Buscar

UNIDADE 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SOCIALIZAÇÃO 
E CULTURA 
Núcleo de Educação a Distância – www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 - 25 de Agosto - Duque de Caxias - Rio de Janeiro (RJ)
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Emilio Antonio Francischetti
Pró-Reitora Comunitária e de Extensão
Sônia Regina Mendes
Copyright © 2016, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por 
qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, 
por escrito, da Unigranrio.
SANTOS, Vania Martins dos.
Os Clássicos e a Sociedade Moderna. / Vania Martins dos Santos. – 
Rio de Janeiro: Unigranrio, 2016.
26p.; 20 x 27 cm.
1. O Processo De Socialização. 2. A Socialização Organizacional. 
3. Cultura. 4. Cultura Organizacional e Cultura Nacional.
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COORDENAÇÃO GERAL
Jeferson Pandolfo
Departamento de Produção
PRODUÇÃO E EDITORAÇÃO GRÁFICA
Márcia Valéria de Almeida
MATERIAL DIDÁTICO
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO
Vania Martins dos Santos
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Gabriela Moreno
REVISÃO
Carla Patrícia Araujo
Socialização e Cultura 3
umário
Socialização e Cultura
Objetivos ........................................................................................................................03
Síntese ...........................................................................................................................19
Trabalho Discente Efetivo - TDE ......................................................................................20
Leitura Complementar ...................................................................................................21
Recuperação/Reforço da Aprendizagem .........................................................................22
Referências Bibliográficas ...............................................................................................23
S
1. Os Clássicos da Sociologia e a Moderna Sociedade Industrial .....................................04
2. Émile Durkheim e os Fatos Sociais ..............................................................................05
2.1. Uma Análise Sociológica do Suicídio ......................................................................... 08
2.2. A Anomia na Sociedade Industrial ............................................................................ 09
3. Karl Marx e a Crítica ao Capitalismo ...........................................................................11
3.1. Socialismo e Revolução ............................................................................................. 12
3.2. Conflitos de Classe e Transformação Social .............................................................. 13
4. Max Weber e a Ação Social .........................................................................................15
4.1. O Surgimento do Capitalismo Segundo Weber ......................................................... 15
4.2. Weber e a Burocracia ............................................................................................... 17
Socialização e Cultura 3
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:
 ● Compreender a importância do processo de socialização na integração do indivíduo à sociedade e às orga-
nizações. 
 ● Identificar as diversas estratégias que podem ser conduzidas pelas empresas socializar os indivíduos.
 ● Entender a complexidade e a influência dos processos culturais na vida humana e na dinâmica das organi-
zações. 
 ● Analisar a cultura como uma herança social criada, transmitida e transformada em sociedade.
 ● Compreender o papel da gestão em organizações culturalmente diversas.
bjetivosO
Socialização e Cultura 4
1. O Processo de Socialização
Socialização é um termo que certamente você já ouviu ou utilizou em sua vida cotidiana. Em geral, ele 
se refere a certas situações de interação humana. Quando conhecemos um grupo novo de pessoas, logo 
tentamos nos “socializar” com elas. Quando percebemos que alguém não interage muito com o grupo, di-
zemos que ela “não se socializa com ninguém”.
Outro sentido que o termo tem é o de “dividir”, ou melhor “compartilhar”. Assim, uma situação comum 
entre amigos é “socializar” recursos, como comida ou informações, por exemplo. 
Para a sociologia, a socialização não significa apenas interagir e dividir coisas. Há algo mais que acon-
tece nessa interação e que é muito importante para a integração das pessoas em seus grupos sociais.
Socialização e Cultura 5
Antes de apresentar o termo, eu gostaria que você pensasse na seguinte situação: se uma criança, logo 
após o seu nascimento no Brasil, fosse levada para a Argentina, para ser criada em uma família argentina e 
perdesse contato com o Brasil, como será que ela iria ser? Qual língua ela iria falar? Que tipo de comida iria 
preferir? Quais seriam suas referências culturais?
Para começar, é lógico que ela iria falar espanhol. Além disso, coisas como bife de chorizo, empanadas, 
Eva Perón, Jorge Luís Borges e tango não despertariam qualquer estranheza nela. Sem esquecer que, pro-
vavelmente, ela iria achar que o Maradona jogava mais do que o Pelé. Naturalmente, estamos falando de 
elementos da cultura Argentina que seriam aprendidos por qualquer um que vivesse naquele ambiente. A 
sociologia nos explica que possuímos as características culturais dos lugares onde vivemos.
Remete à questão da filantropia, enquanto caridade e contribuição financeira, mas se contra-
põe aos interesses econômicos das organizações. Essas duas situações marcaram um período em 
que a função puramente econômica das empresas foi questionada, indo ao encontro dos movi-
mentos culturais que ocorreram nos anos 1960, nos EUA, e, mais no final da década, também na 
Europa. (REIS, 2011).
IMPORTANTE
A sociologia estuda bastante o processo de socialização, porque considera que ele é essencial na vida 
em sociedade. Isso porque a única forma de uma cultura ser transmitida de uma sociedade para seus 
integrantes é por meio da socialização. 
“Eu estou abrindo ações judiciais contra todos os responsáveis por minha socialização 
demasiadamente exigente.”
Socialização e Cultura 6
Vamos parar bem para pensar sobre como esta ideia é bastante radical. Segundo a sociologia, se não 
houver socialização, não há como o indivíduo desenvolver qualquer tipo de cultura. Na verdade, não há 
nem mesmo como o indivíduo se tornar um “ser humano”.
