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Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN 1984 - 3801) 
 
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LANCHES COMERCIALIZADOS NA 
CIDADE PELOTAS – RS 
 
Claudio Rafael Kuhn1*, Eliézer Ávila Gandra2, Lizangela Rosa Ferreira2, Josiane Bartz2, 
Álvaro Porciúncula Gonzáles1, Catherine da Fontoura Gayer1 
 
RESUMO: No presente estudo, avaliou-se a qualidade microbiológica de amostras de lanches 
tipo “X-salada” comercializados na cidade de Pelotas-RS, através da pesquisa e quantificação 
dos principais micro-organismos indicadores de higiene e sanidade: Salmonella spp. 
coliformes totais, coliformes termotolerantes, estafilococos coagulase positiva, micro-
organismos mesófilos aeróbios e fungos. Os resultados indicaram presença de Salmonella em 
73,53% das amostras analisadas. As enumerações de fungos e bactérias mesófilas aeróbias 
verificaram-se superiores às de estafilococos coagulase positiva (p<0,05). O grupo coliforme 
apresentou a menor média (p<0,05) em relação aos demais microrganismos, sendo que não 
houve diferença entre os grupos de coliformes totais e termotolerantes. Os baixos coeficientes 
de correlação entre os micro-organismos permitiram inferir que as fontes de contaminação das 
amostras por esses micro-organismos são diferentes. Os resultados demonstram condições 
sanitárias inadequadas na maioria das amostras. 
 
Palavras-chave: qualidade sanitária, microrganismos indicadores, segurança alimentar. 
 
MICROBIOLOGICAL QUALITY OF SNACKS MARKET AT DOWNTOWN OF 
PELOTAS CITY (RS) 
 
ABSTRACT: The present study aimed to examine the hygiene of snacks such as hamburgers 
named "X-salad" that are sold in the city of Pelotas-RS, through the identification of 
Salmonella and enumeration of total coliform, coliform thermotolerant, Staphylococcus 
aureus, fungi and mesophilic bacteria. Of the samples, 73.53% were positive for Salmonella, 
while the enumeration of S. aureus was higher (p<0.05) in relation to the coliform group, 
which did not differ between groups and thermotolerant coliforms. Accounts of fungi and 
mesophilic bacteria have reached highest levels (p<0.05). The low correlation coefficients 
between the microorganisms indicated the different sources of contamination. The results 
demonstrate inadequate sanitary conditions in most of the samples. 
 
Keywords: food safety, microrganisms, microbiological quality 
 
__________________________________________________________________________________________________ 
1
 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, Coordenadoria de Química, Curso Técnico em 
Química. Praça Vinte de Setembro, 455, Centro, Pelotas (RS). CEP: 96015-360. *E-mail: crkuhn@pelotas.ifsul.edu.br. 
Autor para correspondência. 
2.
 Universidade Federal de Pelotas – Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos. Prédio 4 – UFPEL – 
Campus do Capão do Leão. Caixa Postal 354, Pelotas (RS). CEP: 96010-900. 
 
Recebido em: 02/12/2011. Aprovado em: 26/09/2012. 
 
