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A SOCIEDADE ANÔNIMA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
Ana Paula Pinheiro 
Aluna do 2º ano diurno do Curso de 
 Direito da UNESP (Campus de Franca-SP) 
 
 
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Histórico, 2.1 A Lei 6.404/76; 3. 
Características da Sociedade Anônima, 4. O Capital Social e os 
Órgãos Sociais; 5. Extinção da sociedade; 6. Conclusão; 7. 
Bibliografia. 
 
1-INTRODUÇÂO 
O Código Civil, embora tenha regulado os tipos societários do direito 
brasileiro, evitou normatizar a sociedade por ações, trazendo apenas dois artigos 
sobre o tema, deixando assim que esta matéria continuasse sendo regida por 
legislação específica. 
A sociedade anônima ou por ações, também conhecida por companhia, possui 
legislação especial (Lei 6.404/76) que regula sua constituição, funcionamento e 
expressa detalhadamente todas as características e operacionalização deste ripo 
societário. 
 A Lei das Sociedades Anônimas, como é também conhecida, aborda 
inclusive as questões contábeis, sobretudo no que se refere aos critérios de 
classificação e avaliação dos elementos patrimoniais, ativo, passivo e patrimônio 
líquido, bem como da elaboração das demonstrações contábeis. 
 Pela complexidade da matéria regulada pela Lei 6.404/76, certamente esta 
foi uma das razões que levou o legislador a não cuidar de suas particularidades 
dentro do código civil, fazendo referência apenas em dois artigos, reforçando 
assim o que estabelece a legislação especial. 
 Apenas o artigo 1.088 do código para não deixar de citar a matéria, 
expressa que na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, 
obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações 
que subscrever ou adquirir. Este texto é praticamente uma cópia do já está 
disposto no artigo 1º. da Lei 6.404/76. 
 O outro artigo do código que fala da sociedade anônima tão somente 
reforça o princípio da especialidade, em que a lei especial prevalece sobre a lei 
geral em matéria específica. Assim, o artigo 1.089 determina que sociedade 
anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as 
disposições deste Código. A legislação especial a que se refere o código é hoje a 
Lei 6.404/76 com as alterações posteriores. 
 Ressaltamos que a sociedade anônima é tipicamente empresarial, não 
sendo permitida sua constituição para fins não empresariais. Neste sentido de 
acordo com o parágrafo único do artigo 982 do código, a exemplo do exposto § 1º 
do artigo 2º da Lei 6.606/76, as sociedades anônimas, independente do seu 
objeto, serão sempre consideradas sociedades empresárias. Portanto, em 
nenhuma hipótese poderá ser constituída uma sociedade simples (não 
empresária) na modalidade de companhia ou S/A. 
 A forma de constituição da sociedade por ações não é através de contrato 
e sim de estatuto social, o qual deverá definir o objeto de modo preciso e 
completo, podendo a companhia ter por objeto participar de outras sociedades. 
Ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de 
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais (Lei 6.404/76, 
artigo 2º. § 2º e § 3º). 
 As empresas constituídas sob a modalidade de sociedade anônima poderão 
ser de dois tipos: Companhia Aberta, aquela que disponibiliza seus valores 
mobiliários (ações, etc) para negociação no mercado através de Bolsa de Valores, 
e Companhia Fechada cujas ações pertencem somente aos acionistas constantes 
no estatuto social e estas companhias não negociam no mercado de ações. 
 Destacamos que somente os valores mobiliários de emissão de companhia 
registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado 
de valores mobiliários. Portanto, nenhuma distribuição pública de valores 
mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de 
Valores Mobiliários (Lei 6.404/76, artigo § 1º e § 2º). 
 Assim como nos demais tipos societários, a exemplo da sociedade limitada, 
estabelece o artigo 7º da referida lei que o capital social da companhia poderá ser 
formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens 
suscetíveis de avaliação em dinheiro. 
 A avaliação de bens para efeitos de integralização do capital social não é 
feita livremente pelo acionista interessado, obedece às regras objetivas 
estabelecidas em legislação específica (Lei 6.404/76, artigo 8º e parágrafos). 
