Buscar

ORCRIM PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Lei de Organizações Criminosas 
comentada - 
 
Ainda se sobrepõe o direito ao sigilo de dados do suspeito de envolvimento com o crime 
organizado sobre o interesse da sociedade na apuração. 
A sanção presidencial à Lei nº 12.850/13 trouxe um alento, ainda que tardio e tímido, 
para os órgãos encarregados do combate às organizações criminosas no Brasil. Tardio 
porque o projeto ficou sete anos no Congresso aguardando votação e porque vários 
países já adotam alguns dos mecanismos preconizados pela novel legislação há décadas. 
Tímido porque ainda se sobrepõe o direito ao sigilo de dados do cidadão suspeito de 
envolvimento com o crime organizado sobre o interesse da sociedade na apuração de 
crimes dessa natureza, conforme discutiremos adiante. 
Apesar dessa timidez, a norma em comento define as organizações criminosas 
objetivamente e disciplina a forma de combate, em situações que anteriormente 
dependiam de interpretação subjetiva, tanto de órgãos administrativos em 
procedimentos próprios, da polícia judiciária na investigação criminal, como dos juízes 
que tinham que decidir sobre os casos concretos submetidos à apreciação do judiciário. 
Importante avanço para garantia da legalidade da investigação pela polícia judiciária e a 
formação do conjunto probatório no processo é a definição das autoridades 
encarregadas da negociação com o delator, a saber: o Delegado de Polícia e o Ministério 
Público. Embora a melhor doutrina reconheça a designação de Autoridade Policial 
como função específica do Delegado de Polícia, interpretações equivocadas e até 
disputas institucionais atribuíram a meros agentes da autoridade as prerrogativas do 
Delegado de Polícia. Por ocasião da edição da Lei dos Juizados Criminais não faltaram 
àqueles, que em interpretação canhestra, usurparam as funções da Autoridade Policial 
atribuindo-a aos integrantes da polícia militar, cuja atribuição constitucional é a de 
polícia administrativa. As várias demandas jurídicas que surgiram em decorrência dessa 
usurpação, inclusive com atos editados por secretários de segurança, levaram a 
manifestação do Supremo Tribunal Federal a fim de trazer a luz àqueles que pretendiam 
flexibilizar o conceito de Autoridade Policial. 
A definição objetiva de organização criminosa, a forma de investigação e de obtenção 
de prova, a delação premiada, a infiltração de agentes, bem como o acesso aos dados 
cadastrais irão proporcionar maior segurança jurídica e instrumentalização aos órgãos 
encarregados do combate ao crime organizado, embora algumas ações previstas possam 
trazer prejuízo se não forem melhores disciplinadas. A partir daí analisaremos item por 
item da lei, não somente sob o aspecto jurídico, mas, sobretudo, sob o aspecto prático na 
obtenção das provas, bem como na segurança dos agentes encarregados da investigação 
propriamente dita. 
 
 
 
CAPÍTULO I 
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
No Capitulo I há a definição do que é organização criminosa no âmbito da nova lei, 
sobre os meios de investigação, abordando inclusive a territorialidade e a formalização 
de alguns atos. Assim sendo tipifica condutas e disciplina materialmente e formalmente 
procedimentos no combate ao crime organizado no país. 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os 
meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser 
aplicado. 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores 
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
Não houve derrogação do Artigo 288 do Código Penal, que por si só denota a 
abrangência específica da nova lei, aplicável a crimes de natureza grave, com 
participação de 4 (quatro) ou mais pessoas, operados de forma organizada e integrada, 
com vínculo subjetivo para obtenção do fim criminoso almejado, com divisão de 
tarefas, ainda que informalmente e hierarquia de comando. 
Entendemos que o vínculo subjetivo não é necessariamente em relação a toda operação 
criminosa em andamento, ou seja, seus participantes não necessitam ter o conhecimento 
de toda a cadeia criminosa engendrada para a prática delituosa, basta se ter a 
consciência que participa de conduta criminosa integrada com outros membros, ainda 
que desconhecidos, para obtenção do fim criminoso. Nesse aspecto é fato relevante que 
atualmente as organizações criminosas terceirizam algumas tarefas, principalmente para 
dificultar a investigação e a obtenção de provas. O exemplo típico são os sequestros 
organizados de pessoas com alto poder aquisitivo, onde são recrutadas quadrilhas para 
tarefas específicas, uma para o sequestro, outra para a guarda do sequestrado e outra 
para o recebimento do valor da extorsão. 
Requisito essencial é que os crimes abrangidos pela novel lei devem ter penas 
superiores a 4 (quatro) anos, exceto se houver caráter transnacional na conduta 
criminosa, nesta última hipótese, a abrangência da lei não está adstrita ao quantum da 
pena, mas sim na circunstância da transposição de fronteiras nacionais. 
§ 2º Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada 
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
II - às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de 
direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao 
terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram 
ou possam ocorrer em território nacional. 
A legislação especial também se aplica às organizações criminosas transnacionais ou 
integradas com organizações criminosas de outros países, ou ainda com organizações 
terroristas reconhecidas internacionalmente, em que o Brasil tenha se obrigado ao 
combate por tratado ou convenção. 
