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Aula 4 e 5 - Jurisdição

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Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
Princípios e características da Jurisdição 
O termo jurisdição vem do latim, que significa dizer o direito (juris=direito, dição=dizer). 
Trata-se do poder e prerrogativa de um órgão (no Brasil, é o Poder Judiciário), de aplicar o 
direito, utilizando a força do Estado para que suas decisões sejam eficazes. 
Como supracitado, no Brasil o Poder Judiciário, em regra, é detentor do monopólio desse 
poder, realizando a chamando jurisdição, garantindo o uso da jurisdição de forma imparcial. 
1. Princípios da Jurisdição 
Princípio do Juiz Natural 
Em um Estado Democrático de Direito é vedado a utilização dos tribunais de exceções, ou 
seja, uma corte criada para o julgamento de um determinado caso específico. 
Nesse sentido, surge o Princípio do juiz natural que veda a criação de tribunal de exceção, 
bem como, determina que o juiz deve ser competente para julgar, ou seja, ele deve ter a 
atribuição legal para julgar aquela matéria e pessoa naquele local. 
Princípio da investidura 
Para a jurisdição ser exercida é necessário que alguém seja investido na função. A 
investidura ocorre através de concurso público de provas e títulos, em observância a CF/88. 
Contudo essa regra não é absoluta tendo algumas exceções, por exemplo, a escolha dos 
Ministros do STF ou ingresso nos tribunais pelo quinto constitucional[1], feitos que 
independem de concurso público. 
Princípio da indelegabilidade 
A atividade jurisdicional é indelegável, somente podendo ser exercida, pelo órgão que CF/88 
estabeleceu como competente. 
Assim sendo após o processo ser recebido por um Juiz, ele não poderá delegar o julgamento 
a terceiro ou outro juiz. 
Princípio da inevitabilidade 
A lide, uma vez levada ao judiciário, não poderá às partes impedir a decisão do juiz. 
Existindo uma decisão as partes devem cumpri-la, independente da satisfação das partes 
sobre ela. 
Princípio da inafastabilidade 
Princípio de origem constitucional, previsto no art. 5º, XXXV, da CF/88, que determina que 
toda lesão ou ameaça de direito não poderá ser afastada do conhecimento do Poder 
Judiciário. 
Entretanto existe uma exceção a qual se refere às questões da justiça desportivas, onde há a 
necessidade do esgotamento das vias administrativas desportivas para a lide seja levada ao 
Judiciário. 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
Princípio da inércia 
As partes devem provocar a jurisdição, pois ela não age de oficio. Exceção: inventário, 
previsto no artigo 989 do CPC. Esse princípio é considerado também uma característica da 
jurisdição. 
Princípio da aderência ao território 
A jurisdição aderirá uma base territorial e será aplicada nessa base. Atenção, existem 
tribunais que sua aderência será em todo o território nacional como o STF. 
2. Características da Jurisdição 
Substitutividade 
O magistrado (de forma imparcial), substituirá as vontades das partes, aplicando o bom 
direito, ou seja, a vontade Estatal que foi positivado (transformado em normas), através da 
lei que emana do povo. 
Imparcialidade 
O poder jurisdicional e decorrente da lei e não de critérios subjetivos, assim sendo, para a 
perfeita aplicação do direito é necessário que os membros pertencentes do Poder Judiciário 
atuem com imparcialidade, desprovidos de qualquer interesse particular sobre a lide. 
Lide 
Trata-se do conflito de interesse. Uma das partes tem uma pretensão, ou seja, um desejo, 
que é resistido por outra parte, nascendo um conflito de interesse. 
Monopólio 
Somente, um órgão no Brasil possui o poder jurisdicional, o Poder Judiciário. Essa regra não 
é absoluta, existem varias exceções como a arbitragem (Lei 9.307/96). 
Inércia 
A jurisdição deve ser provocada pelas partes para que ela se manifeste, ou seja, não se 
move por si só, de ofício. Entretanto temos exceções, por exemplo, o inventário (art. 989 do 
CPC). 
Unidade 
Apesar do amplo território brasileiro, a jurisdição é una. Isso quer disser que o mesmo 
direito é aplicado de forma uniforme em todo o Brasil. 
As divisões especificas por matéria ou território (Justiça Federal, Justiça do Trabalho), são 
separações administrativas, feitas de cunho organizacional. 
Definitividade 
As decisões que surgem em decorrência do poder jurisdicional, tem uma capacidade 
tornarem imutáveis, o que é chamado de coisa julgada. 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
Tal fato, ocorre somente após o transcurso de toda fase recursal respeitando o princípio do 
duplo grau de jurisdição. 
Espécies de jurisdição 
Há uma divisão interna da jurisdição, feita de forma meramente pedagógica, que não retira 
a unicidade da jurisdição. Podendo dividi-la em contenciosa e voluntária. 
A jurisdição contenciosa: 
• Objetiva a resolver litígios; 
• Existe uma lide para ser sanada; 
• Os participantes do processo são partes; 
• As decisões fazem coisas julgadas material (sobre o direito) e formal (sobre o 
processo); 
• O juiz deve limitar-se as direções estabelecida pela lei; 
• É composto através de um processo; 
• Vigora o princípio do dispositivo[2]. 
Já na jurisdição voluntária: 
• Vigora o princípio inquisitivo[3]; 
• É composta de procedimentos; 
• O juiz utiliza a equidade; 
• Faz coisa julgada somente formal[4]; 
• Os participantes do processo são interessados; 
• Objetiva uma homologação Estatal para negócios jurídicos. 
 