 Esta avaliação deverá ser feita por três peritos ou por empresa 
especializada, nomeados em assembléia geral dos subscritores, convocada pela 
imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando se em primeira 
convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo 
menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. 
 Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo 
fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de 
comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens 
avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de 
prestarem as informações que lhes forem solicitadas. 
 Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens 
incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores 
cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. 
 Por outro lado, se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor 
não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da 
companhia. 
 Destacamos que os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da 
companhia por valor acima do que lhes tiver dado o subscritor. 
 Dada a importância da questão da avaliação dos bens para fins de 
integralização do capital social, o § 5º do artigo 8º, determina que aplica-se à 
assembléia referida neste artigo o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 115. 
Este artigo trata do abuso do direito de voto e conflito de interesses. 
 Determina o caput do artigo 115 que o acionista deve exercer o direito de 
voto no interesse da companhia, sendo considerado abusivo o voto exercido com 
o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou 
para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, 
prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. 
 Em decorrência do exposto, expressa o § 1º do artigo 115 que o acionista 
não poderá votar nas deliberações da assembléia geral relativas ao laudo de 
avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social e à 
aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que 
puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com 
o da companhia. 
 Por outro lado, de acordo com o § 2º do mesmo artigo, se todos os 
subscritores forem condôminos de bem com que concorreram para a formação do 
capital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da responsabilidade de que 
trata o § 6º do art. 8º. 
 Esta responsabilidade incide sobre os avaliadores e o subscritor que 
responderão perante a companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes 
causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem prejuízo da 
responsabilidade penal em que tenham incorrido. No caso de bens em 
condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária. 
 Destacamos também que de acordo com o artigo 109 da Lei das 
Sociedades Anônimas, nem o estatuto social nem a assembléia geral poderão 
privar o acionista dos direitos seus essenciais, quais sejam: I - participar dos 
lucrossociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - 
fiscalizar, na forma prevista nesta lei, a gestão dos negócios sociais; IV - 
preferência para subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, 
debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto 
nos artigos 171 e 172; e V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta lei. 
 Corroborando o direito à fiscalização da gestão dos negócios por parte dos 
acionistas, o código civil determina em seu artigo 1.020 que os administradores 
são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e 
apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de 
resultado econômico. 
 
2-HISTÓRICO 
Reconhece-se que a primeira organização que se manifestou composta dos 
elementos caracterizadores da sociedade anônima foi o Banco de São Jorge, fundado em 
1407 na cidade de Gênova, pelos credores da república Gevonesa, ao transformarem 
seus títulos de renda em ações nominativas do banco estatal negociadas livremente o 
mercado. 
Com a política colonialista e o capitalismo mercantil, em meados do século XVII, 
que ambicionavam o domínio da América, Índia e África, surgiram grandes capitais em 
meio ao concurso de Estado e de particulares, o que acarretou a formação de potentes 
sociedades, embriões das Sociedades Anônimas. Essas organizações precursoras eram 
as denominadas companhias de colonização, constituídas para viabilizar os 
empreendimentos de conquista e manutenção de colônias, assim como o comércio 
ultramarino. Exemplo conhecido é a “Companhia das Índias Orientais”, organizada pela 
Holanda. 
As sociedades por ações, então, por estarem desde seu início envolvidas com 
empreendimentos de considerável peso econômico, exigiam uma certa exclusividade 
frente aos seus negócios para que, detentora desse monopólio que era outorgado pelo 
Estado, pudesse garantir o retorno do investimento e com isso promover uma importante 
seguridade econômica. Tendo o capitalismo evoluído, a outorga deixou de garantir o 
monopólio e passou a controlar a capitação pública de recursos. Em linhas gerais, o 
decorrer histórico das sociedades anônimas compõe-se de três períodos distintos: outorga, 
autorização e regulamentação, como especifica Fábio Ulhoa Coelho: 
“No primeiro, a personalização e a limitação da 
responsabilidade dos acionistas eram 
privilégios concedidos pelo monarca e, em 
geral, ligavam-se a monopólios colonialistas. 