As condutas tipificadas se estendem desde os atos preparatórios e de suporte, inclusive 
o financeiro, como também atos de execução iniciados ou consumados em território 
brasileiro. 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a 
investigação de infração penal que envolva organização criminosa. 
A criação, o financiamento ou a participação a qualquer título, ainda que por interposta 
pessoa, que se constitua em atividade que integre esquema de organização criminosa 
está sujeita as penas dessa lei especifica. 
O § 1º estende a incidência da lei a qualquer pessoa que atue de forma a embaraçar ou 
dificultar a investigação de organizações criminosas. 
A aplicação das penalidades previstas nas condutas tipificadas é na forma de concurso 
material de crimes, portanto, sem prejuízo da aplicação das demais penas pelas condutas 
criminosas praticadas, conforme se depreende do expresso no artigo 2º:. 
As qualificadoras para o aumento de pena estão previstas nos parágrafos 2º, 3º e 4º do 
Artigo 2º: 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver 
emprego de arma de fogo. 
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da 
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
§ 4º A pena é aumentadade 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa 
condição para a prática de infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao 
exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas 
independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
A legislação também penaliza de maneira especial a participação de funcionário 
público, mormente se policial, em esquema de organização criminosa, tendo a lei 
atrelada à apuração pela Corregedoria de Polícia à participação, para acompanhamento 
da apuração, de membro do Ministério Público, acompanhamento este que não se 
confunde com direção a do procedimento instaurado: 
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização 
criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou 
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à 
investigação ou instrução processual. 
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda 
do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função 
ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. 
§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a 
Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério 
Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. 
 
CAPÍTULO II 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 
Talvez o maior problema seja a disciplina da investigação, pois questões práticas terão 
que ser normatizadas com muito cuidado e aperfeiçoadas no decorrer dos anos, com as 
lições advindas da efetiva aplicação nos casos concretos. 
Em relação aos meios de obtenção de prova a lei avança, na medida em que prevê, além 
dos meios usuais investigativos, a utilização das tecnologias, que surgiram nos últimos 
anos, e a união de forças dos órgãos e instituições das esferas federal, estadual e 
municipal, conforme disciplina o Artigo 3ª: 
 Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal serão permitidos, sem prejuízo de outros 
já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
 I – colaboração premiada; 
 II – captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
 III – ação controlada; 
 IV – acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais 
constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou 
comerciais; 
 V – interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação 
específica; 
 VI – afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação 
específica; 
 VII – infiltração por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
 VIII – cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais 
na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
Seção I 
Da Colaboração Premiada 
A delação premiada, disciplinada no Artigo 4º, embora de grande valia na obtenção de 
provas, poderá, se não for aplicada com muito critério, incorrer em graves injustiças e 
até o livramento de criminosos astuciosos. 
Tendo em vista que a redação do Artigo 4º diz que o Juiz poderá, a requerimento das 
partes, conceder os benefícios da delação premiada, a dedução lógica que esses 
benefícios poderão ser requeridos não somente pelos interessados no desbaratamento da 
associação criminosa, mas também, s.m.j., pelo Defensor do agente criminoso que se 
disponha a colaborar. No entanto, levando-se em consideração o interesse da 
investigação pela polícia e das condições para a propositura da denúncia pelo 
representante do Ministério Público, cabe a estes, a principio, a iniciativa da proposta. 
Os critérios objetivos para a concessão dos benefícios da delação premiada estão nos 
incisos do referido artigo. 
 Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em 
até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de 
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e 
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos 
seguintes resultados: 
 I – a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das 
infrações penais por eles praticadas; 
 II – a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização 
criminosa; 
 III – a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização 
criminosa; 
 IV – a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais 
praticadas pela organização criminosa; 
 V – a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
Nos parágrafos do Artigo 4º temos alguns critérios subjetivos para a concessão dos 
benefícios da delação premiada, onde, na prática, poderão ocorrer problemas, conforme 
explanaremos na sequência. 
 § 1° Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do 
colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato 
criminoso e a eficácia da colaboração. 
O § 1º elenca para a concessão do benefício à análise da personalidade do delator, 
chamado de colaborador pelo legislador, além da natureza, as circunstâncias, gravidade 
e repercussão social do crime, bem como a eficácia da delação. Análises essas de cunho 
subjetivo e avaliadas pelo negociador, quer seja o Delegado de Polícia, somente na fase 
inquisitorial, quer seja o representante do Ministério Público. Em relação a essa 
composição sempre haverá o risco da preponderância do interesse na solução da 
investigação, no caso do Delegado de Polícia, ou do interesse do Promotor de Justiça da 
maior possibilidade de sucesso na condenação dos demais acusados, em detrimento da 
realização plena da justiça. Não esqueçamos que na meritocracia administrativa se leva 
em conta apenas os resultados obtidos nas estatísticas, que pertence à ciência da 
matemática, e não traduz a distribuição de justiça para as vítimas de crimes e em última 
estância para a paz na sociedade. Índices de esclarecimentos de crimes e de 
condenações são critérios adotados por órgãos e instituições, que nem sempre espelham 
o empenho de seus membros pela realização da justiça na sua plenitude. 
