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DIREITO CIVIL - Pessoa Jurídica

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PESSOA JURÍDICA
Art.40 – As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Conceito de pessoa jurídica: A pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa a obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.
As pessoas jurídicas de direito público podem ser: 
a) de direito público externo, regulamentadas pelo direito internacional público, abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, UNESCO, etc); 
b) de direito público interno de administração direta: União Federal, Estados, Territórios, Distrito Federal e municípios legalmente constituídos;
c) de direito público interno de administração indireta: órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público, como:
c.1) as autarquias, dentre elas: INSS, USP, CADE, BANCO CENTRAL, ANATEL, ANVISA, INMETRO, etc.,);
c.2) as fundações públicas, voltadas para as áreas de educação, cultura, pesquisa, que surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público, afetando-o à realização de um fim administrativo e dotando-o de organização adequada. Exemplos: FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA –IPEA; CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPQ; UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, BIBLIOTECA NACIONAL, FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, ETC., 
As pessoas jurídicas de direito privado, instituídas por iniciativa de particulares, conforme o art. 44, I a III, dividem-se em: associações, sociedades simples e empresárias, fundações particulares e, ainda, partidos políticos.
Art. 41 – São pessoas jurídicas de direito público interno:
I – a União
A União é o Estado brasileiro, República Federativa do Brasil, conforme dispõe o art. 1º da Constituição Federal. Os Estados-membros têm autonomia, mas não são independentes nem soberanos. A competência da União está elencada no art. 21 da Constituição Federal, cujo inciso I, estabelece “manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais.
II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
Conforme o art. 18 da Constituição Federal, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Quanto aos territótios, dispõe o art. 18, parágrafo quarto, que integram a União.
 
III – os Municípios;
O município é a unidade político-administrativa da República Federativa, com autonomia, nos termos da Constituição Federal.
IV – as autarquias;
As autarquias são unidades administrativas autônomas com estrutura administrativa e patrimônio próprios, criados por lei, para executar atividades típicas da administração pública, decorrendo da necessidade de gestão administrativa e financeira descentralizada. Muitas universidades federais, estaduais e municipais são autarquias.
 
V – as demais entidades de caráter público criadas por lei.
O legislador admite a possibilidade de serem criadas por lei outras entidades de caráter público.
Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste código.
Art. 42 – São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
As pessoas jurídicas de direito público externo são regulamentadas pelo direito internacional público, abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, UNESCO, etc.).
Art. 43 – As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causarem danos a terceiros, ressalvado o direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte deles, culpa ou dolo.
Cabe indenização estatal de todos os danos causados, por comportamentos dos funcionários, a direito de particulares, Trata-se da responsabilidade objetiva do Estado, bastando a comprovação da existência do prejuízo a administrados. Mas o Estado tem ação regressiva contra o agente, quando tiver culpa ou dolo deste, de forma a não ser o patrimônio público desfalcado pela sua conduta ilícita. Logo, na relação entre o poder público e agente, a responsabilidade civil é subjetiva, por depender de sua culpabilidade pela lesão causada ao administrado.
Art. 44 – São pessoas jurídicas de direito privado:
O elemento comum às pessoas jurídicas de direito privado é a origem na autonomia privada, para a realização de interesses coletivos ou particulares. 
I – as associações
As associações objetivam fins ideais, como os de natureza política, esportiva, educacional, assistencial ou religiosa. Característica fundamental é que essa união de pessoas se organize para fins não econômicos, os quais são próprios da sociedade. Não há partilha de resultados entre a pessoa jurídica e os associados nem há entre estes direitos e obrigações recíprocos, conforme dispõe o art. 53, parágrafo único. 
II – as sociedades
As sociedades têm fins econômicos, ao contrário das associações. Há vinculação entre seus membros, o que também diferencia das associações. Conforme estabelece o art. 981, os sócios obrigam-se a contribuir com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica e partilha, entre si, dos resultados.
A classificação básica das sociedades divide-se em empresárias e simples. As primeiras têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, conforme o art. 967; as simples, as demais. As sociedades empresárias exploram atividade econômica como empresas, por meio da conjugação de quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Apenas elas têm registro nas Juntas Comerciais (art. 1.150). A atividade econômica explorada pelas sociedades simples é desprovida de empresariedade, e seu registro é feito no registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede (art. 998).
III – as fundações
As fundações são complexos de bens que tomam a forma de pessoa jurídica para a realização de determinado fim de interesse público. Afirma-se que a fundação consiste em patrimônio destinado a um fim. A destinação é estabelecida pelo instituidor, e os fins só podem ser religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, parágrafo único).
Parágrafo único – As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente, às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. 
 
