1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AULA 3 Prof. Gil Fábio de Souza 2 CONVERSA INICIAL Alegria! Aqui estamos de volta à disciplina de Sistema de Produção! Nesta aula, trabalharemos com conceitos importantíssimos de operacionalização! “Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.” (Henry Ford). Então vamos escolher o certo! Nós podemos! Nesta aula abordaremos conceitos importantes dos sistemas de produção enxuta (Lean Manufacturing), focando na filosofia Just in Time! Vamos à aula de hoje. Bons ventos! Vamos nessa! CONTEXTUALIZANDO Henry Ford colocou muitas ideias juntas quando projetou primeiramente sua linha de produção para o seu automóvel Ford Modelo T. Contudo não inventou muito dele mesmo. As ideias de ter partes intercambiáveis e coisas do gênero não eram novas para a Ford, elas já estavam ali por muito tempo, os princípios tinham sido utilizados por Eli Whitney para fabricar mosquetes (armas – espingardas) no final do século XVIII. As Linhas de Produção estavam longe de ser novas, o Rei Henrique III assistiu à produção horária de navios Galley, em 1574, por meio do processamento contínuo de fluxo l e Marc Brunel (pai de Isambard) criou linhas de produção para a Royal Navy em 1810. O trabalho de Fredrick Taylor sobre Gestão Científica investigou a eficiência no local de trabalho, e Frank Gilbreth analisou os estudos de movimento. Ambos os trabalhos influenciaram o design e o funcionamento das linhas de produção da Ford. 3 Nada surge do zero, tudo acaba sendo um compêndio de experiência e teorias anteriores disponíveis, e vai se multiplicando no tempo, aperfeiçoando-se. No entanto, as linhas de produção de Fordistas não foram flexíveis o suficiente, e eles fomentaram muito um "eles e nós", que significava a lacuna, ou a diferença entre a gestão e a atitude dos trabalhadores nas linhas: foi a gestão que criou o método e os trabalhadores fizeram como eles foram informados. No entanto, os métodos Fordistas eram para a produção em massa e foram altamente eficazes durante a Segunda Guerra Mundial, em que a Ford ajudou a construir Bombardeiros na fábrica Willow Run da Ford e na Boeing. Sakichi Toyoda inventou um tear de tecelagem que era capaz de parar quando detectava um fio quebrado. Isso permitiu que um único trabalhador pudesse monitorar várias máquinas, pois o operador só precisava intervir com exceção. Este foi o início da Automação ou Jidoka: Automação com um toque humano, uma das partes importantes do Sistema de Produção Toyota e, portanto, da Produção Enxuta (livre tradução do inglês Lean Manufacturing). A venda das patentes dessa invenção permitiu à família Toyoda sair do negócio de têxteis e financiar o início de sua empresa automotiva: a TOYOTA. O Just In Time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção (STP) ou produção enxuta. Pesquise Leia o artigo “Programação da produção no setor de serviços de manutenção: um estudo de casos múltiplos”, que está disponível no Site da Abepro: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_746_159 07.pdf 4 TEMA 1: CONCILIAÇÃO ENTRE SUPRIMENTO E DEMANDA Como visto na aula anterior, o planejamento parte do princípio de conciliar suprimento e demanda. Lembrem-se do exemplo do sistema de GPS do Waze®, de que falamos anteriormente. A operacionalização busca conciliar SUPRIMENTO e DEMANDA, ou seja, diz respeito ao gerenciamento das atividades da produção para satisfazer de forma contínua à demanda dos consumidores. O conceito de Suprimento (ou oferta) e Demanda é talvez um dos conceitos mais fundamentais da economia e é a espinha dorsal de uma economia de mercado. A demanda refere-se a quanto (quantidade) de um produto ou serviço é desejado pelos compradores. A quantidade exigida é a quantidade de um produto que as pessoas estão dispostas a comprar a um determinado preço. A relação entre preço e quantidade demandada é conhecida como relação de demanda. A oferta (ou suprimento) representa o quanto o mercado pode oferecer. A quantidade fornecida refere-se à quantidade que certos bons produtores estão dispostos a fornecer ao receber um determinado preço. A correlação entre preço e quanto de um bem ou serviço é fornecido ao mercado é conhecida como a relação de fornecimento. O preço, portanto, é um reflexo da oferta e demanda. Conforme Russomano (2000), as funções do PCP podem ser destacadas como: a) Definição das quantidades a produzir (em função da demanda); b) Gestão de estoques: responsável pela disponibilidade dos materiais necessários à produção; c) Emissão de ordens de produção: toma providências para ter a tempo todas as peças componentes e produtos necessários ao programa de produção; d) Programação das ordens de fabricação: verifica a viabilidade de atendimento das ordens de fabricação; 5 e) Movimentação das ordens de fabricação: Responsável pelo fluxo das informações do que vai ser fabricado: registra, informa e transfere o material fabricado; f) Acompanhamento da produção: compara o planejamento com o executado. Permite a correção de desvios, assegurando a realização dos programas previstos. Tudo isso torna difícil a conciliação do suprimento com a demanda, sob o ponto de vista da operacionalização das operações produtivas, basta ver o item a), apontado acima. Muitas empresas ainda carecem de coordenação entre os responsáveis pela geração e gestão da procura e os responsáveis pela oferta. Quando o suprimento e a demanda não estão coordenados, isso leva a situações críticas, como a fabricação de mais estoques, enquanto ao mesmo tempo o departamento de marketing está reduzindo o preço para se livrar deste mesmo estoque. A operacionalização para a conciliação entre vendas e operações destina-se a quebrar essas barreiras entre operações, vendas, marketing e finanças, a fim de alinhar o suprimento e a demanda. Para cada tipo de sistema produtivo há um foco diferente na conciliação do suprimento com a demanda de produção. Veremos: Para sistemas de produção contínuo, como uma indústria química, por exemplo, o PMP (Planejamento Mestre da Produção) define a velocidade do fluxo de produção, ou seja, ele dita quanto será produzido, focando na logística de abastecimento de matérias-primas (MP) e na distribuição de produtos acabados - PA. Para sistemas de produção em massa, como automóveis, o Planejamento Mestre da Produção também define a velocidade do fluxo de produção, ou seja, ele dita quanto será produzido, focando na logística de abastecimento de matérias-primas (MP) e nos supermercados (SM) internos de peças em produção e na entrega de produtos acabados - PA. 6 Veja que o suprimento de sistemas contínuos e de produção em massa são muito parecidos. A diferença básica está no fato de que a produção em massa também trabalha com programação de peças em processo, no meio do processo produtivo. Já em sistemas contínuos, isso não é possível, devido ao fato de que sistemas contínuos não têm produtos intermediários (em processamento), como por exemplo a indústria de energia elétrica. Para sistemas de produção repetitivos em lotes, como a indústria de confecção, o PMP define as necessidades de matérias-primas – MP, e o cálculo das necessidades de matérias (MRP) define a emissão de ordens de compra – OC, ordens de fabricação – OF e ordens de montagens – OM, para o perfeito sequenciamento destas