Infelizmente o legislador olvidou de condicionar no parágrafo analisado a valoração do 
grau de participação do delator no fato criminoso para concessão do benefício. Assim 
sendo, eventualmente um agente criminoso com alto comprometimento no resultado 
danoso do crime poderá obter o benefício pela delação, sem pagar seu débito para com a 
sociedade, nesse caso, rechaçando o adágio que prega que “o crime não compensa”. Há 
décadas a justiça dos Estados Unidos emprega o sistema de negociação criminal (Crime 
Plea Bargain), tanto assim, que várias séries de TV e filmes americanos têm como 
enredo injustiças cometidas nessas negociações. A instituição desse tipo de acordo entre 
acusado e o representante do persecutor estatal põe de lado a proteção do Estado 
garantidor de direitos e, como não poderia deixar de ser, prevalece o interesse na 
condenação do maior número de envolvidos no crime. A título de exemplo, podemos 
citar o filme CÓDIGO DE CONDUTA, onde o promotor para atingir o índice de 97% 
de condenação, propõe acordo com o principal autor de estupro seguido de duplo 
homicídiode mãe e filha dentro de uma residência, quando este se propõe a depor 
contra seu comparsa que não participou das mortes. Nessa ficção o algoz que matou 
mãe e filha, após o acordo de delação premiada, cumpre pena de dez anos, enquanto seu 
comparsa estuprador é executado por injeção letal. Ninguém se engane, pois não é a 
vida que imita a arte, e sim, a arte que retrata o cotidiano da vida em sociedade. A vista 
de que o homem tem defeitos e virtudes semelhantes em qualquer lugar do planeta, o 
que já se sucede nos vários países que há muito se utilizam dessa negociação criminal, 
também ocorrerá no Brasil. 
A avaliação da personalidade do delinquente já é difícil para o profissional da área 
médica, quanto mais para o operador do direito encarregado da negociação. Ademais, 
infelizmente, as circunstâncias, gravidade e repercussão do delito, dependem da 
dimensão que a mídia dá ao caso. Chacinas nas periferias das cidades são crimes 
gravíssimos, que quase já não despertam o interesse da mídia, devido à trivialidade das 
ocorrências nos bairros pobres, mas um atropelamento de uma pessoa com familiaridade 
com alguém da televisão, pode causar comoção nacional, em face da exploração do fato 
pela mídia televisiva. Não sejamos hipócritas em afirmar que todos os crimes praticados 
têm o mesmo empenho do poder público no esclarecimento, julgamento e aplicação 
efetiva da pena. Talvez assim seja na Suíça. 
 § 2° Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a 
qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a 
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela 
concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido 
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. 
Quando a colaboração for de extrema relevância, o requerimento, do representante do 
Ministério Público, ou a representação, do Delegado de Polícia na fase inquisitorial, 
pela concessão de benefício da delação premiada poderá ocorrer em qualquer tempo. Na 
eventual discordância do Juiz da causa em relação ao requerido pelo Promotor de 
Justiça, aplica-se no que couber o Artigo 28 do Código de Processo Penal. 
 § 3° O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, 
poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que 
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo 
prescricional. 
O § 3º possibilita, em relação ao delator, a suspensão do prazo para oferecimento da 
denúncia pelo Promotor de Justiça, bem como a suspensão do prazo prescricional da 
pena, até que haja a consolidação da colaboração requerida para o caso, ou seja, até que 
ocorra o efeito desejado na investigação ou obtenção de prova. 
 § 4° Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer 
denúncia se o colaborador: 
 I – não for o líder da organização criminosa; 
 II – for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
Diz o § 4º que o Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia em relação ao 
delator, desde que este não seja o líder da organização e seja o primeiro a prestar efetiva 
colaboração. Novamente o legislador olvidou de condicionar a valoração do grau de 
participação nos crimes cometidos. Observe-se que nessa hipótese, o criminoso delator 
se quer será processado. Portanto, o crime terá compensado. 
 § 5° Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade 
ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
O § 5º trata da redução da pena ou progressão de regime, quando a delação por posterior 
à promulgação da sentença, inclusive a transitada em julgado, uma vez que a norma 
permite a progressão de regime, que só ocorre na execução da sentença. Evidentemente 
nessa hipótese a colaboração deve ser bastante relevante. 
 § 6° O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a 
formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o 
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o 
caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 
O § 6º estabelece a equidistância do Juiz em relação ao acordo de colaboração firmado 
em consonância com a necessária imparcialidade daquele que tem por ofício julgar a 
demanda das partes. No entanto, o parágrafo em questão não disciplina como se dará 
essa formalização do acordo de colaboração. Em qualquer negociação sempre haverá 
alguém que levará mais vantagem, embora teoricamente, o acordo de vontades 
estabeleça vantagens para ambas às partes. Entendemos ser necessária a criação de 
normas, elaboradas em conjunto, entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, a fim 
de estabelecer a forma e os meios empregados para a efetivação do acordo de 
colaboração. A gravação em áudio e vídeo nos parece essenciais, até para eventual 
avaliação posterior da espontaneidade da colaboração por parte do delator, ou correição 
de eventual desvio de conduta por alguma das partes. 
 § 7° Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das 
declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para 
homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, 
podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. 
