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DIREITO PRIVADO - 2018.1 1. SUJEITOS DE DIREITO. A PESSOA NATURAL 1. Os sujeitos de direito. A personalidade. ● Sujeito de direito: elemento subjetivo das relações jurídicas são os sujeitos de direito. É quem participa da relação jurídica, sendo titular de direitos e deveres. São sujeitos de direito as pessoas físicas ou naturais, isto é, os seres humanos, e as pessoas jurídicas, grupos de pessoas ou de bens a quem o direito atribui titularidade jurídica. Os animais não são sujeitos. São coisas e, como tal, passíveis objetos de direito. ● Pessoa: é o homem ou entidade com personalidade com aptidão para a titularidade de direitos e deveres; qualificação jurídica da condição natural do indivíduo, em uma transposição do conceito ético de pessoa para a esfera do direito privado, e no reconhecimento de que são inseparáveis as construções jurídicas da realidade social, na qual se integram e pela qual se justificam. ● Titularidade de um direito: é a união do sujeito com esse direito. Não há sujeitos sem direitos e não há direitos sem titular. No direito moderno, há pessoas que não são seres humanos, como as associações, as sociedades, as fundações: ● Concepção naturalista, todos os indivíduos têm personalidade, inerente a condição humana; ● Concepção formal: pessoa seria o sujeito de direito criado pelo direito objetivo. 2. Personalidade e capacidade: ● Capacidade jurídica: materialização da personalidade. É a manifestação do poder de ação no conceito de personalidade. Enquanto a personalidade é valor ético que emana do indivíduo, a capacidade é atribuída pelo ordenamento jurídico. ART. 1O TODA PESSOA É CAPAZ DE DIREITOS E DEVERES NA ORDEM CIVIL; ● Pode existir personalidade sem capacidade, como se verifica no nascituro (que ainda não tem capacidade) e nos falecidos (que já a perderam); enquanto a personalidade é um valor, a capacidade é a projeção desse valor. ● Assim, é correto afirmar que todo ente dotado de personalidade, também possui capacidade para ser titulares de direitos e deveres. Cumpre ressaltar que a capacidade jurídica se difere entre as pessoas e entre as fases da vida de uma mesma pessoa. ● Vale frisar que a privação absoluta da capacidade acarretaria na frustração da personalidade, dada a relação de reciprocidade existente entre as duas. 3. A pessoa física. Aquisição da capacidade jurídica: Pessoa natural ou física: é o ser humano como sujeito de direitos e deveres. Sua teoria obedece a três princípios fundamentais: a) Todo ser humano é pessoa, pelo simples fato de existir, e por isso é capaz de direitos e deveres na ordem civil - CC. art. 1º; b) Todos tem a mesma personalidade porque todos tem a mesma aptidão para a titularidade de relações jurídicas - CF, art. 5º; c) Ela é irrenunciável. A pessoa natural começa sua vida com o nascimento da vida e, com isso, a sua capacidade jurídica (CC. art. 2º), mesmo que este venha a morrer, já adquiriu direitos que serão transmitidos aos herdeiros. O nascimento deve ser registrado no lugar em que tiver ocorrido o parto, no prazo de quinze dias, ampliando-se até três meses para os lugares distantes mais de 30 km da sede do cartório (CC, art. 9º, I, e Lei nº 6015, de 31.12.73, art. 50) O registro é importante por sua função probatória. 4. O problema da personalidade jurídica do nascituro: “Nascituro é o que está pra nascer mas já concebido no ventre materno. O Código Civil brasileiro, no art. 2º, nega-lhe personalidade jurídica, mas garante-lhe proteção para os direitos de que possa ser titular. Quando se inicia a personalidade humana, com a concepção ou com o nascimento?” É direito subjetivo com eficácia suspensa ou em formação (art. 2º, CC). Na CF/88, art.5º, caput, garante-se o direito a vida, direito subjetivo a vida. A maioria dos autores defende que não há personalidade. “Não se pode, assim, de modo lógico, negar-se ao nascituro a titularidade jurídica. O nascimento não é condição para que a personalidade exista, mas para que se consolide. De tudo isso se deduz que a questão da personalidade jurídica do nascituro é puramente de política legislativa, pois existem códigos que a reconhecem e outros que a nega.” 5. Extinção da capacidade jurídica. A