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Unidade 03 Recursos em espécie

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Unidade de Ensino Superior 
Vale Do Iguaçu 
 
 
 
1 
 
 
Disciplina: Direito Processual Civil IV - Recursos. Professor: Cainã Domit Vieira. 7º período. 
 
Unidade 03 – Recursos em espécie 
 
3.1. Apelação. 
 
Conceito, cabimento e objeto da apelação. 
 
 Cabível para reformar ou decretar a nulidade de sentenças proferidas pelo “juiz de primeiro 
grau”1, a apelação, de acordo com Ovídio Baptista da Silva, é “o recurso por excelência, não só por ser o 
mais antigo já existente no direito romano, como por sua universalidade, comum a todos os 
ordenamentos modernos que descendam do direito romano-canônico”2. Santos destaca que a apelação 
provoca “o reexame da causa pelo órgão judiciário de segundo grau, para o fim de se obter deste a reforma 
total ou parcial da sentença impugnada”3. 
 
 O artigo 1.009, caput, do Código de 2015 mantém o cabimento da apelação previsto no Código 
de 73, isto é, como espécie de recurso cabível para impugnar a sentença, ainda que algum dos casos de 
cabimento do agravo faça parte da sentença (artigo 1.009, § 3º), uma vez que a extinção do processo basta 
para a caracterização da sentença e, por consequência, da recorribilidade pela apelação. 
 
 Ovídio explica que o recurso cabível será a apelação “se o provimento do juiz tiver posto fim à 
relação processual, ainda que (...) o mérito da causa não seja sequer tocado”4, uma vez que será sentença 
o ato que extingue o processo, de forma que a medida judicial cabível a impugnar tal decisão será a 
apelação. 
 
 Neste sentido, Moacyr Amaral Santos explica que as sentenças podem ser definitivas ou 
terminativas, ressaltando que “essas põem termo ao processo, sem julgamento do mérito; aquelas 
decidem do mérito. Decidir do mérito é resolver a lide, acolhendo ou rejeitando a pretensão do autor. 
Umas e outras são recorríveis por meio de apelação”.5 
 
 Nos termos do artigo 1.009, § 1º, do Código de 2015, é possível alegar na apelação questões 
resolvidas ao longo da fase de conhecimento que não sejam objeto de preclusão. Tal alegação será 
realizada na preliminar da apelação ou das contrarrazões (ocasião em que o recorrente será intimado para 
se manifestar a respeito da alegação), com a possibilidade de postular a decretação da nulidade da decisão 
judicial e, por vezes, de demais atos processuais. 
 
 É possível, ainda, impugnar na apelação o capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga 
a tutela provisória (artigo 1.103, § 5º, do Código), assim como é lícita a alegação de questões de fato não 
arguidas em primeira instância, contanto que seja demonstrado pelo recorrente que tal fato não foi 
suscitado por motivo de força maior, como dispõe o artigo 1.014 do Código de 2015. 
 
1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil. 3. v. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 108. 
2 SILVA, Ovídio Baptista da. Curso de Processo Civil. v. 1. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 424. 
3 SANTOS, Moacyr Amaral. Op. cit., p. 109. 
4 SILVA, Ovídio Baptista da. Op. cit., p. 423. 
5 SANTOS, Moacyr Amaral. Op. cit., p. 108-109. 
 
 
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Vale Do Iguaçu 
 
 
 
2 
 
 
 
 É possível considerar como caso de força maior o fato novo, isto é, superveniente à prolação de 
sentença, o fato ignorado (que a parte toma conhecimento apenas após a sentença, e a impossibilidade 
objetiva de comunicar ou provar o fato até a sentença, situações que decorrem da natureza da ação ou 
de particularidades do processo e que justificam a abordagem apenas em sede de apelação sem 
caracterizar a supressão de instância. 
 
Requisitos específicos da apelação. 
 
 A apelação é composta por duas distintas peças: (a) peça de interposição, dirigira ao juiz “a quo”; 
(b) peça de razões recursais, que será apreciada pelo juízo “ad quem” após a remessa do processo ao 
Tribunal. 
 
 José Carlos Barbosa Moreira acrescenta que a apelação deve ser “(...) instruída com a 
comprovação do preparo, sempre que exigível, sob pena de deserção”6. 
 
 O prazo para interposição da apelação – assim como dos demais recursos do Direito Processual 
Civil, salvo os embargos de declaração – é de 15 (quinze) dias, conforme previsto no artigo 1.003, § 5º, 
do Código de 2015. No entanto, há exceção a tal prazo nos casos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, com a redução para 10 (dez) dias, conforme previsto no artigo 198, inciso II, da Lei n° 
8.069/1990. 
 
 Após as contrarrazões e eventual recurso adesivo, a apelação será encaminhada ao Tribunal 
independente do juízo de admissibilidade, o que representa a relevante modificação em relação ao Código 
de Processo Civil de 1973, pela qual não cabe ao juízo “a quo” analisar os pressupostos recursais, mas 
apenas a determinação da remessa dos autos ao Tribunal. 
 
 A apelação deverá conter os seguintes requisitos: 
 
(I) os nomes e a qualificação das partes: identificação das partes envolvidas no recurso. 
 
(II) a exposição do fato e do direito: o recorrente deve apresentar as alegações de fato e de direito 
discutidas ao longo da fase de conhecimento e apreciadas na sentença, com resumo de todas as etapas 
do processo, em especial da sentença impugnada com suas deliberações e a indicações dos fundamentos 
que serão impugnados. 
 
(III) as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade: o ponto fundamental do recurso 
é o fundamento pelo qual se busca a reforma ou a decretação de nulidade da decisão impugnada, 
consistente nas razões que sustentam os equívocos do magistrado na sustentação da sentença – 
interpretação equivocada dos fatos, das provas e da Lei ou a aplicação da legislação de maneira divergente 
do entendimento jurisprudencial dominante dos Tribunais. 
 
 
6 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Novo Processo Civil Brasileiro. 21. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2001, p. 132. 
 
 
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3 
 
 
(IV) o pedido de nova decisão: pela aplicação do princípio dispositivo na seara recursal, a decisão sobre 
o recurso estará limita ao pedido formulado na apelação, de forma que todas as pretensões recursais 
devem estar expressas ao final do apelo, requisitando ao juízo “ad quem” a prolação de nova decisão que 
decrete a nulidade ou substitua a sentença impugnada. 
 
Procedimento. 
 
 Com o protocolo da apelação, o apelado será intimado para, querendo, apresentar contrarrazões 
no prazo de 15 (quinze) dias, conforme prevê o artigo 1.010, § 1º, do Código de 2015. Caso o apelado 
apresente apelação adesiva, o apelante será intimado para contrarrazoar o recurso adesivo (artigo 1.010, 
§ 2º), com a remessa do processo ao Tribunal após a conclusão de tais formalidades, independente do 
juízo de admissibilidade (artigo 1.010, § 3º). 
 