Pessoas jurídicas são entidades que, embora não existam enquanto pessoas na dimensão material, tem personalidade jurídica em virtude da lei.
São formadas pela união de pessoas naturais e existem por uma ficção legal, possuindo vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios, distintos dos de seus sócios.
Pessoas Jurídicas de Direito Público
Subdividem em:
Pessoas Jurídicas de direito público externo. São todos os estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, tais como, ONU, FMI, BIRD (Banco Internacional Para Reconstrução e Desenvolvimento), OEA, UNIÃO EUROPÉIA, MERCOSUL, etc.
Pessoas Jurídicas de direito público interno. Administração direta: União, Estados, Distrito Federal e Municípios; administração direta: autarquias e fundações públicas. 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Conjunto de todos os órgãos públicos instituídos legalmente para a realização dos objetivos constitucionais do governo, seja nas esferas federal, estadual ou municipal, através da prestação de serviços, execução de investimentos, implementação de programas sociais e regulação deatividades de toda natureza em benefício do interesse público. É integrado pelos servidores públicos e deve atuar segundo os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e razoabilidade (art. 37, Constituição Federal). Difere do conceito de governo, pois, ao contrário deste, não desenvolve atividade política, e sim atos administrativos, visando a execução instrumental da ação governamental. Recebe também a designação de Poder Executivo, quando se busca dar significado à responsabilidade constitucional para execução da ação governamental. A Administração Pública é classificada em Administração Pública Direta e Indireta. 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
 
Conjunto de órgãos públicos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental a que integram, que não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são realizadas diretamente através do orçamento da referida esfera, como, por exemplo, secretarias, departamentos, seções, setores e coordenadorias.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
 
Conjunto de órgãos públicos vinculados indiretamente ao chefe da esfera governamental que integram, que possuem personalidade jurídica própria (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas e outras entidades de direito privado), patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são realizadas através de orçamento próprio.
Pessoas Jurídicas de Direito Privado 
 
São pessoas jurídicas de direito privado as sociedades simples (antiga sociedade civil) – art. 997 CC, e a sociedade empresária (art. 982 e seguintes), as associações, as organizações religiosas e os partidos políticos (art.44 CC) e as fundações privadas.
Sociedades empresariais e simples
Tem como característica a união de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica e partilhando, entre si, os resultados.
As sociedades poderão ser em linhas gerais classificadas em empresariais ou simples. 
São consideradas sociedades empresariais todas aquelas que exerçam profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens ou de serviços. Estando nesta categoria, deverão ser registradas no registro público de empresas mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Começo da Pessoa Jurídica de Direito Privado
O início das pessoas jurídicas de direito privado começam com a inscrição de seus atos constitutivos (contrato social, estatuto) nos respectivos registros competentes. As sociedades empresariais devem promover o registro de seus atos constitutivos e alterações contratuais no DNRC – Departamento Nacional do Registro de Comércio (Juntas Comerciais) e as sociedades simples, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
A pessoa jurídica de direito privado somente adquire personalidade jurídica após o registro público.
Fim da Pessoa Jurídica de Direito Privado
A pessoa jurídica de direito privado pode ter sua dissolução: 
b) ordenada por lei, conforme hipóteses previstas no art. 1.033 CC.; 
b) dissolução determinada por ato governamental;
c) por deliberação de seus membros
d) judicial
Associações
As associações tem como característica a união de pessoas que se organizam com fins não econômicos, e por tal motivo, não é permitido que se estabeleçam obrigações e direitos recíprocos entre os associados. Neste tipo de organização obrigatoriamente seus associados deverão ter direitos iguais, porém, nada impede que o estatuto disponha sobre categorias de associados com vantagens especiais. 
A exclusão de um associado só poderá ocorrer por justa causa, que deverá ser definida pelo próprio estatuto, que sendo omisso deverá ser determinada através de deliberação pela maioria absoluta dos presentes à assembléia geral especialmente convocada para este fim.
Poderá ser de caráter esportivo, religioso, educacional, recreativo, beneficente ou com fins culturais ou científicos.
Exemplos: AABB – Associação Atlética do Banco do Brasil; AACD - Associação de Auxílio à Criança Deficiente; APAE – Associação de Pais e Amigos do Excepcional.
 
