Buscar

Seguro Marítimo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Seguro Marítimo 
HISTÓRICO
NA ANTIGUIDADE, POR CAUSA DOS RISCOS, SURGIU O PRIMEIRO TIPO DE SEGURO, O SEGURO MARITIMO.
NÃO EXISTIAM AS AVARIAS COMO A CONHECEMOS HOJE E SIM UMA EVENTUAL PERDA QUE ERA SUPORTADA NA PROPORÇÃO DOS INTERESSES. FOI NA SEGUNDA METADE DA IDADE MÉDIA QUE SURGIU O CONTRATO DE SEGURO MARÍTIMO. ATRIBUEM A SUA ORIGEM A PORTUGAL, ITÁLIA, ESPANHA E AOS JUDEUS EXPULSOS DA FRANÇA QUE REFUGIANDO-SE NA ITÁLIA, COMEÇARAM A ENSINAR A PRATICA DO SEGURO MARÍTIMO.
OS SEGUROS ERAM FEITOS CORRENDO UMA APÓLICE PELA CIDADE, COLHENDO ASSINATURAS DE PESSOAS DE POSSE E INTERESSADAS EM ASSUMIR PARTE DO RISCO. EM TROCA DO PRÊMIO. EM LONDRES OS NEGOCIANTES REUNIAM-SE NAS CASAS DE CAFÉ PARA NEGOCIAR, A LLOYD'S COFFEE HOUSE, UMA DELAS, ERA FREQUENTADA POR DONOS DE NAVIOS, COMANDANTES, MERCADORES E OUTROS ENVOLVIDOS NA VIDA MARÍTIMA. ONDE TODAS AS NOTÍCIAS SOBRE EMPREENDIMENTOS MARÍTIMOS ERAM DUVIDAS E DEBATIDAS, ERA O PRINCIPAL POLO IRRADIADOR DO SEGURO MARITIMO. DEPOIS SURGIRAM OS SEGURADORES QUE TRAZENDO MAIOR ORDEM E REGULARIDADE AO SETOR DEIXARAM AS CASAS DE CAFÉ PARA SE ACOMODAREM EM ESTABELECIMENTOS APROPRIADOS. DAÍ SE DESENVOLVEU O MODERNO LLOYD'S ONDE SEGURADORES AGRUPADOS EM SINDICATOS OPERAM COM SEGUROS MARÍTIMOS E OUTROS RAMOS(EXCETO GARANTIAS FINANCEIRAS). ENFIM, ELE DESENVOLVEU UM VASTO SISTEMA DE INFORMAÇOES MARÍTIMAS COBRINDO O MUNDO INTEIRO, OS LLOYD'S AGENTS, CONHECIDOS NA NAVEGAÇÃO E TAMBÉM REALIZA PERÍCIAS PARA SEGURADORES PARA LIQUIDAÇÃO DAS RECLAMAÇOES DOS SEGURADOS.
NO BRASIL O SEGURO VEIO COM A FAMÍLIA REAL MAS O MARCO DA HISTÓRIA DO SEGURO MARÍTIMO NO BRASIL FOI A ERA JK, QUANDO FOI INICIADA A RENOVAÇÃO DA NOSSA MARINHA MERCANTE.
ALGUNS ELEMENTOS IMPORTANTES DO CONTRATO DE SEGURO
PROPOSTA: DOCUMENTO DO INTERESSADO EM FAZER SEGURO, MANIFESTANDO SUA VONTADE DE SEGURAR DETERMINADO OBJETO DE VALOR COM TODOS OS RISCOS QUE ELE DESEJA SE GARANTIR
APÓLICE: DOCUMENTO DA SEGURADORA QUE COM BASE NA PROPOSTA DO INTERESSADO EM FAZER SEGURO ACEITA O RISCO
APOLICE X CONTRATO
CONTRATO: FINS LEGAIS, E A OFICIALIZAÇÃO APÓLICE, AMPARO JUDICIAL. 
APÓLICE: ENTENDIMENTOS SEGURADO E SEGURADORA. 
INTERPRETAÇÃO DAS APÓLICES
REGRAS:
1)AS CLAUSULAS ESCRITAS PREVALECEM SOBRE AS IMPRESSAS.
2)AS CLAUSULAS QUE EXPUSEREM A NATUREZA, OBJETO, OU O FIM DO SEGURO SERVIRÃO PARA ESCLARECER CLAUSULAS OBSCURAS E PARA FIXAR A INTENÇÃO DAS PARTES NA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO
3) O COSTUME GERAL, OBSERVANDO EM CASOS IDÊNTICOS, NA PRAÇA, O LUGAR EM QUE SE CELEBROU O CONTRATO PREVALECERA SOBRE QUALQUER SIGNIFICAÇÃO DIVERSA, QUE AS PALAVRAS POSSAM TER NO USO VULGAR
4) EM CASO DE AMBIGUIDADE DE QUE EXIJA INTERPRETAÇÃO, ESTA SEGUE AS REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO DE CONTRATOS
ENDOSSO: ADITIVO INSTRUMENTAL DE ALTERAÇÃO DO SEGURO QUE FICA FAZENDO PARTE DA APÓLICE QUE SE ESTA ALTERANDO.
COSSEGURO: A PARTICIPAÇÃO DIRETA DE MAIS DE UM SEGURADOR EM UM MESMO RISCO.
RESSEGURO: É A OPERAÇÃO DO SEGURADOR QUE TRANSFERE PARTE DA RESPONSABILIDADE ASSUMIDA.
SEGURO MÚTUO: ASSOCIAÇÃO ENTRE SEGURADOS PARA SUPORTAREM RISCOS QUE EM GERAL NÃO SÃO COBERTOS PELOS SEGURADORES.
SEGURO POR VIAGEM: SEGURO FEITO POR UM DETERMINADO TEMPO.
AUTO SEGURO: QUANDO UMA EMBARCAÇÃO É SEGURADA PARCIALMENTE, TENDO TODAS AS PERDAS E AVARIAS, INFERIORES A UMA QUANTIA ESTABELECIDA, SÃO ABSORVIDAS PELO SEGURADO.
RISCOS BÁSICOS
AVARIA PARTICULAR OU SIMPLES(NÃO FOI PREMEDITADO) E AVARIA GROSSA OU COMUM(PARA SALVAR A EMBARCAÇÃO E A TRI PULAÇÃO)
REGRAS DE ANTUÉRPIA E YORK -> PRIMEIRA TENTATIVA DE OBTER UMA UNIFORMIDADE INTERNACIONAL NA AJUSTAGEM DA AVARIA GROSSA 
RESPONSABILIDADE CIVIL SOBRE ABALROAMENTO
TIPOS DE SEGUROS MARÍTIMOS:
SEGURO CASCO(ARMADOR) 
SEGURO CARGA(IMPORTADOR - EXPORTADOR)
SEGURO MARÍTIMO
      [pic]
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRIA DO SEGURO
2.1. HISTÓRIA DO SEGURO NO MUNDO
2.2. HISTÓRIA DO SEGURO NO BRASIL
3. O SEGURO MARÍTIMO – O QUE É?
4. DO RISCO
4.1. ACEPÇÕES DA PALAVRA E CONCEITO JURÍDICO
4.2. CAUSAS E ESPÉCIES
4.3. RISCOS NÃO ABRANGIDOS PELO SEGURO ANTE VEDAÇÃO LEGAL
4.4. INÍCIO E FIM DOS RISCOS
5. SEGURO MARÍTIMO INTERNACIONAL
6. TIPOS DE SEGURO
6.1. SEGURO DE TRANSPORTADOR AQUAVIÁRIO
6.2. SEGURO DE CASCO DE NAVIO
6.3. SEGURO PARA CABOTAGEM
6.4. SEGURO PARA IMPORTADORES
6.5. SEGURO PARA EXPORTADORES
6.6. SEGURO DE CARGA
7. CÓDIGO CIVIL
8. CONCLUSÃO
8. BIBLIOGRAFIA
1. INTRODUÇÃO
      O Seguro Marítimo tem por finalidade garantir indenizações por perdas ou danos a embarcações e seus acessórios, bem como às mercadorias nelas embarcadas, frete, lucro esperado ou quaisquer outros interesses que possam ser monetariamente mensurados. A cobertura estende-se a qualquer tipo de navegação, seja ela em águas marítimas, fluviais ou lacustres.
      O contrato de seguro marítimo, pode-se dizer, foi, e continua sendo, de fundamental importância para o desenvolvimento do comércio marítimo. De fato, permitiu um maior acesso de pequenos comerciantes às navegações marítimas, na medida em que estes, uma vez celebrado o contrato de seguro, não obstante os riscos de toda sorte que envolvem a navegação, tinham a segurança de que, mediante o pagamento de determinada quantia, denominada prêmio, caso ocorresse um sinistro ou um dano, seriam ressarcidos
de tal prejuízo pelo outro sujeito do contrato de seguro, qual seja o segurador.
      Outros sim, beneficiaram grandes empreitadas, as quais poderiam não ter se realizado, sem a garantia do seguro.
      Fixada, em linhas gerais, a importância do seguro marítimo, inconteste se afigura a relevância do estudo acerca de tal contrato. Contudo, por serem demasiadamente vastos os caminhos a serem percorridos quando do trato de tão empolgante tema, procurou-se, neste trabalho, discutir sobre uma das possíveis vertentes pela qual o tema pode ser analisado: “o risco como elemento constitutivo do seguro marítimo”.
      Entretanto, a parte inicial do presente estudo versará sobre o contrato de seguro marítimo numa visão geral, eis que semelhante tópico é essencial para a compreensão do assunto principal.
      Ressalve-se, por fim, que não se tem, aqui, a pretensão de analisar o tema de maneira profunda e exaustiva, o que se deve às limitações do autor e a própria natureza deste trabalho.
 