Realizado o acordo, o § 7º estabelece a homologação deste, devidamente acompanhado 
das peças da investigação, declarações do colaborador e o respectivo termo de 
colaboração. Nessa fase o Juiz deverá avaliar a espontaneidade do delator, bem como o 
cumprimento dos requisitos formais e os legais, in casu os de ordem objetiva, pelo 
menos um dos previstos nos incisos I a V do artigo em comento. 
 § 8° O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos 
legais, ou adequá-la ao caso concreto. 
O § 8º trata da recusa da homologação da proposta que não atenda aos requisitos legais, 
s.m.j., os de ordem objetiva. No entanto, apesar do magistrado não participar da 
negociação, a hipótese de adequação da proposta de acordo ao caso concreto, infere que 
o Juiz pode avaliar os critérios subjetivos adotados pelos negociadores em relação ao 
benefício acordado. 
 § 9° Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá ser ouvido, sempre 
acompanhado pelo seu defensor, pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado 
de polícia responsável pelas investigações. 
Homologado o acordo a oitiva do delator, quando necessária para o deslinde da 
investigação, deverá ser sempre na presença de seu defensor, conforme estabelece o § 
9º. 
 § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas auto 
incriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente 
em seu desfavor. 
No § 10 há a previsão da retratação da proposta pelas partes, mas nesse caso as provas 
produzidas pelo delator não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. O 
tempo e os casos concretos demonstrarão se esse expediente da retratação não 
favorecerá manobras da defesa do delator, a fim de alguma forma livrá-lo de um 
processo mais robustecido com as provas excluídas. 
 § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
O § 11 estabelece que os termos do acordo e de sua eficácia devem constar da sentença. 
A rigor a sentença sempre deve ser fundamentada, evidentemente o acordo homologado 
e sua eficácia não poderiam deixar de ser apreciado.§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador 
poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade 
judicial. 
O § 12 impõe ao beneficiado pelo perdão judicial ou não denunciado, o dever de depor 
em juízo, se requerido pelas partes, MP e Defensor, ou ainda pelo Juiz. 
 § 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou 
recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive 
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 
O § 13 estabelece a forma do registro dos atos de colaboração. Embora a norma se refira 
à forma condicional “sempre que possível”, a gravação por meio audiovisual é a 
maneira que melhor provém à segurança jurídica para todas as partes envolvidas. 
 § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará na presença de seu 
defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. 
O § 14 nos parece inconstitucional, uma vez que ninguém é obrigado a produzir provas 
em seu desfavor e o silêncio do acusado é garantido no inciso LXIII do Art. 5º da C.F., 
com inspiração no Tratado Internacional denominado Pacto de São José da Costa Rica, 
também conhecido como Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil 
é signatário, que diz em seu art. 8º, inciso 2, alínea 'g': 
"Art. 8º - Garantias judiciais: 
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, 
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa 
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada". 
Embora a lei preveja benefícios para o delator, eventualmente a revelação de 
determinada prova que possa condenar o delator e o deixe a mercê do alvedrio do 
negociador o alcance do benefício a ser proposto, para a defesa pode ser extremamente 
prejudicial. Há de ser observar que os benefícios e sua abrangência sempre estarão 
sujeitos, em parte, a análise subjetiva do negociador, que eventualmente pode decidir 
que as provas fornecidas pelo delator “não compensam” um alcance maior dos 
benefícios possíveis. Nessa hipótese o prejuízo para a defesa do investigado ou do réu 
pode ser inestimável com a obrigatoriedade da renúncia total do silêncio, como prevê o 
parágrafo em comento. Não se pode olvidar também que, eventualmente, mesmo com a 
colaboração do delator, as informações não conduzam as provas desejadas ao final da 
investigação. 
 § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o 
colaborador deverá estar assistido por defensor. 
O § 15 apenas sacramenta o direito constitucional de defesa do investigado ou acusado. 
 § 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas 
declarações de agente colaborador. 
O § 16 estabelece que nenhuma sentença será proferida, tendo como fundamento apenas 
as declarações do delator. Não podemos esquecer que no período negro da inquisição, a 
palavra de uma pessoa poderia condenar outra a tortura ou morte, estratagema muito 
utilizado para a defenestração de inimigos pessoais ou mesmo do regime de governo. 
Aliás, há quem diga que o “testemunho pessoal”, puro e simples, desprovido de 
comprovação é a prostituta das provas. 
 Art. 5° São direitos do colaborador: 
 I – usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; 
 II – ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservadas; 
 III – ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; 
 IV – participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; 
 V – não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado 
ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; 
 VI – cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. 
O Artigo 5º em seus incisos estabelece alguns direitos do delator, que na verdade, em se 
tratando de delação de organização criminosa, são garantias essenciais para dar o 
mínimo de garantia de vida para o delator. O grande problema será a implementação 
operacional dos incisos I e II. Em países onde se aplica a delação premiada há décadas, 
o governo “cria” uma nova identidade, profissão e sustenta por algum tempo o delator e 
sua família, compreendida esposa e filhos, se houver, até que este se estabilize na nova 
vida. Há inclusive agentes do governo com a função específica de acompanhar e 
resguardar a vida do delator e de sua família. No Brasil onde direitos constitucionais do 
cidadão, como saúde e educação de qualidade não são cumpridos pelo governo em 
razão de falta de recursos, além é claro da corrupção endêmica que corroem o 
orçamento público, nos parece que será mais uma regulamentação aplicada 
precariamente. 