Alguns casos nos ajudam a pensar melhor sobre isso. Há casos registrados na Índia e na França de 
crianças que foram aparentemente abandonadas em florestas e criadas por animais, sem qualquer conta-
to com sociedades humanas. As crianças demonstravam comportamento típico de animais selvagens, an-
dando como quadrúpedes, rejeitando a aproximação humana e emitindo grunhidos, ao invés de qualquer 
palavra reconhecível.
Em 1970, o cineasta François Truf faut filmou a história da tentativa do médico Jean Itard de so-
cializar o menino selvagem Victor. Assista um trecho do filme O filme O Garoto Selvagem (França, 
1970). Disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
VÍDEO
Tal constatação Levou o sociólogo Levi Jr. (1973, p. 60) a dizer o seguinte:
Em estado de isolamento social, o indivíduo não é capaz de desenvolver um comportamen-
to humano, pois este, segundo a sociologia, deve ser aprendido ao longo de suas interações 
com os grupos sociais. Esta ideia é central na perspectiva sociológica: os seres humanos não 
aprendem os padrões de ação necessários ao desempenho do comportamento em socieda-
de por hereditariedade, e sim por intermédio das interações sociais.
1.1. Socialização primária e secundária
Integrar-se a um grupo significa partilhar com ele um conjunto de traços comuns, ou padrõesbásicos, 
e para que isto ocorra, como vimos, é necessário que o indivíduo seja socializado. Quando a socialização é 
bem-sucedida, o indivíduo aprende os comportamentos socialmente aceitos pelo grupo, isto é, internaliza 
as normas sociais e torna estas normas parte de sua própria consciência.
Socialização e Cultura 7
Se pensarmos bem, até mesmo os meios de comunicação podem ser vistos como agentes socializa-
dores. Afinal, além de conteúdos informativos e educativos, os meios de comunicação também ajudam a 
propagar (e com grande alcance), valores e modelos de comportamento por meio de novelas, filmes, seria-
dos, dentre outros.
Mas será que todos esses grupos têm o mesmo peso na socialização dos indivíduos? O que você acha?
Para ajudar em sua reflexão, lembro que a sociologia diferencia duas fases básicas de socialização, a 
primária e a secundária. 
Quando um grupo participa da socialização de um indivíduo, dizemos que ele é um agente so-
cializador. Podemos observar que diferentes agentes socializam o indivíduo, como a família, o gru-
po de amigos, a escola, a Igreja, a empresa, dentre outros. 
IMPORTANTE
A socialização primária é a que 
ocorre primeiro, quando ainda so-
mos crianças e aprendemos a língua 
e os padrões básicos de convívio so-
cial, geralmente com nossas famí-
lias.
Os processos posteriores, quan-
do o indivíduo passa a interagir de 
forma significativa em outros am-
bientes sociais, como a escola e o 
trabalho, são chamados de sociali-
zação secundária.
O interessante é que a socialização secundária pode confirmar a primeira socialização recebida ou 
provocar mudanças significativas na visão de mundo do indivíduo, apresentando-lhe um novo conjunto de 
normas, valores e padrões. 
Assim começamos a entender que o processo de socialização é complexo, pois envolve várias fases e 
agentes socializadores.
Socialização e Cultura 8
1.2. A socialização em um mundo complexo
Estamos falando muito da importância da socialização para a formação do indivíduo e para sua inte-
gração à sociedade. Mas não é para você pensar que a sociologia entende esse processo de maneira mecâ-
nica, como se a sociedade pudesse fazer uma “lavagem cerebral” nos indivíduos.
A simples interação de uma pessoa em certo meio social não deve nos fazer crer que ela vai necessaria-
mente “absorver” as características deste meio. Para que algo do tipo ocorra, é preciso que uma pessoa seja 
socializada unicamente por uma fonte, desde criança, sem qualquer chance de desenvolver senso crítico ou 
comparar modelos diferentes de comportamento ao longo de sua vida.
Na nossa sociedade, geralmente isso não ocorre, pois convivemos com os mais variados grupos e, ob-
servando bem, percebemos que eles nem sempre concordam sobre quais são os valores e padrões de com-
portamento adequados que devem ser transmitidos ao indivíduo.
Em outras palavras, em sociedades complexas, as pessoas raramente repetem exatamente o mesmo 
conjunto de interações e de contextos sociais. Muitas vezes nos deparamos com modelos de comporta-
mento que são aprovados e recompensados em uma situação, porém condenados e até punidos em outras. 
Você já passou por uma situação assim?
Socialização e Cultura 9
Além disso, não podemos esquecer que a socialização é um processo que pode ser melhor definido 
como uma “via de mão dupla”, na qual o indivíduo é socializado, mas também socializa. Isto é, ele aprende 
e, também ensina, ou melhor dizendo, “troca” informações culturais o tempo todo. 
Alguns estudos contemporâneos têm ressaltado que, no mundo globalizado, os espaços tra-
dicionais de socialização têm sofrido muitas transformações, como consequência da pluralidade 
de estilos de vida e da diversificação de grupos atuando como agentes socializadores. Instituições 
tradicionais da sociedade, como a família e a escola, teriam reduzido seu poder nos processos de 
socialização. Os contextos de socialização se multiplicam, inclusive pelo grande alcance das redes 
de interação sustentadas pela tecnologia. Cada vez mais o contato precoce com outros meios so-
ciais além da família ocorre na vida das pessoas. Estaríamos vivendo uma situação de “superex-
posição” aos mais diversos agentes socializadores, como se o processo de socialização tivesse sido 
pulverizado em inúmeras fontes que não assumem, nenhuma delas, posição preponderante na 
formação social do indivíduo. O que passa a ser uma questão na atualidade, não é o indivíduo su-
persocializado como um robô, mas, ao contrário, as dificuldades para a formação da identidade 
em um ambiente social tão fragmentado. (SANTOS, 2009; HALL, 2006; CASTELLS, 1999).