 Com o recebimento da apelação no Tribunal, será realizada a distribuição e o processo seguirá 
concluso para, nos termos do artigo 1.011 do Código, o relator: 
 
(I) decidir monocraticamente a apelação em caso de: (i) não conhecer de recurso inadmissível, 
prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; (ii) negar 
provimento a recurso que for contrário ou dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária 
a: (a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; (b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em 
julgamento de recursos repetitivos; ou (c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
 
(II) se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso 
pelo órgão colegiado. Na análise do mérito da apelação, se presentes as condições para julgamento 
imediato, o artigo 1.013, § 3º, prevê a possibilidade da aplicação dateoria da causa madura, com a decisão 
de mérito pelo Tribunal quando: (a) reformar sentença de extinção do processo sem resolução de mérito; 
(b) decretar a nulidade da sentença lesiva ao princípio da demanda (extra ou ultra petita); (c) existir 
omissão de análise de algum pleito pela sentença, que será, então, apreciado pelo Tribunal; e (d) decretar 
a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
 
 Caso seja reformada sentença que reconheceu prescrição ou decadência, o Tribunal julgará o 
mérito, se possível, como autoriza o artigo 1.013, § 4º, do Código de 2015, com o fim de evitar o retorno 
do processo ao juízo “a quo”, com amparo nos princípios da celeridade e da economia processual. 
 
Efeitos da apelação. 
 
 Quanto aos efeitos da interposição de apelação, Barbosa Moreira destaca que, desde que 
admissível, ela “obsta naturalmente ao trânsito em julgado da sentença impugnada”7. Além disso, o efeito 
devolutivo é amplo, conforme previsto no artigo 1.013, caput8, do Código de Processo Civil de 2015, 
abrangendo: (a) “todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido 
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado”, como dispõe o § 1º do artigo 1.013; e (b) todos 
 
7 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Op. cit., p. 134. 
8 O artigo 1.013 do Código de 2015 prevê que “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada”. 
 
 
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4 
 
 
os fundamentos do pedido inicial e da defesa, ainda que não apreciados pelo magistrado, conforme o 
constante no § 2º do artigo 1.013. 
 
 Além dos efeitos devolutivo e obstativo (impedimento de trânsito em julgado), a apelação possui, 
como regra, o efeito suspensivo, conforme dispõe o artigo 1.012, caput9, do Código de Processo Civil. No 
entanto, ocorrendo alguma das hipóteses dos incisos10 do § 1º do artigo 1.012 do Código de 2015, o 
recebimento da apelação será tão-somente no efeito devolutivo: 
 
 
Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua 
publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar 
alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do 
executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede 
ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição 
 
 
 Assim, em regra é “possível ao autor vitorioso promover a execução provisória da sentença ainda 
pendente de recurso”11, conforme previsto no § 2º do artigo 1.012, o que será realizado na forma do 
cumprimento de sentença provisório, após a publicação da decisão judicial. 
 
 O pedido de efeito suspensivo nas hipóteses em que não há efeito suspensivo será dirigido, como 
disposto no § 3º do artigo 1.012, ao Tribunal em geral, até que seja feita a distribuição do processo ao 
relator e, após a distribuição, ao relator, que poderá suspender a eficácia da sentença “se o apelante 
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver 
risco de dano grave ou de difícil reparação”, como previsto no § 4º do artigo 1.012. 
 
3.2. Agravos 
 
 O agravo é um recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias, isto é, deliberações 
que não extinguem o processo. A origem histórica do agravo é registrada por Ovídio Baptista da Silva12 
“no direito medieval português, como um instrumento formado pela prática judiciária para 
contrabalancear a determinação então vigente que vedava o recurso de apelação das decisões 
interlocutórias”. 
 
 Moacyr Amaral Santos13 relata que a denominação “agravo” decorre da finalidade de tal espécie 
de recursos, consistente em “impugnar ato decisório do juiz, causador de gravame ou prejuízo ao 
litigante”. 
 
 Com relação aos efeitos, Ovídio14 afirma que o efeito devolutivo do agravo se limita “à matéria 
impugnada no recurso, e, ao contrário da apelação, não devolve ao tribunal superior o conhecimento de 
 
9 O artigo 1.012 do Código prevê que “A apelação terá efeito suspensivo”. 
10 O artigo 1.012, § 1º, do Código dispõe que: “.” 
11 SILVA, Ovídio Baptista da. Op. cit., p. 426. 
12 SILVA, Ovídio Baptista da. Curso de Processo Civil. v. 1. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 440. 
13 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil. 3. v. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 131. 
14 SILVA, Ovídio Baptista da. Op. cit., p. 443-444. 
 
 
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outras questões anteriores à decisão agravada”, enquanto há regra de não se aplicar o efeito suspensivo, 
salvo no caso de pedido expresso pela suspensão dos efeitos da decisão interlocutória, com demonstração 
de relevante fundamentação do agravo e do risco de lesão grave e de difícil reparação, hipótese “em que 
o relator do recurso poderá outorgar-lhe efeito suspensivo”. Com a demonstração de tais requisitos, é 
possível a concessão do efeito ativo, também denominado como tutela antecipada recursal, pelo qual o 
Tribunal antecipa os efeitos do acórdão que julgará o agravo. 
 
 Há ainda o efeito regressivo, aplicado por meio do juízo de retratação que o magistrado pode 
realizar por ocasião da apreciação da petição que informa sobre o protocolo do agravo, atendendo ao 
exigido pelo artigo 1.018 do Código de Processo Civil. 
 
Agravo de instrumento. 
 
Denominação e hipóteses de cabimento do agravo de instrumento. 
 
 Justificando a denominação “instrumento”, Moacyr Santos15 explica que esta modalidade de 
agravo se trata de “instrumento porque, diversamente dos demais recursos, não se processa nos próprios 
autos em que foi proferida a decisão impugnada mas, sim, em autos apartados, e, pois, constitui um 
instrumento apartado daqueles autos” (itálico no original). 
 
 O Novo Código de Processo Civil dispõe as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento 
em seu artigo 1.015, limitando a interposição em face das decisões interlocutórias que tratarem de: I - 
tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça 
ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - 
exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou 
inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo 
aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova. 
 
 Por fim, o inciso XIII possibilita a utilização do agravo de instrumento em “outros casos 
expressamente referidos em lei”, enquanto o parágrafo único do artigo 1.015 dispõe que sobre o 
cabimento “contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de 
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário”, o que amplia 
significativamente as hipóteses desta modalidade de agravo. 
 