 
[1] O quinto constitucional é um instituto, previsto na CF/88, que estabelece que 1/3 dos 
tribunais serão formados de advogados e Membros do Ministério Público com mais de 10 
anos de exercício da profissão. 
[2] Pelo o princípio do dispositivo 
[3] Inquisitoriedade: não há contraditório, pois não há pretensão resistida. 
[4] Conforme artigo1.1111 do CPCC. 
 
 
 
 
 
 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
A função jurisdicional e o Poder Judiciário no Brasil 
 
 
A função jurisdicional 
 A análise etimológica do vocábulo jurisdição indica a presença de duas palavras 
latinas: jus, juris (direito) e dictio, dictionis (ação de dizer). Esse "dizer o direito" começa 
quando o Estado chama para si a responsabilidade de solucionar as lides. 
 Anteriormente ao período moderno, ela era totalmente privada, pois não dependia 
do Estado. 
 Os senhores feudais tinham-na dentro de seu feudo. Eram as jurisdições feudais e 
baroniais. Os donatários das Capitanias Hereditárias, no Brasil colonial, dispunham da 
jurisdição civil e criminal nos territórios de seu domínio. 
 No período monárquico brasileiro, existia a jurisdição eclesiástica, especialmente em 
matéria de direito de família, a qual desapareceu com a separação entre a Igreja e o Estado. 
 Agora só existe a jurisdição estatal, confiada a certos funcionários, rodeados de 
garantias – os magistrados. Hoje, ela é monopólio do Poder Judiciário do Estado (CF, art. 5º, 
XXXV). A esse Poder (CF, art. 92 a 126) compete a distribuição de justiça, de aplicação da lei 
em caso de conflito de interesses. 
 A função jurisdicional, que se realiza por meio de um processo judicial, é de aplicação 
das normas, em caso de litígios surgidos no seio da sociedade. 
 Esses choques são solucionados pelos órgãos do Poder Judiciário com fundamento 
em ordens gerais, abstratas, que são ordens legais, constantes de leis, de costumes ou de 
simples padrões gerais, que devem ser aplicados por eles. 
 Assim os juízes e tribunais devem decidir, atuando o direito objetivo. Não podem 
estabelecer critérios particulares, privados ou próprios. No Brasil, o juiz, pura e 
simplesmente, aplica os critérios editados pelo legislador. 
 A função legislativa é deelaboração de leis, impostas coativamente a todos, 
emanadas do Poder Legislativo. A função executiva é de formulação de políticas 
governamentais e sua implementação, de acordo com a as leis elaboradas pelo Poder 
Legislativo. A função jurisdicional é de aplicação das normas, por um órgão independente do 
Estado, em caso de falta de entendimento surgido no seio da sociedade. 
 Em conformidade com o critério orgânico, jurisdição é aquilo que o legislador 
constituinte incluiu na competência dos órgãos judiciários. Desse modo, ato jurisdicional é o 
que emana dos órgãos jurisdicionais no exercício de sua competência constitucional, 
respeitante a solução de colisão de interesses. 
 A função jurisdicional é exercida pela ordem judiciária do país. Ela compreende: a) 
um órgão de cúpula (CF, art. 92, I), como guarda da Constituição e Tribunal da Federação, 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
que é o Supremo Tribunal Federal; b) um órgão de articulação (CF, art. 92, II) e defesa do 
direito objetivo federal, que é o Superior Tribunal de Justiça; c) as estruturas e sistemas 
judiciários, compreendidos pelos Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, Tribunais e 
Juízes do Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais e Tribunais e Juízes Militares (CF, art. 92, III-
VI); d) os sistemas judiciários dos Estados e do Distrito Federal (CF, art. 92, VII). 
 A Constituição (CF, art. 92) acolheu a doutrina que vem sustentando pacificamente a 
unidade da jurisdição nacional, agora submetida à do Tribunal Pleno Internacional (CF, art. 
5º, § 4º). 
 
