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Aula Extra - Reforma Trabalhista Direito do Trabalho - Pós Reforma p/ TST 2017 (Analista Judiciário - Área Judiciária) Com videoaulas Professor: Antonio Daud Jr Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Sumário Introdução ............................................................................................... 4 1 - Princípios ............................................................................................ 4 Princípio da norma mais favorável ............................................................ 4 Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas ................................. 5 2 - Fontes ................................................................................................ 6 3 - Direitos constitucionais ......................................................................... 6 4 - Relação de trabalho e relação de emprego e figura jurídica do empregador . 7 Figura jurídica do empregador - grupo econômico ...................................... 7 Sucessão trabalhista .............................................................................. 8 Responsabilidade do sócio ....................................................................... 9 Autônomo exclusivo ............................................................................. 11 Teletrabalho ........................................................................................ 11 5 - Terceirização ...................................................................................... 12 6HUYLoRV�³WHUFHLUL]iYHLV´�H�DWLYLGDde-fim .................................................. 13 Não obrigatoriedade de salário equivalente aos terceirizados ..................... 14 Condições de trabalho dos terceirizados .................................................. 14 Quarentena para terceirização ............................................................... 15 6 ± Contrato de trabalho........................................................................... 16 Conceito de contrato de trabalho ........................................................... 16 Trabalho intermitente ........................................................................... 16 Poderes do empregador ........................................................................ 18 Alteração contratual: local de trabalho .................................................... 18 Reversão x gratificação de função .......................................................... 19 Identificação e Registro Profissional........................................................ 19 7 - Danos morais ..................................................................................... 20 8 - Término do contrato de trabalho e Estabilidades ..................................... 22 Rescisão por acordo ............................................................................. 22 Programa de Demissão Voluntária - PDV ................................................. 23 Justa causa ......................................................................................... 24 Equiparação das dispensas individual e coletiva ....................................... 24 Procedimentos rescisórios ..................................................................... 24 AULA EXTRA Reforma Trabalhista. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr 1) homologação ................................................................................... 24 2) Forma de pagamento ........................................................................ 25 3) Prazos ............................................................................................. 25 4) Quitação anual ................................................................................. 26 5) Anotação da extinção na CTPS x FGTS e Seguro-Desemprego ................ 26 Estabilidades ....................................................................................... 26 9- Jornada de trabalho ............................................................................. 27 Tempo à disposição do empregador ....................................................... 27 Trabalho intermitente ........................................................................... 30 Hora in itinere ..................................................................................... 31 Compensação de jornada ...................................................................... 32 A) Acordo de prorrogação de jornada ...................................................... 32 B) Banco de horas ................................................................................ 33 Demais aspectos sobre compensação de jornada ...................................... 33 Jornada de 12x36 ................................................................................ 34 Tempo parcial ...................................................................................... 36 Intervalo intrajornada........................................................................... 37 Teletrabalho ........................................................................................ 38 Prorrogação em atividades insalubres ..................................................... 38 Prorrogação de jornada por necessidade imperiosa .................................. 39 10 - Salário e remuneração ....................................................................... 40 Salários .............................................................................................. 40 'HILQLomR�GH�³SUrPLRV´ ......................................................................... 42 6DOiULR�³LQ�QDWXUD´ ............................................................................... 42 Equiparação salarial ............................................................................. 43 Remuneração do trabalho intermitente ................................................... 46 Demais alterações ................................................................................ 46 11 - Férias .............................................................................................. 47 Fracionamento ..................................................................................... 47 Concessão: início das férias ................................................................... 48 Trabalhado em tempo parcial ................................................................ 48 Férias do trabalhador intermitente ......................................................... 49 12 - Prescrição ........................................................................................ 49 Alteração da redação do art. 11 ............................................................. 50 Prescrição intercorrente ........................................................................ 51 Nova hipótese de suspensão do prazo prescricional ................................... 51 13 ± Segurança e Saúde do Trabalho ......................................................... 52 Prorrogação em atividades insalubres ..................................................... 52 Enquadramento do grau de insalubridade ............................................... 