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Fichamento a filosofia da composição

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A Filosofia da Composição.
Referência bibliográfica: POE, Edgar Alan. Filosofia da composição. In: Poemas e ensaios. Trad. Oscar Mendes e Milton Amado. São Paulo: Globo, 1999. p. 01 a 09.
Citações: “Nada é mais claro do que deverem todas as intrigas, dignas desse nome, ser elaboradas em relação ao epílogo, antes que se tente qualquer coisa com pena. Só tendo o epílogo constantemente em vista, poderemos dar a um enredo seu aspecto indispensável de consequência, ou causalidade, fazendo com que os incidentes e, especialmente, o tom da obra tendam para o desenvolvimento de sua intenção.” p.01
“Se alguma obra literária é longa demais para ser lida de uma assentada, devemos resignar-nos a dispensar o efeito imensamente importante que se deriva da unidade de impressão, pois, se requerem duas assentadas, os negócios do mundo interferem e tudo o que se pareça com totalidade é imediamente destruído.” p.02
“Ora, designo a Beleza como a província do poema, simplesmente porque é evidente regra de arte que os efeitos deveriam jorrar de causas diretas, que os objetivos deveriam ser alcançados pelos meios melhor adaptados para atingi-los.” p.03
“Quanto ao objetivo Verdade, ou a satisfação do intelecto, e ao objetivo Paixão, ou a excitação do coração, são eles muito mais prontamente atingíveis na prosa, embora também, até certa extensão, na poesia.” p. 03
“Encarando, então, a Beleza como a minha província, minha seguinte questão se referia ao tom de sua mais alta manifestação, e todas as experiências têm demonstrado que esse tom é o da tristeza. A beleza de qualquer espécie, em seu desenvolvimento supremo, invariavelmente provoca na alma sensitiva as lágrimas. A melancolia é, assim, o mais legítimo de todos os tons poéticos.” p.03
“Passando cuidadosamente em revista todos os efeitos artísticos usuais, ou, mais propriamente, situações, no sentido tetral não deixei de perceber de imediato que nenhum tinha sido tão universalmente empregado como o do refrão.” p.03
“De todos os temas melancólicos, qual, segundo a compreensão universal da humanidade, é o mais melancólico?” A Morte- foi a resposta evidente.”E quando”,insisti,”esse mais melancólico dos temas se torna poético?” Pelo que já explanei, um tanto prolongadamente, a resposta também aí era evidente: “Quando ele se alia, mais de perto, à Beleza; a morte, pois, de uma bela mulher é, inquestionavelmente, o tema mais poético do mundo e, igualmentee, a boca mais capaz de desenvolver tal tema é a de um amante despojado de seu amor”. p.04
“Percebendo a oportunidade que assim se me oferecia, ou, mais estritamente, que se me impunha no desenrolar da composição, estabeleci na mente o clímax, ou a pergunta conclusiva: aquela pergunta de que o “Nunca mais” seria, pela última vez, a resposta; aquela pergunta em resposta à qual o “Nunca mais” envolveria a máxima concentração possível de tristeza e de desespero.” p.04-05
“A verdade é que a originalidade (a não ser em espíritos de força muito comum) de modo algum é uma questão, como muitos supõem, de impulso ou de intuição. Para ser encontrada, ela, em geral tem de ser procurada trabalhosamente, e embora seja um mérito positivo da mais alta classe, seu alcance requer menos invenção que negação.” p.05
“O ponto seguinte, a ser considerado, era o modo de juntar o amante e o Corvo; e o primeiro ramo dessa consideração era o local.” p.05
A princípio, Edgar Alan Poe remete a relevância que se tem o epílogo em constante evidência, para dar ao enredo a aparência de causalidade, fazendo com que incidentes e, principalmente, o tom da obra, se inclinem para o desenvolvimento da intenção do escritor. Sendo esta, a vantagem de começar a composição pelo final. Posteriomente, Alan Poe, considerando o seu pensamento em relação se seria melhor optar por trabalhar com os incidentes ou com o tom, ele conclui que combinando ambos - acontecimento e tom - estes são o seu auxílio na construção de um efeito.
Em seguida, Edgar expõe os processos pelos quais perpassaram sua conhecida obra: “O Corvo”, até esta atingir o seu ponto de acabamento. Como dito por ele, o “modus operandi”. O autor deixa claro que não se tem referência ao acaso ou a intuição na composição de “O Corvo”, e que ele foi trabalhando na composição desse poema encarando-o como um problema matemático, para quando esse fosse concluído, obtesse precisão e sequência rígida, como há nos problemas matemáticos.
A primeira consideração feita por Alan Poe, foi a da extensão. Ele destaca que o poema não seja muito longo, de forma que seja possível lê-lo em apenas uma assentada. Essa brevidade está relacionada a intensidade do efeito pretendido pelo escritor, por isso a necessidade de se calcular a extensão do poema, para que se conserve o efeito que é produzido no leitor. Encerrada a consideração, Poe alcançou a extensão pretendida para o seu poema, cerca de cem versos. Porém, precisamente, “O Corvo” possui cento e oito.
