAS Importante para moléculas pequenas como gases (CO2) 4º Mecanismo: Endocitose PINOCITOSE Mecanismo de menor importância para fármacos Envolvido no transporte de moléculas grandes Ex.: INSULINA, polipeptídeos, toxinas bacterianas, antígenos e proteínas alimentares VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Várias vias envolvem um processo de absorção na qual a droga precisa cruzar uma ou mais barreiras antes de entrar na circulação sanguínea. Exceção: Via intravenosa – direto circulação Há uma divisão em dois tipos de vias: VIAS ENTERAIS (alimentares) VIAS PARENTERAIS (evitam trato gastrointestinal) VIAS TÓPICAS INALAÇÃO VIAS ENTERAIS Vias que envolvem a passagem pelo trato gastrointestinal: Via oral Via retal Via sublingual VANTAGENS: Vias enterais são mais seguras; Via oral é a via mais conveniente e econômica. EFEITO SISTÊMICO *Exceções: fármacos que precisam agir apenas no intestino (ex. alguns antibióticos e antiparasitários) VIA ORAL Em sua maioria os fármacos são administrados pela boca e deglutidos. Parte do fármaco é absorvido já no estômago, mas maior parte no intestino. Bases e ácidos fortes são pouquíssimo absorvidas. Ex.: curare utilizado por índios para capturar animais – veneno não passa pelo trato gastrointestinal caso a carne do animal seja ingerida (base forte – composto de amônio quaternário). Administração em animais muitas vezes precisa ser induzida. DESVANTAGENS: O meio ácido do estômago e as enzimas digestivas podem destruir a droga. RUMINANTES: *As enzimas bacterianas podem inativar a droga *O fármaco pode alterar os processos digestivo (ex. antimicrobianos) *O rúmen age como um compartimento diluidor (volume de fluído muito maior) – velocidade de absorção diferente Algumas drogas irritam a mucosa gastrointestinal (ex. aspirina) A presença de alimentos pode prejudicar a absorção (ex. tetraciclina liga-se ao Ca2+ presente em alguns alimentos como o leite) Algumas drogas (ex. propranolol) são extensivamente metabolizadas pela mucosa gastrointestinal e pelo fígado antes de alcançar a circulação sistêmica. OUTRAS CONSIDERAÇÕES: Drogas antimuscarínicas e narcóticas podem atrasar o esvaziamento gástrico e, por isso, a taxa de absorção, prolongando o tempo de início do efeito. Um intestino hiperativo pode reduzir o tempo de trânsito e assim reduzir o tempo de contato droga-intestino levando a absorção reduzida Comprimidos entéricos revestidos podem proteger a droga de destruição pelo ácido do estômago e aumentar a absorção VIA RETAL Pode ser usada em animais inconscientes ou com vômitos. Absorção mais lenta: a região retal possui poucas áreas de absorção devido a falta das vilosidades intestinais. Veias retais desembocam na veia cava inferior ocasionando assim a liberação do fármaco na circulação sistêmica. Vantagem de driblar quase que por completo o sistema portal hepático (embora não totalmente). VIAS PARENTERAIS Vias que evitam a passagem pelo trato gastrointestinal: Via intravenosa Via intradérmica Via subcutânea Via intramuscular Via intraperitoneal Via intratecal Via intra-arterial VANTAGENS: *Início rápido – pode ser útil em um animal inconsciente ou vomitando *Absorção mais previsível e uniforme EFEITO SISTÊMICO MÉTODOS PARA RETARDAR ABSORÇÃO: Coadministração de epinefrina: injeções intramuscular e subcutânea são determinadas pelo fluxo sanguíneo local – absorção de anestésicos locais é geralmente retardada pois é capaz de diminuir o fluxo sanguíneo local (prolongando ação); Diminuindo a solubilidade da preparação: ex.:benzilpenicilina procaína em solução aquosa; Associação de insulina com protamina/zinco: efeito retardado (também chamado de insulina de longa duração). DESVANTAGENS: É necessário assepsia; A administração parenteral pode provocar dor e existe o risco de penetrar algum vaso sanguíneo durante a injeção intramuscular; Risco de embolia; A velocidade de início muitas vezes é tão rápida (especialmente i.v.) que a resposta cardiovascular pode ocorrer com drogas que normalmente