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1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AULA 3 Prof. Gil Fábio de Souza 2 CONVERSA INICIAL Alegria! Aqui estamos de volta à disciplina de Sistema de Produção! Nesta aula, trabalharemos com conceitos importantíssimos de operacionalização! “Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.” (Henry Ford). Então vamos escolher o certo! Nós podemos! Nesta aula abordaremos conceitos importantes dos sistemas de produção enxuta (Lean Manufacturing), focando na filosofia Just in Time! Vamos à aula de hoje. Bons ventos! Vamos nessa! CONTEXTUALIZANDO Henry Ford colocou muitas ideias juntas quando projetou primeiramente sua linha de produção para o seu automóvel Ford Modelo T. Contudo não inventou muito dele mesmo. As ideias de ter partes intercambiáveis e coisas do gênero não eram novas para a Ford, elas já estavam ali por muito tempo, os princípios tinham sido utilizados por Eli Whitney para fabricar mosquetes (armas – espingardas) no final do século XVIII. As Linhas de Produção estavam longe de ser novas, o Rei Henrique III assistiu à produção horária de navios Galley, em 1574, por meio do processamento contínuo de fluxo l e Marc Brunel (pai de Isambard) criou linhas de produção para a Royal Navy em 1810. O trabalho de Fredrick Taylor sobre Gestão Científica investigou a eficiência no local de trabalho, e Frank Gilbreth analisou os estudos de movimento. Ambos os trabalhos influenciaram o design e o funcionamento das linhas de produção da Ford. 3 Nada surge do zero, tudo acaba sendo um compêndio de experiência e teorias anteriores disponíveis, e vai se multiplicando no tempo, aperfeiçoando-se. No entanto, as linhas de produção de Fordistas não foram flexíveis o suficiente, e eles fomentaram muito um "eles e nós", que significava a lacuna, ou a diferença entre a gestão e a atitude dos trabalhadores nas linhas: foi a gestão que criou o método e os trabalhadores fizeram como eles foram informados. No entanto, os métodos Fordistas eram para a produção em massa e foram altamente eficazes durante a Segunda Guerra Mundial, em que a Ford ajudou a construir Bombardeiros na fábrica Willow Run da Ford e na Boeing. Sakichi Toyoda inventou um tear de tecelagem que era capaz de parar quando detectava um fio quebrado. Isso permitiu que um único trabalhador pudesse monitorar várias máquinas, pois o operador só precisava intervir com exceção. Este foi o início da Automação ou Jidoka: Automação com um toque humano, uma das partes importantes do Sistema de Produção Toyota e, portanto, da Produção Enxuta (livre tradução do inglês Lean Manufacturing). A venda das patentes dessa invenção permitiu à família Toyoda sair do negócio de têxteis e financiar o início de sua empresa automotiva: a TOYOTA. O Just In Time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção (STP) ou produção enxuta. Pesquise Leia o artigo “Programação da produção no setor de serviços de manutenção: um estudo de casos múltiplos”, que está disponível no Site da Abepro: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_746_159 07.pdf 4 TEMA 1: CONCILIAÇÃO ENTRE SUPRIMENTO E DEMANDA Como visto na aula anterior, o planejamento parte do princípio de conciliar suprimento e demanda. Lembrem-se do exemplo do sistema de GPS do Waze®, de que falamos anteriormente. A operacionalização busca conciliar SUPRIMENTO e DEMANDA, ou seja, diz respeito ao gerenciamento das atividades da produção para satisfazer de forma contínua à demanda dos consumidores. O conceito de Suprimento (ou oferta) e Demanda é talvez um dos conceitos mais fundamentais da economia e é a espinha dorsal de uma economia de mercado. A demanda refere-se a quanto (quantidade) de um produto ou serviço é desejado pelos compradores. A quantidade exigida é a quantidade de um produto que as pessoas estão dispostas a comprar a um determinado preço. A relação entre preço e quantidade demandada é conhecida como relação de demanda. A oferta (ou suprimento) representa o quanto o mercado pode oferecer. A quantidade fornecida refere-se à quantidade que certos bons produtores estão dispostos a fornecer ao receber um determinado preço. A correlação entre preço e quanto de um bem ou serviço é fornecido ao mercado é conhecida como a relação de fornecimento. O preço, portanto, é um reflexo da oferta e demanda. Conforme Russomano (2000), as funções do PCP podem ser destacadas como: a) Definição das quantidades a produzir (em função da demanda); b) Gestão de estoques: responsável pela disponibilidade dos materiais necessários à produção; c) Emissão de ordens de produção: toma providências para ter a tempo todas as peças componentes e produtos necessários ao programa de produção; d) Programação das ordens de fabricação: verifica a viabilidade de atendimento das ordens de fabricação; 5 e) Movimentação das ordens de fabricação: Responsável pelo fluxo das informações do que vai ser fabricado: registra, informa e transfere o material fabricado; f) Acompanhamento da produção: compara o planejamento com o executado. Permite a correção de desvios, assegurando a realização dos programas previstos. Tudo isso torna difícil a conciliação do suprimento com a demanda, sob o ponto de vista da operacionalização das operações produtivas, basta ver o item a), apontado acima. Muitas empresas ainda carecem de coordenação entre os responsáveis pela geração e gestão da procura e os responsáveis pela oferta. Quando o suprimento e a demanda não estão coordenados, isso leva a situações críticas, como a fabricação de mais estoques, enquanto ao mesmo tempo o departamento de marketing está reduzindo o preço para se livrar deste mesmo estoque. A operacionalização para a conciliação entre vendas e operações destina-se a quebrar essas barreiras entre operações, vendas, marketing e finanças, a fim de alinhar o suprimento e a demanda. Para cada tipo de sistema produtivo há um foco diferente na conciliação do suprimento com a demanda de produção. Veremos: Para sistemas de produção contínuo, como uma indústria química, por exemplo, o PMP (Planejamento Mestre da Produção) define a velocidade do fluxo de produção, ou seja, ele dita quanto será produzido, focando na logística de abastecimento de matérias-primas (MP) e na distribuição de produtos acabados - PA. Para sistemas de produção em massa, como automóveis, o Planejamento Mestre da Produção também define a velocidade do fluxo de produção, ou seja, ele dita quanto será produzido, focando na logística de abastecimento de matérias-primas (MP) e nos supermercados (SM) internos de peças em produção e na entrega de produtos acabados - PA. 6 Veja que o suprimento de sistemas contínuos e de produção em massa são muito parecidos. A diferença básica está no fato de que a produção em massa também trabalha com programação de peças em processo, no meio do processo produtivo. Já em sistemas contínuos, isso