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O PARÁGRAFO O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga, que é parte, sendo todo. Gregório de Matos O parágrafo: indicado materialmente na página impressa ou manuscrita por um ligeiro afastamento da margem esquerda da folha, o parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. Trata-se de uma unidade de composição “suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo”. Informações importantes: Nível menor de estruturação de textos em prosa – maior, contudo, que a frase, oração e período, cuja forma de organização gira em torno de uma ideia núcleo. O que determina a extensão do parágrafo é a unidade temática. Temas simples, geralmente, pedem parágrafos curtos, ao passo que temas complexos exigem parágrafos mais longos. Definição: “O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente, relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela” (GARCIA, Othon, comunicação em prosa moderna, 2003, p. 219) PARÁGRAFO-PADRÃO: Normalmente utilizado em textos argumentativos, que trabalham com o desenvolvimento de ideias e exigem maior rigor e objetividade composicional. ESTRUTURA DO PARÁGRAFO PADRÃO: INTRODUÇÃO: ou TÓPICO FRASAL, constituída por uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a ideia principal do parágrafo, definindo seu objetivo. DESENVOLVIMENTO: Ampliação do tópico frasal, com aparesentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclarecem. CONCLUSÃO: Nem sempre está presente. Ausenta-se, sobretudo, nos parágrafos curtos e simples. A conclusão retoma a ideia central, levando em conta os aspectos apresentados no desenvolvimento. O início do parágrafo: Othon Garcia estabelece categorias de procedimentos mais comuns para se inciar um parágrafo. São elas: 1. Declaração inicial Geralmente, este tipo de tópico ocorre em comentários ou análises. Como o próprio nome indica, trata-se de iniciar o parágrafo, fazendo uma declaração (esclarecimento), como no exemplo a seguir: “A Psicanálise afirma que somos seres da falta. Essa falta está inscrita na nossa incapacidade de sermos seres plenos. Desejamos o tempo todo porque nunca estamos satisfeitos. A cada realização de um desejo, o objeto que o realiza tomba sob o efeito do tédio.” 2. Alusão histórica (Alusão externa) Trata-se de iniciar um parágrafo, fazendo alusão a um fato acontecido, real ou fictício (pode ser uma tradição, crendice, lenda, fato histórico). Temos, assim, a presença de certo tom narrativo. Vamos a um exemplo: “A espécie humana sempre comeu carne. Nas cavernas, nossos antepassados davam preferência a ela, como concluíram os estudos de suas arcadas dentárias. É provável que o homem só se conformasse com outros alimentos quando a caça rareava. Guiado pelo instinto do paladar, corria atrás de carne por seu alto valor calórico: um grama de gordura produz cerca de nove calorias, enquanto um grama de açúcar ou de proteína, quatro calorias.” 3. Interrogação A ideia núcleo do parágrafo é colocada por intermédio de uma pergunta. Seu desenvolvimento é feito por intermédio da confecção de uma resposta à pergunta. Como exemplo: “Estaria a consciência do cidadão contemporâneo tão anestesiada a ponto de que se possa justificar sua apatia frente à barbárie de nosso tempo? Ao se confrontar nossa indiferença face ao circo de horrores que nos chega todos os dias pelos noticiário é possível que se diga que sim. Afinal, vive-se em uma época em que nada parece surpreender, nada parece chocar, nada parece tirar o homem comum de sua confortável passividade diante dos fenômenos do mundo.” 4. Omissão de dados identificadores. Esse tópico visa a criar certo suspense no leitor, por intermédio da ocultação de elementos que somente aparecerão no desenvolvimento do parágrafo. Vejamos um exemplo: “Pouco maior do que um par de ameixas secas, com formato semelhante ao de uma gravata-borboleta e pesando entre 15 e 25 gramas, ela comanda algumas das mais importantes funções do corpo humano. Exemplos? A capacidade de respirar, mover as pernas, regular a temperatura corporal, manter o coração batendo no ritmo certo, o raciocínio pronto para qualquer desafio... É preciso mais? Claro que não. Está comprovadíssima a nobreza da pecinha de que estamos falando. E para não espichar o assunto, vamos logo à ficha da moça. Trata-se da glândula tiroide (ou tireoide), domiciliada à frente da traqueia, bem abaixo do pomo de adão, ou gogó, para os íntimos”. O desenvolvimento do parágrafo: 1. Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes É o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo: “Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...)porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.” (Monteiro Lobato) 2. Tópico frasal desenvolvido por confronto Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. Veja o exemplo: “Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seu planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido.O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam.” (Bruno Bettelheim, adaptado) 3. Tópico frasal desenvolvido por razões No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal: “As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa.” (Gianni Rodari, adaptado) 4. Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos: “A imaginação utópica é inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”.(Teixeira Coelho, adaptado)
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