Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA POLÍTICA BRASILEIRA: ESTUDO APLICADO ÀS ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS Texto para Discussão Belo Horizonte Agosto 2013 2 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA POLÍTICA BRASILEIRA: ESTUDO APLICADO ÀS ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS Texto para Discussão Agosto de 2013 Termo de outorga e aceitação de auxílio à pesquisa firmado entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), e a Fundação João Pinheiro (FJP) para realização do projeto “Análise da Evolução da Participação da Mulher na Política Brasileira: Estudo Aplicado às Assembléias Legislativas” (BIP- 00216-12 – Bolsa de Incentivo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico, Destinada a Servidor Público Estadual). Coordenadora e pesquisadora: Kamila Pagel de Oliveira (FJP) 3 1. INTRODUÇÃO O presente texto para discussão é parte integrante do projeto de pesquisa BIP-00216-12, Bolsa de Incentivo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico, Destinada a Servidor Público Estadual, intitulado “Análise da evolução da participação da mulher na política brasileira: estudo aplicado às Assembleias Legislativas”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ora em execução pela Fundação João Pinheiro (FJP). Pretende-se com esse texto apresentar os resultados obtidos a partir da referida pesquisa que tem como objetivo geral analisar a evolução da participação feminina na composição dos representantes eleitos nas Assembleias Legislativas Brasileiras, ao longo do período compreendido entre 1998 e 2010. De forma específica a pesquisa apresentou os seguintes objetivos: 1. Identificar e analisar a participação feminina na atual composição das Assembleias Legislativas de todos os estados brasileiros, além da evolução dessa participação, ao longo do período compreendido entre 1998 e 2010; 2. Verificar a influência das características demográficas (percentual de mulheres) e políticas (percentual de mulheres eleitoras) de cada estado brasileiro na participação feminina nas Assembleias Estaduais, ao longo do período analisado; 3. Identificar e analisar a evolução da participação feminina nas Mesas Diretora das Assembleias Legislativas de todos os estados brasileiros, no período em questão. Antes, porém de proceder à análise dos resultados encontrados, torna-se relevante realizar um resgate do referencial teórico acerca da trajetória da mulher na política, destacando os avanços obtidos, bem como as barreiras que ainda persistem para o alcance da equidade de gênero na política brasileira. 2. REFERENCIAL TEÓRICO A exclusão da mulher na vida política é um reflexo da exclusão da mulher na sociedade e na ausência de reconhecimento desta como sujeito, baseado em grande medida no 4 predomínio da figura do homem, seja no aspecto social, político ou econômico (VAZ, 2008). De acordo com Sow (2010) as mulheres, bem como os escravos e os estrangeiros foram relegados durante séculos à condição de não cidadãos, sendo colocados à margem dos assuntos de interesse público. No Brasil, durante o período colonial, os direitos políticos eram restritos aos homens em função da sociedade patriarcal, na qual o poder, as decisões e os privilégios sempre estiveram nas mãos dos homens. Esta situação não foi alterada após a independência do país. Desouza et al. (2000) afirmam que os papéis de gênero condizem com interpretações tradicionais do Brasil como tendo uma cultura machista. Sow (2010) demonstra que primeiramente a mulher era excluída da vida política através do critério da renda, tendo em vista que exigia-se renda mínima para o voto, em um momento no qual as mulheres deveriam se dedicar ao lar e à família. De acordo com esta autora “No Brasil Império, a população feminina não tinha acesso ao trabalho, por isso não tinha remuneração comprovada” (2010, p.82). Em um segundo momento, especificamente a partir da Constituição de 1891, a restrição ocorre através da exigência, para direito ao voto, de alistamento militar. Embora este fosse voluntário para as mulheres, a participação destas na atividade militar era ínfima, o que consequentemente se configurava como uma restrição para o voto feminino. Alves (2007) divide a história de desigualdade de gênero no Brasil em três momentos substanciais: primeiramente, do século XV ao XVIII no qual a mulher não tinha acesso à educação, ao mercado de trabalho formal e não possuía direitos nem civis e nem políticos; posteriormente, a partir do século XIX momento no qual se vivenciou certa melhoria, principalmente ao final do século, quando uma mulher obteve o primeiro diploma de curso superior; por fim, ao longo do século XX, quando as mulheres brasileiras tiveram conquistas em três campos: educação, inserção no mercado de trabalho e o direito ao voto. No que diz respeito à educação, Alves (2007) demonstra que as mulheres reverteram o hiato de gênero, ou seja, passaram a ter mais anos de estudo em detrimento dos homens, a partir da década de 80, demonstrando que a escolaridade média da mulher cresceu em maior velocidade do que a do homem, aumentando a diferença em relação aos homens e 5 atingindo níveis de educação formal cada vez maior. No que tange ao mercado de trabalho, Alves (2007) afirma que a taxa de atividade total da mulher passou de 13,6% em 1950 para 44,1% em 2000. Segundo este autor “o padrão das taxas de atividades femininas está cada vez mais parecido com o padrão das taxas masculinas, apesar do nível mais baixo” (ALVES, 2007, p. 42). Cabe destacar ainda que a qualidade do emprego, os níveis salariais, as possibilidades de crescimento na carreira, o status ainda se encontram muito distintos, com prejuízo para a mulher (BOURDIEU, 2011). Por fim, o direito ao voto, obtido em 1932. No que tange à participação da mulher na vida política, pode-se definir três momentos de grande relevância: o primeiro deles trata da conquista do direito ao voto, ocorrida em 1932, fruto de um intenso movimento das mulheres iniciado em 1919, conhecido como movimento sufragista; o segundo, refere-se ao movimento feminista iniciado na década de 70, através do qual a mulher luta por direitos mais amplos, inclusive voltados para a democratização do país; e o terceiro, a Constituição de 1988, através da qual conquista- se diversos direitos, inclusive na esfera política institucional (DESOUZA et al., 2000). A constituição de 1988 é reconhecida como o momento da conquista da igualdade formal de direitos entre homens e mulheres (ALVES, 2007; VAZ, 2008; SOW, 2010). Apesar dos números ainda pouco expressivos, Sow (2010, p.81) afirma que a “Constituição de 88 assegurou vários mecanismos de defesa dos direitos da mulher para que ela pudesse alcançar com dignidade o pleno exercício da cidadania”. De acordo com dados disponibilizados pela União Interparlamentar (IPU, 2012), por meio do Programa para Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD, 2011) e pela Social Watch (2012), o Brasil encontra-se em posição crítica, quando se refere à equidade entre homens e mulheres e à representação da mulher nos parlamentos. Com índices diferentes, os dados apresentados por tais instituições demonstram que, não obstante significativos avanços obtidos pelas mulheres, desde a conquista do direito ao voto, em 1932, há ainda longo caminho a ser percorrido para alcançar efetiva igualdade de direitos e de representação política por parte das mulheres. Corroborando estes dados, Alves (2007), Araújo (2001) e Tabak (2002) afirmam que o Brasil ainda se encontra na retaguarda mundial no que tange ao empoderamento das mulheres em seusíndices de participação da mulher na política. 6 A reduzida presença feminina nas instâncias de representação política adquiriu lugar de destaque na agenda de debates sobre as democracias contemporâneas - a presença de mulheres nas instituições políticas impacta a formação das agendas temáticas decisórias. Indica a primazia nas arenas decisórias de determinados temas, grupos e interesses em detrimento de outros, conforme asseveram Almeida, Lüchmann e Ribeiro (2012). Assim, Sow (2010, p.92) afirma que “a despeito dos avanços jurídicos, os dados da realidade brasileira mostram que existe uma enorme distância entre as conquistas legais e as práticas sociais”. Essa situação não é, no entanto, observada apenas no Brasil. Conforme afirma Bourdieu (2011, p.107) a condição feminina tem passado por profundas transformações, sobretudo, para aquelas mulheres que estão em categorias sociais mais favorecidas. Se destacando mudanças como o “aumento do acesso ao ensino secundário e superior, ao trabalho assalariado e, com isso, à esfera pública; além do distanciamento em relação ás tarefas domesticas e às funções de reprodução” No entanto, este autor afirma que: a igualdade formal entre os homens e as mulheres tende a dissimular que, sendo as coisas em tudo iguais, as mulheres ocupam sempre as posições menos favorecidas. Por exemplo, sendo embora verdade que as mulheres estão cada vez mais representadas em funções públicas, são sempre as posições mais baixas e mais precárias que lhes são reservadas. (BOURDIEU, 2011, p.110). O autor afirma ainda que as mulheres são, frequentemente, menos remuneradas que os homens, e mesmo quando todas as coisas são em tudo iguais, elas obtém cargos menos elevados, mesmo possuindo formações semelhantes. Elas ainda são mais atingidas, proporcionalmente, pelo desemprego, pela precariedade de empregos e relegadas com mais facilidade a cargos de trabalho parcial. No âmbito das organizações, tem-se o conceito de "teto de vidro" que se configura como uma barreira para que a mulher alcance os postos mais altos (BENCHOP, BROUNS, 2004; CRAMPTON, MISHRA, 1999). Trata-se de barreiras invisíveis que impedem que as mulheres avancem além de um certo nível, mas não porque são incapazes para lidar com um trabalho de nível superior ou porque não possuem capital cultural e social, mas simplesmente porque são mulheres. E esse conceito, muitas vezes, é utilizado para otimizar a forma de funcionamento das organizações, sem questionar esta situação e, consequentemente, sem mudança. No entanto, é preciso compreender as possibilidades de resistência e os poderes subjacentes (BENCHOP, BROUNS, 2004). 