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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Conceito da Auditoria Contábil Parecer de auditoria Planejamento de auditoria Unidade II ESTRUTURA E NORMAS DA ATIVIDADE DE AUDITORIA NO BRASIL Unidade III PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA AUDITORIA CONTÁBIL AUDITORIA EMPRESARIAL Unidade I FUNDAMENTOS DE AUDITORIA Professor Me. Jorge Leandro Delconte Ferreira Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, Coordenação de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato Dutra, Coordenação de Graduação Kátia Coelho, Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados van- dro Bolsoni, Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson Brait, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Supervisão de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Diagramação Fernando Henrique Mendes, Thayla Daiany Guimarães Cripaldi, Revisão Textual Hellyery Agda, Ilustração Nara Emi Tanaka Yamashita, Fotos Shutterstock. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Auditoria empresarial / Jorge Leandro Delconte Ferreira Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 109 p. “Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. 1. Contabilidade. 2. Auditoria. 3.Controladoria. 4.EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor- tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a uma grande carência de mão de obra especializada. Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega- bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR conta hoje com 16 cursos de especialização e MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida- des deste novo Brasil. Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun- to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e profissional. Professor Dr. Renato Dutra Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais NEAD - UNICESUMAR “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão apresentação do material Caro(a)aluno(a), apresento-lhe com muita satis- fação este livro, que irá auxiliá-lo na disciplina de Auditoria Empresarial. Sou o professor Jorge Leandro Delconte Ferreira, contador, especialista em Auditoria Contábil, mestre em Administração pela UFPR - Universidade Federal do Paraná - e dou- torando em Economia pelaUEM - Universidade Estadual de Maringá. Preparei este material para você, utilizando não apenas meus conhecimentos acadêmicos, mas também buscando a orientação de mais de dez anos de atuação em consultoria empresarial e gestão de projetos, tanto como consultor indepen- dente quanto com a minha experiência profissional como consultor de negócios no Sebrae- PR. Por isso, procurei organizar os conteúdos desta obra em três unidades independentes, de forma que pudesse facilitar ao máximo o seu processo de adquirir conhecimento sobre o assunto que nos in- teressa aqui: Auditoria Empresarial! Este livro está organizado em três unidades, de uma forma que acredito ser a mais interessante e pedagógica para você: inicialmente, convido-o a compreender alguns conceitos fundamentais na área de Auditoria, na primeira unidade, in- clusive fazendo as devidas correlações com a Contabilidade. A segunda unidade do livro trata da estrutura profissional do Auditor e das normas relacionadas Professor Mestre Jorge Leandro Delconte Ferreira a essa importante atividade do meio empresa- rial. Esses assuntos são fundamentais não só para quem deseja trabalhar com Auditoria Empresarial, mas também para aqueles que, mesmo que não pretendam atuar na área, desejam conhecer um pouco mais sobre o tema de Auditoria. Além disso, comento também sobre a lei Sarbanes-Oxley, ou simplesmente Sox, lei norte-americana que virou referência internacional na prevenção de fraudes nas Demonstrações Contábeis. Concluo este livro na unidade três, apresen- tando, em linhas gerais, o caminho mais comum trilhado para quem deseja, de fato, auditar. Abordo, nessa unidade, desde o planejamento da Auditoria até a elaboração dos chamados papéis de trabalho. Meu objetivo ao escrever este livro não foi o de transformá-lo em um Auditor ou de esgotar o assunto, mas apresentar a você pontos fundamen- tais da teoria e da prática relacionadas à Auditoria Empresarial. Se decidir atuar na área, com certeza, muitas obras indicadas nas referências lhe serão úteis. Mas, para fazer um bom uso deste material, é necessário também o empenho da sua parte. Leia atentamente o material preparado, faça anotações, responda às atividades de autoestudo, anote suas dúvidas, assista aos vídeos sugeridos, acompanhe as indicações de leitura. Tudo isso poderá aumen- tar em muito o seu aprendizado. su m ár io 01 12 contabilidade: conceitos gerais 16 princípios de contabilidade 20 origem e evolução da auditoria contábil 25 classificações da auditoria contábil 31 principais diferenças entre auditoria interna e auditoria externa. FUNDAMENTOS DE AUDITORIA 02 03 38 a profissão de auditor 46 organismos relacionados à auditoria no brasil 50 normas brasileiras de auditoria 58 parecer de auditoria 72 conteúdo 76 conteúdo 82 conteúdo 87 conteúdo 95 conteúdo 96 conteúdo ESTRUTURA E NORMAS DA ATIVIDADE DE AUDITORIA NO BRASIL TÍTULO 03 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA AUDITORIA CONTÁBIL 76 planejamento da auditoria 85 controle interno 92 revisão analítica 93 execução de procedimentos de auditoria 98 papéis de trabalho 1 FUNDAMENTOS DE AUDITORIA Professor Me. Jorge Leandro Delconte Ferreira Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Contabilidade: Conceitos Gerais • Princípios de Contabilidade • Conceito de Auditoria Contábil • Origem e Evolução da Auditoria Contábil • Classificações da Auditoria Contábil • Principais diferenças entre Auditoria Interna e Auditoria Externa. Objetivos de Aprendizagem • Conhecer os fundamentos contábeis relativos ao meio empresarial. • Compreender a atividade de Auditoria como um dos mecanismos essenciais da Contabilidade. • Analisar a origem e o desenvolvimento da Auditoria como prática de controle. • Conhecer as principais classificações da ativida- de de Auditoria. A dinâmica crescente do mercado competitivo exige das empresas maior qualificação das informações, de modo a produzir transparên- cia e confiabilidade. A Auditoria contábil é um meio de não apenas certificar a exatidão das Demonstrações Contábeis, mas também prevenir irregularidades conscientes (suborno, fraude, desfalque) ou não conscientes (erro) no registro das informações contábeis, gerando benefícios preventivos, concomitantes ou posteriores. Nesta unidade você verá, inicialmente, alguns conceitos gerais da Contabilidade, fundamentais para compreender a importân- cia e os meios de operação de um dos seus ramos de atuação: a Auditoria. A seguir, fazemos uma verificação de diversos conceitos para, em seguida, ao analisá-los, consolidar um conceito unificador. A terceira seção mostra o histórico da auditoria como prática de controle patrimonial. É importante que o leitor observe também a evolução da auditoria como prática e como instrumento científico e normativo em terras brasileiras. Por fim, apresentamos as classi- ficações da auditoria baseadas em diversos critérios. O destaque desta seção fica por conta das diferenças entre a auditoria interna e auditoria externa. A auditoria, como instrumento organizacional, é fundamental tanto para públicos externos à entidade, quanto como instrumento a ser utilizado pela própria gestão, no processo de administração organizacional. Ao final desta unidade, esperamos que o leitor tenha claro o conceito de auditoria, a sua importância no universo da gestão organizacional, a sua evolução ao longo da história e ainda suas principais classificações e subdivisões. A auditoria, como elemento de uma ciência social (a Contabilidade), está em constante evolução. Tais aperfeiçoamen- tos contribuem para aproximar-se cada vez mais da razão de ser da auditoria: assegurar que os relatórios contábeis apresentem a real situação patrimonial e financeira de uma entidade, de forma a auxiliar os usuários da informação contábil na tomada de decisões. Auditoria Empresarial 12 CONCEITOS GERAIS CONTABILIDADE: Pós-Graduação | Unicesumar 13 Para estudar Auditoria Contábil, entendemos que é necessário, primeiramente, compre- ender o signifi cado e a abrangência da Contabilidade como ciência social. Nesse sentido, a contabilidade pode ser conceitu- ada da seguinte forma: Observando a defi nição acima, perceba que estão destacados alguns termos, que são fundamentais para entender o conceito de Contabilidade. A seguir, serão comentados cada um desses termos: Objeto da Contabilidade: diz respeito ao foco de