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�PAGE � �PAGE �1� A LINGUAGEM “BAJUBÁ” EM DIFERENTES GERAÇOES. Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social – habilitação Jornalismo (ou Publicidade) Eva Carolina Eymard� Daniela Frazão� Paulo Ricardo Rezende� Pablo Allves � Eliziane Reis� Fabricio Mattos� Resumo A língua de um povo é o reflexo dele mesmo, é através dela que nos expressamos e manifestamos nossa própria existência. E a nossa língua portuguesa é resultado de muitas e diversas existências, dentre elas, a do negro africano, dos espanhóis, da miscigenação de culturas, da mistura de raças, que fazem parte da história brasileira. Aparentemente banal, a língua é o pilar das relações sociais, demonstrando através dela como cada grupo se caracteriza em comunidade. O bajubá ou pajubá retrata uma linguagem popular, buscando a inserção do grupo LGBT no contexto interno e externo social. Palavras-chave: Pajubá, Bajubá, linguagem, estereótipos, sociedade. ABSTRATC The language of a people is the reflection of itself, it is through it that we express ourselves and manifest our own existence. And our Portuguese language is the result of many different existences, among them, the African Negro, the Spaniards, the miscegenation of cultures, and the mixture of races, which are part of Brazilian history. Apparently banal, language is the pillar of social relations, demonstrating through it how each group is characterized in community. The bajubá or pajubá portrays a popular language, seeking the insertion of the LGBT group in the internal and external social context INTRODUÇÃO Pajubá ou Bajubá, a língua falada por gays, bissexuais, lésbicas, transexuais e travestis, é uma linguagem de origem iourubá, também muito usada em terreiros de umbanda, candomblé e por pessoas de origens Africanas. Neste artigo, o foco é a própria linguagem, a forma como na maioria das vezes engraçada, a sociedade LGBT usa para se comunicar. Para isso produziremos um documentário com relatos de pessoas que fazem parte desse universo. A ideia é conversar com gays, lésbicas, bissexuais. Observa-se que temos uma cultura de estereótipos tentando dominar o mundo e a ideia é justamente abrir um espaço para que a linguagem seja discutida e entendida como ela é. Queremos abrir um espaço para que essas pessoas falem sobre o assunto de maneira simples e à vontade. A direção desse trabalho nasceu da necessidade de mostrarmos como a comunidade LGBT se sente fugindo dos termos formais e usando cada vez mais o uma linguagem própria. Busca-se despertar a atenção para a transformação da linguagem “Bajubá” em momentos diferenciados, na qualidade expositora das idades estudas, na comunidade LGBT, que possui um papel tão relevante no seio social que se faz premente a necessidade de que, ciente da influência que exerce sobre seu público, exponha a troca de informações na utilização do linguajar , vale dizer, que o artigo não busca, mostrar qual idade traduz o melhor “Bajubá ou Pajubá”, mais sim, as diferenças em gerações em suas relações humanas. Tal necessidade de se delimitar o papel que cada um propõe e na importância desta comunicação, pois, na medida em que, atualmente, a comunidade LGBT cresce notoriamente, todas as gerações devem receber o mesmo tratamento. O documentário abordará a questão a linguagem através de um viés comum e diferençável: o Bajubá entre gerações. O conflito consiste exatamente nessa relação entre as gerações que mesmo vivendo em momentos tão diferentes juntos ajudam a construir uma nova cultura. Deste modo, o processo concreto focalizado nos permitirá lançar um olhar renovado sobre o tema ainda mais premente: as diferenças e composições de gerações no ciclo LGBT´s, suas inflexões e nuances nos tempos recentes. MATERIAL E MÉTODOS A abordagem neste artigo trata-se do tipo populacional, de natureza qualitativa descritiva. O método consistiu, a priori, em uma pesquisa de campo por amostragem realizada com a comunidade homossexual e umbandista, em Ananindeua, no terreiro de umbanda Luz do Oriente, que recebem constantemente homossexuais. Durante a coleta dos dados foi utilizado um questionário semiestruturado com perguntas a serem respondidas com seus significados, aos umbandistas e a comunidade LGBT presente, com palavras e expressões do conhecimento de cada