2. HISTÓRIA
    • 2.1 História do Seguro no Mundo
      Essa história é bem antiga. Vinte e três séculos antes de Cristo, na Babilônia, quando as caravanas atravessavam o deserto para comercializar camelos em cidades vizinhas, surgiram às primeiras modalidades de seguros.
      Como era comum alguns animais morrerem durante o caminho, todos os cameleiros, cientes do grande risco, firmaram um acordo no qual pagariam para substituir o camelo de quem o perdesse. Além de uma atitude solidária por parte do grupo, já era
sem dúvida uma forma primária de seguro.
No ramo da navegação, também foi adotado o princípio de seguro entre os hebreus e fenícios cujos barcos navegavam através dos mares Egeu e Mediterrâneo. Existia entre os navegadores um acordo que garantia a quem perdesse um navio, a construção de outro, pago pelos demais participantes da mesma viagem.
No século XII da era cristã, surge uma nova modalidade de seguro. Chamava-se Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo, formalizado por meio de um documento assinado por duas pessoas, sendo uma delas a que emprestava ao navegador quantia em dinheiro no valor do barco e das mercadorias transportadas. Se durante a viagem o barco sofresse alguma avaria, o dinheiro emprestado não era devolvido. Caso contrário, esse dinheiro voltava para o financiador acrescido de juros.
Em 1234, o papa Gregório IX proibiu o Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo em toda Europa. Os homens ligados ao negócio buscaram então subterfúgios para que pudessem continuar a operar na navegação com aquele seguro. E encontraram: o banqueiro se tornava comprador do barco e das mercadorias transportadas. Caso o navio naufragasse, o dinheiro adiantado era o preço da compra. Se obarco chegasse intacto ao seu destino, a cláusula de compra se tornava nula e o dinheiro era devolvido ao banqueiro, acrescido de outra quantia como rendimento do empréstimo feito.
A preocupação com transporte marítimo tinha como causa interesses econômicos, pois o comércio exterior dos países se dava apenas por mar. A idéia de
garantir o funcionamento da economia por meio do seguro prevalece até hoje. A forma de seguro é que mudou, e se aperfeiçoa cada vez mais.
O primeiro contrato de seguro nos moldes atuais foi firmado em 1347, em Gênova, com a emissão da primeira apólice. Era um contrato de seguro de transporte marítimo.
Daí pra frente, o seguro iniciou uma carreira vertiginosa, impulsionado pelas Grandes Navegações do século XVI. A teoria das probabilidades desenvolvida por Pascal, associada à estatística, deu grande impulso ao seguro porque a partir de então os valores pagos pelo seguro, seus prêmios, puderam ser calculados de forma mais justa. Tais critérios são válidos até hoje. No século XVI, uma nova etapa surge na história do seguro com dois acontecimentos marcantes: as Tontinas, na França e o Lloyds, em Londres. As Tontinas, uma das primeiras sociedades de socorro mútuo, foi criada em 1653 por Lorenzo Tonti. Apesar da grande aceitação inicial, essa sociedade não conseguiu sobreviver ao longo do tempo.
      A segunda foi fundada em Londres, em 1678, do Lloyds por Edward Lloyds, proprietário de um bar que era ponto de encontro de navegadores e atraía pessoas interessadas nos negócios de seguros. Ali, passaram a concretizá-los por meio de contratos. O Lloyds tornou-se uma verdadeira bolsa de seguros e assim opera até os dias de hoje.
Com o advento da máquina e da era industrial no século XIX, surgiram e desenvolveram-se outras modalidades de seguro, como o de incêndio, o de transportes terrestres, e o de vida. Os 
tempos haviam mudado e o mundo ingressava na era da produção em série e do consumo em escala. A figura do segurador individual desaparecia, e no seu lugar entram as companhias seguradoras como existem atualmente.
    • 2.2 História do Seguro no Brasil
      O seguro surgiu no Brasil em 1808, com a abertura dos portos por D.João VI, e o início da navegação intensiva com todos os países.
    A primeira empresa de seguro no Brasil, a Companhia de Seguros Boa-Fé, nasceu na Bahia, centro da navegação marítima da época.
    Até 1822, ano da Independência só se desenvolveu aqui o seguro marítimo. Menos trinta anos depois foi promulgado o Código Comercial, que regulamentou as operações de seguro marítimo, proibindo o seguro sobre a vida de pessoas livres. Com o progresso decorrente, fundaram-se novas empresas, que então passaram a se dedicar a outros ramos de seguro, como o de incêndio e o de mortalidade de escravos, seguro de destaque da época, dada a importância da mão-de-obra negra para a atividade econômica.
    Em 1855, foi fundada a Companhia de Seguros Tranqüilidade no Rio de Janeiro, a primeira a comercializar no Brasil seguro de vida.
    Poucos anos depois, estabeleceram-se no Brasil diversas empresas estrangeiras, que trouxeram para o país a sua experiência específica.
    Com a Proclamação da República, a atividade seguradora, em todas as suas modalidades foi regulamentada. Promulgado em 1916, o Código Civil regulou, como fizera o Código Comercial em relação aos seguros marítimos, todos os demais
seguros inclusive o de vida. Em 1935, foi fundada aquela que viria a ser a maior companhia seguradora da América Latina, a Atlântica Companhia Nacional de Seguros, hoje Bradesco Seguros.
Em 1939, foi criado o Instituto de Resseguro do Brasil (IRB), com a atribuição de exercer o monopólio do resseguro no país. Já em 1966, com a edição do Decreto lei nº 73, é instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados com a criação da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão oficial fiscalizador das operações de seguro.
3. SEGURO MARÍTIMO – O QUE É?
 