 Art. 6° O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e 
conter: 
 I – o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
 II – as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
 III – a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; 
 IV – as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, 
do colaborador e de seu defensor; 
 V – a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando 
necessário. 
O Artigo 6º disciplina a formalização escrita do acordo de delação. Em relação ao inciso 
I há de se observar que a redação deverá ser, precisa e delimitada em seus efeitos, pois, 
os possíveis resultados da delação, se condicionais à sua ocorrência, consubstanciará em 
norma penal aberta, uma vez que a inocorrência do resultado desejado poderá acarretar 
prejuízo para o delator, ou, contrário senso, livrar o agente criminoso de uma punição 
adequada a sua conduta, no fornecimento de informações de pouco ou nenhum valor 
para o desbaratamento da organização criminosa. 
 Art. 7° O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo 
apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. 
 § 1° As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz 
a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. 
 § 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de 
polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, 
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito 
ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, 
ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
 § 3° O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso, assim que recebida a 
denúncia, observado o disposto no art. 5°. 
O Artigo 7º impõe o sigilo sobre a identidade do delator e os termos do acordo, com a 
restrição dos agentes públicos que terão acesso às informações. No entanto, na prática 
os funcionários cartorários e colaboradores diretos das autoridades envolvidas no acordo 
com certeza terão acesso às informações, pelo que será necessário um controle eficiente 
sobre esses funcionários, a fim de se evitar o vazamento de informações, com prejuízo 
às investigações e ao processo, além de evidentemente colocar em risco a vida do 
delator. 
Seção II 
Da Ação Controlada 
 Art. 8° Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa 
relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que 
mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no 
momento mais eficaz à formação de provase obtenção de informações. 
 § 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente 
comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e 
comunicará ao Ministério Público. 
 § 2° A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações 
que possam indicar a operação a ser efetuada. 
 § 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao 
Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das 
investigações. 
 § 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação 
controlada. 
O Artigo 8º trata da ação controlada, que nada mais é do que o retardamento da ação da 
polícia ou de órgãos administrativos na execução de atos de ofício, tais como autuações 
administrativas, instauração de procedimentos ou mesmo da prisão em flagrante. No 
caso da prisão em flagrante o complicador é que nos termos do § 1º o Juiz competente 
para julgamento da causa deve ser previamente comunicado e, inclusive, poderá 
estabelecer limites bem como comunicará ao Ministério Público. Na prática essa 
condição é inviável, até porque a flagrância de crime não tem data nem hora marcada e 
as comarcas não dispõem de juízes de plantão 24 horas por dia. Há de se lembrar de que 
com a edição da lei que instituiu os juizados especiais se esperava o pronto atendimento, 
como ocorre nos países europeus, no entanto, em razão das dificuldades do judiciário, 
embora com prazo menor, as audiências decorrentes de infrações de menor potencial 
ofensivo demoram, em algumas comarcas, meses para ocorrerem. Será que nessas 
circunstâncias específicas os tribunais disponibilizarão juízes e funcionários em período 
integral para apreciação do retardamento das ações policiais que envolvam prisão em 
flagrante delito. Provavelmente o que ocorrerá na prática é a autorização judicial para o 
retardamento das ações policiais, inclusive flagrante, em casos onde haja a investigação 
em curso. No entanto, poderão ocorrer situações em que a polícia, no decorrer de suas 
atribuições cotidianas, se depare com ocorrência de flagrante delito de crime operado 
por organização criminosa, onde não havia investigação ou monitoração anterior, mas 
que o retardamento do flagrante poderia propiciar a prisão de lideranças ou outros 
criminosos envolvidos que não estejam presentes. O amadurecimento na aplicação da 
lei talvez traga solução para essas questões. Os demais parágrafos tratam do sigilo, 
acesso e restrição das informações aos agentes públicos diretamente envolvidos na ação 
controlada, bem como da formalização das informações, mas como expusemos no 
Artigo 7º, na prática funcionários auxiliares também terão acesso, que exigirá um 
controle rígido pelas autoridades do caso concreto, a fim de se evitar danos irreparáveis 
à investigação. 
 Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da 
intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das 
autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, 
de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou 
proveito do crime. 
O Artigo 9º trata da ação controlada que envolva a transposição de fronteiras, com a 
cooperação das autoridades de outros países. O artigo analisado trata de exigência para 
se evitar conflitos diplomáticos, pois que o direito internacional não autoriza um Estado 
a agir ou intervir no território de outro. Nesses casos acreditamos que a 
operacionalização das ações de cunho policial deverão se dar com a Interpol, até porque 
em determinados Estados ou blocos de países como a União Europeia, as polícias 
possuem, em casos específicos, uma liberdade e abrangência maior para atuação no 
combate a crimes transnacionais operados por organizações criminosas. No Brasil a 
Polícia Federal é o órgão integrado à Interpol, que, aliás, nos termos do § 1º do Artigo 
144 Constituição Federal tem por atribuição o combate às infrações com repercussão 
internacional: 
Art. 144....................................................................................: 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido 
pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, 
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas,assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; (grifo nosso). 
