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Problema 4 1. Conhecer a anatomia, histologia e fisiologia do intestino grosso. 2. Entender a fisiopatologia e os tipos de diarréia na infância (exame físico). 3. Conhecer o Protocolo de Controle de diarréia do MS. 4. Explicar o mecanismo de ação do SRO. 5. Debater os aspectos socioeconômicos que levam à diarréia e as medidas educativas profiláticas. 1 - INTESTINO GROSSO Anatomia: Dividido em: ceco, cólon, reto e ânus. Ceco: segmento de maior calibre, que se comunica com o fico, porção terminal do intestino delgado. Para impedir o refluxo do material proveniente do intestino delgado, existe uma válvula localizada na junção do íleo com o ceco (válvula ileocecal). Do fundo do ceco projeta-se o apêndice vermiforme, pequeno tubo oco, alongado e curvo, do tamanho aproximado de um dedo mínimo. Nódulos linfáticos existentes no apêndice fazem o papel de uma linha fortificada que impede sua invasão pelas inúmeras bactérias que habitam o intestino grosso. Cólon: segmento que se prolonga a partir do ceco até o reto. Colo Ascendente – é a segunda parte do intestino grosso. Passa para cima do lado direito do abdome a partir do ceco para o lobo direito do fígado, onde se curva para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática, contato com o fígado) Cólon Transverso – é a parte mais larga e mais móvel do intestino grosso. Ele cruza o abdome a partir da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde curva-se inferiormente para tornar-se colo descendente. A flexura esquerda do colo (flexura esplênica, devido à proximidade com o baço), normalmente mais superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo. Cólon Descendente – passa retroperitonealmente a partir da flexura esquerda do colo para a fossa ilíaca esquerda, onde ele é contínuo com o colo sigmóide. Cólon Sigmóide – é caracterizado pela sua alça em forma de “S”, de comprimento variável. O colo sigmóide une o colo descendente ao reto. A terminação das tênias do colo, aproximadamente a 15 cm do ânus, indica a junção retossigmóide. O cólon ascendente e o descendente aderem à parede posterior do abdome, por meio do peritônio, membrana serosa que reveste a cavidade abdominal e envolve os órgãos nela contidos. Já o cólon transverso e o cólon sigmóide, distantes da parede posterior do abdome, ligam-se a ela por pregas peritoneais, denominadas, respectivamente. mesocólon e mesosigma. Externamente, o ceco e o cólon apresentam três fitas longas de musculatura lisa, chamadas tênias. Estas partem do ponto de implantação do apêndice no ceco e percorrem quase todo o cólon, até se reduzirem a duas, ao nível do cólon sigmóide. A partir daí, continuam apenas em par, até se fundirem com a musculatura do reto. Histologia: Não é uma superfície lisa, devido ao grande número de depressões microscópicas (glândulas ou criptas de Lieberkühn), semelhantes às do intestino delgado, porém, mais profundas. Ao longo dessas depressões da mucosa do intestino grosso, encontram-se numerosas células, em forma aproximada de cálices, que secretam muco lubrificante, a fim de facilitar a passagem do bolo fecal. A submucosa, rica em vasos sanguíneos e linfáticos, é toda percorrida por terminações nervosas. Muco com grande quantidade de íons de bicarbonato, e a secreção é regulada pela estimulação tátil das células epiteliais que revestem o IG. Ele protege a parede intestinal contra escoriações e é um meio adesivo para o material fecal, além de proteger a parede da intensa atividade bacteriana e constitui uma barreira para impedir que os ácidos formados nas fezes ataquem a parede intestinal. No intestino grosso, não há vilosidades, mas o epitélio invagina-se nas glândulas intestinais (ou de Lieberkühn), que são glândulas exócrinas tubulares simples retas. O epitélio é simples colunar com microvilos e células caliciforme). Ele contém ainda células-tronco e células enteroendócrinas. No ceco e no apêndice, há também as células de Paneth. No intestino grosso, ocorre a absorção de água e de sais inorgânicos, levando à formação do bolo fecal. Para isso, as células colunares apresentam microvilos na superfície apical e Na+ -K + ATPases nas membranas laterais. As células caliciformes estão em grande número, e o muco contribui para a compactação do bolo fecal e facilita o deslizamento deste, lubrificando a superfície epitelial. ● A mucosa tem capacidade de absorver ativamente sódio, e a ddp gerada pela absorção do sódio promove a absorção de cloreto. Os complexos juncionais das células epiteliais são menos permeáveis que as do ID, evitando uma retrodifusão. ● Na porção distal, a mucosa secreta íons de bicarbonato (que irão neutralizar os produtos finais ácidos da ação bacteriana no IG) enquanto absorve íons cloreto. A absorção de íons sódio e cloreto criam um gradiente osmótico, levando à absorção de água. Nódulos linfáticos são encontrados na lâmina própria