 A principal controvérsia com relação às hipóteses de cabimento se encontra no inciso II, que 
dispõe sobre o mérito do processo e pode causar confusões com a apelação por se tratar da resolução de 
questões meritórias. Para resolver qualquer divergência neste aspecto, basta utilizar como critério o 
conceito de sentença, que possui a extinção do processo como elemento indispensável, de modo que a 
apelação apenas será cabível em face da decisão que extingue o processo. 
 
 Neste sentido, as decisões que decidam o mérito sem extinguir o processo, como nos casos em 
que há mais de um pedido principal (exemplos: declaração de inexistência de dívida com pedido de15 SANTOS, Moacyr Amaral. Op. cit., p. 131. 
 
 
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indenização por danos morais; obrigação de fazer com pedido de indenização; investigação de 
paternidade com pedido de alimentos), sendo plenamente possível o julgamento antecipado de um dos 
pleitos – em virtude, por exemplo, de se tratar de questão com controvérsia exclusivamente jurídica ou 
em que um documento já apresentado nos autos resolve a controvérsia quanto aos fatos –, com a 
manutenção do andamento processual com relação ao outro pedido, que seguirá à fase de instrução. 
 
 Na referida hipótese, o recurso cabível para impugnar a decisão que julgou o mérito de um dos 
pedidos dos autos sem extinguir o processo é o agravo de instrumento, como dispõe o Enunciado nº 103 
do Fórum Permanente de Processualistas Civis16. 
 
 As demais hipóteses de cabimento dispostas pelo artigo 1.015 apenas demonstram variadas 
possibilidades de interposição do agravo de instrumento em face de decisões interlocutórias que 
deliberem sobre pedidos referentes a: casos urgentes, instrução processual, preambulares, preliminares, 
litisconsórcio, intervenção de terceiros, justiça gratuita, e questões incidentes em geral. 
 
Requisitos do agravo de instrumento. 
 
 A principal distinção do agravo de instrumento em relação aos demais recursos se referente ao 
endereçamento de uma só petição diretamente ao tribunal competente, como prevê o artigo 1.016 do 
Código de Processo Civil. Considerando essa peculiaridade na indicação do órgão jurisdicional 
competente para julgar o agravo de instrumento, o artigo 1.017, § 2º, prevê distintas possibilidades de 
interposição, no prazo do recurso, por: “I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para 
julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob 
registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra 
forma prevista em lei.” 
 
 O artigo 1.016 enumera os requisitos constantes na petição do agravo de instrumento, como: I - 
a indicação dos nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de 
reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; e IV - o nome e o endereço completo dos 
advogados constantes do processo. 
 
 Para a formação do instrumento, o artigo 1.017 prevê a necessidade de instruí-lo, 
obrigatoriamente (inciso I), “com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a 
decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento 
oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do 
agravado”. 
 
 Em seu inciso II, o artigo 1.017 torna possível a apresentação de “declaração de inexistência de 
qualquer dos documentos” mencionados no inciso anterior, elaborada pelo advogado do agravante, sob 
pena de sua responsabilidade pessoal, enquanto o inciso III faculta ao recorrente a apresentação de outras 
peças que entenda úteis no “instrumento” que será apreciado pelo Tribunal. 
 
 
16 O Enunciado n.º 103 do FPPC prevê que “A decisão parcial proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, 
I, sujeita-se a recurso de agravo de instrumento. (Grupo: Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória; redação revista no III 
FPPC-Rio)”. 
 
 
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7 
 
 
 As petições previstas no artigo 1.017, incisos I e II, que formam o “instrumento” são dispensadas 
quando se trata de processo eletrônico, caso em que, conforme dispõe o § 5º do artigo 1.017, será 
facultado “ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da 
controvérsia”. 
 
 O requisito do preparo recursal consta no § 1º do artigo 1.017, que prevê a necessidade de 
apresentação do “comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando 
devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais”. 
 
 Após o protocolo do agravo de instrumento, há um requisito necessário em processos que não 
tramitam em meio eletrônico, a depender de alegação e comprovação do agravado sobre a ausência ou o 
protocolo intempestivo de requerimento de juntada de cópia da petição do agravo aos autos do processo, 
assim como dos documentos que formaram o instrumento, como faculta o artigo 1.018, caput, do Código 
de 2015. 
 
 É importante atentar que a opção do aludido dispositivo se torna obrigatória quando não se trata 
de processo eletrônico (§ 2º) e se há arguição e comprovação pelo agravo do descumprimento da 
exigência pelo agravante (§ 3º), inclusive no prazo de três dias a contar da data da interposição do agravo. 
 
 A finalidade do artigo 1.018 é possibilitar o efeito regressivo ao agravo de instrumento, 
consistente no juízo de retratação, com a informação de eventual reforma integral da decisão impugnada 
ao relator, que em tal situação considerará prejudicado o agravo de instrumento, nos termos do § 1º do 
mesmo artigo. 
 
Procedimento. 
 
 O agravo de instrumento deve ser interposto mediante protocolo diretamente junto ao Tribunal 
ou pelo sistema de protocolo integrado no prazo de quinze dias da intimação referente à decisão 
interlocutória da qual se pretende recorrer, nos termos do artigo 1.003, § 5º, do Código de Processo Civil, 
que trata de regra que torna comum o prazo para interposição de todos os recursos no processo civil, 
salvo os embargos de declaração. 
 
 Após o protocolo, já no Tribunal, o agravo de instrumento será registrado e distribuído para 
alguma Câmara competente para conhecer e julgar a matéria que é objeto do recurso. Na Câmara, o 
agravo é autuado e segue concluso ao relator – o que indica o encaminhamento do agravo para o gabinete 
do desembargador que será responsável pela sequência do procedimento. 
 
 Percebendo o desembargador relator a ausência de cópia de qualquer petição ou determinado 
vício que comprometa o conhecimento do agravo, o artigo 1.017, § 3º, indica o dever de intimar o 
agravante para, no prazo de cinco dias, sanar o vício ou complementar a documentação obrigatória (artigo 
932, parágrafo único). 
 
 Com o recebimento do agravo de instrumento, o relator fará o juízo de admissibilidade, 
analisando: (a) pressupostos recursais; (b) se há alguma prejudicial; (c) se há impugnação específica aos 
fundamentos da decisão. 
 
 
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 No mesmo momento processual, o relator poderá negar provimento ao agravo em caso de 
divergência com: (a) Súmula do STF, do STJ ou do próprio Tribunal; (b) acórdão proferido pelo STF ou 
pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; (c) entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência. 
 
