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Súmula Vinculante e Controle abstrato

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Constitucional – controle de constitucionalidade
Súmula vinculante
 A ausência de força vinculante das decisões proferidas pelo STF no âmbito do controle concreto - fazia com que milhares de ações judiciais com o mesmo objeto chegassem ao conhecimento da Corte Constitucional para que declarasse, em cada caso, o entendimento já inúmeras vezes manifestado. Muitas vezes, os magistrados das instancias inferiores decidiam de forma contraria ao que fora manifestado anteriormente pelo Supremo. 
Não é difícil perceber que essa sistemática processual exigida para a resolução de conflitos concretos, dando ensejo à multiplicação de processos de conteúdos idênticos e consequente congestionamento do Poder Judiciário, acarreta enorme morosidade na prestação jurisdicional.
No intuito de combater esse quadro e conferir maior celeridade à prestação jurisdicional, a Emenda Constitucional 45/2004 criou a figura da súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos seguintes (art. 103-A).
Iniciativa
O Supremo Tribunal Federal poderá aprovar, rever ou cancelar súmula vinculante:
a) por iniciativa própria (de oficio); ou
b) por iniciativa de qualquer dos legitimados na Constituição e na lei.
Além desses legitimados, o município poderá propor, incidentalmente no curso de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo. 
No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
Requisitos
A súmula, enunciando posição firmada em reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal, deverá versar sobre controvérsia constitucional atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
Portanto, para a edição de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, a Constituição Federal exige, especialmente, a observância de quatro requisitos cumulativos, a saber:
a) matéria constitucional;
b) existência de reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal sobre essa matéria constitucional;
c) existência de controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública;
d) a controvérsia acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica
Revisão ou cancelamento: 
segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o mero descontentamento ou a eventual divergência quanto ao conteúdo do verbete vinculante não autorizam a rediscussão da matéria sumulada, devendo o proponente da revisão ou do cancelamento evidenciar a superação da jurisprudência da Corte referente à matéria, a alteração legislativa quanto ao tema ou, ainda, a modificação substantiva do contexto político-econômico-social do País
deliberação
A aprovação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante exige decisão de 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal Federal (oito Ministros), em sessão plenária.
Eficácia
Somente a partir da publicação na imprensa oficial o enunciado da súmula passará a ter efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
No prazo de 10 (dez) dias após a sessão em que edite, reveja ou cancele enunciado de súmula com efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União, o enunciado respectivo.
Uma vez publicada, a súmula terá força vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Significa dizer que nenhum juízo ou tribunal inferior, bem como nenhum órgão ou entidade da Administração Pública direta e indireta poderá contrariar o conteúdo da súmula.
A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
Descumprimento
Se for praticado ato ou proferida decisão que contrarie os termos da súmula, poderá a parte prejudicada intentar reclamação diretamente perante o Supremo Tribunal Federal.
Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas (art. 7.º, § 1.º). Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso (art. 7.0§ 2.0). Determinará que outra decisão seja proferida com a aplicação da súmula quando esta, sendo aplicável ao caso, tiver deixado de ser adotada; determinará que outra decisão seja proferida sem a aplicação da súmula quando esta tenha sido aplicada a um caso que não se enquadre na hipótese nela descrita.
Supremo Tribunal Federal, acolhendo a reclamação, dará ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
Súmulas anteriores à EC 45/2004
É possível conferir efeito vinculante às súmulas do Supremo Tribunal Federal que já estavam em vigor na data de publicação da EC 45/2004. Para isso, porém, é necessário que a súmula seja confirmada por decisão de 2/3 (dois terços) dos ministros do STF e publicada na imprensa oficial.
Controle de constitucionalidade concentrado 
O controle abstrato, introduzido no Direito brasileiro pela Emenda 16/1965 (emenda à Constituição de 1946, portanto), tem como única finalidade a defesa do ordenamento constitucional contra as leis com ele incompatíveis.
Diz-se que no controle abstrato a inconstitucionalidade é examinada "em tese" (in abstracto) porque o controle é exercido em uma ação cuja finalidade é, unicamente, o exame da validade da lei em si; a aferição da constitucionalidade da lei não ocorre incidentalmente, em um processo comum.
o autor da ação judicial não alega a existência de lesão a direito próprio, pessoal, mas atua como representante do interesse público, na defesa da Constituição e da higidez do ordenamento jurídico.