morte. Término da capacidade jurídica: morte (CC, art. 6º). Prova-se a morte com a certidão e óbito (CC, art. 9º, I), sem a qual não faz sepultamento. A morte extingue as relações jurídicas intransmissíveis, como ocorre com as de personalidade e de família e algumas patrimoniais. As transmissíveis, como a maioria das patrimoniais, passam a herdeiros, por meio da sucessão legítima ou testamentária. “A personalidade humana, existe, assim, antes do nascimento, e projeta-se para além da morte. ‘O testamento, o respeito ao cadáver, a sepultura, a autorização da autópsia e para transplantes, a proteção da memória do falecido contra injúria e difamação, demonstram a permanência de traços da personalidade post-mortem.” 6. Presunção de morte. Ausência. “Presume-se a morte da pessoa quando se decreta a sua ausência e decorrem dez anos da abertura provisória da sucessão, ou quando o ausente contar oitenta anos e tiverem decorrido cinco anos de suas últimas notícias (CC, arts. 37 e 38) [...] provoca incerteza jurídica sobre a sua existência.” 7. Comoriência “É a presunção de morte simultânea de pessoas reciprocamente herdeiras (CC, art. 8º) [...] a importância da comoriência está, portanto, no seu efeito, que é a intransmissibilidade de direitos entre os comorientes, como se entre eles não tivesse havido qualquer vínculo sucessório.” 8. Capacidade de direito. Capacidade de fato. Legitimidade. Regime de incapacidades Capacidade de fato: é a aptidão para a pessoa praticar os atos da vida civil criando, modificando ou extinguindo relações. É algo dinâmico, não é atribuída a todas as pessoas. É a aptidão para exercer por si só os atos da vida cível. É uma qualificação baseada em critérios psíquicos estabelecidos em moldes conceituais genéricos. Por exemplo, os menores de idade não possuem capacidade plena por não preencherem certos requisitos materiais. Dessa forma, visando proteger essas pessoas, o ordenamento sonega-lhes a capacidade de exercer pessoalmente e diretamente certos atos da vida civil, exigindo a participação de um representante ou de alguém que o assista na tomada de decisões. Ao se tratar da capacidade negocial é possível verificar a aplicação do princípio da bagatela ou da insignificância. Em alguns atos, como comprar um sorvete, por sua eminente simplicidade, não será invalidado caso realizado por alguém incapaz. Capacidade jurídica: é estática, se destina a todos, sendo inerente ao ser humano desde o seu nascimento, sem que seja feito nenhum tipo de distinção. Constitui um conceito quantitativo e variado. Pode ser definido como a extensão de direitos e deveres que alguém abstratamente pode vir a titularizar. Sua presença independe do caso concreto e do seu exercício. Legitimidade: é o poder da pessoa de atuar concretamente em determinada relação jurídica. Obs: Capacidade não se confunde com legitimação. A legitimação consiste em averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para exercê-la. Assim, capacidade é uma aferição feita abstratamente, já legitimação depende do ato específico a ser realizado. REGIME DE INCAPACIDADES: Este instituto foipensado e constituído sobre uma razão moralmente elevada, qual seja: a proteção daqueles que possuem uma manifestação de vontade “alterada”. No Brasil, o Estatuto da Pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015) alterou expressamente o Artigo 3° e 4° do Código Civil, modificando o regime dos incapazes, que antes não considerava os deficientes plenamente capazes, fazendo com que eles dependessem da figura do representante ou de um assistente no processo de tomada de decisão. O Estatuto em seu Artigo 2° define deficiente da seguinte maneira: ART. 2O CONSIDERA-SE PESSOA COM DEFICIÊNCIA AQUELA QUE TEM IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO DE NATUREZA FÍSICA, MENTAL, INTELECTUAL OU SENSORIAL, O QUAL, EM INTERAÇÃO COM UMA OU MAIS BARREIRAS, PODE OBSTRUIR SUA PARTICIPAÇÃO PLENA E EFETIVA NA SOCIEDADE EM IGUALDADE DE CONDIÇÕES COM AS DEMAIS PESSOAS. O objetivo dessa nova lei é, portanto, garantir autonomia aos indivíduos com deficiência, dando-lhes o poder de autodeterminação. Frente a essa garantia, espera-se diminuir os obstáculos presentes na vida desses para a integração