      O seguro marítimo, regulado, entre nós, pelo Código Comercial (arts. 666 usque 730), é o contrato em que uma das partes (segurador) se obriga para com a outra (segurado), mediante o recebimento de uma importância estipulada (prêmio), a indenizá-la de um eventual prejuízo (sinistro), resultante de um evento futuro, possível e incerto (risco), indicados no contrato e oferecidos pelo mar.
      O conceito de seguro encontra-se insculpido no art. 666 do Código Comercial, verbis:
Art. 666 - O contrato de seguro marítimo, pelo qual o segurador, tomando sobre si a fortuna e riscos do mar, se obriga a indenizar ao segurado da perda ou dano que possa sobrevir ao objeto do seguro, mediante um prêmio ou soma determinada, equivalente ao risco tomado, só pode provar-se por escrito, a cujo instrumento se chama apólice; contudo julga-se subsistente para obrigar reciprocamente ao segurador e ao segurado desde o momento em que as partes se convierem, assinando
ambas a minuta, a qual deve conter todas as declarações, cláusulas e condições da apólice.
  Nas palavras de Sampaio de Lacerda , o seguro marítimo é :
...o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a indenizar outra dos danos e perdas que venha a sofrer em conseqüência de risco eventual da navegação, mediante o pagamento de uma quantia certa ou uma quotização fixa ou proporcional.
  Como se viu das definições acima, o seguro marítimo tem a natureza jurídica de um contrato. Aliás, é um contrato sempre comercial.
      É um contrato bilateral ou sinalagmático (existem obrigações para ambas as partes), oneroso (as prestações são recíprocas), de adesão (as partes não debatem todas não discutem todas as cláusulas do contrato) e aleatório (a prestação a cargo do segurador só entra em cena caso se concretize o risco).
      O contrato de seguro marítimo é, ainda, consensual, isto é, se considera aperfeiçoado desde o momento em que as partes envolvidas troquem consentimentos, desde que tais consentimentos repousem em uma minuta, que deve conter todas as declarações cláusulas e condições da apólice, sendo esta última exigida para a prova do contrato (C.Co. art. 666).
      O contrato de seguro possui, além dos elementos comuns a todos os contratos, alguns que lhes são peculiares, quais sejam:
      a) o interesse segurado,
      b) o risco;
      c) a estipulação do prêmio, e
      d) a promessa de indenização.
      Apresentado que foi, em linhas bem gerais, o contrato de seguro marítimo, passa-se, neste momento,
à análise de um de seus elementos: o “risco”.
 
4. DO RISCO
 
    • 4.1 ACEPÇÕES DA PALAVRA E CONCEITO JURÍDICO
      Consoante ensina Theophilo de Azeredo Santos, a palavra risco tem recebido várias acepções, dentre elas: a) para a ciência atuarial, risco é o fenômeno natural que se introduz com certa regularidade na vida comum e depende, para ser eliminado, ante a possibilidade matemática, de verificar-se determinado evento sujeito à lei dos grandes números e à freqüência real do mesmo acontecimento, em função de sua eliminação; b) na ciência econômica, o risco é a álea que se deve sofrer ao iniciar-se ou levar-se ao fim qualquer ação econômica e pode, pois, consistir também na possibilidade de uma vantagem.
      No sentido jurídico, e este é o que mais de perto nos interessa, o mencionado autor, leciona que risco significa a possibilidade de um evento que modifica a situação preexistente, seja em sentido desfavorável, seja em sentido favorável...é, pois, o evento futuro e incerto, mas possível: é a possibilidade do evento.
      Já para Silvio de Salvo Venosa, risco é o acontecimento futuro e incerto previsto no contrato, suscetível de causar dano.
      Diante dos conceitos acima expostos, percebe-se que o risco é elemento essencial a todo contrato de seguro, pena de descaracterizá-lo ou, em caso de ausência, torná-lo, como no caso do seguro marítimo, nulo (C.Co, art. 677, nº4). A despeito de tal constatação, Theophilo de Azeredo Santos, comentando acerca do seguro marítimo, fornece exemplo
de exceção à mesma, que ocorrequando se faz o seguro “sobre boa ou má nova”, ou com a cláusula “perdido ou não perdido”, que possibilitam a celebração do contrato de seguro marítimo ainda que a coisa segurada já esteja perdida ou a salvo, mas tal condição deve ser, necessariamente, desconhecida das partes. Vê-se, pois, que a dúvida e a incerteza são características intrínsecas do risco, ainda que este, de fato, não exista, subsistindo apenas na mente das partes contratantes.
      Todavia, os conceitos colocados acima são por demais amplos, devendo-se buscar o conceito de risco no que diz respeito ao seguro marítimo. Pode-se dizer que o risco marítimo é o perigo de dano, total ou parcial, a que estão sujeitos não só os navios e embarcações, mas também seus aparelhos, cargas, pessoas, fretes, prêmios, entre outros objetos, materiais ou imateriais, sujeitos à fortuna do mar.
Vale ressaltar, como o faz J. C. Sampaio de Lacerda, que os riscos ditos marítimos não são somente aqueles que acontecem no mar, mas os que ocorrem por conta de uma expedição marítima, ou melhor, os que têm origem nos riscos do mar. Pode-se, inclusive considerar como risco marítimo aquele ocorrido em terra. A guisa de ilustração, cite-se o exemplo de mercadorias que, devido a acidente marítimo, são desembarcadas enquanto o navio que as transportava é reparado e, neste interregno, são furtadas ou avariadas.
 
    • 4.2 . CAUSAS E ESPÉCIES
 
      Continuando o estudo do risco como elemento constitutivo do contrato de seguro marítimo,
vale a pena comentar-se acerca de suas causas e espécies, o que se fará à luz da melhor doutrina.
      O risco pode ter diversas origens ou, como preferem os maritimistas, causas. Para J. C. Sampaio de Lacerda, o risco pode ter as seguintes causas:
a) fortuna do mar (quando derivados de caso fortuito, como é o caso de tempestades, naufrágios, encalhes, cerrações);
b) fatos do homem (a albaroação, fortuita ou culposa, desde que não seja por culpa do navio segurado, arribada);
c) fatos independentes de um e de outro (incêndios e explosões, por exemplo), e,
d) fatos imputáveis à potência estrangeira (presa, confisco, afundamento).
Já para Theophilo de Azeredo Santos, as causas dos riscos dividem-se em:
a) fortuna do mar;
b) vício próprio das coisas (defeito de construção do navio, mau funcionamento das máquinas e do leme; a combustão espontânea, o derrame, a fermentação, o apodrecimento, em relação às mercadorias);
c) faltas de prepostos do segurado,
d) faltas pessoais do segurado.
      Os riscos podem ser ordinários (quando coberto por apólices simples, sem tarifação especial) e extraordinários (quando exigem cláusulas especiais, com tarifas especiais, tais como os denominados riscos de guerra, os quais merecerão, mais adiante, um comentário mais detalhado.)
 
    • 4.3 RISCOS NÃO ABRANGIDOS PELO SEGURO ANTE VEDAÇÃO LEGAL
 
      O Código Comercial veda que o segurador seja responsabilizado pela concretização no mundo fático de determinados riscos. Com efeito, o art. 711 daquele código
(Art. 711 - O segurador não responde por danos ou avaria que aconteça por fato do segurado, ou por alguma das causas seguintes) elenca várias hipóteses em que o segurador terá sua responsabilidade excluída. Cumpre sublinhar, todavia, que não apenas em tais casos a responsabilidade do segurador poderá ser excluída, visto que, diante de disposições contratuais expressas, poderão as partes convencionar que por este ou aquele risco não responde o segurador.
Neste momento, passa-se a destacar as hipóteses previstas nos números 1 a 12 do art. 711 do Código Comercial e tecer considerações sobre algumas delas:
 
    ✓ Desviação voluntária da derrota ordinária e usual da viagem.
  Como se vê, caso a rota traçada inicialmente seja desviada, o segurador, justamente porque assumiu os riscos e estipulou o prêmio de acordo com o rumo estipulado quando da celebração do contrato. Realmente, seria ludibriar o segurador, e pois ofender a boa-fé contratual, se   permitisse que, por exemplo, o navio se dirigisse para zona conhecida como palco de intempéries.
  Entretanto, percebe-se que a responsabilidade do segurador só é excluída se a desviação for voluntária, o que faz com tal responsabilidade subsista em caso desvio ocasionado por força maior, tais como tempestades, guerras, entre outras e, logicamente, desde que tais percalços não hajam sido provocados pelos carregadores, armadores ou capitão e seus prepostos.
 