O controle abstrato (controle concentrado) é de competência originária do Supremo Tribunal Federal, quando visa à aferição de leis em face da Constituição Federal, ou do Tribunal de Justiça em cada estado, quando o confronto é arguido entre as leis locais e a Constituição estadual: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
O controle abstrato em face da Constituição Federal é exercido exclusivamente perante o Supremo Tribunal Federal por meio das seguintes ações:
a) ação direta de inconstitucionalidade genérica - ADI;
b) ação direta de inconstitucionalidade por omissão - ADO
c) ação declaratória de constitucionalidade - ADC;
d) arguição de descumprimento de preceito fundamental - APDF.
Ação direta de inconstitucionalidade
Na ação direta de inconstitucionalidade, a inconstitucionalidade da lei é declarada em tese, vale dizer, sem que esteja sob apreciação qualquer caso concreto, já que o objeto da ação é justamente o exame da validade da lei em si.
Os legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal estão arrolados no art. 103 da Constituição Federal, nostermos seguintes:
1. legitimados universais: são aqueles que podem impugnar em ADI qualquer matéria, sem necessidade de demonstrar nenhum interesse específico; o Presidente da República, as Mesas da Câmara e do Senado, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e os partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
2. legitimados especiais: são aqueles que somente poderão impugnar em ADI matérias em relação às quais seja comprovado o seu interesse de agir, isto é, a relação de pertinência entre o ato impugnado e as funções exercidas pelo órgão ou entidade: as confederações sindicais, as entidades de classe de âmbito nacional, as Mesas das Assembleias Legislativas estaduais ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal e os Governadores dos estados membros e do Distrito Federal.
objeto
O direito municipal não pode ser impugnado em sede de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. O direito municipal (Lei Orgânica e leis e atos normativos municipais) somente poderá ser declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito do controle difuso, quando uma controvérsia concreta chega ao Tribunal por meio do recurso extraordinário, ou, excepcionalmente, por meio de arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF.
Em relação às leis do Distrito Federal, como este ente federado dispõe da competência legislativa dos estados e dos municípios, 33 somente poderão ser impugnadas em ADI perante o STF as leis distritais editadas no desempenho de sua competência estadual (uma lei sobre ICMS, por exemplo).
Se a lei do Distrito Federal foi expedida para regular matéria tipicamente municipal (IPTU, por exemplo), não poderá ser questionada em ADI perante o Supremo Tribunal Federal.
Segundo orientação da Corte Suprema, para que uma norma possa ser objeto de ADI, deverá ela satisfazer, cumulativamente, aos seguintes requisitos:
a) ter sido editada na vigência da atual Constituição;
b) ser dotada de abstração, generalidade ou normatividade;
e) possuir natureza autônoma (não meramente regulamentar); e
d) estar em vigor.
O direito pré-constitucional pode ter a sua validade aferida frente a Constituição de 1988, para o fim de reconhecimento de sua recepção ou revogação por esta, somente no âmbito do controle difuso, diante de casos concretos, ou mediante controle abstrato, em sede de arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF, mas não em ação direta de inconstitucionalidade.
Apenas podem ser impugnados mediante ADI perante o Supremo Tribunal Federal atos que possuam normatividade, vale dizer, sejam caracterizados por generalidade e abstração (apliquem-se a um número indefinido de pessoas e de casos, todos quantos se enquadrem na situação hipotética abstratamente descrita no ato normativo).
Somente podem ser impugnadas em ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal as leis e atos normativos que possuem caráter autônomo, que desrespeitam diretamente a Constituição Federal. Não se admite a impugnação em ADI de normas que afrontem a Constituição de modo indireto, reflexo, isto é, dos denominados "atos regulamentares".
Somente as normas primárias podem ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. As espécies secundárias, chamadas de "meramente regulamentares", não podem ser impugnadas em ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, haja vista que essas, em caso de vício, não ofenderão diretamente a Constituição, mas sim a norma em razão da qual foi editada (norma regulamentada).
Principio da indisponibilidade
Petição inicial
A petição indicará o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações, bem como o pedido, com suas especificações.