SAIBA MAIS+
Nas empresas, os processos de socialização planejados pela administração representam ape-
nas uma das fases da socialização. Outra fase ocorre quando o indivíduo assume de fato sua nova 
posição e passa a aprender, de modo informal, as práticas reais em seu próprio ambiente de traba-
lho. Neste momento, os companheiros diretos de trabalho adquirem bastante importância como 
agentes socializadores.
NA PRÁTICA
Socialização e Cultura 10
2. A Socialização Organizacional
Bem, agora estamos chegando à realidade das empresas.
Dentro das organizações, assim como na sociedade de uma forma geral, a socialização é um processo 
muito importante para que o indivíduo possa desempenhar corretamente seu papel. E não estamos fa-
lando somente do aprendizado de uma tarefa específica, mas também de importantes valores e padrões 
de comportamento coletivos, que o indivíduo precisa aprender e respeitar para ser efetivamente aceito e 
integrado à organização. 
Ele precisa aprender a maneira certa de desempenhar a tarefa, entender quais são os resultados es-
perados, as responsabilidades e os poderes que possui, assim como os comportamentos considerados ade-
quados ao ambiente da empresa.
Socialização e Cultura
Para a administração, este é um processo crucial, pois a adequação dos funcionários aos objetivos da 
organização depende em grande parte de seu processo de socialização organizacional.
2.1. Estratégias de socialização nas organizações
Quando a organização investe no planejamento do processo de socialização e busca conduzi-lo de 
maneira controlada, dizemos que ela está usando “estratégias de socialização”. Por exemplo, colocar uma 
pessoa novata na organização perto de alguém mais experiente é uma estratégia de socialização, que bus-
ca facilitar o aprendizado da tarefa e da cultura da organização.
Aliás, é bom pararmos um pouco para pensar: será que nas organizações, o processo de socialização 
é mais simples do que na sociedade em geral? Ou será igualmente complexo, envolvendo vários agentes 
socializadores, com modelos diferentes de comportamento e de valores? Pode haver, por exemplo, contra-
dição entre a socialização que a empresa pretende fazer com o indivíduo e a socialização que os colegas de 
trabalho fazem?
A socialização organizacional é o processo pelo qual uma pessoa aprende os valores, normas e 
comportamentos que lhe permitirão participar como membro de uma determinada organização. 
(VAN MAANEN, 1996).
IMPORTANTE
Socialização e Cultura 12
Assim como ocorre na vida, o processo de socialização na organização é contínuo, durando o tempo 
que o indivíduo fizer parte daquela organização. Isso quer dizer que ele não termina quando uma pessoa 
aprende sua tarefa. Mesmo quando um funcionário é antigo e experiente, ele terá que passar pela socia-
lização novamente quando mudar de tarefa, de posição na hierarquia, ou mesmo se mudar de unidade. 
Sempre que temos novos papéis a desempenhar, precisamos da socialização para nos guiar na nova etapa 
de aprendizagem.
A organização pode facilitar muito este processo, buscando conduzir a socialização, ao invés de deixá-
-la ocorrer totalmente ao acaso. Tudo fica mais fácil quando a organização tem uma cultura bem definidae sabe com clareza o que espera de cada funcionário. Isso evita a transmissão de informações confusas e 
ambíguas que deixam a pessoa sem saber muito bem como deve agir na empresa.
O funcionário, é claro, também é agente importante nesse processo. Como vimos, os indivíduos não 
reagem de modo simplesmente passivo no processo de socialização. Os novos integrantes de uma orga-
nização não só adquirem as informações sobre o ambiente do qual passam a fazer parte, como também 
transmitem a ele informações trazidas de outros ambientes nos quais interagiram. Além disso, apresen-
tam reações diferentes ao longo do processo, dependendo de suas características pessoais. Por isso, o in-
divíduo também interfere de modo importante no resultado do processo de socialização organizacional.
Van Maanen e Schein (1979) chegaram a observar que um dos resultados possíveis do processo de 
socialização em uma empresa é que o empregado não aprenda os elementos centrais da cultura da em-
presa ou não se identifique com eles, desenvolvendo sentimentos de inadequação e desejo de abandonar 
o trabalho.
Nas organizações Disney, todos os funcionários recém-contratados, independente do cargo, 
passam por um curso de orientação chamado “tradições Disney”, onde aprendem toda a histó-
ria e a filosofia da empresa. A intenção é que todos os funcionários tenham clareza da filosofia 
da empresa. Além de cursos e treinamentos diversos, outras etapas da integração destes novos 
funcionários são feitas por meio de uma organização interna, chamada “Universidade Disney”. Os 
livros didáticos usados na Universidade da empresa ensinam que os trabalhadores são o “elenco”, 
os clientes “astros convidados” e os uniformes “fantasias”. Terminado o curso, cada novo integrante 
do “elenco” passa a trabalhar em parceria com um colega mais experiente, que continua a lhe apre-
sentar os princípios de funcionamento da empresa. (COLLINS, 1995).
