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2 A Constituição e o Poder Constituinte A Constituição pode ser considerada com um dos principais símbolos do Estado Democrático de Direito. Ela é a origem, a base, para todas as Leis do Estado e ao mesmo tempo o limite para que os poderes constituídos, principalmente o legislativo, não ajam apenas conforme seus interesses e criem mecanismos antidemocráticos para se perpetuarem no poder. A Constituição tem suas origens na França com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte para elaboração da Declaração de Direitos Francesa de 1791 (Bonavides, 2006). Representou a luta da burguesia contra os privilégios e o poder absolutista da monarquia que deixava a grande maioria da população à margem das manifestações políticas e consagrou o princípio de que o poder emana do povo e deve nascer da vontade de todos para que possa ter legitimidade. Nesse período do século XVIII surgiu a noção do poder constituinte como um poder capaz de criar a Constituição a partir da teoria constitucional francesa e norte-americana. Agora, com relação ao sentido jurídico a Constituição, ela deve ser compreendida como uma norma jurídica pura, fundamental do Estado e da vida jurídica de um País, sendo por meio dela que o Estado se constitui e se organiza para poder exercer o poder político. O poder constituinte cria a Constituição para que Estado possa existir e tenha poderes constituídos que devem ser limitados ao poder originário que o criou. Os poderes constituídos produzem o direito ordinário, ou seja, as leis, os atos e demais normas jurídicas que completam as normas constitucionais, bem como os atos administrativos e as decisões judiciais. É importante destacar que a Constituição está em posição de superioridade com relação às demais leis do ordenamento jurídico e os atos normativos contrários a ela são considerados inválidos, ou inconstitucionais, devido à supremacia do poder constituinte em face dos poderes constituídos. 3 Podemos conceituar também, dentro de uma visão mais reducionista, o poder constituinte como sendo o poder de criar novas constituições ou modificar as já existentes. Esse poder expressa a vontade suprema do povo organizado em forma de Estado. A titularidade do poder constituinte pertence ao povo que pode expressá-lo de maneira direita, por meio do uso de seus direito políticos sem a intermediação de representantes, ou indireta, quando exercido pelos políticos eleitos aos receberem nossos votos para em nosso nome, tomar as decisões políticas fundamentais para nosso país. O poder constituinte pressupõe a existência de uma unidade política comum que tem força ou autoridade de tomar as decisões concretas de conjunto sobre como se organiza a política em forma de unidade. Trata-se de é um poder soberano que toma a decisão constituinte para criar a Constituição a partir da vontade política que não se vincula a qualquer outro ordenamento jurídico e necessariamente não resulta da razão. Do exposto, é possível inferir que o poder constituinte é um poder fundamental para a manutenção da forma de Estado em que estamos inseridos, baseado em princípios democráticos que favorecem a participação dos cidadãos nas decisões políticas e na manutenção da ordem social constitucionalmente imposta a todos, independentemente de sua posição social, razão, sexo, credo ou religião, tornando assim a Constituição como o principal instrumento de controle social para a manutenção da democracia. Com a nossa Constituição de 1988 foi possível perceber que, mesmo sendo o poder constituinte exercido de forma indireta por meio dos representantes políticos, que muitas vezes colocam os interesses pessoais ou de determinados grupos à frente dos da coletividade, houve um avanço significativo para que as classes menos favorecidas tivessem seus direitos e garantias resguardados com a promulgação da Constituição que é considerada como uma Constituição Cidadã. No entanto, é necessário que os cidadãos conheçam melhor e saibam utilizar os mecanismos nela previsto para o pleno exercício de seus direitos. 4 Bibliografia Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 14. Ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2015. SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito constitucional: teoria, história e métodos de trabalho; 1ª Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
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