estudo, ou seja, aquilo que con- centra toda a atenção da Ciência Contábil. Qualquer procedimento contábil (seja ele a elaboração de um relatório, o registro de uma informação, ou a execução de uma au- ditoria), estará sempre focado no objeto da Contabilidade, que é o Patrimônio. Patrimônio: pode ser compreendido como o conjunto dos bens, direitos e obri- gações da entidade, ou seja, tudo o que a entidade possui, o que ela tem em haveres (ou seja, que receberá de terceiros no futuro) e o que tem de obrigações, isto é, dívidas que deverão ser pagas a terceiros no futuro). Patrimônio, portanto, tem um alcance maior do que apenas as posses da empresa, abran- gendo também as dívidas e os valores a receber. Entidades: diz respeito a qualquer tipo de agente econômico que tenha autono- mia para executar ações com outros agentes, que impliquem em efeitos econômico-fi nan- ceiros. Portanto, ao se referir a entidades, a abrangência é muito ampla, alcançando, por exemplo, empresas estruturadas na forma de sociedade, fi rmas individuais, empresas de capital aberto (S/As), associações, cooperati- vas, sindicatos, empresas públicas (governos, estatais, fundações, entre outros) e tambémpessoas físicas (sejam assalariados, autôno- mos, produtores rurais e outros). Objetivo: refere-se ao motivo pelo qual é feita a Contabilidade. Basicamente, o obje- tivo da contabilidade é medir e controlar o Patrimônio (que é seu objeto), ou seja, pro- duzir informações a respeito do tamanho, da variedade e diversidade, das características do Patrimônio (e de cada um de seus compo- nentes), bem como demonstrar a evolução do patrimônio ao longo do tempo. Finalidade: pode ser entendida como a razão de ser da Contabilidade, ou seja, para que ela é feita: o fi m último da Contabilidade é contribuir para o processo de tomada de decisão dos agentes econômicos (ou das Entidades), de forma que essas entidades possam atingir seus objetivos (no caso de empresas, maximização dos lucros; para pessoas, maximização da satisfação; para go- vernos, maximização do bem-estar). Contabilidade é uma ciência social cujo objeto é o Patrimônio das Entidades (públicas e privadas), e que tem como ob- jetivo mensurar e controlar a evolução do Patrimônio, com a fi nalidade de oferecer in- formações úteis para o processo de tomada de decisão dos gestores da entidade. Auditoria Empresarial 14 Para que a Contabilidade possa desem- penhar seu papel, atingindo assim sua fi nalidade, ela recorre a quatro técnicas con- tábeis fundamentais, que são: • Escrituração ou registro dos fatos ou fenômenos que afetam o Patrimônio. • Elaboração e publicação de relatórios, chamados de Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financeiras (como o Balanço Patrimonial, por exemplo). • Auditoria Contábil • Análise das Demonstrações Contábeis ou Análise de Balanços. A primeira técnica descrita acima implica em registrar, de modo ordenado (cronolo- gicamente) e com a atribuição de valores e de outras informações necessárias, todos os fatos que causam efeitos diretos ou indi- retos, presentes ou futuros, no patrimônio das entidades. As Demonstrações Financeiras consis- tem na publicação de relatórios que possam oferecer aos usuários da contabilidade in- formações sufi cientes para seu processo de tomada de decisão. Incluem tanto os rela- tórios obrigatórios pela Legislação (como o Balanço Patrimonial) quanto os relatórios não compulsórios, mas que são úteis para os usuários (por exemplo, o Balanço Social). A Auditoria Contábil também é uma das técnicas contábeis fundamentais e será con- ceituada mais à frente neste material. Por ora, podemos dizer que a auditoria consis- te na verifi cação sistemática se as técnicas anteriores (escrituração e elaboração de demonstrações contábeis) refl etem adequa- damente todas as informações relevantes relacionadas do patrimônio. Por fi m, a análise das Demonstrações Contábeis consiste em, a partir desses relató- rios e com o uso de ferramentas específi cas, elaborar análises que permitam avaliar tanto a situação atual da empresa quanto as suas perspectivas futuras (em relação a si mesma e a outras empresas concorrentes). O fl uxograma expresso na fi gura 1 permite compreender mais adequadamente como a Contabilidade se estrutura e se organiza, de forma a atender à sua fi nalidade. Observe que a Auditoria Contábil é uma das técnicas empregadas pela Contabilidade para atingir à sua fi nalidade, ou seja, produzir informa- ções para a tomada de decisão. Acompanhe a fi gura e verifi que como a Auditoria se insere no contexto da Contabilidade. o signifi cado e a abrangência da ciência social contabilidade como Pós-Graduação | Unicesumar 15 Quer conhecer detalhes sobre o Balanço Social? O Instituto Ethos (uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP) publicou um guia bastante detalhado, que apresenta a história, os principais modelos e os passos para elaboração de um Balanço Social consistente e coerente. Faça o download gratuito no endereço: <http://www.uniethos.org.br/docs/conceitos_praticas/guia_relatorio/default.htm>. Acesso em: 13 mai. 2014 Contabilidade é a Ciência que tem como �nalidade produzir informações sobre o Patrimônio das Entidades que auxilie na tomada de decisão Objeto: patrimônio das Entidades Objetivo: medir e controlar as variações no Patrimônio Meios para atingir a sua �nalidade (técnicas contábeis) Registro dos fatos: Escrituração Exposição do Patrimônio e sua evolução: Demonstrações Contábeis Exame e avaliação de registros e demonstrações: Auditoria Análise, comparação e interpretação das Demonstrações Dimensão Estática do Patrimônio: Dimensão Dinâmica do Patrimônio: Inventários; Balanço Patrimonial Balanço Orçamentário; Outras Demonstração de Resultados; Fluxo de Caixa; Outras Análises Comparações Interpretações Figura 1 – Estrutura Lógica da Contabilidade Fonte: Adaptado de Franco e Marra (2001) Auditoria Empresarial 16 princípios de contabilidade Pós-Graduação | Unicesumar 17 Os princípios para a contabilidade servem como uma base de apoio que orienta sobre os procedimentos a serem adota- dos na realização e escrituração dos registros contábeis, estabelecendo regras que serão utilizadas para elaboração das demons- trações contábeis e análise das variações sofridas pelo patrimônio. A estrutura con- ceitual básica da contabilidade trata dos seguintes tópicos: Objetivo da Contabilidade, Cenários Contábeis, Princípios de contabili- dade (postulados, princípios propriamente ditos e convenções), porém, estudaremos somente o disposto sobre a Resolução do CFC nº750/93, conforme segue: a) Princípio da Entidade: reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade, separando o que pertence à pessoa jurídica (empresa) e às pessoas físicas nela envolvida (sócios, administradores, entre outros). É o que acontece no caso com as empresas coligadas e controladas, que têm seu patrimônio, ou parte dele, controlados por outras empresas. Utilização de veículos por parte dos funcionários ou sócios para atividades alheias. b) Princípio da Oportunidade: refere- se à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, independentemente das causas que as originaram, que podem ser eventos de origem externa que afetam o Patrimônio, transações realizadas em outras entidades como compra, venda, entre outros. Registro de compra de mercadorias em período diferente da data da nota fiscal, registro de venda para entrega futura apenas pela saída das mercadorias. c) Princípio da Continuidade: refere-se à continuidade normal dos negócios, bem como sua vida definida ou provável, deve ser considerada quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. A observância neste princípio é indispensável para aplicação do Princípio da Competência. Em resumo, pressupõe-se que a continuidade é que irá refletir sobre o resultado das demonstrações contábeis, pois se trata da continuidade das atividades operacionais da empresa, se os ativos podem transformar-se em determinado momento em despesa. Registro de bens do ativo pelo valor de venda. d) Princípio do Registro pelo Valor Original: diz que os valores dos bens, direitos e obrigações devem ser registrados pelo valor da aquisição, na data da transação, que consta no documento suporte, que supostamente deve ser original. Os valores originais podem ser ajustados quando ocorrer perda ou ganho do valor econômico, porém seu registro inicial deve ter como base o valor ocorrido na data da transação. Bem adquirido por valor inferiore Auditoria Empresarial 18 registrado a valor de mercado. e) Princípio da Atualização Monetária: a correção monetária das demonstrações financeiras é muito importante em países com inflação elevada, pois ocorre