NA PRÁTICA
Socialização e Cultura 13
2.2. Socialização e controle social
Do ponto de vista da sociologia, a socialização organizacional é uma forma de exercer controle social, 
isto é, de exercer controle sobre os comportamentos das pessoas na organização. Ela é um importante re-
curso para moldar o indivíduo às características do grupo, mesmo levando em conta que isso não significa 
uma simples “programação” de seu comportamento.
Em geral, não somos socializados para compreender como a sociedade funciona e quais são 
seus mecanismos de poder. Ao contrário, tendemos a desenvolver uma aceitação sobre a realidade 
social em que vivemos, a tomar como natural uma realidade que poderia existir de uma maneira 
diferente.
IMPORTANTE
Sobre esta questão da reprodução social gostaria de voltar ao sociólogo 
Karl Marx, pois ele fez questão de chamar a atenção para uma consequên-
cia do processo de socialização na sociedade capitalista: o conformismo 
das pessoas com as desigualdades existentes. Para Marx, as classes com 
maior poder econômico controlam os principais meios de socialização, 
como a escola e mídia, por exemplo. Deste modo, têm mais condições de 
difundir ideias favoráveis à manutenção do capitalismo. 
Socialização e Cultura 14
Pierre Bourdieu (1975) desenvolveu o conceito de violência simbólica para destacar o papel 
da socialização na difusão de crenças e valores de grupos dominantes na sociedade. O conceito de 
violência simbólica refere-se às imposições culturais, exercidas de forma quase sempre invisível 
e dissimulada, de crenças e preconceitos socialmente construídos. O conceito explica a contínua 
reprodução de crenças dominantes no processo de socialização, pelo qual as classes que lideram 
acabam por impor sua cultura aos segmentos menos privilegiados, levando estes grupos a se en-
xergarem de acordo com os critérios e valores dos dominantes. Como efeito da violência simbólica, 
por exemplo, indivíduos de grupos desprivilegiados podem vir a aceitar e incorporar a visão de que 
são “burros” ou “incompetentes”, acomodando-se à sua posição social como se ela fosse algo natu-
ral. (ARAÚJO E OLIVEIRA, 2014).
SAIBA MAIS+
Socialização e Cultura 15
3. Cultura
Muitas vezes, no senso comum, a palavra cultura é empregada como sinônimo de formação escolar ou 
de conhecimentos gerais. Em geral, dizemos que uma pessoa é “culta” (isto é, tem muita cultura) quando 
ela tem elevada escolaridade ou é formada em alguma área. Pessoas que falam mais de uma língua e via-
jam por vários países também são consideradas “cultas”. 
A consequência disso é que tendemos a ver as pessoas que têm muito estudo ou que demonstram ser 
“viajadas” como pessoas que “têm muita cultura”. Por outro lado, vemos pessoas humildes, pouco escolari-
zadas, que falam “errado” ou não sabem escrever, como “incultas” ou “sem cultura”.
Mas vamos parar para pensar um pouco. Seria possível dizer que uma pessoa não tem cultura? 
Para a sociologia, não existem indivíduos que, vivendo em sociedade, não possuam cultura. Isso por-
que a cultura significa bem mais do que aquilo que se aprende na vida escolar.
Vamos ver, por exemplo, o conceito de cultura apresentado por Laraia (1997). Observe que se trata de 
uma ideia bem mais ampla: 
Definimos cultura como os modos de vida comuns de um grupo ou sociedade, que se ex-
pressam nos objetos materiais que as pessoas usam (como os utensílios, as máquinas e as 
ferramentas), nas ideias em comum que guiam suas ações e interações na sociedade (como 
as crenças, os costumes, os conhecimentos, os valores e as normas) e nos símbolos que utili-
zam para comunicar seus valores (gestos, palavras, sinais, rituais, etc.)
Desta perspectiva, a cultura é uma espécie de “patrimônio social” composto por tudo aquilo que os 
seres humanos criam e recriam em sua experiência social e que vai sendo transmitido, de geração em gera-
ção, por meio de um processo que já conhecemos, o processo de socialização.
As novas gerações, por sua vez, modificam este patrimônio recebido e acrescentam suas próprias cria-
ções e invenções, modelando um novo patrimônio cultural para as próximas gerações. É deste modo dinâ-
mico e criativo, que vai sendo gerado um interminável processo de acumulação e de evolução da cultura.
Por isso, quando a sociologia diz que o ser humano é um ser predominantemente cultural, reafirma 
que dependemos do processo de socialização para ter acesso, partilhar e construir o patrimônio de nossa 
cultura. Do ponto de vista sociológico, nós nascemos em uma cultura, mas não com uma cultura, pois ela 
não é inata e nem herdada biologicamente. 
Socialização e Cultura 16
Como administradores, devemos estar atentos às influências que partem da cultura e que mo-
delam comportamentos tanto de consumidores quanto de pessoas que trabalham na organização. 
Também devemos estar atentos às mudanças que esses comportamentos podem sofrer a partir de 
novas influências vindas do meio cultural, ao invés de pensar que os comportamentos estão para 
sempre fixos na natureza biológica que já nasce com as pessoas. Não custa lembrar que a ideia de 
que a natureza biológica ou genética determina comportamentos é frequentemente usada para 
afirmar a “superioridade natural” de certos indivíduos ou grupos sobre outros. Tivemos alguns tris-
tes exemplos disso na história.