tem efeitos mínimos sobre este sistema; Em animais destinados ao consumo humano pode ocorrer alteração na cor da carne ou a formação de abcessos (desvalorização da carcaça). VIAS TÓPICAS O grau de absorção depende da lipossolubilidade da droga Pele abrasada ou queimada pode absorver mais a droga do que a pele intacta Maioria dos fármacos é pouco absorvida Preparações dérmicas (ex. esteroides e antibióticos), nasais e colírios EFEITO GERALMENTE LOCAL INALAÇÃO Utilizada principalmente por anestésicos voláteis e gasosos Também utilizada para fármacos com ação sobre os pulmões *na forma de aerossol – ex. glicocorticoides e broncodilatadores A resposta é rápida – grande superfície dos pulmões e grande fluxo de sangue EFEITO LOCAL OU SISTÊMICO FORMAS FARMACÊUTICAS DEFINIÇÃO: estado de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem... ... com ou sem a adição de excipientes apropriados... ... a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado... ... com características apropriadas a uma determinada via de administração. Biscoito Terapêutico: Especialmente desenvolvida para administração de medicamento em animais e, devido ao mascaramento do sabor, facilita a ingestão. Pasta Oral: Indicada para gatos, pode ser aplicada na pata dos animais, pois eles ingerem o medicamento quando as lambem. Cápsulas: Uma ou mais substâncias medicamentosas e/ou inertes são acondicionadas em um pequeno invólucro, em geral preparada em base de gelatina Elixir ou xarope: De uso oral que contêm uma grande concentração de álcool, açúcares e água Gotas orais: Administradas em pequenos volumes, utilizando um utensílio de medida adequado, como conta-gotas, frasco gotejador, etc Sachês: Pó destinado à administração em doses individuais e únicas, podendo ser misturadas com alimentos ou líquidos Pomadas/géis: Preparações semi-sólidas para uso tópico Xampus Forma farmacêutica dermatológica utilizada para limpeza do animal. Podem conter princípios medicamentosos ou cosmético. FARMACOCINÉTICA Processamento de Fármacos: O processamento dos fármacos é dividido em quatro estágios: ABSORÇÃO (a partir do local de administração) DISTRIBUIÇÃO (pelo organismo) METABOLISMO ELIMINAÇÃO Absorção/distribuição: Geralmente levam a droga a ter seu efeito Metabolismo/eliminação: Geralmente levam a droga a perder seu efeito ABSORÇÃO: Fármacos com baixa lipossolubilidade (ácidos e bases fortes) geralmente são pouco absorvidos no trato gastrointestinal; A absorção no trato gastrointestinal depende de muitos fatores, incluindo: Motilidade gastrointestinal pH gastrointestinal Tamanho das partículas Interação físico-química com conteúdo intestinal (ex. tetraciclinas e cálcio) BIODISPONIBILIDADE: é a fração de uma dose ingerida de um fármaco que tem acesso a circulação sistêmica: É a concentração que chega a circulação. BIOEQUIVALÊNCIA: produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade. DISTRIBUIÇÃO: A distribuição de drogas é a transferência reversível de um para outro sítio do organismo: A droga pode ficar retida no sangue, entre as células ou em algum tecido Este fenômeno é reversível, embora possa acontecer lentamente Ligação a proteínas plasmáticas (reversível): Pode afetar a distribuição porque somente a droga livre atravessa membranas Não evita que a droga alcance o lugar de ação, mas diminui a velocidade que a droga alcança concentração suficiente para produzir um efeito farmacológico Exemplo: Drogas ácidas se ligam primariamente a ALBUMINA e drogas básicas se ligam primariamente a α1-GLICOPROTEÍNA ÁCIDA. Ligação a proteínas plasmáticas: A ligação a proteínas também limita a filtração glomerular (rins) - ↓ELIMINAÇÃO A medida que a concentração da droga livre diminui a parte ligada a proteína se dissocia – para manter a quantidade de droga em estado livre. A redistribuição de drogas pode terminar com a resposta da droga: O que termina com a resposta da droga geralmente é sua metabolização e excreção; Mas a redistribuição para outros tecidos também, pois