7 O conceito teto de vidro representa uma diferença de gênero que: não é explicada por outras características relevantes para o trabalho do empregado, o que implica em discriminação; é maior nos níveis mais elevados do que em níveis mais baixos; e aumenta ao longo de uma carreira (BENCHOP, BROUNS, 2004). Bourdieu (2011) argumenta ainda que as próprias mudanças pelas quais a mulher vem passando acaba obedecendo a mesma lógica do modelo tradicional. Assim, os homens continuam a dominar o espaço público e a área de poder, ao passo que as mulheres ficam destinadas, predominantemente ao espaço privado. Segundo o autor, essa situação é fruto de um contexto trans-histórico no qual o homem é associado as espaço público e a mulher ao mundo privado. Observa-se, dessa forma, que não obstante os avanços percebidos na condição da mulher na vida política brasileira têm-se a persistência de várias barreiras para a efetivação de tal participação, tendo em vista que a distribuição de poder entre homens e mulheres não é igualitária. Crampton e Mishra (1999) argumentam que a discriminação das mulheres pode ocorrer através de estruturas organizacionais, políticas, redes informais, cultura que são dominados pelos homens e estes impõem barreiras para o crescimento das mulheres. De acordo com Matos (2009, p.2) “são muitas as ‘pedras no caminho’ e elas tem influenciado o jogo político-democrático brasileiro na direção do exercício político por chaves, regras e atores majoritariamente masculinos”. Crampton e Mishra (1999) afirma que o maior obstáculo para que as mulheres alcancem postos de poder deve-se a constrangimentos impostos a elas pela sociedade, pela família e por elas mesmas. Muitos desses constrangimentos configuram-se como esteriótipos, mitos, ideias preconceituosas e noções sem sustentação sobre a mulher. Por exemplo, mulheres são frequentemente vistas como dependentes, frágeis, sem competitividade e ambição, sensível, subjetiva, intuitiva. De acordo com Codato e Costa (2011) existem mecanismos de seleção das lideranças políticas e daqueles que ocuparão cargos políticos que funcionam como filtros (sociais, culturais, simbólicos, institucionais, profissionais) que operam no processo de seleção da classe política. Assim, é importante estudar não apenas o caminho percorrido pelos que chegam ao poder, mas também as barreiras que impedem outros de lá chegarem 8 Nesse sentido, Matos (2009) afirma que existe um conjunto de obstáculos para a participação da mulher na política. De uma maneira geral estes obstáculos podem ser consolidados em três níveis - micro, sociológico e político1 – que, embora didaticamente separados, atuam de forma simultânea e complementar. No que diz respeito ao nível micro, destaca-se elementos relacionados a uma percepção individual/subjetiva a respeito da possibilidade de concorrer e obter uma vaga no parlamento. Superadas estas barreiras relacionadas à decisão de se candidatar a um cargo político, destacam-se os obstáculos de nível sociológico, no qual se encontra desigualdades na distribuição de poder e na possibilidade de tomada de decisão, por parte das mulheres, em diferentes âmbitos que vão desde o doméstico até o político- institucional (MATOS, 2009). No terceiro nível, o político-filosófico, tem-se as dificuldades relacionadas ao próprio jogo político-partidário, se configurando, portanto, como dificuldades formais e institucionais encontradas na própria luta e competição política, relacionando-se às regras do jogo político que são construídas e mantidas, sobretudo, por homens. De acordo com Matos (2009) os espaços político-partidários são visto pela mulher muito mais como um obstáculo do que como um ambiente democrático e de apoio. Nessa questão, destaca-se também a persistência de forte elemento político tradicional, clientelista, conservador e patrimonial. O ambiente político, assim como o ambiente social e econômico, é marcado pela dominação masculina e pela realidade construída socialmente de que uma mulher não pode ter autoridade sobre homens e tem, portanto, todas as possibilidades de, sendo todas as coisas em tudo iguais, ver-se preterida por um homem para uma posição de autoridade ou de ser relegada às funções subordinadas e de auxiliar (BOURDIEU, 2011). No que tange ao campo político, o preconceito do eleitorado em relação à mulher manifesta-se, principalmente, pelo eleitorado feminino que também é influenciado pela 1 Para maior detalhamento, consultar Texto para Discussão 1, intitulado " A Trajetória da Mulher na Política Brasileira: As Conquistas e a Persistência de Barreiras disponível em http://www.eg.fjp.mg.gov.br/index.php/publicacoes/textos-para-discussao/167-textos-publicados-em- 2013/2013-a-trajetoria-da-mulher-na-politica-brasileira-as-conquistas-e-a-persistencia-de-barreiras 9 cultura patriarcal, conservadora, e, muitas vezes, por forças religiosas sejam católicas ou protestantes que reforçam a subalternização da mulher (MATOS, 2009). Nesta direção, autores como Braga, Veiga e Miríade (2009)questionam se o baixo contingente de mulheres eleitas não se justificaria pela própria demanda dos eleitores, que ainda não consideram a opção de votar em mulheres, preferem o voto nos homens. No nível político filosófico destacam-se, ainda, dificuldades encontradas pelas mulheres já eleitas, dentro dos espaços políticos institucionais. De acordo com Matos (2009), as mulheres praticamente não são indicadas para ocupar posições nas mesas diretoras e nos cargos de liderança dos partidos, e ainda participam de comissões, muitas vezes, pouco prestigiadas e que acabam se tornando características das mulheres como as de Segurança e Família, Saúde, Direitos Humanos Educação, entre outras, o que em última instância significa menor possibilidade de impacto nas agendas parlamentares. Realizado este recorte teórico sobre a participação da mulher na política brasileira torna- se possível passar para a apresentação dos aspectos metodológicos da pesquisa para então avançar na análise dos Resultados. METODOLOGIA A presente pesquisa possui como objetivo geral analisar a participação feminina na política brasileira, sobretudo nas Assembleias Legislativas Estaduais e Distritais, ao longo do período compreendido entre 1998 e 2010. Nesse sentido, classifica-se como de natureza exploratório-descritiva, quanto ao tipo de abordagem. Seu caráter exploratório relaciona-se à busca de maiores informações acerca do perfil dos eleitos para as Assembleias Estaduais e acerca da equidade de gênero na política, temáticas essas que carecem de aprofundamento. Possui também caráter descritivo, tendo em vista que buscou identificar, descrever e analisar o perfil da população, eleitorado, eleitos e Mesa Diretora das Assembleias Estaduais, tendo como foco a participação feminina. A problemática central surgiu da constatação de que o Brasil não dispõe ainda, de um produto de informação que possibilite consolidar o perfil dos representantes eleitos que regem o funcionamento da sociedade no âmbito dos Estados. Além disso, o foco na questão da participação da mulher na política surge como tema fundamental para o 10 desenvolvimento da democracia brasileira, o que merece ser estudado de forma mais aprofundada. Diante disso, buscou-se informações em três fontes distintas, a saber: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sites das Assembleias Legislativas Estaduais e Distrital. Para se obter as informações demográficas do Brasil, sobretudo no que tange ao sexo, foi consultado o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, organizado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD). Foram, portanto, obtidas e analisadas as características demográficas quanto ao sexo, do Brasil e de todos os Estados brasileiros e Distrito Federal, no período de 2001 e 2010. Cabe salientar que, considerando que a pesquisa em questão buscou analisar os dados das Eleições de 1998, 2002, 2006 e 2010, e que o Atlas apresenta os dados da população feminina apenas nos dois períodos mencionados, analisou-se os períodos de 1998 e 2002, utilizando os dados da população em 2001 e os períodos de 2006 e 2010, utilizando os dados da população em 2010. Acredita-se não haver prejuízo nessa associação, pois os dados da população, sobretudo no que tange ao sexo, não apresenta mudanças significativas no curto e médio prazo, mas sim no longo prazo. Assim, os dados foram extraídos do site http://www.atlasbrasil.org.br/, transportados para o Excel, onde foram tabulados e analisados. Para a obtenção