 
Supremo Tribunal Federal – a jurisdição constitucional 
 Ela surgiu como instrumento de defesa da Carta Magna, não da Lei Maior 
considerada como um puro nome, mas da Constituição tida como expressão de valores 
sociais e políticos. 
 O Supremo Tribunal Federal (STF) é órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro. 
Compete-lhe a relevante atribuição de julgar as questões constitucionais, assegurando a 
supremacia da Carta Constitucional em todo o território nacional. 
 Ele não é uma corte constitucional, apesar de ter a sua competência reduzida à 
matéria constitucional, pois diversas outras prerrogativas foram-lhe conferidas (CF, arts. 102 
e 103). Ademais, a defesa da Carta Política não é tarefa exclusiva sua. 
 Cumpre-lhe a guarda da Constituição (art. 102), função típica de guarda dos valores 
constitucionais. Mas mantém também o seu ofício de julgar, mediante recurso 
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância (art. 102, III), como tribunal 
de julgamento do caso concreto, que sempre conduz à preferência pela decisão da lide e 
não pelos valores constitucionais. 
 É composto de onze Ministros, nomeados pelo Presidente da República, depois de 
aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentro cidadãos, brasileiros natos (art. 12, § 3º, 
IV), com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável 
saber jurídico e reputação ilibada (art. 101). 
 A jurisdição constitucional com controle de constitucionalidade (art. 102, I, a e p) é de 
competência originária do STF, como juízo único e definitivo. No caso do recurso 
extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral (art. 102, § 3º) das 
questões constitucionais discutidas no caso, a fim de que o tribunal examine a sua 
admissão. 
 A jurisdição constitucional da liberdade, provocada por remédios constitucionais, é 
destinada à defesa dos direitos fundamentais. É o caso do habeas corpus, quando os 
pacientes forem altas autoridades federais (art. 102, I, d), quando o coator ou o paciente for 
tribunal, autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à sua jurisdição 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
única ou quando se trate de crime sujeito a essa mesma jurisdição em uma única instância 
(art. 102, I, i). 
 A jurisdição constitucional sem controle de constitucionalidade, que compõe litígio de 
natureza constitucional, é diverso do que existe no controle da constitucionalidade das leis. 
É o caso dos crimes de membros de outros Poderes (art. 102, I, b e c); as contendas com 
Estados estrangeiros ou organismos internacionais e as entidades federativas brasileiras, ou 
entre as próprias entidades federativas, incluindo-se os órgãos da Administração indireta 
(art. 102, I, E e F) e a extradição solicitada por Estados estrangeiros (art. 102, I, g). 
 A jurisdição constitucional não é função exclusiva do Pretório Excelso. Só o é a 
suscitada por ação direta de inconstitucionalidade. Cabe a qualquer juiz ou tribunal a 
jurisdição constitucional que se exerce por via de exceção. 
 Os princípios fundamentais da Constituição são abordados nos seus artigos 1º a 4º. 
Eles são o mandamento nuclear de um sistema, o alicerce das normas jurídicas e as regras 
básicas da organização constitucional. 
 Mais à frente, a Carta Política diz que a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental decorrente da Constituição "será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na 
forma da lei" (art. 102, § 1º). 
 Preceitos fundamentais não é expressão sinônima de princípios fundamentais. É mais 
ampla, pois envolve aqueles princípios e todas as prescrições que dão o sentido primordial 
do regime constitucional. 
 A Lei nº 9.882, de 3/12/99, que dispõe sobre esse processo, não tem a abrangência 
que o texto constitucional prognosticava. Mas poderá ter a importância de um recurso 
constitucional, para impugnar decisões judiciais, bem como para invocar a prestação 
jurisdicional em defesa de direitos fundamentais. 
 Ponto controvertido das reformas do Judiciário são as súmulas vinculantes. José 
Thomaz Nabuco de Araújo apresentou um projeto nesse sentido, em 1843, porque, para 
ele, era uma anomalia que os tribunais inferiores pudessem julgar, em matéria de direito, o 
contrário do que tinha decidido o primeiro tribunal do Império. Em 1855, a Seção de Justiça 
do Conselho de Estado, em face de arestos contraditórios dos tribunais inferiores, lembrava 
a conveniência de uma medida legislativa no sentido de "estabelecer uma interpretação 
com força dos antigos assentos da Casa de Suplicação" (NABUCO, Joaquim, Um estadista do 
Império. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1975. p. 230 e 234). 
 Hoje, o artigo 103-A é a norma sobre o assunto, pois a súmula "terá efeito vinculante 
em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta". Visa a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das 
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração 
pública que acarretem grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos 
sobre questão idêntica (Lei nº 11.417, de 19/12/06). 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
 Tenho para mim que as súmulas vinculantes não parecem reduzir os recursos, pois se 
o ato administrativo ou a decisão judicial contrariar a súmula aplicável caberá reclamação 
para o Supremo Tribunal Federal, que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo 
ou cassará a decisão reclamada e determinará que outra seja proferida com ou sem a 
aplicação da súmula, conforme o caso (art. 103-A, § 3º). Talvez tenha pouca utilidade 
relativamente ao âmbito da interpretação constitucional, para a qual está previsto o efeito 
vinculante. 
 As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas 
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade 
produzirão eficácia contratodos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal (art. 102, § 2º). 
 Trata-se de uma providência aceitável e conveniente, pois explicita a situação 
inerente à declaração de inconstitucionalidade abstrata que, publicada, já tem o efeito de 
retirar a eficácia da lei ou ato normativo por ele fulminado, como já acontecia com a 
declaração de constitucionalidade. 
 Pena que não foi determinado que leis e atos normativos perderiam a eficácia a partir 
do dia seguinte ao da publicação da decisão definitiva que os tenha declarado 
inconstitucionais, suprimindo o inciso X do artigo 52. 
 