    ✓ Alterarão voluntária na ordem das escalas designadas na apólice; salvo a exceção estabelecida no artigo
nº. 680.
  Aqui, cabem as mesmas explicações dadas no tópico anterior. A exceção contida no art. 680 refere-se à urgente necessidade ou força maior.
 
    ✓ Prolongação voluntária da viagem, além do último porto atermado na apólice.
Encurtando-se a viagem, o seguro surte pleno efeito, se o porto onde ela findar for de escala declarada na apólice; sem que o segurado tenha direito para exigir redução do prêmio estipulado.
  De fato, não há como responsabilizar o segurador se este só se obrigou a cobrir eventuais sinistros ocorridos até determinado porto e o navio, sem qualquer justa causa a não ser a vontade de seus tripulantes, seguir viagem até porto mais distante. Admitir isto, seria promover o desequilíbrio contratual em detrimento do segurador, fato que geraria insegurança jurídica, indesejável em qualquer negócio.
      Ressalva o número três do art. 711, sem prejuízo da totalidade do prêmio a cargo do segurado, a possibilidade de a viagem ser encurtada, desde que o seu fim se dê em porto que se enquadre em escala prevista na apólice. Não poderia ser diferente, eis que no caso aplica-se a máxima de “quem pode o mais pode o menos”. Se o seguro cobria uma distância maior, evidentemente, mantida a rota e escalas previstas na apólice, que cobrirá a menor e, como o segurado não provocou o encurtamento da viagem, tem este o direito de exigir, por inteiro, o prêmio estipulado na apólice.
 
    ✓ Separação espontânea de comboio, ou de outro navio armado, tendo-se estipulado na apólice de ir em conserva
dele.
  Por motivos óbvios, os riscos assumidos pelo segurador seriam, indevidamente, aumentados se o navio ou embarcação se separasse de comboio (“união ou associação de dois ou mais navios como pouca diferença ou de igual porte destinado à mesma viagem, para a segurança comum, e a fim de resistir e conservar-se mutuamente nas ocorrências da viagem” ) ou de navio armado e na apólice estivesse previsto que o navio ou embarcação tivesse que ir em conserva deles, assim é porque um navio daria apoio ao(s) outro(s) em caso de dificuldades, o que, se não evitasse os danos, pelo menos os reduziria, diminuindo a futura obrigação do segurador.
 
    ✓ Diminuição e derramamento do líquido (artigo nº. 624).
 
    ✓ Falta de estiva, ou defeituosa arrumação da carga.
 
    ✓ Diminuição natural de gêneros, que por sua qualidade são suscetíveis de dissolução,
diminuição ou quebra em peso ou medida entre o seu embarque e o desembarque; salvo tendo estado encalhado o navio, ou tendo sido descarregadas essas fazendas por ocasião de força maior; devendo-se, em tais casos, fazer dedução da diminuição ordinária que costuma haver em gêneros de semelhante natureza (artigo nº. 617).
 
    ✓ Quando a mesma diminuição natural acontecer em cereais, açúcar, café, farinhas, tabaco, arroz, queijos, frutas secas ou verdes, livros ou papel e outros gêneros de semelhante natureza, se a avaria não exceder a 10% (dez por cento) do valor seguro; salvo se a embarcação tiver estado encalhada, ou as mesmas fazendas tiverem sido descarregadas
por motivo de força maior, ou o contrário se houver estipulado na apólice.
 
    ✓ Danificações de amarras, mastreação, velame ou outro qualquer pertence do navio, procedida do uso ordinário do seu destino.
 
    ✓ Vício intrínseco, má qualidade, ou mau acondicionamento do objeto seguro.
 
    ✓ Avaria simples ou particular, que, incluída a despesa de documentos justificativos,não
exceda de 3% (três por cento) do valor segurado.
 
    ✓ Rebeldia do capitão ou da equipagem; salvo havendo estipulação em contrário declarada na apólice. Esta estipulação é nula sendo o seguro feito pelo capitão, por conta dele ou alheia, ou por terceiro por conta do capitão.
  Eis os casos em que a lei, expressamente, exclui a responsabilidade do segurador por determinados riscos. Porém, como já mencionado, outros riscos, mediante cláusula explícita, podem ser excluídos. Nesta seara, ganha relevo a discussão sobre se o chamado “risco de guerra” é ou não coberto como um risco ordinário, isto é, que independe de cláusula expressa de cláusula neste sentido, ou se, ao contrário, necessita tal risco de previsão expressa na apólice.
      Os riscos de guerra são ocasionados, por exemplo, por: hostilidades ou operações bélicas, bombas, mísseis, torpedos, detenção de embarcações, entre outros fatos análogos.
Inicialmente, conforme conta J.C Sampaio de Lacerda , pelo fato de as guerras marítimas serem comuns, não se cogitava sobre se o seguro marítimo cobria ou não tal risco. Contudo, com a diminuição de tais confrontos,
começou-se a refletir acerca da possibilidade de exclusão do risco de guerra dos contratos de seguro marítimo, com o fito de diminuir os prêmios pagos pelos segurados. Eis as palavras do citado mestre:
  Eram comuns outrora (riscos de guerra), pois as guerras marítimas eram freqüentes. Por esse motivo, os seguros garantiam todos os riscos (cf. Ordenação de 1681 e Código Comercial francês). Com a raridade posterior das guerras do mar, os armadores pleitearam a exclusão dos riscos de guerra, a fim de poderem reduzir os prêmios.
  Deste modo, algumas legislações excluíram, expressamente, os riscos de guerra. Outras permitiam que fossem insertas cláusulas no contrato, para excluí-los. Que dizer então da legislação brasileira?
      No Brasil, o seguro marítimo abrange os riscos de guerra, impondo-se a existência de cláusula expressa no ajuste caso se pretenda afastá-los. Sem embargo de semelhante conclusão, muitas outras questões merecem destaque quando se fala em cobertura pelos seguros marítimos dos riscos de guerra.
      Com efeito, indaga-se se é necessário, para que o risco ora tratado seja coberto pelo seguro marítimo, haver declaração oficial de guerra. À essa pergunta doutrinadores do mais elevado quilate têm respondido negativamente. Neste sentido, leia-se a seguinte passagem:
  ...Daí a distinção estabelecida por GEORGES RIPERT “entre estado de guerra” e “atos de guerra”, para determinar que, havendo estes últimos, há risco de guerra e com o simples “estado de guerra” podem não ocorrer “estado de guerra”.
Também VIVANTE observa, no que é, aliás, apoiado por BRUNETTI, que o Código se preocupa com o “estado de guerra” e não da existência de um estado de direito, que em muitos casos é letra morta apenas. DANJON, porém, mais esclarecidamente, , entende que há guerra quando há hostilidades declaradas entre dois povos pertencentes a estados diferentes, embora não tenham sido as hostilidades precedidas de uma declaração regular, pois a declaração de guerra é formalidade que só interessa ao direito internacional público, mas que é indiferente às relações privadas.
  Realmente, para fins de cobertura pelo seguro marítimo, não necessita haver declaração expressa de guerra, haja vista que o que faz com que surjam os riscos bélicos não são declarações, mas sim efetivas ameaças provocadas por atos (bloqueios, seqüestro, etc.) que geralmente ocorrem e armas comumente utilizadas em confrontos, os quais aumentam, enormemente, os riscos já existentes em uma expedição marítima.
      Ainda no que concerne aos riscos de guerra, cumpre comentar sobre os denominados riscos sucessivos, eis que determinado risco, conforme o ponto de vista utilizado, pode ser considerado risco de guerra ou simples risco marítimo. Diz-se sucessivo o risco quando o mesmo resulta de uma série de acontecimentos, podendo parte de tais eventos ser caracterizado, se vistos isoladamente, como risco de guerra e parte como riscos marítimos.
      Como exemplo de risco sucessivo, pode-se citar caso em que um determinado navio, para escapar de bloqueio 
inimigo, desvia sua rota, para, no entanto, se chocar com rochedos submersos, desconhecidos por aqueles que comandam o navio. Neste caso, qual seria a natureza do risco que causou o sinistro? O risco de guerra, materializado no bloqueio inimigo, ou o simples risco marítimo, representado pelos rochedos ocultos sob as águas do mar?
      Para responder a essa e outras perguntas, várias teorias surgiram. Dentre elas, destacam-se a teoria da causa próxima e a teoria da causa determinante. A primeira diz que a causa que mais de perto estiver relacionada com o sinistro é que é determinante para a classificação do risco. No exemplo dado, seriam os rochedos e, pois, mero risco marítimo. Já a segunda teoria (causa determinante), diz que a guerra, provocando situações de anormalidade na navegação marítima, é que deve ser considerada como causa para o sinistro. No exemplo, como o navio só desviou sua rota em por causa do bloqueio oferecido por comboio inimigo, tem-se que o risco de guerra provocou o acidente.
      Parece ser melhor a segunda teoria, visto que reconhece a situação de anormalidade ocasionada por cenários de guerra e dá prevalência, quando ocorrem os denominados riscos sucessivos, aos riscos de guerra como causadores do acidente. Se a anormalidade não existisse, o navio não teria se dirigido para os rochedos, os quais se encontravam completamente fora do rumo traçado para a viagem.
 