pode diminuir a concentração no real sítio de ação (terminando com a resposta) As drogas que possuem esse fenômeno geralmente são altamente lipossolúveis (ex.: tiopental) METABOLISMO Também chamado de BIOTRANSFORMAÇÃO: São as alterações químicas dos xenobióticos (ex. drogas) e substâncias endógenas no corpo. Função do metabolismo: Tornar as substâncias mais hidrossolúveis Reduzindo a reabsorção renal, aumentando a excreção na urina NÃO é necessariamente sinônimo de INATIVAÇÃO: Algumas drogas quando metabolizadas possuem atividade MAIOR Exemplos: inseticida inativo paration é transformado em insetida ativo paraoxon; a codeína é biotransformada no analgésico mais potente morfina. LOCAIS DE AÇÃO: FÍGADO – mais importante Pulmões Rins Epitélio gastrointestinal Dividido em duas fases: Enzimas de BIOTRANSFORMAÇÃO DE FASE 1: Enzimas de oxidação: Adicionam oxigênio ou removem hidrogênio Enzimas de redução: Adicionam hidrogênio Enzimas de hidrólise: Quebram ésteres ou amidas ENZIMAS DE OXIDAÇÃO: adicionam oxigênio ou removem hidrogênio Oxidação Microssomal: A maioria das oxidações é feita pela família de enzimas do CITOCROMO P450 (CYP); O2 é incorporado ao fármaco, gerando H2O e fármaco oxidado; Utilizam NADPH ENZIMAS DE OXIDAÇÃO: adicionam oxigênio ou removem hidrogênio Oxidação Não-Microssomal: *Enzimas no citosol e mitocôndria (poucas susbtâncias) ÁLCOOL ou ALDEÍDO DESIDROGENASE: oxida etanol e acetaldeído MONOAMINOXIDASE: oxida epinefrina, norepinefrina, dopamina e serotonina XANTINA OXIDASE: oxida xantina ENZIMAS DE REDUÇÃO: adicionam hidrogênio: Tanto microssomais quanto não-microssomais Menos frequentes Substâncias biotransformadas: cloranfenicol e naloxona ENZIMAS DE HIDRÓLISE: quebram ligações do tipo ester ou amida ESTERASES: geralmente não-microssomais, encontradas no plasma e fígado. AMIDASES: enzimas não-microssomais, primariamente no fígado. Ex.: metabolismo da procainamida e indometacina Enzimas de BIOTRANSFORMAÇÃO DE FASE 2: Podem sofrer transformação tanto metabólitos da Fase 1 quanto a droga original ENZIMAS DE CONJUGAÇÃO: (acoplamento com substâncias endógenas) Presentes em microssoma, citosol e mitocôndria; Os produtos da fase 2 geralmente tem maior solubilidade em água e são excretados na urina. PRÓ-FÁRMACOS Pró-fármacos são precursores inativos (ou com atividade diminuída) metabolizados em metabólitos ativos. Têm como função contornar problemas como instabilidade em pH gástrico, irritação gástrica direta ou incapacidade de atravessar barreira hematoencefálica. EXEMPLOS: Ácido acetilsalicílico – não irrita tanto trato gastrointestinal e é metabolizado a ácido salicílico Enalapril – é metabolizado a enalaprilate (que é pouco absorvido devido a interação com o pH gástrico) Levodopa – atravessa a barreira hematoencefálica e é metabolizada a dopamina FATORES QUE AFETAM O METABOLISMO Uso simultâneo de drogas: Certas drogas (ex.: pentobarbital, pesticidas organoclorados) aumentam a síntese de enzimas do CYP – aumentando a metabolização de algumas drogas. Idade: A habilidade de metabolizar drogas é reduzida nos fetos, animais recém-nascidos e velhos. Sexo: Ratos metabolizam mais rápido que ratas. (outras espécies?) Doença: Patologias hepáticas geralmentediminuem metabolismo no fígado. Outras doenças (ex. insuficiência cardíaca congestiva e doença renal) podem alterar distribuição das drogas) Diferenças entre espécies: Anfíbios aquáticos e peixes tem baixas concentrações de enzimas metabolizadoras - o CYP está desenvolvido mais em animais terrestres; Gatos tem reduzida atividade da glicuronil transferase e metabolizam lentamente fármacos como aspirina e paracetamol; Cães não tem habilidade de acetilar grupos amino (ex. sulfonamidas) Ruminantes têm baixos níveis de colinesterases plasmáticas (ex. succinilcolina tem efeito mais prolongado) ELIMINAÇÃO Também chamada de EXCREÇÃO: Refere-se ao processo pelo qual a droga ou metabólito é eliminado. As principais vias pelas quais os fármacos são eliminados: Rins Sistema hepatobiliar