Evidentemente que nada impede que a Polícia Estadual aja em conjunto com a Polícia 
Federal em se tratando de investigação de organização criminosa de um Estado 
membro, cujas ações sejam desencadeadas ou tenham repercussão interestadual ou 
internacional. O único óbice são disputas entre órgãos ou instituições envolvidas nas 
apurações, daí porque acreditamos salutar a edição de norma para regular as atuações 
conjuntas dos diversos órgãos e instituições envolvidos no combate ao crime 
organizado. 
Seção III 
Da Infiltração de Agentes 
 Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada 
pelo delegado de polícia, ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação 
técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será 
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá 
seus limites. 
A verdade é que a infiltração de agentes para o desbaratamento de quadrilhas sempre foi 
um recurso utilizado pelas polícias de todo o mundo, no entanto, no Brasil não havia 
uma norma legal para disciplinar esse tipo de atividade investigativa. Em face dessa 
falta de normatização, até marginais já foram utilizados para o “levantamento” de 
informações. Há quem diga que no episódio conhecido como “Castelinho”, teria sido 
utilizado desse tipo de infiltração. Verdade ou não, o fato é que a normatização da 
infiltração de agentes é primordial para a garantia da realização da justiça na forma da 
lei, pois em hipótese alguma “os fins justificam os meios”, como pregam alguns que se 
utilizam de artifícios ilegais supostamente em prol da sociedade. Toda tirania começa 
com a desculpa que se faz necessário o afastamento das normas vigentes para se 
“defender” a sociedade de inimigos, cuja “legislação fraca” não permite uma ação 
dentro do ordenamento legal. A lei fraca ou ineficaz deve ser derrogada na forma 
prevista na constituição, jamais com infrações dos agentes públicos ou leniência judicial 
a fim legitimar a conduta ilegal. 
O Artigo 10 disciplina que a infiltração de agentes se dará a pedido do Delegado de 
Polícia, através de representação, ou a requerimento do Ministério Público, sendo que 
no caso de requerimento com o inquérito policial em curso, deverá haver manifestação 
técnica do Delegado de Polícia, que s.m.j., deverá explanar em relatório 
circunstanciado, se há condições e recursos para a realização da infiltração, o número de 
agentes necessários, tanto para a infiltração, como o efetivo de apoio necessário, sempre 
se levando em consideração a possibilidade da descoberta do agente infiltrado, as 
condições técnicas necessárias para a obtenção e formalização das provas, como 
gravações de conversas, interceptações telefônicas e telemáticas, etc. Enfim, a 
manifestação do Delegado de Polícia deve ser técnica e minuciosa dentro do que se 
espera do profissional com conhecimento específico para esse tipo de investigação e, 
eventualmente, apontar a falta de requisito legal para a realização da infiltraçãorequerida. Entendemos que a simples manifestação lacônica não se aplica ao espírito da 
norma em comento, uma vez que esta servirá de subsídio para a decisão do juiz, que 
deverá ser devidamente fundamentada e com o sigilo necessário ao êxito da 
investigação e segurança do agente infiltrado. 
 § 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de 
decidir, ouvirá o Ministério Público. 
O § 1º estabelece que no caso da representação do Delegado de Polícia, o Ministério 
Público será ouvido, antes da decisão do Juiz competente, que deve decidir conforme 
seu livre convencimento. 
 § 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 
1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. 
A infiltração só é admissível em caso de indícios de infração cometida por organização 
criminosa, definida nos termos do Artigo 1º e, se não houver outros meios de produzir a 
prova requerida para o caso. A redação do § 2º demonstra que não é admissível a 
banalização desse recurso. 
 § 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de 
eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade. 
O § 3º estabelece que o prazo da autorização para a infiltração é de até seis meses, no 
entanto permite a renovação do prazo, desde que comprovada sua necessidade. Essa 
brecha para renovações pode ser perigosa. Evidente o perigo de um agente permanecer 
por muito tempo infiltrado. O risco envolvido é muito grande para sua segurança, como 
também para seu estado psicológico. Estamos tratando com seres humanos e não com 
máquinas. Há um limite para tudo, e nesse caso específico, o prazo pode se estender por 
anos. O caso clássico são os inquéritos policiais com prazo de apuração de trinta dias 
renováveis com autorização judicial, sempre ouvido o MP. Quantas dessas apurações 
não se estendem por anos para depois serem arquivadas. 
 § 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz 
competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. 
Após o término do prazo judicial para a infiltração, o Delegado de Polícia deverá 
elaborar relatório circunstanciado dos fatos apurados endereçado ao Juiz competente, 
que dará ciência ao Ministério Público. 
 § 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus 
agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da 
atividade de infiltração. 
O § 5º estabelece o necessário controle no curso do IP, pelo Delegado, ou a qualquer 
tempo pelo MP, do necessário controle sobre a atividade de infiltração. 
 Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de 
polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, 
o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas 
investigadas e o local da infiltração. 