 
2 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os alimentos ou refeições oferecidos e 
comercializados em locais públicos como 
trailers ou ambulantes nas ruas das grandes 
cidades são um fenômeno mundial e tem 
especial importância nos países em 
desenvolvimento, onde constitui uma 
atividade econômica alternativa para os 
desempregados. Devido a problemas sócio-
econômicos de vários países, este setor da 
economia tem crescido bastante nas últimas 
décadas (RODRIGUES et al., 2003). 
Contudo, esses alimentos podem 
representar um problema de saúde pública, 
pois, salvo algumas exceções, são preparados 
e vendidos sem as condições adequadas de 
higiene, contendo muitas vezes concentrações 
de microrganismos contaminantes e 
potencialmente patogênicos, colocando em 
risco a saúde do consumidor. As variações 
nesse tipo de alimento envolvem 
rotineiramente uma grande diversidade de 
matérias-primas, circunstâncias de manuseio 
excessivo sob condições de higiene 
insatisfatórias, armazenamento inadequado, 
além do preparo por pessoas sem capacitação, 
conhecimento ou treinamento para a 
manipulação correta dos alimentos, 
potencializando assim o risco de 
contaminação e, consequentemente, do risco 
à saúde dos consumidores (FATTORI, 2003). 
Em lanches do tipo “X-salada” e 
similares, encontram-se matérias-primas 
diversas, como a alface, o tomate, a carne e a 
maionese que se constituem como os 
principais veículos das chamadas DTA’s 
(doenças de transmissão alimentar). Uma 
redução na incidência destes casos pode ser 
alcançada somente por meio da educação e 
melhor preparo dos manipuladores de 
alimentos, atendendo aos padrões de higiene 
e segurança alimentar (SOUZA et al., 2004). 
As toxinfecções alimentares 
geralmente são associadas à ingestão de 
alimentos contaminados, levando a quadro de 
cólicas, diarréias, náusea e vômito. Bactérias, 
vírus, protozoários e helmintos têm sido 
responsáveis por doenças transmitidas por 
água e alimentos. Dentre as enfermidades 
causadas por alimentos, às infecções mais 
frequentes são as gastroenterites, causadas 
por bactérias em grande parte no grupo 
mesófilo, as quais já se manifestaram na 
maioria da população pelo menos uma vez 
(PELCZAR & CHAN, 1997). 
Os manipuladores de alimentos 
podem ser portadores assintomáticos de 
várias enfermidades e contaminarem os 
alimentos desencadeando surtos de 
toxinfecções. A presença de Staphylococcus 
aureus e Escherichia coli, associada a 
condições higiênico-sanitárias insatisfatórias 
de manipuladores e utensílios, são os 
principais agentes causadores de toxinfecções 
alimentares. Sendo assim, uma alimentação 
de qualidade pode ser assegurada com a 
educação e o treinamento adequado dos 
manipuladores (OLIVEIRA, 2003). 
A pesquisa da presença de Salmonella 
spp., a contagem de coliformes totais e 
coliformes fecais e de potenciais 
deterioradores como fungos, constituem 
ferramentas eficazes para avaliar se as 
práticas de higiene e sanificação estão dentro 
dos padrões estabelecidos para manuseio e 
processamento seguro de alimentos (SILVA 
et al., 2007). 
O presente trabalho teve como 
objetivos, avaliar através de análises 
microbiológicas (pesquisa de Salmonella e 
enumerações de bactérias mesófilas aeróbias, 
fungos, coliformes totais, termotolerantes e 
de estafilococos coagulase postiva) os níveis 
de contaminação de lanches do tipo “x-
salada” comercializados em estabelecimentos 
no município de Pelotas – RS. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
As amostras foram coletadas de forma 
aleatória amostras de lanches do tipo “X-
Salada” comercializados em diversos pontos 
da área central da cidade de Pelotas – RS. Os 
lanches foram adquiridos, acondicionados em 
caixas isotérmicas e transportados 
imediatamente para o Laboratório de Análises 
Microbiológicas da Central Analítica do 
Curso Técnico em Química do Instituto 
Federal Sul-Rio-Grandense, para condução 
das análises. 
Qualidade microbiológica… 3 
 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
As amostras utilizadas para análises 
microbiológicas foram submetidas a 
contagens de bactérias mesófilas aeróbias, 
fungos, estafilococos coagulase positiva, 
coliformes totais e termotolerantes, e 
pesquisa de Salmonella spp (presença ou 
ausência) (ICMSF, 2000; SILVA et al., 
2007). 
Para a enumeração de coliformes 
totais e termotolerantes foi utilizada a técnica 
do Número Mais Provável (NMP). A análise 
presuntiva de coliformes foi realizada em 
Caldo Lauril Sulfato de Sódio (LST), com 
incubação por 48 horas a 35 °C. Foi realizada 
em seguida a enumeração de coliformes totais 
em Caldo Lactosado Bile Verde Brilhante, 
comincubação a 35 °C por 24 a 48 horas. A 
enumeração de coliformes termotolerantes foi 
feita em Caldo Escherichia coli, (EC) com 
incubação a 45,5 °C por 24. 
A quantificação de estafilococos 
coagulase positiva (ECP) foi realizada 
utilizando-se semeadura em Ágar Baird-
Parker (ABP), que foi incubado durante 48 
horas a 37 °C, e 5 colônias características de 
cada placa foram submetidas à produção de 
coagulase livre. 
A contagem de fungos foi realizada, 
utilizando-se semeadura em Agar Batata 
Dextrose (BDA) com incubação a 25 °C por 
5 dias. 
A enumeração de bactérias mesófilas 
aeróbias foi realizada, utilizando-se 
semeadura em Agar para Contagem Total 
(Plate Count Agar –PCA) com incubação a 
37 °C por 24 horas. 
A pesquisa de Salmonella spp. foi 
realizada a com um pré-enriquecimento em 
água peptonada tamponada (24 h a 37 °C) e 
enriquecimento seletivo em Caldo Rappaport-
vassiliadis (24h a 42 °C) e Caldo Tetrationato 
(24h a 37 °C), seguido por semeadura em 
ágares XLD e Hektoen-enteric (HE), sendo 
ambos incubados por 24h a 37 °C. Colônias 
típicas foram submetidas à identificação 
bioquímica em Ágar Tríplice Ferro, Ágar 
Lisina Ferro e Ágar Urease (24h a 37 °C) e as 
que apresentaram reação bioquímica 
característica à identificação sorológica, 
utilizando-se os soros polivalentes anti-
salmonella somático e flagelar (Probac). 
Os resultados das contagens foram 
logaritmizados e analisados através de 
Análise de Variância (ANOVA) seguida do 
teste de Tuckey (p<0,05) para a comparação 
de médias. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
O tratamento estatístico indicou a 
existência de diferenças significativas 
(p<0,05) entre os grupos de microrganismos 
pesquisados. As enumerações de fungos e 
bactérias mesófilas apresentaram os maiores 
valores, seguidas da enumeração de ECP, 
estes dois primeiros se diferenciaram 
significativamente (p<0,05) dos ECP das 
bactérias do grupo coliforme (Figura 1), 
também verificaram-se diferenças 
significativas entre ECP e coliformes totais e 
termotolerantes. 
 