    • 4.4 INÍCIO E FIM DOS RISCOS
 
      Outro tópico de indiscutível importância para o estudo do risco como elemento
constitutivo do seguro marítimo é o que versa sobre o momento em que principiam e se extinguem os riscos. Na verdade, os riscos, a rigor do termo, não tem um momento preciso de início e fim, o que acontece porque é da natureza dos riscos a dúvida e a incerteza no que diz respeito a sua concretização no mundo fático (sinistro ou dano). Quando se fala em início e fim dos riscos, deve-se entender início e fim da cobertura dos mesmos pelo contrato de seguro marítimo, noutras palavras, a partir de quando e até quando terá o segurador o dever de indenizar o segurado em caso de acidentes. A seguir, confira-se a disciplina do início e fim dos riscos, previstas nos arts. 702 a 709.
      Não constando da apólice do seguro o tempo em que os riscos devem começar e acabar, os riscos de seguro sobre navio principiam a correr por conta do segurador desde o momento em que a embarcação suspende a sua primeira âncora para velejar, e terminam depois que tem dado fundo e amarrado dentro do porto do seu destino, no lugar que aí for designado para descarregar, se levar carga, ou no lugar em que der fundo e amarrar, indo em lastro.
Segurando-se o navio por ida e volta, ou por mais de uma viagem, os riscos correm sem interrupção por conta do segurador, desde o começo da primeira viagem até o fim da última.
No seguro de navios por estadia em algum porto, os riscos começam a correr desde que o navio dá fundo e se amarra no mesmo porto, e findam desde o momento em que suspende a sua primeira âncora para seguir viagem.
      Sendo o
seguro sobre mercadorias, os riscos têm princípio desde o momento em que elas se começam a embarcar nos cais ou à borda d'água do lugar da carga, e só terminam depois que são postas a salvo no lugar da descarga; ainda mesmo no caso do capitão ser obrigado a descarregá-las em algum porto de escala, ou de arribada forçada.
Fazendo-se seguro sobre fazendas a transportar alternadamente por mar e terra, rios ou canais, em navios, barcos, carros ou animais, os riscos começam logo que os efeitos são entregues no lugar onde devem ser carregados, e só expiram quando são descarregados a salvamento no lugar do destino.
  Os riscos de seguro sobre frete têm o seu começo desde o momento e à medida que são recebidas a bordo as fazendas que pagamfrete; e acabam logo que saem para fora do portaló do navio, e à proporção que vão saindo; salvo se por ajuste ou por uso do porto o navio for obrigado a receber a carga à beira d'água, e pô-la em terra por sua conta. O risco do frete, neste caso, acompanha o risco das mercadorias.
      A fortuna das somas mutuadas a risco principia e acaba para os seguradores na mesma época, e pela mesma forma que corre para o dador do dinheiro a risco; no caso, porém, de se não ter feito no instrumento do contrato a risco menção específica dos riscos tomados, ou se não houver estipulado o tempo, entende-se que os seguradores tomaram sobre si todos os riscos, e pelo mesmo tempo que geralmente costumam receber os dadores de dinheiro a risco.
Por fim, no seguro de lucro esperado, os riscos acompanham
a sorte das fazendas respectivas.
 