Fundações
Fundação é a pessoa jurídica composta pela organização de um patrimônio destacado pelo seu instituidor para uma finalidade específica. Não tem proprietário, nem titular, nem sócios. Tem apenas um patrimônio, gerido por curadores.
A fundação pode ser criada por escritura pública ou testamento, devendo o instituidor doar os meios necessários e especificar o fim
 a que se destina, declarando também, se quiser, a maneira de administrá-la (art. 62 CC).
As fundações privadas só podem constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, parágrafo único, CC).
Fundações públicas são as criadas pelo Poder Público, por lei, ou por escritura autorizada em lei. Têm natureza pública, embora lhes seja atribuída personalidade jurídica de direito privado (DL 299/67), art. 5º, IV). São na verdade autarquias fundacionais. 
 
 
DO DOMICÍLIO
Art. 70 – O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Residência é o lugar de morada, de habitação (elemento objetivo). A ela deve somar-se o ânimo definitivo da pessoa (elemento subjetivo), que se exterioriza na vontade de permanência estável no território em que vive. Dessa conjugação de fatores é que emerge o domicílio do indivíduo para fins civis.
Art. 71 – Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente viva, considerar-se-á domicilio seu qualquer delas.
Morando em diversas residências, seja em função do trabalho, seja por outras conveniências, o indivíduo terá fixado o domicilio com base em qualquer delas. Com isso, todos os interessados poderão tomar como domicílio da parte adversa o local que mostrar-se mais conveniente dentre os vários admitidos por força do dispositivo legal.
Art. 72 – É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Quando a necessidade de fixação do domicílio estiver ligada a demandas ou outras questões relativas à profissão do indivíduo, entra em cena a possibilidade de definição estribada no local onde é exercida. Isto porque em tese é mais proveitoso e mais cômodo à pessoa deslindar questões pertinentes ao seu mister profissional exatamente no lugar onde o desempenha, permitindo que se afaste o mínimo possível de seus afazeres para estar em juízo.
O sistema eleito pelo legislador é idêntico ao que idealizou para o caso de multiplicidade de residências, pois também nesse caso qualquer deles servirá como domicílio, à escolha do interessado. 
Em verdade, todos os lugares em que a pessoa exerce a profissão são considerados domicílio para os fins legais, salvo as exceções previstas na lei, bastando optar pelo que for mais conveniente nas circunstâncias concretas. 
Parágrafo único – Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
No que concerne à hipótese de multiplicidade de lugares onde a pessoa cuida de seus afazeres profissionais, o sistema eleito pelo legislador é idêntico ao que idealizou para o caso de pluralidade de residências, isto é, qualquer deles servirá como domicílio, à escolha do interessado. A intenção da lei é, outra vez, facilitar a definição do domicílio e permitir que com menos contratempos possam ser solucionados os litígios surgidos.
Art. 73 – Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Como toda pessoa deve ter domicílio definido para os fins civis, quem não possuir paradeiro certo consubstanciado em residência fixa (andarilhos, artistas de circos, ciganos, nômades em geral, submeter-se-á à multiplicidade ampliada de domicílios, de tal sorte que poderá ser considerado domicílio qualquerlugar onde for encontrado, ainda que e caráter absolutamente transitório.
Uma vez fixado, o domicílio não mais sofrerá alteração para aquele específico fim que exigiu a opção do interessado, de modo que, por exemplo, a ação iniciada no lugar em que se encontrava o réu sem residência habitual tramitará até o encerramento naquele juízo, mesmo na hipótese de ocorrer mudança de localidade pelo demandado.
Art. 74 – Muda-se o domicílio, transferindo a residência com a intenção manifesta de o mudar.
Assim como ocorre quando da fixação do domicílio, a mudança ordinária do mesmo está atrelada a dois elementos, sendo um deles objetivo e o outro subjetivo: o objetivo, consubstanciado na alteração da morada; o subjetivo, no efetivo desejo de modificação do local de residência. 
 
