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ANTROPOLOGIA: um deslocamento do olhar Pontos essenciais do texto: D’AOLIO, J. Antropologia: um deslocamento do olhar. In:_________. Da cultura do corpo. São Paulo: Papirus, 1995. (p.21-49). Sociologia & Antropologia De acordo com Laplantine (1988), (...) a Antropologia, em particular a Antropologia Social, propõe-se a estudar tudo o que constitui uma sociedade: Modos de produção econômica; Técnicas; Organização política e jurídica; Sistemas de parentesco; Sistemas de conhecimento; Crenças religiosas; Língua; Criações artísticas. Importância do séc. XIX... Antropologia consolida-se enquanto disciplina específica. Antes disso, a coleta de dados era realizada por pessoas sem treino; As interpretações desses dados eram realizadas à distância dos agrupamentos humanos; Estas partiam do pressuposto que o homem, ao longo de sua evolução, passou por vários estágios – do mais primitivo ao mais civilizado. Visão etnocêntrica do homem... Em 1877, Morgan classifica os homens em 3 estágios de desenvolvimento: Selvageria Barbárie Civilização Povos das Américas, África e Ásia eram não-europeus que ainda não haviam alcançado o nível de desenvolvimento dos europeus. Antropologia Evolucionista Aspectos positivos Todos os seres humanos encontrados nos mais diferentes locais, por mais diferentes e estranhos que fossem, faziam parte da humanidade, da família humana. Aspectos negativos Estimulava: O preconceito racial; A prática colonialista. Início do séc. XX Franz Boas e Bronislaw Malinowski – revolução conceitual e metodológica da Antropologia; Trabalho do antropólogo agora seria baseado na pesquisa feita no campo. “O pressuposto era o de que só seria possível entender a dinâmica de uma cultura se houvesse uma forte interação do pesquisador com o seu objeto de estudo” (D’Aólio, 1995, p.23). Início da pesquisa em Antropologia Para a pesquisa, o antropólogo deveria: Viver com os nativos; Falar sua língua; Buscar o sentido e a função de qualquer costume no contexto do grupo. Além da pesquisa destes dados, seria adicionada a reflexão. Pesquisa em Antropologia Esta nova forma de se fazer pesquisa em Antropologia segue até os dias de hoje. Novos referenciais teóricos que entendiam os homens como diferentes entre si e não mais inferiores ou superiores. Crítica da Antropologia contra si própria Crítica à contra sua postura etnocêntrica e colonialista; Redução do campo de estudo frente ao processo de descolonização. Ampliação do campo de atuação. Assim, como define Laplantine (1988) “(...) a Antropologia nada mais é do que um certo olhar, um certo enfoque, que consiste em estudar o homem inteiro e em todas as sociedades, sob todas as latitudes, em todos os seus estados e em todas as épocas” (D’Aólio, 1995, p.23). Aspectos reconhecidos hoje... Conhecer nossa cultura passa inevitavelmente por conhecer outras culturas. Não necessariamente esse conhecimento passa por comparar as culturas, apenas, e sim “(...) compreender o sentido de determinada manifestação cultural numa dada sociedade e, a partir daí, relacionar com certos aspectos da nossa própria sociedade”. O antropólogo pode perceber... ...que apesar de todas as diferentes formas de expressão, são todos parte de uma mesma condição humana. “Olhar antropológico” Olhar para o outro e olhar para si mesmo através do outro... “Esse estranhamento em relação a determinados hábitos e comportamentos o faz olhar criticamente para características até então tidas como naturais em sua sociedade” (D’Aólio, 1995, p.24). Natureza humana Condição humana Esta discussão e compreensão sobre o olhar antropológico permitiu aos antropólogos poderem também estudar os grupos contemporâneos. Associação ao conceito de fato social total - de Marcel Mauss - (aspectos psicológico, sociológico e fisiológico que condicionam o homem). Antropologia passa a estudar o homem, priorizando seus comportamentos e atuação nos grupos. Antes, discutia-se mais a regra, o direito. Antropologia – um saber científico Mauss enfatizava a existência de diferentes civilizações e não povos não-civilizados. De acordo com Mauss (1979), “(...) o etnógrafo deveria buscar os fatos profundos, quase inconscientes, que existem na tradição coletiva”. “Como não existem comportamentos naturais, o pesquisador deve tentar decifrar, nos valores e nas atitudes de indivíduos ou grupos, a expressão de uma construção social que só se compreende quando referida a aspectos globais” (D’Aólio, 1995, p.25) Pesquisa antropológica Lugar e papel ocupados pelo observador – característica principal da pesquisa antropológica. Laplantine (1988) – o pesquisador é um sujeito observando outros sujeitos – se isto não ocorrer, corre-se o risco de: Uma cientificidade desumana; ou Um humanismo não científico. Tudo que chamar a atenção do observador depende de sua referência cultural – e isso também é sua ferramenta de trabalho. DaMatta (1978) e o trabalho do pesquisador: uma dupla tarefa de afastamento e aproximação --- transformar o familiar em exótico e o exótico em familiar. “Na primeira tarefa, o pesquisador deve buscar decifrar o que se lhe apresenta como incompreensível. Na segunda, deve procurar estranhar aquilo que à primeira vista é conhecido, a fim de manter um distanciamento necessário à pesquisa” (D’Aólio, 1995, p. 26). Gilberto Velho – o objeto de pesquisa pode ser familiar e não ser, necessariamente, conhecido. Geertz – qualquer análise cultural será sempre uma leitura feita por alguém do real e não a realidade em si. Conclusões... “A Antropologia nos ensina a evitar qualquer tipo de preconceito, uma vez que todo comportamento humano, por possuir uma dimensão pública, não pode ser julgado como bom/mau ou certo/errado” (D’Aólio, 1995, p.30).
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