NA PRÁTICA
Para a sociologia, a cultura não é um dado biológico. A cultura é socialmente construída e repre-
senta uma das mais poderosas influências sobre o comportamento humano. Como destaca Ruth 
Landes, “a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo”. (LARAIA, 1997)
IMPORTANTE
3.1. Etnocentrismo e relativismo cultural
Podemos ver que toda sociedade possui alguma espécie de cultura. Em qualquer meio social onde 
existem as interações humanas, criando e recriando este “patrimônio” de objetos materiais, ideais e simbó-
licos, existe cultura. Por isso, um famoso antropólogo francês, chamado Levi-Strauss,disse que sempre que 
julgamos uma cultura diferente como “inferior” ou “atrasada”, estamos simplesmente projetando nela os 
valores de nossa própria cultura.
Socialização e Cultura 17
Já reparou como é muito comum olhar para uma cultura tribal isolada e apontar o seu “atraso tecno-
lógico”? Alguns dizem: “coitados dos índios, ainda estão no arco e flecha!”. Do ponto de vista dos valores da 
nossa cultura, imaginamos ser terrível viver sem internet, carro e se comunicar por meios tão precários, ao 
invés de usar o Facebook. 
Do mesmo modo, seria facílimo para um membro de uma cultura tribal olhar para nossa sociedade 
e apontar a relação “errada” e profundamente destrutiva (até suicida) que temos com o meio ambiente. 
Algumas tribos poderiam dizer: “pobre homem branco, já pisou na lua e não tem nem água limpa para 
beber!”. Pois Levi-Strauss disse que a atitude de julgar as culturas diferentes como inferiores ou aberrantes 
chama-se etnocentrismo. Isso ocorre porque tendemos a ficar centrados em nossa própria cultura, porque 
aprendemos que ela é a melhor, a única correta e muito superior às demais. 
Em geral, a atitude de etnocentrismo cria dificuldades para a convivência de culturas diferentes e mui-
tas vezes pode atingir um nível de intolerância no qual uma sociedade tenta eliminar a cultura da outra. 
São casos extremos de genocídio cultural, como vimos ocorrer com várias sociedades indígenas, inclusive 
no Brasil. 
Socialização e Cultura 18
A atitude oposta ao etnocentrismo é chamada de relativismo cultural, que significa a compreensão e o 
respeito das diferenças culturais. O principal efeito positivo dessa postura é criar condições para o diálogo 
entre diferentes culturas e tolerância à diversidade, ajudando pessoas a compreenderem modos diferen-
tes de conduta e de pensamento. 
O conceito de relativismo cultural se contrapõe ao de etnocentrismo, ao afirmar que uma cultu-
ra deve ser compreendida e avaliada dentro dos seus próprios moldes e padrões, mesmo que estes 
pareçam estranhos e exóticos. Este conceito põe em questão a ideia de que a moral e os costumes 
típicos de uma sociedade possam ser considerados superiores em relação à moral e aos costumes 
de outra sociedade. A atitude é importante porque cria condições para o diálogo entre diferentes 
culturas, ajudando as pessoas a compreenderem modos diferentes de conduta e de pensamento. 
(MARCONI; PRESOTTO, 1998).
IMPORTANTE
A xenofobia (aversão a estrangeiros) é uma face negativa do etnocentrismo e um dos maiores 
desafios na era global em que vivemos, na qual pessoas das mais diversas culturas tendem a com-
partilhar os mesmos espaços sociais. Em uma época em que a tecnologia conecta cada vez mais 
as pessoas e os movimentos migratórios deslocam grandes agrupamentos humanos, a rejeição à 
diferença torna ainda mais complicada a convivência das diferentes culturas.
SAIBA MAIS+
Em 2002, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) 
proclamou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, afirmando que “a defesa da diver-
sidade cultural [...] implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades funda-
mentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e os direitos dos povos 
nativos. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos 
pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance” (UNESCO, 2002).
SAIBA MAIS+
Socialização e Cultura 19
3.2 Globalização e choques culturais
A discussão dos conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural tem uma contribuição muito im-
portante para a administração. Afinal, toda empresa tem que lidar com a diversidade cultural. Os cola-
boradores de uma empresa são de religiões, Estados ou classes sociais diferentes. Isto implica em uma 
diversidade de valores e visões de mundo.
Pense bem como é ainda mais complexa a situação de uma empresa global que atua em vários países 
e vende produtos para diferentes mercados ao redor do mundo. Neste caso, podemos dizer que a empresa 
tem sua cultura organizacional, tem que se relacionar com a cultura nacional do país onde atua, gerencia 
pessoas que podem vir de culturas diferentes e vende produtos para pessoas que também têm culturas 
diferentes.
Você é capaz de imaginar os choques culturais que poderiam ocorrer nessa situação?
Os conflitos que estão ligados à dificuldade de convivência de culturas diferentes são chamados 
pela sociologia de choques culturais. Este fenômeno ocorre principalmente porque a maioria das 
pessoas aprende e aceita os modos de vida estabelecidos em sua cultura como naturais, por isso 
quando encontram culturas diferentes, desenvolvem sentimentos conflitantes com ela.
IMPORTANTE
Por isso, você que já é ou será profissional de gestão, deve ficar bem atento a esses fatores e lembrar 
que terá que desenvolver equipes compostas de pessoas originárias de culturas diversas e também precisa-
rá construir relacionamentos com organizações e com mercados muito diferentes culturalmente. 
Socialização e Cultura 20
Um dos principais desafios presentes nestas situações é o de reduzir os choques culturais e permitir 
que as diferenças agreguem valor à organização, ao invés de criar conflitos que comprometam seus resul-
tados. Neste caso, você deve imaginar como a escolha de uma postura de etnocentrismo ou de relativismo 
cultural pode fazer toda a diferença. 