Parágrafo único – A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
A mudança de domicílio corresponderá a intenção de não permanecer mais no local em que se encontra. O modo exigido por lei para que se dê a exteriorização da referida intenção será a simples comunicação feita pela pessoa que se mudou à municipalidade do lugar que deixa e à do local para onde vai. Como, em regra, a pessoa natural que se muda não faz tal declaração, seu ânimo de fixar domicílio em outro local resultará da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75 – Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou ode elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Parágrafo primeiro – Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
Parágrafo segundo – Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
Domicílio da pessoa jurídica: As pessoas jurídicas têm seu domicílio que é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. Como não têm residência, é o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração ou direção, ou ainda, o determinado no ato constitutivo.
Domicílio das pessoas jurídicas de direito público: As pessoas jurídicas de direito público interno têm por domicílio a sede de seu governo.
Domicílio das pessoas jurídicas de direito privado. As pessoas jurídicas de direito privado têm por domicílio o lugar onde funcionarem sua diretoria e administração ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos.
Pluralidade do domicílio da pessoa jurídica de direito privado: O art. 75, parágrafo primeiro, admite a pluralidade domiciliar da pessoa jurídica de direito privado desde que tenham diversos estabelecimentos (por exemplo, agências, escritórios de representação, departamentos, filiais), situados em comarcas diferentes, caso em que poderão ser demandadas no foro em que tiverem praticado o ato. De forma que o local de cada estabelecimento dotado de autonomia será considerado domicílio para os atos ou negócios nele efetivados, com o intuito de beneficiar os indivíduos que contratarem com a pessoa jurídica.
Domicílio da pessoa jurídica de direito privado estrangeira: Se a sede da Administração, ou diretoria, da pessoa jurídica se acha no exterior, os estabelecimentos, agências, filiais ou sucursais situados no Brasil terão por domicílio o local onde as obrigações foram contraídas pelos respectivos agentes.
Art. 76 – Tem domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Domicílio necessário ou legal: Ter-se-á domicílio necessário ou legal quando for terminado por lei, em razão da condição ou situação de certas pessoas.
Parágrafo único – O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; a do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
 
Domicílio dos incapazes: O domicílio dos incapazes é legal, pois sua fixação operar-se-á por determinação de lei e não por volição. O recém-nascido adquire o domicílio de seus pais. Os absoluta ou relativamente incapazes terão por domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou curadores).
Domicílio do servidor público: deriva do domicílio legal ou necessário do servidor público de lei, pois o artigo em exame entende por domiciliado o funcionário público no local onde exerce suas funções por investidura efetiva. Logo tem por domicílio o lugar onde exerce sua função permanente.
Domicílio do militar: O domicílio do militar do Exército é o lugar onde servir e o da Marinha ou Aeronáutica em serviço ativo, a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado.
Domicílio do marítimo: Marinha mercante é a encarregada de transportar mercadorias e passageiros. Os oficiais e tripulantes dessa marinha têm por domicílio necessário o lugar onde estiver matriculado o navio, embora passem a vida em viagens.
Domicílio do preso: O preso terá por domicílio o lugar onde cumprir a sentença. Tratando-se de preso internado em manicômio judiciário, é competente o juízo local para julgar pedido de sua interdição. 
Art. 77 – O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
O dispositivo contém regra especial dirigida aos embaixadores, cônsules, ministros e agentes diplomáticos do Brasil em geral. Esses, embora vivam normalmente em países estrangeiros por causa de suas respectivas missões, são considerados aqui domiciliados. No caso de serem citados no país onde vivam, podem alegar extraterritorialidade (vigência, no estrangeiro, da lei de um país) para que sejam demandados no Distrito Federal ou em algum ponto do território nacional onde serviram por último.
 