5. SEGURO DE TRANSPORTE MARÍTIMO INTERNACIONAL
      Segundo Keedi (2005), o seguro de transporte marítimo internacional deve cobrir acidentes ou imprevistos que podem ocorrer desde o momento em que a mercadoria é embarcada no porto de origem ou dependências do vendedor/exportador até o estabelecimento do importador, dependendo é claro do tipo de contrato negociado entre as partes. O exportador deve estender essa cobertura para desembarque, transbordo, transporte e etc., até o local informado pelo importador e/ou exportador, proporcionando uma proteção ampla para seus bens e mercadorias em todo o território internacional.
      Muitos contratos são negociados com o seguro de transporte marítimo internacional incluído em suas cláusulas, e que são denominados como Incoterms – Contratos Internacionais de Comércio.
      Talvez alguns pensem que apesar das cargas estarem seguradas estão totalmente garantidas e seguras quanto a um ressarcimento da seguradora não imaginando que pode haver restrições de valor ou de cláusulas que impedem e limitam os danos aos proprietários das mercadorias, daí a necessidade de contratar um seguro adequado a cada tipo de carga e transporte para que tenha toda a cobertura garantida pela companhia seguradora. Um exemplo disso é a General Average, mais conhecida como avaria grossa no meio segurador e consiste na situação de haver perigo eminente à tripulação, embarcação e demais cargas transportadas, como o caso de um incêndio ou explosão
que ameaça a vida da tripulação, naufrágio da embarcação e outras cargas transportadas no navio, sendo então necessário o alívio do peso e alijamento da carga no mar para garantir a integridade desses três elementos: tripulação, embarcação e carga.
      Nos casos de avaria grossa o comandante e o armador são amparados pela cláusula general average, que consta nos conhecimentos de transportes marítimos ou B/Ls e não são unicamente responsáveis pelas perdas ou danos provenientes de um acidente como citado anteriormente, senso a responsabilidade de todos os que fazem parte da viagem marítima, estando os prejuízos dos sacrifícios ou despesas com o propósito de preservar do perigo tudo o que estava envolvido, rateado entre todos os proprietários das cargas e amador.
      Os importadores e exportadores devem estar sempre atentos aos tipos de contrato que existem e lhes são oferecidos, contratando o seguro à sua necessidade para um transporte com uma cobertura adequada e sem surpresas desagradáveis.
6. TIPOS DE SEGURO
    • 6.1. SEGURO DE TRANSPORTADOR AQUAVIÁRIO
      Segundo Keedi (2005), além do seguro de mercadoria, existe também o seguro do transportador, sendo o seu conceito diferente do seguro da carga. O dono, vendedor ou comprador da carga pode contratar o seguro para a carga, mas este o qual vamos nos referir é realizado pelo transportador da carga, tanto para o veículo transportador como para a carga transportada, de modo a estarem preparados contra futuras reclamações de seus clientes e/ou seguradoras
quanto a direitos de sub-rogação e são geralmente contratados na modalidade de apólice aberta sendo raro o contrato de apólice avulsa.
O transporte aquaviário tem duas modalidades de seguro são as seguintes:
  1. Seguro de casco, para a indenização aos armadores com sinistros com o próprio navio, não se estendendo para a carga transportada, podendo ser básicas e cobrir eventos de avaria particular ou adicionais, que cobrem construtores navais e responsabilidade civil;
  2. RCA-C, seguro de Responsabilidade Civil do Amador para Carga, é um seguro denominado na navegação de seguro operacional, com cobertura as responsabilidades aos danos e perdas às cargas transportadas e as operações do navio desde o embarque até a descarga no porto de destino final da mercadoria.
      Quando um navio é de linha regular, o seguro é contínuo, diferente de um navio fretado que se inicia quando está pronto para a operação e termina quando a carga é entregue no destino, pois quando navega em lastro, isto é, vazio, de volta ao porto de embarque não há cobertura, sendo que de outros modos essas coberturas de seguro podem ser básicas ou adicionais, cobrindo o que for combinado entre as partes.
      Conforme Keedi (2005) é comum os armadores, principalmente os internacionais, por várias razões, custos, restrições de coberturas e limites de responsabilidade do mercado nacional e para cobrir as franquias do mercado nacional, não contratarem esse seguro aqui no Brasil, mas no exterior, costumam optar pela contratação de
coberturas, inclusive complementares, por intermédio dos clubes de Proteção e Indenização (P&I Clubs), formados e mantidos pelos armadores, existentes somente no exterior cabendo ressaltar que esses clubes, ainda que queiram, não podem operar no Brasil, uma vez que aqui só se admite a transferência de riscos para o seguro através de seguradora. (transportes, unitilização e seguros internacionais de carga).
    • 6.2. SEGURO DE CASCO DE NAVIO
Segundo I. Silva (2004) pode ser objeto do seguro todo e qualquer meio flutuante que deva pôr-se a operar na água. Desde pequenas embarcações como é o caso dos Jet-skis, barcos a remo, de pesca, lanchas e veleiros, utilizados para recreio, com valores em risco de aproximadamente US$ 2.000.00 até rebocadores, chatas, guindastes flutuantes, embarcações, embarcações auxiliares e navios mercantes utilizados para transportes de cargas com valores em risco de aproximadamente US$ 9.000.000.00. Cabe destacar também o enorme universo de embarcações de médio porte utilizados para transporte de passageiros e carga, empurradores, cábreas, dragas, bóias, defensas, alvarengas, pontões, etc. com valores médios na ordem de US$ 5.000.000.00.
      Por ser segurado, estipulante ou beneficiário, qualquer pessoa com interesse no objeto do seguro, ou que possa ter prejuízo com a sua perda, estrago ou sua detenção, ou possa incorrer em responsabilidades por efeito dele; empresas de navegação, construtores, reparadores, associações de classes de clubes náuticos, proprietários de embarcações,
armadores, fretadores (locadores), ou afretadores (locatários), credores, comandantes e tripulação.
      Os Seguros de Cascos podem ser contratados, durante a construção, operação, paralisação (sob seguros, ou não) e mesmo durante o desmonte da embarcação em quaisquer diques, estaleiros ou rampas e durante as operações em quaisquer mares e oceanos, rios, lagoas, canais ou outra via navegável.
      O seguro é contratado pelo prazo máximo de vigência de um ano podendo ser renovado anualmente, exceto o seguro de construção cujo prazo é o da obra.
      A melhor forma de identificar o objeto segurado é conhecer sua classificação (classe, divisão e subdivisão), segundo a sua inscrição na capitania dos Portos, de acordo com o Decreto n 87.648, de 24.09.1982.
    • 6.3. SEGURO PARA CABOTAGEM
      Segundo Keedi (2005), é o seguro destinado ao embarcador e o proprietário da mercadoria, transportada em navios de linha regular. As principais coberturas são: danos acidentais (cobertura básica) ou os danos de origem externa que sobrevenham ao objeto segurado (todos os riscos).• 6.4. SEGURO PARA IMPORTADORES
      Segundo Keedi (2005), é o seguro destinado ao importador da mercadoria, transportada por via aérea, marítima ou terrestre. Esse tipo de seguro é de contratação facultativa pelo importador, porém, se realizado deverá ser feito em seguradora estabelecida no Brasil. As principais coberturas são: danos acidentais (cobertura básica) ou danos de origem externa que sobrevenham ao objeto segurado
(todos s os riscos).
    • 6.5. SEGURO PARA EXPORTADORES
      Segundo Keedi (2005), é o seguro destinado ao exportador da mercadoria, transportada por via marítima, aérea ou terrestre. Somente deverão ser seguradas as exportações cuja condição de venda seja CIF (custo, seguro e frete por conta do exportador) ou C&I (custo e seguro por conta do exportador). As principais coberturas são: danos acidentais (cobertura básica) ou os danos de origem externa que sobrevenham ao objeto segurado (todos os riscos).
    • 6.6. SEGURO DA CARGA
      De acordo com o manual da Funenseg, para a carga o objetivo é abordar três ramos de seguro, o de transporte, mas apenas o seu sub-ramo internacional, o seguro de crédito a exportação, sendo este um seguro diferente, para o exportador e não para a carga em si e que visa cobrir uma inadimplência, ou seja, o não pagamento da mercadoria e seguro aduaneiro.
7. CÓDIGO CIVIL
CAPÍTULO XV
DO SEGURO
Seção I
Disposições Gerais
    Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
    Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.
    Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.
    Art. 759. A emissão da apólice deverá 
ser precedida de proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.
    Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.
    Parágrafo único. No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador.
    Art. 761. Quando o risco for assumido em co-seguro, a apólice indicará o segurador que administrará o contrato e representará os demais, para todos os seus efeitos.
    Art. 762. Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro.
    Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
    Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.
    Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.
    Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia,
além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
    Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.
    Art. 767. No seguro à conta de outrem, o segurador pode opor ao segurado quaisquer defesas que tenha contra o estipulante, por descumprimento das normas de conclusão do contrato, ou de pagamento do prêmio.
    Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato.
    Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé.
    § 1o O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da agravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.
    § 2o A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.
    Art. 770. Salvo disposição em contrário, a diminuição do risco no curso do contrato não acarreta a redução do prêmio estipulado; mas, se a redução do risco for considerável, o segurado poderá exigir a revisão do prêmio, ou a resolução do contrato.
    Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências
imediatas para minorar-lhe as conseqüências.
    Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as despesas de salvamento conseqüente ao sinistro.
    Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atualização monetária da indenização devida segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.
    Art. 773. O segurador que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará em dobro o prêmio estipulado.
    Art. 774. A recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo, mediante expressa cláusula contratual, não poderá operar mais de uma vez.
    Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes para todos os atos relativos aos contratos que agenciarem.
    Art. 776. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.
    Art. 777. O disposto no presente Capítulo aplica-se, no que couber, aos seguros regidos por leis próprias.
Seção II
Do Seguro de Dano
    Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
    Art. 779. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano,
ou salvar a coisa.
