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Fichamento gênero épico

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Características do Gênero Épico.
Referência bibliográfica: STAIGER,E. Estilo épico: a apresentação. In: Conceitos fundamentais de poética. Trad. Celeste Aida Galeão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969. p.76 a 118.
Citações: “De início, concluímos apenas que a simetria faz parte da essência da obra épica.” p.76 
“Assim, Homero encara a vida de um ponto de vista seguro. Ele próprio não participa, não se imiscue no acontecimento. Este não o arrasta como ao poeta lírico. Quão pouco ele mesmo se envolve, fica claro pelas inúmeras digressões da narrativa, que assustam leitor à primeira vista, e às quais a pessoa acostuma-se com o tempo.” p.77
“O autor épico não se afunda no passado, recordando-o como o lírico, e sim rememoriza-o.” p.79
“No épico, acentua-se justamente a identidade.” p.81
“Apresentação nesse sentido, é a essência da poesia épica.” p.83
“O que importa aqui é esclarecer, mostrar, tornar plástico.” p.83
“O autor épico prejudica-se sem medo e sempre está a desvendar o véu do santo por amor da visibilidade.” p.87
“A claridade de Homero é esclarecimento e como tal sóbria, mas forte, sã e segura.” p.87
“Ao homem épico, porém, o escuro rouba a essencialidade. Ele deixa de ver, e como sua existência fundamenta-se no ver, ele deixa consequentemente de “ser””
“Assim sendo, o gênero épico mostra claro parentesco com as artes plásticas como o lírico provou ter com a música.” p.89
“O autor épico não avança para alcançar o alvo, e sim dá-se um alvo para poder avançar e examinar tudo em volta atenciosamente.” p.93
“A autonomia das partes é uma das características principais da poesia épica.” p.95
“E porque ele não pensa relacionando passado e futuro, foge-lhe o fenômeno do amadurecimento, ou mesmo do envelhecer.” p.108
“A epopeia , ao contrário, tem seu lugar determinado na história. O poeta aqui não fica sozinho. Está num círculo de ouvintes e lhes conta suas histórias.” p.111
“A epopeia é a contribuição verdadeiramente original, a que estabelece os fundamentos em torno dos quais um povo unifica-se à maneira épica, para reconhecer os fatos tal como o poeta -já empenhado com este povo- os representa;” p.111
“O mundo épico tornou-se em inferno, porque não participa do novo movimento de sublimação que começa com o Cristianismo.” p.114
“Aqui eles se prestam apenas ao reconhecimento de Homero, à opinião de que a poesia épica, no sentido homérico não pode repetir-se.” p.118
Ao longo de todo o texto, o autor mostra as características fundamentais do gênero épico, com diversos exemplos, citações, principalmente de Ilíada. Logo de início, ele já traz uma dessas características, a simetria. Esta, é representada nos textos homéricos nos versos em hexâmetros, assim sendo, ela é perceptível do começo ao fim nas obras homéricas. 
A segunda característica dita pelo autor, é o afastamento existente entre o autor e a obra. Diferentemente do poeta lírico. E o que evidencia esse distanciamento, são as diversas digressões provocadas na narrativa. Por exemplo, em Odisseia, quando a ama reconhece Odisseu pela cicatriz, quando banhava os pés deste, Homero interrompe a continuidade da narrativa, para discorrer sobre os detalhes da origem daquela cicatriz de Odisseu:
“Uma preocupação: a cicatriz. A velha poderia reconhecê-la, e o plano iria por água abaixo. O trabalho começou. Ela banhava os pés do Senhor. Reconheceu a cicatriz num tapa, lembrança dos alvos dentes de um javali. Acidente antigo. Tinha ido ao Parnaso para ver os primos e Autólico, pai de sua mãe...”