 
 
4 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
 
Figura 01 - Médias das contagens de de bactérias mesófilas aeróbias, fungos, estafilococos 
coagulase positiva, coliformes totais e termotolerantes em amostras de lanches. 
Letras minúsculas nas colunas indicam diferenca significativa (p<0,05). 
 
A contagem elevada de fungos e 
bactérias mesófilas em alimentos pode 
indicar uma situação de risco a saúde, 
contribuindo para tornar o alimento insalubre. 
A contaminação do alimento nesses casos 
pode decorrer da baixa qualidade das 
matérias-primas, condições de processamento 
inadequado devido à uma série de fatores, tais 
como higienização deficiente dos 
manipuladores, dos locais de manipulação ou 
de utensilios utilizados. 
Os fungos são indesejáveis nos 
alimentos porque são capazes de produzir 
uma grande variedade de enzimas que, agindo 
sobre os alimentos, provocam sua 
deterioração com grande prejuízo econômico. 
Além da deterioração, eles podem produzir 
metabólitos tóxicos quando estão se 
multiplicando nos alimentos (micotoxinas), 
que correspondem a produtos metabólicos 
secundários que, quando ingeridos com os 
alimentos, causam alterações biológicas 
prejudiciais tanto no homem como nos 
animais (FRANCO & LANDGRAF, 2006). 
O limite máximo tolerado pela 
legislação para enumeração de fungos é até 
103 UFC.g-1 (BRASIL, 2001). Apenas 15% 
das amostras apresentaram-se dentro do 
padrão higiênico considerado satisfatório 
(Figura 2). 
 
 
 
Figura 2 - Enumerações de fungos filamentosos. 
 