naturalmente a perda do poder aquisitivo da moeda, sendo necessário para demonstrar adequadamente a situação patrimonial e os resultados. A Lei 6404, de 15 de dezembro de 1976 dispõe sobre a correção monetária do ativo e do resultado, bem como o ativo permanente e patrimônio líquido. Porém, com o possível controle inflacionário do Brasil, o Governo Federal extinguiu a correção monetária a partir de 01 de janeiro de 1996. Ressalta-se ainda que a referida lei teve alterações com as Leis 11638, de 28 de dezembro de 2007, e 11941, de 27 de maio de 2009. Para fins gerenciais, é de muita importância a correção monetária, pois na verdade irá demonstrar a real situação da empresa em determinado período de tempo. Porém, não é obrigatória por lei. f) Princípio da Competência: este princípio diz respeito ao momento correto de registraras receitas e despesas. O ideal, do ponto de vista contábil, é que as receitas e as despesas sejam registradas quando da ocorrência do seu fato gerador, independente de terem sido transformadas em dinheiro ou não. Exemplificando, uma venda a prazo deve ser contabilizada quando da sua realização, ou seja, do fechamento da venda, independente do seu recebimento. Assim, despesas e receitas devem ser registradas independentemente de terem sido pagas ou incorridas, ou seja, deve ser efetuado o seu reconhecimento observando o exercício em acontecer o seu fato gerador. Considerando separadamente as despesas, elas estão representadas por esforços realizados e consumo de ativos necessários para a atividade da empresa, podem ser pagas antecipadamente, no momento em que ocorrerem ou pagas no futuro. Já a definição de receita pode ser considerada no momento em que ocorre a venda de bens e mercadorias ou na prestação do serviço. A transação ocorre por meio de documento comprobatório, ou seja, nota fiscal, e pode ser tanto à vista, a prazo ou recebidas antecipadamente. As receitas são obtidas por meio do desenvolvimento das atividades operacionais ou venda de algum ativo da empresa. Registro de despesas pelo pagamento das mesmas. g) Princípio da Prudência: determina adoção do menor valor para as contas do Ativo e maior valor para as contas do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas que alterem o patrimônio líquido. Pós-Graduação | Unicesumar 19 Agora que você já tem uma noção inicial da Contabilidade, como ciência social, perce- beu seus elementos fundamentais (objeto, objetivo e finalidade), viu os princípios nor- teadores da prática contábil e tem uma visão geral de sua estrutura lógica, é possível nos adiantarmos para compreender com mais profundidade o que é, para que serve e a quem serve a Auditoria Contábil, que é o que veremos em nossa próxima seção. A título de curiosidade, apresentamos abaixo um quadro do CFC que mostra a evolução quantitativa da atividade contábil entre 2004 e 2013. Observe que o quadro está organizado em profissionais (subdivididos entre contadores - ou bacharéis - e técnicos) e em organi- zações contábeis (no modelo de firmas individuais, profissionais autônomos e sociedades empresariais). Profissionais e Organizações Ativos nos Conselhos Regionais de Contabilidade Posição em 31/12 ANO Contador Técnico Contábil TOTAL Organização Contábil TOTAL Masc. Fem. Masc. Fem. Ind. (1) E. I. (2) Soc. (3) 2004 104.978 61.692 131.846 60.503 359.019 46.835 - 21.172 68.007 2005 115.512 74.291 134.847 65.679 390.329 43.528 - 21.62 65.148 2006 119.846 79.825 129.975 64.942 394.588 44.194 - 21.421 65.615 2007 123173 82551 129026 64588 399338 44746 - 22275 67021 2008 127.594 85.433 128.292 64.234 405.553 46.039 - 23.341 69.380 2009 130.239 88.797 127.268 64.307 410.611 47.095 - 26.156 73.251 2010 161.85 130.54 129.877 73.317 495.584 46.972 1.759 27.552 76.283 2011 161.064 129.144 126.403 71.116 487.727 45.326 4.043 29.601 78.970 2012 162.928 129.758 123.718 69.094 485.498 43.829 6.250 31.020 81.099 2013 168.573 135.669 121.640 68.070 493.952 41.747 6.926 33.970 82.643 Fonte: CFC, 2014. (1): Escritórios individuais: organizações unipessoais não personificadas. (2): Empresários individuais: organizações unipessoais personificadas. (3): Sociedade: pessoas jurídicas registradas nos Conselhos de Contabilidade. Se quiser conhecer mais a respeito de Contabilidade e de como ela se estrutura no Brasil, acesse a página eletrônica do Conselho Federal de Contabilidade (<www.cfc.org.br>). Auditoria Empresarial 20 E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA ORIGEM CONTÁBIL A fim de conhecer de forma adequa- da a atividade de auditoria contábil, é fundamental compreender não apenas como ela se originou, mas também a forma como se desenvolveu até os dias atuais. As duas próximas seções deste material irão abordar esse assunto. Pós-Graduação | Unicesumar 21 Tomando por base Franco e Marra (2001), pri- meiramente podemos dizer que a Auditoria moderna surgiu na Inglaterra, com a criação do cargo de auditor do Tesouro da Inglaterra, que controlava as contas pú- blicas. Attie (1998) também concorda com a afirmação, devido ao fato de a Inglaterra ser um dos países mais desenvolvidos economi- camente na época, em relação aos demais países da Europa, dominando os mares e o comércio. A Inglaterra foi o primeiro país a cobrar imposto de renda com base nos lucros obtidos pelas empresas. No entanto, há indícios de que a audi- toria, mesmo que não tão estruturada, seja uma prática muito mais antiga. Morais (2009) aponta a existência de provas arqueológi- cas de inspeções e verificações de registros realizadas na Suméria que datam de mais de 4.500 anos antes de Cristo. Além disso, o autor também destaca que relatos de práti- cas de auditoria podem ser encontrados nos documentos relativos às províncias romanas. Segundo Morais (2009), teria sido muito com- plicado a um império tão grande, poderoso militar e politicamente, e com elevado grau cultural (incluído aí práticas de registro con- tábil), assegurar seu desenvolvimento sem mínimas práticas de auditoria, as quais são reveladas nas cartas a Trajano (97-117 d.C.), de autoria de Plínio. Na Idade Média, Morais (2009) destaca a existência de organismos semelhantes a as- sociações profissionais em diversos países europeus, cuja principal atividade consistia em realizar verificações semelhantes aos pro- cedimentos modernos de auditoria. Dentre esses organismos, o autor destaca os conse- lhos londrinos, instalados em 1310; o Tribunal de Contas parisiense, implantado em 1640, o Collegio dei Raxonati, criado em 1581 em Veneza, e a Academia dei Ragionieri, instau- rada em 1658, na capital do reino de Milão1. Mas é fácil compreender porque a origem da Auditoria Contábil moderna se deu na Inglaterra: o império Britânico, no final da Idade Média e início da Idade Moderna, era composto por inúmeras províncias ou co- lônias. A riqueza do império era mantida justamente pela dependência das Colônias em relação à Matriz, a Inglaterra. E tal de- pendência dependia de controles diretos da produção das províncias, bem como do ade- quado recolhimento de tributos. Mais tarde, com o advento da revolução industrial, é criado o ambiente propício para que a Auditoria Contábil moderna se conso- lide como prática indispensável a grandescorporações. E, como o berço da revolução 1 É importante lembrar que a Itália, em seu formato moderno de Estado, só se consolidou com a Unificação, que aconteceu no final do século XIX. Até então, era dividida em vários reinos independentes, como o da Sardenha e Piemonte, o de Veneza, os Ducados de Parma, Módena e Toscana, e outros. origem e desenvolvimento da auditoria contábil Auditoria Empresarial 22 industrial foi exatamente a Inglaterra, isso explica porque aquele país é tido como principal responsável pelo desenvolvimen- to dessa prática contábil tão importante nos dias atuais. Conforme apontam Boynton, Johnson e Kell (2002), a auditoria aplicada ao contexto empresarial tomou corpo a partir da criação de legislação específica, em território britâ- nico. Tal legislação ocorreu exatamente no auge da primeira Revolução Industrial, em meados do século XIX. E os Estados Unidos da América, que então já eram ex-colônia britânica, e que mantinham fortes relações comerciais com a Inglaterra, também foram campo fértil para o desenvolvimento industrial e para a consolidação da Auditoria. Com a mudança do cenário econômico para a América do Norte houve instalações de novas empresas. Acredita-se que, a partir do século XX, com a predominância da “Escola Norte Americana”, ocorreu grandes avanços na Contabilidade, como Análise de Balanços, Auditoria, Custos, Contabilidade Gerencial, entre outros. O quadro 03 apresenta uma compila- ção dos principais fatos relacionados ao desenvolvimento da moderna auditoria. Acompanhe os acontecimentos nele des- tacados para saber mais. ANO ACONTECIMENTO 1756 A Revolução Industrial na Inglaterra e a expansão do capitalismo propiciaram grande impulso para a profissão devido ao surgimento das primeiras fábricas com uso intensivo de capital [...]