 
Conselho Nacional de Justiça – controle externo do Judiciário 
 Apesar da sua má significação, porque não é um Poder (CF, art. 2º), o Conselho 
Nacional de Justiça existe em razão da necessidade de um órgão não judiciário para o 
exercício de certas funções de controle administrativo, disciplinar e de desvios de conduta 
da magistratura. É previsto constitucionalmente também em outros países, como Itália, 
França, Portugal, Espanha, Turquia, Colômbia e Venezuela. 
 Esse controle externo, que é uma verdadeira política judicial, impede que os 
integrantes do Poder Judiciário se convertam num corpo fechado. Como este não nasce da 
fonte primária da democracia, que é o povo (art. 1º, parágrafo único), esse tipo de controle 
contribui para dar-lhe legitimidade democrática. 
 O Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B) assume algumas dessas funções, para 
prestar bons serviços ao sistema nacional de administração da justiça, embora em sua 
composição haja predomínio de magistrados (incisos I-XIII). 
 Ele funciona sob a presidência do ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará 
em caso de empate, ficando assim excluído da distribuição de processos naquele tribunal (§ 
1º). Efeito danoso, porque um tribunal, sobrecarregado de processos, vai privar-se da 
contribuição de um de seus membros pelo espaço de dois anos. 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
 Junto ao Conselho oficiarão o procurador-geral da República e o presidente do 
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (§ 6º). 
 Ao Conselho compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Suas atribuições são as mais 
diversas, conferidas pelo Estatuto da Magistratura (§ 4º): 
 I – Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto 
da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua 
competência, ou recomendar providências; 
 II – Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a 
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, 
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências 
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de 
Contas da União; 
 III – Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder 
Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de 
serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, 
sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais, podendo avocar 
processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a 
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar 
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; 
 IV – Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração 
pública ou de abuso de autoridade; 
 V – Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e 
membros de tribunais julgados há menos de um ano; 
 VI – Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças 
prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
 VII – Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre 
a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar 
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso 
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. 
 É bom fixar que não faz sentido criar ouvidorias sem conferir-lhes poderes de 
apuração das reclamações e denúncias. 
 