 Não sendo aplicável nenhuma das hipóteses supracitadas de não conhecimento e não 
provimento, o artigo 1.019 do Código de 2015 dispõe que o relator deverá, em cinco dias: 
 
(a) analisar a possibilidade de atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, 
total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; 
(b) determinar a intimação pessoal do agravado, para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias, 
inclusive com a documentação que entenda necessária; 
(c) nas hipóteses de intervenção do Ministério Público, encaminhar o processo à referida entidade, de 
preferência por meio eletrônico, para manifestação no prazo de quinze dias. 
 
 Superadas tais etapas, o relator solicitará data para julgamento (em até um mês após a intimação 
do agravado, conforme artigo 1.020 do Código), ato no qual será feita a leitura do dispositivo do acórdão 
que decide o agravo, paraposterior manifestação dos demais desembargadores a respeito (a decisão 
partirá do órgão colegiado, pelo voto de três julgadores, como prevê o artigo 941, § 2º, do Código). 
 
Do agravo interno ou regimental. 
 
 Na análise da admissibilidade do recurso, a decisão proferida pelo relator pode ser objeto de 
agravo interno ou regimental, previsto no artigo 1.021 do Código, meio de impugnação que possui tais 
denominações pela regulamentação do regimento interno do respectivo Tribunal, onde tramitará tal 
espécie de agravo com apreciação do mérito pelo órgão colegiado. 
 
 Sob pena de não conhecimento, o agravante deve atentar ao princípio da dialeticidade, 
especificando na petição de agravo interno os pontos de impugnação aos fundamentos da decisão 
proferida pelo relator, ao qual será encaminhado tal agravo. Na sequência, o agravado será intimado para 
se manifestar quanto ao recurso, no prazo de quinze dias. 
 
 Há o efeito regressivo no agravo interno, que permite o juízo de retratação pelo relator. Com a 
manutenção da decisão, o agravo será encaminhado ao órgão colegiado para inclusão em pauta para 
julgamento. 
 
 Na análise do agravo interno é obrigatória a apreciação e o debate dos fundamentos do recurso, 
não sendo possível negar provimento com mera “reprodução dos fundamentos da decisão agravada” 
(artigo 1.021, § 3º). 
 
 Se o órgão colegiado considerar manifestamente inadmissível ou improcedente o agravo interno, 
por votação unânime, o § 4º do artigo 1.021 dispõe que o agravante deve ser condenado ao pagamento 
de “multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa”, hipótese em que a interposição 
 
 
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de novo recurso dependerá de “depósito prévio do valor da multa”, salvo a Fazenda Pública e o 
beneficiário da Justiça Gratuita, que podem realizar o pagamento ao final do processo. 
 
3.3. Embargos de declaração 
 
 Os embargos de declaração possuem diferenciais com relação aos demais recursos, pois se trata 
de meio de impugnação às decisões judiciais dirigido ao próprio órgão prolator da decisão embargada 
visando ao aperfeiçoamento, à integração ou à correção de algum ponto da atuação jurisdicional. 
 
 A simplicidade deste recurso decorre da limitação de possibilidades de fundamento, pois a base 
dos embargos se restringe, em regra, a uma questão objetiva, como é perceptível pelas hipóteses de 
cabimento constantes no artigo 1.022 do Código de Processo Civil, de modo que os embargos de 
declaração cabem contra qualquer decisão judicial para: 
 
(I) esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, nos casos em que a decisão judicial não é clara, ou 
confunde o jurisdicionado, que não compreende fundamento ou deliberação, sendo possível questionar 
o ponto obscuro, assim como nos casos em que há contradição na fundamentação, no dispositivo ou 
entre tais elementos da decisão, hipótese em que os embargos tornam possível a elucidação da efetiva 
posição do magistrado, esclarecendo-se qual dos aspectos que levaram à contradição deve ser ignorado; 
 
(II) suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a 
requerimento, esclarecendo o artigo 1.022, em seu parágrafo único, que se considera omissa a decisão 
que: (a) não aprecie “tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável 
ao caso sob julgamento”; ou (b) não se adeque a alguma das regras de fundamentação do artigo 489, § 1º, do 
Novo Código. 
 
(III) corrigir erro material, consistente em lapsos do magistrado ao expor a decisão, como confusão 
quanto ao nome das partes, nome de institutos jurídicos ou mesmo erros de cálculo. O erro material não 
se confunde com o entendimento do juiz sobre os fatos e o direito, pois se trata de vício “cuja correção não 
implica alteração do critério jurídico ou fático levado em conta no julgamento”17. 
 
Procedimento. 
 
 Em virtude da simplicidade do teor da discussão dos embargos de declaração, trata-se de recurso 
com distinção para os demais com relação aos requisitos de tempestividade e preparo. Com relação ao 
prazo, a oposição dos embargos deve ocorrer em 05 (cinco) dias da intimação do embargante, não sendo 
recurso sujeito a preparo, como indica o artigo 1.023 do Código. 
 
 O prazo será em dobro para litisconsortes com advogados distintos em processos físicos (artigo 
1.023, § 1º, combinado com o 229, caput), exceção que não se aplica aos processos eletrônicos (artigo 229, 
§ 2º). 
 
 
17 YARSHELL, Flávio Luiz. Ação rescisória. São Paulo, Malheiros, 2005, p. 55. 
 
 
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 A petição dos embargos de declaração será protocolada junto ao juízo atinente ao magistrado que 
proferiu a decisão embargada, para que tal julgador possa corrigir o lapso ou vício que justifica o recurso, 
motivo pelo qual a peça dos embargos deve indicar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão. 
 
 Em algumas situações, os embargos de declaração podem possuir um aspecto diferencial, que 
não é exceção em sua utilização prática, consistente no efeito modificativo da decisão judicial, como por 
exemplo nos casos de decisão contrária ao teor do artigo 489 §1º (omissa) e na hipótese de, nos Tribunais, 
o julgador entender ser agravo interno o recurso cabível, ocasião em que o embargante será intimado 
para complementar suas razões recursais, como possibilita o artigo 1.024, § 3º. 
 
 Nos casos de efeito modificativo, antes de decidir a respeito do pleito dos embargos, o magistrado 
deverá intimar o embargado para manifestação, em 05 (cinco) dias, como indica o artigo 1.023, § 2º, do 
Código. 
 
 Caso a decisão sobre os embargos modifique a original, o embargado que já tenha interposto 
outro recurso em face da decisão alterada será intimado para, no prazo de 15 (quinze) dias, complementar 
ou alterar suas razões recursais nos limites da modificação da decisão impugnada (artigo 1.024, § 4º), 
sendo que em caso de rejeição dos embargos ou de ausência de modificação na decisão original, o § 5º 
do artigo 1.024 permite que o recurso da parte contrária seja processado e julgado independente de 
ratificação. 
 
 Na sequência, caso o processo esteja em primeira instância, seguirá concluso ao juiz, que julgará 
os embargos em 05 (cinco) dias (artigo 1.024, caput). Se o processo estiver nos tribunais, caso a decisão 
embargada seja monocrática, a decisão a respeito dela caberá ao relator monocraticamente (artigo 1.024, 
§ 2º). 
 