Depois, Poe faz a escolha de uma impressão, ou efeito, com o desejo de tornar sua obra apreciável por todos, e portanto, se refere sobre Beleza, mas Beleza não para exprimir uma qualidade, mas um efeito, que está relacionado ao sentimento de emoção provocado no leitor. Esta Beleza está associada à intensa e pura elevação da alma, sendo esta elevação mais atingida no poema. Para a prosa, Alan Poe sugere a Verdade, que demanda precisão e a Paixão, que demanda familiaridade.
O seguinte ponto apontado pelo autor é o tom, escolheu pois assim, o tom da tristeza, a melancolia. Com o objetivo de se obter um efeito artístico após determinados estes aspectos, Poe optou pelo refrão devido a universalidade do emprego desse. Com isso, aderiu a monotonia do som variando na da ideia para produção contínua de novos efeitos. A divisão do poema em estância surgiu naturalmente. As considerações feitas, o levaram a concluir que o som do refrão deveria ter o “o” prolongado em conexão com o “r”, e a escolha da palavra que encerasse esse som foi “Never more”, que traduzida significa “Nunca mais.”
Logo após isso, Alan Poe precisava de um pretexto para o uso contínuo dessa expressão “nunca mais”, após pensar muito nessa questão, surgiu a ideia de uma criatura não racional, mas que fosse capaz de falar. De início, ergueu-se a ideia de ser um papagaio, que logo foi substituída pela de um Corvo, sendo este mais relacionado com o tom melancólico pretendido e, que repetiria monotonamente a expressão “Nunca mais” ao fim de cada estância do poema.
Decidido de todos os detalhes apresentados, Poe pensou sobre um tema melancólico chegou a resposta: “A Morte”.
Imediamente, pensou na morte de uma bela mulher, a fim de ser mais poético. E para desenvolver o tema, um amante despojado de seu amor.
Edgar pois, elaborou o Corvo empregando a palavra em resposta às perguntas do amante. Para que num certo momento, o amante começasse a fazer perguntas de espécie diversa para receber o esperado “Nunca mais.” Dessa forma, Poe estabeleceu um clímax, a última pergunta de que o “Nunca mais” seria, pela última vez, a resposta.
Um ponto importante para Poe é a originalidade, sendo para ele indispensável e muito trabalhosa de procurar para ser encontrada, não sendo fruto de impulso ou de intuição. Ele atribui originalidade no poema “O Corvo” com relação a combinação na estância, pois não havia sido tentado algum outro que se aproximasse dessa combinação.
Outro ponto importante, a ser considerado, foi o local para juntar o amante e o Corvo. Poe decidiu ser no quarto do amante, que guardava a recordação daquela que o frequentara .
Por fim, o resultado... “um corvo, tendo aprendido repetitivamente a dizer “Nunca mais” e tendo escapado à vigilância do seu dono, é levado à meia-noite em meio à violência de uma tempestade, a buscar entrar numa janela, pela qual se vê ainda luz a brilhar: a janela do quarto de um estudante, ocupado entre folhear um volume e sonhar com uma adorada amante morta. Sendo aberta a janela, ao tumultuar das asas da ave, esta pousa no sítio mais conveniente, fora do alcanceimediato do estudante, que, divertido pelo incidente e pela extravagância das maneiras do visitante, pergunta-lhe, por brincadeira e sem esperar resposta, por seu nome. O Corvo, interrogado, responde com seu costumeiro “Nunca mais”, frase que logo encontra eco no coração melancólico do estudante, que, dando expressão em voz alta, a certos pensamentos sugeridos pelo momento, é de novo surpreendido pela repetição do “Nunca mais” do Corvo. O estudante adivinha então a real causa do acontecimento, mas é impelido, pela sede humana de autotortura e, em parte, pela superstição, a propor questões tais à ave que só lhe trarão, ao amante, o máximo da volúpia da tristeza, graças à esperada frase “Nunca mais”. Poe, relata ainda, que a sua intenção é de fato compreendida somente nos versos finais da última estância do poema, onde o leitor percebe que o Corvo é “um emblema da Recordação dolorosa e infindável”.
Percebe-se a finalidade com que Edgar Alan Poe escreveu este ensaio, ele estabeleceu preceitos que possam ajudar escritores na elaboração de suas produções literárias. Pode-se identificar alguns como sendo: iniciar o texto pelo fim; não dispensar a originalidade; escolher a extensão; escolher o efeito pretendido; determinar o tom; escolher o tema; utilizar recursos estilísticos; estabelecer um clímax; determinar um local. Dessa forma, Alan Poe expõe como uma “receita de bolo”, o modo de execução para elaboração de composições. É importante salientar-se que o texto confronta-se diretamente com a opinião contrária, a suposição de que escrever é questão de intuição ou de impulso, colocando esta em xeque. Poe, mostra que é necessário se ter apenas a intenção de compor e se utilizar dos mesmos aspectos mencionados, que ele utilizou, para construir o texto desejado. Nesse sentido, o ensaio leva à reflexão como, por exemplo, “Será que toda composição é pensada?”, “Toda composição possui um planejamento? E se possui, a omissão por parte dos autores a respeito de como procederam até chegar a conclusão da obra, é somente por vaidade?”, “Há composições que foram realizadas intuitivamente?”. Portanto, o texto de Alan Poe é de muita relevância para compreensão da dimensão do trabalho que se tem para elaborar alguma obra, considerando a impossibilidade de se produzir intuitivamente.

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