e na submucosa, principalmente no apêndice de crianças. A riqueza em tecido linfóide está relacionada ao acúmulo de bactérias. A muscular da mucosa consiste de duas subcamadas: uma circular e outra longitudinal. A camada muscular apresenta também uma subcamada circular e uma subcamada longitudinal. Esta última, no ceco e no colo, espessa-se em três faixas equidistantes, as tênias do colo (do latim taenia, faixa), que podem ser visualizadas ao nível macroscópico. O tônus constante das tênias forma pregas no intestino, chamadas saculações. O ceco, o apêndice e parte do colo são recobertos pela serosa. O restante do colo e o reto possuem adventícia. Canal anal É um tubo de 3 a 4cm de comprimento, que transporta do reto para o exterior os resíduos do alimento ingerido, ou seja, as fezes. Na porção superior, o canal anal tem uma mucosa semelhante à do reto, com epitélio simples colunar com microvilos e células caliciformes e glândulas de Lieberkühn. O epitélio passa a ser estratificado colunar ou cúbico e depois pavimentoso. As glândulas anais (glândulas tubulares ramificadas mucosas) abrem-se na junção retoanal. A pele perianal apresenta epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas. Há dois plexos venosos na submucosa do canal anal: o plexo hemorroidário interno na extremidade superior e o plexo hemorroidário externo na extremidade inferior.207 O diâmetro do canal anal é controlado pelos esfíncteres anais interno e externo. O primeiro é um espessamento da subcamada circular de músculo liso e responde à distensão do reservatório retal. O segundo é composto por músculo estriado esquelético do assoalho pélvico e está sob controle voluntário.208 É delimitado pela adventícia Fisiologia: Válvula ileocecal: evita o refluxo do conteúdo fecal para o intestino delgado; ela se projeta para o lúmen do ceco e é fechada quando o aumento da pressão no ceco empurra o conteúdo para a abertura da válvula. Além disso, ainda no íleo há o esfíncter ileocecal, que retarda o esvaziamento do conteúdo do íleo no ceco. A resistência da válvula faz com que oquimo fique mais tempo no íleo, facilitando a absorção. Controle por feedback do esfíncter ileocecal: Quando o ceco se distende, a contração do esfíncter ileocecal se intensifica e o peristaltismo ileal é inibido; além disso qualquer irritação no ceco retarda o esvaziamento. Esses reflexos são mediados pelo plexo mioentérico, pelos nervos autônomos, especialmente os gânglios simpáticos pré-vertebrais. Funções do cólon: absorção de água e eletrólitos do quimo para fornecer fezes sólidas; armazenamento de material fecal até que possa ser expelido. A metade proximal do cólon está envolvida na absorção e a distal no armazenamento. - A absorção ocorre no cólon proximal, e o cólon distal armazena as fezes até o momento oportuno de sua eliminação. - Durante os movimentos de mistura, as tênias cólicas se contraem, juntamente com as faixas circulares e longitudinais de músculo, fazendo com que a porção não estimulada se infle em sacos (haustrações, são movimentos do intestino que viram o alimento, fazendo com que a parte que não estava em contato com as paredes intestinais passem a ficar em contato e assim ajudar os nutrientes a serem absorvidos). Assim o material fecal no IG é de forma gradual, exposto à mucosa para que os líquidos e substâncias sejam absorvidos. - Movimentos propulsivos: o quimo leva cerca de 8 a 15h para se mover da válvula ileocecal, pelo cólon, passando a ser fecal ao se transformar de material semi líquido para semi sólido. Do ceco ao sigmóide,os movimentos de massa assumem o papel propulsivo: primeiro, o cólon (em geral o transverso) se distende u fica irritado e ocorre um anel constritivo. Uns 20 cm a frente do anel, as haustrações param e o segmento passa a se contrair em unidade, impulsionando a massa fecal para regiões mais adiante do cólon. A irritação do cólon também pode gerar intensos movimentos de massa, como na colite ulcerativa. - Quando o movimento de massa força as fezes para o reto, surge a vontade de defecar, com a contração reflexiva e o relaxamento dos esfíncteres anais (um interno, de musculo liso, e um externo de músculo estriado esquelético, logo voluntário). Reflexos da defecação:Quando as fezes entram no reto, a distensão da parede retal desencadeia sinais pelo plexo mioentérico para dar início às ondas peristálticas do cólon descendente, sigmóide e reto, empurrando as fezes em direção ao reto. À medida que a onda peristáltica se aproxima do ânus, o esfíncter anal interno relaxa - por meio de sinais inibidores do plexo mioentérico - e o externo relaxa se você quiser. ● Toda vez que um segmento do intetsino fica irritado, a mucosa secreta grande quantidade de água e eletrólitos além do muco para diluir os fatores irritativos e causar o movimento rápido das fezes. 