 As decisões proferidas por órgão colegiado, quando embargadas, implicarão na apresentação dos 
embargos pelo relator na sessão posterior (artigo 1.024, § 1º), com o voto e a submissão a julgamento 
que, se não ocorrer em tal sessão, será automaticamente transferido para a posterior. 
 
Embargos de declaração para fins de pré-questionamento. 
 
 O pré-questionamento é um requisito do recurso especial e do recurso extraordinário para que 
tenha existido no processo, anteriormente à interposição de tais recursos, a discussão de questões sobre 
a interpretação de lei federal – no caso do recurso especial – e de norma constitucional – para o recurso 
extraordinário. 
 
 Se até o momento em que proferido o acórdão impugnável por tais recursos o embargante não 
tiver pré-questionado a interpretação que é objeto do recurso, a última maneira antes da interposição será 
a utilização de embargos de declaração, como autorizam as Súmulas 98 do Superior Tribunal de Justiça18 
e 35619 do Supremo Tribunal Federal. 
 
18 A Súmula 98 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de 
prequestionamento não tem caráter protelatório”.19 A Súmula 356 do Supremo Tribunal Federal prevê que “O ponto omisso da decisão sobre a qual não foram opostos embargos 
declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito de pré-questionamento”. 
 
 
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 O artigo 1.025 do Novo Código de Processo Civil assegura a possibilidade de utilização dos 
embargos de declaração para fins de pré-questionamento e considera as questões discutidas pré-
questionadas mesmo se os embargos “sejam inadmitidos ou rejeitados”, contanto que o tribunal superior 
entenda que ocorreu “erro, omissão, contradição ou obscuridade” na decisão embargada. 
 
Efeitos dos embargos de declaração. 
 
 O principal efeito dos embargos de declaração é o interruptivo, consistente na interrupção do 
prazo para a interposição de recurso, uma vez que se trata do motivo mais recorrente da utilização de tal 
espécie de impugnação às decisões judiciais, na maior parte dos casos pela finalidade protelatória do 
embargante. 
 
 A interrupção do prazo se dá para evitar a balbúrdia processual, uma vez que pelos embargos de 
declaração poderá ocorrer modificação no teor da decisão embargada, o que prejudicaria o recurso 
baseado apenas na decisão original, isto é, ignorando a possibilidade de alteração, até pela tardia ciência 
da parte contrária a respeito da oposição dos embargos de declaração. 
 
 Além disso, como estabelece o artigo 1.026, “os embargos de declaração não possuem efeito 
suspensivo”, pois a decisão embargada não tem seus efeitos suspensos e em consideração à praticamente 
imediata deliberação sobre os embargos. 
 
 O efeito suspensivo, contudo, será possível se o embargante demonstrar “a probabilidade de 
provimento do recurso” ou a “relevância da fundamentação” e o “risco de dano grave ou de difícil reparação”, como 
dispõe o § 1º do artigo 1.026. 
 
Embargos de declaração protelatórios. 
 
 Os embargos de declaração manifestamente protelatórios podem ter reconhecida tal condição 
pelo juiz ou tribunal, oportunidade em que o embargante será condenado, mediante decisão 
fundamentada, ao pagamento de “multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa”, nos 
termos do § 2º do artigo 1.026, que em seu § 3º registra que novos embargos protelatórios implicarão na 
elevação da multa “a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa”, hipótese em que o embargante só 
poderá interpor novo recurso após realizar depósito prévio do valor da multa, situação que não se aplica 
à Fazenda Pública e ao beneficiário de gratuidade da justiça, que pagarão a multa apenas após o trânsito 
em julgado. 
 
 Ademais, pelo § 4º do artigo 1.026, após o reconhecimento de dois embargos de declaração como 
protelatórios, não serão admitidos novos embargos da parte embargante. 
 
3.4. Recurso Ordinário Constitucional. 
 
 Recurso com fundamento constitucional cujo mérito será apreciado pelo Supremo Tribunal 
Federal (STF) ou pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme o caso, sempre em grau ordinário e 
seguindo as regras e os requisitos da apelação, como a necessidade de peças de interposição – 
 
 
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encaminhada ao tribunal “a quo”, com a intimação do recorrido para apresentar contrarrazões – e as 
razões recursais, que implicarão na remessa do processo ao juízo “ad quem”, para apreciação, 
independentemente de juízo de admissibilidade. 
 
 De acordo com o artigo 102, II, da Constituição e pelo artigo 1.027, I, do Código de Processo 
Civil, o recurso ordinário constitucional será dirigido ao STF em casos de decisão proferida no sistema 
processual civil denegatória de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção decididos em 
única instância pelos Tribunais Superiores. 
 
 Ao STJ, o recurso ordinário constitucional será dirigido em face de decisões: 
 
(a) denegatórias de mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais regionais federais 
ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios20; 
 
(b) de ação em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, 
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, processos nos quais será observado o Regimento 
Interno do STJ, e em caso de decisões interlocutórias nas hipóteses do artigo 1.015 do Novo Código são 
passíveis de agravo de instrumento. 
 
 Percebendo os ministros do STJ ou do STF que se trata de processo cuja análise de mérito será 
prejudicada por nulidade ou causa de extinção do processo sem resolução de mérito, será possível a 
análise do mérito nos casos em que o processo está maduro para julgamento, como autoriza a teoria da 
causa madura nos termos do artigo 1.013, § 3º, do Código. 
 
3.5. Agravo em Recurso Especial ou em Recurso Extraordinário. 
 
 Quando não admitido recurso extraordinário ou recurso especial, exceto se com base em 
entendimento firmado em repercussão geral ou julgamento de recursos repetitivos, será cabível o agravo 
previsto no artigo 1.042 do Código de Processo Civil, cuja petição será dirigida ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, com a intimação 
do agravado para, querendo, apresentar contrarrazões em quinze dias, com a posterior remessa dos autos 
ao tribunal “ad quem”, se não houver retratação pelo tribunal “a quo” (efeito regressivo). 
 
 De acordo com o artigo 1.042, § 5º, o agravo pode ser julgado em conjunto com o recurso especial 
ou extraordinário, sendo assegurada sustentação oral nos termos do regimento interno do respectivo 
tribunal. 
 
 Se interpostos simultaneamente recursos extraordinário e especial, o artigo 1.042, § 6º, obriga ao 
agravante a interposição específica de um agravo para cada recurso não conhecido, sendo que a existência 
de apenas um agravo implicará na remessa ao tribunal competente, enquanto a interposição conjunta de 
 
20 Nesta hipótese de cabimento em particular, a essência, a estrutura e os requisitos da apelação e do recurso ordinário são 
idênticos, e o artigo 249 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça previa o cabimento de apelação ao caso, 
passando a prever como recurso cabível o recurso ordinário em virtude das alterações realizadas pela Emenda Regimental nº 
22, de 16 de março de 2016, que entrou em vigência em 18 de março para adequar o Regimento ao Novo Código de Processo 
Civil. 
 