52 Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Gestante e lactante .............................................................................. 53 Amamentação ..................................................................................... 55 14 ± Trabalho da mulher.......................................................................... 55 15 ± Direito Coletivo do Trabalho: comissão e negociações coletivas .............. 56 Comissão para entendimento direto ....................................................... 56 Atribuições........................................................................................... 56 Mandato dos representantes .................................................................. 57 Eleição ................................................................................................ 58 Composição da Comissão ...................................................................... 59 Negociado sobre o legislado .................................................................. 59 Assuntos nos quais o negociado prevalece ............................................... 60 Fora de negociação ............................................................................... 62 Anulação de cláusulas de negociação coletiva .......................................... 66 Altos empregados ................................................................................ 66 Vigência de ACT/CCT ............................................................................ 67 Hierarquia entre CCT e ACT ................................................................... 67 Princípios do direito coletivo .................................................................. 68 16 ± FGTS .............................................................................................. 68 Nova hipótese de saque ........................................................................ 68 Extinção por acordo mútuo ................................................................... 69 Forma de movimentação da conta .......................................................... 69 Trabalhador intermitente ...................................................................... 69 17- Entidades Sindicais ............................................................................ 70 Introdução a entidades sindicais ............................................................. 70 Contribuição sindical ............................................................................. 70 Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Introdução Olá pessoal! Como vocês bem sabem, a reforma trabalhista foi aprovada por meio da Lei 13.467, de 13/7/2017. A lei entrará em vigor somente em meados de novembro de 2017 (Lei 13.467, art. 6º), mas o edital do TST, recém publicado, já previu a cobrança das alterações promovidas. Assim, para quem já vinha estudando com base nas regras anteriores, compilamos este material, que analisa todas as alterações relacionadas ao Direito do Trabalho na ementa do concurso. Este material foi elaborado considerando as mudanças promovidas, tendo em vista a redação anterior das leis alteradas (CLT, Lei 6.019 e Lei 8.036), a jurisprudência sumulada do TST e a doutrina. Há algumas semanas, fizemos um aulão ao vivo a respeito das principais mudanças. Para quem ainda não assistiu, o vídeo encontra-se disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=HJ700bmBjI8&t=1s Que seja útil! Um abraço, Antonio Daud 1 - Princípios &RPR�XP�GRV�SLODUHV�GD�/HL���������IRL�DSURYDGR�R�FKDPDGR�³QHJRFLDGR�VREUH� R�OHJLVODGR´� Dessa forma, o art. 611-A da CLT lista uma série de temas em que a negociação coletiva irá prevalecer sobre a legislação emanada do Estado. Isto tem reflexos nos princípios do Direito do Trabalho, reduzindo a força do princípio da norma mais favorável e do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas. Princípio da norma mais favorável Segundo o princípio da norma mais favorável, como desdobramento do princípio da proteção, tradicionalmente deve-se aplicar ao caso concreto, havendo mais de uma norma em vigor regendo o mesmo assunto, a que seja mais favorável ao empregado. Pela aplicação deste princípio, portanto, respeitadas as regras de Hermenêutica Jurídica, deve-se buscar a aplicação da norma mais favorável ao obreiro. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Por outro lado, com a mudança promovida pela Lei 13.467/2017 houve uma significativa flexibilização deste princípio, sob dois aspectos. Em primeiro lugar, porque, para as matérias listadas no art. 611-A da CLT, uma regra prevista em um Acordo Coletivo do trabalho, por exemplo, poderá prevalecer sobre disposição existente no texto de uma lei, ainda que a regra legal seja mais favorável ao empregado. Portanto, para tais assuntos, houve um inegável esvaziamento do princípio da norma mais favorável. Em segundo, porque, segundo as regras da Lei 13.467, as condições previstas em Acordos Coletivos (ACT ± que é o instrumento celebrado entre sindicato de empregados e empresa) ³VHPSUH� SUHYDOHFHUmR´� VREUH� DTXHODV� SUHYLVWDV� mediante Convenção Coletiva (CCT ± celebrada entre dois sindicatos), segundo o art. 620 da CLT: CLT, art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. Portanto, podemos dizer que o princípio da norma mais favorável é ofuscado quando estiverem presentes normas de acordos ou convenções coletivas do trabalho. Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas Este princípio, também chamado de princípio da imperatividade das normas trabalhistas, é uma limitação à autonomia das partes no direito do trabalho. No direito civil as partes têm grande autonomia para negociar cláusulas contratuais, o que, no direito do trabalho, poderia vir a fazer com que o trabalhador abrisse mão de direitos para conquistar ou manter seu emprego. Assim, tendo em vista o já comentado desequilíbrio entre capital e trabalho, no âmbito trabalhista as partes não podem negociar livremente cláusulas trabalhistas. Este princípio também é conhecido como princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas e princípio da imperatividade das normas trabalhistas. Por outro lado, com a aprovação da Lei 13.467, o princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas foi reduzido em situações específicas. 