entrevistado. As respostas adquiridas durante a pesquisa de campo foram divididas em dois grupos: Umbanda e Bajubá, sendo reunidas e codificadas em uma tabela de palavras, utilizada para comparar às ocorrências extraídas do livro “Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira”, (UFRJ; 1988), que mostra a importância da presença histórica, social e cultural do negro na constituição da identidade nacional brasileira e demonstra os valores e a linguagem da civilização e cultura da África pré-colonial. Pois o Bajubá é oriundo da cultura africana. Foi realizado um aprofundamento no estudo comparativo entre diversos dicionários. A semelhança das palavras e expressões de origem Bajubá, presentes no Aurélia, a Dicionária da Língua Afiada (VIP e LIB, 2006), das línguas africanas Novo Dicionário Banto do Brasil (LOPES, 2012) e Dicionário Yorubá-Português (BENISTE, 2011), e nos dicionários da língua portuguesa Novo dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2010) e Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS;VILLAR, 2010). Tabela 1 – Variações linguísticas. Palavra Umbanda Bajubá Dicionário O Aurélio Adé s. Coroa do rei. Oba dé adé - O rei colocou a coroa. Usado como prefixo de nomes próprios, indica uma origem real. (do bajubá) homossexual masculino; bicha. (sem referência) Mona-ocó (sem referência) (do bajubá ‘mona’ + oco ‘homem’) S.f. 1. Gay não efeminado; 2. Lésbica masculinizada; 3. Michê [var. monocó]. (sem referência) Otim [Otí]: s. Bebida. Ó mu otí níwòn – Ele bebeu moderadamente; otí funfun – vinho branco; otí bia – cerveja; otí òjó – bebida não fermentada; otí pupa – vinho tinto. Bebida alcoólica. S.m. 1. Bras. BA V. cachaça (1). Etimologia: Do ior. No estudo, foi observada a constatação que o grupo LGBT de Ananindeua, faz uso de um conjunto de palavras e expressões próprias, conhecido por linguagem homossexual, linguagem gay ou Bajubá. Também, podemos demonstrar que o grupo utiliza diversos termos de origem africana, em especial os que advêm do grupo de línguas africanas e Iorubá, que fazem parte de objetos do nosso estudo. METODOLOGIA A Internet foi o principal meio de acesso ao material do trabalho de campo, além das vivências do grupo com integrantes do grupo linguístico escolhido. O youtube, site de difusão de vídeos da Internet, também nos ajudou no quesito de audição dos vocábulos e percepções das variações linguísticas. A quantidade é grande, mas comparada às voltadas a outros nichos, ainda pequena. O BAJUBÁ EM DIFERENTES GERAÇOES E SUA LINGUAGEM. A ideia deste artigo, a priori, é constituir as diferenças na linguagem da comunidade LGBT. O desempenho linguístico e a expressão ou construção de uma identidade social estão ligadas por uma via de mão dupla. A linguagem é portadora de significados simbólicos e sociais, e os falantes se dão conta de tal propriedade, valendo-se de sua linguagem para fins sociais. Cabe demonstrar que cada grupo em diferentes períodos utilizam uma variação no estilo de linguagem, o que nos permite ter acesso às variantes linguísticas em que um determinado falante está empregando em determinado momento e situação, bem como às funções sociais específicas que tais variantes desempenham. O intuito das entrevistas realizadas foi mostrar a justificativa dos entrevistados por meio de estímulos a que eles explicitem e defendam com veemência seus pontos de vista, pela diferenciação de idades emomentos vividos. Todas as entrevistas foram tão informais e relaxadas. Em geral, começou-se o diálogo perguntando: “o que é o Bajubá?”. A Resposta foi única: Nossa forma de falar. Independentemente de algumas variações nas respostas, o significado foi o mesmo. A sua linguagem própria. A partir desse ponto, perguntou-se aos informantes alguma das questões abaixo, ou todas elas: Tem diferenças no Bajubá do passado para o atual? Fale o seu Bajubá de hoje e de 10 anos atrás? De onde originou o Bajubá, você sabe? Há unificação nas linguagens usada na umbanda? Com o Bajubá LBGT? A maioria dos entrevistados teve algumas dificuldades em responder essas questões, mas conseguiram a simplificar tudo, definindo o estereótipo do gay. Confirmando o predomínio na linguagem africana, utilizada pela comunidade LGBT, Exemplificando no uso das palavras variantes no bajubá como estas, de origem africana, umbundo, kimbundo, kikongo, nagô, egbá, ewe, fon