 
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agravos aos dois casos resultará no envio de todos os recursos ao STJ (artigo 1.042, § 7º), onde concluídos 
os julgamentos do agravo e do recurso especial (se for o caso), será procedida a remessa dos autos ao 
STF (artigo 1.042, § 8º), exceto se restar prejudicado pelas decisões anteriores, independentemente de 
novo pleito da parte. 
 
3.6. Recurso Especial e Recurso Extraordinário. 
 
 Definição e cabimento. 
 
 Denominados como recursos “excepcionais”, tanto o recurso especial como o recurso 
extraordinário têm como finalidade a decisão de Tribunal Superior a respeito de divergência quanto ao 
direito (não há discussão ou apreciação de fatos ou provas, conforme Súmulas 279 do STF e 7 do STJ). 
O recurso especial será endereçado ao STJ, sendo necessária infração à lei federal pelo acórdão recorrido, 
enquanto o recurso extraordinário será endereçado ao STF, nos casos em que o acórdão impugnado for 
contrário à norma constitucional sustentada nos autos e, sobretudo, existir repercussão geral, que é 
exclusiva da apreciação do Pretório Excelso (artigo 1.035, § 2º, do Código de Processo Civil). 
 
 As hipóteses de cabimento dos recursos especial e extraordinário são previstas nos artigos102 e 
105 da Constituição, com pontos distintos e específicos aos fundamentos de cada recurso. Neste sentido, 
o artigo 105, III, prevê a competência do STJ para julgar, recurso especial interposto em face da decisão 
proferida, “em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios”, nas hipóteses em que a decisão impugnada: 
 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência: Considerando o objeto do recurso 
especial consistente na interpretação de lei federal, a principal hipótese de cabimento abrange a decisão 
que deixa de aplicar ou contraria o teor de tratado ou lei federal, cabendo ao recorrente indicar a 
aplicabilidade e/ou a interpretação que entende coerente do tratado ou lei federal. 
 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal: O objeto é a decisão judicial 
que considera válido o ato de governo local que, pela alegação do recorrente, contrariou a lei federal 
indicada no recurso especial, com a finalidade de que seja considerado inválido o ato praticado pelo 
governo local. 
 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal: Utilizando 
entendimento jurisprudencial de outro tribunal, o recorrente deve demonstrar interpretação distinta de 
lei federal da utilizada no acórdão, com a finalidade de que o STJ acompanhe a posição que lhe é 
pertinente, reformando a decisão impugnada. O artigo 1.029, § 1º, do Código prevê a necessidade, em tal 
caso de “dissídio jurisprudencial”, do recorrente apresentar “certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, 
oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a 
reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores”, com a respectiva referência, sustentando as 
razões que tornam os casos similares a ponto de possibilitar a aplicação desta hipótese de cabimento de 
recurso especial. 
 
 O recurso extraordinário será interposto junto ao STF em face de decisão proferida em única ou 
última instância que: 
 
 
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a) contrariar dispositivo da Constituição: Hipótese clássica de cabimento, utilizada pelo recorrente 
que entende que o acórdão impugnado contrariou dispositivo constitucional, com a demonstração do 
teor da norma constitucional violada e da interpretação que conduz à conclusão pela 
inconstitucionalidade, que é o objeto do recurso. 
 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal: Em que pese o objeto de tal hipótese 
seja o tratado ou lei federal, a fundamentação é a inconstitucionalidade, o que indica a incompatibilidade 
da norma analisada com um dispositivo constitucional, motivo pelo qual o STF será competente para 
julgar a questão em grau de recurso extraordinário. 
 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição: Novamente se tem 
como fundamento a norma constitucional não observada, enquanto o objeto do processo judicial é a lei 
ou o ato de governo local, que seja considerada válida em acórdão impugnado por recurso extraordinário 
com a finalidade de que tal lei ou ato seja declarada inválida em virtude da inconstitucionalidade, o que 
torna competente o STF no caso em questão. 
 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal: Nesta hipótese há que se ressaltar, 
primeiramente, a distinção com relação ao ato de governo local em comparação com lei federal, cuja 
competência para análise e cabimento é do STJ por meio do recurso especial. A distinção é que no caso 
em apreço se trata de hierarquia entre leis, sendo que a necessidade de adequação da lei local à lei federal 
decorre do federalismo instituído pela Constituição, que implica no princípio constitucional da simetria, 
cuja lesão possibilita o recurso extraordinário junto ao STF em tal circunstância, uma vez que a lei local 
deve se adequar à lei federal por disposição da Constituição. 
 
 Requisitos: 
 
 É necessária a abordagem da discussão sobre a interpretação da norma federal (recurso especial) 
ou constitucional (recurso extraordinário) pelo acórdão recorrido, por meio de um requisito específico 
denominado “pré-questionamento”, com previsão nas Súmulas 211 do STJ, 282 e 356 do STF, requisito 
de admissibilidade destes recursos. 
 
 Para a demonstração da repercussão geral, o recorrente deve abordar a relevância da discussão 
do recurso e a abrangência, sendo imprescindível que supere os interesses individuais das partes no 
processo e trate de assuntos “relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os 
interesses subjetivos do processo” (artigo 1.035, § 1º) ou quando o acórdão impugnado seja contrário à “súmula 
ou jurisprudência dominante do STF” ou “tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou lei feral” (artigo 1.035, 
§ 3º, I e III), sob pena de não conhecimento do recurso extraordinário por decisão irrecorrível do STF” como prevê o 
artigo 1.035, “caput”, do Código de 2015, que em seu § 5º prevê que após o reconhecimento da 
repercussão geral, “o relator no STF determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, 
individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional”. 
 
 Caso o recurso seja intempestivo, o artigo 1.035, § 6º, autoriza o interessado a postular junto ao 
tribunal “a quo” a exclusão da decisão de suspensão e o não conhecimento do recurso extraordinário pela 
 
 
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intempestividade, hipótese em que o recorrente será intimado para se manifestar em 5 (cinco) dias, 
seguindo para decisão sobre a qual será cabível a interposição de agravo interno (1.035, § 7º). 
 
 Sendo entendido que não há caracterização de repercussão geral, caberá ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal “a quo” negar seguimento aos recursos extraordinários suspensos na origem que 
tratem sobre matéria similar, como dispõe o artigo 1.035, § 8º, do Código Processual, enquanto a 
existência de repercussão geral possibilitará a resolução do mérito, que deve ocorrer em até um ano, tendo 
“preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus” na forma do § 
9º do artigo 1.035. 
 