não é possível, devido ao fato de que sistemas contínuos não têm produtos intermediários (em processamento), como por exemplo a indústria de energia elétrica. Para sistemas de produção repetitivos em lotes, como a indústria de confecção, o PMP define as necessidades de matérias-primas – MP, e o cálculo das necessidades de matérias (MRP) define a emissão de ordens de compra – OC, ordens de fabricação – OF e ordens de montagens – OM, para o perfeito sequenciamento destasordens. Nota: os temas PMP e MRP abordados acima, serão vistos com detalhes nas próximas aulas, conforme nosso programa de aulas! Com isso, pode-se concluir que: O sistema produtivo de massa, assim como os sistemas Contínuos, tem melhor desempenho para grandes demandas, nas quais temos a produção de apenas um (ou poucos produtos). Com esse sistema, obtemos uma alta produção aliada a um baixo custo do produto. Por outro lado, perde-se em flexibilidade, pois os ajustes necessários no sistema para a produção de produtos diferentes demandam muito tempo. O sistema produtivo por lotes mostra melhor desempenho, em que a demanda e a quantidade de produtos são intermediárias. Esse sistema consegue atingir um custo razoável e uma produção que atender a demanda. Esse sistema também mostra certa flexibilidade, já que os tempos (e custos) envolvidos na produção de diferentes produtos são menores que no sistema de massa e contínuos. 7 O sistema produtivo sob encomenda consegue melhor desempenho, em que a demanda é pequena, mas há a necessidade da produção de uma maior variedade de produtos. O custo de produção é o mais alto de todos os sistemas, mas a flexibilidade é a melhor. Desta forma, um sistema produtivo moderno deve ter capacidade para atender a demanda dos produtos e suas variações, deve atender seus clientes num tempo igual ou inferior aos seus concorrentes, deve praticar um preço igual ou inferior aos seus concorrentes do mercado, deve ter flexibilidade suficiente para suportar a inclusão de um novo produto (ou modificação em algum produto já existente) e, é claro, mantendo um alto nível de qualidade nos seus produtos. Esta diferenciação fica claro na tabela abaixo: Tabela 1: Eficiência no Demanda X Sistema Produtivo Fonte: Tubino, 2009. Por que é importante identificar e entender as características dos diferentes tipos de sistemas produtivos? Sem dúvida, porque cada tipo de sistema produtivo se destina a atender determinadas características exigidas pelo mercado consumidor. Por exemplo, os clientes de eletrodomésticos esperam encontrar prontos para a venda em lojas especializadas um fogão ou uma geladeira com características de desempenho padronizadas, o que facilita 8 a comparação entre as diferentes marcas disponíveis e faz do produto uma commodity. Já uma cozinha industrial, que necessita de um fogão de grande porte, não será encontrada a sua disposição no mercado e terá que negociar preço, prazo e características técnicas do produto com alguns poucos fabricantes de fogões sob encomenda (TUBINO, 2000). Nesse exemplo, fica claro que um sistema produtivo, que se propõem a fabricar eletrodomésticos, em grande escala, com padrões a baixo custo, não poderá atender, dentro da mesma planta, um pedido específico de um cliente sem prejudicar sua produtividade. Da mesma forma, um fabricante de fogões industriais não terá condições de produzir de forma competitiva um produto padrão para o mercado de massa, pois suas instalações não estão moldadas para acelerar o fluxo produtivo, mas sim para permitir uma diversificação de produção segundo as exigências específicas de seus clientes. Em sistemas de produção em lotes é comum repor equipamentos à medida que a demanda cresce. Schonberger (SCHONBERGER, 1988. p. 84) chama a isso de o “ciclo da supermáquina”, que é geralmente o seguinte: 1. a demanda aumenta e é decidido adicionar capacidade produtiva; 2. a engenharia pesquisa os equipamentos disponíveis no mercado de máquinas operatrizes e seleciona uma com capacidade para atender a demanda projetada para os próximos três a cinco anos; 3. a máquina escolhida é instalada, após algumas semanas ou meses de ajuste, e opera de forma subtilizada nos dois ou três anos seguintes; 4. finalmente, após alguns anos, a demanda atinge a capacidade da máquina e ela é operada plenamente, o que permite pouco tempo para sua manutenção; 9 5. com a capacidade produtiva estourada e a baixa confiabilidade operacional, a empresa decide substituir a máquina por outra nova e repete o ciclo da supermáquina. Desde o planejamento estratégico, de longo prazo, passando pelo planejamento mestre da produção, de médio prazo e chegando na programação da produção – curto prazo, precisamos estar atentos ao volume de suprimento que se precisa ter para atender a uma determinada demanda de produção (que está baseada no seu mercado de atuação)! Figura 1: Visão dos Sistemas de Produção Missão Estratégia Corporativa Estratégia Competitiva Estratégia Funcional Finanças Marketing Produção Plano Financeiro Plano de Marketing Plano de Produção Táticas Operações Financeiras Operações de Marketing Operações de Produção Fonte: Tubino, 2009. Alinhar o suprimento e a demanda é o objetivo central da cadeia de abastecimento numa empresa. Ele pode fazer toda a diferença, entre aumentar a lucratividade, por meio da venda de itens que seus clientes estão realmente desejando, ou a produção de itens errados que não são solicitados no mercado, que, infelizmente, deverão ser vendidos mais tarde com grandes descontos, reduzindo assim os lucros ou até criando prejuízos enormes! 10 A incerteza torna o planejamento e o controle mais difíceis. Uma loja de fast-food dentro de um shopping center não sabe quantas pessoas vão chegar, quando eles vão chegar e o que eles vão pedir. Pode ser possível prever certos padrões, como um aumento da demanda durante o almoço e o chá, mas uma tempestade repentina que leva os compradores para dentro do shopping center pode aumentar significativamente a demanda. Por outro lado, outras operações são razoavelmente previsíveis, e a necessidade de controle é mínima. Por exemplo, os serviços de TV a cabo fornecem programas para uma programação em casas de assinantes. É raro alterar o plano do programa. A demanda também pode ser previsível. Em uma escola, por exemplo, uma vez que as aulas são fixas e o semestre começou, um professor sabe quantos alunos estão na classe. Uma combinação de incerteza na capacidade de oferta da operação e na demanda por seus produtos e serviços é particularmente difícil de planejar e controlar. TEMA 2: PROJETO DE PRODUTO DE BENS E SERVIÇOS Um produto poderá ser um Bem Material ou um Serviço, conforme vimos na Aula 1. Embora os gerentes de produção não tenham responsabilidade direta sobre o projeto de bens materiais e serviços, é importante entender este, pois tem a responsabilidade indireta de fornecer informações