social. Ao maximizar, dessa maneira, a autonomia dos agentes, o Estatuto veda a substituição de vontades. Assim, são apoiados apenas para algumas decisões pontuais, para as quais não apresenta o grau de discernimento necessário. Isto é, auxiliados pela figura do apoiador, sem que a vontade desse se sobreponha a do deficiente. Vale ressaltar, que somente por apresentar um grau de discernimento distinto e diferentes percepções da realidade, não significa que essas pessoas não sejam detentoras de vontade. Na verdade, a vontade delas apenas não é enquadrada nos paradigmas de normalidade. Dessa forma, a partir da lei supracitada, neste regime as pessoas nunca regridem (exceção: invalidação de emancipação extraordinária voluntária), progredindo de modo contínuo à medida que os indivíduos vão alcançando as idades necessárias para subir de patamar, visto que atualmente prevalece o critério etário. Em determinados casos, é possível invocar a figura do curador. Todavia, o processo de curadoria é denso e específico com o intuito de diferenciar as faculdades de cada pessoa. Assim, será possível saber quais atos elas podem ou não realizar de forma autônoma. Prevalece, atualmente, portanto, apenas o critério etário, classificando: Absolutamente incapazes: aqueles menores de 16 anos, os quais são totalmente inaptos para os atos da vida civil. Possuem direitos, podendo adquiri-los, porém não são habilitados para exercê-los. Aqui é demandada a presença de um representante, estabelecendo com esse uma relação marcada pela hierarquia das vontades, em que a vontade do representante se sobressai em relação à vontade do representado. Isso pode, muitas vezes, engendrar um mecanismo de opressão e de subjugação dos menores. ART. 3O SÃO ABSOLUTAMENTE INCAPAZES DE EXERCER PESSOALMENTE OS ATOS DA VIDA CIVIL OS MENORES DE 16 (DEZESSEIS) ANOS. Relativamente incapazes: aqueles maiores de 16 anos e menores de 18 anos, os quais são incapazes à prática de determinados atos da vida civil. Esses demandam a existência de um assistente, estabelecendo com este uma relação em que não há hierarquia das vontades, mas um auxílio na tomada de decisão. Nesse caso é necessário que haja um consenso. Ademais, são considerados relativamente incapazes: ART. 4O SÃO INCAPAZES, RELATIVAMENTE A CERTOS ATOS OU À MANEIRA DE OS EXERCER: I - OS MAIORES DE DEZESSEIS E MENORES DE DEZOITO ANOS; II - OS ÉBRIOS HABITUAIS E OS VICIADOS EM TÓXICO III - AQUELES QUE, POR CAUSA TRANSITÓRIA OU PERMANENTE, NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE; IV - OS PRÓDIGOS. PARÁGRAFO ÚNICO. A CAPACIDADE DOS INDÍGENAS SERÁ REGULADA POR LEGISLAÇÃO ESPECIAL. Plenamente capazes: aqueles maiores de 18 anos ou os emancipados. Um dos problemas na estruturação do regime das incapacidades, é que este foi concebido e pensado no ambiente patrimonial, sendo rígido, inflexível e escalonado. Portanto, sua aplicação no plano existencial pode ser inadequada. No ambiente patrimonial quando há conflitos de interesses entre o representante e representado ou o assistente e o assistido, esses podem ser resolvidos posteriormente por meio de uma indenização ao prejudicado. Já no campo existencial, um conflito possui o condão de gerar um dano irreparável. Assim, mesmo o critério etário é controverso, já que a maturidade não é medida pela idade, mas por critérios psicológicos subjetivos. Essa é a estabilidade na manifestação de vontades, sendo, dessa maneira, a imaturidade uma constante alternância de seus estados subjetivos, marcado por manifestação de vontade voluntarista e impulsiva que impedem que o indivíduo assuma responsabilidades pelas consequências dos atos realizados pelo mesmo. Daí a necessidade de protegê-lo no ambiente patrimonial e garantir estabilidade e previsibilidade nas relações negociais. Nesse contexto surge, na Inglaterra, mais especificamente no campo da medicina, a teoria do menor maduro. Essa defende que os menores de idade, apesar de não apresentarem pleno discernimento para todo e qualquer ato da vida civil, poderiam decidir sobre os tratamentos médicos a que se submeteriam ou não. Dentro desse panorama, há quem acredite que o questionamento levantado pela teoria do menor maduro deve ser estendido para outras