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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Ms. Nilza Maria Coradi de Aráujo Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental • Introdução • Práticas de Gestão Ambiental • Ferramentas para a Sustentabilidade • A produção mais Limpa e a Ecoeficiência • A Pegada Ecológica • Finalizando a Unidade · Discutir a implementação de mudanças corporativas em organiza- ções de acordo com o conceito de desenvolvimento sustentável em seus negócios. Apresentar algumas ferramentas que funcionam como agentes de consolidação desse novo paradigma de gestão e a implan- tação desses instrumentos como uma das grandes responsáveis pela melhoria do desempenho econômico, social e ambiental de empresas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Introdução Cada vez mais a gestão ambiental é considerada um componente de um processo bem mais abrangente, onde o objetivo é a sustentabilidade das organizações. A gestão ambiental está diretamente relacionada às tendências que provocam as empresas a buscarem formas novas de gestão. As tendências principais são a gestão da sustentabilidade organizacional e a responsabilidade social. As organizações consideradas sustentáveis são as que conseguem atingir um bom desempenho econômico aliado ao bom desempenho ambiental e social. O desafio principal para as organizações atingirem a sustentabilidade é encontrar uma nova forma de gestão. A gestão da sustentabilidade acontece por meio da gestão das ações ambientais e sociais gerando novas oportunidades econômicas; tais ações podem acontecer tanto internamente como externamente à organização. As ações internas estão baseadas nas preocupações com o aumento da poluição, com o aumento e formas de consumo e da produção dos resíduos após consumo e criam mecanismos de combate à poluição, com redução de resíduos e emissões provenientes das operações produtivas. O objetivo é melhorar os índices de ecoeficiência que reduzem os custos e otimizam a gestão da organização. Externamente, as ações são motivadas pela resposta da sociedade civil e maior transparência; as empresas procuram desenvolver produtos com menores impac- tos ambientais. Essa nova forma de gestão e desenvolvimento de produtos traz para a organização a melhoria da sua imagem junto à sociedade e maior legitimi- dade organizacional. As principais motivações para que uma organização busque a sustentabilidade é a revolução ambiental, a busca pelas tecnologias limpas e a divulgação das marcas das organizações e ideia socioambiental. Como contrapartida, as organizações podem se beneficiar também com o posicionamento favorável da organização diante de seus concorrentes. Com a adequada gestão da organização, as ações internas e externas podem criar um valor da instituição junto aos investidores, além de gerar situações de melhoria nos resultados ambiental e social. Práticas de Gestão Ambiental As organizações podem estar envolvidas com a gestão ambiental de diferentes maneiras e em diferentes níveis. Esses diferentes níveis refletem o grau de comprometimento de uma organização em relação ao meio ambiente e o grau do seu envolvimento quanto ao planejamento, organização e controle dos instrumentos de gestão ambiental. 8 9 As muitas práticas operacionais incluem as mudanças nos produtos e sistemas de produção das organizações, que são vitais no rumo da gestão ambiental. Podemos classificar as práticas ambientais em dois grupos: produtos e processos produtivos. As práticas relacionadas a produtos têm como foco projetar e desenvolver produtos ambientalmente mais adequados. Isso envolve projetos para reduzir a poluição e a toxidade de matérias-primas, com o objetivo de reduzir a quantidade de recursos e diminuir os desperdícios, aumentando a reutilização e reciclagem. Algumas maneiras operacionais em relação aos produtos são: mudança de materiais poluentes ou tóxicos; alteração do projeto dos produtos com foco na diminuição do consumo de recursos naturais e a redução dos desperdícios no uso dos produtos; redução da geração de resíduos; reutilização e reciclagem, de acordo com a análise do ciclo de vida dos produtos. O desenvolvimento de produtos com o foco na redução de recursos e desperdícios é uma importante prática de gestão ambiental e está direcionado a produtos que consumam menos energia, menos água e menos matéria-prima e que possam ser reciclados e reutilizados. Para tanto, é importante a adoção de práticas focadas na ecoeficiência, buscando a diminuição dos impactos ambientais da área de produção e operação das empresas. Para apresentar produtos melhores do ponto de vista ambiental, é necessária a adoção de práticas chamadas de 3 Rs da gestão ambiental: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Ferramentas para a Sustentabilidade A perspectiva de uma empresa sustentável insere na organização uma racionalidade nos processos de produção com a economia sendo um meio para buscar a justiça social e a distribuição de renda. O pensamento para a atuação empresarial sustentável deve estar pautado no princípio de que os processos produtivos eficientes são os que estão diretamente ligados aos benefícios coletivos e aos valores de cidadania corporativa. Neste novo princípio, são adotadas as dinâmicas ambientais, sociais e econômicas, onde há o estímulo de hábitos conscientes de consumo e produção de bens que não impactam negativamente o meio natural. De forma mais objetiva, para uma organização se tornar sustentável, entre outras coisas, é necessário alterar suas formas de gestão, minimizando os impactos ao meio ambiente em função de suas atividades, reduzir o consumo de matéria- prima e energia ao longodo clico de vida de seus produtos e serviços. No processo de construção da sua sustentabilidade, a organização deve estabelecer uma política onde em todas as suas ações exista a visão de planejamento e de operação em curto, médio e longo prazo. Existem fatores que são fundamentais para 9 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental se atingir esse objetivo, um deles é a adoção de ferramentas como a ecoeficiência, levando a empresa a uma melhor e maior produção com menor uso de matéria- prima e recursos naturais, atuando de forma mais responsável socialmente. A produção mais Limpa e a Ecoeficiência Entre os conceitos mais presentes nas organizações, estão a ecoeficiência e a produção mais limpa, que se relacionam e se complementam, fortalecendo os siste- mas de gestão ambiental nas empresas. Os objetivos da ecoeficiência e da produção mais limpa é a sustentabilidade, ou seja, conseguir que os recursos naturais se trans- formem efetivamente em produtos e não gerem resíduos (Dias, 2015). Ecoeficiência O conselho empresarial para o desenvolvimento sustentável, no informe chamado “Mudando o Curso”, assim definia as empresas ecoeficientes: aquelas empresas que alcancem de forma contínua maiores níveis de eficiência, evitando a contaminação mediante a substituição de materiais, tecnologias e produtos mais limpos e a busca do uso mais eficiente e a recuperação dos recursos através de uma boa gestão. A partir deste momento, o conceito de ecoeficiência vem sendo desenvolvido pelo WBCSD e demais organizações. No primeiro workshop ampliado de ecoeficiência em 1993, foi elaborada a seguinte definição: A ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que pelo menos, respeite a capacidade de sustentação estimada para o planeta. (Dias, 2015 apud wbcsd, 2000). O conceito de ecoeficiência engloba três objetivos principais: · Diminuir o consumo de recursos, incluindo a minimização da utilização de energia, dos materiais, da água e solo com favorecimento da reciclagem e durabilidade do produto no intuito de fechar o ciclo dos materiais; · Diminuir o impacto na natureza, incluindo a redução das emissões gasosas e líquidas, reduzir desperdícios e dispersão das substâncias tóxicas e promover o incentivo da utilização consciente dos recursos renováveis; · Melhorar o valor de serviços e produtos, fornecendo mais benefícios aos clientes, oferecendo mais serviços extras, vendendo necessidades funcionais. 10 11 A ideia de introduzir práticas ecoeficientes está relacionada à melhoria contínua e, por conta disso, é importante ter em mente a capacidade de um sistema de resistir a diferentes impactos ambientais. A ecoeficiência se alcança pela entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que seus impactos ecológicos são reduzidos a um nível equivalente à capacidade de carga do planeta (Almeida, 2002). A ecoeficiência faz a junção do desempenho econômico com o desempenho ambiental com o intuito de criar valores com um menor impacto ambiental. O uso demasiado dos recursos naturais desequilibra o sistema econômico e o socioambiental. Uma forma de fazer a avaliação da implantação de sistema de sustentabilidade é avaliando a quantidade de resíduos gerados ao longo da linha de produção e serviços. A ecoeficiência promove a mudança dos fluxos de material, como a customização de produtos, reduzindo o desperdício, pois os recursos indesejados pelo consumidor deixam de ser produzidos. Essa estratégia “verde” de produção alinha naturalmente a gestão da qualidade, a gestão da sustentabilidade e a gestão estratégica empresarial com a gestão do conhecimento, ferramentas fundamentais para o empresariado do século XXI (Leal, 2009). Para alcançar a ecoeficiência, as empresas precisam traçar estratégias de gestão ambiental nas quais aspectos ambientais são considerados no ciclo de vida dos seus produtos e serviços, no sentido de unir a excelência ambiental com a empresarial. Para implantar esse sistema de gestão na empresa, algumas práticas devem ser consideradas, como: reduzir o consumo de energia com bens e serviços; reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; reduzir a emissão de substâncias tóxicas; aumentar a reciclagem de materiais; maximizar o uso de recursos renováveis; prolongar a durabilidade dos produtos; agregar valor aos bens e serviços. Início: Decisão de implan- tação\Diagnóstico Estratégias/ sensibilização & Alinhamento organizacional Plano Estratégico & Indicadores Plano de Ação/ Certicação Gestão dos Indicadores/ Monitoramento Gestão da Ecoeciência Etapas de Ecoeciência Figura 1 11 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Responsabilidade Social Empresarial (RSE) A responsabilidade social é um dos aspectos do movimento ambiental tanto de indivíduos como de organizações em todos os setores: privado, público ou terceiro setor. Existem diversas definições de responsabilidade social empresarial, mas na prática o conceito de RSE é promover um comportamento empresarial que harmoniza os elementos sociais e ambientais que podem não estar inseridos na legislação, mas que atendem às necessidades da sociedade em relação à organização. Esse conceito é chamado de sustentabilidade corporativa, baseado nas três dimensões da sustentabilidade: responsabilidade ambiental, responsabilidade social e responsabilidade econômica. Hoje, para uma empresa, a corresponsabilidade pelo ambiente, pela sociedade, pelo país é um diferencial competitivo, onde a organização consegue agregar valor à sua marca. Ao assumir uma responsabilidade social, mostra a ideia do empresário consciente, que deseja uma nova forma de fazer negócio, que juntamente com a coletividade e com o estado busca um novo modo de resolver problemas, o que é chamado de “cidadania compartilhada”; é quando as empresas se abrem para construir uma sociedade mais democrática, mais humana e mais justa. Com isso as empresas sustentáveis conseguem uma posição de destaque no modelo de mercado atual. O conceito de responsabilidade social corporativa (RSC) pode ser entendido como o comprometimento permanente do empresariado em adotar um comportamento ético e transparente e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente melhorando a qualidade de vida de seus empregados e familiares, comunidade local e da sociedade como um todo, tendo como valores essenciais: o respeito aos direitos humanos e aos direitos trabalhistas, e valorização do bem- estar das comunidades e do progresso social (Leal, 2009). Como uma ferramenta de gestão, a responsabilidade social não é somente um fator de competitividade, mas também um ato de sobrevivência para as empresas. A Pegada Ecológica Como já discutido anteriormente, avançamos sobre nosso planeta consumindo seus recursos como se fossem infinitos. A pegada ecológica é um mecanismo criado com o objetivo de dimensionar a marca que deixamos no Planeta. Consumimos cerca de 25% a mais do que a natureza é capaz de suprir (Ideia sustentável, 2017). No sentido de equacionar essa relação, a pegada ecológica se mostra como uma forma de interpretar a realidade, indicando as mudanças necessárias nos modelos de produção, consumo e comportamento para o uso mais consciente dos recursos naturais. Uma mudança profunda no padrão da civilização atual, que deve se iniciar nas atitudes de cada um. 1213 Os cálculos da Pegada Ecológica se iniciaram em meados de 1960 e começaram a ser realizados pela Global Footprint Network; nesse momento a população humana usava em torno de 70% da capacidade produtiva do planeta. Em 1987, pela primeira vez a humanidade consumiu mais recursos do que o planeta era capaz de oferecer. O relatório Planeta Vivo, elaborado pela WWF e Global Footprint Network em 2006, mostra que se essa tendência de consumo for mantida, em 2050 os seres humanos vão demandar duas vezes mais recursos do que o Planeta é capaz de oferecer. Uma das piores consequências desse cenário é a perda de serviços ambientais e biodiversidade. Analisar até que ponto o impacto dos seres humanos na Terra já ultrapassou o limite da capacidade biológica é fundamental para alcançar padrões de vida, tecnologias e processos mais sustentáveis. A pegada ecológica pode ser útil para medir e gerenciar o uso de recursos naturais em toda atividade econômica. Também pode ser um indicativo importante para motivar a sustentabilidade dos estilos de vida individuais, dos produtos, serviços, organizações, indústrias, cidades e nações. A pegada ecológica tem o objetivo de demonstrar de forma honesta o desafio de reduzir nossos impactos na natureza. É ferramenta de análise muito simples, mas eficiente (Dias, 2015). A pegada ecológica é uma forma de traduzir, em hectares, a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para atender suas necessidades. De forma geral, as sociedades mais industrializadas utilizam mais espaços de produção do Planeta em relação às populações de culturas ou sociedades menos industrializadas. Suas pegadas ecológicas são maiores porque, quando utilizam recursos de várias partes do mundo, afetam locais cada vez mais distantes. A forma ou estilo de vida e do consumo de um indivíduo, de uma família ou de uma sociedade tem influências locais e globais. “Os EUA, por exemplo, consomem 43% da gasolina do Planeta para movimentar internamente 5% da população global, com isso impactam o clima e a vida de todos no mundo”, afirma Eduardo Athayde, diretor da Universidade da Mata Atlântica (UMA), organização que representa o World Watch Institute no Brasil (Ideia Sustentável, 2017). Segundo o relatório Planeta Vivo, elaborado pela WWF e Global Footprint Network, a pegada ecológica per capta dos países industrializados estão bem acima da média ideal de 1,8 hectares globais. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice é de 9,6, enquanto na Somália é de apenas 0,4. De maneira geral, nenhum país dá conta do desafio de oferecer o bem-estar social da sua população sem comprometer a disponibilidade de recursos naturais. A pegada ecológica é uma ferramenta que permite ampliar a percepção das pessoas a respeito da sua contribuição pessoal às pressões sobre os recursos ambientais. Facilita a percepção das pressões causadas por diferentes países e seus padrões de produção e consumo” (Dias, 2015). Analisar nossa atitude é a melhor forma de reduzir a pegada ecológica. Devemos repensar muito o nosso consumo. 13 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Pe ga da Ec ol óg ica (n úm er o d e p la ne ta s T er ra ) 1961 1970 1980 1990 2000 2008 Legenda Áreas construídas Pastagens Pesqueiros Florestas Áreas de cultivo Carbono Ano Figura 2 O Consumo Consciente Consumo consciente é o ato de adquirir e usar bens de consumo, alimentos e recursos naturais de forma a não exceder as necessidades. Além de ser uma questão de cidadania, as atitudes de consumo consciente ajudam a preservar o meio ambiente. É necessário que fiquemos atentos aos nossos hábitos cotidianos, como o tempo gasto no banho, e a busca por tecnologias mais eficientes, inclusive as mais simples, para aquecer a água, por exemplo. O simples fato de deixar os aparelhos eletrônicos em standby, por exemplo, pode aumentar em até 11% o consumo de energia, segundo pesquisas. Reavaliar a necessidade de descolamentos com automóveis é outro ponto importante; o setor de transportes é responsável por 14% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa. É importante ressaltar que quanto maior a consciência do consumo, mais efetivas as contribuições para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, pois ao basearem as decisões de compra em critérios socioambientais, os consumidores adquirem o direito de punir ou recompensar as empresas em consequência da sua postura, induzindo padrões mais sustentáveis no mercado. Apesar de figurarem entre os mais preocupados com as mudanças climáticas, por exemplo, os consumidores brasileiros também estão entre os mais acomodados em relação a mudanças em comportamentos para reduzir impactos no meio ambiente. Na média, não conseguimos estabelecer as conexões que existem entre os nossos hábitos com os problemas ambientais. Não é tão simples perceber que o modo de se locomover, descartar resíduos são responsáveis pelo aquecimento global, por exemplo. Reconhecemos que o desmatamento na Amazônia é um problema a ser enfrentado, mas na hora de 14 15 comprar móveis não perguntamos de onde vem a madeira. Apesar de termos informações, continuamos consumindo da mesma forma (Ideia Sustentável, 2017). Segundo Dias (2015), a resistência a mudanças de hábito se deve ao modelo civilizatório atual, consolidado pelos sistemas de ensino e meios de comunicação. “O analfabetismo ambiental atrelado à ganância e a busca do poder, da acumulação simples de coisas e dinheiro, são os principais desafios para redução da pegada ecológica. As pessoas se apegaram ao consumismo como objetivo de vida, símbolo de sucesso”, ressalta. Para mudar nosso padrão civilizatório atual, é necessário um novo modelo educacional, pois o modelo de civilização atual é predatório, excludente e gerou essa situação de insustentabilidade planetária. Precisamos de uma educação baseada em outra visão de mundo, que seja holística, sistêmica e estimule o respeito à diferença. Como Reduzi-la · Reutilizar sempre que seja possível; · Reduzir ao máximo o consumo; · Separar os resíduos recicláveis (papel, vidro, plástico, pilhas, tecido,...) e encaminha-los para uma empresa de reciclagem; · Tomar ducha em vez de banho de imersão; · Recolher a água da chuva para regar as plantas; · Optar por materiais de construção ecológicos. Processos, Produtos e Ciclos Fechados Fazer a análise dos processos, produtos e práticas de determinada corporação e de sua cadeia de valor tem se tornado questão de sobrevivência para os negócios. Assuntos como biodiversidade, eficiência energética, reciclagem de resíduos, análise do ciclo de vida dos produtos, redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, neutralização de carbono passaram a ser assuntos constantes nas companhias. Precisamos desenvolver tecnologias baseadas na natureza em que nada se perde, tudo se transforma. É necessário buscar formas de utilizar resíduos como matéria-prima, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos e descarte na natureza. Analisar para onde estão indo os resíduos, desenvolver formas de reduzir sua produção, reutilizá-los e reciclá-los. E procurar trabalhar com ciclos fechados, assim como na natureza, em que o resíduo de um processo torne-se matéria-prima para outra atividade. 15 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Figura 03 Finalizando a Unidade Nesta unidade, apresentamos algumas características do processo de transformação pelo qual as empresas estão passando, de modo a alterar a sua forma gerencial tradicional, baseada em premissas puramente econômicas, para se posicionar no futuro mercado verde como uma organização sustentável.Apresentamos a ecoeficiência e práticas de responsabilidade social como ferramentas de gestão, um caminho a ser percorrido por essas organizações sustentáveis, promovendo a gestão sustentável de seus processos produtivos, desde o consumo de matéria-prima e de insumos até a reciclagem dos resíduos provenientes de seus produtos e serviços. Apresentamos alguns direcionamentos utilizados para a transformação das empresas em organizações sustentáveis; é fundamental a verificação do nível de sustentabilidade da empresa, por meio da construção e implementação de indicadores de sustentabilidade, que permitam quantificar e acompanhar a evolução do grau de comprometimento da organização com o desenvolvimento sustentável. Concluímos que a construção de um futuro sustentável nas empresas só é possível pelo estabelecimento de mudanças corporativas e pela adoção de práticas gerenciais transparentes que valorizem as dimensões sociais e ambientais e econômicas, melhorando a qualidade de vida, o bem-estar social, o equilíbrio econômico entre as nações e o respeito ao meio ambiente. Acreditamos que a era das organizações sustentáveis é um caminho sem volta para este novo milênio e o despertar de toda a sociedade global no que tange à preservação da biodiversidade global, à prosperidade econômica da sociedade, à equidade social para os povos e à manutenção da vida do planeta como um todo. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos A história das coisas – Dublado Parte 1 Tides Foundation, Funders Workgroup for Sustainable Production and Consumption, Free Range Studios. The story of stuff. Publicado por Cerradowikibr. A história das coisas – Dublado Parte 1. https://youtu.be/ZpkxCpxKilI A história das coisas – Dublado Parte 2. Tides Foundation, funders workgroup for Sustainable Production and Consumption, Free Range Studios. The story of stuff. Publicado por Cerradowikibr. A história das coisas – Dublado Parte 2. https://youtu.be/ZgyNw5pIXE8 Leitura Estudo do Indicador de Sustentabilidade Pegada Ecológica: uma Abordagem Teórico-Empírica RIBEIRO, Márcia França; PEIXOTO, José Antonio Assunção; XAVIER, Leydervan de Souza. Estudo do indicador de sustentabilidade pegada ecológica: uma abordagem teórico-empírica. In: XVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. A energia que move a produção: um diálogo sobre integração, projeto e sustentabilidade. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007. https://goo.gl/EBRYBi 17 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Referências ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015. Ideia sustentável. O desafio da redução da pegada ecológica. Disponível em: <http://ideiasustentavel.com.br/o-desafio-da-reducao-da-pegada-ecologica/>. Acesso em: 12 mar. 2017. LEAL, C. E. A era das organizações sustentáveis. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 8, n. 8, p. 1-11, 2009. Disponível em: <http://www.castelobranco. br/sistema/novoenfoque/files/08/04.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2017. VAN BELLEN, Hans Michel. Indicadores de sustentabilidade. Rio de Janeiro: FGV, 2007. Wbcsd. A ecoeficiência: criar mais valor com menos impacto. Lisboa: WBCSD, 2000. Disponível em: <www.wbcsd.org>. 18
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