Art. 78 – Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar o domicílio onde se exercitarem e cumpram os direitos e obrigações dele resultantes.
Foro de eleição: Domicílio contratual ou de eleição é o estabelecido contratualmente pelas partes em contrato escrito, que especificam onde se cumprirão os direitos e os deveres oriundos da avença feita. O domicílio de eleição dependerá de manifestação expressa dos contratantes, da qual surge a competência especial, determinada pelo contrato, do foro que irá apreciar os possíveis litígios decorrentes do negócio jurídico contratual. O local indicado no contrato para o adimplemento obrigacional será também aquele onde o inadimplente irá ser demandado ou acionado. 
DOS BENS
Bens são coisas materiais ou imateriais que tem valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica.
Art. 79 – São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Bens imóveis são aqueles que não podem ser removidos sem a alteração de sua substância original ou depreciação, ou os que por lei assim sejam definidos. São adquiridos, como regra, através de escritura pública e dependem de transcrição no registro competente. Quase sempre dependem da outorga uxória ou marital.
Os bens imóveis podem assumir diversas nuanças (diferenças delicadas de coisas do mesmo gênero), principalmente:
Imóveispor natureza, que tem no aspecto físico o principal elemento da definição da imobilidade (solo, árvores, espaço aéreo, subsolo);
Imóveis por acessão física (acréscimo, incorporação), cuja característica maior é a inserção de bens de natureza diversa ao solo, tornando-os parte deste (edificações, sementes lançadas ao solo, etc).
Imóveis por acessão intelectual ou por destinação do proprietário, que são naturalmente móveis, mas uma vez aplicados como fator de aprimoramento econômico do solo adquirem, para fins jurídicos, caráter imóvel (maquinas agrícolas vinculadas a uma propriedade, equipamentos utilizados no cultivo da terra, geradores de energia elétrica,secadores de café.
A principal diferença entre os imóveis por acessão física e os que adquirem tal condição por acessão intelectual reside em que naqueles há aderência ao solo, enquanto nestes o liame entre o solo e o acessório não é material, mas unicamente subjetivo. 
Art. 80 – Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
Direitos reais sobre imóveis, afora o maior deles, que é o domínio (direito de propriedade sobre bens imóveis) ou a propriedade, são, dentre outros: 
hipoteca, instituto jurídico pelo qual se oferece um bem imóvel como garantia de um empréstimo);
usufruto, direito real que autoriza o seu titular a usar uma coisa, durante um certo tempo, retirando da coisa frutos e utilidades que produzam.
As ações que asseguram tais direitos são basicamente: reivindicatória (reaver seus os bens de quem injustamente os possua), pignoratícia (execução do penhor) , hipotecária (o credor hipotecário promove judicialmente a execução da dívida garantida pela hipoteca), ordinárias de nulidade de contrato ou de rescisão e assim por diante.
 
O direito a sucessão aberta.
Abre-se a sucessão com o óbito do de cujus. Enquanto não ultimada a partilha, o acervo hereditário será uno e estará tutelado pela equiparação legal de bens imóveis. Isso ocorre ainda quando o complexo de bens seja composto de bens naturalmente móveis. 
Art. 81 – Não perdem o caráter de imóveis:
I – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.
As edificações separadas inteiras do solo em que estavam postadas conservam-se como bens imóveis, mesmo que transferidas de um local para outro, pois a eventual movimentação destina-se apenas a fixar em ponto geográfico diverso o bem retirado do lugar original. Não há, no ato de alterar a localização, o intuito de desfazer a edificação e não mais volvê-la à unidade inicial, do que deriva a preservação da condição imóvel ao longo de todo o tempo.
II – Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
As atividades de conserto das partes móveis de um prédio para posterior reemprego no mesmo bem onde foram tiradas (telhas, calhas, etc.), não as fazem readquirir a qualidade de móveis. Essa somente é recuperada a partir do momento em que a separação assumir conotação de permanência, como na hipótese de demolição de uma casa sem que o material resultante tenha uma destinação preestabelecida ou imediata de aproveitamento.
A demolição com o objetivo de imediata reconstrução no mesmo local não acarreta a perda, pelas partes movimentadas, da condição imóvel, haja vista o emprego em fim idêntico ao original sem alteração de localização.
Art. 82 – São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
A transferência da propriedade dos bens móveis dá-se, regra geral, pela tradição, que consiste na passagem física do bem, de forma real ou ficta, do patrimônio de uma pessoa para o de outra, com ânimo de alterar a titularidade.
Outro fator de agilização de transferência dominial dos móveis em comparação aos imóveis consiste na inexigibilidade de outorga uxória. 	
 