. 1880 Criação da Associação dos Contadores Públicos Certificados na Inglaterra. 1887 Cria-se, nos EUA, a Associação dos Contadores Públicos Certificados. 1894 É criado na Holanda o Instituto Holandês de Contabilidade Pública. Início do séc. XX Surgimento das grandes corporações americanas e rápida expansão do mercado de capitais. 1916 Surgimento do IPA (Institute of Public Accountants), que sucede a Associação supra citada em 1887. 1917 Redenominação do IPA para AIA (American Institute of Accountants). 1929 Crash da Bolsa de Valores. anos 30 O AIA propõe ao Congresso Norte-Americano a regulamentação de normas e padrões contábeis por profissionais altamente capacitados. 1934 Criação da SEC (Security and Exchange Comission), nos EUA, aumentando a importância da profissão do auditor como guardião da transparência das informações contábeis das organizações e sua divulgação para o mercado de capitais [...]. 1947 Declaração de Responsabilidade do auditor interno. 1957 Redenominação do AIA para AICPA (American Institute of Certified Public Accountants), instituto que teve importância decisiva para o desenvolvimento das práticas contábeis e de auditoria. 1971 Criação do IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores) [...]. 1973 Surgimento do FASB (Financial Accounting Standards Board), nos EUA, com o objetivo de determinar e aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis. 1976 Com a Lei nº. 6404 - Lei das Sociedades por Ações - foram normatizados as práticas e relatórios contábeis. 1976 Com a Lei nº. 6385, é criada a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que tem a responsabilidade de normatizar as normas contábeis e os trabalhos de auditoria das empresas de capital aberto, além de fiscalizar. 1977 Surgimento do IFAC (International Federation of Accountants), que substituiu o International Coordination Committee for Accountancy Profession, com a missão de emitir padrões profissionais e guias de recomendação, além de buscar a convergência internacional desses padrões. 2001 Surgimento do IASB (International Accounting Standards Board), com sede na Grã- Bretanha, que assume a responsabilidade de estudo de padrões contábeis, antes dirigidos pelo IASC (International Accounting Standards Comitte), com o objetivo de harmonizá-las internacionalmente. Quadro 03 - Evolução da Auditoria Moderna Fonte: Oliveira & Diniz Filho (2001), apud Pacheco, Oliveira e La Gamba (2007). Pós-Graduação | Unicesumar 23 De forma conclusiva, podemos dizer que a Auditoria se modernizou em decorrência da evolução do capitalismo, provocada pelo apa- recimento das grandes empresas, que abriram seu capital para novos investidores, provocan- do a necessidade de assegurar a fidedignidade das demonstrações geradas por elas, o que se traduz na importância da Auditoria Contábil para o meio empresarial. A Auditoria foi uma forma encontrada para que os investidores tenham conhe- cimento sobre a situação patrimonial e financeira, a capacidade de geração de lucro, rentabilidade, e que estas e outras informa- ções demonstrem a realidade da empresa naquele momento. Portanto, é necessário o exame dessas de- monstrações por profissionais competentes, principalmente sem nenhuma relação com a preparação e divulgação das mesmas, essa pessoa recebe o nome de auditor. Assim, a Contabilidade acompanha o desenvolvimen- to das empresas, sendo que esta evolução contribui muito para demonstrar a importân- cia da Auditoria, dando ênfase na necessidade de sua utilização dentro das organizações. A Auditoria no Brasil iniciou-se a partir do momento que algumas empresas multinacio- nais começaram a se instalar, trazendo junto a elas as empresas de auditoria independente, pois os Estados Unidos exigiam que as de- monstrações financeiras fossem auditadas. Com a Lei das Sociedades Anônimas, houve a determinação de que todas as sociedades de capital aberto, tanto em bolsa de valores ou expostas no balcão, estariam obrigadas a realizar a auditoria de suas demonstrações. De acordo com Attie (1998, p. 29), as principais influências que possibilitaram o de- senvolvimento da Auditoria no Brasil foram: • Filiais e subsidiárias de firma estrangeira. • Financiamento de empresas brasileiras por meio de entidades internacionais. • Crescimento das empresas brasileiras e necessidade de descentralização e diversificação de suas atividades econômicas. • Evolução do mercado de capitais. • Criação das normas de auditoria pelo Banco Central do Brasil. • Criação da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades Anônimas. auditoria no Brasil evolução da Auditoria Empresarial 24 Esses e outros fatores foram primordiais para que a Auditoria se divulgasse, levando os profi ssionais de contabilidade a se adapta- rem ao desenvolvimento, buscando melhor aperfeiçoamento das técnicas de auditoria para atender as necessidades das empre- sas S/A. Em 13 de setembro de 1984, a CVM emitiu a instrução nº 38, que dispõe sobre algumas normas, contendo os deveres e responsabilidade do auditor independen- te, impedindo a ligação com a empresa a ser auditada. Morais (2009) também faz uma análise da evolução da auditoria no Brasil, destacando não apenas o fato em si que é importante para atividade profi ssional do auditor, mas também o procedimento relacionado ao fato. Veja no Quadro 04: ANO FATO PROCEDIMENTO 1972 Profi ssionalização da Auditoria Criação das Normas de Auditoria Geralmente Aceitas por ato conjunto do Bacen/Ibracon/CFC. 1976 Promulgação da Lei 6.404 Obrigatoriedade de auditoria externa para SA de capital aberto. Promulgação da Lei 6.385 Criação da CVM. 1997 Resoluções CFC 820/821 Aprovação das Normas Profi ssionais de Exame e Avaliação pelo CFC. 1999 Publicação da Instrução CVM n. 308 Regulamenta e defi ne Normas deAuditoria Independente das SA. 2001 Instrução 01/2001/SFC/MF Regulamenta e defi ne Normas de auditoria Governamental no âmbito do Poder Executivo Federal. 2004 Resolução Bacen/3.198/2004 Normas sobre auditoria no mercado fi nanceiro. Quadro 04 - Evolução da Auditoria no Brasil Fonte: Morais (2009). Hoje, a auditoria independente é obrigatória em empresas que negociam suas ações em Bolsa de Valores, ou seja, Mercado de Capitais, bem como as instituições integrantes do Sistema Financeiro. Existe um vasto campo para o desenvolvimento da auditoria, no qual cabe ao profi ssional difundir sua importân- cia dentro de todas as organizações. Pós-Graduação | Unicesumar 25 CLASSIFICAÇÕES DA AUDITORIA CONTÁBIL Auditoria Empresarial 26 CRITÉRIO TIPOS DESCRIÇÃO Processo de Questionamento 1. Geral ou de Balanços Também chamada de auditoria sintética, de balanço ou financeira, é a mais usada e incide sobre todos os componentes do patrimônio e se situa mais na análise das peças dos balanços e de suas conexões. 2. Analítica ou Detalhada Abrange o exame de todas as transações, verificando todos os documentos, contas e valores fisicamente comprováveis, confrontando também informações de outras em- presas que se relacionem com a examinada. Por ser mais cara, é feita apenas quando imprescindível (por exemplo, nos casos de desvios, em que é necessário identificar quem desviou o que e para onde). Forma de Intervenção 1. Interna Realizada por funcionários da própria empresa, constituindo uma seção ou um departamento independente na organização. 2.Externa (ou independente) Feita por profissional liberal ou por associação de profissionais liberais e, portanto, elementos estranhos à empresa. Tempo Demandado 1. Contínua Realizada de modo ininterrupto, por períodos certos (normalmente mensais, bimestrais ou trimestrais). Normalmente, seu propósito é mais pedagógico que de fiscalização (ou seja, visa mais aperfeiçoar sistemas e prevenir fraudes). 2. Periódica Realizada em períodos mais longos (geralmente semestrais ou anuais), não tendo necessariamente conexão entre uma e outra auditoria. Natureza de Controle 1. Preventiva Ao analisar os processos e resultados da empresa, visa oferecer alternativas de soluções, com base em cenários futuros possíveis. Normalmente, trabalha com um cenário pessimista, um otimista e um intermediário. 2. Concomitante São realizadas com o propósito de atuar em tempo real sobre os atos e os efeitos potenciais positivos e negativos de uma matéria auditável. Visam melhorar processos e resolver gargalos na entidade. 