2.3. Subculturas e contraculturas
Podemos observar a diversidade cultural não apenas quando comparamos sociedades diferentes, 
mas também quando observamos uma única sociedade. Uma sociedade pode conter grande variação em 
termos de padrões culturais, você concorda? 
Os estudos sociológicos mostram que no interior da cultura de uma sociedade formam-se inúmeras 
subculturas. Podemos citar como exemplos as subculturas regionais no Brasil. Veja só, embora o carnaval 
seja reconhecido como um traço cultural nacional, podemos perceber que a forma como é festejado na 
Bahia é um tanto diferente do modo como as pessoas o festejam no Rio de Janeiro. Cada região tem suas 
tradições, hábitos e costumes próprios, embora continuem fazendo parte da “cultura brasileira”.
Subcultura é definida como “a cultura peculiar de um grupo menor dentro de uma sociedade”. 
(MARCONI; PRESOTO, 1998).
IMPORTANTE
As subculturas podem se expressar por quaisquer traços, como vestimentas, hábitos, formas de ex-
pressão, códigos e regras particulares a cada grupo. Em uma empresa, as subculturas podem se manifes-
tar em diferentes departamentos, por exemplo. Um setor de pesquisa e desenvolvimento de uma grande 
empresa certamente tem uma rotina de funcionamento e de interação entre as pessoas muito diferente 
daquela compartilhada pelas pessoas do departamento de vendas. A equipe de vendas, o pessoal do RH, 
cada um destes grupos têm uma subcultura distinta. Quantas vezes você olha para um certo setor de sua 
própria empresa e parece que ali é um “outro mundo”?
Contudo, como acontece com as subculturas em qualquer contexto, elas permanecem de alguma for-
ma ligadas aos padrões da cultura dominante. O que faz com que uma subcultura não se transforme em 
uma cultura totalmente oposta, é justamente o fato de que seus integrantes não ignoram a cultura domi-
nante, ao contrário, eles compartilham desta cultura, porém se diferenciam dela em alguns aspectos.
Socialização e Cultura 21
Quando uma subcultura se torna crítica, passando a rejeitar e a combater os padrões mais importan-
tes da sociedade da qual faz parte, transforma-se em uma contracultura. 
As subculturas são importantes para compreender também o comportamento do consumidor. 
Uma subcultura representa um estilo de vida específico de um subgrupo na sociedade, e ajuda a 
identificar o que os profissionais de marketing chamam de nicho de mercado. A empresa Perdigão, 
por exemplo,lançou em 2003 uma linha de produtos à base de soja, na expectativa de conquistar 
consumidores adeptos da subcultura vegetariana.
NA PRÁTICA
As subculturas tendem a se proliferar na era da globalização, pois as pessoas podem interagir 
muito mais facilmente com pequenos grupos e se identificar com seus padrões. As facilidades de 
comunicação trazidas pela internet permitem que as pessoas se conectem praticamente de qual-
quer parte do mundo, aumentando a oferta de experiências culturais e facilitando a associação 
das pessoas com inúmeras subculturas. O fenômeno levou o sociólogo Michel Maf fesoli (2000) a 
afirmar que vivemos em um mundo cada vez mais composto de “tribos”.
SAIBA MAIS+
Um movimento que se tornou símbolo da contracultura ocorreu nos anos sessenta, década 
marcada por diversos focos de contestação. Os adeptos do movimento hippie, com seu estilo de 
vida extremamente chocante para os padrões da época, questionavam o casamento, a monoga-
mia, o materialismo, o consumismo e a guerra, instituições que embasavam sociedades ocidentais 
naquele momento.
SAIBA MAIS+
Socialização e Cultura 22
As contraculturas podem ser alvo de perseguições, mas também podem ser assimiladas pela cultura 
dominante e perder o seu poder questionador. Aliás, muitas empresas tiram vantagem desse expediente. 
Você já observou como alguns símbolos de movimentos contraculturais foram transformados em produ-
tos que viraram moda e geraram lucros? Produtos com a imagem do revolucionário socialista Che Guevara, 
por exemplo, são comercializados por grandes e pequenas empresas ao redor do mundo.
Nas organizações, as contraculturas, quando identificadas, são geralmente combatidas, porque re-
presentam uma resistência à cultura proposta pela empresa. Os chamados “feudos” e “panelinhas” são am-
bientes onde podem se desenvolver as contraculturas. Esses espaços informalmente criados geralmente 
ficam “invisíveis” para a administração e neles podem surgir atitudes de boicote, obstrução de informação, 
resistência à mudança e outros tipos de posturas não cooperativas ou que desafiam os valores da organi-
zação. (TORQUATO, 1991).
Socialização e Cultura 23
4. Cultura Organizacional e Cultura Nacional
É claro que o papel da gestão nesse contexto cultural tão diverso, com culturas de diferentes países, 
subculturas e até contraculturas não poderia ser fácil. Um dos grandes esforços que as empresas dispostas 
a lidar com a cultura de um modo mais consciente e vantajoso fazem é tentar criar uma cultura organiza-
cional. 
Mas o que significa isso?
A cultura organizacional pode ser percebida na forma como as pessoas interagem, na linguagem que 
utilizam, na maneira de se vestirem e, principalmente, no modo de encaminhar e resolver os seus proble-
mas na organização. Deste modo, a cultura organizacional constitui uma espécie de identidade que é reco-
nhecida pelas pessoas como “o jeito de ser da empresa” que a diferencia das demais.