e iorubá, usadas primeiramente em terreiros de candomblé. Criado originalmente de forma espontânea em regiões de mais forte presença africana no Brasil, nos terreiros de umbanda e candomblé, o dialeto resultante da assimilação de africanismos de uso corrente, por resultar misteriosamente para quem não aprendesse previamente seus significados, passou a ser usada também como código entre travestis e posteriormente adotado por todas as comunidades LGBT e simpatizantes, com o mesmo intuito. Assim como no candomblé , como na comunidade LGBT, a palavra Pajubá ou Bajubá, tem o significado de "fofoca", "novidade", "notícia", referente a outras casas ou fato ocorrido (tanto de coisas boas, como de coisas ruins) nesses círculos. Pequeno glossário Bajubá • Adé: bicha • Adé Fontó: bicha enrustida • Afofi: pênis com mau cheiro • Agaraneime: dente podre • Ageum: comida • Ajé: péssimo • Alibã: policial • Amadê: menino jovem • Amapô: vagina, mulher • Amapô de bajé: mulher menstruada • Aqüé: dinheiro • Aqüendar: tomar para si • Bajé: sangue • Bereré: lixo, sobra. Ocó bereré: homem feio • Carupé: peruca • Cosibotó: bicha analfabeta • Cossibaré: burro • Ebó mau despachado: persona non grata • Edi: ânus • Ilê: casa • Laruê: fofoca, quebra-quebra • Lorogum: briga, confusão • Matchi: pequeno • Mitorô: urina • Monocó: bicha que dá o truque que é homem ou sapatão • Neca: pênis • Nena: fezes. Desaquendar a nena: evacuar • Nicaô: pênis grande de travesti • Ocó: homem • Odara: grande, bonito, cheio de vida • Okani: pênis • Omivará: esperma • Otchin: bebida alcoólica, bêbado • Oré: garotão • Orum: céu • Pajobá: escandalizada, boquiaberta • Pela Coroa de Dadá: Pelo amor de Deus. Dadá é um orixá que usa coroa • Picumã: cabelo, peruca • Ramé: mal vestida • Taba: espanto; maconha • Uó: tudo que é ruim. “É uó” começou como exclamação dos travestis no Rio na década de 80 e se instalou como frase obrigatória do vocabulário moderno. • Xaxé: cocaína • Xepó: cafona CONCLUSÃO: A variação linguística na Língua Portuguesa Brasileira por determinados grupos é diversificada e mutável a todo estante. Percebemos na criação de gírias e expressões que criamos/adotamos para falar sobre determinado assunto. Também mudamos o conceito de determinada palavras e expressões, para adequar no dia-a-dia, na maneira de convivência social e inserção também. A comunidade LGBT possui várias formas de falar, como as gírias de adolescentes, doa mais velhos e até algumas encontradas na internet, como uma espécie de código em que, em alguns casos, poucos entendem, e muitas vezes acabam se espalhando. No caso da comunidade LGBT, foi criado “Um manual de linguagem” própria, que demonstram seu diferencial, no tratamento entre si e os demais socialmente. A variação da linguagem da comunidade LGBT, com seus traços africanos juntamente com uma das línguas oficiais do país. É importante destacar que a utilização dela não é errada, pois tudo depende da circunstância em que você se encontra como quer falar ou codificar como “elas” gostam de por no Truque. REFERÊNCIAS BENISTE, José. Dicionário Yorubá-Português. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. LOPES, Nei. Novo Dicionário Banto do Brasil. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2012. PESSOA DE CASTRO, Yeda. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks. 2005. VIP, A; LIBI, F. Aurélia, a Dicionária da Língua Afiada. Editora do Bispo: São Paulo, 2006, 143p. SILVA FILHO, M. R. De Bajubá em Bajubá, onde será que vai dar? apropriações, classificações e relações de poder em Belém-PA. In: II Encontro da Sociedade Brasielira de Sociologia da Região Norte, 2010, Belém. CD Virtual da II SBS Norte, 2010. Disponível em: <http://www.sbsnorte2010.ufpa.br/site/anais/ARQUIVOS/GT6-75-30-20100831235143.pdf> Acesso em 15/02/2014.. � Aluna do curso de jornalismo, da Faculdade Estácio-Fap, ano 2017. � Aluna do curso de jornalismo, da Faculdade Estácio-Fap, ano 2017. � Aluno do curso de jornalismo, da Faculdade Estácio-Fap, ano 2017. � Aluno do curso de jornalismo, da Faculdade Estácio-Fap, ano 2017. � Aluna do curso de jornalismo, da Faculdade Estácio-Fap, ano 2017. � Fabrício Mattos, jornalista na Cultura FM, professor dos cursos de jornalismo e publicidade na Estácio-Fap, fsdemattos@gmail.com.
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