Entre os bens móveis por natureza encontram-se tanto os que não têm movimento espontâneo e dependem de deslocamento por força estranha (veículos, moedas e coisas inanimadas em geral), como os que movimentam por força muscular própria, denominados semoventes (todos os animais irracionais). Há também os móveis assim considerados após separação em relação aos imóveis aos quais aderiam (ex: árvores de corte, frutos colhidos, minerais retirados do solo.
Art. 83 – Consideram-se moveis para os efeitos legais:
São bens imateriais, que possuem essa qualidade jurídica, por disposição legal. Podem ser cedidos, independentemente de outorga uxória ou marital. Incluem—se, nesse rol, as quotas e ações de sociedades empresárias, os direitos de autor, os créditos em geral, a propriedade industrial (criação e invenção do indivíduo). 
I – as energias que tenham valor econômico;
Entre as formas de energias tratadas pelo ordenamento jurídico como bens móveis para fins cíveis estão as de origem elétrica, nuclear, solar, eólica e todas as que tenham conteúdo econômico.
II – Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
Direitos reais sobre objetos móveis, é o domínio, a propriedade, o usufruto (direito de propriedade), e também os de garantia (por exemplo, penhor) e as ações a eles correspondentes (por exemplo, ação reivindicatória, ação possessória, ação pignoratícia, etc.) 
III – Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações
Os direitos obrigacionais, pessoais, são bens móveis como as respectivas ações quando possuem caráter patrimonial passível de transmissão. Nesse caso incluem-se, a propriedade intelectual, o fundo de comércio, as quotas de capital.
Art. 84 – Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregado, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
O só fato da destinação de bens móveis a obras ou edificações não lhes retira q ualidade original, pois somente a partir do momento em que houver o efetivo emprego e os objetos passarem a fazer parte de uma unidade independente é que se tornarão parte integrante dela e formarão um todo dotado de natureza imóvel. Destarte, os tijolos, areia, cimento, pedra, ferragens e demais materiais que se usam em edificações conservam a condição móvel – e como tal são juridicamente tratadas – enquanto não empregados na obra a que se destinam.
De igual modo, os objetos unitários que constituíram partes formadoras do todo retornam à situação jurídica de móveis quando dele separados por força de demolição, salvo na hipótese de serem retirados de um prédio para reutilização nele mesmo, pois então conservarão a qualidade de imóveis.
Art. 85 – São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
A fungibilidade dos bens tem a ver com a possibilidade de que, quando do cumprimento de uma obrigação, possa ser entregue outro da mesma espécie, qualidade e quantidade para liberar o devedor. Ex. uma dúzia de ovos, uma saca de milho, uma saca de café, um milheiro de tijolos, etc.
Art. 86 – São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados a alienação. 
Os bens consumíveis são destruídos na sua substância ao primeiro uso, num só ato, como acontece com os alimentos. A definição de bens consumíveis não se confunde com a sujeição do bem à deterioração pelo emprego contínuo durante o período de vida útil. É que o desgaste normal decorrente do uso afeta todo e qualquer bem, tornando-o menos valioso ao longo do tempo até que perca completamente seu conteúdo econômico. Já em se tratando de bem consumível, o que acontece é o seu imediato desaparecimento do mundo jurídico como elemento de expressão econômica, com destruição incontinenti de sua substância.
De outra banda, um veículo que esteja colocado à venda é, naquele momento, consumível, ainda que não perca a substânciano primeiro uso; vendido, volverá ao patamar de inconsumível.
Art. 87 – Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Os bens divisíveis admitem fracionamento físico ou jurídico, conservando cada parte resultante as qualidades essenciais da matriz de onde provieram.
O artigo considera que são divisíveis os bens que não sofrem, com esse fracionamento, prejuízo na sua destinação. A alteração na substância significa deixar o bem de ser o que é, equivalendo a sua destruição ou divisão demasiado ínfima que torne as partes inúteis ara comercialização. São divisíveis os cereais, peças de tecidos, um prédio de apartamentos, o dinheiro, etc. 
Art. 88 – Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
Os bens indivisíveis por determinação legal podem ser exemplificados pela consideração da herança como todo unitário, indivisível (art. 1.791, parágrafo único, CC); imóveis rurais de extensão igual ao módulo rural (menor fração de divisão territorial). O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural (lei 4.504, de 30.11.64, art. 65).
Também a vontade das partes, como importante fonte das obrigações, tem relevância na modificação da condição naturalmente adquirida pelo bem, que pode ser física e juridicamente fracionável e ter cortada essa qualidade pela incidência de manifestação volitiva nesse sentido, como ocorre, por exemplo, na hipótese de as partes convencionarem que determinado rebanho de gado bovino permanecerá sem desmembramento durante determinado lapso temporal, obrigando-se a respeitar o pacto e a impedir a divisão ao longo do período aprazado. 
Art. 89 – São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
Singulares são os bens individualizados. São os que, embora reunidos, se consideram de per si. Exemplos: um animal, um livro, um veículo.
Coletivos são os bens agregados a um todo (rebanho, biblioteca, frota de veículos).
Art. 90 – Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Universalidade de fato é o conjunto de bens singulares, corpóreos, homogêneos, ligados entre si pela vontade humana, para determinada finalidade. Rebanho; biblioteca, galeria de quadros. 
Parágrafo único – Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
 	 