Note-se que o autor da ação tem a obrigação de indicar, além da lei ou do ato normativo impugnado, o pedido e os fundamentos jurídicos que embasam este. Embora o Supremo Tribunal Federal não esteja vinculado à causa de pedir, é obrigatória a indicação dos fundamentos jurídicos do pedido, sob pena de não conhecimento da ação.
A propositura de ação direta de inconstitucionalidade não se sujeita a prazo de prescrição ou decadência, haja vista que os atos inconstitucionais não se convalidam no tempo. Significa que o legitimado poderá impugnar a lei ou ato normativo a qualquer tempo, sem preocupação com prazo prescricional ou decadencial.
Conhecida a ação direta de inconstitucionalidade, o relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades dos quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado.
o pedido de informações aos órgãos ou autoridades elaboradores da lei ou do ato normativo impugnado tem por fim a obtenção de maiores subsídios para que o Supremo Tribunal Federal firme posição sobre a matéria. Com a apresentação das informações, o Tribunal passa a ter em mãos não só os argumentos trazidos pelo autor da ação direta, que fundamentam o seu pedido de inconstitucionalidade, mas também informações dos órgãos elaboradores da norma, que defenderão a sua legitimidade.
A manifestação dos órgãos ou das autoridades dos quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado ocorrerá em momentos distintos, conforme tenha havido, ou não, pedido de medida cautelar.
No caso de ação direta de inconstitucionalidade sem pedido de medida cautelar, o relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades dos quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, devendo estes prestar tais informações no prazo de trinta dias, contados do recebimento do pedido.
Havendo pedido de medida cautelar, antes do julgamento desse pedido cautelar, os órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou o ato impugnado disporão de cinco dias para manifestar-se sobre o pedido. Ademais, após o julgamento da cautelar, deverá o relator pedir aos mesmos órgãos ou autoridades as informações, que serão prestadas no prazo de trinta dias.
Poderá ocorrer, ainda, de o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação (julgamento direto do mérito, sem exame do pedido cautelar), após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias.
Ademais, não haverá pedido de informações quando o órgão ou autoridade que criou a lei ou ato normativo impugnado for o próprio autor da ação direta de inconstitucionalidade, haja vista que, nesse caso, suas considerações sobre a validade da norma já foram apresentadas na petição inicial, como fundamento do pedido de inconstitucionalidade.
Impossibilidade de intervenção de terceiros
A intervenção de terceiros é instituto processual que tem aplicação aos processos tipicamente subjetivos, nos quais se pretende o reconhecimento de certo direito concreto. Consiste, basicamente, na possibilidade de ingresso de uma pessoa em processo em curso entre outros sujeitos, em virtude de interesse daquela pessoa no objeto da demanda.
Como o processo de ação direta de inconstitucionalidade é um processo objetivo, no qual inexistem propriamente partes e direitos subjetivos a serem tutelados, não são nele admissíveis, em regra, as hipóteses de intervenção de terceiros reguladas no Código de Processo Civil. A única exceção é a figura do amicus curiae.
Amicus curiae
Entidades e órgãos que não possuem legitimação para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade poderão pedir ao relator da ação em curso perante o Supremo Tribunal Federal para manifestarem-se sobre a questão constitucional discutida.
Além da apresentação de memoriais com informações e argumentos, o Supremo Tribunal Federal passou a admitir a possibilidade excepcional de sustentação oral pelo amicus curiae, afastando o entendimento de que sua manifestaçãosomente poderia se dar por escrito.47 
Atualmente, a manifestação do amicus curiae está disciplinada no Regimento Interno do STF, que admite a sustentação oral do interveniente pelo prazo máximo de quinze minutos, e, ainda, se houver litisconsortes não representados pelo mesmo advogado, pelo prazo contado em dobro.
Segundo a jurisprudência do STF, para a admissão de terceiros na qualidade de amicus curiae deverão ser satisfeitas pelos interessados, cumulativamente, duas pré-condições, a saber: (a) a relevância da matéria e (b) a representatividade do postulante. o Tribunal firmou entendimento de que pessoa natural (pessoa física) não pode atuar como amicus curiae, por falta da pré-condição representatividade.
Para o Tribunal Supremo, "não são cabíveis os recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, nesses incluídos os que ingressam no feito na qualidade de amicus curiae"
Atuação do AGU
Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.