Em um estudo similar, a análise 
microbiológica de lanches comercializados 
em campus universitário observou também 
que grande parte das amostras (salgados e 
sanduíches) analisadas, as quais apresentaram 
resultados similares aos encontradas nesta 
pesquisa, com enumerações entre 10 e 
1,1x105 UFC.g-1. Ainda neste estudo similar, 
em uma análise feita em carne bovina, 
matéria-prima para a elaboração de 
Qualidade microbiológica… 5 
 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
hambúrgueres, comercializada em feiras 
livres e mercados públicos apresentou uma 
enumeração média de 2,7x105 UFC.g-1 em 10 
amostras coletadas. (SANTOS, 2008). 
Em todos estes casos, como prováveis 
causas dos níveis de contaminação foram 
atribuídas à utilização de utensílios de 
madeira e plástico, que podem absorver 
umidade e reter matéria orgânica, tornando-se 
ideais à proliferação destes microrganismos 
(LUNDGREN, 2009). Esta pode também ser 
uma das prováveis causas das contagens 
encontradas em nosso estudo. 
O grupo de bactérias mesófilas 
aeróbias, representa um importante parâmetro 
da qualidade microbiológica , uma vez que 
grande parte das bactérias patogênicas e 
deterioradoras de origem alimentar é 
mesófila. Mesmo que os patógenos estejam 
ausentes e que não tenham ocorrido 
alterações nas condições organolépticas do 
alimento, a presença de um número elevado 
destes microorganismos indica que o 
alimento apresenta condições higiênicas 
inadequadas, devido ao provável uso de 
matéria-prima contaminada ou condições de 
processamento insatisfatório e, em alimentos 
perecíveis, pode indicar abuso durante o 
armazenamento em relação ao binômio 
tempo/temperatura (FRANCO & 
LANDGRAF, 2006). A concentração elevada 
de batérias mesófilas em 62% das amostras 
analisadas (Figura 3) indica um padrão 
higiênico inadequado, estando fora dos 
limites aceitáveis. 
 
 
 
Figura 3 - Enumerações de bactérias mesófilas. 
 
Similarmente, em uma análise de 
lanches universitários para mesófilos aeróbios 
verificou-se contagens variando de 25 a 
1,7x104 UFC.g-1 em todas as amostras 
coletadas, representando, igualmente, 
condições insatisfatórias de higiene 
(SANTOS et al., 2008). 
A análise de superfícies de utensílios 
como tábuas de manipulação, em uma 
lanchonete de uma instituição de ensino 
superior (PINHEIRO et al., 2010), verificou 
que 70% das amostras apresentaram um 
acúmulo de microrganismos mesófilos 
aeróbios, com enumerações acima de 76 
UFC.cm-2. Em todos os casos, verificou-se 
uma má qualidade higiênico-sanitária no 
preparo de alimentos, necessitando assim de 
um cuidado maior quanto à qualidade da 
materia-prima e às condições de manipulação 
e processamento. 
A presença de ECP em alimentos é 
um importante indicador de más condições 
higiênicas, representando também 
importância em surtos de intoxicações de 
origem alimentar. Os resultados obtidos para 
ECP mostraram que 36% das amostras 
estavam em desacordo com a legislação, que 
estabelece um limite máximo de 103 UFC.g-1. 
(BRASIL, 2001). A presença de S. aureus 
(principal microrganismo do grupo dos 
estafilococos coagulase positiva), em 
elevados níveis (>105 UFC.g-1), pode 
promover doenças de origem alimentar 
devido à produção de enterotoxinas 
estafilocócicas termoestáveis (FRANCO & 
LANDGRAF, 2006), esta concentração foi 
verificada em 15% das amostras analisadas 
(Figura 4). 
 
6 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
 
Figura 4 - Enumerações de ECP em amostras de lanches tipo “x-salada”. 
 