3. Subsequente ou de avaliação. Visam emitir opinião sobre o alcance de objetivos delineados para a organização. Na área pública, investigam principalmente a observância da legalidade, impessoali- dade, publicidade, moralidade e eficiência dos atos praticados pelos gestores. Limite de Execução 1. Total Tem como objeto de investigação todo o patrimônio, não deixando qualquer compo- nente do mesmo sem ser auditado. 2. Parcial O exame é focado apenas em alguns pontos, seja porque tem objetivos especiais (por exemplo, conferir a exatidão dos estoques) ou porque usa critérios de amostra- gem. Quadro 05 - Classificações de Auditoria Contábil Fonte: adaptado de Morais (2009). A seguir, iremos verificar com mais detalhes as auditorias segundo a forma de inter- venção, observando aspectos específicos das auditorias interna e externa, que re- presentam a mais importante classificação da auditoria. A classificação de um procedimento científico pode se dar de diversas formas, com relação aos critérios escolhidos para se fazer a classifica- ção. Dessa maneira, quanto mais critérios forem empregados, mais tipos de auditoria podem ser identificados. Morais (2009) aponta cinco crité- rios possíveis para classificar a auditoria Contábil, conforme se verifica no Quadro 05 abaixo: Pós-Graduação | Unicesumar 27 A auditoria interna é uma atividade de ava- liação independente e de assessoramento da administração, voltada para o exame e avaliação da adequação, eficiência e eficá- cia dos sistemas de controle, e verificação da qualidade do desempenho das áreas em relação às atribuições dos objetivos, planos e metas definidos pelas mesmas. O auditor interno é um funcionário da empresa, dependendo economicamente dela, porém, deve manter independência em relação ao trabalho a ser realizado. Tem a finalidade de atender às necessidades mais prementes da administração em particular. A Auditoria Interna cumpre papel fundamen- tal na empresa que é subsidiar o administrador com dados e informações verdadeiras, pois ele não tem condições de realizar os proce- dimentos necessários para tal comprovação mediante alguns exames, tais como: “Apontar problemas ou desvios em uma organização é relativamente simples, no entanto, direcionar os passos a serem dados é o grande di- ferencial de uma Auditoria Interna Eficaz”. Ibrahim Lisboa, Auditor e colunista do Portal de Auditoria. Fonte: <http://www.portaldeauditoria.com. br/artigos/POR-QUE-FAZER-UMA-AUDITORIA- -INTERNA-EM-RECURSOS-HUMANOS.asp>. auditoria interna • Integridade das informações e registros. • Verificar a eficácia e eficiência dos controles. • Utilizar métodos para salvaguardar os ativos e comprovação da existência, entre outros. Auditoria Empresarial 28 O auditor interno deve ter acesso a todas as áreas e informações da empresa, não limitar-se apenas às contábeis e financeiras. Isso significa abran- ger tudo o que envolve a organização e aos métodos utilizados para proteger seus ativos, verificar a eficiência e eficácia operacional e do sistema de informação, dar segurança quanto ao funcionamento das operações internas. Deve estar disposto a informar sobre qual- quer irregularidade detectada em algum setor. O profissional auditor interno tem maior facilidade no desenvolvimento das técnicas de auditoria por já conhecer as políticas e diretrizes adotadas pela empresa, podendo assim verificar se estão em conformidade com o que está sendo aplicado. Existem vários tipos de auditoria interna, variando de acordo com a finalidade, e trans- cendendo a atividade contábil. Veja abaixo diversos tipos de auditoria interna: a) Auditoria Interna Financeira: está relacionada com a área financeira e contábil, tem por objetivo examinar a adequação dos registros e procedimentos efetuados pela empresa, a qualidade do controle interno, a aplicação dos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Refere-se à auditoria mais utilizada por sócios e administradores da empresa, a fim de encontrar algum erro ou irregularidade por parte de funcionários que estão afetando a situação patrimonial e financeira. b) Auditoria Interna Operacional: tem por objetivo assessorar a administração nas áreas operacionais, ou seja, tem por foco as atividades operacionais da organização, seja em suas atividades administrativas, seja em suas atividades de produção. Por meio dela, verifica se as funções e responsabilidades estão sendo cumpridas, avaliando se a organização, departamentos, atividades, sistemas, funções, operações e programas auditados estão atingindo os objetivos organizacionais e gerenciais com eficiência, eficácia e economia. A auditoria operacional serve, portanto, para verificar o andamento das atividades essenciais para a continuidade da empresa, auxiliando a administração no processo de seleção de procedimentos e técnicas para melhorar as operações. c) Auditoria Administrativa: em nível de gestão,as atividades são desempenhadas com participações em reuniões da diretoria e outros grupos relacionados à administração. Está relacionado ao planejamento estratégico e tático, bem como ao processo de tomada de decisão e definição das políticas e diretrizes a serem adotadas. Esta auditoria é Pós-Graduação | Unicesumar 29 feita por um auditor independente ou externo. O auditor deve estar preparado para o desenvolvimento da auditoria, por meio de estudos e práticas relacionadas às normas administrativas da empresa, de modo a desempenhar um bom trabalho e alcançar os objetivos traçados pela administração para o desenvolvimento das atividades. d) Auditoria de Sistemas: realizada nos sistemas informatizados, ou seja, verifica a adequação, eficácia e eficiência destes sistemas e os respectivos procedimentos de segurança no ambiente de tecnologia de informações. A informatização fez com que os auditores revisassem alguns de seus procedimentos, auxiliando no processo de planejamento e desenvolvimento. O auditor deve avaliar os sistemas de informações utilizados pela empresa, a fim de verificar se estão adequados em efetivo funcionamento, serve para compreender as atividades computadorizadas efetuadas pela entidade. e) Auditoria de Qualidade: em função da globalização dos mercados, passa-se a exigir maior qualidade dos produtos e serviços, a auditoria efetua uma avaliação sobre determinada área para verificar o sistema implantado, opinando sobre o aperfeiçoamento que poderá ser feito. O auditor irá ajudar a administração e opinar sobre meios que ajudarão a reduzir custos, melhorar as técnicas utilizadas, para alcançar um produto ou serviço competitivo no mercado. Hoje existem alguns programas de qualidade, também conhecidos como ISO 9001 e 9002, entre outros, em que a empresa passa por exames, e estes que irão garantir se suas atividades estão em um bom padrão de qualidade. f) Auditoria Ambiental: onde se analisa os possíveis impactos e danos que as empresas podem causar no meio ambiente, avaliando os efeitos da atividade da empresa sobre a vida da população e do meio ambiente próximo à empresa. g) Auditoria de Gestão: cumpre o exame e a avaliação sobre os sistemas políticos, critérios e procedimentos utilizados pela empresa na sua área de planejamento estratégico e principalmente no processo decisório. Sua função é desempenhada em nível de planejamento e no processo de tomada de decisão, tem como base a auditoria operacional, participando de reuniões da diretoria, grupos de áreas específicas. Auditoria Empresarial 30 É a auditoria realizada por um profi ssional independente em relação à empresa, sem nenhum vínculo empregatício. Dessa maneira, possui maior grau de independência, com o objetivo de examinar as demonstrações con- tábeis, e fi nalidade de emitir um parecer sobre adequação das mesmas, se elas refl etem a realidade da situação patrimonial e fi nancei- ra naquele momento e se estão de acordo com os Princípios de Contabilidade. Observe abaixo o conceito de auditoria externa: Atendendo ao fi m que se destina a au- ditoria, o auditor independente poderá realizá-la com seus próprios métodos e conveniências, desde que simplesmente obedeçam às normas usuais de auditoria e obtenha os elementos de convicção com os quais possa dar parecer sobre a matéria examinada (FRANCO; MARRA, 2001, p. 174). Assim, é imprescindível na auditoria externa a emissão de um parecer que manifeste a opinião do auditor em relação aos registros e informações contábeis examinados. Os usuários da informação para auditoria externa são, na maioria das vezes, os acio- nistas (para saber assuntos relacionados à rentabilidade), instituições fi nanceiras (para confi rmar a capacidade de pagamento das empresas tomadoras de empréstimos bancá- rios), governos (no que se refere à verifi cação dos lucros obtidos e os impostos correspon- dentemente