No segundo período, elas decorriam de 
autorização governamental. No último, 
bastavam o registro, no órgão próprio, e a 
observância do regime legal específico”. 
 
 
2.1- A Lei 6.404/76 
A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, antecedida da Lei nº 6.385, de 7 
de dezembro de 1976, via de regra regula as sociedades anônimas e as sociedades em 
comanditas por ações. Contudo, pode vir a coordenar outros tipos societários, e isso pode 
ocorrer declaradamente, tal como nas sociedades de economia mista, ou então, através 
de alguns de seus institutos: transformação, fusão, incorporação, cisão, consórcios e 
grupos ou, ainda, por meio de normas específicas como é o caso das que responsabilizam 
o controlador. Ainda que seja intitulada lei das sociedades anônimas, corresponde na 
verdade à lei das sociedades por ações em geral, e surge suprindo várias faltas e 
inovando em vários aspectos a legislação anterior, o Decreto-lei nº 2.627/1940. Ilustrando 
essa importante e benéfica alteração, são citadas algumas dessas inovações: alteração do 
número mínimo de acionistas, criação de ações sem valor nominal, adoção do voto 
múltiplo, a representação do acionista por não-acionista, a instituição do dividendo 
obrigatório, regulamentação dos consórcios, a regulamentação do bônus de subscrição, 
etc. 
 
3-CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ANÔNIMA 
A sociedade anônima é a sociedade cujo capital é dividido em ações que 
podem ser: 
• Ordinárias (nominativas ou a portador): os sócios possuem 
esse tipo de ação têm direito a voto; 
• Preferenciais (nominativas ou ao portador): os sócios que 
possuem esse tipo de ação não tem direito a voto. 
A responsabilidade dos acionistas é limitada até a integralização das ações 
por cada um subscritas. 
A denominação dessa sociedade deverá indicar o objeto de suas atividades 
e ser seguida ou precedida da expressão Sociedade Anônima, ou, 
abreviadamente, S.A. Pode também ser precedida da palavra Companhia, ou, 
abreviadamente, Cia. 
Para melhor entendermos a constituição de uma S.A., verifica-se o artigo 80 
da Lei n.º 6. 404.De acordo com essa nova Lei das S.A., duas pessoas já são 
suficientes para constituir uma companhia. A lei anterior estabelecia um mínimo de 
sete pessoas. 
Reza o artigo 4º da Lei das Sociedades por Ações que há duas espécies distintas 
de sociedade anônima. Classificou-as em sociedade anônima de capital aberto e 
sociedade anônima de capital fechado. A primeira delas diz respeito às sociedades que 
tem seus valores mobiliários negociados nas bolsas de valores ou mercados de balcão, e 
segundo o parágrafo único do mesmo artigo, essa negociação só é possível àquela 
companhia que possui registro na Comissão de Valores Mobiliários; e para que se efetue o 
registro são exigidos alguns requisitos e a atenção a certas formalidades. O controle 
governamental que incide sobre as sociedades anônimas tem o intuito de oferecer ao 
mercado acionário uma certa segurança, já que essa área de investimento em ações, sem 
dúvida, é de reconhecido risco. E essa segurança em parceria com a conseqüente liquidez 
(facilidade de se ter disponível o dinheiro investido), motivam o investimento, fazendo as 
companhias vitoriosas quanto à pretensão de captarem recursos. A constituição da 
sociedade de tipo aberto se dá por subscrição pública em que são necessários o registro 
na CVM, a colocação das ações e a assembléia de fundação. 
A sociedade anônima fechada não tem suas ações disponíveis no mercado para 
negociação. Essa restrição advém dos sócios escolherem seus companheiros, não 
impedindo o ingresso no grupo formado, haja vista a presença laços familiares ou de 
confiança mútua. Disso decorre o inferior grau de liquidez do investimento nesse tipo de 
sociedade, que é constituída por subscrição particular. 