A dose mínima de EEA 
(Enterotoxinas estafilocócicas tipo “A”) 
requerida para causar doença em crianças em 
idade escolar é de aproximadamente 144±50 
µg, observado num surto ocorrido nos 
Estados Unidos, após a ingestão de leite 
achocolatado contaminado (EVENSON et al., 
1988). No entanto, estima-se que cerca de 
0,375 µg de enterotoxina por quilo corpóreo 
seja suficiente para causar a sintomatologia 
em humanos (FRANCO & LANDGRAF, 
2006). 
Os estafilococos encontram-se 
difundidos no ar, na poeira, no esgoto, nos 
alimentosou equipamentos de processamento 
de alimentos e na mucosa oral e pele dos 
manipuladores (FORSYTHE, 2008). As 
intoxicações em humanos causadas pela 
ingestão de enterotoxinas podem ser 
explicadas principalmente pelo fato de o 
alimento não ter sido mantido em condições 
adequadas de temperatura. Os alimentos 
normalmente relacionados a intoxicações por 
estafilococos são as carnes e os produtos de 
carne, frangos e produtos de ovos, saladas, 
leite ou produtos lácteos e outros. 
Nas determinações para o grupo 
coliforme, as amostras apresentaram 
contagens superiores a 102 NMP.mL-1 em 
45% dos casos para o grupo coliforme total 
(Figura 5), representando já nesta situação 
uma condição higiênica comprometedora.
 
 
 
 
Figura 5 - Enumerações de coliformes totais em amostras de lanches tipo “x-salada”. 
 
Para o grupo de coliformes 
termotolerantes (Figura 6), 47% das amostras 
apresentaram níveis acima de 102 NMP.g-1. 
As bactérias do grupo coliforme, 
principalmente termotolerantes (coliformes a 
45 °C), representam uma situação de risco à 
saúde dos consumidores, pela possível 
presença de sorogrupos da espécie 
Escherichia coli. Esta espécie apresenta 
potencial patogênico por, em determinados 
sorogrupos, ter a capacidade de produzir 
toxinas e/ou invadir as células entéricas 
(LOPES et al., 2007). 
Qualidade microbiológica… 7 
 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
 
 
 
Figura 6 - Enumerações de coliformes termotolerantes em amostras de lanches tipo “x-
salada” 
 
A presença de E. coli é geralmente 
procedente do intestino do homem e animais, 
indicando nesses casos contaminação de 
origem fecal e, portanto, condições higiênicas 
e inocuidade insatisfatórias (FRAZIER & 
WESTHOFF, 1993). 
Os problemas relacionados à presença 
de coliformes em lanches não são restritos a 
cidade de Pelotas (RS), sendo um problema 
comumente verificado nas diferentes regiões 
do país. Em acordo à pesquisa apresentada, 
um estudo similar na avaliação de lanches 
tipo cachorro-quente verificou-se que 53% 
dos estabelecimentos estudados apresentaram 
enumerações de coliformes totais acima de 
102 NMP.g-1 e, em relação aos coliformes 
termotolerantes, 25% dos lanches 
apresentaram valores acima do limite aceito 
na legislação brasileira (RODRIGUES et al., 
2003). A avaliação das condições sanitárias 
de lanches comercializados na cidade 
Umuarama-PR revelou igualmente, condições 
inadequadas de acordo com a legislação 
(BRASIL, 2001), com níveis de coliformes 
termotolerantes acima de 102 NMP g-1 em 
40% das amostras analisadas, apresentando 
variações de 11 x 102 até maiores que 2400 
NMP g-1 (ALVARENGA, et al., 2007). 
A presença de Salmonella spp. nas 
amostras (Fig. 7) foi detectada em 74% dos 
casos, indicando uma condição sanitária 
preocupante. Em um estudo conduzido pela 
OPS/OMS com alimentos vendidos em via 
pública em diversas cidades da América 
Latina verificou que os alimentos à base de 
carne encontram-se entre os de maior risco de 
transmitir Salmonella, seguidos pelas 
verduras (FURLANETO et al., 2009). 
O gênero Salmonella é um dos mais 
importantes causadores de gastroenterites de 
origem alimentar. O índice médio de 
mortalidade por salmoneloses, na forma mais 
branda de manifestação da doença, é de 4,1% 
variando conforme a idade, sendo as crianças 
e idosos mais suscetíveis. Para que se 
produza o quadro de salmonelose, é 
necessário um número de células bacterianas 
da ordem de 107 a 109 UFC.g-1 (JAY, 2005). 
 
8 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
 
Figura 7 - Incidência(%) de Salmonella em amostras de lanches tipo “x-salada”. 
 