O Artigo 11 estabelece que o requerimento do MP, ou a representação do Delegado de 
Polícia deverá detalhar a necessidade da infiltração, o objetivo pretendido e as pessoas a 
serem investigadas. 
 Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter 
informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que 
será infiltrado. 
O Artigo 12 trata do sigilo na distribuição do pedido de infiltração, de forma a 
resguardar a operação e o agente que será infiltrado. 
 § 1º As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas 
diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após 
manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de 
polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a 
segurança do agente infiltrado. 
O § 1º estabelece o prazo de 24 horas para apreciação do pedido e não oferece 
dificuldade na sua interpretação. No entanto, dificilmente esse prazo será cumprido por 
razões já expostas na análise do Artigo 8º. 
 § 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a 
denúncia do Ministério Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se 
a preservação da identidade do agente. 
O § 2º trata dos autos com as informações da operação de infiltração, que 
acompanharão a denuncio do MP, quando então a defesa poderá ter acesso, assegurada 
à preservação da identidade do agente. Provavelmente surgirão questionamentos da 
defesa em relação à identificação do agente infiltrado, como surgiram no passado em 
relação à identidade da testemunha protegida. No entanto, a preservação da identidade 
do agente infiltrado é de rigor para a segurança da vida deste e não importa em qualquer 
prejuízo para a defesa, uma vez que seu papel é contestar a acusação e as provas 
carreadas. 
 § 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a 
operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de 
polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. 
O § 3º diz respeito à sustação da operação, em caso de risco iminente ao agente 
infiltrado, quer seja por requisição do MP ou pelo Delegado de Polícia, nesse último 
caso com a devida ciência imediata ao MP e ao Juiz competente. Evidentemente, que 
nessa circunstância o Delegado de Polícia deve agir imediatamente para posteriormente 
cumprir as formalidades legais, uma vez que está em risco a vida do agente infiltrado. 
 Art. 13. O agente que não guardar, na sua atuação, a devida proporcionalidade com a 
finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados. 
 Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente 
infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. 
O Artigo 13 estabelece a proporcionalidade da atuação do agente infiltrado nas condutas 
que tenha que praticar durante o período de infiltração na organização criminosa. O fato 
de estar infiltrado não pode servir de carta branca para a prática de conduta criminosa, 
no entanto, o fato é que, eventualmente terá que participar de infrações penais, quer seja 
para ganhar confiança dos investigados, quer para resguardar sua vida, uma vez que se 
descoberto o risco de morte será iminente. Não raras vezes os agentes que investigam o 
tráfico de entorpecente são obrigados a participar do consumo de drogas para ganhar a 
confiança dos investigados. Razão pela qual entendemos que o período de infiltração 
não deve se prolongar no tempo, até para a garantia da saúde física e psicológica do 
agente. A prática eventual de crime pelo agente infiltrado, que este não tenha como 
evitar para resguardar sua identidade e, em consequência, sua integridade física não será 
punível, desde quenão se possa exigir conduta diversa, conforme estabelece o parágrafo 
único. As excludentes poderão ocorrer em várias situações como a coação moral 
irresistível (excludente de culpabilidade), estado de necessidade para salvaguardar sua 
vida (excludente de ilicitude), ou seja, sempre que não se possa exigir conduta diversa 
nas condições em que se encontrava o agente na ocasião da prática da conduta criminal. 
 Art. 14. São direitos do agente: 
 I – recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
 II – ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei 
nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a 
testemunhas; 
 III – ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações 
pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houverdecisão judicial em contrário; 
 IV – não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de 
comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. 
O Artigo 14 prescreve os direitos do agente em relação à infiltração, como o de recusar 
ou cessar a atuação, ter sua identidade preservada e inclusive a alteração de seus dados e 
registro civil conforme dispõe a Lei nº 9.807/99 que regula o programa de proteção a 
testemunha. 
Seção IV 
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, 
Documentos e Informações 
 Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente 
de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem 
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça 
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e 
administradoras de cartão de crédito. 
Embora com redação mais explícita do que a do § 2º do Artigo 2º da Lei nº 12.830/13, 
que trata da requisição de informações e dados que digam respeito à investigação 
conduzida pelo Delegado de Polícia, o acesso aos dados cadastrais, independentemente 
de autorização judicial, previsto no Artigo 15 nos parece tímido, até porque o banco de 
dados do SERASA é acessado por qualquer associado, com CNPJ que pague a taxa de 
consulta. Faltou uma previsão importantíssima qual seja o acesso, em tempo real, sobre 
a utilização de cartões de créditos e movimentação financeira. Não estamos falando de 
acesso a valores movimentados, mas sobre as informações referentes à localização e a 
forma da operação financeira realizada. Esse tipo de dado não somente seria de valor 
inestimável na investigação e prisão de integrantes de organizações criminosas, quer na 
prática de crimes como sequestro, como também no monitoramente da movimentação 
física de investigados, com antecipação até de eventual fuga. 
 Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso 
direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos 
de dados de reservas e registro de viagens. 
 Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 
(cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de 
identificação dos números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas 
internacionais, interurbanas e locais. 