 
Superior Tribunal de Justiça – a supremacia da legislação federal 
 O Superior Tribunal de Justiça é órgão do Poder Judiciário criado pela Constituição de 
1988. Sua finalidade é julgar questões federais da justiça comum no Brasil, assegurando a 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
primazia da legislação federal em todo o país, bem como a uniformidade de interpretação, 
entre os tribunais, das normas emanadas da União. 
 Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros, nomeados pelo presidente da República, 
dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e 
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal 
(CF, art. 104, parágrafo único). 
 Um terço virá dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores 
dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal (inciso I). 
Também um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público 
Federal, do Estadual e do Distrito Federal, alternadamente, indicados em lista sêxtupla pelos 
órgãos de representação das respectivas classes, da qual o Tribunal formará lista tríplice, 
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 dias subseqüentes, escolherá um de seus 
integrantes para nomeação (arts. 94 e 104). 
 A prevalência e a uniformidade de interpretação das leis federais, que eram de 
competência do Supremo Tribunal Federal, foram transferidas para esse novo órgão (STJ), 
com o claro objetivo de desafogar o volume de causas que chegam ao órgão de cúpula do 
Poder Judiciário no Brasil. 
 A competência do STJ está distribuída em três áreas: 1) competência originária para 
processar e julgar as questões relacionadas no inciso I do art. 105; 2) competência para 
julgar, em recurso ordinário, as causas referidas no inciso II; 3) competência para julgar, em 
recurso especial, as causas indicadas no inciso III. 
 Entre essas atribuições judicantes do STJ algumas constituem matéria de jurisdição 
constitucional da liberdade. É assim que ele processa e julga o habeas data contra ato de 
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do 
próprio tribunal; o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas no art. 105, I, a; e o mandado de injunção. Tem também a competência para 
julgar, em recurso ordinário, os habeas corpus e os mandatos de segurança decididos em 
única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados 
e do Distrito Federal, quando a decisão for denegatória. Ainda lhe cabe julgar as causas em 
que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, 
Município ou pessoa residente ou domiciliada no país (art. 105, I, b, c e h, e II, a, b e c). 
 Nos crimes comuns, julga os governadores dos Estados e do Distrito Federal; nos 
crimes comuns e de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos 
Estados e do Distrito Federal; os conflitos de jurisdição;a homologação das sentenças 
estrangeiras e a concessão de exequatur das cartas rogatórias. 
 O que dá característica própria ao STJ são suas atribuições de controle da inteireza 
positiva, da autoridade e da uniformidade da lei federal, consubstanciando-se aí jurisdição 
de tutela do princípio da incolumidade do direito objetivo. 
 Em recurso especial, julga as causas decididas, em única ou última instância, pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, quando a 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido 
ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der à lei federal interpretação 
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 
 A questão do art. 105, III, b envolve uma questão constitucional, já que se tem que 
decidir a respeito da competência constitucional para legislar sobre a matéria da lei ou ato 
de governo local, algo suscetível de apreciação pelo STF mediante recurso extraordinário. 
 
A Justiça Federal 
 Os jornais sempre nos falam sobre a gestão fraudulenta de instituições financeiras, o 
abuso do poder econômico, a lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, aliciamento 
para o fim de emigração e tantos outros crimes. 
 Para julgar os infratores, a Constituição de 1946 criou o Tribunal Federal de Recursos. 
Pela estrutura adotada pela atual Constituição (CF, art. 106), seus órgãos são os Tribunais 
Regionais Federais e os juízes federais. 
 A remoção dos juízes federais (art. 107, § 1º) será disciplinada por lei. Não há 
problema quanto à permuta, que depende da vontade dos permutadores. Mas a remoção 
nos leva a indagar se ela autoriza o afastamento da garantia de inamovibilidade (art. 95, II). 
A conciliação exegética é que a lei tratará da remoção nos limites autorizados no art. 95, II, 
com a aplicação do art. 93 e seus incisos VIII e VIII-A. No mais, ela será somente a pedido do 
juiz. 
 A sua competência (art. 108) é variada: 
 Processar e julgar originariamente, nos crimes comuns e de responsabilidade, os 
magistrados federais da área de jurisdição, as revisões criminais e as ações rescisórias de 
seus julgados ou dos juízes federais; os mandados de segurança e os habeas data contra 
atos do próprio tribunal ou de juiz federal da região; os habeas corpus, quando a autoridade 
coatora for juiz federal; os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao 
tribunal. Em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes 
estaduais no exercício da competência federal na área de sua jurisdição. 
 Providência importante facultativa (art. 107, § 3º) é que poderão funcionar 
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso 
do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Pena que não seja impositiva 
como a do § 2º, que determina que instalem justiça itinerante, com a realização de 
audiências e demais funções da atividade jurisdicional. 
 Denominam-se juízes federais os membros da justiça federal de primeira instância, 
que ingressam no cargo inicial mediante concurso público de provas e títulos, com a 
participação da OAB em todas as suas fases (art. 93, I). 
 A sua competência (art. 109) é ampla. 
Aula 4 e 5 - Jurisdição 
 
 
 Processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública 
federal forem interessadas; as entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 
município; as fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou 
organismo internacional; as referentes às nacionalidades; os crimes políticos e as infrações 
penais praticadas em detrimento de bens da União; os crimes previstos em tratado ou 
convenção internacional; as relativas a direitos humanos; os crimes contra a organização do 
trabalho, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira e muitos outros 
elencados no art. 109. 
 As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde a outra 
parte tiver domicílio (art. 109, § 1º). As intentadas contra a União poderão ser aforadas na 
seção judiciária em que for domiciliado o autor (§ 2º). As processadas e julgadas na justiça 
estadual terão recurso cabível sempre para o Tribunal Regional Federal (§§ 3º e 4º). 
 Nas causas relativas a direitos humanos, no caso de grave violação desses direitos, 
haverá o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal (inciso V-A), 
tendo em vista a responsabilidade do Estado brasileiro em face de organismos 
internacionais de defesa dos direitos humanos. 
 