    Art. 780. A vigência da garantia, no seguro de coisas transportadas, começa no momento em que são pelo transportador recebidas, e cessa com a sua entrega ao destinatário.
    Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador.
    Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre o mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778.
    Art. 783. Salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse por menos do que valha acarreta a redução proporcional da indenização, no caso de sinistro parcial.
    Art. 784. Não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício intrínseco da coisa segurada, não declarado pelo segurado.
    Parágrafo único. Entende-se por vício intrínseco o defeito próprio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da mesma espécie.
    Art. 785. Salvo disposição em contrário, admite-se a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou cessão do interesse segurado.
    § 1o Se o instrumento contratual é nominativo, a transferência só produz efeitos em relação ao segurador mediante aviso escrito assinadopelo cedente e pelo cessionário.
    § 2o A apólice ou o bilhete à ordem
só se transfere por endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatário.
    Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano.
    § 1o Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consangüíneos ou afins.
    § 2o É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do segurador, os direitos a que se refere este artigo.
    Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.
    § 1o Tão logo saiba o segurado das conseqüências de ato seu, suscetível de lhe acarretar a responsabilidade incluída na garantia, comunicará o fato ao segurador.
    § 2o É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação, bem como transigir com o terceiro prejudicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência expressa do segurador.
    § 3o Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide ao segurador.
    § 4o Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o terceiro, se o segurador for insolvente.
    Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado.
    Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato não cumprido pelo
segurado, sem promover a citação deste para integrar o contraditório.
CÓDIGO COMERCIAL
TÍTULO VIII
DOS SEGUROS MARÍTIMOS
Capítulo I
DA NATUREZA E FORMA DO CONTRATO DE SEGURO MARÍTIMO
Art. 666 - O contrato de seguro marítimo, pelo qual o segurador, tomando sobre si a fortuna e riscos do mar, se obriga a indenizar ao segurado da perda ou dano que possa sobrevir ao objeto do seguro, mediante um prêmio ou soma determinada, equivalente ao risco tomado, só pode provar-se por escrito, a cujo instrumento se chama apólice; contudo julga-se subsistente para obrigar reciprocamente ao segurador e ao segurado desde o momento em que as partes se convierem, assinando ambas a minuta, a qual deve conter todas as declarações, cláusulas e condições da apólice.
Art. 670 - Ignorando o segurado a espécie de fazendas que hão de ser carregadas, ou não tendo certeza do navio em que o devam ser, pode efetuar validamente o seguro debaixo do nome genérico - fazendas - no primeiro caso, e - sobre um ou mais navios - no segundo; sem que o segurado seja obrigado a designar o nome do navio, uma vez que na apólice declare que o ignora, mencionando a data e assinatura da última carta de aviso ou ordens que tenha recebido.
Art. 671 - Efetuando-se o seguro debaixo do nome genérico de - fazendas - o segurado é obrigado a provar, no caso de sinistro, que efetivamente se embarcaram as fazendas no valor declarado na apólice; e se o seguro se tiver feito - sobre um ou mais navios - incumbe-lhe provar que as fazendas seguras foram efetivamente
embarcadas no navio que sofreu o sinistro (artigo nº. 716).
Art. 678 - O seguro pode também anular-se:
1 - quando o segurado oculta a verdade ou diz o que não verdade;
2 - quando faz declaração errônea, calando, falsificando ou alterando fatos ou circunstâncias, ou produzindo fatos ou circunstâncias não existentes, de tal natureza e importância que, a não se terem ocultado, falsificado ou produzido, os seguradores, ou não houveram admitido o seguro, ou o teriam efetuado debaixo de prêmio maior e mais restritas condições.
Art. 679 - No caso de fraude da parte do segurado, além da nulidade do seguro, será este condenado a pagar ao segurador o prêmio estipulado em dobro. Quando a fraude estiver da parte do segurador, será este condenado a retornar o prêmio recebido, e a pagar ao segurado outra igual quantia.
Em um e outro caso pode-se intentar ação criminal contra o fraudulento.
Art. 680 - A desviação voluntária da derrota da viagem, e a alteração na ordem das escalas, que não for obrigada por urgente necessidade ou força maior, anulará o seguro pelo resto da viagem (artigo nº. 509).
Art. 681 - Se o navio tiver vários pontos de escala designados na apólice, é lícito ao segurado alterar a ordem das escalas; mas em tal caso só poderá escalar em um único porto dos especificados na mesma apólice.
Capítulo II
DAS COISAS QUE PODEM SER OBJETO DE SEGURO MARÍTIMO
Art. 685 - Toda e qualquer coisa, todo e qualquer interesse apreciável a dinheiro, que tenha sido posto ou deva pôr-se a risco de mar, pode ser objeto
de seguro marítimo, não havendo proibição em contrário.
Art. 687 - O segurador pode ressegurar por outros seguradores os mesmos objetos que ele tiver segurado, com as mesmas ou diferentes condições, e por igual, maior ou menor prêmio.
Art. 690 - Declarando-se genericamente na apólice, que se segura o navio sem outra alguma especificação, entende-se que o seguro compreende o casco e todos os pertences da embarcação, aprestos, aparelhos, mastreação e velame, lanchas, escaleres, botes, utensílios e vitualhas ou provisões; mas em nenhum caso os fretes nem o carregamento, ainda que este seja por conta do capitão, dono, ou armador do navio.
Capítulo III
DA AVALIAÇÃO DOS OBJETOS SEGUROS
Art. 692 - O valor do objeto do seguro deve ser declarado na apólice em quantia certa, sempre que o segurado tiver dele conhecimento exato.
Art. 694 - Não se tendo declarado na apólice o valor certo do seguro sobre fazenda, será este determinado pelo preço da compra das mesmas fazendas, aumentado com as despesas que estas tiverem feito até o embarque, e mais o prêmio do seguro e a comissão de se efetuar, quando esta se tiver pago; por forma que, no caso de perda total, o segurado seja embolsado de todo o valor posto a risco. Na apólice de seguro sobre fretes sem valor fixo, será este determinado pela carta de fretamento, ou pelos conhecimentos, e pelo manifesto, ou livro da carga, cumulativamente em ambos os casos.
Art. 700 - Sempre que se provar que o segurado procedeu com fraude na declaração do valor declarado na apólice, ou
na que posteriormente se fizer no caso de se não ter feito no ato do contrato (artigo nºs 692 e 694), o juiz, reduzindo a estimação do objeto segurado ao seu verdadeiro valor, condenará o segurado a pagar ao segurador o dobro do prêmio estipulado.
Capítulo IV
DO COMEÇO E FIM DOS RISCOS
Art. 702 - Não constando da apólice do seguro o tempo em que os riscos devem começar e acabar, os riscos de seguro sobre navio principiam a correr por conta do segurador desde o momento em que a embarcação suspende a sua primeira âncora para velejar, e terminam depois que tem dado fundo e amarrado dentro do porto do seu destino, no lugar que aí for designado para descarregar, se levar carga, ou no lugar em que der fundo e amarrar, indo em lastro.
Art. 707 - Os riscos de seguro sobre frete têm o seu começo desde o momento e à medida que são recebidas a bordo as fazendas que pagam frete; e acabam logo que saem para fora do portaló do navio, e à proporção que vão saindo; salvo se por ajuste ou por uso do porto o navio for obrigado a receber a carga à beira d'água, e pô-la em terra por sua conta.
O risco do frete, neste caso, acompanha o risco das mercadorias.
Capítulo V
DAS OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS DO SEGURADOR E DO SEGURADO
Art. 710 - São a cargo do segurador todas as perdas e danos que sobrevierem ao objeto seguro por alguns dos riscos especificados na apólice.
Art. 711 - O segurador não responde por danos ou avaria que aconteça por fato do segurado, ou por alguma das causas seguintes:
1 - desviação voluntária da derrota ordinária
e usual da viagem;
2 - alterarão voluntária na ordem das escalas designadas na apólice; salvo a exceção estabelecida no artigo nº. 680;
3 - prolongação voluntária da viagem, além do último porto atermado na apólice. Encurtando-se a viagem, o seguro surte pleno efeito,se o porto onde ela findar for de escala declarada na apólice; sem que o segurado tenha direito para exigir redução do prêmio estipulado;
4 - separação espontânea de comboio, ou de outro navio armado, tendo-se estipulado na apólice de ir em conserva dele;
5 - diminuição e derramamento do líquido (artigo nº. 624);
6 - falta de estiva, ou defeituosa arrumação da carga;
7 - diminuição natural de gêneros, que por sua qualidade são suscetíveis de dissolução, diminuição ou quebra em peso ou medida entre o seu embarque e o desembarque; salvo tendo estado encalhado o navio, ou tendo sido descarregadas essas fazendas por ocasião de força maior; devendo-se, em tais casos, fazer dedução da diminuição ordinária que costuma haver em gêneros de semelhante natureza (artigo nº. 617);
8 - quando a mesma diminuição natural acontecer em cereais, açúcar, café, farinhas, tabaco, arroz, queijos, frutas secas ou verdes, livros ou papel e outros gêneros de semelhante natureza, se a avaria não exceder a 10% (dez por cento) do valor seguro; salvo se a embarcação tiver estado encalhada, ou as mesmas fazendas tiverem sido descarregadas por motivo de força maior, ou o contrário se houver estipulado na apólice;
9 - danificações de amarras, mastreação, velame ou
outro qualquer pertence do navio, procedida do uso ordinário do seu destino;
10 - vício intrínseco, má qualidade, ou mau acondicionamento do objeto seguro;
11 - avaria simples ou particular, que, incluída a despesa de documentos justificativos, não exceda de 3% (três por cento) do valor segurado;
12 - rebeldia do capitão ou da equipagem; salvo havendo estipulação em contrário declarada na apólice. Esta estipulação é nula sendo o seguro feito pelo capitão, por conta dele ou alheia, ou por terceiro por conta do capitão.
Art. 714 - A cláusula - livre de avaria- desobriga os seguradores das avarias simples ou particulares; a cláusula - livre de todas as avarias - desonera-os também das grossas. Nenhuma destas cláusulas, porém, os isenta nos casos em que tiver lugar o abandono.
Art. 715 - Nos seguros feitos com a cláusula - livre de hostilidade - o segurador é livre, se os efeitos segurados perecem ou se deterioram por efeito de hostilidade. O seguro, neste caso, cessa desde que foi retardada a viagem, ou mudada a derrota por causa das hostilidades.
Art. 728 - Pagando o segurador um dano acontecido à coisa segura, ficará subrogado em todos os direitos e ações que ao segurado competirem contra terceiro; e o segurado não pode praticar ato algum em prejuízo do direito adquirido dos seguradores.
Art. 729 - O prêmio do seguro é devido por inteiro, sempre que o segurado receber a indenização do sinistro.
Art. 730 - O segurador é obrigado a pagar ao segurado as indenizações a que tiver direito, dentro de 15 (quinze)
dias da apresentação da conta, instruída com os documentos respectivos; salvo se o prazo do pagamento tiver sido estipulado na apólice.
7. CONCLUSÃO
 