Os Artigos 16 e 17 são redundantes e tratam do acesso aos bancos de dados cadastrais 
das empresas de transportes, concessionárias de telefonia, que devem ser 
disponibilizados pelo prazo de cinco anos. O acesso previsto independe de autorização 
judicial e deve ser de maneira direta e permanente. Portanto, se prevê a colaboração 
direta dessas empresas com as autoridades integradas na investigação. 
Seção V 
Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova 
 Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia 
autorização por escrito: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de 
infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura 
de organização criminosa que sabe inverídicas: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação 
controlada e a infiltração de agentes: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações 
requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de 
investigação ou do processo: 
 Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, 
divulga, ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. 
Os Artigos 18, 19, 20 e 21 tratam da tipificação de condutas decorrentes revelação 
indevida da identidade de colaborador, da desobediência ou obstrução da investigação 
e obtenção da prova. 
Há de se destacar o Artigo 18, não somente pela falha grave em não se penalizar a 
revelação da identidade do agente infiltrado, mas tão somente a do delator, como a 
pena pífia para uma conduta que na prática pode implicar na sentença de morte para a 
pessoa exposta. As penas previstas são insignificantes, pois na verdade, em face do 
quantum previsto, ninguém será preso pelas condutas tipificadas. 
 
CAPÍTULO III 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
 Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados 
mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 
1941 - Código de Processo Penal, observado o disposto no parágrafo único deste artigo. 
 Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual 
não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis 
em até igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela 
complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. 
O Artigo 22 estabelece o rito ordinário, de acordo com o Código de Processo Penal 
vigente, e, no parágrafo único, prevê o prazo máximo de encerramento da instrução 
criminal de até 240 dias, no caso de prorrogação fundamentada, que na prática, dadas as 
circunstâncias do excesso de processos judiciais, carência de juízes e falta de 
funcionários, deve ser a regra. O artigo 8º da Lei nº 9.034/95 (anterior lei de combate à 
organização criminosa) estabelecia o prazo de 81 dias para réu preso e 120 dias se o réu 
estivesse solto. 
 Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial 
competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, 
assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos 
de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido 
de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
Diz o Artigo 23 que o sigilo poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, 
para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias. Parece-nos 
evidente que, em se tratando de organização criminosa, não há como se proceder a 
investigação sem o devido sigilo decretado, pois que essas organizações possuem 
capacidade de ocultar ou destruir provas, inclusive testemunhais. Não raramente contam 
com rede de informantes e colaboradores no âmbito do poder público. O acesso do 
defensor aos elementos de provas que digam respeito à defesa de seu cliente deve ser 
precedido de autorização judicial, com exceção às diligências em andamento. O sigilo 
previsto com certeza será contestado judicialmente pela defesa se essas diligências 
investigatórias se prolongarem ou ocorrerem, após a denúncia do MP, pois, s.m.j., o 
principio constitucional da ampla defesa será restringido. Uma vez que o Artigo 3º 
prevê, dentre outros meios de obtenção de prova, a delação premiada em qualquer fase 
da persecução penal, eventualmente, essa colaboração poderá ocorrer depois da 
instrução encerrada ou até mesmo com a sentença prolatada, com os benefícios do 
Artigo 4º. 
 Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá 
assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo 
mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da 
autoridade responsável pela investigação. 
O § único garante o tríduo para o defensor do investigado preparar seu cliente para o 
depoimento. O prazo poderá ser ampliado,a critério da autoridade responsável pela 
investigação, que deve levar em consideração a complexidade e volume das provas a 
serem analisadas para a preparação da defesa. Tendo em vista o direito de acesso às 
provas pela defesa do investigado, a oitiva deste deve ocorrer ao final das investigações, 
para não comprometer a cabal apuração dos fatos. 
 Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Associação Criminosa 
‘Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer 
crimes: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se 
houver a participação de criança ou adolescente.’”(NR) 
O Artigo 24 alterou a redação do artigo 288 do Código Penal, que anteriormente exigia 
mais de três pessoas para sua configuração. O § único anterior do artigo alterado previa 
a majoração da pena, em caso de uso de arma. A partir da vigência desta lei, o parágrafo 
em comento permitirá ao juiz o aumento de até metade da pena, se a associação 
criminosa tiver a participação de criança ou adolescente. Novamente o legislador foi 
tímido na majoração da pena para criminosos que arregimentam crianças ou 
adolescentes para o cometimento de delitos, prática muito comum na atualidade à vista 
da imputabilidade penal prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
passa a vigorar com a seguinte alteração: 
“Art. 342. 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.”(NR) 
O Artigo 25 aumentou a pena prevista para o crime de falso testemunho, que 
anteriormente era de 1 a 3 anos. 
Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995. 
Revoga-se expressamente a lei anterior que tratava sobre investigação de organização 
criminosa. 
Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 (quarenta e cinco) dias de sua 
publicação oficial. 
O artigo 8º, § 1º da Lei Complementar nº 95 de 1998, prescreve que a contagem do 
prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com 
a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subsequente à sua consumação integral. Assim sendo, no prazo da vacatio legis, conta-
se a data da publicação (inclusive) e a data do último dia, com vigência a partir do dia 
seguinte desse prazo, portanto, a lei em comento, publicada no DOU de 5/08/2013, 
entrará em vigor no dia 19 de setembro do corrente ano.

Outros materiais