das informações acerca da composição do eleitorado feminino e das eleitas em cada uma das Assembleias Estaduais e Distritais, foram utilizados dados disponíveis no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às eleições realizadas nos anos de 1998, 2002, 2006 e 2010. O TSE disponibiliza ampla gama de dados a esse respeito. Então, realizou-se pesquisa para refinar qual das bases de dados disponibilizadas pelo TSE melhor atenderia aos propósitos do trabalho, no que se chegou aos “repositórios de dados eleitorais”. O repositório de dados eleitorais contém bases relativas ao eleitorado, aos candidatos, resultados e às prestações de contas das eleições. Para os fins da presente pesquisa, foram utilizadas as bases relativas ao eleitorado e eleitos. As informações estão disponíveis em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais. 11 Foi feito download das bases de dados que são disponibilizadas em formato txt (texto, bloco de notas), estando desagregadas por ano das eleições e, dentro de cada uma dessas, por estados e Distrito Federal. Assim, a primeira medida adotada foi agregar os dados em arquivos, englobando todos os estados e Distrito Federal, desagregados apenas pelos anos em que se deu as respectivas eleições. Esses arquivos foram importados para o software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), tendo sido cuidadosamente verificada sua integridade. Em seguida, selecionaram-se apenas os dados do eleitorado e dos parlamentares eleitos para as Assembleias Legislativas dos estados e para a Câmara Legislativa do Distrito Federal. Encerrada a tabulação dos dados, foram elaboradas as Tabelas, com todos os dados referentes ao sexo do eleitorado e dos representantes eleitos, contemplando o percentual de eleitorado feminino e de eleitas no Brasil, nas Grandes Regiões e distribuídas nas Assembleias Legislativas, no período compreendido entre 1998 e 2010. A análise das características da população brasileira (PNUD) e do eleitorado brasileiro (TSE) foi importante no sentido de verificar se há influência das características demográficas (percentual de mulheres) e políticas (percentual de mulheres eleitoras) de cada estado brasileiro na participação feminina nas Assembleias Estaduais, ao longo do período analisado. Para tanto foi realizado também o teste estatístico denominado r de Pearson, que mostra se duas variáveis são co-relacionadas, ou seja, se duas variáveis são associadas. A co- relação entre duas variáveis "significa que quando os valores em uma variável mudam, valores na outra variável também mudam de maneira previsível. Em outras palavras, as duas variáveis não são independentes" (DANCEY e REIDY, 2006, p.179). Embora não seja possível sugerir causalidade a partir da análise de correlação, esse configura-se como um importante teste estatístico para analisar a dependência entre duas variáveis (DANCEY e REIDY, 2006). De acordo com Dancey e Reidy, 2006, a análise de correlação permite identificar a direção do relacionamento entre duas variáveis, e a força ou magnitude desse 12 relacionamento. No que tange à direção, essa pode ser positiva, negativa ou zero, com os seguintes significados: - Positiva: valores altos em uma variável tendem a ser associados com valores altos na outra ou valores baixos em uma variável tendem a associar-se com valores baixos na outra. - Negativa: valores altos em uma variável são associados com valores baixos na outra variável. - Zero: Não existe um relacionamento linear entre as duas variáveis. Quanto à força do relacionamento, denominado de coeficiente de correlação, pode variar de 0, onde não há nenhuma relação entre as variáveis, a 1, onde há uma relação perfeita entre as variáveis (DANCEY e REIDY, 2006). Assim, foram analisadas duas a duas as seguintes varáveis: % população feminina, % eleitorado feminino e % mulheres eleitas, sendo feita para todas uma análise dos dados consolidados do Brasil e de cada Unidade da Federação e Distrito Federal, considerando o período de 1998 a 2010. O teste de correlação entre as variáveis foi realizado no Excel. Por fim, foi consultado o sitio eletrônico oficial de todas as AssembleiasLegislativas Estaduais e Distrital no sentido de obter informações acerca da participação feminina nas Mesas Diretora das Assembleias Legislativas de todos os estados brasileiros, bem como a evolução dessa participação, ao longo do período analisado. Todos os sítios eletrônico, com exceção do sitio da Assembleias de Alagoas que encontra-se indisponível, e de Roraima, cuja parte relativa à Mesas Diretoras encontra-se indisponível, apresentaram a composição atual das Mesas Diretoras que, embora não tenha sido configurado como objeto de análise dessa pesquisa, pois contempla apenas o período entre 1998 e 2010, foi também analisada. Quanto à informação sobre a composição das Mesas Diretoras de Legislaturas anteriores, sobretudo do período entre 1998 e 2010, apenas cinco dos 25 Estados (com exceção de Alagoas e Roraima) disponibilizam tal informação em seu site (Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia). Assim, para a obtenção da informação referente às demais Assembleias Legislativas foi necessário o 13 encaminhamento de e-mail, conforme contato disponibilizado em cada sitio, informando acerca da pesquisa em realização e da necessidade de encaminhamento dos dados. Além disso, buscou-se a complementação das informações através de contato telefônico disponibilizado em cada sitio, por meio do qual totalizou-se a informação de 20 Assembleias Legislativas Estaduais (Anexo A). Apesar da não obtenção das informações das Mesas Diretoras da totalidades das Assembleia, acredita-se que as informações obtidas já fornece importante subsídio para tal análise. Assim, não foi possível ser feita análise desagregada, considerando cada Unidade da Federação, porém foi feita uma análise dos dados de forma geral, o que já originou importantes reflexões. Por meio dessas três fontes de dados foi possível, portanto, cumprir aos objetivos propostos nessa pesquisa. 3. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA Tendo em vista os objetivos da pesquisa, os dados, referentes ao período entre 1998 e 2010, são analisados em três etapas: a primeira delas refere-se à análise do percentual da população feminina brasileira e das Unidades da Federação e Distrito federal; a segunda refere-se à análise do percentual do eleitorado feminino do Brasil e também distribuídos nos Estados e Distritos Federais; e a terceira fase analisa-se a composição das Assembleias Legislativas Estaduais e Distrital, e o consolidado do Brasil, especificamente em sua diferenciação quanto ao sexo. Nessa etapa são ainda analisados o perfil das mulheres eleitas, quanto à idade e escolaridade, além da participação dessas nas Mesas Diretoras, desde 1998 até a atual composição. 3.1 POPULAÇÃO FEMININA No que tange à população brasileira, observa-se o crescimento da população feminina, se considerado o período de 2001 a 2010, sendo que em 2001, 50,79% da população brasileira era feminina, enquanto que em 2010, esse número passou para 51,03%. Se analisadas as Unidades da Federação, todas, com exceção de Amazonas e Distrito Federal acompanharam a tendência de crescimento da população feminina. No Estado do Amazonas, houve decréscimo, sendo que a população feminina passou de 49,72% para 49,68%, e no Distrito Federal, não houve alteração, sendo que no período analisado 14 a população feminina permaneceu sendo 52,19% da população total, conforme dados da Tabela 1. Tabela 1 - Percentual da população feminina em relação à população total no Brasil e Unidades da Federação, no período de 2001 e 2010 Unidade da Federação 2001 2010 Brasil 50.79% 51.03% Acre 49.58% 49.79% Alagoas 51.15% 51.55% Amapá 49.81% 49.94% Amazonas 49.72% 49.68% Bahia 50.56% 50.93% Ceará 51.18% 51.26% Distrito Federal 52.19% 52.19% Espírito Santo 50.45% 50.75% Goiás 50.18% 50.34% Maranhão 50.23% 50.39% Mato Grosso 48.60% 48.95% Mato Grosso do Sul 49.95% 50.19% Minas Gerais 50.53% 50.80% Pará 49.42% 49.59% Paraíba 51.46% 51.56% Paraná 50.46% 50.87% Pernambuco 51.68% 51.90% Piauí 50.82% 50.99% Rio de Janeiro 52.06% 52.31% Rio Grande do Norte 51.03% 51.11% Rio Grande do Sul 50.98% 51.33% Rondônia 48.71% 49.11% Roraima 48.82% 49.20% Santa Catarina 50.17% 50.38% São Paulo 51.04% 51.34% Sergipe 50.97% 51.40% Tocantins 48.85% 49.23% Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano 2013 Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/ Juntamente com o Estado do Amazonas e Distrito Federal, os estados que apresentaram menor crescimento da população feminina entre os anos de 2001 e 2010 foram: Ceará (0,08%), Rio Grande do Norte (0,08%) e Paraíba (0,10%), respectivamente. 