O parágrafo 3.0 do art. 103 lhe dá uma competência especial: a defesa da constitucionalidade da norma que, em tese, é inquinada de inconstitucional, o que implica dizer que a Constituição lhe atribui o papel, nesses processos objetivos, de verdadeiro curador da presunção da constitucionalidade da lei atacada (defensor legis).
Essa posição do Supremo Tribunal Federal, reiteradamente criticada pela doutrina, terminava por obrigar o Advogado-Geral da União a defender a norma legal ou ato normativo impugnado, federal ou estadual, a todo preço, em qualquer caso e circunstância, mesmo que a inconstitucionalidade da norma seja irrefutável, salte aos olhos de forma gritante.
De acordo com a novel jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o Advogado-Geral da União dispõe de plena autonomia para agir, e poderá escolher como se manifestará - pela constitucionalidade, ou não, da norma impugnada -, de acordo com sua convicção jurídica. Poderá ele, portanto, deixar de defender a constitucionalidade da norma impugnada, segundo, exclusivamente, seu entendimento jurídico sobre a matéria.
O Supremo Tribunal Federal entende que a audiência do Advogado-Geral da União, prevista no citado art. 103, § 3.0 , da Constituição, é necessária tão somente em sede de ação direta de inconstitucionalidade -ADI e arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF, o mesmo não ocorrendo na ação declaratória de constitucionalidade - ADC.
Em se tratando de ação direta por omissão, o relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada no prazo de quinze dias. Cabe ao relator, portanto, a decisão de ouvir, ou não, o Advogado-Geral da União em ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
O PGR não pode desistir da ação.
Medida cautelar em ADI
Sempre que satisfeitos os pressupostos processuais, o Supremo Tribunal Federal apreciará liminarmente o pedido do autor da ação direta, a fim de afastar dano irreparável, ou de dificil reparação, que adviria caso os efeitos decorrentes da solução da controvérsia ocorressem somente por ocasião da decisão meritória.
O pedido de cautelar é apreciado pelo Supremo Tribunal Federal diante da alegação, pelo autor da ação, da presença dos pressupostos fumus boni juris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo na demora).
A medida cautelar será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal (seis votos), devendo estar presentes na sessão, pelo menos, oito Ministros, salvo no período de recesso, quando poderá ser concedida (monocraticamente) pelo Presidente do STF, ad referendum do Tribunal Pleno.
Em caso de urgência, a jurisprudência do STF também tem admitido a concessão monocrática de medida cautelar (pelo Ministro relator, e não somente, como no período de recesso, pelo Presidente do Tribunal), ad referendum do Plenário, mesmo fora do período de recesso da Corte.
Em regra, a medida cautelar é concedida com eficácia ex nunc, gerando efeitos somente a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal a defere.
Excepcionalmente, porém, a medida cautelar poderá ser concedida com eficácia retroativa, com efeitos ex tunc, repercutindo sobre situações pretéritas, desde que o Pretório Excelso expressamente lhe outorgue esse alcance.
A medida cautelar é dotada de eficácia geral (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Em decorrência automática dessa força vinculante, a medida tem também o efeito de suspender, durante o período de sua eficácia, o julgamento de todos os processos que envolvam a aplicação da lei ou ato normativo objeto da ação.
Caso os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública direta e indireta desobedeçam à suspensão determinada na medida cautelar, caberá reclamação diretamente ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada.
A liminar implica a repristinação provisória das normas anteriormente revogadas pela lei objeto da ação direta.
deliberação
A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo somente será tomada se estiverem presentes na sessão pelo menos oito Ministros.
Uma vez instalada a sessão e efetuado o julgamento, a proclamação da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada dependerá de manifestação, num ou noutro sentido, de pelo menos seis Ministros.68 Essa necessidade de manifestação de pelo menos seis Ministros resulta da exigência constitucional de maioria absoluta para a proclamação da inconstitucionalidade pelos Tribunais, denominada "reserva de plenário"
Esse último entendimento do Supremo Tribunal Federal - o efeito vinculante não alcança o Poder Legislativo, que poderá editar nova lei com idêntico teor ao texto anteriormente censurado pela Corte - faz com que não caiba reclamação contra ato legislativo produzido em data posterior à decisão em ação direta.