 
Outros tipos de infecções por 
Salmonella incluem os sorotipos S. typhi e 
paratyphi, os quais são responsáveis pela 
febre tifóide e paratifóide, respectivamente. 
Também podem causar septicemias 
(pneumonia comunitária adquirida, infecção 
alta do trato urinário ou meningite) através da 
ingestão de alimentos contaminados. 
Portanto, todos os tipos de salmoneloses são 
de grande preocupação para os seres humanos 
devido as suas consequências, muitas vezes 
fatais (JAY, 2005; FRANCO & 
LANDGRAF, 2006). 
Apesar do número limitado de 
amostras, está presença de Salmonella nas 
amostras denota uma situação preocupante 
para a qual são necessárias medidas 
corretivas. 
Para verificar a existência de 
similaridades entre as contaminações nas 
amostras realizou-se uma análise de 
correlação entre as contagens de 
microrganismos. Coeficientes de correlação 
altos (próximos de 1) poderiam indicar que as 
fontes de contaminação dos micro-
organismos avaliados poderiam ser as 
mesmas ou ainda que as condições que 
favorecem um microrganismo poderia 
também favorecer (correlação positiva) ou 
desfavorecer outro (correlação negativa). Em 
todos os casos analisados, o coeficiente de 
correlação verificado foi abaixo de 0,6 
significando assim uma fraca correlação entre 
os microrganismos, sendo possível inferir que 
as fontes de contaminação e os fatores que 
influenciavam o desenvolvimento microbiano 
eram provavelmente diferentes. 
CONCLUSÕES 
 
• Todos os microrganismos pesquisados 
apresentaram elevados níveis de 
contagens (>103UFC.g-1); 
• As maiores contagens detectadas 
foram para as enumerações de fungos 
e mesófilos aeróbios (p<0,05); 
• A enumeração de ECP em 15% das 
amostras apresentou valores acima de 
105 UFC.g-1; 
• Para o grupo coliforme, as amostras 
analisadas apresentaram contagens 
superiores a 102 NMP.mL-1 em 45% 
dos casos para o grupo coliforme total 
e em 47% para o grupo de coliformes 
termotolerantes, sem diferença 
(p<0,05) entre os grupos; 
• A presença de Salmonella spp. foi 
detectada em 74% das amostras 
analisadas, tornando o produto, nesses 
casos, impróprio para o consumo; 
• Os níveis de microrganismos 
indicadores pesquisados nas amostras 
de X-salada analisadas comprometem 
sua qualidade e representam na 
maioria dos casos, uma situação de 
risco à saúde do consumidor pela 
ingestão desses produtos; 
• Em todos os casos analisados, o baixo 
coeficiente de correlação (<0,6) 
significando que a contaminação 
incidente na amostra tem origens 
diferentes. 
 
 
Qualidade microbiológica… 9 
 
Gl. Sci Technol., Rio Verde, v. 05, n. 03, p. 01 – 10, set/dez. 2012 
REFERÊNCIAS 
 
ALVARENGA, T. C. R., GALLANI, D. L., 
SILVA, M. A., GANDRA, E. A. Condições 
higiênico-sanitárias de lanches 
comercializados no município de Umuarama 
(PR). In: XIV Encontro Anual de Iniciação 
Científica PIBIC/CNPq. Anais do XVI 
EAIC. 2007. 
BRASIL. Resolução-RDC n° 12, de 02 de 
Janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre 
padrões microbiológicos para alimentos. 
Diário Oficial da República Federativa do 
Brasil, Brasil, n° 7-E, p. 46-53, 10 Jan. 2001, 
seção I. 2001. 
EVENSON, M. L., HINDS, M. W., 
BERNSTEIN, R. S., BERGDOLL, M. S. 
Estimation of human dose of staphylococcal 
enterotoxin A from a large outbreak of 
staphylococcal food poisoning involving 
chocolate milk. International Journal of 
Food Microbiology, v. 7, pp. 311–316. 
1988. 
FATTORI, F. F. A. Avaliação das condições 
sanitárias de trailers de lanche do 
município de Presidente Prudente-SP. 
Dissertação (Mestrado em Medicina 
Veterinária) - Faculdade de Medicina 
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