A cultura organizacional tem um papel importante como elemento integrador das pessoas nas em-
presas. Todas as diferenças culturais devem ser acomodadas em torno de princípios básicos comuns a to-
dos na organização. Estes princípios são elementos norteadores da cultura da organização.
A definição clássica de cultura organizacional foi dada por Schein (1984) e se refere aos modos 
habituais de agir, de pensar e de sentir que os membros de uma mesma organização comparti-
lham, e que se manifestam no modo particular como esta organização funciona.
IMPORTANTE
Note ainda que a cultura de uma empresa não é produzida somente a partir de aspectos internos da 
organização. Nenhuma cultura organizacional é capaz existir de modo totalmente independente do am-
biente que a cerca. 
Isto significa que toda empresa está inserida em um ambiente econômico, cultural e social com o qual 
está constantemente em relação. Além disso, os indivíduos que ingressam na organização não são páginas 
em branco nas quais a empresa imprime seus padrões organizacionais. Os indivíduos levam consigo carac-
terísticas culturais assimiladas das sociedades com as quais conviveram ao longo de suas vidas. 
E como isto tem impacto na organização?
Socialização e Cultura 24
Muitos estudiosos se dedicaram a verificar como traços culturais brasileiros afetam as organizações 
que atuam no país. São valores e padrões que caracterizam nossa cultura e que, portanto, influenciam a 
forma como as pessoas trabalham e administram empresas aqui no Brasil. 
Veja se você reconhece estas influências na organização em que você trabalha:
Socialização e Cultura 25
Personalismo
Grande valor atribuído à rede de amigos e familia-
res, frequentemente usada para obter privilégios, 
e cujos interesses são tidos como mais importan-
tes do que os do conjunto da sociedade, de modo 
que cada um favorece os membros de seu clã, em 
detrimento do interesse coletivo.
Jeitinho Brasileiro
Usado para “driblar” determinações (leis, ordens, 
regras etc.) que dificultam a realização de um 
objetivo. O jeitinho é a tentativa de ajustar as nor-
mas e as leis às “situações particulares” cotidianas.
Plasticidade
Assimilação fácil de práticas e costumes estran-
geiros e propensão a aceitar modelos e conceitos 
desenvolvidos em outros contextos culturais. 
Poderia ser descrito como um etnocentrismo ao 
contrário, no qual nossa própria cultura é conside-
rada inferior à cultura de outro país, idealizada de 
modo utópico. Certa vez, um embaixador brasilei-
ro nos Estados Unidos pronunciou uma frase que 
se tornou célebre no País: “O que é bom para os 
Estados Unidos é bom para o Brasil”. Ou, como diz 
o dito popular: “Santo de casa não faz milagre”.
FONTE: BARROS, 2001.
Porém devemos lembrar que os elementos culturais de uma sociedade podem ser mudados, embora 
isso muitas vezes signifique um processo longo, que enfrenta muitas resistências.
As organizações brasileiras, desde a entrada do país no cenário globalizado, a partir dos anos noventa, 
têm modificado muitos desses “traços nacionais” de cultura. 
O número de profissionais expatriados (que vão trabalhar em outros países) aumentou, ocorreram pro-
cessos de fusão e de aquisição, bem como avanços na internacionalização de empresas brasileiras. Novas prá-
ticas de gestão foram difundidas pela mídia especializada, pelas empresas de consultoria e pelas escolas de 
gestão. Todos esses novos parâmetros passaram a interagir com as características culturais brasileiras, provo-
cando algumas mudanças na forma como a gestão passou a ser feita no país.
Socialização e Cultura 26
Assista a entrevista com Silvio Celestino, diretor da Alliance Coaching, sobre a relação entre cul-
tura nacional e cultura organizacional. Disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
VÍDEO
Uma pesquisa feita com executivos brasileiros da cidade de São Paulo mostrou que traços tra-
dicionais da cultura brasileira vêm sendo reavaliados, como o “jeitinho brasileiro”, apontado pelos 
executivos como um tipo de comportamento pouco profissional ou amador, que gera instabilidade 
e pouca credibilidade nas organizações. (CHU E WOOD JR., 2008).
NA PRÁTICA
Socialização e Cultura 27
ínteseS
Vimos nesta unidade a importância do processo de socialização como forma de transmissão da cultura 
de uma sociedade para seus integrantes. 
Por meio da socialização, ocorre a integração do indivíduo à sociedade e a reprodução dos padrões cul-
turais.
Os indivíduos, a partir de sua socialização, assimilam padrões que vão se refletir em todas as esferas de 
seu comportamento.
A socialização organizacional é um importante mecanismo de adaptação dos indivíduos às organiza-
ções, que podem utilizar variadas estratégias para estruturar esse processo de aprendizado social.
A cultura, do ponto de vista sociológico, é abordada como um patrimônio social composto por tudo 
aquiloque os seres humanos criam e recriam em sua experiência social, sendo um processo dinâmico e 
muito influente na vida social e organizacional.
Dentre os diversos elementos que caracterizam a dinâmica cultural, abordamos principalmente:
 ● A existência de subculturas e de contraculturas na sociedade e nas organizações, caracterizando ambien-
tes de diversidade.
 ● A multiplicidade de culturas convivendo em um mesmo espaço social, representando um dos principais 
desafios para os gestores que visam evitar a ocorrência de choques culturais.
 ● Os impactos das posturas de etnocentrismo (rejeição das diferenças culturais) e de relativismo cultural 
(compreensão das diferenças culturais) face à diversidade de culturas.