sobre os temas tratados nesta fase. Bens Materiais - Sempre que falamos de bens, devemos entender que este pode ser encontrado na forma de um objeto tangível. Serviço - São intangíveis, ou seja, atividades que satisfazem as necessidades do consumidor. Lustosa et al. (2008) argumentam: [...] que por ter características que diferem à produção de bens, a programação de operações e a alocação de recursos de serviços deram origem a métodos próprios. Como o produto de serviços não pode ser estocado, a boa utilização da capacidade tem de ser obtida 11 através da sincronização da demanda com a produção, ou através do ajuste da capacidade à demanda. Ritzman e Krajewski (2004) afirmam que, devido à impossibilidade de criar estoques, não é possível se proteger por esta maneira, por conta das incertezas de demanda. Outra diferença é que, em operações de serviço, a demanda é menos previsível, pois os clientes podem decidir impulsivamente sobre que serviço ele deseja receber. A natureza do projeto é a tradução do conceito,a partir da especificação detalhada, em um produto ou serviço em consonância com os objetivos de desempenho (qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo) propostos, pois estes afetam diretamente na escolha do produto/serviço pelos consumidores (SLACK, 2009). 1 - Geração do conceito É a etapa mais crítica no processo de design de engenharia. Começando com um conjunto de necessidades de clientes e especificações, o processo conclui com uma série de alternativas de produtos a partir das quais um projeto final é selecionado. Existem várias etapas envolvidas no processo genérico de geração de conceitos, bem como várias abordagens. Há dois componentes na fase de geração de conceito: ideação e, em seguida, seleção de conceito. Cada componente vem com seu próprio conjunto de regras e diretrizes. 2 - Triagem A triagem do projeto é um processo usado para analisar prontamente projetos problemáticos de um portfólio para priorizá-los e definir as seguintes ações com base no status atual de cada projeto. Geralmente é realizado no final do período contábil, pelo gerente do projeto. O processo de triagem é meramente a definição de prioridades e exclusão de itens, ou partes, que não são necessários ao produto desejado pelo cliente. 12 3 - Projeto preliminar Se desenvolve um projeto preliminar e a estimativa aproximada de custos de acordo com procedimentos e conceitos autorizados pelo cliente ou pelo operador. Depois o projeto será refinado e melhor desenvolvido, a fim de se criar uma base para os planejadores 4 - Avaliação e melhoria O projeto preliminar deve ser verificado para ser melhorado. 5 – Prototipagem, piloto e projeto final TEMA 3: ARRANJO FÍSICO (LAYOUT) E FLUXO O Arranjo Físico de uma operação ou processo significa como seus recursos transformadores são posicionados em relação uns aos outros e como suas várias tarefas são alocadas a esses recursos de transformação. A fase de planejamento decide sobre o melhor arranjo físico de todos os recursos que consomem espaço dentro de uma instalação. Esses recursos podem incluir uma ou várias máquinas, um centro de trabalho, uma linha, uma pessoa, um escritório inteiro ou mesmo um departamento. As decisões sobre o arranjo de recursos em uma empresa não são feitas apenas quando uma nova instalação está sendo projetada. Eles são feitos sempre que há uma mudança no arranjo dos recursos, como um novo trabalhador sendo adicionado, uma máquina sendo movida, ou uma mudança no procedimento que está sendo implementado. Além disso, o planejamento de layout é executado sempre que há uma expansão na instalação ou uma redução de espaço. Arranjo Físico Departamental ou por Processo O Arranjo Físico Departamental ou de processo é encontrado principalmente em empresas que produzem produtos personalizados, de baixo volume, que podem exigir diferentes requisitos de processamento e sequências 13 de operações. Os layouts do processo são configurações de instalações em que operações de natureza ou função semelhantes são agrupadas. Como tal, eles ocasionalmente são referidos como layouts funcionais. Sua finalidade é processar bens ou fornecer serviços que envolvam uma variedade de requisitos de processamento. Um exemplo de fabricação seria uma oficina de máquinas. Uma oficina de máquinas geralmente tem departamentos separados, nos quais as máquinas de propósito geral são agrupadas por função (por exemplo, fresagem, perfuração, prensas hidráulicas e tornos). Portanto, as instalações que são configuradas de acordo com funções ou processos individuais têm um layout de processo. Este tipo de layout dá à empresa a flexibilidade necessária para lidar com uma variedade de rotas e requisitos de processo. Os serviços que utilizam layouts de processo incluem hospitais, bancos, reparos automotivos, bibliotecas e universidades. Figura 2: Arranjo Físico departamental Fonte: Tubino, 2009. Características: (Departamental / por Processo) Flexibilidade. A empresa tem a capacidade de lidar com uma variedade de requisitos de processamento. Tornos Extrusoras Serras Soldas 14 Custo: às vezes, o equipamento de propósito geral utilizado pode ser menos oneroso para a compra e menos oneroso e mais fácil de manter do que o equipamento especializado. Porém se o processamento em lote for utilizado, os custos de inventário em processo podem ser elevados. Menor volume significa maiores custos por unidade. As configurações (setups) são mais frequentes, portanto, maiores custos de instalação. Manuseio de material é mais lento e mais ineficiente. O período de supervisão é pequeno devido às complexidades do trabalho (roteamento, configurações, etc.), portanto os custos de supervisão são maiores. Além disso, neste tipo de layout, o controle de estoque e compras geralmente estão altamente envolvidos. Motivação: funcionários neste tipo de layout provavelmente serão capazes de executar uma variedade de tarefas em várias máquinas, em oposição ao tédio de executar uma tarefa repetitiva em uma linha de montagem. Um layout de processo também permite que o empregador use algum tipo de sistema de incentivo individual. Proteção do sistema: Uma vez que existem várias máquinas disponíveis, layouts de processo não são particularmente vulneráveis a falhas de equipamento. Utilização: As taxas de utilização do equipamento na disposição por processo são frequentemente muito baixas, porque o uso da máquina depende de uma variedade de requisitos de saída. Exemplos: Biblioteca (copiadoras/periódicos/livros) – hospital (raio X – Sala operações), Metal-mecânica, etc. Arranjo Físico em Linha ou Por Produto Os layouts de produtos são encontrados em montagens repetitivas e processos ou indústrias de fluxo contínuo. Essas produzem produtos de alto volume e altamente padronizados, que exigem processos também altamente padronizados e repetitivos. Em um Layout em linha ou por produto, os