15 As cinco Unidades da Federação que apresentaram o maior crescimento percentual de população feminina no período compreendido foram: Sergipe (0.43%), Paraná (0.41%), Rondônia (0.40%), Alagoas (0.40%) e Roraima (0.38%). Considerando os dados de 2010, o Estado que apresenta o maior percentual de mulheres é o Rio de Janeiro (52,31%) seguido do Distrito Federal (52,19%), Pernambuco (51,90%), Paraíba (51,56%) e Alagoas (51,55%). Cabe destacar que embora o Distrito Federal tenha apresentado o 2º menor crescimento da população feminina entre os anos de 1998 e 2010, ainda configura-se como o 2º Estado com maior percentual de mulheres, conforme dados da Tabela 1. Os Estados com menor percentual de mulheres em relação à população total são Mato Grosso (48,95%), Rondônia (49,11%), Roraima (49,20%), Tocantins (49,23%) e Pará (49,59%) (Tabela 1). Quando se analisa os percentuais por Região, tem-se que em todas elas houve o aumento da população feminina, conforme demonstra a Tabela 2, sendo que a região que apresentou maior crescimento entre os anos de 2001 e 2010 foi a Região Sul (0,33%) e o menor crescimento foi Região Norte (0,18). É importante destacar ainda que, com exceção da Região Norte, a mulher representa maioria da população em todas as Regiões do Brasil. Tabela 2 - Percentual População Feminina em relação a população total, por Região, no período de 2001 e 2010 Região 2001 2010 Norte 49.36% 49.54% Nordeste 50.96% 51.19% Sudeste 51.09% 51.38% Sul 50.61% 50.94% Centro Oeste 50.15% 50.35% Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano 2013 Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/ Considerando a população atual (2010), tem-se que as Regiões Sudeste e Nordeste apresentam os maiores percentuais de participação feminina na população, sendo que a população feminina representa 51,38% e 51,19% da população total, respectivamente. A 16 Região Norte é a que apresenta o menor percentual de participação feminina, sendo que a mulher representa 49,54% da população total, conforme dados da Tabela 2. 3.2 ELEITORADO FEMININO No que se refere ao percentual do eleitorado feminino no Brasil, observa-se um crescimento no período entre 1998 e 2010, passando de 49,88% para 51,86%, conforme dados da Tabela 3. Tabela 3 - Percentual do eleitorado feminino em relação ao eleitorado total por Unidades da Federação, nos períodos 1998, 2002, 2006 e 2010. 17 Unidade da Federação Oct-98 Oct-02 Nov-06 Oct-10 Rondônia 45.52 47.87 49.23 49.69 Acre 48.11 49.17 50.02 50.20 Amazonas 48.46 49.67 50.39 50.47 Roraima 45.98 47.88 49.72 49.83 Pará 47.33 49.08 49.86 49.95 Amapá 49.06 50.10 50.35 50.42 Tocantins 47.93 48.03 48.81 49.26 Maranhão 49.35 50.34 50.86 51.02 Piauí 50.51 51.28 51.34 51.29 Ceará 51.38 51.97 52.46 52.41 Rio Grande do Norte 51.26 51.62 52.03 52.24 Paraíba 51.58 52.32 52.50 52.66 Pernambuco 50.72 51.83 52.82 53.04 Alagoas 50.50 51.57 52.34 52.65 Sergipe 50.73 51.71 52.12 52.21 Bahia 49.88 50.76 51.56 51.95 Minas Gerais 49.76 50.54 51.10 51.37 Espírito Santo 48.18 49.81 51.02 51.43 Rio de Janeiro 50.99 52.43 53.18 53.37 São Paulo 49.97 51.15 51.96 52.17 Paraná48.96 50.34 51.19 51.51 Santa Catarina 49.27 50.05 50.70 51.01 Rio Grande do Sul 50.32 51.10 51.70 51.97 Mato Grosso do Sul 49.07 50.16 50.97 51.25 Mato Grosso 46.21 47.59 48.55 49.17 Goiás 49.08 50.26 51.03 51.34 Distrito Federal 52.95 53.28 53.75 53.64 Brasil 49.88 50.93 51.64 51.86 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais Importante destacar que, considerando os dados de 2010, o percentual do eleitorado feminino no Brasil (51,86%) é superior ao percentual da população feminina (51,03%), o que nos leva a concluir que além de existir maior número de mulheres em relação aos homens, existe também um maior número de mulheres em condições de voto se comparado aos homens. Analisando as Unidades da Federação, tem-se que em todas houve crescimento do percentual do eleitorado feminino, no período compreendido entre 1998 e 2010, sendo 18 que o menor crescimento ocorreu no Distrito Federal (0,69%) e o maior crescimento ocorreu em Rondônia (4,17%), conforme dados da Tabela 3. Além dos Distrito Federal, os outros quatro Estados que apresentaram menores crescimentos no percentual do eleitorado feminino foram: Piauí (0,78%), Rio Grande do Norte (0,98%), Ceará (1,04%) e Paraíba (1,09%). Pode-se perceber significativa relação entre o crescimento da população feminina e o crescimento do eleitorado, tendo em vista que 4 dos 5 estados que apresentaram menor crescimento da população feminina, apresentaram também menor crescimento do eleitorado feminino, sendo eles: Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba. Além de Rondônia, os outros quatro Estados que apresentaram maiores crescimentos no período compreendido foram: Roraima (3,85%), Espírito Santo (3,25%), Mato Grosso (2,95%) e Pará (2,62%). Dois desses Estados (Rondônia e Roraima) também configuram-se como estados que apresentaram maiores crescimentos na população feminina, conforme pode ser visto na Tabela 3. Considerando a composição do eleitorado nas Eleições de 2010 (Tabela 3), os dois Estados que apresentam maior percentual de eleitorado feminino são Distrito Federal (53,64%) e Rio de Janeiro (53,37%), seguidos dos Estados de Pernambuco (53,04%), Paraíba (52,66%) e Alagoas (52,65%). Percebe-se, portanto, uma forte relação entre o percentual de mulheres na população e o percentual de eleitoras, tendo em vista que os cinco estado de maior população em 2010 são também os cinco estados que apresentam os maiores percentuais de participação feminina na composição do eleitorado de 2010. Os dois estados que apresentam menor percentual de eleitorado feminino são Mato Grosso (49,17%) e Tocantins (49,27%), seguidos de Rondônia (49,69%), Roraima (49,83%) e Pará (49,95%), conforme dados da Tabela 3. Cabe ressaltar que Mato Grosso também configura-se como o Estado de menor percentual feminino na população. Mais uma vez, pode-se concluir que o percentual de população feminina tem significativa relação com o percentual de mulheres eleitoras, já que os cinco estado com menor eleitorado feminino são também os cinco estados com menores percentuais de população feminina em relação à população total. 19 No que tange às Regiões, tem-se que todas essas apresentaram crescimento do eleitorado feminino, se comparado o período de 2010 com 1998, assim como ocorreu com o crescimento da população feminina, conforme pode ser visto na Tabela 4. Tabela 4 - Percentual de eleitorado feminino em relação ao eleitorado total, por Região, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010 Região Oct-98 Oct-02 Nov-06 Oct-10 Norte 47.45% 48.96% 49.81% 49.99% Nordeste 50.52% 51.37% 51.99% 52.18% Sudeste 50.06% 51.20% 51.95% 52.18% Sul 49.58% 50.59% 51.29% 51.58% Noroeste 49.16% 50.24% 50.99% 51.29% Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais A região com maior crescimento do eleitorado feminino é a Região Norte, com aumento de 2,54%, enquanto que a Região que apresentou o menor crescimento foi a Região Nordeste, com 1,66% de aumento. Cabe destacar que a Região Norte foi a que apresentou o menor percentual de crescimento da população feminina, de forma que o crescimento no eleitorado pode ter ocorrido também em função de outros fatores, como aumento no número de mulheres em condições de votar. Não obstante, a Região Norte apresentar o maior crescimento no percentual de mulheres eleitoras, essa Região ainda permanece como aquela que apresenta os menores percentuais de eleitorado feminino, sendo ainda a única Região que não apresenta eleitorado feminino superior ao eleitorado masculino, conforme pode ser visto na Tabela 4. Essa Região também apresenta os menores percentuais de população feminina, essa ainda minoria, conforme discutido anteriormente. As Regiões Sudeste e Nordeste são aquelas que possuem o maior percentual de eleitorado feminino, sendo que em ambas a mulher representa 52,18% do eleitorado total (Tabela 4), sendo essas regiões as duas que também possuem a maior população feminina, se comparada às demais regiões, conforme dados apresentado na Tabela 2. Percebe-se, também nas Regiões, significativa relação entre o percentual de população feminina e o percentual de eleitoras, tendo em vista que as Regiões Nordeste e Sudeste apresentam os maiores percentuais de população feminina e de eleitorado feminino, e a Região Norte, os menores percentuais. 20 Diante do exposto, pode-se afirmar, que, conforme podia se esperar, há significativa relação entre o crescimento da população feminina e o crescimento do eleitorado feminino. Essa relação pode ser comprovada por meio dos dados de correlação entre essas duas variáveis que apresentam valores superiores a 0,9, demonstrando forte correlação positiva entre ambas, conforme dados da Tabela 5. Tabela 5 - Correlação entre percentual de população feminina e percentual de eleitorado feminino, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010 Variáveis 1998 2002 2006 2010 População e eleitorado feminino 0.94 0.98 0.97 0.98 Fonte: elaborado pela autora 3.3 PERCENTUAL E CARACTERIZAÇÃO DAS DEPUTADAS ELEITAS 3.3.1 Brasil No que tange às mulheres eleitas para o cargo de deputada estadual e distrital, consolidado para o Brasil, tem-se que essas representam apenas 13,02% do total de deputados eleitos em 2010, conforme dados da Tabela 6. Não obstante relativo crescimento observado entre o período de 1998, no qual a mulher representava 10,11% do total de eleitos, e o período de 2010, pode-se dizer que a participação da mulher na política brasileira, especificamente nas Assembleias Estaduais, ainda é muito pequena se comparado aos percentuais de participação da mulher na população (51,03%) e no eleitorado (51,86%), nos quais a mulher já representa maioria. Tabela 6 - Percentual de mulheres eleitas para o cargo de Deputada Estadual e Distrital, por Unidades da Federação, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010. 