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Tema: A atual decisão sobre o Foro Especial por Prerrogativa de Função e suas consequências. Confusão Jurídica sobre o novo entendimento do Foro Especial. A atual decisão do Supremo Tribunal Federal que restringe a prerrogativa de foro a parlamentares federais trouxe algumas dúvidas, algumas de imediata apreciação e outras que somete serão analisadas quando o caso surgir. Quando o foro deverá ser aplicado, quais requisitos devem ser analisados e se não presente este requisito qual ação precisará ser tomada, o que mudou do entendimento anterior para o novo e quais consequências esta decisão trará para o ordenamento jurídico. No dia 03 (três) de maio de 2018 (dois mil e dezoito) ficou decidido em votação pelos 11 (onze) ministros com placar de 07 (sete) votos a favor e 04 (quatro) votos contras que o a corte somente julgará crimes com relação ao exercício da função que vieram a ser cometido após a diplomação ou durante o mandato. Os demais crimes comuns serão encaminhados aos tribunais de 1ª (primeira) estancia onde os crimes foram cometidos. Em discussão sobre o tema, a Ministra Carmem Lúcia defende que a prerrogativa de função fere o texto constitucional sobre o princípio da igualdade, já o ministro Gilmar Mendes defende que o foro deveria continuar atuante independente da relação do crime com a função, afinal a função da prerrogativa é a proteção do parlamentar eleito de sofrem perseguições políticas. Como consequência a atual decisão preocupou alguns juristas como o Dr. Ives Garcia Martins, que comentou em entrevista para a BBC Brasil que a restrição do foro cria o risco de que o parlamentar possa ser preso pela decisão de qualquer um dos juízes de primeira instância do país. Afirmou ainda que – “Esses juízes são preparados, mas não tem a experiência dos ministros das cortes superiores. O foro não é um privilégio, é uma proteção aos eleitores que votaram no parlamentar”. Outra questão levantada é o risco de juízes de 1º (primeiro) grau venham a ser julgados por colegas e não por desembargadores acima deles, citou o ministro Gilmar Mendes. Sem falar do risco de pressões politicas sobre o julgador. A decisão limitou as hipóteses em que a corte do Supremo Tribunal Federal irá julgar autoridades federais em processos criminais. Integrantes do STF acreditam que o novo entendimento virá a atingir outras autoridades com a prerrogativa, em que segundo o jornal Folha de São Paulo em sua publicação em 24 de abril de 2018 o Brasil possui 58 (cinquenta e oito) mil autoridades com foro especial. Como consequência da previsão o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão encaminhou o primeiro processo criminal a vara de primeira instancia aplicando o principio da simetria no dia 07 (sete) de maio de 2018. Em vista dos argumentos apresentados, entende-se que, para que seja aplicada a prerrogativa de foro, deve-se ser reconhecido pelo ministro relator o requisito de admissibilidade, ou seja, a relação com o exercício da função, sendo que inexistindo o requisito o processo será remetido a primeira instância. Entende-se que como a decisão ainda é relativamente recente não se pode concretamente prever todos as consequências deste entendimento, que somente poderão ser analisadas no caso concreto. Rafael Henrique Camargo Rondon.
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