Pulmões Glândulas URINA – o rim é o órgão primário na excreção de drogas: Filtração glomerular – apenas fármaco livre é eliminado Secreção tubular – transportadores para drogas ácidas e básicas (eliminando na urina) Reabsorção tubular – drogas lipossolúveis ou ácidos e bases fracos na forma não ionizada BILE e FEZES: tanto droga original como aquela em forma de glicuronídeo No fígado existe processos de transporte ativo para a bile de drogas Entretanto as drogas podem novamente ser reabsorvidas Bactérias podem hidrolisar o metabólito glicuronizado, voltando a forma ativa LEITE: não muito significativa, mas importante em drogas administradas na mãe Antimicrobianos na mãe podem afetar a microflora do recém-nascido Drogas básicas geralmente são encontradas em maior concentração (leite é mais ácido que plasma) SALIVA - não é considerada via principal de excreção: Problemas quando antimicrobianos parenterais são eliminado na saliva e deglutidos AR EXPIRADO - via mais importante para drogas voláteis LÁGRIMAS e SUOR – Vias de excreção menos importantes FARMACODINÂMICA – Mecanismos de Ação de Fármacos Como agem os fármacos? Principais alvos para ação dos fármacos: Alvos Não-Proteicos Alvos Proteicos Canais Iônicos Enzimas Transportadores Receptores ALVOS NÃO-PROTEICOS Ácidos nucleicos Antineoplásicos: ex. cisplatina Fármacos que não atuam através de macromoléculas específicas: Laxantes Alguns diuréticos (osmóticos) Antiácidos Alguns sais minerais (reposição) Quelantes Propriedades gerais destes fármacos: AFINIDADE: determina se e com que avidez um fármaco vai se ligar ao alvo. ESPECIFICIDADE DE ALVO e DE RESPOSTA: capacidade do fármaco de se ligar em apenas um alvo ou ter apenas uma ação. Obs.: Alterações na estrutura de um fármaco podem aumentar ou diminuir acentuadamente a especificidade de um fármaco pelo alvo. SELETIVIDADE: ativar ou inibir preferencialmente um subgrupo de alvos. SATURABILIDADE: o número total de componentes macromoleculares limita com frequência o efeito máximo que um fármaco pode produzir. CANAIS IÔNICOS Canais iônicos podem ser ativados quando: Incorporados a um receptor (abordado em receptores); Mecanismos diferentes: controlados por voltagem Canais iônicos quando ativados se abrem e permitem a passagem de íons entre o meio extracelular e intracelular Os fármacos geralmente agem bloqueando ou modulando (aumentando ou diminuindo a probabilidade de abertura) - Exemplos: Vasodilatadores como a diidropiridina – bloqueiam abertura canais de Ca2+ L; Tranquilizantes como os benzodiazepínicos – ligam-se a uma região do receptor GABA ligada a um canal de Cl- (diferente do sítio de ligação do GABA) – facilitando o efeito inibitório do GABA; Hipoglicemiantes como as sulfonilureias – agem nos canais de K+ sensíveis a ATP nas células β-pancreáticas – aumentando secreção de insulina. ENZIMAS Fármacos podem agir como inibidores da atividade enzimática: COMPETITIVO (análogo ao substrato): captopril agindo sobre a enzima conversora de angiotensina. NÃO COMPETITIVO (se liga covalentemente a enzima): aspirina inibindo a ciclooxigenase. *Inibidores suicidas: Clavulinato inibindo beta-lactamase. Fármacos podem agir como falsos substratos: Fluoracila (antineoplásico) – substitui a uracila na síntese de DNA. Pró-fármacos (precisam ser ativados por enzimas) TRANSPORTADORES O transporte de íons e pequenas moléculas orgânicas geralmente envolve transportadores (se forem pouco lipossolúveis): Transportadores de glicose e neurotransmissores; Bombas de íons (prótons H+ ou Na+, Ca2+) Podem agir como inibidores: Exemplos: Antidepressivos tricíclicos (transportador de serotonina) Omeprazol (bomba de prótons no estômago) Ou como falsos substratos: Exemplos: Anfetaminas (usam os transportadores e dificultam a receptação de monoaminas) RECEPTORES Receptores se prendem a ligantes (ex. drogas) e geram sinais: TRANSDUÇÃO DE SINAL Quando os receptores são ativados eles: Iniciam alterações bioquímicas dentro da célula; Produzindo uma resposta