21 Unidade da Federação Oct-98 Oct-02 Oct-06 Oct-10 Rondônia 9.52 5.88 5.88 15.79 Acre 10.00 11.11 25.00 15.79 Amazonas 0.00 5.00 15.00 9.09 Roraima 15.79 17.65 15.79 11.11 Pará 10.81 18.92 15.15 17.65 Amapá 10.53 20.00 10.00 25.00 Tocantins 9.52 4.76 14.29 18.18 Maranhão 22.22 18.42 16.22 18.92 Piauí 7.69 7.41 11.54 25.93 Ceará 9.76 20.51 5.00 15.38 Rio Grande do Norte 19.05 19.05 20.00 9.52 Paraíba 25.00 17.65 12.90 18.75 Pernambuco 2.27 11.63 10.87 9.09 Alagoas 12.00 8.70 12.00 8.70 Sergipe 21.05 30.43 23.81 23.81 Bahia 12.28 10.71 12.28 19.30 Minas Gerais 5.48 12.86 9.86 5.80 Espírito Santo 3.57 18.52 11.54 7.69 Rio de Janeiro 16.13 19.05 14.75 16.39 São Paulo 8.89 11.36 11.76 9.52 Paraná 0.00 8.33 6.25 8.16 Santa Catarina 5.56 5.71 5.41 11.11 Rio Grande do Sul7.84 4.00 8.33 16.33 Mato Grosso do Sul 4.76 10.00 0.00 0.00 Mato Grosso 5.26 5.26 4.76 0.00 Goiás 15.79 19.44 13.89 5.71 Distrito Federal 10.53 21.05 15.79 18.75 Brasil 10.11 13.35 11.66 13.02 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais Tem-se, portanto, uma comprovação de que a mulher de fato é sub-representada nas Assembleias Legislativas brasileiras. Essa sub-representação pode estar associada às barreiras encontradas pelas mulheres no nível micro, sociológico e político - filosófico, conforme destaca Matos (2009). Diante disso, a sub-representação da mulher nas Assembleias Legislativas pode estar associadas à: percepção subjetiva da mulher à respeito de competir em igualdade com o homem, às regras e normais sociais e institucionais que associam o ambiente político ao ambiente masculino, à pouca abertura do sistema político para a candidatura, eleição e reeleição da mulher, às 22 desigualdades na distribuição de poder, às barreiras encontradas no nível organizacional, sobretudo nos partidos políticos, ainda dominados por figuras masculinas, dentre outras questões (ALVES, 2007; MATOS, 2009; BOURDIEU, 2011). Outra questão que merece destaque refere-se à comprovação de que grande parte da ausência da mulher na política se deve a uma inação da própria mulher, pois, tendo em vista que essa representa maioria da população e do eleitorado, a mulher possui grande poder de voto e, portanto, teria condições de eleger um número maior de mulheres se assim o quisesse. Assim, conforme afirma Matos (2009) o preconceito do eleitorado em relação à mulher manifesta-se, principalmente, pelo eleitorado feminino que também é influenciado pela cultura patriarcal, conservadora, e, muitas vezes, por forças religiosas que reforçam a subalternização da mulher. Tal situação representa ainda, conforme afirma Braga, Veiga e Miríade (2009) uma comprovação de que o baixo contingente de mulheres eleitas também se justificaria pela própria demanda dos eleitores, em sua maioria mulheres. Cabe destacar ainda que a sub-representação da mulher nas Assembleias Estaduais brasileiras permanece presente nos resultados das Eleições 2010, não obstante a vigência da Lei nº 12.034 de 2009, que estabeleceu a obrigatoriedade da cota por sexo, da destinação de 10% do tempo de propaganda política gratuita eleitoral para candidatas mulheres e ainda 5% do fundo partidário para a criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação feminina na política. Pode-se afirmar que tais medidas não trouxeram impacto significativo na participação da mulher na política estadual, já que antes da reforma de 2009 havia 11,66% das mulheres eleitas para as assembleias, conforme resultado das eleições 2006 e esse percentual passou para 13,02% em 2010, conforme dados da Tabela 6. Diante disso, pode-se concluir que embora tais medidas afirmativas sejam importantes no sentido de ampliar a participação da mulher na política brasileira, é necessário avançar ainda mais para diminuir a desigualdade de gênero. Isso ocorre pois, conforme afirma Bourdieu (2011), a dominação masculina está inscrita na objetividade das estruturas sociais, sob formas de divisões objetivas entre homens e mulheres, e na subjetividade das estruturas cognitivas, que organizam a percepção dessas divisões objetivas, e tem como resultado uma violência simbólica, que é insensível e invisível. 23 Essa violência simbólica não se constitui, no entanto, como meramente ‘espiritual’, irreal, mas possui efeitos reais sobre as mulheres e sua condição. Na política, esses efeitos reais são claramente percebidos por meio da sub-representação da mulher nas Assembleias Estaduais e Distrital. Outra questão observada, ainda no que tange ao Brasil, é que o crescimento da participação da mulher nas Assembleias Legislativas não ocorreu de forma linear no período analisado (1998 e 2010), não apresentando, portanto, um padrão de crescimento. Isso pode ser comprovado, quando se observa os dados da Tabela 6, que demonstra que de 1998 para 2002 houve crescimento de eleitas nas Assembleias, passando de 10,11% para 13,35%, porém de 2002 para 2006 houve um retrocesso nessa participação, tendo em vista que nas Eleições deste ano, as mulheres representaram 11,66% do total de eleitos. O Gráfico 1, nos mostra ainda que apesar do crescimento de eleitas entre o período de 1998 (10,11%) e 2010 (13,02%), período analisado nessa pesquisa, tal crescimento não é observado entre o período de 2002 (13,35%) e 2010, ou seja, em 2002 houve maior percentual de mulheres eleitas do que em 2010. Pode-se afirmar que a evolução da participação feminina na política brasileira não ocorre de forma linear, apresentando alternância de crescimento e retrocesso, no que tange aos percentuais de mulheres eleitas. Embora tenha havido crescimento da participação da mulher na política brasileira, no período analisado de 1998 a 2010, não há como garantir que esse percentual será ainda maior nas próximas eleições, em 2014. Gráfico 1 - Evolução do percentual de eleitas nas Assembleias Estaduais e Distrital no Brasil, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010. 24 Fonte: elaborado pela autora Porém, ainda analisando os dados consolidados para o Brasil, pode-se perceber certo avanço na participação da mulher na política brasileira, tendo em vista que o percentual de crescimento de eleitoras nas Assembleias Estaduais e Distrital, entre o período de 1998 e 2010 (2,91%) foi maior do que os percentuais de crescimento da população feminina (0,24%) e do eleitorado feminino (1,98%), no período analisado. Pode-se concluir, portanto, que o crescimento da participação da mulher nas Assembleias Estaduais não se deve apenas ao crescimento da própria participação da mulher na população e eleitorado, mas sim a outros fatores, como talvez a própria melhoria e relativa abertura do ambiente político à mulher. 3.3.2 Unidades da Federação Quando se analisa a evolução do percentual de mulheres eleitas, por Unidade da Federal, no período entre 1998 e 2010, destaque inicial deve ser dado ao fato de que o crescimento da participação da mulher nas Assembleias Estaduais e Distrital não ocorreu de forma unanime, tendo em vista que 8 Estados apresentaram em 2010 menor quantidade de deputadas eleitas do que em 1998. Esses Estados são: Goiás (-10,08%), Rio Grande do Norte (-9,52%), Paraíba (-6,25%), Mato Grosso (-5,26%), Mato Grosso do Sul (-4,76%), Roraima (-4,68%), Alagoas (-3,30%) e Maranhão (-3,30%), conforme dados da Tabela 6. 25 Percebe-se que apenas Rio Grande do Norte e Paraíba encontram-se também entre os Estados que apresentaram menor crescimento da população e eleitorado feminino, conforme discutido anteriormente. Dentre os Estados que apresentaram os maiores crescimentos percentuais, destacam-se: Piauí (18,23%), Amapá (14,47%), Amazonas (9,09%), Tocantins (8,66%) e Rio Grande do Sul (8,48%), conforme dados da Tabela 6. Pode-se perceber que não há relação desses Estados com aqueles que crescimentos quanto à população e eleitorado feminino. Quando se analisa o percentual de mulheres eleitas em 2010, tem-se que os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não elegeram nenhuma mulher. Juntamente com esses dois Estados, tem-se Unidades de Goiás que elegeram 5,71% de mulheres, Minas Gerais, com 5.80% de mulheres eleitas, e Espírito Santo, com 7.69% de mulheres eleitas em relação ao total de eleitos, conforme dados da Tabela 6. Percebe-se que apenas Mato Grosso encontra-se também entre os Estados que possuem menor percentual de população e eleitorado feminino, em 2010. No que tange aos Estados que apresentaram os maiores percentuais de mulheres eleitasem 2010, destaca-se o Piauí, com 25,93% de mulheres eleitas em relação ao total de eleitos e Amapá, com 25,00%. Na sequência estão os Estados de Sergipe, com 23.81%, Bahia, com 19.30% e Maranhão, com 18.92% de mulheres eleitas em relação ao total de eleitos. Mais uma vez pode-se perceber que nenhum desses Estados encontram-se entre aqueles que apresentam menores percentuais de população e eleitorado feminino. No intuito de verificar se de fato não há influência das características demográficas (percentual de mulheres) e políticas (percentual de mulheres eleitoras) de cada estado brasileiro na participação feminina nas Assembleias Estaduais, ao longo do período compreendido entre 1998 e 2010, foi analisada a correlação entre os percentuais de população feminina e mulheres eleitas e entre os percentuais de eleitorado feminino e mulheres eleitas, para cada período analisado, ou seja, 1998, 2002, 2006 e 2010. Para ambas as análises e considerando todos os 4 períodos, percebe-se uma baixa correlação positiva entre as variáveis analisadas, conforme dados da Tabela 7. Diante