Embora a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal continue firme no sentido de que os atos editados em desconformidade com a Constituição são nulos (e não meramente anuláveis), há no Tribunal uma clara tendência de abrandamento dessa tese, seja no controle abstrato, seja no controle concreto, para que se possa reconhecer, em situações excepcionais, a inconstitucionalidade com efeitos meramente prospectivos (ou a partir de outro momento fixado pelo STF), visando à preservação de certos atos praticados com base na lei, em respeito à segurança jurídica, ao interesse social e aos terceiros de boa-fé.
Se o Tribunal declarar em 2015 a inconstitucionalidade de uma lei publicada em 2010, poderá fixar esse "outro momento" para o início da eficácia de sua decisão entre a data de publicação da lei e a declaração de sua inconstitucionalidade (2010-2015) ou em data posterior à declaração da inconstitucionalidade (em 2016, por exemplo).
Na prática, portanto, o julgamento de ADI, na hipótese em que é suscitada a possibilidade de modulação dos efeitos temporais da decisão (por se vislumbrar a presença de razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social), é realizado de maneira bifásica: (a) numa primeira fase, discute-se a questão da constitucionalidade da norma, momento em que se exige decisão da maioria absoluta de votos (seis ministros), num ou noutro sentido; e (b) numa segunda fase, se declarada a inconstitucionalidade da norma, discute-se a aplicabilidade da modulação temporal dos efeitos, exigindo-se decisão qualificada de dois terços dos votos para tanto (se não alcançada a maioria de dois terços dos votos, não haverá modulação, e os efeitos da decisão serão retroativos - ex tunc).
A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidadeda lei ou do ato normativo em ação direta é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória. Esses, os embargos de declaração, constituem recurso que pode ser interposto pelo requerente ou pelo requerido visando a suprir eventual omissão, obscuridade ou contradição contida no acórdão.
a decisão do Supremo Tribunal Federal em ação direta que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de uma norma não tem efeito automático sobre sentenças pretéritas, isto é, não produz a automática reforma ou rescisão de decisões judiciais anteriores que tenham adotado entendimento diferente.
Para que isso ocorra, é indispensável a interposição de recurso próprio ou, em se tratando de decisão já transitada em julgado, a propositura de ação rescisória, se ainda houver prazo para a adoção de tais medidas. A ação rescisória só pode ser ajuizada no exíguo prazo de dois anos,
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão
A partir de 1988, passou a reconhecer o texto constitucional que o desrespeito à Constituição pode advir não só de uma ação, de um ato positivo, quando os órgãos constituídos atuam em desconformidade com as normas e princípios daquela, mas também da omissão ou do silêncio, quando os órgãos permanecem inertes, não cumprindo seu dever de elaborar as leis ou os atos administrativos normativos indispensáveis à eficácia e aplicabilidade da Lei Maior.
Dessarte, a inconstitucionalidade por omissão verifica-se naqueles casos em que não sejam praticados atos legislativos ou administrativos normativos requeridos para tornar plenamente aplicáveis normasconstitucionais, já que muitas destas requerem uma lei ou uma providência administrativa ulterior para que os direitos ou situações nelas previstos se efetivem na prática. Nessas hipóteses, se tais direitos não se realizarem, por omissão do legislador ou do administrador em produzir a regulamentação necessária à plena aplicação da norma constitucional, tal omissão poderá caracterizar-se como inconstitucional.
legitimidade
Ativa: Igual ao da ADI.
Única ressalva: não poderá propor uma ação direta por omissão se ele é a autoridade competente para iniciar o processo legislativo questionado nessa ação.
Passiva: o órgão ou autoridade que não cumpriu o dever que lhe foi imposto pela Constituição, de editar a norma faltante para a concretização do direito constitucional.
Procedimento
A petição deverá indicar a omissao inconstitucional, total ou parcial, quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa, bem como o pedido, com suas especificações.
Submete-se ao princípio da indisponibilidade, ou seja, uma vez proposta a ação, não se admitirá desistência.
a oitiva do Advogado-Geral da União em ação direta de inconstitucionalidade por omissão continua não sendo obrigatória, podendo o relator ouvi-lo, ou não. Já a manifestação do Procurador-Geral da República, nas ações diretas de inconstitucionalidade por omissão em que não for autor, é obrigatória.
Com efeito, o Procurador-Geral da República, nas ações em que não for autor, terá vista do processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo para informações.