2V� FKDPDGRV� ³DOWRV� HPSUHJDGRV´�� TXH� VmR� DTXHOHV� com nível superior e que recebem salários superiores a duas vezes o teto do RGPS, poderão negociar diretamente com seus empregadores, sem intermediação pelo sindicato profissional (CLT, art. 444, parágrafo único). Assim, no caso destes empregados, eles próprios poderão transacionar direitos, de modo que, para eles, houve redução na incidência do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr 2 - Fontes A respeito das fontes do Direito do Trabalho, duas alterações chamam a atenção. O primeiro diz respeito ao aumento do protagonismo do direito comum no âmbito do Direito do Trabalho, eliminando a parte final do então parágrafo único do art. 8º da CLT. Veja abaixo como foi a alteração: Antes Depois CLT, art. 8º, parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. CLT, art. 8º, § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. Outro destaque é que o princípio da legalidade ganhou força com a previsão do §2º do art. 8º da CLT, já que súmulas e OJs, por exemplo, não poderãoextrapolar as obrigações previstas em lei. Grosso modo, podemos dizer que a reforma trabalhista diminuiu a possibilidade de atuação da Justiça do Trabalho: CLT, art. 8º, § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. Por exemplo: a então súmula 209 do TST dizia que o empregador não deveria retirar a gratificação do empregado que perdesse o cargo em comissão após 10 anos. Tal obrigação imposta ao empregador não se encontra prevista em lei. Portanto, segundo a reforma promovida, o TST (e os demais tribunais do trabalho) não poderia criar obrigações como esta, já que não estão previstas em lei. 3 - Direitos constitucionais A CLT, por meio da Lei 13.467/2017, passou a regulamentar o art. 11 da CF1, que prevê a OLT ± Organização Local dos Trabalhadores: 1 CF, art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr CLT, art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de uma comissão para representá-los, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. Este dispositivo vem a regulamentar, portanto, disposição constitucional que prevê a obrigatoriedade do entendimento direto entre empregados e empregadores, por meio de representantes dos empregados eleitos. Entretanto, tal situação apenas será obrigatória nas EMPRESAS com MAIS de 200 trabalhadores. 4 - Relação de trabalho e relação de emprego e figura jurídica do empregador Em relação a estes temas, ganha destaque as alterações promovidas quanto ao grupo econômico, à sucessão trabalhista, à responsabilidade dos sócios das empresas, além da possibilidade de contratação do autônomo exclusivo. Adiante vamos examinar cada uma dessas alterações. Figura jurídica do empregador - grupo econômico A CLT, por meio da Lei 13.467, passou a estabelecer requisitos adicionais para a caracterização do grupo econômico, ao alterar o §2º do art. 2º e incluir o §3º no mesmo artigo. Até então, havendo quadro societário idêntico entre duas ou mais empresas, o Poder Judiciário vinha reconhecendo o grupo para fins trabalhistas. A partir da reforma trabalhista, o legislador deixa claro que não basta a mera identidade de sócios para o surgimento do grupo econômico. Para que reste caracterizado o grupo para fins trabalhistas, deve haver: 9 demonstração do interesse integrado; 9 efetiva comunhão de interesses; e 9 atuação conjunta das empresas. Então, deve haver, por exemplo, interesses em comum entre as empresas e atuação conjunta, como, por exemplo, por meio de um setor de RH comum às empresas, atividades empresariais conjuntas etc. Nesse sentido, pode-se inferir que a CLT passa a permitir a formação do FKDPDGR�³grupo por coordenação´. Até então, havia um embate doutrinário entre os defensores do grupo por subordinação e do grupo por coordenação. A corrente defensora do grupo econômico por subordinação �RX� ³JUXSR� YHUWLFDO´�� GL]LD� TXH� UHVWDULD configurado o grupo econômico para fins trabalhistas se houvesse subordinação jurídica entre as empresas, pois a CLT IDOD�HP�³VRE�D�direção, controle ou administração GH�RXWUD´�� Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr A outra corrente (que já era dominante na doutrina), de outro lado, entende que, para a caracterização do grupo econômico, basta a existência de coordenação interempresarial, ou seja, não há necessidade de subordinação (assimetria) entre as empresas para formação do grupo, podendo haver grupo por mera coordenação �RX�³JUXSR�KRUL]RQWDO´��� Veja como foi a alteração: Antes Depois CLT, art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. CLT, art. 2º, § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. - § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Sucessão trabalhista A CLT, após a Lei 13.467, deixou clara a responsabilidade do sucessor no caso de sucessão empresarial: CLT, art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Portanto, em regra, o sucedido não responde pelos débitos trabalhistas dos contratos em vigor à época da sucessão, mesmo aqueles contraídos antes da sucessão (em regra, apenas o sucessor responderá). Vejam que, no âmbito trabalhista, a CLT deixa claro que não há espaço para cláusula de não responsabilização2 na alteração de titularidade de empresas. Por outro lado, no caso de sucessão fraudulenta, a empresa sucedida também será alcançada, como já vinha entendendo a jurisprudência do TST. Todavia, o entendimento da Lei 13.467 é pela responsabilidade solidária da sucedida (e não mais subsidiária como vinha entendendo o TST): CLT, art. 448-A, parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. Portanto, a respeito da sucessão trabalhista na CLT, podemos concluir o seguinte: - sucessão típica: responsabilidade exclusiva do sucessor; - sucessão com fraude comprovada: haverá a corresponsabilização da empresa sucedida, da seguinte forma: - sucessor e sucedida são responsáveis solidários. Além disso, é preciso destacar que a jurisprudência do TST e a doutrina3 vinham ampliando as possibilidades de responsabilização subsidiária do sucedido, nas situações em que KDYLD� ³comprometimento das garantias empresariais deferidas aos contratos de trabalho (..) aptas a provocar a incidência da responsabilização subsidiária da empresa sucedida´, mesmo sem indícios de fraude. Responsabilidade do sócio Outro aspecto que foi estabelecido expressamente na CLT, com a mudança da Lei 13.467, foi a responsabilidade dos sócios, em relação às dívidas trabalhistas da empresa. Foi definida, ainda, até quando se pode responsabilizar os antigos sócios da HPSUHVDP� �FKDPDGRV� ³VyFLRV� UHWLUDQWHV´��� DOpP� GRV� DWXDLV� VyFLRV�� DSOLFDQGR� regra do Código Civil4. 2 Por exemplo: no contrato de venda da empresa/estabelecimento FRQVWD� FOiXVXOD� RQGH� ³R� adquirente seresponsabiliza pelos valores devidos aos empregados a partir da transferência de SURSULHGDGH��H�DV�GtYLGDV�DQWHULRUHV�SHUPDQHFHP�VRE�UHVSRQVDELOLGDGH�GR�DQWLJR�SURSULHWiULR´� 3 Idem, ibidem. 4 CCB, art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Exemplo: Alice é empregada da empresa SomoMais Ltda há cinco anos. A empresa tem como sócios os irmãos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Em determinado momento, Huguinho se desentende com seus irmãos e se retira da sociedade. Para formalizar sua retirada, averba a modificação do contrato social da empresa na junta comercial. Passado algum tempo, a empresa dispensa Alice e deixa de pagar suas verbas rescisórias, alegando que não possui os recursos financeiros necessários. Pergunta: Alice poderá também cobrar dos sócios da empresa? E do sócio que havia se retirado (Huguinho)? A resposta está no art. 10-A da CLT: CLT, art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes. Portanto, Alice pode cobrar de Huguinho (sócio retirante), de forma subsidiária, desde que a ação trabalhista seja ajuizada até dois anos da averbação da sua retirada do quadro societário daquela empresa. Vejam, portanto, que o marco temporal para a contagem dos 2 anos é a averbação da alteração do quadro societário5. Até que a averbação ocorra, não é iniciada a contagem deste prazo. Além disso, segundo a ordem de preferência definida, primeiramente responde a própria empresa (SomosMais Ltda.). Caso a dívida não seja satisfeita, cobra- se dos sócios atuais (Zezinho e Luisinho) e, em última hipótese, cobra-se do sócio retirante (Huguinho). Mas, se a retirada de Luisinho da empresa tiver sido fraudulenta, ele responderá de forma solidária com os sócios atuais. Assim, Alice cobraria primeiramente da empresa e, caso não satisfeita a dívida, poderia cobrar de qualquer dos três irmãos, de forma solidária, como prevê a CLT: CLT, art. 10-A, parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. 