recursos são organizados sequencialmente, com base no roteamento dos produtos. Em 15 teoria, esse layout sequencial permite que todo o processo seja definido em linha reta, que às vezes pode ser totalmente dedicado à produção de apenas um produto ou versão do produto. O fluxo da linha pode então ser subdividido de modo que o trabalho e o equipamento sejam utilizados suavemente durante toda a operação. Figura 3: Arranjo Físico em linha Linha 1 Linha 2 Linha 3(F) (F) (F) (P) (P)(TR) (TR) (R) (R) Características: Volume: layouts em linha podem gerar um grande volume de produtos em um curto espaço de tempo. Custo: O custo unitário é baixo, como resultado do alto volume. A especialização do trabalho resulta em tempo e custo de treinamento reduzidos. Um maior intervalo de supervisão também reduz os custos de mão de obra. Contabilidade, compras e controle de estoque são rotina. Como o roteamento é fixo, é necessária menos atenção. Utilização: Há um alto grau de mão de obra e utilização de equipamentos. Motivação: A divisão inerente do trabalho do sistema pode resultar em trabalhos maçantes e repetitivos que podem revelar-se bastante estressantes. Além disso, layouts de linha de montagem tornam muito difícil administrar planos de incentivo individuais. 16 Flexibilidade. Os layouts por produto são inflexíveis e não podem responder facilmente às mudanças necessárias do sistema — especialmente mudanças no design do produto ou do processo. Embora isto tenha mudado bastante com o advento de novas tecnologias,como a Manufatura Avançada, na indústria 4.0. Exemplos: Montagem de automóveis, Programa de vacinação em massa, restaurantes self-service, Eletrodomésticos Linha Branca, etc. Arranjo Físico Por Posição Fixa ou Posicional Um layout de posição fixa é apropriado para um produto que é muito grande ou muito pesado para mover. Por exemplo, os navios de guerra não são produzidos em uma linha de montagem. Para serviços, outras razões podem determinar a posição fixa (por exemplo, uma sala de operação hospitalar onde médicos, enfermeiros e equipamento médico são levados ao paciente). Outros exemplos de disposição de posição fixa incluem a construção (por exemplo, edifícios, represas e centrais eléctricas ou nucleares), construção naval, aeronaves, aeroespacial, agricultura, perfuração de petróleo e lavagens automáticas de automóveis. Para que isso funcione, os recursos necessários devem ser portáteis para que possam ser levados ao trabalho para o desempenho "no local". Figura 4: Arranjo Físico Posicional Produto (F) (P) (TR) (R) 17 Características: Devido à natureza do produto, o usuário tem pouca escolha no uso de um layout de posição fixa. Espaço: Para muitos layouts de posição fixa, a área de trabalho pode estar cheia, de modo que pouco espaço de armazenamento está disponível. Isso também pode causar problemas de manuseio de materiais. Administração: Muitas vezes, a carga administrativa é maior para layouts de posição fixa. A extensão do controle pode ser estreita, e a coordenação difícil. Exemplos: Construção de rodovia/barragens, Estaleiro, turbinas, etc.. Arranjo Físico Celular A fabricação celular é um tipo de layout em que as máquinas são agrupadas de acordo com os requisitos do processo para um conjunto de itens semelhantes (famílias de peças) que requerem processamento semelhante. Estes grupos são chamados células. Os processos são agrupados em células usando uma técnica conhecida como tecnologia de grupo (GT, do inglês Group Technology). A tecnologia do grupo envolve a identificação de peças com características de projeto similares (tamanho, forma e função) e características de processos semelhantes (tipo de processamento necessário, maquinária disponível que executa esse tipo de processo e sequência de processamento). Trabalhadores em layouts celulares são treinados para que eles possam operar todo o equipamento dentro da célula e assumir a responsabilidade pela sua saída. Às vezes, as células alimentam em uma linha de montagem que produz o produto final. Em alguns casos, uma célula é formada pela dedicação de certos equipamentos para a produção de uma família de peças sem realmente mover o equipamento para uma célula física (chamados de células virtuais ou nominais). Dessa forma, a empresa evita o ônus de rearranjar seu layout atual. No entanto, as células físicas são mais comuns. 18 Figura 5: Arranjo Físico Celular Fonte: Tubino, 2009. Uma versão automatizada da fabricação celular é o sistema de fabricação flexível (FMS - flexible manufacturing system). Com um FMS, um computador controla a transferência de peças para os vários processos, permitindo que os fabricantes para alcançar alguns dos benefícios de layouts de produtos, mantendo a flexibilidade da produção de pequenos lotes. Algumas das vantagens da fabricação celular incluem: Custo: A fabricação proporciona um tempo de processamento mais rápido, menos manuseio de materiais, menos inventário de trabalho em processo e menor tempo de configuração, o que reduz os custos. Flexibilidade: A fabricação celular permite a produção de pequenos lotes, o que proporciona algum grau de flexibilidade aumentada. Este aspecto é muito melhorado com os FMS. Motivação: Como os trabalhadores são treinados para executar todas as máquinas na célula, o tédio é menos importante. Além disso, uma vez que os Família 1 Família 3 e 4 Família 2 Família 5 19 trabalhadores são responsáveis pela produção das suas células, mais autonomia e posse de emprego está presente. Layouts Combinados Além dos layouts acima mencionados, existem outros que são mais apropriados para uso em organizações de serviço. Estes incluem armazém / layouts de armazenamento, layouts de varejo e layouts de escritório. Com os arranjos físicos do tipo armazém / armazenamento, a frequência da ordem é um fator chave. Itens que são encomendados com frequência devem ser colocados juntos perto da entrada da instalação, enquanto os pedidos com menos frequência permanecem na parte traseira da instalação. Um número de mudanças que tomam no lugar na fabricação tivera um efeito direto na disposição da facilidade. Uma tendência aparente é construir instalações menores e mais compactas com mais automação e robótica. Nessas situações, as máquinas precisam ser colocadas mais próximas umas das outras, a fim de reduzir o manuseio do material. Outra tendência é o aumento dos sistemas automatizados de manuseio de materiais, incluindo sistemas automatizados de armazenamento e recuperação (AS / AR - mated storage and retrieval systems) e veículos automáticos guiados (AGV’s - automated guided vehicles). Há também um movimento em direção ao uso de linhas em forma de “U”, que permitem que os trabalhadores, manipuladores de material e supervisores para ver toda a linha facilmente e viajar de forma eficiente entre estações de trabalho. Para que a vista não seja obstruída, menos paredes e partições são incorporadas ao layout. Finalmente, graças à Produção Enxuta e à produção Just-In-Time, é necessário menos espaço para o armazenamento de estoque em todo o arranjo físico. 