Medida cautelar
Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, desde que presentes à sessão de julgamento pelo menos oito ministros, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. Essa previsão legal para a concessão de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade por omissão tornou superada jurisprudência consagrada do Supremo Tribunal Federal, que entendia ser incabível tal medida em sede de ADO.
Efeitos da decisão
Declarada a inconstitucionalidade por omissão, por decisão da maioria absoluta de seus membros, desde que presentes à sessão de julgamento pelo menos oito ministros, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias. 102
Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de trinta dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido.
Se a omissão for de um dos Poderes do Estado, não há que se falar em fixação de prazo para a edição da norma faltante. 103 Porém, se a omissão for de um órgão administrativo (subordinado, sem função política, meramente executor de leis ou políticas públicas), será fixado um prazo de trinta dias, ou outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, para sua atuação visando a suprir a omissão inconstitucional.
ADO X Mandado de injunção
Os provimentos judiciais nas duas ações reconhecem igual situação: a omissão inconstitucional do órgão, legislativo ou administrativo, em cumprir dever de editar norma reclamada pela Constituição.
O mandado de injunção destina-se à proteção de direito subjetivo do autor, cujo exercício está obstado em razão da falta de norma regulamentadora, havendo, portanto, um interesse jurídico específico manifestado diante de um caso concreto (em que o indivíduo busca exercitar esse interesse).
Ao contrário, a ADO configura controle abstrato de constitucionalidade e, sendo processo objetivo, é instaurada sem relação a um caso concreto de interesse do autor da ação.
A legitimação para a propositura do mandado de injunção é conferida ao titular do direito subjetivo que não pode ser exercido por falta da norma regulamentadora. Na ADO, o direito de propositura está limitado às pessoas e órgãos especificamente designados no art. 103, incisos I a IX, da Constituição Federal.
O julgamento da ADO em face da Constituição Federal é da competência privativa do Supremo Tribunal Federal, ao passo que a competência para a apreciação dos mandados de injunção também foi outorgada a outros órgãos do Poder Judiciário.
Ação declaratória de constitucionalidade
A ação declaratória de constitucionalidade - ADC foi introduzida no nosso sistema de controle de constitucionalidade abstrato pela Emenda Constitucional 3, de 17 de março de 1993. Instituiu-se, assim, novo instrumento de controle abstrato de constitucionalidade, consubstanciado em uma ação que visa diretamente à obtenção da declaração de que o ato normativo seu objeto é constitucional.
Nessa ação, o autor apenas comparece perante o Supremo Tribunal Federal para pedir que este declare a constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo. O seu objetivo é, portanto, abreviar o tempo - que em muitos casos pode ser longo - para obtenção de uma pronúncia do STF sobre a constitucionalidade de certo ato, que esteja originando dissenso nos juízos inferiores, consubstanciando um verdadeiro atalho para encerrar a controvérsia sobre a sua legitimidade.
O STF converte a presunção relativa de constitucionalidade da norma - atributo presente em todos os atos do Poder Público - em uma presunção absoluta de constitucionalidade, haja vista que sua decisão não poderá ser contrariada pelos demais órgãos do Poder Judiciário ou pela Administração Pública, direta e indireta, em todas as esferas.
legitimados
Os legitimados são os mesmos da ADI: as regras básicas do procedimento de ADI são aplicáveis ao procedimento de ADC.
Há somente um aspecto que as diferencia: o pedido do autor, que, na ADI, é pela declaração da inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, enquanto, na ADC, é pela declaração da constitucionalidade da lei ou ato normativo.
Entende o STF, porém, que é possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle abstrato (ADI ou ADC), desde que cumpridos os requisitos para a propositura das correspondentes ações (por exemplo, pertinência temática, em se tratando de legitimado especial; demonstração da existência de relevante controvérsiajudicial, no caso do pedido típico de ADC).
A ação direta e a ação declaratória podem ser propostas a qualquer tempo, já que não se sujeitam a prazos de decadência ou prescrição. Uma vez propostas, não será admitida a desistência.
Nas duas ações não é admitida a intervenção de terceiros, disciplinada no Código de Processo Civil, com exceção da possibilidade de intervenção, na condição de amicus curiae, de órgãos e entidades não legitimados pelo art. 103 da Constituição Federal.