2 - DIARRÉIA Perda de água e eletrólitos, que resulta no aumento do volume e frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes (as vezes disenteria: muco ou sangue). Frequência normal das evacuações: 3x/semana - 3x/dia 2. Consistência: água fecal (60% a 85%) x capacidade de retenção de água dos sólidos insolúveis fecais* *massa bacteriana (1/2 do peso das fezes) + fibra prov dos alimentos Aumento da frequência e diminuição da consistência - fezes que provocam urgência ou desconforto abdominal. Conceitua-se diarréia aguda como aquela potencialmente autolimitada, de origem predominantemente infecciosa e de duração não superior a 14 dias. O termo diarréia persistente foi estabelecido em 1987 pela Organização Mundial da Saúde e definido como a diarréia que surge como conseqüência de um processo agudo, geralmente de causa infecciosa e tem duração superior a 14 dias. Bactérias invasivas: na infecção por estes patógenos, ocorre uma invasão da mucosa e submucosa, que induz a processo inflamatório com exsudação e produção de substâncias vasoativas, bem como bacteriemia. O local do intestino mais acometido é o cólon podendo a E. coli e a Salmonela atingirem também a parte distal do delgado; a Shiguela manifesta-se principalmente no segmento mais distal do intestino grosso. Rotavirus: estes vírus se localizam no intestino delgado, principalmente nos segmentos mais proximais deste; invadem principalmente o enterócito, destruindo a microvilosidade; como conseqüência há migração acelerada das células das 4 criptas para os vilos, gerando diminuição de área absortiva por diminuição de área e imaturidade das células de migração rápida, desencadeando uma diarréia osmótica. Estudos recentes sugerem, para este agente, associação de mecanismo enterotóxico. Agentes produtores de enterotoxina: as enterotoxinas atuam estimulando, através da adenilciclase, a transformação de ATP (GMP) em AMPC (GMPC), que diminui a absorção em vilosidade e aumenta a secreção em criptas. Produtores de citotoxina: o exemplo clássico seria a E. Coli enterohemorrágica e o provável mecanismo produtor de diarréia seria por destruição da célula da mucosa intestinal. A shiguela também produz toxina que tem função de citotoxina, enterotoxina e neurotoxina. Diarreia Osmótica - causada pela presença de grande quantidade de solutos pouco absorvíveis e osmoticamente ativos na luz intestinal (p.ex., hidratos de carbono e laxativos) - 3 características básicas: regride ou cessa com jejum ou suspensão do agente osmótico, análise fecal apresenta um "gap" osmótico < 290 mOsm/kg, pH baixo (<5,3). Principais causas: Má absorção de carboidratos Má absorção congênita ○ Glicose-galactose ○ Frutose Deficiência de dissacaridases ○ Adquirida ○ Congênita Síndrome de má absorção Ingestão excessiva de hidratos de carbono pouco absorvíveis (lactulose, sorbitol/manitol, frutose, fibras), Diarreia induzida por sais de magnésio Antiácidos Suplementos nutricionais Laxativos Diarreia Secretora - causada por transporte anormal de íons pelas células do epitélio intestinal. secreção ativa de íons e água absorção iônica ou de água diminuída - Quatro mecanismos: 1. Defeitos congênitos de absorção iônica 2. Ressecção intestinal 3. Doença difusa da mucosa 4. Mediadores anormais. Principais causas: Infecciosas ○ Virais: Vibrio cholerae, Vibrio parahaemolyticus, ... ○ Bacterianas: Escherichia coli, Staphylococcus aureus. Laxativo : Ressecção intestinal, Doença Inflamatória Intestinal, Má absorção de sais biliares, Má absorção de ácidos graxos, Doenças associadas a atrofia do vilo intestinal, Tumores, Hipertireoidismo, Doenças do colágeno, Síndrome da cólera pancreática, Defeitos congênitos de absorção. Diarreia Motora - causa potencial; de difícil comprovação Motilidade anormal: causa de diarreia não osmótica em pacientes com absorção intestinal normal. Aumento da Motilidade: menor tempo de contato do bolo alimentar com as células epieliais absortivas. Diminuição da Motilidade: super-crescimento bacteriano no intestino delgado -> diarréia por desconjugação dos sais biliares, tornando-os inativos. Diarreia Exsudativa - ruptura da integridade da mucosa intestinal: esxudato de inflamação e/ou ulceração - ↑ água e eletrólitos fecais, por ↓ absorção destes - causas: Infecções bacterianas / Infecções virais ProtozoáriosHelmintos Doenças inflamatórias intestinais Colite isquêmica Neoplasias de cólon e reto 3 - PROTOCOLO DE CONTROLE É uma estratégia para diminuir a mortalidade por doenças diarréicas agudas; discute-se sobre prevenção e tratamento da desidratação, alimentação durante e após o episódio diarréico e o uso racional de medicamentos. Criança com diarréia sem sinal de desidratação: aumento da ingestão de líquidos preparados com ingredientes disponíveis em casa: soro caseiro, chás, cozimento de cereais, sopas e sucos; a mãe é orientada a oferecer de 50 a 100 ml para crianças de até 12 meses e 100 a 200 ml para crianças acima de 12 meses. 4 -
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