5 Resumidamente, destaco que, em primeiro lugar, é feita a alteração no quadro societário. Em segundo, esta alteração precisa ser averbada na junta comercial ou no cartório de pessoas jurídicas. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Portanto, a respeito da responsabilidade do sócio retirante, podemos concluir o seguinte: i) retirada típica: responsabilidade subsidiária até 2 anos da averbação da sua retirada; ii) retirada com fraude comprovada: responsabilidade solidária com os sócios atuais. Autônomo exclusivo A CLT, após a Lei 13.467, passou a prever a figura do trabalhador autônomo exclusivo, que poderá prestar serviços para um único empregador de forma contínua, tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício. A lição clássica de trabalho autônomo indica que é a situação em que a pessoa labora sem subordinação, e a falta deste elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. $�H[SUHVVmR�³DXW{QRPR´�UHSUHVHQWD� este fato, no sentido de que o profissional possui autonomia para exercer suas funções (ou seja, não está sob o poder de direção de um empregador). Assim, buscando afastar o vínculo empregatício na situação em que há autonomia daquele que labora apenas para um tomador de serviços, foi inserido o seguinte dispositivo na CLT: CLT, art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação [requisitos da relação de emprego]. Tal previsão abre margem para que empresas contratem trabalhadores para atuarem com continuidade e exclusividade àquele empregador, tendo afastado, por uma opção do legislador, a caracterização do vínculo de emprego. Todavia, para que tal contratação se dê legalmente, é necessário que realmente inexista subordinação em relação ao tomador dos serviços. Assim, caberá à Justiça do Trabalho avaliar, nos casos que lhe forem submetidos, a efetiva inexistência da subordinação nessas relações de emprego, ante o princípio da primazia da realidade. Teletrabalho A CLT, com o advento da Lei 13.467/2017, passou a prever regras específicas para o teletrabalho (também chamado de home-office). Nesta modalidade, por meio dos recursos tecnológicos (internet, aplicativos de comunicação etc) o empregado trabalha à distância durante a maior parte do tempo, mas não chega a ser considerado um trabalhador externo. Em muitos casos, o empregado trabalha da sua própria residência. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Vejam como o legislador definiu tal modalidade: CLT, art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Vejam, portanto, que, uma vez enquadrado como teletrabalhador, o comparecimento às dependências do empregador para atividades específicas não descaracteriza tal regime. Vai prevalecer o teletrabalho caso a prestação de serviços se dê, de modo preponderante, fora das dependências do empregador. Como será detalhado em outros momentos do curso, o teletrabalhador foi excluído do controle de jornada, não possuindo, portanto, direito a horas extras (CLT, art. 62, III). Além disso, um mesmo empregado pode ter alterado seu regime de trabalho entre presencial e de teletrabalho, desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual (CLT, art. 75-C, §§1º e 2º). A CLT deixa claro, ainda, que equipamentos eventualmente fornecidos pelo empregador para viabilizar o teletrabalho não integram a remuneração daquele trabalhador (CLT, art. 75-D, parágrafo único). São, portanto, utilidades sem natureza salarial. 3RU�ILP��UHJLVWUR�TXH�R�WHOHWUDEDOKR�p�XP�GRV�DVVXQWRV�HP�TXH�R�³QHJRFLDGR�LUi� SUHYDOHFHU�VREUH�R�OHJLVODGR´��&/7��DUW�����-A). 5 - Terceirização Em março de 2017, a Lei 13.419 (lei da terceirização) já havia provocado uma significativa mudança no trabalho terceirizado, por meio da sua regulamentação em lei. Todavia, nova alteração foi feita por meio da Lei 13.467 (reforma trabalhista), que também alterou a Lei 6.019/1974 (não somente a CLT). A partir da reforma trabalhista, o legislador deixou mais clara a possibilidade de terceirização em atividade-fim.Outra alteração importante consistiu na tentativa de se proteger quem atualmente possui emprego, em face de demissões que possam ocorrer ao se terceirizarem atividades das empresas. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Além disso, excluiu-se a exigência de que os serviços terceirizados sejam ³GHWHUPLQDGRV�H�HVSHFtILFRV´��FRPR�HVWLSXODGR�SHOD�/HL�������, como detalho a seguir. Por fim, ficou estabelecido que não há obrigatoriedade de equivalência salarial entre o empregado próprio do tomador dos serviços e o trabalhador terceirizado (a equivalência salarial foi mantida apenas para o trabalhador temporário ± Lei �������DUW������µD¶�. 6HUYLoRV�³WHUFHLUL]iYHLV´�H�DWLYLGDde-fim $�/HL��������WURX[H�SDUD�D�GHILQLomR�OHJDO�GH�³WHUFHLUL]DomR´�D�SRVVLELOLGDGH�GH� se delegar a terceiros qualquer atividade, incluindo a atividade principal da empresa tomadora dos serviços: Lei 6.019, art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução. Além disso, excluiu-se a necessidade de que os serviços terceirizados sejam ³GHWHUPLQDGRV�H�HVSHFtILFRV´� Vejam abaixo a comparação com a redação anterior: Antes Depois Lei 6.019, art. 4º-A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos. Lei 6.019, art. 4º-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução. Assim, foi alterado também o teor do art. 5º-A, da seguinte forma: Antes Depois Lei 6.019, art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços determinados e específicos. Lei 6.019, art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal. Não obrigatoriedade de salário equivalente aos terceirizados O TST vinha entendendo que os trabalhadores terceirizados tinham direito à isonomia salarial com o empregado próprio do tomador dos serviços, em especial nas situações de terceirização ilícita, conforme se depreende da OJ 383 da SDI-16. Todavia, por meio da Lei 13.467, que alterou a Lei 6.019/1974, ficou estabelecido que não há obrigatoriedade de equivalência salarial entre o empregado próprio do tomador dos serviços e o trabalhador terceirizado: Lei 6.019, art. 4o-C, § 1o Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de outros direitos não previstos neste artigo. Em outras palavras, até pode ser estabelecida a equivalência salarial, no âmbito do contrato de prestação de serviços, mas esta não é uma obrigação das empresas. Nesse sentido, destaco que a equivalência salarial ficou mantida apenas para o trabalhador temporário ± /HL��������DUW������µD¶� Condições de trabalho dos terceirizados Embora tenha permitido a diferenciação salarial, a Lei 13.467, com o intuito de evitar a discriminação aos trabalhadores terceirizados, definiu