disso, pode-se afirmar que embora haja uma forte correlação positiva entre o percentual de população feminina e o percentual de eleitorado feminino, conforme discutido 26 anteriormente, o mesmo não ocorre quando se analisa a influência da população e do eleitorado feminino na participação feminina nas Assembleias Estaduais e Distrital. Assim, pode-se afirmar que as características demográficas e políticas não influenciam, portanto, a eleição de mulheres para as Assembleias Estaduais Brasileiras, ou seja, o fato de possuir maior percentual de mulheres na população e no eleitorado brasileira não significa a ampliação da participação das mulheres na política brasileira. Pode-se dizer que tal situação corrobora o fato de que o preconceito para eleição de uma mulher se manifesta na própria mulher que, apesar de ser maioria da população e do eleitorado, não reflete tal participação na composição das Assembleias Estaduais e Distrital. Tabela 7- Correlação entre o % de população feminina, o % de eleitorado feminino e o % de mulheres eleitas para as Assembleias Estaduais e Distrital, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010 Variáveis 1998 2002 2006 2010 População feminina e eleitas 0.20 0.37 0.12 0.18 Eleitorado feminino e eleitas 0.26 0.42 0.13 0.10 Fonte: elaborada pela autora Quando se analisa as Regiões do país, tem-se que com exceção do Centro-Oeste, todas as demais apresentaram crescimento no percentual de mulheres eleitas, se comparados o período de 2010 e 1998. A região Centro-Oeste apresentou um decréscimo de 4,93%. No entanto, percebe-se também para essa Região que 2010 constitui-se, dentre o período analisado, o ano cuja eleição feminina foi a menor, conforme dados da Tabela 8. Essa Região, apresentou, em 2002, o segundo maior percentual de eleitas femininas dentre as Grandes Regiões. Percebe-se, mais uma vez, ausência de linearidade no que tange à evolução da mulher nas Assembleias Legislativas que se manifesta sem um padrão uniforme. Tabela 8: Percentual de Deputadas Federais e Distritais, por Grandes Regiões, nos períodos de 1998, 2002, 2006 e 2010 Grandes Regiões 1998 2002 2006 2010 Norte 9.49 12.67 14.67 16.23 Nordeste 13.77 15.46 12.87 16.61 Sudeste 9.09 14.52 11.93 10.00 Sul 4.38 6.02 6.77 11.94 Centro Oeste 10.31 14.89 9.28 5.38 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais 27 O maior crescimento na participação da mulher nas Assembleias, entre 1998 e 2010 ocorreu na Região Sul, com 7,56% de aumento, mas ainda sim, essa Região apresentou em 2010 percentual menor (11,94%) do que a média do Brasil (13,02%). Quando se analisa os resultados das últimas eleições (2010), tem-se que a Região Centro-Oeste, que apresentou o menor crescimento no período observado constitui também aquela com menor percentual se comparada às demais Regiões, sendo que apenas 5,38% do total de deputados estaduais e distrital eleitos são mulheres. Em seguida, encontra-se a Região Sudeste, com apenas 10% de mulheres eleitas em relação ao total de eleitos, conforme dados da Tabela 8. A Região Sudeste apresenta uma sub- representanção feminina nas Assembleias Estaduais não obstante configura-se como a Região com maior percentual de população e eleitorado feminino, conforme discutido anteriormente. Apesar de a Região Sul não se configurar entre os menores percentuais de eleitas em 2010, cabe observar que essa Região esteve entre aquela com menor percentual de eleitas em 1998, 2002 e 2006, apresentando valores significativamente menores do que as demais regiões nessas três eleições, conforme pode ser visto na Tabela 8. As Regiões Nordeste e Norte são aquelas que elegeram maior percentual de mulheres nas Eleições 2010, com 16,61% e 16,23% de mulheres eleitas em relação ao total de eleitos, respectivamente, conforme dados da Tabela 8. O fato de a Região Nordeste ser aquelas com maior representação feminina na Assembleia Estadual, pode estar relacionada não apenas ao fato de que essa é a segunda Região com maior percentual de população e eleitorado feminino, conforme apresentado anteriormente, mas também ao próprio papel desempenhado pela mulher nessa Região. Costa (1998) afirma que existem pesquisas que demonstram que a região Nordeste é historicamente aquela que apresenta maior quantidade de mulheres eleitas se comparada às demais regiões do Brasil. Embora tais resultados possam demonstrar uma aparente contradição com a predominância de estruturas patriarcais de poder que caracterizam a região Nordeste, 28 Costa (1998, p. 140) argumenta que tais dados refletem, na verdade, a força da estrutura de dominação patriarcal ainda existente nessa Região. De acordo com essa autora: as mulheres, nessa região, formam parte da estratégia de conservação e manutenção desse poder patriarcal e oligárquico. Elas são chamadas a participar na estrutura do poder local (tanto no âmbito federal como estadual), para garantir a continuidade de controle do poder. São chamadas sempre que os interesses do grupo familiar ao qual pertencem estão em risco. Para as mulheres, a atividade política é somente mais uma tarefa a ser cumprida dentro da família e só uma atividade a mais entre as que tradicionalmente fazem parte do seus afazeres cotidianos. Não é coincidência que um número significativo delas jamais teve algum tipo de experiência política e/ou profissional anterior às candidaturas. Diante disso, a atuação política feminina no poder formal na Região Nordeste, conforme apresentado na Tabela 8, reflete a própria dinâmica política dominante em toda a região. Isso pode ser corroborado com o fato de que a Região Nordeste apresenta os maiores percentuais de mulheres eleitas em todos os anos analisados, com exceção de 2006 quando fica em segundo lugar. Essa Região apresenta ainda percentuais de eleitas sempre maiores do que a média nacional, se considerados os 4 períodos analisados. 3.3.2.1 Perfil das mulheres eleitas para as Assembleias Estaduais e Distrital Embora não tenha sido inserido como um objetivo da pesquisa em questão, após a identificação do percentual de mulheres eleitas nas Assembleias Estaduais e Distrital e a conclusão de que a mulher é de fato sub-representanda na política brasileira, considera- se importante a análise acerca do perfil das mulheres eleitas, para identificar quais seriam as principais características de elegibilidade da mulher. Considerando as diversas barreiras de nível micro, sociológico e filosófico-político que dificultam a participação da mulher na política brasileira, a análise do perfil das eleitas permite-nos tecer considerações acerca dequal é o perfil que apresenta maior elegilidade, em meio às dificuldades de representação da mulher na política. Além disso, torna-se possível a comparação acerca do perfil das eleitas com o perfil dos deputados eleitos. Diante disso, analisa-se o perfil das eleitas no que tange à Idade Média e Escolaridade. De acordo com a Tabela 9, tem-se que tanto para o homem quanto para a mulher, a idade média está na Faixa Etária entre 40 e 49 anos, contemplando, portanto os grupos etários de 40 a 44 anos e 45 a 49 anos. Percebe-se ainda um envelhecimento dos eleitos, tanto do sexo masculino quanto feminino, se comparados os períodos de 1998 a 2010. 29 No que diz respeito à mulher eleita, esse crescimento é contínuo ao longo dos 4 períodos analisados. Tal envelhecimento pode estar relacionado à profissionalização do cargo político, conforme destaca Codato e Costa (2011), sinalizando maior ocorrência de reeleição entre os deputados, sejam do sexo feminino ou masculino. Tabela 9 Ano Feminino Masculino 1998 43,32 45,15 2002 46,14 45,08 2006 46,33 46,78 2010 48,44 47,76 Sexo Brasil: Idade média dos Deputados Estaduais e Distritais eleitos segundo sexo 1998, 2002, 2006 e 2010 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais Analisando especificamente a idade média da mulher eleita, pode-se dizer que o predomínio dessa faixa etária estaria relacionado ao fato de que nessa idade o dilema da mulher, apresentado por Matos (2009) como a necessidade de conciliação entre vida doméstica e familiar e vida profissional, talvez seja menor do que em faixas etárias inferiores. Isso ocorre, pois, aos 40 anos, grande parte das mulheres, já constituíram família, possuem filhos que não estão mais na fase infatil, demandando, portanto, menor atenção das mães, o que lhes permite dedicar-se à vida política. E sendo assim, a mulher não apenas se sente mais apta a concorrer a um cargo político, aumentando, portanto, o quantitativo de candidaturas, como também o eleitor a percebe como mais elegível, tendo em vista a possibilidade de maior dedicação à vida política em função de menor intensidade de compromissos familiares. Quanto ao nível de escolaridade, as Tabelas 10 e 11 nos permite tecer considerações acerca da evolução do nível de escolaridade dos deputadas e deputados eleitos. A Tabela 10 apresenta o nível de escolaridade, segundo sexo, dos deputados eleitos em 1998 e a Tabela 11 dos eleitos em 2010. Tabela 10 30 Sexo Lê e escreve 1º Grau incompleto 1º Grau completo 2º Grau incompleto 2º Grau completo Superior incompleto Superior completo Total Feminino 0,00 0,00 1,04 2,08 19,79 6,25 70,83 100,00 Masculino 0,35 3,04 2,81 3,51 16,28 10,77 62,30 100,00 Nível de escolaridade Brasil: Percentual de Deputados Estaduais e Distritais eleitos segundo sexo e nível de escolaridade 1998 