Socialização e Cultura 28
Leia com atenção o caso a seguir:
O McDonald’s, rede americana de lanchonetes, vai abrir seus primeiros pontos de venda exclusiva-
mente vegetarianos em um centro de peregrinação da Índia, como parte de seus esforços para crescer em 
um mercado onde as vacas são sagradas e comer carne vermelha é um tabu. Os dois McDonald’s vegeta-
rianos deverão abrir as portas no ano que vem na cidade de Amritsar, onde fica o Templo Dourado, lugar 
mais sagrado para a religião Sikh da Índia. Atualmente, as ofertas de hambúrgueres nas demais lojas do 
McDonald’s na Índia incluem carne de frango, além de uma variedade de refeições vegetarianas, como o 
McVeggie (pequena torta de cenoura, ervilhas e batata), o McAloo Tikki (torta de purê de batata apimenta-
do, frita no óleo). Os restaurantes que abrirão em Amritsar serão os primeiros exclusivamente vegetarianos 
no país. A rede provavelmente vai desenvolver novos itens para ampliar a oferta. “Como vai se tratar de um 
restaurante exclusivamente vegetariano, teremos de pensar no lançamento de mais produtos. E uma loja 
vegetariana faz total sentido em um lugar com um templo tão famoso de peregrinação”, diz Rajesh Maini, 
um porta-voz do McDonald’s na Índia. A rede americana, cuja marca registrada é o hambúrguer de carne 
bovina, vem lutando para ganhar velocidade na Índia, onde muitos hindus reverenciam as vacas como di-
vindades e não comem carne bovina, mesmo que não sejam vegetarianos rígidos. Apesar da presença de 
mais de uma década e meia na Índia, o McDonald’s possui hoje apenas 271 lojas no país. Mas Maini disse 
que a rede espera dobrar esse número nos próximos três anos. A decisão do McDonald’s de abrir lojas to-
talmente vegetarianas em dois locais sagrados reflete os esforços da empresa para atender a um mercado 
enorme e em crescimento acelerado, oferecendo refeições a preços acessíveis para os jovens e famílias de 
orçamentos limitados. 
FONTE: Adaptado de KAZMIN (2012).
Como você classificaria a atitude do McDonald’s de abrir restaurantes exclusivamente vegetarianos na 
Índia: etnocentrismo ou relativismo cultural? Justifique sua resposta.
rabalho Discente Efetivo – TDET
Socialização e Cultura 29
eitura Complementar
CHARON, Joel. Sociologia. São Paulo: Saraiva, 2013. Cap 6 (A cultura). Seção 6.8 “A verdadeira impor-
tância da cultura: a construção social da realidade”. 
L
Socialização e Cultura 30
ecuperação/Reforço da Aprendizagem
Para reforçar sua aprendizagem, sugiro que você responda às questões a seguir, sobre alguns dos con-
ceitos básicos abordados na unidade:
Questão 1. As atitudes de etnocentrismo atraem a atenção da Sociologia por seus impactos na convi-
vência de culturas diferentes. Do ponto de vista sociológico, é correto afirmar sobre o etnocentrismo:
(A) Significa o diálogo entre diferentes culturas que se aceitam e respeitam mutuamente.
(B) É o comportamento que o indivíduo recebe do grupo por herança biológica.
(C) É uma atitude de intolerância que provoca choques entre culturas diferentes.
(D) É o comportamento do indivíduo que confronta os padrões culturais dominantes em sua sociedade.
Questão 2. A cultura de uma sociedade costuma comportar grupos com características diversas. Estes 
grupos desenvolvem subculturas quando: 
(A) Determinam os padrões seguidos por toda a sociedade.
(B) Confrontam as normas e valores culturais dominantes da sociedade.
(C) Possuem uma cultura de nível inferior à do restante da sociedade.
(D) Diferenciam-se da sociedade mais ampla, mas partilham com ela valores básicos. 
Questão 3. Carlos Alberto foi aprovado no processo seletivo para trabalhar na empresa operadora 
do metrô de São Paulo. Foi então encaminhado para uma visita a uma das estações, com a finalidade de 
conhecer seu futuro local de trabalho. O gestor que o acompanhava enfatizou que, embora Carlos Alberto 
já conhecesse o metrô como meio de transporte, a partir de agora ele iria “conhecer o lado de dentro” das 
operações em uma estação. Por meio do seguinte processo Carlos Alberto irá aprender sobre este “lado de 
dentro” da empresa:
(A) Alienação.
(B) Socialização organizacional.
(C) Anomia.
(D) Diversidade cultural.
R
Socialização e Cultura 31
eferências Bibliográficas
CARVALHO, Júlio Neves de. O efeito do fenômeno de suicídios coletivos na geração de renda. 2014. 84 f. 
Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
CRIANÇA E CONSUMO. Consumismo infantil, um problema de todos. Disponível em: http://criancaecon-
sumo.org.br/consumismo-infantil/
DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social. 2 vol. Lisboa: Editorial Presença, 1984. 
_______ . As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Nacional, 1987. 
_______ . O suicídio. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 
HARNECKER, Marta. Os conceitos elementais do materialismo histórico. 1973.
NETTO, José Paulo. O que é marxismo (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 2006.
SAINT´PIERRE. Max Weber: entre a paixão e a razão. São Paulo: Unicamp, 2004.
SANTOS, Vania Martins dos. Sociologia da Administração. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
VEIGA, L. M. ; A reforma protestante. 7ª Edição. São Paulo: Ática, 1988. v. 1. 32p .
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 6ª Edição. São Paulo: Pioneira, 1989.
_______ . Economia e sociedade. Brasília: UnB, 1994. 
R

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes