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7.MarceloOliveira

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78 
Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248 
Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010 
GT 1. Gênero e políticas públicas – Coord. Silvana Mariano 
 
 
O Serviço Social na habitação: 
O trabalho social como instrumento de 
acesso das mulheres à moradia 
 
 
Marcelo Nascimento de Oliveira 
1
 
Latif Antônia Cassab 
2
 
 
 
Resumo 
O trabalho social inserido nos Programas Habitacionais tem se constituído 
de importância fundamental para garantir o acesso de famílias de baixa 
renda à moradia, ao mesmo tempo em que fortalece a perspectiva de 
sustentabilidade de gênero, posta pela Política pública de Habitação. Assim, 
neste trabalho pretendemos discorrer sobre a atuação do Assistente Social, 
na perspectiva de gênero, dada nos eixos de Mobilização e Organização 
Comunitária e Geração de Trabalho e Renda, nos Projetos de Habitação 
para o segmento de interesse social. Trata-se do resultado de uma pesquisa 
qualitativa, apoiada no estudo de caso, cuja origem está vinculada à nossa 
experiência e formação profissional, realizado na Companhia de Habitação 
de Londrina em 2007 e, 2008-09, na Caixa Econômica Federal, nas áreas de 
Regularização Fundiária e Desenvolvimento Urbano. 
Palavras-chave: Política Pública de Habitação. Habitação de Interesse 
Social. Mulher Chefe de Família. 
 
 
1 Assistente Social, graduado pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana. 
Mestrando em Serviço Social e Política Social, da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: 
marcelonasd@yahoo.com.br 
2 Doutora pela PUC-SP. Docente e pesquisadora da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de 
Apucarana, Curso de Serviço Social. E-mail: latif_cassab@yahoo.com.br 
 
79 
Introdução 
Eleger uma temática investigava, pressupõe, inicialmente, 
explorarmos as razões de ordem teórica e prática para o seu exercício 
contínuo. Assim, este trabalho é resultante de nossa formação profissional, e 
de uma pesquisa qualitativa realizada na Companhia de Habitação de 
Londrina, em 2007 e, em 2008-09, na Caixa Econômica Federal, nas áreas 
de Regularização Fundiária e Desenvolvimento Urbano, respectivamente. 
Percebendo as dificuldades dos profissionais na gestão e na execução 
técnico-operativa das ações propostas pelos Programas habitacionais, bem 
como a ausência de produção teórica norteadora da ação profissional dos 
Assistentes Sociais nos Projetos de Trabalho Social, iniciamos nossa 
investigação para conhecer os impactos do trabalho técnico do Assistente 
Social nos Programas de Habitação de Interesse Social no Município de 
Londrina, Paraná. 
Assim, este trabalho expressa nossos esforços de estudos e debates 
sobre habitação e gênero, na área de Serviço Social, a partir de nossa 
inserção no meio acadêmico, através de uma experiência de estágio no Setor 
de Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano – PR, da Caixa 
Econômica Federal de Londrina/PR e de pesquisa no exercício da docência, 
buscando contextualizar a Habitação enquanto uma política social, direito 
do cidadão e, os Projetos de Trabalho Social (PTTS) desenvolvido pela área 
Técnico Social da Caixa Econômica Federal, na Região Norte do Estado do 
Paraná, e, nestes, evidenciar as ações governamentais direcionadas às 
mulheres, chefe de família. 
 
Moradia: política social 
"A casa é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de 
estabilidade" 
Gaston Bachelard 
A Constituição Federal de 1988, através dos Artigos 182 e 183 
permitiu à sociedade brasileira e às três esferas de poder, um processo de 
redefinição de competências, transferindo aos Estados e aos Municípios a 
participação na gestão das Políticas Sociais, dentre elas a de saúde, a de 
assistência social, e, principalmente a de habitação de interesse social. No 
entanto, na realidade concreta do cotidiano, o aparato legal-burocrático, 
apesar de suas contínuas reestruturações administrativas, tem se manifestado 
de forma aquém das necessidades habitacionais requeridas pela população, 
em específico, as inseridas em segmentos sociais com baixo poder 
aquisitivo. 
 
80 
No Brasil, os aspectos históricos da habitação são contraditórios, 
sendo que, a moradia somente passou a integrar a concepção de direito 
social a partir da Emenda Constitucional nº 26/2000, através de um Projeto 
de Lei, proposto pelo Senador Roberto Pompeu de Souza Brasil às Câmaras 
dos Deputados e ao Senado Federal, alterando o Artigo 6º da Constituição 
Federal de 1988. 
Neste processo, ainda é evidente a grande dificuldade no 
entendimento da moradia como direito social que se constituiu, 
legitimamente, somente doze anos após a promulgação da Carta 
Constitucional. Assim, para que a moradia seja compreendida como um 
direito social é necessário que haja um esforço político por parte do Estado, 
na promoção de medidas capazes de incluir o reconhecimento deste direito 
nas diversas legislações, nas três esferas de poder. 
Alguns instrumentos internacionais apontam a moradia como direito 
social de grande relevância, para a exigência de implementação de medidas 
concretas por parte dos Estados, ao atendimento daqueles que não possui o 
acesso à habitação via mercado. Dentre os mais importantes, desses 
documentos, podemos citar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção sobre 
todas as Formas de Discriminação Racial, a Convenção sobre os Direitos da 
Criança, a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher. 
A Agenda Habitat, também é outro documento aprovado por 
consenso pelos países participantes da Conferência de Nacional de 
Assentamentos Humanos – Habitat II, da qual o Brasil é signatário. 
Conforme Fernandes (2003), neste documento os países participantes se 
comprometeram a implementar, monitorar e avaliar os resultados do seu 
Plano Global de Ação. Na Conferência Habitat II, também foi redigida e 
aprovada a Declaração de Istambul - uma manifestação de natureza política 
assinada pelos Chefes de Estado, com vistas às ações de aspectos sociais 
sustentáveis. 
No Brasil, conforme o Relatório da Missão Conjunta da Relatoria 
Nacional e da Organização das Nações Unidas (ONU), organizado entre 29 
de maio a 12 de junho de 2004, as cidade urbanas e rurais, apesar de 
amparadas em regulamentações legais, estão longe de oferecer condições e 
oportunidades equitativas a seus habitantes, em decorrência da falta de 
estrutura, e, principalmente, pela falta de compromisso político de seus 
governantes para com a população. Este documento comprova que a maior 
parte da população urbana está privada ou limitada – em virtude de suas 
 
81 
características econômicas, sociais, culturais, étnicas, de gênero e idade – nas 
possibilidades de satisfazer suas mais elementares necessidades 
Nas últimas décadas, a Política habitacional assim como as diversas 
políticas sociais, vem experimentando um desmonte, bem como nas 
estruturas responsáveis pelo atendimento às necessidades sociais postas 
pelas demandas da moradia social. Aliado à crise econômica, ou ideológica, 
do Estado capitalista neoliberal, os resultados têm sido: o forte 
empobrecimento da população, o aumento do desemprego, informalização 
do trabalho e ampliação do número de famílias em moradias inadequadas, 
configurando estes problemas como sinônimos de desigualdades, exclusão 
socioeconômica e sócio-espacial, causando impactos direto na vida das 
famílias que reivindicam por moradia. (BRASIL. Estatuto da Cidade. Lei 
10.257, de 10 de julho de 2001, p. 21). 
Conforme Siqueira (2006), tratando a habitação como direito social 
no bojo do capitalismo neoliberal, torna-se evidente a maneira regressiva 
pela qual se desenvolvemos mecanismos de proteção social à moradia, 
conduzida pelo Estado ao longo dos últimos vinte anos. Se, por um lado, a 
legislação brasileira assevera a garantia de atendimento aos seus cidadãos, 
por outro lado, compreende-se uma elevada parcela da população que 
sequer possui o direito de sobrevivência, pela violação constante de seus 
direitos, minando qualquer possibilidade de acesso à moradia digna. 
Nessa ótica de direitos sociais, nas duas últimas décadas, inúmeras 
políticas setoriais passaram a se desenvolver focalizadas no atendimento das 
famílias mais carentes, principalmente à mulher considerada chefe de 
família. Na última quadra histórica, a mulher transcende a condição de parte 
da família, responsável pelos afazeres domésticos, tornando-se comandante 
desta em diversas situações. 
Aliada aos novos arranjos familiares, também, em inúmeros 
contextos, para o sustento de uma família, se fez necessário agregar ao 
desemprego ou emprego assalariado do pai, trabalhos informais da mãe, de 
crianças ou de outros parentes. Neste sentido, a mulher, muitas vezes, torna-
se o membro principal do arrimo familiar, ingressando no mercado de 
trabalho, coordenando a renda e assumindo o cargo de chefia familiar. 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 
2002, a pesquisa “Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no 
Brasil”, aponta que em uma década, o número de mulheres responsáveis 
pelos domicílios brasileiros aumentou de 18,1% para 24,9%. Estes dados 
permitem observar as profundas transformações experimentadas pela 
sociedade brasileira, em seus aspectos demográficos, socioeconômicos e 
culturais, repercutindo em diferentes aspectos da familiar. 
 
82 
Com a crescente inserção das mulheres na esfera da produção, 
ampliou-se a necessidade de políticas sociais no atendimento às situações de 
moradia, emprego e renda, além das condições sociais básicas de saúde e do 
meio ambiente em que estas famílias se inserem. Nesta perspectiva, foram 
instituídos diversas Secretarias e Departamentos nos três âmbitos de 
Governo, com vistas à ampliação e qualificação dos Programas Sociais, 
democratizando o processo de participação popular e as decisões em torno 
do desenvolvimento urbano dos Municípios, que até então eram 
praticamente inexistentes. 
Dentre as políticas setoriais de desenvolvimento urbano, foi 
implementado o Estatuto das Cidades, Lei nº 10.257, de 10 de julho, de 
2001. Em seguida, no ano de 2003, foi criado o Conselho Nacional das 
Cidades e, em 2004, foi aprovada a nova Política Nacional de Habitação 
(PNH/2004). Desta forma, a Política Nacional de Habitação se legitimou 
com a criação do Sistema e Fundo Nacional de Habitação de Interesse 
Social (SNHIS/FNHIS), através da Lei 11.124, de 16 de junho 2005, 
integrando ações dos três poderes governamentais, de forma 
descentralizada, articulada e com instrumentos voltados à habitação, 
principalmente, para famílias de baixa renda. (BRASIL, 2004). 
 
 
Trabalho Social e a condição de gênero 
Conforme Yasbek (2003), ao adentrar o campo das desigualdades 
sociais, nos deparamos com a desigualdade de gênero como processo 
histórico posto na maior parte das relações familiares brasileiras. 
Atualmente, este processo tem sido abordado amplamente pelos 
Programas de inclusão social, destinados às famílias em condições de riscos 
sociais, conforme define a Política Nacional de Assistência Social 
(PNAS/SUAS), bem como nos Programas voltados à habitação de interesse 
social, conforme define o Ministério das Cidades (BRASIL, 2004). Por sua 
vez, o Ministério das Cidades tem desenvolvido um papel fundamental na 
elaboração de Programas habitacionais direcionados ao público de baixa 
renda. Isto tem sido essencial para o atendimento às famílias que vivem em 
condições de vulnerabilidade habitacional, permitindo que ao Trabalho 
Social empenhar ações direcionadas à mulher chefe de família. 
Segundo o Relatório da Unidade de Gênero, Departamento de 
Política Econômica e Redução de Pobreza, Região da América Latina e 
Caribe (2003), o conceito de gênero se refere aos aspectos da vida social 
pelos quais homens e mulheres detêm papéis, necessidades, preferências, 
 
83 
interesses e prioridades diferentes; expressando desigualdades e diferenças 
decorrentes de ser masculino ou feminino. Contudo, homens e mulheres 
enfrentam obstáculos, oportunidades e desafios distintos, ou seja, mulheres 
e homens são afetados e contribuem diferentemente para o 
desenvolvimento social e econômico. 
Quiçá, ao referenciar a mulher nas políticas públicas, bem como nos 
Programas Habitacionais, não significa apenas enunciar que estas ações são 
meras medidas do Estado para cumprir com um ônus à mulher, pois estes 
Programas ocorrem no Estado social de direito. Deste modo, a preferência 
pela mulher ocorre pelas qualidades que a mesma possui na relação de 
vínculos afetivos estabelecidos com a família, na responsabilidade de 
garantir abrigo, na manutenção do lar e, principalmente, pela persistência na 
luta pela aquisição da casa própria. 
Para Ávila (2001), a mulher como chefe de família tem poder e 
responsabilidade pela manutenção do grupo familiar. Mais, além da 
dedicação à alimentação, ao abrigo, à vestimenta, à educação, à saúde, o 
cuidado com as crianças, com os idosos. Quase sempre a mulher está 
envolvida no papel fundamental de lutar pela melhoria do bairro, da cidade 
e, quase sempre é criticada por assumir um papel que, para muitos, deveria 
ser assumido pelo homem. Segundo Bruschini et al. (2008), as atribuições 
domésticas são impostas organizacionalmente pela sociedade, ou seja, a 
partir da definição de papéis e costumes do lar que afirmam estas como 
atribuições do gênero feminino, portanto, precisam ser desveladas e, desta 
forma, nortear a participação desta mulher no processo de conquista de 
políticas públicas em benefício de sua comunidade. 
Neste sentido, Cordeiro (2006), cita que os gestores habitacionais não 
devem simplesmente desenvolver um Programa ou um Projeto, mas, é 
necessária a adoção de medidas contributivas para mobilização e 
organização comunitária e para geração de emprego e renda. Observa-se a 
importância do Trabalho Social para promover ações que contribuam com a 
equalização das dificuldades pelas quais chefes de família, do sexo feminino, 
têm enfrentado na luta efetiva pela solução dos problemas da moradia. 
Com esta concepção a Caixa Econômica Federal, através de seu 
quadro técnico social, incorporou o termo equidade de gênero nos 
Programas de Habitação, voltados para um segmento social menos 
favorecido. Neste processo, enquanto órgão gestor, a instituição tem atuado 
na operacionalização dos recursos e no acompanhamento dos trabalhos 
sociais, viabilizando a garantia do atendimento, propiciando ações com foco 
central na família e tendo a mulher chefe de família como referência da 
participação e permanência no local de moradia. 
 
84 
A fase de contratação dos Projetos habitacionais, avaliado pela 
Equipe Técnica Social da Caixa Econômica Federal é o espaço onde ocorre 
esta inserção do sexo feminino, nos Programas habitacionais de interesse 
social. Na fase de definição dos grupos de mutuários cadastrados pelos 
Municípios, a prioridade é dada à mulher chefe de família, termo 
sobrenomeado, daquelas que assumem sozinhas a responsabilidade de 
manutenção do lar. 
A partir de nossa experiência em Londrina, PR, as famílias que 
demandam por moradia são selecionadas pelo Município, pela Companhia 
de Habitação (COHAB-LD) e, posteriormente, realizado um levantamento 
socioeconômico destas famílias, às quais são encaminhadas à Caixa 
Econômica Federal, que por sua vez, efetua a análise com base nas 
informações do Cadastro Único do Governo Federal e orientações 
normativas do Ministério das Cidades. Os profissionaisda Caixa Econômica 
Federal possuem a incumbência de realização de análise da viabilidade social 
da implementação dos Projetos, visitas in loco e reuniões com os 
participantes dos empreendimentos, acompanhamento do andamento das 
ações antes, durante e após a fase de obras, avaliação e orientação das ações 
para ocupação e pós-ocupação das unidades, junto aos profissionais dos 
Municípios contratados. 
Neste fazer dos profissionais está implícita uma avaliação para 
concessão da titularidade do domicílio ao mutuário, priorizando os idosos, 
portadores de necessidades especiais e as mulheres chefe de família e, entre 
estas àquelas que possuem maior número de filhos. Tais critérios 
estabelecidos não significam que outros atores sociais não sejam incluídos, 
mas, prioriza-se a inclusão da mulher enquanto chefe de família e, 
principalmente, com extensa prole, em decorrência das condições de 
vulnerabilidade a que estão submetidas, seja pelo atual sistema capitalista 
e/ou pela constante violação de seus direitos. 
Em Londrina, PR, o Trabalho Social se constituiu, entre outras 
atividades, na implementação do Projeto de Trabalho de Participação 
Comunitária, nos bairros que compõem uma região denominada Poligonal 
Primavera, onde foi realizado o remanejamento de duzentos e cinquenta e 
sete famílias beneficiadas com uma nova moradia. Este processo foi 
realizado através da intervenção numa área de preservação ambiental, ou 
seja, pessoas que residiam em situações de ocupação irregular, em um 
aglomerado composto por quatro comunidades: Fundo de Vale da Rua Ana 
Caputo Piacentini, Fundo de Vale da Fazenda Primavera, Jardim dos 
Campos e Jardim Primavera. 
 
85 
Os dados apresentados à Caixa Econômica Federal são parciais, ou 
seja, datam de 2006 até o mês de julho de 2009, nos permitindo observar 
que do total de famílias atendidas pelo remanejamento previsto, todas já 
ocupando uma nova residência, cerca de sessenta por cento são chefiadas 
por mulheres. Da participação ativa destas famílias nos empreendimentos de 
geração de trabalho e renda e mobilização e organização comunitária 
desenvolvida pelo Projeto, oitenta por cento do total, compreende a 
participação do sexo feminino. 
Muito embora o Trabalho Social se apresente com caráter de 
desenvolvimento sócio econômico e sustentável das famílias acompanhadas, 
o fator potencial para o alcance dos objetivos propostos no Projeto está na 
maneira em que o Serviço Social se apresenta para sua demanda, ou seja, de 
forma a desvencilhar as barreiras impostas, principalmente às que se referem 
a relações de gênero, atuando com a possibilidade de resgatar vínculos 
familiares e a participação efetiva de cada cidadão, promovendo estratégias 
para o desenvolvimento dos laços de vizinhança, organização comunitária e 
a participação política. 
Tais parâmetros possuem o caráter de interlocução dos usuários com 
os demais segmentos, bem como às diversas políticas públicas, portanto, 
neste cenário se visualiza a mulher como o sujeito que mais se mobiliza e 
participa das ações de interesses coletivos. Destarte, as ações desenvolvidas 
pelo Assistente Social, como agente executor de Projetos Habitacionais, nas 
atividades de geração de trabalho e renda e mobilização e organização 
comunitária, para famílias de baixa renda, nos permite afirmar a 
essencialidade da participação da mulher nestes empreendimentos. 
A participação da mulher, quer seja nas reuniões executadas, quer seja 
nas atividades dos grupos de geração de trabalho e renda, no processo de 
mobilização e organização comunitária, desperta a conquista da sua própria 
autonomia. Presume-se que tais condições as fortalecem contra a própria 
opressão que persiste, muitas vezes, nos papéis familiares estabelecidos pela 
sociedade, ou seja, o de ser simples mantenedora do lar nos afazeres 
domésticos e apaziguadora de conflitos entre os filhos. 
A atuação do Assistente Social neste processo de inclusão da mulher 
frente à participação política e cidadã, apresenta-se com instrumento de 
combate à exclusão social entre gêneros, nos diversos espaços de decisões. 
Deste modo, na perspectiva feminista de cidadania, eis o grande papel para 
que o Assistente Social possa desempenhar ações transformadoras, de 
justiça social, igualdade, liberdade e de encorajamento para as conquistas de 
direitos às diversas políticas públicas. Em outras palavras, a concepção de 
gênero deve ser tratada na Política pública Habitacional como parte de 
 
86 
estratégias que possibilitem às mulheres a capacidade de produzir mudanças 
na posição que ocupam na sociedade, bem como na condução das relações 
familiares e comunitárias. 
 
Considerações Finais 
O Trabalho Técnico Social desenvolvido pelo Assistente Social, 
através de uma Política de Habitação do Estado, possibilita que uma parcela 
significativa da população brasileira tenha, não somente o acesso a uma 
moradia, mas que envolvam-se com outras condições inerentes ao exercício 
da cidadania. O enfoque na condição de gênero, em específico à mulher 
chefe de família, tem contribuído para a superação das concepções impostas 
pelo patriarcalismo da sociedade, ao atribuir à mulher o dever de apenas 
cuidar da moradia e dos afazeres domésticos. 
O enfoque de gênero norteia a efetividade do trabalho deste 
profissional, tendo em vista as ações implícitas de titularidade à mulher 
chefe de família ou em situação civil irregular, definidas pelo Ministério das 
Cidades. Exemplo desta realidade pode ser retomada com a ilustração dos 
bairros que compõem o Poligonal Primavera, em Londrina, PR, sendo que 
das duzentas e cinquenta e sete famílias beneficiadas com uma nova unidade 
habitacional, 61% da titularidade do domicilio encontra-se em nome das 
mulheres, 37% com homens e, somente 2% em nome de ambos. Quanto a 
outras atividades que envolvem a participação das famílias 82% das 
mulheres frequentam as reuniões informativas do empreendimento; no eixo 
de Mobilização e Organização Comunitária, estão presentes 82% das 
mulheres e, nas atividades do eixo de Geração de Trabalho e Renda, 70% 
são mulheres. Tal condição expressa, nesta localidade, a representatividade 
das mulheres na Política de Habitação pública. 
Assim, os Programas Habitacionais referenciando a mulher oferece 
não apenas o acesso à moradia, mas oportuniza através das ações de apoio à 
mobilização, organização comunitária, capacitação profissional e geração de 
trabalho e renda, inúmeras outras possibilidades. Ainda, intermeia a 
interlocução dos usuários com demais segmentos sociais, bem como, com as 
diversas políticas públicas. Portanto, neste cenário, se visualiza a mulher 
como o sujeito que se mobiliza e participa das ações de interesses coletivos. 
O processo de mobilização e participação comunitária, bem como as 
ações de geração de trabalho e renda, evidencia a importância do trabalho 
do Assistente Social no fortalecimento do princípio de justiça social, 
equidade de gênero e cidadania, na formação de lideranças, capacitação da 
mão de obra e inserção no mercado de trabalho, e deve contribuir no 
 
87 
processo de tomada de consciência dos beneficiários quanto aos direitos e 
deveres na sustentabilidade da nova moradia. 
 
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