A natureza de fato da pluralidade faz com que possam ser criadas relações jurídicas específicas e independentes no tocante a cada um dos bens singulares.
Em assim sendo, o seu destino não se atrela àquele outorgado às demais unidades. Ou seja, cada qual pode ter uma destinação diferente. É o que ocorre, com veículos automotores existentes em estabelecimento dedicado à comercialização de veículos automotores. 
Igual situação é gerada pela existência de biblioteca particular, já que em torno dela podem surgir negócios jurídicos envolvendo cada exemplar que a integra, parte dela ou mesmo toda a universalidade.
Art. 91 – Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
A universalidade de direito consiste na pluralidade de coisas corpóreas e incorpóreas, a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade (como na herança, no patrimônio, na massa falida).
Na universalidade de direito contempla-se um todo que emerge das unidades que a compõem, constituindo por força da lei, uma coisa nova. Assim o patrimônio e a herança, que são a reunião de várias relações jurídicas ativas ou passivas.
O somatório das relações jurídicas de uma pessoa constitui o seu patrimônio, o qual configura uma universalidade de direito, ou seja, forma um todo uno, homogêneo e indivisível. Esta universalidade é integrada por bens e direitos economicamente apreciáveis. 
Art. 92 – Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Coisa Principal: É a que existe por si, exercendo sua função e finalidade, independentemente da outra. Por exemplo, o solo.
Coisa Acessória: É a que supõe, para existir juridicamente, uma principal. Nos imóveis, o solo é o principal, sendo acessórios tudo aquilo que nele incorporar permanentemente (uma árvore, uma construção).
Art. 93 – São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Pertenças são bens acessórios destinados, de modo duradouro, a conservar ou facilitar o uso ou prestar serviço, ou ainda, servir de adorno ao bem principal sem ser parte integrante.
Apesar de acessórios, conservam sua individualidade e autonomia.
Exemplos: molduras de quadros, acessórios de um automóvel, máquinas de uma fábrica.
 
 
Art. 94 – Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação da vontade, ou das circunstâncias do caso.
No plano dos negócios jurídicos entre o credor e o devedor, se eles disserem respeito ao bem principal, não alcançarão as pertença, a não ser que o contrário resulte de lei, de manifestação da vontade ou das circunstâncias do caso, visto que a finalidade econômica ou social delas pode auxiliar o principal.
Para que um campo de tênis, separado de um hotel, a ele pertença, será preciso que se o assente e averbe no Registro Imobiliário. 
O piano não é pertença do imóvel residencial, mas o será de um conservatório, ante as circunstâncias do caso, uma vez que é imprescindível para que este possa atingir a sua finalidade.
Art. 95 – Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Além dos frutos naturais (cereais, frutas e plantas em geral), que são renováveis pelo meio ambiente, existem ainda os industriais (bens de consumo) e os civis (juros do capital).
Isoladamente, não são principais nem acessórios; atrelados aos agentes que os originaram (conforme exemplos citados, respectivamente solo, estabelecimento industrial e capital), assumem a posição de acessórios.
Art. 96 – As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
 