devidos, checando se foram adequadamente calculados e recolhidos), entre outros. O auditor externo presta serviços de auditoria às empresas e mantém-se indepen- dente a ela na realização de seus trabalhos de auditoria. Pode-se considerar de muita im- portância a qualidade dos serviços prestados pelo auditor externo, devendo este adaptar- se às novas situações que o mercado coloca, com menor custo para assim gerar benefícios. Como a auditoria externa tem por carac- terística básica não estar operacionalmente vinculada à empresa que está sendo auditada, tal independência da auditoria externa é es- sencial, segundo Boynton, Johnson, Kell (2002), para assegurar transparência, confi abilidade e imparcialidade às demonstrações contábeis. O objetivo do auditor externo é emitir sua opinião sobre as demonstrações contá- beis examinadas, normalmente examinando os seguintes relatórios contábeis: • Balanço Patrimonial. • Demonstração do Resultado do Exercício. • Demonstração do Lucro ou prejuízo acumulado. • Demonstrações de Fluxo de Caixa. • Notas explicativas. auditoria externa ou independente Pós-Graduação | Unicesumar 31 Embora a auditoria contábil possa ser aplica- da tanto por auditor interno quanto externo, há uma série de diferenças entre as duas prá- ticas, que se dão principalmente em virtude da maior dessas diferenças: as diversas fina- lidades de uma e outra prática. Crepaldi (2009) faz uma extensa e interessan- te discussão a respeito das diferenças entre auditoria interna e externa, com o propósito de fazer o leitor perceber que ambas são impor- tantes e têm suas justificativas de existência. Além disso, diversos autores, como Crepaldi (2009), Morais (2009), Araújo, Arruda e Barreto (2008) destacam as diferenças entre a auditoria interna e a auditoria externa, e as mesmas são apresentadas no quadro 06: principais diferenças entre auditoria interna e externa ELEMENTOS AUDITORIA INTERNA AUDITORIA EXTERNA Profissional Empregado da organização auditada, o que implica em uma independência relativa (pode ser tercei- rizada também). Profissional que obrigatoriamente não possua vínculo empregatício nem relação de interesse com a empresa auditada. Independência Obrigatória a independência em relação às ativi- dades e pessoas cujo trabalho está sob exame, mas subordinado às necessidades da administração. Totalmente independente. Não pode ser influenciado por fatores estra- nhos, preconceitos ou quaisquer elementos que causem perda, efetiva ou potencial, da sua independência. Escopo do Trabalho Definida em função dos anseios e demandas da direção da empresa. Direcionada a atender necessidades de terceiros interessados pela em- presa auditada, no que tange à adequação das informações contábeis. Finalidade Promover melhorias nos controles da empresa de forma a assegurar a proteção ao patrimônio. Emitir opinião sobre as Demonstrações Financeiras. Relatório principal Recomendações de controle interno e eficiência administrativa Parecer técnico. Responsabilidade Trabalhista. Profissional, civil e criminal. Número de áreas Examinadas Menor em um período. Maior em um período. Intensidade dos trabalhos Maior em cada área. Menor em cada área. Continuidade do trabalho Definida pela administração. Periódica, geralmente em base anual. Quadro 06 - Diferenças entre Auditoria Interna e Auditoria Externa Fonte: adaptado de Morais (2009), Crepaldi (2008) e Araújo, Arruda e Barreto (2008). É importante destacar que, embora tenham uma série de diferençasentre si, tanto a Auditoria Interna quanto a Auditoria Externa empregam técnicas de trabalho semelhantes entre si. Portanto, o aprendizado de conceitos, ferramentas e técnicas de auditoria pode ser útil tanto para quem trabalha ou pretende trabalhar com a atividade de auditoria interna, quanto para aqueles que pretendem trabalhar como consultores externos ou independentes. Auditoria Empresarial 32 Para compreender a Auditoria Contábil, como ferramenta do dia-a-dia organizacional, é im- portante relembrar alguns conceitos-chave da própria Contabilidade. Esses conceitos são úteis porque permitem que você, estudante, possa se familiarizar com algumas terminologias, mas também porque possibilita que você entenda a relevância da Auditoria no meio empresarial. Como você pode perceber, ao longo desta unidade, a Auditoria é tão importante que mesmo organizações que não são obrigadas por Lei a realizá-la acabam contratando servi- ços de Auditores Independentes. Além disso, você também pode acompanhar a origem e o desenvolvimento da Auditoria como prática de controle. Conhecer a evolução de um conjunto de técnicas e ferramen- tas de gestão importantes, como a Auditoria dá condições para que você possa agregar os conhecimentos das unidades seguintes. Além disso, ao ter acesso às formas tradicionais de classificação da atividade de Auditoria permite também um panorama amplo dessa ativida- de contábil, possibilitando que você possa escolher com mais clareza seu direcionamento profissional, caso deseje credenciar-se como auditor. considerações finais atividades de autoestudo 1. Apresente um conceito de Contabilidade que contemple o objeto, o objetivo e a fina- lidade dessa ciência social. 2. Quais são as quatro técnicas fundamentais da Contabilidade? Descreva cada uma delas. 3. Qual a utilidade dos Princípios de Contabilidade? 4. Quais são os princípios de Contabilidade? Descreva cada um deles. 5. A partir dos conceitos de Auditoria apresentados, formule um conceito dessa técnica contábil. 6. Qual o objeto da Auditoria? 7. Crepaldi (2009) apresenta três tipos de ação decorrentes da auditoria: preventi-va, sa- neadora e moralizadora. Explique cada uma delas. 8. Quais benefícios a auditoria pode trazer para a riqueza patrimonial? 9. A Inglaterra se destaca quando analisamos o surgimento da auditoria moderna. Explique as razões pelas quais esse país tem papel de destaque nessa análise histórica da auditoria. 10. Quais os fatos mais importantes da evolução da auditoria no Brasil? 11. Comente sobre os tipos de auditoria, com relação à natureza de controle. 12. Explique a diferença entre auditoria interna e externa. Pós-Graduação | Unicesumar 33 A Lei Sarbanex-Oxley (SOX) Adaptado de: DIAS, Sergio V. F. Auditoria de Processos Organizacionais. 3ª. Edição. São Paulo: Atlas, 2011. A lei Sarbanes-Oxley é uma Lei Federal norte-americana que objetiva ga- rantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança empresariais críveis, visando mitigar riscos nos negócios, evitar fraudes ou garantir que elas possam ser identificadas, produzindo mais transparência na gestão e mais segurança para investidores. Ela leva esse nome porque os líderes dos principais partidos adversá- rios que firmaram um acordo para votação da Lei eram Paul Sarbanes (democrata) e Michael Oxley (republicano). Essa lei se aplica a todas as companhias de capital aberto registradas na Securities and Exchange Comission, a CVM norte-americana. Motivada pelos escândalos contábeis de grandes firmas (como a Enron, que afetou a credibili-dade da auditoria Arthur Andersen), a lei impede que os dirigentes das empresas aleguem desconhecimento de práticas contábeis indevidas (como o reconhecimento incorreto de recei-tas). Os executivos das empresas, pela SOX, são obrigados a atestar como ver- dadeiras as informa-ções contábeis das firmas, bem como os relatórios de controle interno e de procedimentos para divulgação de resultados. Declarações falsas são puníveis com até 20 anos de cadeia. Além disso, a SOX também impõe boas práticas de governança corporati- va, dentre as quais podemos citar: 1. Código de ética corporativo; 2. Restrição a empréstimos para diretores; 3. Códigos de ética para executivos financeiros e insiders; 4. Restrição a contratação de serviços de auditores externos (audi- tores só podem fazer auditoria nas firmas, não mais consultoria); 5. Quarentena para contratação de funcionários que já tenham sido auditores externos da empresa; 6. Comitê de auditoria; 7. Monitoramento sistemático dos controles internos; 8. Gestão e gerenciamento de riscos. A SOX é inovadora por dar importância crítica ao papel dos controles internos, buscando asse-gurar a eficiência e eficácia das operações, a confiança nos relatórios contábeis e a submissão a leis e regulamentos aplicáveis. Além disso, a SOX tem alcance não apenas para empresas de capital esta- dunidense, mas atin-ge também as empresas estrangeiras que desejam negociar ações e papéis na bolsa de valores de Nova York (NYSE). Assim, mesmo empresas brasileiras como a PETROBRAS, COPEL, VALE e outras, são obrigadas a atender às exigências da Sarbanes Oxley. Para saber mais sobre essa lei, consulte os endereços abaixo: <http://www.fraudes.org/showpage1.asp?pg=312>. <http://www.soxlaw.com>. <http://gestaotransparente.org/?page_id=146>. Auditoria Empresarial 34 1. Leia o artigo “Será o auditor um investigador de fraudes?”, dis- ponível em <http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/ detArtigo.php?cod=3>. 