      Viu-se que o seguro marítimo é um contrato de fundamental importância para o desenvolvimento e expansão do comércio marítimo, uma vez que permitiu, inclusive a pequenos comerciantes, a possibilidade de se arriscar em navegações marítimas, as quais envolvem grandes riscos, com a certeza de que, mediante o pagamento de um prêmio, caso ocorresse um sinistro, seriam indenizados pelo segurador.
      É o seguro marítimo um contrato bilateral ou sinalagmático (existem obrigações para ambas as partes), oneroso (as prestações são recíprocas), de adesão (as partes não debatem todas não discutem todas as cláusulas do contrato), consensual (se aperfeiçoa com a troca de consentimentos entre as partes, mas desde que esteja tal acordo contido em minuta que contenha as cláusulas e condições essenciais da apólice) e aleatório (a prestação a cargo do segurador só entra em cena caso se concretize o risco).
O tema central do trabalho enfocou o risco que, ao lado do interesse, da estipulação do prêmio e da promessa de indenização, é um dos elementos constitutivos do contrato de seguro marítimo.
      O risco possui diversas acepções de acordo com o ponto de vista em que ele é estudado. No que tange ao risco marítimo pode-se conceituá-lo como sendo o perigo de dano, total ou parcial, a que estão sujeitos não só os navios e embarcações, mas também seus aparelhos, cargas,
pessoas, fretes, prêmios, entre outros objetos, materiais ou imateriais, sujeitos à fortuna do mar.
      Os riscos marítimos, segundo a doutrina, podem ter como causas a fortuna do mar, fatos do homem, fatos independentes de um e de outro e fatos imputáveis à potência estrangeira. Podem ser ordinários Os riscos podem ser ordinários (quando coberto por apólices simples, sem tarifação especial) e extraordinários ( quando exigem cláusulas especiais, com tarifas especiais, tais como os denominados riscos de guerra.
      O art. 711 do Código Comercial exclui a responsabilidade do segurador por fato do segurado que implique dano ou avaria e ainda por outras hipóteses previstas em seus incisos, o que não impede a exclusão contratual, mediante cláusula expressa, de outros riscos.
O risco de guerra são, v.g, aqueles ocasionados, por exemplo, por: hostilidades ou operações bélicas, bombas, mísseis, torpedos, detenção de embarcações, entre outros fatos análogos. No Brasil, o seguro marítimo abrange os riscos de guerra, impondo-se a existência de cláusula expressa no ajuste caso se pretenda afastá-los, valendo, ainda, ressaltar que não se faz necessária a existência de declaração oficial de guerra, a qual só interessa ao Direito Internacional.
      Em se falando acerca dos riscos de guerra, cumpre trazer à baila a questão pertinente aos denominados riscos sucessivos, os quais são aqueles que resultam de uma série de acontecimentos, podendo parte de tais eventos ser caracterizado, se vistos isoladamente, como risco
de guerra e parte como riscos marítimos. Para determinar se algum risco de natureza sucessiva é ou não de guerra surgiram algumas teorias, dentre as quais sublinhou-se a teoria da causa próxima e a teoria da causa determinante. A primeira diz que a causa que mais de perto estiver relacionada com o sinistro é que é determinante para a classificação do risco. Já a segunda teoria (causa determinante), diz que a guerra, provocando situações de anormalidade na navegação marítima, é que deve ser considerada como causa para o sinistro.
      Por fim, comentou-se sobre o início e fim dos riscos. A rigor, não se pode falar do início e fim dos riscos, eis que os mesmos não possuem um momento preciso de início e fim, haja vista que a dúvida sobre a possibilidade de os riscos virem a se concretizar é elemento essencial de tal instituto. Quando se fala em início e fim dos riscos, deve-se entender início e fim da cobertura dos mesmos pelo contrato de seguro marítimo, noutras palavras, a partir de quando e até quando terá o segurador o dever de indenizar o segurado em caso de acidentes.
 
8. BIBLIOGRAFIA
 
BRASIL, Ávio. Transportes e Seguros Marítimos e Aéreos, Oficinas Gráficas do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1955.
 
LACERDA, J. C. Sampaio de. Curso de Direito Comercial Marítimo e Aeronáutico, 5ª ed., Livraria Freitas Bastos S.A, São Paulo, 1963
 
SANTOS, Theophilo de Azeredo. Direito da Navegação (Marítima e aérea), 2ª ed, Forense, Rio de Janeiro, 1968
 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Atlas, São Paulo, 2001
[pic]

Outros materiais