condições mínimas que devem ser mantidas aos terceirizados por parte da empresa tomadora, quando os serviços foram prestados nas suas dependências: Lei 6.019, art. 4o-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições: 6 383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA 720$'25$��,62120,$��$57������³$´��'$�/(,�1��������'(������������� A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a LJXDOGDGH�GH�IXQo}HV��$SOLFDomR�DQDOyJLFD�GR�DUW������³D´��GD�/HL�Q��������GH����������� Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr I - relativas a: a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios; b) direito de utilizar os serviços de transporte; c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por ela designado; d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir. II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações adequadas à prestação do serviço. Então, por exemplo, se a empresa tomadora dos serviços possui refeitório para seus empregados, deverá facultar também aos terceirizados a mesma condição. O mesmo vale para transporte, atendimento médico e ambulatorial, treinamento, condições sanitárias e de SST. E se, por exemplo, a quantidade de terceirizados for tão grande que o refeitório da tomadora não seja suficiente para acomodar todos? Antevendo HVWD� VLWXDomR�� R� OHJLVODGRU� DXWRUL]RX� TXH� RV� ³VHUYLoRV� GH� DOLPHQWDomR´� H� GH� ³DWHQGLPHQWR� DPEXODWRULDO´� IRVVHP� IRUQHFLGRV� DRV� terceirizados em outro local, nas hipóteses em que os terceirizados forem em número igual ou superior a 20% dos empregados próprios da tomadora: Lei 6.019, art. 4o-C, § 2o Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada em número igual ou superior a 20% (vinte por cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar aos empregados da contratada os serviços de alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e com igual padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos serviços existentes. Quarentena para terceirização Objetivando minimizar as chances de que as empresas dispensem seus empregados próprios para terceirizarem, com os mesmos trabalhadores, as atividades por eles exercidas, criou-se uma quarentena de 18 meses. Por exemplo: Francisco é empregado da empresa QueBrada Ltda. Se Francisco é dispensado, ele somente poderá prestar serviços, enquanto trabalhador terceirizado, àquela empresa após o decurso de 18 meses (seja como empregado da empresa prestadora de serviços, seja como sócio da prestadora). A ideia é evitar que os empregados sejam demitidos e forçados a constituírem empresas próprias (pejotização) para prestarem serviços ao antigo empregador, no intuito de burlar a legislação trabalhista. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr A única exceção refere-se ao empregado que se aposenta. Neste caso, não há que se falar em quarentena de 18 meses: Lei 6.019, art. 5o-C. Não pode figurar como contratada,nos termos do art. 4o-A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados. Lei 6.019, art. 5o-D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado. 6 ± Contrato de trabalho A Lei 13.467 alterou diversos pontos relacionados ao contrato de trabalho, como detalhado a seguir. Conceito de contrato de trabalho A reforma trabalhista alterou o conceito de contrato de trabalho, passando a incluir a possibilidade de trabalho intermitente, da seguinte forma: CLT, art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. Trabalho intermitente Intermitente é o contrato de trabalho por escrito no qual a prestação de serviços não é contínua. Nesta modalidade, há alternância de períodos de trabalho e de inatividade, independentemente do tipo de atividade do empregador ou da função do empregado. Assim, o empregador pactua com o empregado uma remuneração, todavia ela será devida apenas nas situações em que o empregado for convocado a trabalhar. Por exemplo: determinado restaurante contrata um garçom trabalhar, de forma intermitente, durante o horário das refeições (almoço e jantar). Assim, o garçom labora das 11hs às 14hs (todos os dias) e das 19hs às 22hs, de quinta a sábado. Este mesmo garçom pode ainda ser convocado pelo empregador para laborar, por exemplo, em sábados de maior movimento. Esta modalidade confere bastante flexibilidade ao empregador, que não se compromete em ter à sua disposição empregados durante momentos de baixa demanda da atividade empresarial. Assim, o empregador ganhou a liberdade Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr para ter empregados, mas só convocá-los a trabalhar em momentos específicos que realmente necessitar. E como funciona esta modalidade? Primeiramente, o empregado é contratado pelo empregador, pactuando-se a intermitência no próprio contrato de trabalho. Em determinado momento, o empregador convoca o empregado para a prestação de serviços. O empregado deve ser convocado com antecedência de, no mínimo, 3 dias (corridos) e ser informado acerca da jornada de trabalho. Recebida a convocação, o empregado pode optar por aceitar ou não o chamado. O obreiro tem o prazo de 1 dia útil para responder ao chamado, presumindo- se como recusa o silêncio. Caso aceite e compareça ao local de trabalho, o empregado terá sua jornada de trabalho computada e, portanto, remunerada. O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador e, portanto, não haverá remuneração. Além disso, durante a inatividade, o empregado poderá prestar serviços a outros contratantes. Vejam que, embora exista subordinação, o empregado poderá optar por não atender à convocação do empregador. Por outro lado, se o empregado aceita a convocação e, posteriormente, ou o empregado ou o empregador desistem, sem justo motivo, há previsão de pagamento de multa de 50% da remuneração que seria devida. Vejam, portanto, o porquê de o silêncio do empregado ser encarado como recusa. - - - - A exceção ao trabalho intermitente diz respeito aos aeronautas7, regidos por regulamentação própria (lei 7.183/1984). Abaixo o dispositivo celetista que autoriza o contrato de trabalho intermitente: CLT, art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. Outro ponto de destaque é que o contrato de trabalho intermitente deve ser necessariamente por escrito (mais uma exceção à regra geral de que os contratos de trabalho são consensuais): 7 Cuidado para não confundir os aeronautas com os aeroviários. Aeronautas, regidos por legislação própria, compõem as tripulações das aeronaves. Em outras palavras, aqueles que voam são os aeronautas. Os aeroviários trabalham nos serviços terrestres das companhias aéreas. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr CLT, art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. Finalizando os comentários, o trabalhador intermitente tem direito, assim como os demais empregados, além da sua remuneração, à percepção de férias (acrescidas do terço constitucional), 13º, repouso semanal remunerado e adicionais legais, além do recolhimento ao FGTS. Por fim, registro que o trabalho intermitente é um dos assuntos em que o ³QHJRFLDGR�LUi�SUHYDOHFHU�VREUH�R�OHJLVODGR´��&/7��DUW�����-A). Em outros momentos do curso detalharemos demais aspectos relacionados ao trabalhador intermitente. Poderes do empregador $LQGD� D� UHVSHLWR� GR� DVVXQWR� ³3RGHUHV� GR� HPSUHJDGRU´�� D� &/7�� DSyV� D� /HL� 13.467, sinaliza que a definição do padrão de vestimenta insere-se no poder diretivo do empregador: CLT, art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada. Por outro lado, como regra, é do empregado a responsabilidade pela higienização do uniforme. A exceção fica por conta das situações em que é necessário produto diferenciado para tal higienização: CLT, art. 456-A, parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem necessários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados para a higienização das vestimentas de uso comum. Alteração contratual: local de trabalho Outra situação que requer atenção é a alteração entre regimes de trabalho presencial e de teletrabalho. Tanto a alteração do regime presencial para o de teletrabalho, quanto o caminho inverso (do teletrabalho para presencial), são consideradas alterações lícitas, mas exigem, em regra, acordo mútuo. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Todavia, além da possibilidade de alterar o regime de trabalho por acordo mútuo (bilateral), o teletrabalhador pode receber determinação unilateral do seu empregador para que passe a laborar sob regime presencial: CLT, art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. § 1o Poderá serrealizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. § 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. Em todos os casos, é necessário registro em aditivo contratual. Reversão x gratificação de função A CLT, a partir da Lei 13.467/2017, deixa claro que a reversão não enseja direito à incorporação da gratificação de função recebida, qualquer que tenha sido o tempo de exercício da função ou o motivo da destituição: CLT, art. 468, § 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo [reversão ao cargo efetivo anteriormente ocupado], com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Vejam que tal disposição contrariou o entendimento anterior do TST, cristalizado na SUM-3728 do TST. Portanto, não há mais direito à incorporação da gratificação de função, qualquer que seja o tempo de exercício da função de confiança. Identificação e Registro Profissional Foi prevista expressamente uma multa para a ausência de informação dos dados dos empregados constantes do livro de registro de empregados: CLT, art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação [livro de registro de empregados com dados sobre admissão, duração do trabalho, férias e 8 SUM-372 GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU REDUÇÃO. LIMITES I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr acidentes], o empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado. 7 - Danos morais Por meio da Lei 13.467, a CLT passou a regulamentar o dano extrapatrimonial, que inclui os FKDPDGRV� ³danos morais´. Há duas mudanças significativas: (i) IRUDP� GHILQLGDV� DV� OHV}HV� PRUDLV� H� �LL�� IRUDP� ³WDEHODGRV´� RV� YDORUHV� GD� indenização, como passo a detalhar. Em primeiro lugar, o legislador buscou definir de forma taxativa quais bens jurídicos são tutelados ao empregado e quais seriam tutelados às empresas (CLT, arts. 223-C e 223-D). Com isto, limitaram-se as lesões morais que podem ser objeto de reparação e deixou-se claro que o empregador também buscar reparação em face do empregado por dano sofrido: Pessoa física (empregado) Pessoa jurídica honra imagem intimidade liberdade de ação autoestima sexualidade saúde lazer integridade física imagem marca nome segredo empresarial sigilo da correspondência Em segundo lugar�� D� &/7�� SRU� PHLR� GD� /HL� �������� SDVVRX� D� ³WDEHODU´� D� reparação por danos morais no âmbito trabalhista, da seguinte forma (CLT, art. 223-G, §1º): Grau da ofensa Valor da indenização Leve 3 x último salário Média 5 x último salário Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Grave 20 x último salário Gravíssima 50 x último salário Reincidência entre partes idênticas Possibilidade de se elevar ao dobro Ainda sobre os danos morais, outras duas modificações importantes foram: a exclusão da responsabilidade objetiva em caso de dano extrapatrimonial e a exclusão do dano moral ricochete (ou reflexo). A partir da regulamentação promovida pela Lei 13.467, somente a ação ou omissão são capazes de provocar a lesão extrapatrimonial do empregador, de modo que não há mais espaço para a responsabilidade para reparação em decorrência da responsabilidade objetiva do empregador. Além disso, o chamado dano moral em ricochete, que vinha sendo admitido pela jurisprudência, é aquele que9, embora decorrente de um fato ocorrido com determinada pessoa, possui o condão de atingir o patrimônio moral de terceiros, notadamente daqueles que possuem vinculação afetiva mais estreita coma vítima direta. Por exemplo: o acidente de trabalho com óbito, como sendo um dos fatos comuns capazes de gerar danos morais indiretos, atingindo, em ricochete, familiares e parentes que gozavam de convivência próxima com o trabalhador falecido. Assim, familiares próximos pleiteavam danos morais em face do empregador do trabalhador falecido em virtude da perda da convivência. Notem, portanto, que a regulamentação do dano moral efetuada pela Lei 13.467 excluiu o dano moral por ricochete no âmbito trabalhista. Vejam abaixo o dispositivo sob comento: CLT, art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Por fim, registro que a CLT passou a listar expressamente as circunstâncias que devem ser avaliadas pelo juiz do trabalho na análise de pedidos de indenização por tais danos: CLT, art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; 9 DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 2ª ed. São Paulo: LTr. 2007. P. 127. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; XII - o grau de publicidade da ofensa. 8 - Término do contrato de trabalho e Estabilidades Foram efetuadas alterações pontuais a respeito da extinção do contrato de trabalho, detalhadas a seguir. Rescisão por acordo A CLT, após a Lei 13.467, passou a prever uma nova modalidade de término do contrato de trabalho: rescisão do contrato de trabalho de comum acordo entre HPSUHJDGR�H�HPSUHJDGRU��R�FKDPDGR�³GLVWUDWR´� Nesta modalidade, tanto empregado quanto empregador desejam pôr fim ao contrato. Esta alteração visa a desestimular a prática ilegal em que o empregado que não queria permanecer no emprego pedia ao seu empregador para ser dispensado, no intuito de sacar seu FGTS, e devolvia D�HOH�³SRU�IRUD´�a multa rescisória de 40%. Quanto às verbas rescisórias devidas, há pagamento de metade do aviso prévio, se indenizado, e da multa rescisória sobre o FGTS. As demais verbas (13º e férias, inclusive proporcionais) são devidas na integralidade: CLT, art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I - por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; e b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036,de 11 de maio de 1990; Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. Nesta modalidade o empregado não tem direito ao Seguro-Desemprego (já que não é "involuntário"), mas pode sacar até 80% dos depósitos no FGTS: CLT, art. 484-A, § 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. § 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. Na