Os direitos assegurados aos acionistas da sociedade anônima são: 
• Direito de participar dos lucros sociais; 
• Direito de participar do patrimônio social, no caso de 
liquidação da sociedade; 
• Direito de fiscalização dos negócios; 
• Direito de preferência para a subscrição de novas ações, no 
caso de aumento de capital; 
• direito de retirar-se da sociedade, com o reembolso do valor 
das ações pela própria sociedade, ou pela transferência das 
ações a outros acionistas ou a terceiros. 
A sociedade anônima será regida por estatutos, que, em relação à diretoria, 
deverão determinar o seguinte: 
• Modo de investidura e substituição dos diretores, número e 
maneira pela qual serão remunerados; 
• Prazo de gestão, que não poderá ser superior a três anos, 
podendo ser reeleitos; 
• Atribuições de cada diretor. 
Os diretores, que podem ou não ser acionistas, não serão responsáveis 
pessoalmente pelas obrigações que contraírem em nome de sociedade, em 
virtude de atos regulares de gestão, executando-se os atos que violarem a lei ou 
os estatutos e os praticados com dolo ou culpa. Os atos dolosos são aqueles em 
que a pessoa teve participação direta, agindo de má fé, e os culposos são os que 
sua negligencia ou imprudência criou oportunidade para outros os praticassem. 
Segundo as regras estatutárias, o supremo de uma sociedade anônima é 
exercidopor sua Assembléia Geral, que é constituída por todos os seus 
acionistas. As assembléias de acionistas podem realizar-se ordinariamente, na 
forma dos estatutos e das leis em vigor, ou então extraordinariamente. Elas têm 
autoridade também para deliberar sobre qualquer assunto que diz respeito à 
sociedade, quando nelas estiverem presentes o número de acionistas fixado em 
lei ou nos estatutos. Esse número é denominado quorum. 
Além da assembléia e da diretoria, pode haver também um Conselho 
Fiscal, com as funções de fiscalizar os negócios sociais e dar parecer sobre certos 
assuntos a serem submetidos à aprovação da assembléia de acionistas. 
 
4-O CAPITAL SOCIAL E OS ÓRGÃOS SOCIAIS 
Art. 1º A companhia ou sociedade Anônima terá o capital dividido em ações, e a 
responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das 
ações subscritas ou adquiridas. 
O capital social é abordado nos artigos 1º e 5º a 10º, e das modificações nos 
artigos 116 a 174 da Lei n 6.404 de 1976, sendo ele a soma da contribuição dos sócios 
para a sociedade anônima, e acaba por fazer referência a força econômica da mesma. 
Esse capital determina na esfera interna a posição do sócio, a medida de sua 
responsabilidade, enquanto que atua externamente não só no início da atividade 
econômica em que há a necessidade de recursos, mas também na proteção aos direitos 
dos credores, apesar dessa função, estar, praticamente, a encargo só do patrimônio. 
Portanto, não deve haver confusão entre capital social e patrimônio, já que este vem a ser 
o conjunto de bens, direitos e obrigações (bruto) ou se excluídas as obrigações – líquido – 
e varia de acordo com a dinâmica da vida empresarial, e por isso, nem sempre será 
equivalente ao capital social. É válido ressaltar que, a partir de reservas e recursos 
advindos de lucro, o capital social é passível de ser aumentado, passando não só a 
representar a contribuição dos sócios, mas também o fruto do desenvolvimento da 
empresa. O aumento ocorrerá, também, por meio de emissão de novas ações, pela 
conversão de debêntures ou partes beneficiárias que proporcionam a geração de recursos 
para manutenção e desenvolvimento da sociedade anônima. 
O funcionamento da companhia pressupõe uma certa organização e essa 
necessidade faz com que a pessoa jurídica se desdobre em órgãos. Esses não têm 
personalidade jurídica, nem patrimônio, nem são responsabilizáveis, não podem demandar 
nem serem demandados em juízo. A sociedade é sempre a única responsável. A 
Assembléia geral, o Conselho de administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal são 
órgãos que têm a composição e a competência fundamentadas na lei. 
A Assembléia geral é a reunião dos acionistas que forma o órgão deliberativo 
máximo, podendo tratar de qualquer assunto de interesse da sociedade. Todavia, sua 
soberania está limitada pelas normas da lei e do estatuto e pelas arestas do objeto social. 