2. O artigo O Controle da Gestão dos Recursos Públicos faz uma discussão muito interessante sobre práticas de contro- le e o resultado que elas produzem. Trata-se de uma leitura bastante importante e que proporciona reflexões interes- santes . Acesse em: <http://www.tce.ce.gov.br/component/ jdownloads/finish/195-revista-controle-volume-ix-n-n-2-jul- dez-2011/883-artigo-6-o-controle-da-gestao-dos-recursos- -publicos-bases-conceituais-e-o-falso-dilema-regularidade- versus-resultados?Itemid=592> Artigos: 1. Tem interesse em saber mais sobre a história da Contabilidade? Assista ao vídeo “História da Contabilidade”, disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg>. 2. A Importância da Auditoria Contábil para a Credibilidade das Empresas, disponível em: <http://www.contabeis.com.br/ artigos/962/a-importancia-da-auditoria-contabil-para-a-cre- dibilidade-das-empresas/>. Leitura rápida e interessante. 3. A importância da Auditoria na Detecção de Fraudes, disponível em <http://internet.sefaz.es.gov.br/informacoes/arquivos/pu- blicacoes/publicacao_11.pdf>. O artigo ajuda a compreender como a gestão pública pode se beneficiar da auditoria contábil. Filme: Wall Street: o dinheiro nunca dorme (2010). Elenco: Michael Douglas, Oliver Stone, Carey Mulligan. Duração: 136 minutos. País: EUA. Gênero: Drama. Classificação: 12 anos. Sinopse: Após cumprir pena por fraudes financeiras, Gordon Gekko (Michael Douglas) deixa a prisão. Impossibilitado de operar no mercado financeiro, ele dedica seu tempo a realizar palestras e a escrever um livro, no qual critica o comportamen- to de risco dos mercados. Um dia, após uma das palestras, ele é abordado por Jacob Moore (Shia LaBeouf), um operador ide- alista do mercado de Wall Street. Ele vive com Winnie (Carey Mulligan), filha de Gekko que não fala mais com ele, e usa esta proximidade para conseguir sua atenção. Jacob quer conselhos sobre como agir com Bretton James (James Brolin), um grande investidor que fez com que seu mentor, Lewis Zabel (Frank Langella), tivesse que vender sua tradicional empresa por uma ninharia. Gekko decide ajudá-lo, pedindo em troca que Jacob o ajude a se reaproximar de Winnie. Comentário: Filme ambientado no mercado de ações deNova York permite entender um pouco mais sobre a importância da prevenção de fraudes. A interpretação de Michael Douglas lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. filme 2 ESTRUTURA E NORMAS DA ATIVIDADE DE AUDITORIA NO BRASIL Professor Me. Jorge Leandro Delconte Ferreira Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A Profissão de Auditor • Organismos relacionados à Auditoria no Brasil • Normas Brasileiras de Auditoria • Parecer de Auditoria Objetivos de Aprendizagem • Compreender a estrutura da profissão de auditor no Brasil. • Conhecer os principais organismos relacionados à atividade de Auditoria. • Relacionar as Normas Brasileiras de Auditoria com a atividade profissional. • Compreender como se estrutura o Parecer de Auditoria. Nesta Unidade, vamos conhecer mais a respeito da organização da ativi- dade de Auditoria Contábil no Brasil. A primeira seção aborda a estrutura em que baseia a profissão de auditor. Observe que a carreira profissional de auditoria pode ser desempenhada tanto de forma interna às organi- zações (públicas ou privadas) quanto de modo independente. A seção seguinte apresenta os principais organismos que se relacionam com o contexto da auditoria contábil no país. Nessa seção, ficará clara a relação entre auditoria e mercado de capitais, ou seja, o processo de emissão de ações por empresas e da negociação de tais ações. Também conhecerá aspectos relacionados à organização da atividade de audi- toria e sua vinculação a órgãos representativos, tais como os Conselhos de Contabilidade. É desses organismos tanto a atribuição de credenciar profissionais de auditoria quanto de fiscalizar sua prática profissional. Em seguida, veremos as principais normas de auditoria vigentes no Brasil. Não serão discutidas cada uma das normas, mas serão apresen- tados agrupamentos de normas, de forma a permitir que você possa se familiarizar não com os números das normas, mas com os temas por elas abordados. Isso é importante porque as normas têm sofrido constante atualização, no processo de internacionalização das práticas contábeis que tem sido colocado em prática no Brasil desde 2007. Por fim, esta unidade traz detalhes importantes sobre um dos principais elementos da auditoria, e que se configura como o seu principal resulta- do: o parecer da auditoria. Se qualquer trabalho de auditoria visa opinar sobre a qualidade e a confiabilidade das Demonstrações Contábeis, a opinião do auditor é expressa exatamente por meio do parecer. Você conhecerá nesta seção os tipos de parecer, bem como a estrutura básica dos pareceres de auditoria. Ao final da unidade, preparamos novamente atividades de autoestudo para que você possa verificar o seu nível de compreensão dos temas estudados, bem como sugestões de leitura e vídeo para complemen- tar o seu aprendizado. Bom estudo! Auditoria Empresarial 38 Auditoria Empresarial 38 A PROFISSÃO DE AUDITOR Pós-Graduação | Unicesumar 39 Segundo Kell, Boynton e Ziegler (1986), as pessoas engajadas em realizar auditorias con- tábeis para indivíduos e entidades formais são normalmente classifi cados em três grupos: os auditores independentes, os auditores inter- nos e os auditores governamentais. Embora divergindo um pouco nos termos, Morais (2009) apresenta classifi cação semelhante, defi nindo ainda auditor contábil como: o profi ssional que, possuindo competência legal como Contador e conhecimentos em áreas correlatas aliadas aos conhecimentos de normas e procedimentos de auditoria, procurará obter elementos de satisfação que o levem a fundamentar e a emitir sua opinião sobre o objeto de estudo (MORAIS, 2009, p. 2). Para fi ns de classifi cação, preferimos adotar as terminologias deste último autor, assumindo as categorias profi ssionais do auditor como: Auditor externo ou Independente Considerando o grau de sua qualifi cação, nível educacional, treinamento e experiência, Kell, Boynton e Ziegler (1986) afi rmam que essa ca- tegoria de profi ssional tem condições técnicas para exercer qualquer uma das demais cate- gorias de auditor. Segundo Crepaldi (2008), o auditor externo pode exercer sua ativida- de de forma individual, associado a outros profi ssionais ou ainda ligado a uma entidade (empresa de auditoria) que mantenha diver- sos profi ssionais da área em atividade. No segundo caso, a responsabilidade (técnica e civil) pelos trabalhos de auditoria é compartilhada solidariamente pelos audi- tores associados. Já quando o auditor atua de forma vinculada a uma empresa de audito- ria (pessoa jurídica), a responsabilidade é da pessoa jurídica. Nesses casos, é possível es- truturar equipes de trabalho, de forma a dar cabo de trabalhos de grande complexida- de e abrangência (ou seja, executar serviços de auditoria em empresas de grande porte, com abrangência de atuação não circunscri- ta a poucas unidades, por exemplo). Mas as empresas de auditoria constituídas podem ainda executar outros serviços profi s- sionais, além daqueles relacionados à auditoria. É o que explica Crepaldi (2008), ao informar que tais empresas não raro executam trabalhos de assessoria tributária, consultoria organizacional em geral, implantação de sistemas em geral (de custos, de gestão integrada e outros), apoio na elaboração de projetos e orçamentos, e uma Auditor Interno empregado de alto nível dentro de uma empresa. Auditor Público Fiscal servidor do Poder Público. Auditor Externo profi ssional independente e autônomo. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas atividades a seguir. Auditoria Empresarial 40 infinidade de outras tarefas correlatas. Considerando que a atividade profissional do auditor independente é de extrema rele- vância para dar credibilidade e transparência às Demonstrações Contábeis, as exigências para se inserir nessa categoria da profissão são elevadas. Pedroso (2010) destaca algumas dessas exigências: primeiramente, o profis- sional que deseja ser auditor independente deve ter exercido a atividade de auditoria de demonstrações contábeis, no território nacio- nal, por no mínimo cinco anos. Além disso, precisa ter graduação em Ciências Contábeis e registro como contador junto ao órgão es- pecífico (no caso, o Conselho Regional de Contabilidade) ao longo desse período. Por fim, não pode ter impedimentos cíveis, tais como declaração judicial de insolvência, con- denação em processo infamante ou por crime de natureza econômica, tampouco estar im- pedido de ingressar em carreira pública. Evolução de Carreira do Auditor Independente Somente a vivência e a prática conferem ao profissional a competência necessária para o exercício da profissão. O trabalho de audito- ria geralmente é executado por uma equipe de profissionais de diversos níveis técnicos e hierárquicos, conforme segue: • Sócio responsável pelo trabalho: após em média cinco anos como gerente, poderá ser convidado pelos sócios a fazer parte da sociedade, sendo necessária a aprovação de todos os demais sócios. Deve possuir algumas qualificações como: capacidade técnica, relacionamento com clientes e com os sócios, habilidade de negociação, entre outros. O sócio é responsável perante os demais sócios por todo trabalho executado e pela emissão do relatório. Leva em média 15 anos para chegar a esse posto. • Gerente: após dois anos como supervisor, será promovido a gerente e passará a gerenciar trabalhos de auditoria de diversos clientes e supervisionar diversas equipes de auditoria. Entre as funções estão: elaborar planejamento de auditoria, programar e supervisionara equipe, revisar os papéis de trabalhos, elaborar o esboço do relatório de auditoria. • Supervisor: após um período de quatro anos como sênior, ficará em média dois anos sendo treinado para ser gerente. Como supervisor receberá treinamento específico e passará a atuar como sênior em grandes clientes, reportando-se ao gerente e como gerente de pequenas empresas. • Auditor Sênior: após quatro anos como assistente, passará a chefiar a equipe de auditores. É responsável pela distribuição, orientação e supervisão dos trabalhos dos assistentes. Geralmente é classificado em três categorias: Pós-Graduação | Unicesumar 41 Sênior A – dois anos Sênior B – um ano Sênior C – um ano • Assistentes: geralmente é dividido em três categorias, conforme segue: Assistente A – dois anos Assistente B – um ano Assistente C – um ano À medida que vai sendo promovido, o as- sistente passa a executar trabalhos mais complexos, sempre sob orientação e super- visão do chefe da equipe. • Assistente trainee: é o estudante universitário que se enquadra no perfil exigido pelas firmas de auditoria, geralmente estudando o último ano do curso de ciências contábeis, idade máxima de 23 anos, solteiros, com conhecimento em inglês. Cada categoria requer um nível de treinamento e experiência. Auditor Interno Como já comentado anteriormente, o auditor interno é nada mais que um empregado da empresa ou entidade que está sendo au- ditada. Pode ser compreendido como um profissional ligado a uma área independen- te dentro da empresa que está sob exame. O objetivo do seu trabalho é auxiliar o gestor da entidade no exercício de suas funções, e para tanto, o profissional de auditoria interna de- senvolve seus trabalhos conforme a demanda da direção da empresa. Como os resultados do trabalho do auditor interno são de uso restrito (ou seja, são usados apenas pelos gestores da enti- dade), não há a obrigatoriedade de que o auditor interno seja graduado em Ciências Contábeis, a não ser que as regulamen- tações específicas da entidade (normas internas) assim determinem. Todavia, Attie (2007) esclarece que os auditores inter- nos devem observar o código de ética do Instituto de Auditores Internos, que versam sobre padrões de fidelidade, honestidade, objetividade e diligência para o exercício da atividade de auditoria interna. Além disso, a atividade de auditoria interna, embora demande menos inde- pendência que a da auditoria externa, também implica que o auditor possa gozar de suficiente autonomia para que tenha condições de executar seu traba- lho a contento. Embora não seja necessária a gradua- ção em Ciências Contábeis ou a inscrição no Conselho Regional de Contabilidade para o exercício da auditoria interna, nada impede que auditores independentes exerçam a ati- vidade de auditoria interna. No entanto, se o fizerem, incorrerão em limitações à sua atividade de auditoria independente (por exemplo, um mesmo profissional não pode, ao mesmo tempo, ser auditor interno e externo de uma entidade; não pode também, por razões óbvias, auditar externamente uma empresa concorrente direta da que ele audita internamente). Auditoria Empresarial 42 Auditor Governamental ou Fiscal Auditores governamentais ou fiscais são pro- fissionais ligados a agências governamentais de âmbito municipal, estadual ou federal, cuja atuação é diretamente vinculada às questões de arrecadação e fiscalização tributária ou atividade de corregedoria ou similares (por exemplo, a atuação em órgãos da Receita Federal, Estadual ou Municipal ou ainda a atuação em Tribunais de Contas). Segundo a Unafisco Sindical (2007), diver- sos são os motivos que tornam importante a atividade do auditor fiscal. Dentre eles, é des- tacada a atuação pelo combate à sonegação, considerando que muito da elevação da ar- recadação de tributos no Brasil tem a ver não com a elevação da carga tributária, mas com o aumento da eficiência na fiscalização dos órgãos responsáveis por isso. Outra destacada função exercida pelo auditor fiscal diz respeito ao controle do fluxo comercial em fronteiras no país (tanto nos portos e aeroportos quanto nos locais de fron- teira dita seca. Segundo o Unafisco Sindical (2007), o auditor fiscal tem papel importante ao proteger a indústria doméstica da compe- tição desproporcional e desleal com produtos que poderiam entrar clandestinamente no país e, portanto, com desigualdade de condi- ções em detrimento dos produtos nacionais. Logo, a atuação do auditor preserva empre- gos e empreendimentos domésticos. A CGU (2014) destaca também que o objeto de atuação do auditor público é mais abrangente que apenas as questões tributá- rias e de arrecadação. Assim, dentre outros, a entidade listada cita como objetos da ação do auditor público os seguintes elementos: • Sistemas administrativos e operacionais de controle interno utilizados na gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional e de recursos humanos. • Planos, programas, projetos e atividades que envolvam aplicação de recursos públicos. • Contratos firmados entre entidades públicas e privadas para prestação de serviços, execução de obras e fornecimento de materiais. • Licitações, suas dispensas e inexigibilidades. • Processos de caráter investigativo em geral (sindicâncias, inquéritos e outros). • Processos de contratação e desligamento de pessoal e os de aposentadoria e pensão. Assim, fica evidente que a atuação do auditor público é bem mais abrangente que aquela apenas vinculada à arrecadação tributária. Para ingressar na carreira de auditor go- vernamental, é obrigatória a realização de concurso público, que pode incluir, além da prova de conhecimentos técnicos e gerais, também a prova de títulos. Na sua atuação, pode desenvolver atividades similares à do auditor interno ou a do auditor independen- te (nesse sentido, os auditores dos Tribunais de Contas ou das Controladorias, por exemplo, têm papel similar ao do auditor externo). Pós-Graduação | Unicesumar 43 Segundo Crepaldi (2009), é essencial a um auditor que siga um padrão de comporta- mento dentro de um rígido código de ética, dado que essa é uma condição indispensá- vel para que possa alcançar os resultados que dele se espera (ou ainda que dele exige a administração da empresa à qual está su- bordinado, no caso de um auditor interno). A ética na auditoria é orientada por uma série de resoluções do Conselho Federal de Contabilidade - CFC, a saber: Resoluções CFC 803/1996, 819/1997, 942 e 950/2002, 972 e 983/2003 e 1307/2010. Uma das questões fundamentais no que diz respeito ao exercício da atividade de audi- toria está fundamentada nas recomendações do código de ética do profissional de contabi- lidade, conforme destacado pela compilação feita pelo CRC-SP (2011), ao destacar que o auditor deverá: • Recusar trabalhos para os quais não se achar apto. • Manter-se imparcial no desenvolvimento de seus trabalhos. • Restringir suas opiniões e manifestações às questões técnicas, sem incluir aspectos de suas convicções pessoais. ética profissional na auditoria O Mercado de trabalho de Auditoria O espaço para os auditores está crescendo rapidamente no país. As razões são várias, mas a principal é a chegada de investi- dores estrangeiros, que forçam a profis- sionalização das empresas. A profissão é um dos melhores caminhos para o pro- fissional formado em Ciências Contábeis.
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