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral Disponível em http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais Tabela 11 Sexo Lê e escreve 1º Grau incompleto 1º Grau completo 2º Grau incompleto 2º Grau completo Superior incompleto Superior completo Total Feminino 0,00 0,00 1,67 0,00 12,50 8,33 77,50 100,00 Masculino 0,12 1,00 3,62 1,00 13,47 11,85 68,95 100,00 Brasil: Percentual de Deputados Estaduais e Distritais eleitos segundo sexo e nível de escolaridade 2010 Nível de escolaridade Por meio da análise das Tabelas 10 e 11 percebe-se o crescimento do nível de escolaridade dos eleitos, tanto do sexo masculino quanto feminino, quando se observa o crescimento dos percentuais dos eleitos e eleitas que possuem Superior incompleto e Superior completo. No que diz respeito às eleitas, 70,83% dessas possuiam curso superior em 1998, passando para 77,50%, em 2010. Quantos aos eleitos, 62,30% desses possuiam curso superior completo em 1998, passando em 2010 para 68,95%. Diante desses dados, cabe ressaltar que significativa parcela dos eleitos, possuem curso superior completo, seja do sexo masculino ou feminino. Ainda, diminui-se também os percentuais de eleitos que sabem apenas ler e escrever e daqueles que possuem 1º grau incompleto, se comparado os dados de 1998 e 2010, sendo que os eleitos que sabem apenas ler e escrever passam de 0,35% em 1998 para 0,12% em 2010, e os que possuem 1º grau incompleto passam de 3,04% para 1%, em 2010. A tendência da representação das pessoas com alta escolaridade no conjunto dos candidatos e, consequentemente, no total dos eleitos pode ser explicada como questão de demanda dos selecionadores, segundo Ranney (1981) e Norris e Lovenduski (1995), 31 em que os membros dos partidos preferem aqueles com nível educacional mais elevado, posto que escolaridade denota habilidade, capacidade e prestígio social. Entretanto, Norris e Lovenduski (1995) também lembram que estudos sobre participação política mostram que a educação é um dos principais requisitos para o ativismo, pois proporciona conhecimento e interesse político. Outra questão que merece destaque refere-se ao maior nível de escolaridade da eleita em detrimento do nível de escolaridade do eleito. Isso se manifesta quando se compara o maior percentual de mulheres eleitas com Ensino superior completo, tanto em 1998, quanto em 2010, e quando observa ainda que o pequeno percentual daqueles que sabem apenas ler e escrever e que possuem 1º grau incompleto são todos de homens, não havendo nenhum mulher com esses níveis de escolaridade. Tal situação reforça ainda mais que a sub-representação da mulher nada tem a ver com sua capacidade intelectual, mas que pelo contrário, essa estaria mais apta do que o homem para a elegibilidade. Assim, a maior qualificação e conhecimento da mulher não significa maior possibilidade de eleição, dada a sub-representação das mulheres na política brasileira, sobretudo nas Assembleias Estaduais e Distritais. 3.3.2.2 Composição das Mesas Diretoras das Assembleias Estaduais e Distrital O último objetivo específico pretendido por essa pesquisa refere-se à análise da composição das Mesas Diretorias das Assembleias Legislativas Estaduais e Distrital, sobretudo no que tange à participação de mulheres. As Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas constituem o órgão responsável pela direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos das Casas. Trata-se de um órgão Colegiado, eleito pelos deputados, para um mandato de dois anos. As Mesas Diretoras de todas as Assembleia compõe-se de Presidente, Vice-Presidente e Secretário, em grande parte das vezes, na quantidade de 1, 2 e 4, respectivamente, embora em algumas Assembleias o quantitativo de Vice-presidente e Secretário pode variar. Trata-se de um órgão de extrema relevância para as Assembleias Legislativas, pois além de responsabilizar-se pela condução legislativa e administrativa das unidades, possui 32 atribuições que lhe compete privativamente, o que concede, aos seus membros, certa influência e poder. Nesse sentido, verificar a participação da mulher nesse órgão significa analisar, primeiramente, a abertura para a participação da mulher em cargos de relevância dessas instituições e, segundo, como consequência do primeiro, a possibilidade de influência da mulher nas decisões mais estratégicas e diretivas dessa instituição. Compor a Mesa Diretora de uma Assembleia Legislativa significa, portanto, influência, poder e status. Como objetivo, tem-se, portanto, analisar em que medida esses fatores estão sendo distribuídos entre homens e mulheres. A participação da mulher nas Mesas Diretoras das AssembleiasLegislativas, nas Legislaturas que compreendem o período de 1999, ano de ingresso dos eleitos em 1998, a 2013, atual composição, é apresentada na Tabela 12. Nessa tabela, foram consolidados os dados de participação feminina nos cargos de Presidente, Vice-presidente e Secretário de todas as Assembleias Legislativas. O Anexo A contem os dados completos por Unidade da Federação. Tabela 12 - Percentual de mulheres na composição das Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas e Distrital, por cargo, no período de 1999 e 2013 Legislatura Presidente Vice-presidente Secretário 2013-2014 (Atual) 4.00% 9.38% 17.35% 2011-2012 0.00% 14.58% 10.67% 2009-2010 0.00% 12.24% 9.21% 2007-2008 0.00% 13.04% 10.53% 2005-2006 0.00% 11.36% 9.72% 2003-2004 0.00% 15.91% 9.72% 2001-2002 0.00% 11.36% 6.94% 1999-2000 0.00% 2.33% 4.29% Cargos Fonte: elaborada pela autora Merece destaque a pouca participação da mulher nas Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais, não chegando a 18% de ocupação em nenhuma das Legislaturas, para nenhum dos cargos. Em 2013, observa-se que pela primeira vez, no período compreendido nessa análise (desde 1998), o cargo de Presidente da Mesa está sendo ocupado por uma mulher, na Assembleia Legislativa de Sergipe. 33 Cabe destacar que analisado todo o período, a ocupação da mulher em algum cargos da Mesa Diretora foi de 9,19%. Tal situação reforça a colocação de Matos (2009) de que a mulher se depara com barreiras não apenas de elegibilidade, mas também dentro dos próprios órgãos legislativos, possuindo menores oportunidades de envolvimento em instâncias de deliberação. Em consequência, a mulher apresenta menor possibilidade de influência nas decisões e, portanto, menores possibilidades de mostrar seu potencial no âmbito desses órgãos, o que reflete, em última caso, em dificuldades de reeleição, fechando, portanto, o ciclo de barreiras. Cabe destacar ainda, que quanto maior o nível do cargo, menor é a participação da mulher. Conforme pode ser observado no Anexo A, desde 1999 até 2013, 62 mulheres ocuparam o cargo de Secretária da Mesa, enquanto 43 mulheres ocuparam o cargo de Vice-Presidente e apenas 1 de Presidente. Tal situação reforça a análise de Benchop e Brouns (2004) e Crampton e Mishra (1999), quando afirmam sobre a existência de um "teto de vidro" nas organizações que configura-se como uma barreira invísível que dificulta o alcance pela mulher de postos mais altos de dada instituição. Ressalta-se que os percentuais da Tabela 12, no que tange aos cargos de Secretário, em alguns momentos são inferiores ao de Vice-Presidente, pois o cargo de Secretário geralmente é ocupado por quatro pessoas, enquanto o de Vice-Presidente por apenas dois, o que aumenta significativamente o total de Secretários em relação ao total de Vice-Presidentes. Outra questão que merece destaque refere-se ao fato de que a participação da mulher na composição as Mesas Diretoras, embora esteja maior em 2013 se comparado a 1999, para todos os cargos, não se observa um padrão de crescimento. Além disso, o fato de haver maior percentual de mulheres compondo as Mesas Diretoras das Assembleias em 2013 se comparado a 2009 não parece ser um avanço tão significativo no que tange ao alcance de maior equidade de gênero na política, já que em mesmo em 2013 os percentuais de participação são pequenos, o que reforça que o poder nas instâncias legislativas permanece sobretudo com os homens. 34 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da presente pesquisa conclui-se que a mulher continua sub-representada no campo político, especificamente quando se analisa o percentual de mulheres eleitas para as Assembleias Legislativas Estaduais e Distrital. No que diz respeito à composição da população e do eleitorado brasileiro houve uma reversão do hiato de gênero e as mulheres passaram a ser maioria da população e dos votantes. Contudo, o maior peso eleitoral feminino não tem se refletido no alcance da equidade de gênero, pois as mulheres continuam sub-representadas na política e a participação feminina no parlamento no Brasil continua sendo uma das mais baixas, em termos percentuais, da América do Sul e do mundo (ARAÚJO, 2001; TABAK, 2002; ALVES, 2003). Assim conforme demonstram Braga, Veiga e Miríade (2009), os eleitores no Brasil continuam preferindo candidatos homens em detrimento das mulheres. Tal situação pode estar relacionada tanto a uma questão cultural do eleitor, quanto uma maior disponibilidade de recursos de campanhas para esse segmento que, de antemão, já tende a sair vitorioso. O fato é que tanto uma quanto a outra situação demonstra o prejuízo da mulher quando se fala da participação feminina na composição dos representantes eleitos. E tal prejuízo não se sustenta na ausência de qualificação da mulher, tendo em vista que, quando se analisa o perfil dos eleitos, essa apresenta maior nível de escolaridade do que os homens. Além das barreiras de elegibilidade, observou-se também a existência de barreiras institucionais, tendo em vista o pequeno percentual de mulheres que compõem as Mesas Diretora das Assembleias Estaduais e Distrital. Tal situação corrobora o fato de que a mulher se depara com barreiras não apenas de elegibilidade, mas também dentro dos próprios órgãos legislativos, possuindo menores oportunidades de envolvimento em instâncias de deliberação. Em consequência, a mulher apresenta menor possibilidade de influência nas decisões e, portanto, menores possibilidades de mostrar seu potencial no âmbito desses órgãos, o que reflete, em última caso, em dificuldades de reeleição, fechando, portanto, o ciclo vicioso de participação da mulher na política. A sub-representação da mulher na política brasileira manifesta-se em todas as Assembleias Legislativas, embora haja especificidades para cada uma delas. 