São duas as espécies de assembléia: assembléia geral ordinária (AGO) e assembléia 
geral extraordinária (AGE). A primeira atua com relação aos assuntos previstos no art. 132 
da Lei das S.A., tais como tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar 
as demonstrações financeiras; eleger os administradores e os membros do Conselho 
fiscal, etc. A AGO é realizada uma vez por ano, nos 4 seguintes ao término do exercício 
social. No entanto, a Assembléia geral extraordinária acontece a qualquer tempo e seu 
campo de atuação compreende todos os demais casos: é dotada de competência irrestrita. 
Como regra geral, é função do Conselho fiscal convocar a assembléia ou, em sua falta, 
cabe à Diretoria, e essa convocação se dá mediante publicação de anuncio. Para que 
exista e tenha validade, a Assembléia geral deve contar com a presença de um mínimo de 
acionistas com direito de voto (quorum de instalação) e ainda, para que sua deliberação 
seja eficaz, faz-se necessário o apoio de um número mínimo de votos (quorum de 
deliberação). 
O Conselho de administração é eleito pela Assembléia geral que também 
pode vir a destituí-lo. Define-se como sendo um órgão composto por acionistas, no mínimo 
três, que tem competência deliberativa e fiscalizadora sobre todos os assuntos, exceto os 
de competência privativa da Assembléia geral. Não é um órgão obrigatório para maioria 
das sociedades, sendo somente para as companhias abertas, as com capital autorizado e 
as de economia mista. Na sociedade anônima fechada geralmente, é inexistente, o que se 
justifica pelo pequeno número de acionistas (em via de regra), bastando a Assembléia 
geral. A função primordial do Conselho consiste em agilizar a tomada de decisões no 
âmbito da organização empresarial. Compõem o Conselho de administração os eleitos 
majoritária ou proporcionalmente, sendo que o mandato deve ser estabelecido, sendo a 
previsão máxima três anos de duração. O Conselho deve ter um presidente eleito pelos 
seus membros, e suas reuniões devem obedecer às leis do estatuto e lavrar atas, assim 
como nas Assembléias. 
A Diretoria é órgão executivo da sociedade e a representação desta pertence 
aos diretores, que devem ser no mínimo dois, eleitos pelo Conselho de administração ou 
Assembléia geral, não sendo necessária a condição de acionista. Além da função 
representativa, no plano interno sua função é de gerência, enquanto que no externo, a 
Diretoria de vê ser a manifestação viva da vontade companhia. Cabe ao estatuto 
estabelecer o número de diretores, a duração do mandato, a substituição e a competência 
de cada um. 
O Conselho fiscal exerce função de assessoria à assembléia geral quanto à 
apreciação das contas dos administradores e na votação das demonstrações financeiras 
da sociedade anônima, ou seja, ele fiscaliza a gestão da companhia. É composto por no 
mínimo três e no máximo cinco membros, não necessitando serem acionistas, mas devem 
ter formação superior ou experiência empresarial. Não podem ser elegíveis diretores e 
integrantes do Conselho de administração e nem seus parentes. A existência do Conselho 
fiscal é obrigatória, mas seu funcionamento é facultativo (depende da vontade dos 
acionistas). O Conselho fiscal é composto através de três eleições em separado. 
5-EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES 
O procedimento de dissolução é basicamente o mesmo para todas as 
empresas, o que diferencia a sociedade anônima das demais é a natureza do vínculo 
societário desfeito. A Lei das S.A. regula tal procedimento a partir de seu art. 206, 
disciplinando o assunto nas empresas institucionais. 
A dissolução pode ser entendida como o procedimento, ou então como ato 
judicial ou extrajudicial que desencadeia o procedimento de extinção. Em se tratando do 
primeiro caso, o procedimento de extinção da personalidade jurídica é composto por três 
fases que são a dissolução, correspondendo ao ato desencadeante, a liquidação que é a 
solução das pendências obrigacionais, e por fim a partilha, ou seja, a repartição feita entre 
os sócios. Se ao encerrar a atividade empresária os sócios não cumprirem o regulamento, 
deixando de dar a devida atenção aos terceiros credores, respondem por essas 
obrigações pessoal e ilimitadamente. O ato de dissolução pode ser de pleno direito 
quando, por exemplo, há a falta de pluralidade de sócios por mais de 180 dias, pode ser 
amigável, por acordo de sócios, mas não necessariamente dispensando a declaração 
judicial, ou então pó controvérsia decidida pelo juiz. 