O Procurador-Geral da República atuará obrigatoriamente nos procedimentos de ADI e ADC, nos quais emitirá o seu parecer com plena autonomia.
objeto
O objeto da ação declaratória de constitucionalidade está limitado exclusivamente às leis ou atos normativos federais.
Há, portanto, uma relevante distinção entre o controle abstrato realizado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de ADI e aquele exercido via ADC. No primeiro, poderão ser impugnados leis e atos normativos federais e estaduais, além dos atos expedidos pelo Distrito Federal no desempenho de sua competência estadual. Já em sede de ADC, só poderá ser requerida a declaração da constitucionalidade de leis e atos normativos federais.
Controvérsia judicial 
Só vale para ADC!!!!
Constitui pressuposto para o ajuizamento de ADC a existência de controvérsia judicial que esteja pondo em risco a presunção de constitucionalidade da lei ou ato normativo.
A controvérsia deverá ser demonstrada na petição inicial, pela indicação da existência de ações em andamento em juízos ou tribunais inferiores em que a constitucionalidade da lei esteja sendo impugnada, e deverão ser levados ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal os argumentos pró e contra a constitucionalidade da norma, possibilitando que essa Corte uniformize o entendimento sobre a sua legitimidade.
Sem a observância desse pressuposto de admissibilidade, toma-se inviavel a instauração do processo de :fiscalização normativa em sede de ADC, pois a inexistência de controvérsia judicial sobre a validade da lei culminaria por converter essa ação declaratória em um inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal. Por isso, se o autor da ADC não comprovar a existência de relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei, a ação não será conhecida pelo Supremo Tribunal Federal.
Portanto, a relevante controvérsia deverá ser judicial, entre os órgãos do Poder Judiciário; a mera polêmica doutrinária, entre os estudiosos do direito, não autoriza a propositura de ADC.
Legitimidade passiva
ADC não tem!!!!
Quando estudamos o procedimento de ação direta de inconstitucionalidade, vimos que após a propositura dessa ação o relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, que deverão prestá-las no prazo de trintas dias contado do recebimento do pedido. Esse pedido de informações não ocorre em ação declaratória de constitucionalidade. A razão para isso é que no processo desta ação não há legitimado passivo, tendo em vista que nela não há ataque a algum ato, não é impugnada uma lei ou um ato normativo, mas sim solicitada a declaração de sua constitucionalidade, de sua legitimidade.
Medida cautelar
No ADC é diferente!!!
Observa-se que na ação declaratória de constitucionalidade a eficácia da medida cautelar não implica suspensão da norma objeto da ação, já que nesta ação o pedido é justamente o reconhecimento da constitucionalidade da norma. A medida cautelar consistirá numa determinação para que os demais
órgãos do Poder Judiciário suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo até a apreciação do mérito da ação pelo Supremo Tribunal Federal.
A par disso, o Pretório Constitucional firmou entendimento de que a medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade possui efeito vinculante, obrigando todos os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
Assim, o provimento cautelar deferido pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, além de produzir eficácia erga omnes, reveste-se de efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
A eficácia vinculante, que qualifica tal decisão - precisamente por derivar do vínculo subordinante que lhe é inerente-, legitima o uso da reclamação perante a Corte Suprema, se e quando a integridade e a autoridade da decisão proferida por esse Tribunal forem desrespeitadas.
Determina a lei que uma vez concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.
Não atuação do Advogado-Geral da União
O Supremo Tribunal Federal afastou a obrigatoriedade de citação do Advogado-Geral da União no processo de ADC, entendendo que nessa ação, porquanto se esteja buscando exatamente a preservação da presunção de constitucionalidade do ato que é seu objeto, não há razão para que este órgão atue como defensor dessa mesma presunção.
Arguição de descumprimento de preceito fundamental
A previsão constitucional para que o Supremo Tribunal Federal aprecie ato que atente contra preceito fundamental decorrente da Carta da República está no art. 102, § 1.0
Nos termos em que foi regulada aADPF pelo legislador ordinário, questões até então não passíveis de apreciação nas demais ações do controle abstrato de constitucionalidade (ADI e ADC) passaram a poder ser objeto de exame. Os exemplos mais notórios são a possibilidade de impugnação de atos
normativos municipais em face da Constituição Federal e o cabimento da ação quando houver controvérsia envolvendo direito pré-constitucional. Ainda, impende observar que a ADPF não se restringe à apreciação de atos normativos, podendo, por meio dela, ser impugnado qualquer ato do Poder Público de que resulte lesão ou ameaça de lesão a preceito fundamental decorrente da Constituição Federal.