 Procedimento: 
 
 Com prazo comum de 15 (quinze) dias para interposição após a intimação das partes sobre o teor 
do acórdão impugnado, tanto no recurso especial como no extraordinário deve constar, como dispõe o 
artigo 1.029 do Código de Processo Civil: (I) a exposição do fato e do direito; (II) a demonstração do 
cabimento do recurso interposto; (III) as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão 
recorrida. 
 
 A interposição será endereçada ao presidente ou vice-presidente do tribunal cujo acórdão é objeto 
do recurso, para a realização do primeiro juízo de admissibilidade, com recebimento do recurso apenas 
com efeito devolutivo e intimação do recorrido para apresentar contrarrazões em 15 (quinze) dias, nos 
termos do artigo 1.030 do Código de 2015, pelo qual o recurso seguirá, então, concluso para o presidente 
ou vice-presidente do tribunal “a quo”, que deverá negar seguimento a recurso extraordinário em caso de 
inexistência de repercussão geral ou de entendimento do STF em sentido contrário com repercussão 
geral ou a recurso extraordinário/especial “interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento 
do STF ou do STJ, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos”. 
 
 Na sequência, o processo será encaminhado ao órgão julgador para juízo de retratação (efeito 
regressivo) nos casos em que “o acórdão recorrido divergir do entendimento do STF ou do STJ exarado, conforme o 
caso,nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos”, e restará suspenso o recurso que trate de “caráter 
repetitivo” pendente no STF ou no STJ, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional. 
 
 Em tal oportunidade, o presidente ou vice-presidente do tribunal “a quo” fará o juízo de 
admissibilidade do recurso, enviando ao STF ou ao STJ, conforme o caso, se preenchidos os pressupostos 
de admissibilidade, contanto que: “(a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de 
julgamento de recursos repetitivos; (b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou (c) o tribunal 
recorrido tenha refutado o juízo de retratação”. 
 
 Caso não admitido o recurso, o artigo 1.030, § 1º prevê o cabimento de agravo ao tribunal superior 
(artigo 1.042), enquanto das decisões com fundamento no artigo 1.030, inciso I (que negam seguimento 
ao recurso) e III (que suspendem o recurso de caráter repetitivo), o meio de impugnação apto será o 
agravo interno (1.030, § 2º). 
 
 As razões recursais serão encaminhadas ao STJ em caso de Recurso Especial e ao STF caso se 
trate de Recurso Extraordinário. Se da decisão recorrida forem cabíveis ambos os recursos, o correto, se 
 
 
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o recorrente desejar, é a interposição em petições distintas, sendo julgado primeiramente o Recurso 
Especial, com o envio dos autos ao STJ (artigo 1.031, caput). 
 
 Na análise dos pressupostos de admissibilidade, é lícito ao STF e ao STJ o conhecimento do 
recurso com a desconsideração de vício formal não entendido como grave, contanto que o recurso seja 
tempestivo, como prevê o artigo 1.029, § 3º, indicando a possibilidade de intimação do recorrente para 
correção do lapso. 
 
 Examinando o mérito do recurso extraordinário ou especial admitido, o STF ou o STJ “julgará o 
processo, aplicando o direito” (artigo 1.034), limitando-se o efeito devolutivo ao capítulo da decisão 
judicial impugnada afeto à interpretação da norma constitucional ou da lei federal que é objeto do recurso. 
 
 Recurso Especial e Recurso Extraordinário no mesmo processo. 
 
 Quanto ao cabimento de Recurso Extraordinário em face de acórdão do STJ que julgou Recurso 
Especial, a possibilidade decorrente do entendimento pacífico do STF consta no artigo 1.031, § 1º, que 
prevê a remessa dos autos ao STF para apreciação do recurso extraordinário, se não estiver prejudicado, 
após o julgamento do recurso especial. 
 
 Caso o relator do recurso especial entenda “prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, 
sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao STF” (artigo 1.031, § 2º), caso em que o relator do recurso 
extraordinário poderá rejeitar a prejudicialidade e, em decisão irrecorrível, devolver os autos ao STJ para 
o julgamento do recurso especial, como dispõe o artigo 1.031, § 3º. 
 
 No processo em que há apenas protocolo de recurso especial, caso o relator no STJ entenda que 
há questão constitucional no recurso, intimará o recorrente para, no prazo de 15 (quinze) dias, demonstrar 
“a existência de repercussão geral” e se manifestar a respeito da questão constitucional, seguindo o processo 
ao STF, “que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao STJ”, como dispõe o artigo 1.032, caput e 
parágrafo único, do Código. 
 
 Em situação contrária, entendendo o STF que há em recurso extraordinário ofensa à Constituição 
meramente reflexa, decorrente de “revisão da interpretação de lei federal ou de tratado”, pelo disposto 
no artigo 1.033, o processo será enviado ao STJ para resolução do recurso especial. 
 
3.7. Embargos de divergência. 
 
 Nos termos do artigo 1.043 do Código de 2015, os embargos de divergência são cabíveis apenas 
em face de acórdão proferido por órgão fracionário que tenha decidido recurso extraordinário ou especial 
com divergência do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal: 
 
(I) sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; 
(II) sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado 
a controvérsia. 
 
 
 
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 A finalidade deste recurso é pacificar o entendimento sobre determinada questão nos tribunais 
superiores a partir da divergência entre duas decisões (a impugnada e a “paradigma”) proferidas pelo 
mesmo tribunal, em distintos órgãos fracionários, seja “na aplicação do direto material ou do direito processual” 
(artigo 1.043, § 2º), sendo possível confrontar teses jurídicas constantes “em julgamentos de recursos e de ações 
de competência originária” do STF e do STJ. 
 
 Os embargos são cabíveis mesmo que a decisão paradigma seja “da mesma turma que proferiu a decisão 
embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros” (artigo 1.043, § 3º), 
consistindo requisito principal do recurso a prova da divergência pelo recorrente por meio de “certidão, 
cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o 
acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva 
fonte” (artigo 1.043, § 4º), com a explicação dos motivos que conduzem à semelhança ou identificação 
dos casos julgados de forma divergente. 
 
 O procedimento dos embargos de divergência seguirá o regimento interno do STJ e do STF 
(artigo 1.044, caput), sendo que em processos nos quais haja discussão de controvérsia entre julgados de 
recurso especial no STJ, “a interposição de embargos de divergência no STJ interrompe o prazo para 
interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes” (artigo 1044, § 1º). 
 
 Caso a parte contrária tenha interposto recurso extraordinário antes de publicada a decisão sobre 
os embargos de divergência, se “desprovidos ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior” (artigo 1.044, § 
2º), o recurso extraordinário “será processado e julgado independentemente de ratificação”. 
 