Podem ser várias as causas de dissolução de uma sociedade. Dentre elas 
estão a vontade dos sócios, precisando somente que metade dos que possuem direito a 
voto concordem ou que certa situação firmada no estatuto, pressuponha extinção caso 
ocorra. O decurso do prazo de duração é outracausa, pois a sociedade foi formada com 
tempo determinado para exercer suas atividades, assim como é causa a irrealizabilidade 
do objeto social, que se dá, por exemplo, quando não há mercado suficiente para o 
produto ou serviço da empresa. A falência também é uma causa de dissolução, já que sem 
recursos para quitar suas obrigações, a sociedade não pode continuar. A extinção da 
autorização para funcionamento também acarreta dissolução. 
Em vias de dissolução, deve haver o arquivamento dos atos dissolutórios na 
Junta Comercial depois de serem canceladas as inscrições cadastrais da sociedade junto 
aos órgãos fiscalizadores e arrecadadores de tributos. 
Estando sido dissolvida a sociedade ela ainda é detentora de personalidade 
jurídica para que possa liquidar as obrigações que ficaram pendentes. No entanto, não 
pode mais titularizar direitos e nem contrair obrigações. 
Quando a sociedade se encontra nessa fase de liquidação, são necessários 
os registro do ato dissolutório na Junta Comercial, o acréscimo do termo “em liquidação” 
ao nome da empresa, e que a representação legal seja exercida pelo liquidante e não mais 
o gerente. Esses são requisitos essenciais porque por meio deles é possível proteger o 
interesse dos terceiros de boa-fé. 
Em relação a liquidante, sua escolha nas sociedades anônimas é feita pela 
Assembléia geral ou pelo Conselho de administração; é comum acontecer da pessoa do 
liquidante ser a mesma que administrava. Todavia, as atribuições de administrador e 
liquidante são bem diferentes, pois o primeiro pode vinculara a empresa por quaisquer 
atos, enquanto que o segundo somente a obriga no que concerne à liquidação. Cabe ao 
liquidante alienar, a preço de mercado, bens móveis e imóveis componentes do 
patrimônio, contratar advogado para a realização de cobrança, renegociar dívidas, 
rescindir contratos de trabalho, etc. 
A liquidação destina-se à realização do ativo e à satisfação do passivo. 
Vender os bens da sociedade que está sendo liquidada e cobrar seus devedores condiz 
com a realização do ativo; já o passivo é satisfeito quando ocorre o pagamento dos 
credores da sociedade. O patrimônio restante à utilização do ativo e à satisfação do 
passivo é partilhado entre os sócios, de acordo com a participação de cada um no capital 
social. Contudo, os sócios não são obrigados a atuar dessa maneira, tendo liberdade para 
negociarem de outras formas se assim preferirem. Não há problema em, ao invés de se 
vender uma parte dos bens, atribuí-la a um dos sócios em vista de crédito a haver na 
partilha, contanto que não prejudique o cumprimento das obrigações e nem os direitos dos 
demais sócios. 
Pode acontecer dos bens que compõem o patrimônio social não serem 
suficientes para sanar todas as dívidas contraídas pela sociedade. Nesse caso, o 
liquidante pode agir de duas maneiras: ou ele pede a falência da sociedade, disciplinada 
no art. 210 da Lei das S.A., ou executa os pagamentos possíveis e confessa a falência da 
sociedade após o encerramento dos recursos. 
6-CONCLUSÃO 
É notório o crescente desuso da sociedade em comandita por ações, o que vai 
dando margem à classificação do velho modelo abandonado, assim como é evidente a 
importância atribuída à sociedade anônima, que se solidifica, tipificando o modelo ideal de 
sociedade empresária. As realidades econômicas resultantes das transformações que 
ocorreram no mundo a partir da Primeira Guerra Mundial, da revolução tecnológica, 
proporcionaram alterações profundas no modelo jurídico original das sociedades 
anônimas. Por meio dessas mudanças, elas tornaram-se aptas a construir e manter a 
macroempresa. 