35 Conclui-se, portanto, que embora tenha ocorrido alguns avanços, desde a obtenção do direito ao voto pela mulher, em 1932, ou até mesmo se considerado o período analisado nessa pesquisa, ainda persistem as diversas barreiras para a efetiva participação da mulher na política brasileira e, portanto, para o alcance de maior equidade de gênero nesse campo. Espera-se que o passar do tempo de publicação da Lei nº 12.034/09 e as diversas discussões e iniciativas que vem ocorrendo no sentido de buscar maior equidade de gênero mudem a realidade aqui apresentada. Sabe-se, porém, que o desafio é enorme, pois, conforme afirma Bourdieu (2011), as mudanças visíveis que afetaram e ainda afetam a condição feminina ao longo do tempo mascaram a permanência de estruturas invisíveis que só podem ser esclarecidas por um pensamento relacional, capaz de contrapor a divisão de trabalho e poderes, e os diferentes setores do campo econômico, político e social em que estão situados homens e mulheres. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, C.; LUCHMANN, L.; RIBEIRO, E. Associativismo e representação política feminina no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política(8): 237-263. 2012. ALVES, J.E.D. Mulheres em movimento: voto, educação e trabalho. Ouro Preto, REM, 2003. ALVES, J.E.D. Paradoxos da participação política da mulher no Brasil. 2007. 15fl. Disponível em http://www.prt18.mpt.gov.br/eventos/2007/mulher/anais/artigos/jose_eustaquio.pdf. Acesso em 20/09/2012 ARAÚJO, C. Construindo novas estratégias, buscando novos espaços políticos – as mulheres e as demandas por presença. In: MURARO, R. M. et al. Mulher, gênero e sociedade. Rio de Janeiro: Relume Dumará, FAPERJ, 2001. BENCHOP, Y.; BROUNS, M. The trouble with the glass ceiling: critical reflections on famous concept. In: INTERNATIONAL CRITICAL MANAGEMENT STUDIES CONFERENCE, 4th, 2004. Proceedings...Cambridge: University of Cambridge, 2004. BOURDIEU,P. A dominação masculina. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. BRAGA, M.S.S.; VEIGA, L.F.; MIRÍADE, A. Recrutamento e perfil dos candidatos e dos eleitos à câmara dos deputados nas eleições de 2006. Revista Brasileira de Ciências Sociais - Vol. 24 No. 70. Junho de 2009. CODATO, A.; COSTA, L.D. A profissionalização da classe política brasileira no século XXI: um estudo do perfil sócio-profissional dos deputados federais(1998-2010). Encontro Anual da ANPOCS, 35 (Anais). Caxambu, Minas Gerais. 2011. COSTA, A.A.A. As donas no poder. Mulher e política na Bahia. Salvador: NEIM/UFBa - Assembleia Legislativa da Bahia. 1998. 248p. - (Coleção Bahianas; 02) 36 CRAMPTON, S.M.; MISHRA, J.M. Women in management.Public Personnel Management, Alexandria, v.28, n.1, p.97-106, Spring 1999. DANCEY, C.P.; REIDY, J. Estatística sem matemática para a psicologia. Porto Alegre: Artmed, 2006. DESOUZA, E. et al. A construção social dos papéis sexuais femininos. Psicologia:Reflexão Critica, Porto Alegre, v.13, n., p.485-496, 2000. MATOS, M. Paradoxos da incompletude da cidadania política das mulheres novos horizontes para 2010?. 2009. Disponível em http://opiniaopublica.ufmg.br/biblioteca/marlise.pdf. Acessado em 20/09/2012. NORRIS, P.; LOVENDUSKI, J. Political recruitment: gender: race and class in the British Parliament. Cambridge, Cambridge University Press. 1995. PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano. Sustentabilidade e Equidade: um futuro melhor para todos. 2011. http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2011/download/pt/. Acessado em 20/01/2013. RANNEY, A. Candidate Selection In: BUTLER, D.; PENNIMAN, H. and RANNEY. A. (eds). Democracy at the Polls: a comparative study of competitive national elections. Washington DC: American Enterprise Institute of Public Research, 1981. SOCIAL WATCH, Relatório 2012. Desenvolvimento Sustentável: o direito a um futuro. 2012. http://www.socialwatch.org/es/node/14383. Acessado em 14/01/2013. SOW, M.M. A participação feminina na construção de um parlamento democrático. Revista Eletrônica do Programa de Pós-graduação. Centro de formação, treinamento e aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados. Disponível em http://bd.camara.gov.br. Acessado em 20/10/2012. TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002. UNIÃO INTERPARLAMENTAR (IPU). Posição dos países quanto à participação da mulher nas casas legislativas. 2012. Disponível em http://www.ipu.org/wmn- e/arc/classif311212.htm. Acessado em 19/02/13 VAZ, G.A A participação da mulher na política Brasileira: a lei de cotas. Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Especialização em Processo Legislativo do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento, da Câmara dos Deputados. 2008. 37 38 Anexo A – Dados das Mesas Diretoras, por Unidade da Federação, no período de 1998 - 2013 Assembléia Legislativa Atual -2013-2014 2011-2012 2009-2010 2007-2008 2005-2006 P V.P S P V.P S P V.P S P V.P S P V.P S H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M H M Acre 1 0 3 0 4 1 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 Alagoas 0 Amapá 1 0 1 1 3 1 Amazonas 1 0 2 1 2 1 1 0 2 1 2 1 1 0 3 0 2 1 1 0 3 0 2 1 1 0 3 0 3 0 Bahia 1 0 3 0 3 1 Ceará 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Distrito Federal 1 0 1 0 2 1 Espírito Santo 1 0 2 0 2 2 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 1 1 3 1 1 0 2 0 3 1 Goias 1 0 2 0 4 0 Maranhão 1 0 3 1 4 0 Mato Grosso 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Mato Grosso do Sul 1 0 1 2 3 0 1 0 1 2 3 0 1 0 3 0 2 1 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 Minas Gerais 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 1 0 2 0 3 0 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 Pará 1 0 2 0 2 2 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 3 1 Paraíba 1 0 4 0 3 1 1 0 2 1 4 0 1 0 3 1 4 0 1 0 4 0 4 0 1 0 2 2 3 1 Paraná 1 0 3 0 5 0 1 0 2 0 4 0 1 0 3 0 5 0 1 0 3 0 4 1 1 0 2 1 5 0 Pernambuco 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 Piauí 1 0 3 1 3 1 1 0 3 1 3 1 1 0 2 2 4 0 1 0 1 1 4 0 Rio de Janeiro 1 0 4 0 3 1 1 0 4 0 3 1 1 0 3 1 3 1 1 0 4 0 3 1 1 0 3 1 2 2 Rio Grande do Norte 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 1 1 3 1 1 0 1 1 3 1 1 0 1 1 4 0 Rio Grande do Sul 1 0 2 0 3 1 1 0 1 1 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 Rondônia 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 Roraima Santa Catarina 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 3 1 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 4 0 São Paulo 1 0 4 0 4 0 1 0 4 0 3 1 1 0 4 0 3 1 1 0 2 0 2 2 1 0 2 0 4 0 Sergipe 0 1 1 0 3 1 1 0 0 1 4 0 1 0 1 0 4 0 1 0 1 0 4 0 1 0 1 0 4 0 Tocatins 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 4 0 Total 24 1 58 6 81 17 20 0 41 7 67 8 20 0 43 6 69 7 20 0 40 6 68 8 19 0 39 5 65 7 (Continua) 39 Assembléia Legislativa 2003-2004 2001-2002 1999-2000 P V.P S P V.P S P V.P S H M H M H M H M H M H M H M H M H M Acre 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 Alagoas Amapá Amazonas 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 Bahia Ceará 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Distrito Federal Espírito Santo 1 0 0 2 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Goias Qtd. Mulheres por cargo Maranhão Presidente 1 Mato Grosso 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Vice presidente 43 Mato Grosso do Sul 1 0 2 1 3 0 1 0 2 1 3 0 1 0 3 0 3 0 Secretária 62 Minas Gerais 1 0 3 0 3 0 1 0 3 0 3 0 1 0 2 0 2 0 Total de Mulheres 106 Pará 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 Paraíba 1 0 3 1 2 2 1 0 4 0 3 1 1 0 3 1 4 0 Total de membros da Mesa 1154 Paraná 1 0 2 1 5 0 1 0 3 0 5 0 1 0 3 0 4 0 Pernambuco 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Percentual de mulheres 9,19% Piauí Rio de Janeiro 1 0 3 1 3 1 1 0 1 3 4 0 1 0 4 0 4 0 Rio Grande do Norte 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Rio Grande do Sul 1 0 2 0 4 0 1 0 1 1 4 0 1 0 2 0 4 0 Rondônia 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 Roraima Santa Catarina 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 São Paulo 1 0 2 0 3 1 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 4 0 Sergipe 1 0 1 0 4 0 1 0 1 0 4 0 1 0 1 0 4 0 Tocatins 1 0 2 0 4 0 1 0 2 0 2 2 1 0 2 0 2 2 Total 19 0 37 7 65 7 19 0 39 5 67 5 19 0 42 1 67 3
Compartilhar