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Faculdades de Campinas
Curso de Relações Internacionais
Artigo final para conclusão do curso de Laboratório de Análise de Pesquisas em Relações Internacionais – África
Literatura moçambicana e relações com literatura no Brasil
Paulo Henrique Barros Faria Dragoni Ferreira
200911104
Campinas, junho de 2013.
Pouco se sabe atualmente, no Brasil, sobre a literatura moçambicana e seus autores, o contato mais profundo que temos na cultura brasileira com literatura estrangeira se resume aos escritos europeus, norte-americanos e latino-americanos. Nosso contato com a literatura africana é bem vago, portanto acho uma excelente oportunidade para falar sobre ela neste artigo. A importância de Moçambique nesse contexto é importante pois se trata do segundo país em número de pessoas que falam português, ficando atrás apenas do Brasil.
Assim como a literatura brasileira, a literatura moçambicana sofreu diversas influências de Portugal por conta da colonização. No entanto, apesar dessa influência, diferentemente do Brasil, Moçambique não teve um número significativo de produções literárias até os anos 1920, época em que a colonização portuguesa ainda era presente. Até esse período, havia duas realidades marcantes na literatura moçambicana, que era a realidade de ser uma colônia e a realidade de ser uma sociedade africana, com todas as suas particularidades e dificuldades, principalmente a utilização do idioma português e dos dialetos existentes na região.
Durante esses anos o meio mais importante para divulgação de textos e aonde eles geralmente eram publicados, eram em jornais fundados pelos irmãos Albasini, como O Brado Africano e o Clamor Africano, no entanto eles sofriam com censuras e represálias por parte dos governantes do período.
Ainda que se fale de literatura moçambicana nesse período e até os 20 anos posteriores à independência do país, a literatura típica de Moçambique só começou a se formar em 1945, ao fim da segunda guerra mundial, com a ascensão de diversos escritores influenciados pelo realismo e pensando de forma coletiva. O pensamento coletivo era importante, pois os meios de comunicação de Moçambique eram pertencentes apenas à elite, ou seja, havia demasiada censura sobre o que era publicado e escrito, e por diversas vezes jornais foram fechados.
O jornal Voz de Moçambique foi meio importante nesse contexto, pois era o mais importante dos veículos para a produção de textos literários, inclusive de brasileiros, como Jorge Amado, Cecília Meireles, Graciliano Ramos e Castro Alves. Além do jornal já citado, o jornal Msaho também chegou a ser censurado, e previa a publicação de textos que remetiam à 
cultura popular, aos anseios da população e à história moçambicana, valorizando a cultura do país e fomentando o surgimento de novos escritores.[1: (MOREIRA, 2007).]
A partir de 1964 a literatura moçambicana, já com uma base formada pelos jornais e pelas poesias dos autores citados anteriormente, passou a se desenvolver e se espalhar por todas as classes sociais, principalmente os guetos. Foram nos guetos que a produção literária se intensificou e se politizou, pois agora os textos tinham caráter anticolonialista e críticas sociais fortes.
Durante toda a fase colonial, tipos diferentes de literatura foram escritos e publicados, desde a realidade da sociedade moçambicana até obras de ficção e aquelas que misturavam caráteres históricos com fantasia. Exemplos claros desses tipos de literatura foram: João Dias e Rui de Noronha..[2: (MOREIRA, 2007).]
Ainda nesse período é curioso destacar que os escritores moçambicanos idealizavam uma sociedade miscigenada e unida, apresentando em seus textos a exploração sofrida pelos negros, a “dúvida” do mulato em razão de suas origens e inclusive na utilização do Brasil como exemplo para a miscigenação racial.[3: (DIAS, 1952).]
Tal desenvolvimento literário perdurou até os anos 1975, quando com a Luta Armada da Libertação Nacional e com ajuda da FRELIMO (Frente de Libertação Nacional do Moçambique), Moçambique conquistou sua independência de Portugal e com isso os autores da região puderam ter ainda mais espaço no cenário cultural.
Com a independência, como em qualquer outro país, abriu-se um espaço muito grande para que a ex-colônia criasse pessoas voltadas ao intelecto, como artistas, escritores e até de profissionais mais técnicos para suprir a demanda que tinha no país. Foi nesse período que escritores como Mia Couto e José Craveirinha ganharam repercussão para, futuramente, se tornarem dois dos maiores escritores moçambicanos da história.
A partir da independência moçambicana, se teve certeza de que a literatura moçambicana não era mais um movimento temporário e limitado, mas que, muito pelo contrário, é bastante rica e com conteúdo importante. Com isso pode-se entender o sentimento da população moçambicana desde a época 
colonial até os dias de hoje, mesmo que com todas as dificuldades encontradas por ser um país africano e com índice de alfabetização de apenas 56%.[4: (CIA, 2010)]
Durante esse período também começaram a ser publicados os textos que foram censurados ou escondidos até a independência, divulgando um imenso patriotismo que ficou oculto até 1975, além de se mostrar que houve um grande louvor pelos que lutaram pela libertação do país e os que se empenharam de alguma forma para livrar o país do controle luso.
Ainda nessa época, sob influência de Mia Couto, escritores moçambicanos passaram a falar de temas antes evitados, apresentando maturidade e responsabilidade por parte tanto desses novos escritores quanto da população que iria consumir esses textos. A importância de Mia Couto se deu por introduzir novos temas de debate, ocasionando uma mutação na literatura moçambicana e abrindo espaço para assuntos como racismo, convivência entre raças e a miscigenação de culturas. Um texto que exemplifica tal experiência literária é o livro de contos Voizes Anoitecidas, de 1986.
Dentre os autores que surgiram por influência de Mia Couto destacam-se Pedro Chissano, Juvenal Bucuane, Luís Bernardo Honwana e Paulina Chiziane. Esta última participou ativamente junto à FRELIMO, mas afastou-se da política em razão das políticas adotadas pela Frente após a independência. 
Nos tempos atuais, pós-1992, principalmente, quando houve a abertura política do regime, os grandes personagens da literatura moçambicana foram os de origem europeia. 
Esses escritores brancos, que ajudaram a criar a identidade social da população moçambicana por meio do questionamento dos próprios problemas, do papel do indivíduo moçambicano no país e a crise econômica, estão presentes e são reconhecidos pela comunidade lusófona pela importância que tiveram na sociedade e na política do Moçambique. Sendo todos os escritos marcados pelas particularidades da literatura do Moçambique, como traços de oralidade e dialetos característicos do país.
Percebe-se, então, que apesar de ser um movimento tardio, em comparação com a brasileira, a literatura moçambicana se aproxima das mesmas características, inclusive por esta ser influenciada pela primeira em alguns aspectos. A questão da miscigenação social, das críticas políticas e da da identidade cultural é algo presente na literatura de praticamente todos os países lusófonos, logo não poderia ser diferente com Moçambique.
Referências Bibliográficas
CARREIRA, José. Literatura Moçambicana: Periodização. Disponível em: <http://lusofonia.com.sapo.pt/Mocambique.htm#lusofonia>. Acesso em: 03 jun. 2013.
CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY (Estados Unidos). The World Factbook: Mozambique. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2103.html>. Acesso em: 03 jun. 2013.
MOREIRA, T. T. ; FONSECA, M. N. S. . Panorama das literaturas africanas de língua portuguesa. Caderno CESPUC de Pesquisa. Série Ensaios, v. 16, p. 13-69, 2007.

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