Em vista de sua abertura à captação de recursos, as companhias interferem nas 
economias populares com uma gama imensa de capitais acumulados, gerando um 
mercado ativo de dimensões extraordinárias. Daí o tremendo poder que essas sociedades 
detêm e que faz com que atuem além dos limites nacionais e da esfera econômica, 
influindo até mesmo no campo político. As multinacionais, por exemplo, são reflexo dessa 
forte estrutura dinâmica. 
Um dos grandes problemas que afligem a sociedade anônima moderna é o abuso 
da personalidade jurídica, que gera a teoria do superamento da personalidade jurídica. 
Busca-se através de um típico sistema de freios e contrapesos equilibrar a vida societária, 
concedendo-se direitos aos acionistas considerados individualmente ou em grupos, para 
que haja oposição ao poder da maioria e à aplicação institiva do poder majoritário, tal 
como se celebra nas teorias do abuso do direito e desvio do poder. 
Em dias atuais, é inquestionável o fato da sociedade anônima existir na quase 
totalidade das legislações, e com grande semelhança. Ora, sendo acolhidas em 
praticamente todos os países e tendo a maioria dos aspectos em comum, os poucos 
resquícios de divergência que se apresentam decorrem das diferenças quanto à estrutura 
econômica do país (desenvolvidos ou não), ou do seu sistema de direito. Fortificadas, 
essas sociedades anônimas constituem verdadeiros impérios, que muitas vezes acabam 
comprometendo a própria estabilidade e autoridade do Estado. Essa problemática é objeto 
de constantes preocupações de moralistas, juristas, sociólogos e políticos. Afinal, não se 
restringe aos interesses individuais apenas, mas abrange os interesses de toda 
coletividade. Estando o poder econômico concentrado nas mãos de poucas pessoas, 
dirigentes de empresas gigantescas, toda esa força pode prejudicar ou beneficiar um 
grande número de indivíduos, afetar regiões inteiras, alterar o andamento dos negócios. A 
sociedade anônima hoje, ao se aproximar do final do ciclo de sua evolução histórica, 
curiosamente, está voltando a ser uma entidade representativa de interesses nacionais e 
sociais, como foi em sua origem. 
Na verdade, ocorreu no Brasil um desvirtuamento da finalidade das sociedades 
anônimas, que o poder público busca corrigir levando-as a democratização de seu capital. 
Durante muito tempo, as companhias serviram de instrumento para evasão e sonegação 
fiscal, através de ações ao portador que instituíam o anonimato. Atualmente, tanto as 
ações ao portador como as por endosso estão excluídas da Lei 6.404 de 1976, Lei das 
S.A., exemplo de várias outras alterações que se deram nessa Lei tão importante, que 
regula não só as sociedades por ações, mas várias outras em se tratando de assuntos não 
regulados pelo Código Civil. 
O despontar da Lei 6.404 de 1976 surgiu da urgente necessidade de se impor uma 
reforma ao Decreto-Lei 2.627 de 1940, já que essa lei, apesar de ter sido qualificada como 
sendo uma das melhores leis do mundo em matéria de sociedade anônima , não 
correspondia à realidade do país e, com efeito, o oferecimento de mecanismos jurídicos 
pelo direito à prática societária deve ter certa coerência com a realidade. Logo, a Lei das 
sociedades anônimas deve sofrer tantas modificações quanto necessário, dependendo de 
sua viabilidade prática. 
 
BIBLIOGRAFIA: 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1. 6. ed. Ver. e atual. – São 
Paulo: Saraiva, 2002. 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 2. 7.ed. ver. e atual. – São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, volume 2. 20. ed. – São Paulo: 
Saraiva, 1995. 
Lei das S.A. nº 6.4040 de 15 de dezembro de 1976. 7.ed. – São Paulo: Atlas, 
2000.

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