Atividades de fixação: 
 
(01) Thiago Marques, representado por sua genitora Emília, ajuizou ação de investigação de paternidade 
cumulada com pedido de alimentos em face de Heitor Souza junto à Vara de Família de 
Pindamonhangaba/SP, juízo no qual os processos tramitam por meio físico. O autor alega que é filho do 
réu e pede, em razão da recusa do requerido em lhe reconhecer como filho, a realização de prova pericial 
consistente em exame de DNA. Após a audiência de mediação, o réu apresenta contestação na qual alega 
a coisa julgada em virtude de ação anteriormente ajuizada pelo autor na qual foi realizado exame de DNA 
que negou a relação de paternidade, implicando na improcedência do pedido inicial. Seguindo concluso 
o processo, o juiz julgou procedente o pedido de investigação de paternidade, com fundamento no artigo 
2º-A, parágrafo único, da Lei nº 8.560/1992, determinando o prosseguimento do feito quanto ao pedido 
de alimentos, em especial para apurar o valor adequado ao caso. Considerando a situação hipotética 
apresentada, responda: 
 
(a) Qual é o recurso cabível em face da decisão que julgou procedente o pedido de investigação de 
paternidade? Com qual fundamento? Justifique. 
 
(b) Ainda com relação ao recurso cabível do item anterior, explique, com suas palavras, o motivo das 
denominações “instrumento”, “interno” e “regimental” relativas ao agravo no sistema processual 
brasileiro. 
 
 
 
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(c) Como deve proceder o requerido Heitor caso entenda pertinente o juízo de retratação no caso dos 
autos? 
 
(d) Caso Heitor não realize a diligência necessária ao juízo de retratação, qual deve ser a atitude de Thiago 
para seja negado seguimentoao recurso interposto pelo réu? Essa conduta é indispensável ao não 
conhecimento do recurso? Justifique. 
 
(e) Se o recurso interposto por Heitor não for conhecido no Tribunal, qual será o meio de impugnação 
judicial cabível? Tal medida deve atentar ao princípio da dialeticidade para ser admissível? Justifique. 
 
(02) Em 05 de abril de 2005, Douglas Souza trafegava com sua bicicleta pela via que liga o Município de 
Matos Costa a Caçador, quando foi atingido pelo veículo de João Lucas Silva, residente em Calmon, que 
em velocidade superior a 150 km/h, não conseguiu parar o automóvel a tempo de evitar a colisão, 
causando a morte imediata de Douglas, residente em Porto União. Proposta ação de indenização por 
danos morais junto à Vara Cível da Comarca de Caçador/SC, pelos filhos de Douglas, Joaquim Souza, 
de 27 anos de idade, e Manoel Souza, de 30 anos de idade, em 07 de janeiro de 2013, o magistrado julgou 
procedente o pedido inicial, condenando João Lucas Silva ao pagamento do valor de R$ 300.000,00 
(trezentos mil reais) aos autores, considerando para tanto o sofrimento pela perda do pai. Ocorre que na 
contestação João Lucas Silva postulou a produção de prova pericial, comprometendo-se a arcar com as 
despesas do perito, e prova oral, consistente na oitiva de testemunhas, além do reconhecimento da 
prescrição do direito dos requerentes, pleitos que não foram sequer apreciados pelo magistrado por 
ocasião da sentença, que foi proferida logo após a apresentação de impugnação à contestação, por meio 
de julgamento antecipado da lide sem a produção de qualquer prova. 
 
 Diante do caso acima, responda as seguintes questões: 
 
(a) Qual é o recurso cabível a atender imediatamente os interesses de João, de plano, nos termos do Novo 
Código de Processo Civil? Justifique e indique as razões da pertinência de utilizar tal recurso em 
detrimento de outro também cabível ao caso. 
 
(b) Na hipótese da questão anterior, qual será o aspecto diferencial do recurso utilizado por João? 
Justifique e indique as consequências de tal distinção. 
 
(c) Para qual juízo será encaminhado pelo recorrente o recurso indicado na questão “a”? Justifique. 
 
(d) Com quais efeitos será recebido tal recurso? Explique-os. 
 
(e) Reconhecendo como manifestamente protelatórios os embargos de declaração apresentados pela 
parte, qual deve ser a atitude do magistrado? Justifique. 
 
(f) O efeito suspensivo é aplicado nos embargos de declaração? Em caso positivo, indique os requisitos 
para tanto, esclarecendo se estão presentes no caso de João. 
 
(3) João Antunes da Silva ajuizou ação de anulação de ato jurídico em face da União Federal, alegando 
vícios do processo administrativo que culminou em sua exoneração do cargo de fiscal que exercia junto 
 
 
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a uma autarquia federal responsável pela fiscalização de cinemas. Na exordial, João expõe que não lhe foi 
concedido o contraditório, nem a oportunidade de produção de provas durante o procedimento, bem 
como que a decisão que implicou em sua exoneração apontou como motivo determinante sua 
inobservância ao artigo 23 da Lei nº 12.852/2013, uma vez que foi considerado que João deixou de 
notificar ou registrar a inexistência de concessão de desconto de metade do preço ao ingresso vendido a 
estudantes no Cinema Antunes da Silva, cujo proprietário é seu irmão, Arnaldo Antunes da Silva. O juiz 
federal da 2ª Vara Federal de Curitiba julga improcedente o pedido inicial deduzido por João, que interpõe 
apelação junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sustentando a divergência de interpretação do 
artigo 23 da Lei nº 12.852/2013 no tocante à obrigatoriedade de cumprimento do dispositivo, bem como 
com relação à idade prevista no dispositivo, considerando que tal entendimento não acompanha a 
classificação do artigo 2º da Lei nº 8.069/1990, nem o constante no artigo 14, § 1º, inciso I, e 228 da 
Constituição da República. O Tribunal conhece a apelação, mas nega provimento aos seus termos por 
unanimidade. Considerando a situação hipotética apresentada, responda as questões atentando que 
apenas a justificativa será pontuada. 
 
(a) Quais são os requisitos específicos dos recursos cabíveis em favor de João? Diante de tais 
pressupostos, as divergências de interpretação são pertinentes ou seriam recursos protelatórios? 
Justifique. 
 
(b) Caso negado seguimento pelo Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região aos recursos da 
questão anterior, qual será a medida judicial cabível ou recurso a ser providenciado pelo advogado de 
João? Justifique. 
 
(c) Existindo interposição simultânea de embargos de divergência e recurso extraordinário em relação ao 
acórdão pelo qual o Superior Tribunal de Justiça julgou o recurso especial, qual deve ser a atitude do 
Ministro relator do processo no STJ que receba tais recursos? Justifique.

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