 
A Justiça do Trabalho – o trabalho humano 
 Embora reconheça o direito dos missionários à sua subsistência (1Cor 9, 6-14; Gl 6, 6; 
2Ts 3,9; Lc 10, 7), Paulo quis sempre trabalhar com as próprias mãos (1Cor 4, 12), para não 
ser pesado a ninguém (1Ts 2, 9; 2Ts 3, 8; 2Cor 12, 13s) e provar seu desinteresse (At 20,33s; 
1Cor 9, 15-18; 2Cor 11, 7-12). Só aceitou auxílio dos filipenses (Fl 4, 10-19; 2Cor 11, 8s; At 
16, 15 +). Recomenda também aos fiéis que trabalhem para prover às próprias necessidades 
(1Ts 4, 11s; 2Ts 3, 10-12) e às dos indigentes (At 20, 35; Ef 4, 28). 
 "Quem não quer trabalhar também não há de comer" (2Ts 3,10). Esta regra, que visa 
apenas à recusa de trabalhar, provém talvez de uma palavra de Jesus, ou simplesmente de 
máxima popular. É a "regra de ouro do trabalho cristão". 
 Essa, a teologia do trabalho. E que diz o direito a esse respeito? 
 A Constituição de 1934, art. 122, instituiu a justiça do trabalho. Foi criada em 1942, 
como órgão vinculado ao Ministério do Trabalho. A Constituição de 1946 integrou-a ao 
Poder Judiciário, dotando-a de função jurisdicional destinada a solucionar conflitos de 
interesse decorrentes das relações de trabalho. 
 Sua organização compreende o Tribunal Superior do Trabalho, que é o órgão de 
cúpula dessa justiça especializada, os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes do 
Trabalho (CF, arts. 111 e 111-A). 
 Deve haver pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no 
Distrito Federal. Nas comarcas onde não for instituída Vara do Trabalho, a jurisdição do 
trabalho em primeira instância poderá ser atribuída aos juízes de direito (CF, art. 112). No 
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Estado de São Paulo, por exemplo, existem dois Tribunais Regionais do Trabalho, um com 
sede na capital e outro em Campinas, para julgar as causas do interior paulista. 
 É múltipla a sua competência, para processar e julgar as reclamações oriundas da 
relação de trabalho. Assim lhe compete (art. 114) processar e julgar: 
 I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito 
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios; 
 II – as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
 III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e 
trabalhadores e entre sindicatos e empregadores; 
 IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato 
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
 V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o 
disposto no art. 102, I, o; 
 VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação 
de trabalho; 
 VII – as açõesrelativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores 
pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
 VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e 
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
 IX – Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
 Entes de direito público externo entendem-se as representações diplomáticas de 
outros países. Assim, a justiça é competente para examinar e decidir as reclamações de 
trabalho de brasileiros com essas representações estrangeiras. 
 Dissídio individual é o que se funda no contrato individual de trabalho de um ou 
alguns, e a sentença que o resolve tem eficácia apenas entre as partes da relação jurídica 
processual. Dissídio coletivo visa a estabelecer normas e condições de trabalho; envolve 
interesse genérico e abstrato da categoria de trabalhadores; a sentença que o soluciona tem 
por objetivo fixar essas normas e condições, e sua eficácia se estende a todos os membros 
da categoria indistintamente. 
 O dissídio coletivo pressupõe negociação coletiva intersindical. Se as partes não 
chegarem a um acordo, poderão eleger árbitros (art. 114, § 1º). Se uma das partes se 
recusar à negociação ou à arbitragem, será facultado aos respectivos sindicatos ajuizar 
dissídio coletivo, podendo a justiça do trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições 
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as disposições convencionadas 
anteriormente. 
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 As decisões do TST são irrecorríveis, salvo as que denegarem mandado de segurança, 
habeas data e mandado de injunção e as que contrariarem a Constituição ou declararem a 
inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, caso em que caberá, respectivamente, 
recurso ordinário e extraordinário para o STF (art. 102, II e III). 
 O STJ não tem competência para rever decisões da justiça do trabalho. O art. 105, I e 
II, exclui as causas decididas por ela das hipóteses recursais ali indicadas. 
 