Legitimados
Os mesmo da ADI
, Objeto da ADPF e conteúdo do pedido
Observa-se que a primeira hipótese cuida de ação em face de ato in genere praticado pelo Poder Público (ou que esteja na iminência de ser praticado, hipótese em que teremos a ADPF preventiva), abrangendo, ainda, as omissões do Poder Público que acarretem violação de preceito constitucional fundamental.
Impende anotar que o legislador estabeleceu a possibilidade de ADPF preventiva, ao dispor que será cabível a ação para "evitar" lesão a preceito fundamental.
Na segunda hipótese permite-se aferir, in abstracto, a validade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, anteriores ou posteriores à Constituição, sobre os quais exista controvérsia judicial que tenha fundamento relevante, e desde que, em razão dessa controvérsia, ou da aplicação ou não aplicação do ato, esteja sendo violado preceito fundamental.
Corolário do sobreprincípio da segurança jurídica, firmou-se a jurisprudência do STF pela impossibilidade de processamento de ADPF que tenha por objeto, exclusivamente, decisão judicial transitada em julgado.116
Como acima aludido, o novo instituto poderá ser utilizado, também, para controle da omissão inconstitucional, porquanto a lesão a preceito fundamental poderá advir da inércia do legislador em regulamentar direito previsto na Constituição Federal. Embora a ADPF seja regida pelo princípio da subsidiariedade - que impede o seu conhecimento sempre que exista outro meio juridicamente apto a sanar, com efetividade real, a lesão ou ameaça de lesão decorrente do ato impugnado -, o STF já firmou posição acercado seu cabimento emface de omissão do Poder Público. Entendeu a Corte Suprema que o outro meio processual existente em nosso ordenamento – a ação direta de inconstitucionalidade por omissão - não se enquadra como medida verdadeiramente eficaz contra a lesão, em razão dos efeitos da decisão nela proferida.
Subsidiariedade da ADPF
O legislador ordinário, portanto, conferiu à ADPF a natureza de ação excepcional, subsidiária, residual, enfim, o caráter de remédio extremo. Com efeito, nos termos da lei, somente será cabível a ADPF se não for possível sanar a lesividade do ato que se quer impugnar mediante a utilização de "qualquer outro meio" que seja eficaz para tanto.
Petição inicial
A petição inicial será apresentada em duas vias, devendo conter a indicação do preceito fundamental que se considera violado, a prova da violação do preceito fundamental, indicação e cópia do ato questionado, o pedido, com suas especificações e, se se tratar de ADPF ajuizada com fulcro no inciso I do parágrafo único do art. 1.0 da Lei 9.882/1999, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado.
A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de arguição de descumprimento de preceito: fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos na Lei 9.882/1999, ou for inepta. Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá agravo, no prazo de cinco dias. Apreciado o pedido de liminar, se houver, o relator solicitará as informações às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de dez dias. Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os ministros, e pedirá dia para julgamento. O Ministério Público, nas arguições que não houver formulado, terá vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.
Vale lembrar que o § 1.0 do art. 103 da Carta da República determina que o Procurador-Geral da República seja previamente ouvido em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
Embora a Lei 9.882/1999 não obrigue, o Supremo Tribunal Federal tem exigido a participação do Advogado-Geral da União (AGU) no âmbito da arguição de descumprimento de preceito fundamental.
Medida liminar
A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.123
Como se vê, a liminar concedida em ADPF possui eficácia geral e poderá ter, se o STF assim determinar, efeito vinculante.
Caso a ADPF tenha por objeto direito pré-constitucional, editado na vigência de Constituições pretéritas, a decisão do Supremo Tribunal Federal reconhecerá a sua recepção ou revogação, tendo em conta a sua compatibilidade, ou não, com a Constituição Federal de 1988.
Ao contrário das decisões proferidas em ADI e ADC, que só produzem efeitos a partir da publicação da ata de julgamento no Diário da Justiça, a decisão de mérito em ADPF produz efeitos imediatos, independentemente de publicação do acórdão.

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