Parágrafo primeiro – São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
Benfeitorias voluptuárias (relativo a divertimentos ou despesas desnecessárias) apenas oferecem maior comodidade ou satisfação a quem as idealizou, sem que isso represente acréscimo capaz de melhorar o uso do bem em si, mesmo, ou necessariamente, valorização deste. Ex: pintura da casa, a colocação da piscina, revestimento de mármore, construção de floreiras.
Parágrafo segundo – São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem
Benfeitorias úteis não são imprescindíveis à conservação ou manutenção da coisa, mas incrementam o uso e mostram-se efetivamente importantes como acréscimo econômico. Servem para melhorar as qualidades do bem ou a sua capacidade de utilização. Ex: edificação de uma garagem, colocação de grades nas janelas de moradia urbana.
Parágrafo terceiro – São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Benfeitorias necessárias são fundamentais para a preservação da coisa, de tal modo que a sua ausência importaria em diminuição da expressão econômica ou em depreciação da capacidade de uso e fruição, sendo exemplo disso a reconstrução de parte do telhado que desabou, a colocação de estrutura reforçada em local onde ocorre infiltração que periclita a segurança do prédio, etc. 
Art. 97 – Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervençãodo proprietário, possuidor ou detentor.
É importante não confundir as benfeitorias com as acessões naturais, eis que estas consistem na união ou incorporação de imóvel a imóvel, tais como, avulsão, aluvião, formação de ilhas e abandono de álveo, e de móvel a imóvel (vegatação espontaneamente surgida), de tal modo que a nova fração passa a integrar o bem primitivo sem qualquer forma de interferência ativa do proprietário, detentor ou possuidor, mantendo-se o seu catáter de acessoriedade.
Incorporação de imóvel a imóvel: 
Avulsão: deslocamento natural, com violência, de quantidade razoável ou grande de terra de um prédio que vai se juntar a outro.
Aluvião: Aumento paulatino de um terreno pelo depósito de terra, areia, etc., que nele um rio, o mar, etc, vão fazendo. Aluvião significa o processo de aumento e o próprio aumento.
Formação de ilhas: A formação de ilhas pode acontecer em algumas situações, tais como:. 
O gradativo acréscimo de terras no leito de um rio pode formar uma ilha em seu centro.
Outra hipótese seria aquela em que o nível das águas desce, deixando partes do solo descobertas, situação em que, também, haveria a formação de ilhas.
Por fim, o fenômeno do desdobramento do rio em um outro braço de corrente, pode formar uma ilha, pois entre os fluxos de água, estará parte do terreno.
Abandono de álveo: É um meio de aquisição de propriedade da terra do leito de um rio que secou ou foi desviado por um fenômeno natural. O leito do rio pertencerá aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sendo metade para cada um. 
Art. 98 – São bens públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Conforme a pessoa jurídica de direito público a que pertencerem, os bens públicos serão federais, estaduais ou municipais. Bens particulares, por exclusão são todos os outros independentemente das pessoas a que pertencerem.
 São bens públicos:
I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
Os bens de uso comum do povo, embora pertencentes a pessoa jurídica de direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição e gratuita ou onerosamente, por todos, sem necessidade de permissão especial desde que cumpridas as condições impostas pelos regulamentos administrativos (por exemplo, praças, jardins, ruas, estradas, mares, praias, etc.) 
II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviços ou estabelecimentos da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.
Bens públicos de uso especial são os utilizados pelo próprio Poder Público, constituindo-se por imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal, como prédios onde funcionam tribunais, prefeituras, escolas públicas, secretarias, ministérios, quartéis, etc. São os que têm destinação especial. 
III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC).
 
Os bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, pois não estão destinados e em razão disso o Estado exerce poderes de proprietário. Exemplos: Estradas de ferro, ações, créditos, títulos da divida pública, ilhas, mar territorial, terras ocupadas pelos índios, etc.
Parágrafo único – Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito publico a que se tenha dado estrutura de direito privado. 
Nesse caso, os bens podem ser alienados pelos institutos típicos do direito civil, como se pertencessem a um particular qualquer.
 
Art. 100 – Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso pessoal são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Os bens públicos de uso comum do poço e os de uso especial são inalienáveis, logo não podem ser vendidos, doados ou trocados. 
Art. 101 – Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Os bens públicos dominiais são alienáveis, mas a regra não é absoluta, porque bens públicos podem perdê-la pela afetação, consistente em conferir ao bem público uma destinação (bem de domínio privado do Estado passa para a categoria de bem do domínio público).
Art. 102 – Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Usucapião é o modo de adquirir o domínio e a propriedade de coisa móvel ou imóvel pela sua posse ininterrupta, durante certo prazo, obedecidas as formalidades da lei. 
Art. 103 – O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Normalmente o uso comum dos bens públicos, ou seja, aqueles a que têm acesso todas as pessoas, indistintamente, é gratuito, com fundamento na circunstância de que as pessoas já pagam tributos e outros encargos que podem ensejar , em contrapartida, o oferecimento gracioso de proveitos desse jaez. Somente será justificável a onerosidade quando determinada por razões ligadas à conservação, melhoria e gerenciamento dos próprios bens que motivaram a cobrança, que se pode dar em força de ingresso de visitação, trânsito, etc.

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