 
Algumas Justiças especiais 
 Com a publicação do Código Eleitoral, Getúlio Vargas, em 1932, instituiu a justiça 
eleitoral, com o propósito de moralizar o processo eleitoral. 
 Na República Velha, as eleições eram controladas pelo grupo político que estava no 
poder, com voto em aberto e listas fraudadas de eleitores. A desmoralização do processo 
eleitoral serviu de justificativa política para a não aceitação do resultado pelos vencidos e a 
posterior Revolução de 30, comandadas por Getúlio Vargas. 
 Sua criação visou substituir o então sistema político de aferição de poderes (feita 
pelos órgãos legislativos) pelo sistema jurisdicional, em que se incluiriam todas as 
atribuições referentes ao direito político-eleitoral. 
 A organização e a competência da justiça eleitoral serão dispostas em lei 
complementar (CF, art. 121), mas a Constituição já oferece um esquema básico de sua 
estrutura. Assim, ela compõe-se de um Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seu órgão de 
cúpula, de Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), de Juízes Eleitorais e de Juntas Eleitorais (art. 
118). 
 Das decisões dos Três, somente caberá recurso para o TSE quando: forem proferidas 
contra disposição expressa da Constituição ou de lei; ocorrer divergência na interpretação 
da lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; versarem sobre inelegibilidade ou expedição de 
diplomas nas eleições federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem a perda de 
mandados eletivos federais ou estaduais; ou denegarem habeas corpus, mandado de 
segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, § 4º). 
 São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem 
a Constituição e a denegatória de habeas corpus ou mandado de segurança (art. 121, § 3º). 
 A justiça militar foi instituída em decorrência da vida do militar, sujeita a estrita 
hierarquia e disciplina. É composta pelo Superior Tribunal Militar e por Tribunais e Juízes 
Militares (art. 122). 
 Tem competência para julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124, parágrafo 
único), que são os tipificados no Código Penal Militar. 
 Militares e civis podem ser julgados pela prática de infrações previstas na legislação 
penal de competência da justiça militar da União, pois esta não estabelece qualquer 
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restrição, ao contrário do que ocorre em relação à justiça militar dos Estados, que se aplica 
somente a militares dos Estados (art. 125, § 4º). 
 O artigo 98, I, impõe a criação de juizados especiais, providos por juízes togados, ou 
togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas 
cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os 
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e 
o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 
 Já no Império, a Constituição exigia que se intentasse conciliação prévia entre as 
partes, sem o que não começaria processo algum (art. 161). E acrescentava no art. 162: 
"Para este fim haverá juízes de paz, os quais serão eletivos pelo mesmo tempo, e maneira, 
por que se elegem os Vereadores das Câmaras. Suas atribuições e distritos serão regulados 
por lei." 
 A Constituição atual dá-lhe configuração semelhante (art. 98, II), com as mesmas 
características de juizado eletivo e de conciliação. 
 