 Canto XIX, Odisseia
Porém, o autor do texto mostra como mesmo existindo um distanciamento entre o autor épico e a obra, ele se deixa notar nitidamente como narrador e cita o exemplo de quando Homero dirige-se às musas:
“O homem canta-me, ó Musa, o multifacetado, que muitos males padeceu, depois de arrasar Tróia, cidadela sacra.”
 Canto I, Odisseia.
Nota-se que Homero chama pelas musas, sendo perceptível pela utilização do vocativo, Contudo, este “EU” que se apresenta, não é o mesmo do gênero lírico, pois não é um “EU” subjetivo.
A terceira característica está relacionada ao tempo que é a memória. Nesse sentido, o autor traz uma diferenciação entre recordar e memorizar. Dessa forma, o autor épico rememoriza o passado, já o autor lírico o recorda. Em Odisseia, percebe-se isso no momento em que Odisseu relata ao rei Alcínoo sobre sua viagem, desde que partiu de Tróia, logo após de dizer quem era e de onde vinha:
“Sou Odisseu, filho de Laertes. Minhas artimanhas rolam na boca de todos. Minha fama bate no céu. Moro em Ítaca. Minha ilha se vê de longe, graças ao Nerito, monte de ventos uivantes. Ressoam os ramos. Ilhas pontilham o mar, habitadas todas. Menciono Dulíquio, Same e Zacinto, a dos bosques. Ítaca acanha-se distante, em direção às sombras do Poente, as outras aproximam-se da Aurora e do Sol. Embora rochosa, nutre dadivosa seus filhos. Terra mais doce não conheci em lugar nenhum. Quem me deteve foi uma deusa, Calipso...”
 Canto IX, Odisseia.
Uma outra característica presente no estilo épico são os “esteriótipos” aplicados aos personagens. Os chamados epítetos, que vem logo após o nome dos personagens. Em Odisseia, há vários exemplos como, por exemplo: Aurora Róseos-Dedos, Ulisses O Multifacetado, Atena Olhos-de-coruja. Por isso, o autor considera o gênero épico como o gênero da apresentação.
O autor do texto ainda, mostra como o gênero épico é um gênero “plástico”, mas plástico no sentido de ser mais visível, de fácil imaginação. Isso está intimamente ligado a forma como Homero preenche toda a consciência do leitor, deixando-o apar de tudo. De forma que os textos homéricos não dão margem para questionamentos duvidosos, já que estes são pormenorizados.
Em um certo momento, o autor compara o gênero épico com o dramático no que se refere ao objetivo final do autor. Enquanto o autor dramático se preocupa em criar uma tensão no leitor para o fim da narrativa, o autor épico se preocupa em não criar essa tensão, ou seja, ele não impulsina o leitor para o fim do texto. Dessa forma, o autor épico está interessado no fato de o leitor estar atento a cada momento, a cada ação da narrativa.
O autor novamente traz mais uma característica principal, a independência das partes na poesia épica. O autor outra vez faz uma comparação com o lírico e o épico, mostrando que os versos líricos não são autônomos, diferentemente do épico, que possui suas partes autônomas. 
O autor fala da característica que se relaciona com a forma estereotipada dos personagens, que é a ideia do não amadurecimento destes. O autor traz o exemplo de Ulisses, sempre o herói, o homem adulto. E Penélope, a que espera, sensata, cortejada. Assim sendo, há uma imutabilidade do personagem, pois estes não variam.
Staiger relata como a poesia lírica não é histórica, sem causa ou consequência e a epopeia, contrariamente a epopeia, que tem um lugar na história, este já determinado, de maneira que o poeta não fica sozinho. Há uma comparação feita pelo autor entre o homem épico e o homem moderno, o autor discorre como o homem épico vive e atua por conta própria, sem preocupações, sem prescrições. Diferentemente do homem moderno, que está constantemente preocupado com suas funções, sendo estas numerosas. 
Por fim, o autor nos traz a função da epopeia que é contar a história de um povo, e com exemplos de Goethe e Spitteler - ambos escreveram epopeias - traz a opinião de que uma poesia épica pura, somente a de Homero.

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