rescisão por comum acordo é ainda permitido às partes requererem a homologação judicial do acordo (CLT, art. 855-E). Caso homologada, o empregado não poderá pleitear, em momento futuro, outras verbas relacionadas àquele contrato de trabalho. Programa de Demissão Voluntária - PDV Algumas empresas apresentam aos seus empregados proposta de valor que os incentive a desligar-VH� GD� HPSUHVD�� IDWR� HVWH� FRQKHFLGR� FRPR� ³3URJUDPD� GH� 'HPLVVmR�9ROXQWiULD´��³3URJUDPD�GH�,QFHQWLYR�j�'HPLVVmR�9ROXQWiULD´�RX�DLQGD� ³3ODQR� GH� ,QFHQWLYR� j� 'HPLVVmR� 9ROXQWiULD´�� (VWH� SURFHGLPHQWR� WDPEpP� p� conhecido pela sigla PDV. A CLT, após a Lei 13.467, regulamentou o término do contrato de trabalho por meio da adesão a um PDV. O requisito essencial para a validade da rescisão contratual por tal modalidade é a previsão em norma coletiva (ACT/CCT). Além disso, a adesão ao PDV representa, como regra geral, quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia: CLT, art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes. Dessa forma, salvo disposição em contrário, um empregado que tenha aderido ao PDV não poderá, posteriormente, reclamar perante a Justiça Trabalhista o pagamento de verbas trabalhistas, como poderia um empregado que não tenha aderido. A exceção se dá nos casos em que empregado e empregador estipularem expressamente limitação à quitação. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Vejam, portanto, que a opção do legislador na Lei 13.467 foi de conferir efeitos ainda mais amplos àqueles adotados pelo STF no julgamento do RE 59041510 e oposto ao que vinha sendo adotado pelo TST na OJ 27011 da SDI-1. Justa causa Foi criada nova hipótese de dispensa com justa causa: CLT, art. 482, m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Por exemplo: o motorista que perde sua habilitação, o advogado que tem seu registro cassado na OAB ou o médico que tem cassado seu registro no CRM ± Conselho Regional de Medicina. Equiparação das dispensas individual e coletiva Conferindo mais liberdade ao empregador, a CLT equiparou a dispensa de um único empregado (dispensa individual) com a dispensa de vários empregados (dispensa plúrima e coletiva). Em todos estes casos, não há que se falar em autorização do sindicato ou de negociação coletiva: CLT, art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação. Procedimentos rescisórios Adiante, analisamos as alterações quanto aos procedimentos rescisórios. 1) homologação Fim da exigência de homologação da rescisão junto ao sindicato da categoria para contratos com tempo de serviço superior a 1 ano. Assim, foram revogados os seguintes dispositivos da CLT: 10 (..) fixando-se a tese de que a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado. 11 OJ 270 ± SDI1 ± A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr CLT, art. 477, § 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. CLT, art. 477, § 3º - Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo, a assistência será prestada pelo Represente do Ministério Público ou, onde houver, pelo Defensor Público e, na falta ou impedimento dêste, pelo Juiz de Paz. CLT, art. 477, § 7º - O ato da assistência na rescisão contratual (§§ 1º e 2º) será sem ônus para o trabalhador e empregador. 2) Forma de pagamento Além do pagamento rescisório em dinheiro ou cheque visado, a CLT passou a prever expressamente o pagamento mediante depósito bancário (prática que já era amplamente utilizada): Antes Depois CLT, art. 477, § 4º - O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado fôr analfabeto, quando o pagamento sòmente poderá ser feito em dinheiro. CLT, art. 477, § 4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto. 3) Prazos Houve a simplificação dos prazos para pagamento das verbas rescisórias. Após a Lei 13.467/2017, a CLT prevê o prazo único de 10 dias, contados a partir do efetivo término do contrato. Vejam uma comparação da redação do §6º do art. 477: Antes Depois CLT, art. 477, § 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: a) até o primeiro dia útil imediato ao CLT, art. 477, § 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento. dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. 4) Quitação anual A CLT passou a prever, após a Lei 13.467, o termo de quitaçãoanual das obrigações trabalhistas, o qual, caso seja firmado, deve ser assinado pelo trabalhador na presença do sindicato representante da categoria do empregado. Com ele, o trabalhador declara ter recebido todas as parcelas devidas, como, por exemplo, horas extras e adicionais: CLT, art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. 5) Anotação da extinção na CTPS x FGTS e Seguro- Desemprego Buscando simplificar o pedido de concessão do seguro-desemprego e do saque do FGTS, a Lei 13.467 estabeleceu que a própria anotação na CTPS do empregado é documento suficiente para o empregado fundamentar seu pedido: CLT, art. 477, § 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no caput deste artigo tenha sido realizada. $VVLP�� QmR� Ki� PDLV� TXH� VH� IDODU� HP� ³JXLD� GR� )*76´� RX� ³JXLD� GR� 6HJXUR- 'HVHPSUHJR´��FRPR�HQWmR�HUD�QHFHVViULR� Estabilidades Com o advento da Lei 13.467/2017, a CLT passou a prever mais um caso de estabilidade provisória no emprego. Trata-se dos representantes dos empregados na comissão de entendimento direto com o empregador. Fica proibida a dispensa dos membros desta comissão (que são em número de 3, 5 ou 7 representantes) desde o registro da candidatura até 1 ano após o fim do mandato, salvo por motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro: Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr CLT, art. 510-D, § 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. 9- Jornada de trabalho A reforma WUDEDOKLVWD� RSHURX� VLJQLILFDWLYDV�PXGDQoDV� QR� DVVXQWR� ³-RUQDGD� GH� 7UDEDOKR�H�'HVFDQVRV´� Vamos examinar a seguir cada um dos assuntos alterados. Tempo à disposição do empregador Jornada de trabalho é o tempo diário em que o empregado presta serviços ao empregador ou então permanece à disposição do mesmo. Exemplo: vamos imaginar o caso de um hospital veterinário pouco frequentado, no qual nenhum cliente entrou durante determinado dia. A recepcionista não atendeu ninguém, mas permaneceu à disposição do empregador, então aquele período é contado como jornada de trabalho normalmente. Neste sentido, o artigo 4º da Consolidação das leis do Trabalho (CLT): CLT, art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. A novidade da reforma trabalhista é que não serão computadas como jornada extraordinária as variações de horário em que o empregado adentra/permanece dentro da empresa exercendo atividades particulares. Tal disposição celetista12 contraria o que vinha sendo entendido pelo TST, por meio da então SUM-366. Abaixo destacamos o §2º do art. 4º que foi inserido na CLT por meio da Lei 13.467/2017: CLT, art. 4º, § 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação [variações no registro de 12 SUM-366 CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc) Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr até 5 minutos e 10 minutos diários], quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II - descanso; III - lazer; IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Então, por exemplo, se o empregado combina com seu empregador de chegar 1 hora mais cedo para ficar estudando para concursos públicos no trabalho, antes do início do expediente. Este tempo não será considerado à disposição do empregador (não é computado como jornada). Outro exemplo: em virtude de um forte temporal, o empregado permanece 30 minutos no local de trabalho (sem prestar serviços) ao final da sua jornada de trabalho usual. Assim, tal período não será computado como jornada de trabalho (e, portanto, o empregado não terá direito a horas extras em relação a ele). Quanto ao inciso VIII do art. 4º, § 2º, da CLT (troca de roupa ou uniforme), percebam que o tempo despendido na troca de roupa/uniforme deixa de ser computado como jornada extraordinária apenas quando não for obrigatória a referida troca dentro das dependências da empresa. Ou seja, o tempo para troca de uniforme deixa de ser computado como jornada, caso a troca se dê por mera opção do empregado (e não por imposição do empregador). - - - - - Por falar em uniforme, destaco que o empregador é quem define o padrão da vestimenta (CLT, art. 456-A). - - - - - Abaixo uma comparação com a redação anterior do art. 4º da CLT: Antes Depois CLT, art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o inalterado Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. CLT, art. 4º, parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar ... (VETADO) ... e por motivo de acidente do trabalho. CLT, art. 4º, §1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho - CLT, art. 4º, § 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação [variações no registro de até 5 minutos e 10 minutos diários], quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exerceratividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II - descanso; III - lazer; IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr Trabalho intermitente Como já comentamos, intermitente é o contrato de trabalho escrito no qual a prestação de serviços não é contínua. Nesta modalidade de contrato de trabalho, há alternância de períodos de trabalho e inatividade, independentemente do tipo de atividade do empregador ou da função do empregado. Assim, o empregador pactua com o empregado uma remuneração, todavia ela será devida apenas nas situações em que o empregado for convocado a trabalhar. A jornada intermitente dá ao empregador uma grande flexibilidade, na medida em que lhe garante a existência de empregados aptos a serem convocados de acordo com a necessidade do empreendimento. Do lado do empregado, embora possa ter outros vínculos empregatícios e, em tese, possa escolher quando atender ou não à convocação do empregador, ele não tem qualquer garantia da sua remuneração total ao final do mês, por exemplo, naquele vínculo empregatício. Tal jornada vinha sendo implantada pelas grandes redes de fast food, por meio GD�FKDPDGD�³jornada de trabalho móvel e variável´��e condenada pelo TST13, já que ³sujeito ao arbítrio do empregador, o empregado não pode programar a sua vida profissional, familiar e social, pela falta de certeza do seu horário de trabalho e sua exata remuneração mensal´ E como funciona esta modalidade? Surgindo a necessidade, o empregador convoca o empregado para a prestação de serviços. O empregado deve ser convocado com antecedência de, no mínimo, 3 dias (corridos) e ser informado acerca da jornada de trabalho. Recebida a convocação, o empregado pode optar por aceitar ou não o chamado. O obreiro tem o prazo de 1 dia útil para responder ao chamado, presumindo- se como recusa o silêncio. Caso aceite e compareça ao local de trabalho, o empregado terá sua jornada de trabalho computada e, portanto, remunerada. Por outro lado, o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador e, portanto, não haverá remuneração. CLT, art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. 13 A exemplo do decidido no RR-9891900-16.2005.5.09.0004. Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr § 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. § 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. § 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. Agora, se o empregado aceita a convocação e, posteriormente, ou o empregado ou o empregador desistem, sem justo motivo, há previsão de pagamento de multa de 50% da remuneração que seria devida: CLT, art. 452-A, § 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. § 5º O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. Por exemplo: o empregado aceita a convocação do empregador para laborar em determinado período pelo valor contratual de R$ 400,00. Todavia, ao comparecer no local de trabalho, o empregador informa que mudou de ideia e não irá mais precisar dos serviços daquele trabalhador. Neste caso, o empregador deve àquele trabalhador uma multa de 50% do que seria devido (isto é, R$ 200,00). Este valor deve ser pago em 30 dias ao empregado, permitindo-se compensação em igual período. Hora in itinere A CLT, após a Lei 13.467/2017, não mais prevê o cômputo do tempo de deslocamento. Portanto, foi extinta a hora in itinere, qualquer que seja a situação. Vejam abaixo um comparativo entre os dispositivos após a reforma trabalhista: Antes Depois CLT, art. 58, § 2o O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. CLT, art. 58, § 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 71 DIREITO DO TRABALHO P/ TST - AJAJ Prof. Antonio Daud Jr empregador. Além da extinção da hora in itinere, notem que o novo §2º do art. 58 menciona R�GHVORFDPHQWR�DWp�R�ORFDO�GD�³efetiva ocupação do posto de trabalho´��$�SDUWLU� daí, pode se depreender que o tempo de deslocamento da portaria da empresa até o posto de trabalho não poderá ser computado como jornada de trabalho. Ou seja, a jornada de trabalho tem início no momento em que o empregado chega no seu efetivo posto de trabalho. Assim, pela redação do dispositivo acima, subentende-se que o tempo de deslocamento da portaria da empresa até o local do posto de trabalho efetivo, não mais poderia ser computado como jornada de trabalho. Até então, o entendimento do TST, cristalizado na SUM-42914, era no sentido de que tal deslocamento é computado na duração do trabalho caso ultrapasse 10 minutos diários. Compensação de jornada Como sabemos, existem duas modalidades de compensação de jornada: acordo de prorrogação de jornada e banco de horas. Ambas as modalidades foram significativamente alteradas, como detalho a seguir. A) Acordo de prorrogação de jornada Para a modalidade de acordo de prorrogação de jornada, após a Lei 13.467, a CLT passou a permitir: 9 a compensação dentro do mês (não mais apenas intrassemanal) 9 o estabelecimento mediante acordo individual tácito ou escrito Vejam abaixo o dispositivo que regula o estabelecimento de tal modalidade: CLT, art. 59, § 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. Até então, a CLT exigia acordo individual escrito, sendo que tal compensação abrangia apenas o módulo semanal (compensação intrassemanal). 14 SUM-429. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O LOCAL DE TRABALHO - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez)
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