 
A magistratura 
 O ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, far-se-á mediante 
concurso público de provas e títulos (CF, art. 93, I). 
 Sua promoção será de entrância para entrância, por antiguidade e merecimento. 
 É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco 
alternadas em lista de merecimento (II, a); a promoção por merecimento pressupõe dois 
anos de exercício na respectiva entrância (II, b); a aferição do merecimento será conforme o 
desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da 
jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais (II, c); na apuração de 
antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado 
de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa (II, d); não será promovido o juiz 
que, injustificadamente, retiver os autos em seu poder, além do prazo legal (II, e), medida 
esta destinada a realizar o cumprimento do direito à duração razoável do processo (art. 5º, 
LXXVIII). 
 O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e por merecimento, 
apurados na última entrância ou única entrância (Art. 93, III), dada a extinção dos Tribunais 
de Alçada, onde havia. 
 A sua remuneração assumiu a forma de subsídios (arts. 48, XV, 93, V, 95, III, e 96, II, 
b), com critérios variados para os ministros do Supremo Tribunal Federal (arts. 39, § 4º, 150, 
II, 153, III e § 2º, I) e para os membros dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça 
dos Estados, sendo que eles serão fixados em parcela única, sem acréscimos. 
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 A sua inatividade será por aposentadoria e disponibilidade. A regra da sua 
aposentadoria e a pensão de seus dependentes subordinam-se às normas constitucionais 
(arts. 40 e 93, VI), podendo ser por invalidez ou compulsória aos 70 anos de idade, com 
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, e voluntária,desde que cumprido o 
tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco no cargo de 
magistratura, observando-se as condições de idade (art. 40, III, a e b). A inatividade por 
disponibilidade é aplicada mediante voto da maioria absoluta do tribunal ou do Conselho 
Nacional de Justiça (art. 93, VIII), assegurada ampla defesa. 
 Todos os seus julgamentos serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos 
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação (art. 93, IX). 
 Igualmente se requer que as decisões administrativas dos tribunais sejam motivadas 
e em sessão pública, sendo que as disciplinares, tomadas por voto da maioria absoluta de 
seus membros (do tribunal, não do órgão especial – art. 93, XI). 
 Nos tribunais com número superior a 25 julgadores poderá ser constituído órgão 
especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros, para o exercício das atribuições 
administrativas e jurisdicionais de competência do tribunal pleno. 
 Metade das vagas será provida por antiguidade e a outra metade, por eleição pelo 
tribunal pleno. Tal política procura evitar uma composição só com os magistrados mais 
antigos, supondo que a eleição vai selecionar membros mais jovens para o órgão especial 
(art. 93, XI). 
 A Constituição anterior (art. 144, V) impunha a criação de órgão especial. Agora, sua 
instituição é facultativa. Só não ficou claro se é facultativa para o legislador ou para o 
próprio tribunal. 
 A doutrina mais moderna inclina-se para a segunda solução, que dá mais liberdade e 
independência de organização interna aos tribunais, em harmonia com os princípios 
constitucionais. 
 A solução dos conflitos de interesses, a aplicação da lei aos casos concretos, inclusive 
contra o governo e a administração, missão que interfere com a liberdade humana, 
destinando-se a tutelar os direitos subjetivos, tinha mesmo que ser conferida a um poder do 
Estado cercado de garantias constitucionais de independência, o Judiciário (CF, art. 2º). 
 Faz parte da competência privativa dos tribunais (art. 96, I) a autonomia orgânica 
administrativapara: 
 a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância 
das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a 
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; 
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 b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem 
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; 
 c) prover, na forma prevista [na] Constituição, os cargos de juiz de carreira da 
respectiva jurisdição; 
 d) propor a criação de novas varas judiciárias; [...]. 
 Igualmente lhes é reconhecida a garantia de autonomia financeira de elaboração do 
próprio orçamento (arts. 99, § 1º, e 165, II). 
 Mas para manter a sua independência e exercer a função jurisdicional com dignidade, 
desassombro e imparcialidade, a Constituição estabeleceu em favor dos juízes garantias de 
independência(vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio) e de 
imparcialidade dos órgãos judiciários (vedações). 
 A vitaliciedade diz respeito à vinculação do titular ao cargo para o qual tenha sido 
nomeado. Não é privilégio, mas condição para o exercício da função judicante, que exerce 
garantias especiais de permanência e de estar definitivamente no cargo. Tornam-se 
vitalícios a partir da posse os integrantes dos tribunais (art. 95, I). 
 A inamovibilidade refere-se à permanência do juiz no cargo para o qual foi nomeado, 
não podendo ser removido, a qualquer título, de forma compulsória, do cargo que ocupa, 
salvo por ordem de interesse público (arts. 95, II, e 93, VIII). 
 Irredutibilidade de subsídios significa que os seus salários não podem ser reduzidos. 
Mas a Constituição determina que ficam sujeitos aos limites máximos previstos no art. 37 e 
ao imposto de renda, como qualquer contribuinte, com a aplicação do disposto nos arts. 
150, II, 153, III e § 2 º, I. 
 As garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários aparecem, no art. 95, parágrafo 
único, sob a forma de vedações aos juízes, denotando-lhes restrições formais. Assim, lhes é 
vedado: 
 I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma 
de magistério; 
 II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
 III – dedicar-se à atividade político-partidária; 
 IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas 
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
 V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
 A reforma do Judiciário preocupou-se com a morosidade da atividade jurisdicional, 
adotando providências que podem auxiliar no andamento mais rápido dos processos e a 
efetividade do direito (art. 5º, LXXVIII). 
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 É assim que a atividade jurisdicional é ininterrupta (art. 93, XII), sendo proibidas férias 
coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau. 
 Fica idealizado que "o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à 
efetiva demanda judicial e à respectiva população" (XIII) e que "a distribuição dos processos 
será imediata, em todos os graus de jurisdição" (XV). 
 O que é inacreditável é que essas medidas tinham que ser cuidadas por emenda 
constitucional. Isso tornou-se necessário diante do fato de que os órgãos superiores não 
vinham distribuindo os processos na sua totalidade, sob o argumento de não poderem 
sobrecarregar os juízes. Data vênia, tal procedimento era antiético e imoral. 
 Para o aperfeiçoamento e preparação de magistrados, ficam eles obrigados a 
participar de "curso oficial ou reconhecido por escola nacional" destinada à sua formação e 
aprimoramento (arts. 93, IV, 105, parágrafo único, I, e 111-A, § 2º, I). 
 O perigo dessas escolas é tornarem-se mecanismo de orientação unilateral, sem 
atender ao livre curso das ideias, o que poderá ser uma deformação que contraria a 
"liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber", assim 
como o "pluralismo de ideias" (art. 206, II e III). 
 
 
 
 
 
	Princípios e características da Jurisdição
	1. Princípios da Jurisdição
	2. Características da Jurisdição
	A função jurisdicional e o Poder Judiciário no Brasil

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