farmacológica. As drogas se ligam aos receptores através de ligações químicas semelhantes as interações enzima-substrato: Pontes de hidrogênio, forças de van der Waals, ligações covalentes. AGONISTAS: drogas que iniciam processos que levam a uma resposta! ANTAGONISTAS: drogas que bloqueiam/reduzem o efeito dos agonistas! TRANSDUÇÃO DE SINAL Há quatro mecanismos conhecidos de transdução de sinal: Receptores Ionotrópicos (agem como canais iônicos) Receptores Metabotrópicos (acoplados a proteína G) Receptores Intracelulares (translocados para o núcleo) Receptores do tipo Tirosina Quinase RECEPTORES IONOTRÓPICOS Ex.: Receptores de neurotransmissores como ACh (nicotínicos), GABA e Glutamato RECEPTORES METABOTRÓPICOS (acoplados a proteína G) Ligação ao receptor ativa a proteína G (troca GDP por GTP); Esta ativação gera uma cascata de enzimas (ativando ou inibindo). RECEPTORES METABOTRÓPICOS (acoplados a proteína G) Tipos de proteínas G e segundos mensageiros: Gs – estimula adenilato ciclase (↑AMPc) Gi/o – inibe adenilato ciclase (↓AMPc) Gq – estimula fosfolipase C (↑IP3 e DAG) RECEPTORES INTRACELULARES: Localizados no plasma e translocados para o núcleo Receptores de hormônios: corticosteroides, estrógenos, tiroxina, vitamina D Ativam a transcrição de genes Fármacos lipossolúveis RECEPTORES ACOPLADOS A TIROSINA QUINASE RECEPTORES DO TIPO TIROSINA QUINASE: O ligante ativa um receptor na membrana celular A parte intracelular do receptor possui a capacidade de fosforilar resíduos de tirosina. Receptor de insulina e fatores de crescimento. TERMOS DE FARMACODINÂMICA Relação dose × resposta: POTÊNCIA: dose necessária para produzir um efeito (quanto menor a dose maior a potência) EFICÁCIA: a maior resposta possível Relação dose × resposta: Índice Terapêutico: IT = DL50 DE50 Margem de Segurança: Margem = DL1 - DE99 x 100 DE99 Exemplo: Se 10 mg/kg de uma droga são eficazes em 99% da população animal, e a dose de 100 mg/kg causa toxicidade em 1% da população animal. A dose que é efetiva em 99% precisa ser aumentada 900% para produzir efeito tóxico em 1%. FARMACODINÂMICA – Agonismo e Antagonismo RECEPTORES Receptores se prendem a ligantes (ex. drogas) e geram sinais: TRANSDUÇÃO DE SINAL Quando os receptores são ativados eles: Iniciam alterações bioquímicas dentro da célula; Produzindo uma resposta farmacológica. A especificidade é recíproca: fármacos só agem em determinados alvos e os alvos só reconhecem certas classes de fármacos. Nenhum fármaco é completamente específico: Ex. aumentando a dose pode ativar outros alvos – efeitos colaterais AGONISTAS E ANTAGONISTAS AGONISTA PLENO: chegam a 100% de eficácia AGONISTAS PARCIAIS: não chegam a 100% de eficácia ANTAGONISTAS: não produzem efeito sozinhos – bloqueiam o efeito do agonista AGONISTAS INVERSOS: apresentam efeito inverso ao agonista – diminuem a atividade basal dos receptores Comportamento farmacológico parecido aos antagonistas – diminui efeito dos agonistas. OUTROS TIPOS DE ANTAGONISMO ANTAGONISMO QUÍMICO: neutralizaa substância (ex. quelantes ou anticorpos). ANTAGONISMO FARMACOCINÉTICO: substâncias que alterem a contração do fármaco em seu sítio de ação (ex. ↓absorção ou ↑metabolismo/excreção). BLOQUEIO DA RELAÇÃO RECEPTOR-EFETUADOR: bloqueio da transdução do sinal e não diretamente no receptor. ANTAGONISMO FISIOLÓGICO: dois fármacos possuem ações opostas, embora ajam sobre alvos diferentes. MECANISMOS DE DESSENSIBILIZAÇÃO ALTERAÇÕES EM RECEPTORES: alterações rápidas na conformação do receptor que evita a resposta mesmo que o agonista se ligue. TRANSLOCAÇÃO DE RECEPTORES: os receptores são internalizados, evitando que o fármaco se ligue ao receptor na superfície da célula. DEPLEÇÃO DE MEDIADORES: ex. depleção de neurotransmissores ALTERAÇÃO NO METABOLISMO: ↓concentração do fármaco. ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA: expressão alterada de genes relacionados a proteínas de resposta direta ou indireta do fármaco.
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