20 Volume X Variedade no Arranjo Físico Quando falamos de volume em termos produtivos, estamos nos referindo a quantidade produzida, ou nível de produção. Já a variedade está relacionada com o Mix de produtos, a variedades de produtos produzidos. O Arranjo físico define as características gerais do processo produtivo em termos de volume e variedade de produtos ou serviços que são necessários produzir. Importante destacar que volume alto significa baixa variedade e vice-versa e que se deve levar em consideração as características do processo como: objetivos de desempenho, tarefas (funções), fluxo, layout, tecnologia. O projeto de um processo produtivo está fortemente relacionado com a posição de volume x variedade - a grande parte do processo produtivo (linha de produção) deve estar perto da linha natural de produção (ou fluxo de materiais), caso contrário teremos aumento de custos com deslocamento. A tabela figura mostra a condição ideal para cada um dos 4 tipos principais de layout, com relação ao volume e a variedade (mix) de produção. Figura 6: Arranjo Físico segundo volume x variedade Fonte: Slack et al., 2009. 21 A dimensão VOLUME (quantidade produzida) das operações, de acordo com Slack et al. (2009, pp.19-22), está ligada diretamente com a sistematização e a repetibilidade do processo. Quanto mais padronizado o processo, maior repetibilidade teremos e consequentemente maior volume. Porém Heizer e Render (2006, p. 10) insistem que os serviços são muitas vezes difíceis de padronizar, automatizar e tornar eficiente como se gostaria, porque a interação do cliente exige exclusividade e em muitos casos o cliente está pagando para ter exclusividade. Eles também alegam que os serviços são frequentemente baseados no conhecimento, portanto não podem ser ESTOCADOS. Por exemplo, uma CONSULTORIA DE PESQUISA DE MERCADO E DE RECRUTAMENTO,seus serviços são baseados no conhecimento e, portanto, não são totalmente afetados pela tipologia de volume das operações. Isso significa que há baixa repetição dos trabalhos, juntamente com menos sistematização e consequente altos custos unitários para a empresa, de acordo com Slack et al. (2009, pp. 19-22). Um grande exemplo disso é o McDonalds, ele é um exemplo bem conhecido de alto volume de hambúrguer de baixo custo e produção. O volume de sua operação é fundamental para a forma como o seu negócio é organizado. Essencial para o seu funcionamento é a repetibilidade das tarefas dos seus empregados, bem como a sistematização do trabalho, em que as normas e procedimentos orientam a forma como cada parte do trabalho é realizada. Esta combinação proporciona uma base de baixo custo. Em contraste, um café local tem um volume de produção muito menor, menos mão de obra, menos sistematização e cada membro da equipe completa uma maior variedade de tarefas, o que resulta em custos unitários mais elevados. A dimensão VARIEDADE, ainda de acordo com Slack et al. (2009, pp.19-22), implica uma empresa ter que ser flexível para poder oferecer variedade, mix de produtos, embora o custo possa ser maior em comparação a uma operação padronizada. 22 Em referência exemplo, uma CONSULTORIA DE PESQUISA DE MERCADO E DE RECRUTAMENTO, a singularidade dos seus serviços tem uma grande variedade, uma vez que são flexíveis, complexos, quase únicos, e tentam satisfazer as necessidades dos clientes, tanto em termos de pesquisa de mercado como de recrutamento de candidatos, o que inevitavelmente aumentaria os seus custos unitários. Um exemplo comum usado para descrever a dimensão da variedade é o contraste entre um serviço de táxi e um de ônibus. Ambos oferecem serviços de transporte alugado, mas um serviço de táxi tem uma dimensão de variedade muito maior, como eles vão basicamente buscá-lo e deixá-lo onde quer que seja. Um ônibus oferece uma rota e cronograma definidos. Enquanto ambos oferecem um serviço semelhante, a variedade e flexibilidade são altas para a empresa de táxi e baixas para a empresa de ônibus. Vale a pena notar aqui que o modelo de baixo custo é mais facilmente alcançado com menos variedade. Vamos verificar um exemplo da importância do arranjo físico nos serviços. Na biblioteca virtual do ÚNICO acesse o livro: RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J., MALHOTRA, M. Administração da produção e operações. 8a. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall: 2009. Vá até a página 182, na qual há um box com o texto sobre o arranjo físico do Shopping RIVER TOWN CROSSINGS. TEMA 4: PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO As atividades de planejamento e controle mudam ao longo do tempo. A muito longo prazo, os gerentes de operações planejam o que eles pretendem fazer, os recursos de que precisam e os objetivos que esperam alcançar. A ênfase está no planejamento e não no controle, porque há pouco para controlar como tal. Eles usarão previsões de demanda provável, que são descritas em termos agregados. Por exemplo, um hospital fará planos para “2.000 pacientes” sem necessariamente entrar nos detalhes de suas necessidades individuais. Da mesma forma, o hospital poderia planejar ter 100 enfermeiros e 20 médicos, mas 23 novamente sem decidir sobre os atributos específicos do pessoal. Os gerentes de operações estarão preocupados principalmente com a realização de metas financeiras. Serão criados orçamentos que identificam os seus custos e metas de receita. O planejamento a médio prazo é mais detalhado. Ele olha para frente para avaliar a demanda global que a operação deve atender de uma forma parcialmente desagregada. Por esta altura, por exemplo, o hospital deve distinguir entre diferentes tipos de demanda. O número de pacientes que vierem como acidente e casos de emergência terá de ser distinguido daqueles que exigem operações de rotina. Do mesmo modo, terão sido identificadas diferentes categorias de pessoal, e terão de ser definidos níveis de pessoal em cada categoria. Igualmente importante, contingências terão sido postas em prática, permitindo ligeiros desvios dos planos. No planejamento de curto prazo, muitos dos recursos terão sido estabelecidos e será difícil fazer grandes mudanças. No entanto, intervenções de curto prazo são possíveis se as coisas não forem planejadas. Nessa altura, a procura será avaliada numa base totalmente desagregada, com todos os tipos de procedimentos cirúrgicos tratados como atividades individuais. Mais importante ainda, os pacientes individuais terão sido identificados pelo nome e horários específicos reservados para o tratamento. Ao fazer intervenções de curto prazo e mudanças no plano, os gerentes de operações estarão tentando equilibrar a qualidade, a velocidade, a confiabilidade, a flexibilidade e os custos de sua operação no momento específico. É improvável que tenham tempo para efetuar cálculos detalhados dos efeitos das suas decisões de planeamento a curto prazo, relativo a todos estes objetivos, mas uma compreensão geral das prioridades constituirá o pano de fundo para a sua tomada de decisões. Tendo determinado a sequência em que o trabalho deve ser abordado, algumas operações exigem um cronograma detalhado mostrando a que hora ou data os trabalhos devem começar e quando eles devem terminar — isso é a PROGRAMAÇÃO DAS OPERAÇÃO. Os cronogramas são declarações de volume e cronometragem em muitos ambientes de consumo. Por exemplo, um horário de ônibus mostra que mais ônibus são colocados em rotas em intervalos 24 mais frequentes durante os horários de ponta. O horário do ônibus mostra o tempo que cada ônibus deve chegar a cada etapa da rota. Os cronogramas de trabalho são usados em operações onde algum planejamento é necessário para garantir que a demanda do cliente seja atendida. Outras operações, como operações de serviço de resposta rápida onde os clientes chegam de forma não planejada, não podem agendar a operação em um sentido de curto prazo. Eles só podem responder quando a demanda é colocada sobre eles. A atividade de PROGRAMAÇÃO é uma das tarefas mais complexas no gerenciamento de operações. Em primeiro lugar, os programadores devem lidar com vários tipos diferentes de recursos simultaneamente. As máquinas terão capacidades diferentes, as pessoas terão habilidades diferentes. Mais importante ainda, o número de horários possíveis aumenta rapidamente à medida que aumenta o número de atividades e processos. Por exemplo, suponha que uma máquina tenha cinco tarefas diferentes para processar. Qualquer um dos cinco empregos poderia ser processado primeiro e, a seguir, qualquer um dos quatro empregos restantes, e assim por diante. Isso significa que existem: 5 × 4 × 3 × 2 = 120 horários diferentes possíveis. Neste momento vamos considerar a programação da produção sob a ótica dos sistemas empurrados da produção! A Figura a seguir mostra as atividades de curto de prazo de um sistema de produção, considerando como programação da produção. Figura 7: Planejamento e Programação da Produção 25 Fonte: Tubino, 2009 Lustosa et al. (2008) afirmam: Muitos dos conceitos e técnicas de programação em manufatura são aplicáveis em serviços e vice-versa. Essas possibilidades ficam claras quando se entende bem os conceitos e as técnicas desenvolvidos. Por exemplo, regras de sequenciamento de tarefas em uma máquina podem ser utilizadas para priorizar atendimento em postos de atendimento médico-hospitalar. No sentido oposto, alguns conceitos de programação de serviços são úteis na produção de bens personalizados(customizados) produzidos sob encomenda. Quando o recurso dominante em uma operação é o seu pessoal, então o cronograma de tempos de trabalho efetivamente determina a capacidade da operação em si. A principal tarefa de agendamento, portanto, é certificar-se de que um número suficiente de pessoas está trabalhando em qualquer ponto no tempo para fornecer uma capacidade adequada para o nível de demanda nesse momento. Isso é frequentemente chamado de lista de pessoal. Em operações como Call Centers, entrega postal, policiamento, correios, lojas de varejo e hospitais todos precisam agendar as horas de trabalho de seus funcionários com a demanda em mente. Esta é uma consequência direta destas operações que Plano Mestre de Produção Longo Prazo Médio Prazo Curto Prazo Plano de Produção Programação da Produção •Administração de estoques •Seqüenciamento •Emissão de ordens Ordens de Compras Ordens de Fabricação Ordens de Montagem 26 têm uma "visibilidade" relativamente elevada. Tais operações não podem armazenar suas saídas em estoques e assim devem responder diretamente à demanda do cliente. O último século foi palco de mudanças profundas nos sistemas produtivos. Com o surgimento da concorrência entre as empresas (e até entre países), principalmente devido à globalização, à queda das barreiras protecionistas e ao surgimento de novos concorrentes em nível mundial, foi preciso que as empresas, para sobreviver a essa situação, dessem maior importância aos sistemas produtivos, implementando novas metodologias de gestão na busca da redução de seus custos de produção, visando obter vantagem competitiva em relação às demais. É exatamente com este conceito, que surgem os sistemas de produção enxuta. A PRODUÇÃO ENXUTA (Lean Manufacturing) é um termo que tem sido usado por muitos anos, originalmente gerado dentro uma pesquisa MIT (Massachussets Institute of Technology, USA), que levou ao livro "A máquina que mudou o mundo - The Machine That Changed the World" por Womack e Jones, em 1990. No entanto, se você procurar em muitas publicações e web Sites que buscam uma definição para Lean Manufacturing, você encontrará uma miríade de definições diferentes para Lean, em parte porque esta é uma filosofia em constante desenvolvimento, e porque a sua aplicação é diferente para cada empresa. O sistema Lean tem tido vários nomes ao longo dos anos, desenvolvidos principalmente a partir do Sistema de Produção Toyota (TPS), que tem sido chamado de Manufatura Classe Mundial (World Class Manufacturing) (WCM), além de alguns outros nomes. Embora desenvolvido principalmente dentro da fabricação, a filosofia Lean é igualmente aplicável dentro de seu escritório, com base em funções administrativas ou dentro de empresas de serviços, como cuidados de saúde, para o qual está havendo uma enorme atenção. O Sistema Lean, é um sistema de gerenciamento das operações, cujo objetivo é o aumento da lucratividade por meio da redução dos custos, concentrando-se sobre o que acrescenta valor ao produto, não apenas tentando 27 identificar os passos de desperdício em um processo isolado. Temos que entender o fluxo de valor. Como podemos adicionar valor ao nosso processo desde a matéria-prima até o cliente final. É entendendo como esse valor é adicionado e evitando as etapas de adição de custos que removemos o desperdício de nossos processos. A filosofia Lean nos ajuda a remover os sete desperdícios de nossos processos. O Just in Time (JIT) é o principal dorso do sistema de produção enxuta - Lean. Conforme a própria definição de Taichi Ohno: “Just in time significa que, no fluxo da produção, os componentes necessários alcançam a linha de montagem no tempo em que são necessários e na quantidade necessária”. Conforme Tubino (1999, p. 71): Os sistemas de produção JIT buscam continuamente o aumento de flexibilidade, seja pela forma estrutural de distribuição dos recursos em unidades de negócios focalizadas, com células de fabricação e montagem operadas por funcionários polivalentes, seja pela diminuição dos lotes de produção a partir da redução dos tempos de setup e eliminação das atividades que não agregam valor aos produtos. A fabricação JIT é um modelo de produção em que os itens são criados para atender à demanda, não criados em excesso ou antecipadamente. A finalidade da produção JIT é evitar o desperdício associado à superprodução, espera e excesso de estoque, três das sete categorias de resíduos definidas no Sistema de Produção Toyota (conhecido nos EUA como o modelo de produção enxuta). O conceito JIT foi primeiramente descrito por Henry Ford em seu livro de 1923, My Life and Work: Nós compramos apenas o suficiente para caber no plano de produção, levando em consideração o estado de transporte no momento. Se o transporte fosse perfeito e um fluxo uniforme de materiais pudesse ser assegurado, não seria necessário carregar nenhum estoque qualquer. O transporte das matérias-primas chegaria no horário, na ordem e na quantidade planejadas... isso economizaria uma grande quantidade de dinheiro, pois daria um 28 volume de negócios muito rápido e, assim, diminuir a quantidade de dinheiro empenhado em materiais. A empresa Toyota adotou a filosofia JIT no Sistema de Produção Toyota (TPS) como um meio de eliminar os sete desperdícios. No entanto, não foi na Ford Motor Company que os representantes da Toyota viram o modelo JIT em ação. Quando a Toyota visitou fábricas nos Estados Unidos, em 1956, a Ford ainda não implementara completamente o modelo JIT. Foi na Piggly Wiggly, a primeira cadeia de supermercados de autoatendimento, que os representantes da Toyota viram o JIT demonstrado, sendo o modelo em que se baseou seu sistema. Na alternativa principal ao JIT, o estoque em excesso é gerenciado. Esse modelo é, às vezes, referido como Just In Case (JIC). Figura 8: Conceitos da JIT / TQC Fonte: Tubino, 2000. JIT = Just in Time (Justo a tempo) TQC = Total Quality Control (Controle Total de Qualidade) 29 TEMA 5: TÉCNICAS JUST IN TIME: O SISTEMA KANBAN O Sistema de Produção da Toyota tem como base a filosofia da "eliminação completa de todos os desperdícios", envolvendo todos os aspectos da produção em busca dos métodos mais eficientes, tendo suas raízes no tear automático de Sakichi Toyoda. O TPS tem evoluído através de muitos anos de tentativa e erro para melhorar a eficiência com base no conceito Just in Time desenvolvido por Kiichiro Toyoda, o fundador (e segundo presidente) da Toyota Motor Corporation. "Just in Time" significa fazer "apenas o que é necessário, quando é necessário e na quantidade necessária". Para a produção eficiente de um grande número de produtos, que podem consistir em cerca de mil peças, é necessário criar um plano detalhado de produção que inclua a aquisição destas peças. Fornecer "o que é necessário, quando é necessário e na quantidade necessária" de acordo com este plano de produção pode eliminar desperdício, inconsistências e exigências não razoáveis, resultando em produtividade melhorada. O JIT é também conhecido como produção puxada, pois tem a ordem de fabricação inversa em relação ao sistema tradicional de empurrar a produção. Figura 9: Puxar x Empurrar a produção Processo Processo Processo PA MP Programação da Produção Empurrar a produção Processo Processo Processo PA MP Programação da Produção Puxar a produção OC OF OF OM OM Fonte: Tubino, 2009. 30 O Kanban Na filosofia JIT, um métodode controle de produção único, chamado o "sistema Kanban", desempenha um papel integral. O Kanban também tem sido chamado de "método de supermercado", porque a ideia por trás foi emprestada de supermercados. Tais lojas de merchandising de massa usam cartões de controle de produtos sobre os quais informações relacionadas ao produto, como o nome, código e local de armazenamento. Como a Toyota empregava sinais Kanban para uso em seus processos de produção, o método passou a ser chamado de "sistema Kanban". Na Toyota, quando um processo se refere a um anterior, para recuperar peças, ele usa um Kanban para comunicar quais partes foram usadas. O Kanban é um sistema de informação, desenvolvido para coordenar os vários processos interligados em uma fábrica. O cartão Kanban indica visualmente: O que produzir; Em que momento; Em que quantidade; Onde colocar o produzido; A sequência de fabricação; Operação anterior e posterior. - Por que usar um conceito de supermercado? Um supermercado estoca os itens necessários para seus clientes quando eles são necessários, na quantidade necessária, e tem todos esses itens disponíveis para venda em um determinado momento. Taiichi Ohno (um ex-vice-presidente da Toyota), que promoveu a ideia de Just in Time, aplicou esse conceito, igualando o supermercado e o cliente com o processo anterior e o seguinte, respectivamente. Quando o processo seguinte 31 (o cliente) for ao processo anterior (o supermercado) para recuperar as peças necessárias quando são necessários e na quantidade necessária, foi possível melhorar o sistema de produção ineficiente existente. Já não eram os processos precedentes fazendo partes em excesso e entregando-as para o próximo processo. Existem seis regras básicas para a operacionalização do Kanban: 1. O processo subsequente somente deve retirar do processo precedente as quantidades exatas especificadas no Kanban. 2. Os processos a precedente só podem enviar itens à frente nas quantidades e sequências precisas, especificadas pelo Kanban. 3. Nenhum item é feito ou movido sem um Kanban. 4. Um Kanban deve acompanhar cada item em todos os momentos. 5. Defeitos e quantidades incorretas nunca são enviados para o próximo processo. 6. O número de Kanbans deve ser cuidadosamente monitorado para revelar problemas e oportunidades de melhoria. Painel Porta-Kanban: Uma estação de trabalho tem dois supermercados: Entrada (insumos | matérias-primas); Saída (produtos acabados para venda). Cada local de trabalho tem seu painel porta-Kanban. 32 Figura 11: Exemplo de Painel Porta-Kanban Cartões na faixa VERDE não pode produzir essa peça.; Cartões na faixa AMARELA o operador deve iniciar a preparação da máquina para produzir a peça. Cartões na faixa VERMELHA deve-se iniciar a produção imediatamente. Sempre priorizar o Kanban na linha vermelha. Saiba mais Leia o resumo “As 4 Regras De Excelência do TPS (Toyota Production System)”, que é uma interpretação do artigo “Decodificando o DNA da Toyota”, publicado na Harvard Business Review de setembro-outubro de 1999, escrito por Kent Bowen e Steve Spears, disponível em: http://www.lean.org.br/comunidade/apresentacao/artigo_42.pdf peça 1 peça 2 peça 3 peça 4 peça n Condições normais de operação Atenção Urgência 33 O artigo completo, publicado na revista Harvard Business Review poderá ser acessado em: https://www.researchgate.net/publication/267962874_Decodificando_o_ DNA_do_Sistema_Toyota_de_Producao Curiosidade! Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013) inicialmente desenvolveram o Sistema Toyota de Produção (STP), entre 1948 e 1975. À medida que o sistema se espalhou pelo Japão, até o Ocidente, o sistema foi adquirindo outros nomes; até 1970, a Toyota não tinha um nome específico para sua estratégia de produção. Os fundadores da Toyota estudaram o trabalho de Deming, o que constitui como fundamento do sistema Toyota e o roteiro da Ford, então quando visitaram os Estados Unidos para estudar a linha de montagem de produção em massa eles não se surpreenderam. Taiichi Ohno, que continuou a melhorar o processo posto em prática por Toyota, credita suas contribuições ao STP a dois conceitos principais, o primeiro com base no livro de Henry Ford Today and Tomorrow, era a linha de montagem em movimento que providencia as bases para a produção e os sistemas de montagem usados na STP. O segundo conceito eram as opções de supermercado que observou durante sua visita aos Estados Unidos, em 1956, que providenciava alimentação contínua. O supermercado deu a Ohno a ideia de um sistema de tração no qual cada processo de produção provê para o processo seguinte de forma ininterrupta. O Sistema Toyota de Produção foi ser reconhecido internacionalmente apenas em 1990, com um estudo realizado por pesquisadores do MIT acerca da indústria automobilística. Fonte: Wikipedia - adaptado 34 TROCANDO IDEIAS Um dos livros mais importantes do tema, senão o mais importante, o livro "A máquina que mudou o mundo" de autoria de James P. Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos, publicado em 1990, causou grande impacto no cenário automotivo mundial. Faça a leitura da Resenha do livro, publicada no site abaixo, e discuta no fórum. Esse é livro é muito importante, indispensável para quem pretende focar na área! Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/resenha-do-livro-a- maquina-que-mudou-o-mundo/53570/ NA PRÁTICA A Revista de Administração e Inovação (RAI) traz um interessante estudo de caso sobre a implantação do sistema Kanban em uma fábrica de tintas. É um sistema contínuo de produção, então oferece duas dificuldades à implantação do Kanban: 1. Determinação do número de Kanbans (determinação do lote de produção); 2. Impossibilidade de alteração do tamanho do lote durante a produção. Vamos dar uma olhada em: http://www.revistarai.org/rai/article/view/34/29 35 SÍNTESE Dentro do contexto global e competitivo, revela-se a importância da elaboração do projeto de produtos e serviços, que desde os aspectos iniciais da geração do conceito até o produto final e assistência ao cliente deve nortear as organizações. As organizações necessitam de bons projetos para angariar cada vez mais consumidores, dado que a criação de produtos que atendam às necessidades desses pode, por ventura, ser o ponto de partida para estabelecer uma vantagem competitiva e, consequentemente, será conseguido o sucesso estratégico da empresa. O processo de produção puxado é basicamente um fluxo de processos. Em um fluxo físico, a matéria-prima e, mais tarde, o produto semiacabado, desloca-se de uma máquina de trabalho ou montagem para outra estação. Em cada trabalho de montagem, algumas transformações da matéria-prima são feitas, e o material desloca-se para o próximo trabalho na sequência da indústria. Outros tipos de fluxos não físicos são mais importantes para a informação fluir. Informações do fluxo podem ser tanto verbais, no papel, no sistema de um computador, ou uma combinação desses. O fluxo destas informações, no sistema JIT de puxar a produção, é viabilizado pelo sistema Kanban. O sistema Kanban funciona com base no uso de sinalizações para ativar a produção e movimentação dos itens pela fábrica. Estas sinalizações são convencionalmente feitas com base nos cartões Kanban e nos painéisporta-Kanbans, porém pode utilizar-se de outros meios, que não cartões, para passar estas informações. Os cartões Kanban convencionais são confeccionados de material durável para suportar o manuseio decorrente do giro constante entre os estoques do cliente e do fornecedor do item. Cada empresa, ao implantar seu sistema Kanban, confecciona seus próprios cartões de acordo com suas necessidades de informações. Embora o sistema de Kanban físico seja mais conhecido, muitas empresas têm implementado sistemas de Kanban Eletrônico (e-Kanban), em substituição ao sistema tradicional. Diversos sistemas ERP (Enterprise Resource 36 Planning) e alguns sistemas especializados oferecem a possibilidade de utilização integrada do Kanban Eletrônico, permitindo sinalização imediata da demanda real do cliente em toda a Cadeia de fornecimento. O sistema eletrônico tem como um de seus principais objetivos eliminar problemas comuns à utilização do sistema físico de Kanban como a perda de cartões e a atualização dos quadros. As coisas mudaram no mercado, impulsionadas pelo conceito do cliente como foco central. Em um sistema de produção empurrado, o desenvolvimento físico (produção) e os fluxos de informação estão na mesma direção. No entanto, no sistema de puxar o desenvolvimento físico e os fluxos de informação estão na direção oposta. Puxar a produção na cadeia fornecedor-cliente começa a não ser nada sem que haja um pedido (informação) de atividades a jusante. Esse conceito aplica-se não só às atividades e fluxos da produção do chão de fábrica, mas também à fornecedores e clientes externos. O novo ambiente de produção é complexo por natureza. Temos a tecnologia, como o computador e seus derivados, para lidar com situações complexas. Novos processos estão sendo implementados e novas técnicas de produção estão surgindo como fator determinante de mudança das organizações. Para manter os clientes satisfeitos, temos de dar-lhes um bom produto, mas também mostrar que estamos a fazer esforços no sentido de dar-lhes um melhor produto no futuro. Fazer coisas simples nos permitem utilizar soluções mais simples, que são menos dispendiosas e menos morosas, sendo implementadas com mais rapidez e menor risco E assim encerramos esta aula, com muito mais conteúdo em nosso favor! 37 REFERÊNCIAS BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2006 CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufatura e serviço: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2006. FUSCO, J. P. A.; SACOMANO, J. B.; BARBOSA, F. A.; AZZOLINI, W. J. Administração de Operações: da formulação estratégica ao controle operacional. São Paulo: Arte & Ciência, 2003. GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. HEIZER, J.; RENDER, B. (2006). Principles of operations management. 6. ed. New Jersey: Pearson Prentice Hall. LUSTOSA, L. et al. Planejamento e controle da produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. RUSSOMANO, V. H. Planejamento e controle da produção. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 2000 SLACK, N. et al. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. TUBINO, Dalvio F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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