áreas, sendo aplicada em situações diversas. Propõe-se, portanto, que a capacidade de fato dos agentes para a prática de determinado ato da vida civil não seja medida de forma abstrata, mas sim concreta. EMANCIPAÇÃO A emancipação pode ser ordinária – indivíduo alcança os 18 anos – ou extraordinária. Assim, pode-se atingi-la pela capacidade antes dos 18 anos, desde que uma das seguintes hipóteses se configure: 1) Emancipação voluntária: ocorre através de um ato de vontade dos pais ou tutores e do menor (tem que ter, pelo menos, 16 anos). Para que a emancipação seja válida ambos pais tem que concordar, sendo que a morte ou perda do poder familiar são hipóteses que permitem a ausência de um dos pais. Nota-se que caso essas hipóteses não sejam verificadas e que, mesmo assim, o menor seja emancipado, pode-se exigir a nulidade do ato, sendo essa a única forma de regredir no regime das capacidades. 2) Emancipação legal pelo casamento: essa pode ocorrer independenteda idade e uma vez adquirida a plena capacidade, a mesma é definitiva mesmo que haja divórcio. O casamento gera a cessão da incapacidade civil como natural consequência da constituição de família, ou seja, a pessoa a partir desse momento necessita da plena capacidade para exercer atos inerentes a vida de casado (EX: alugar imóvel). 3) Emancipação legal pelo exercício público efetivo: essa hipótese é letra de lei morta, pois só se pode ser titular de cargo público efetivo os maiores de 18 anos. 4) Emancipação legal pela colação de grau em nível superior: Independe do curso e da idade. 5) Emancipação legal pelo estabelecimento civil ou empresarial: no caso do menor com 16 anos que possui economia própria, a lei presume aptidão para a vida civil. 2. DIREITOS DA PERSONALIDADE Direitos da personalidade. Conceito e razão de ser. Direitos da personalidade são direitos subjetivos privados que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual (dignidade - princípio fundamental do ordenamento - constitucionalização do direito civil). O titular tem o poder de agir em defesa dos bens e valores essenciais da personalidade. Esses bens podem ser: Aspecto físico: direito à vida, ao próprio corpo; Aspecto intelectual: à liberdade de pensamento, direito de autor e inventor; Aspecto moral: liberdade, honra, segredo, recato, imagem, identidade e o direito de poder exigir de terceiros o respeito a esses direitos. ● A razão de ser dos direitos de personalidade está na necessidade de uma construção normativa que discipline o reconhecimento e à proteção jurídica que o direito e a política vêm reconhecendo à pessoa. ● Por disciplinarem matéria de natureza privada como são os direitos subjetivos e a personalidade, e por terem guarida no texto constitucional, pode reconhecer-se que os direitos da personalidade são o terreno de encontro privilegiado entre o direito privado, as liberdades públicas e o direito constitucional. ● Viés menos patrimonial do direito civil; conceito aberto, não instrumentalização (indivíduo como si mesmo); sua essência é suficiente para garantir sua proteção; ● Autonomia: pessoa pode decidir sobre sua vida por si mesma - livre desenvolvimento da personalidade; ● Cláusula geral de tutela: a dignidade da pessoa é o valor máximo do ordenamento; hall de direitos da personalidade não é taxativo em nosso ordenamento (no CC é meramente exemplificativo); interpretação mais ampla possível; novos direitos podem se desenvolver e devem ser tutelados mesmo se não previstos/positivados; ● Não basta tutelar a vida, mas uma vida digna; ● Aspecto positivo: ação do Estado para concretização; ● Aspecto negativo: omissão para concretização - abstenção; Código civil brasileiro/2002: ● Dignidade e direitos à personalidade: arts. 11 - 21; ● Concretização e proteção de valores essenciais à pessoa; ❖ Caráter existencial; valores individuais; ❖ Desvinculação patrimonial; ● Direitos marcados pela flexibilidade: ❖ Mudanças na sociedade exigem novos direitos; ❖ Legislador não consegue prever tudo; Características dos direitos de personalidade: ● ABSOLUTOS: eficácia contra todos, oponibilidade erga omnis, o Estado deve se abster e garantir esses direitos; dever geral de abstenção da sociedade, de respeito; ● IMPRESCRITIBILIDADE: inexiste um prazo instintivo para o término desses direitos; o decorrer do tempo não é apto para terminar esse direito; ● EXTRAPATRIMONIALIDADE: viés de proteção existencial; esses direitos não são submetidos a valorações comerciais; ● IMPENHORABILIDADE: a penhora é a apreensão dos bens do devedor para fins de quitar dívida; isso não é possível no direito de personalidade pois não estão presentes na lógica; ● VITALICIDADE: permanece até a morte; o art. 12, pár 1 (violação de personalidade dos mortos, os parentes colaterais até quarto grau podem pleitear judicialmente que os direitos sejam preservados). Ex: biografia do garrincha; não é absoluta essa questão já que se considerados os direitos de personalidade, pode-se limitar, ex: direito de imagem; ● INATOS: nascem com o indivíduo, não é necessário nenhum outro registro; ● GERAIS: não há classificação, princípio da igualdade; ★ TITULAR =/ PROPRIETÁRIO ★ Direito personalíssimo: inerentes à pessoa; Direitos de personalidade em espécie ● Direitos físicos: questões pertinentes ao corpo, à vida, à integridade física e à dignidade humana, ex: direito do cadáver - inviolabilidade; CP: homicídio, lesões corporais…; refere-se tanto ao corpo inteiro quanto a suas partes; ❖ Art 13, CC é muito vago (“bons costumes”); há disposições temporárias ou mesmo permanentes que são aceitas (cirurgias estéticas, tatuagens…). Há a questão da autonomia e da dignidade; ❖ Art. 14, CC: disposição do corpo post mortem; doação de órgãos para fim de pesquisa; Lei de Transplante de órgãos - escolha da família; interesse coletivo de desenvolvimento científico e interesse individual de integridade do corpo; enxertos e próteses que o corpo aceita são objetos de personalidade ❖ Art. 15, CC: pessoa não pode ser constrangida a realizar tratamento médico; deve haver consentimento informado; as internações forçadas são extremamente excepcionais; ● Direitos Morais: questões incorpóreas, psicológicas; ex: honra, dignidade pessoal, consideração social, boa reputação… ❖ Objetiva: boa forma, respeitabilidade, forma como a sociedade vê; ❖ Subjetiva: varia de acordo com o sujeito, auto-avaliação; ❖ Crimes: difamação, injúria, etc. lesão à honra; ❖ Honra: predicados que lhe conferem consideração social e estima própria; ❖ Liberdade: ausência de impedimentos (escolha pela melhor forma de viver); se dirige contra as pessoas e contra o Estado; ❖ Imagem: art. 20, CC; direito de não ter sua imagem divulgada sem autorização; ★ Lugar público: não indenizável; ★ Pessoa pública: não indenizável; Súmula 403, STJ: o uso comercial é sempre indenizável mesmo para pessoa pública; ★ Consentimento: deve ser expresso ou tácito; ★ Autonomia: não necessariamente vinculada a honra; o pár único do art. 12, CC concede maior alcance (herdeiros, proteção ao morto ou ausente, personalidade depois da morte); ★ Captação de imagem x divulgação de imagem: autorizações diferentes e independentes; ❖ Privacidade: mais ampla que intimidade; ★ Relações pessoais do indivíduo; ★ Intimidade: questões internas do indivíduo; dignidade (menos abrangente); ★ Proteção de dados; ★ Sigilo bancário e fiscal sob caso de permissão judicial; ★ Inviolabilidade de domicílio (certas excessões, abarca dom. profissional); ★ Sigilo das comunicações: em regra o emissor escolhe o receptor; ★ PRINCIPAL POLÊMICA: quais os limites da liberdade de expressão? Discurso de ódio; direito de sátira; biografias não autorizadas; ❖ Direito ao esquecimento; ❖ Identidade pessoal. Nome: muito referenciado pela doutrina e pela legislação (art. 16-19, CC); é absoluto, efeito erga omnes; (prenome, sobrenome) ❖ Principal composição da identidade pessoal (reconhecimento social); ❖ É inalterável, por regra; alto grau de importância; ❖ Lei de Registros Públicos: proteção do nome; ★ Alterabilidade - inclusão, mudança, exclusão; o prenome é definitivo salvo quando háerro gráfico ou exposição ao ridículo; o patronímico é mutável em casos de a) modificação do estado de filiação; b) casamento; c)alteração do nome do pai e consequentemente do filho; também podem haver causas voluntárias por quaisquer motivos que possam fundamentar uma autorização judicial; ★ Nome artístico é digno de proteção também; ★ Uso proibido em propagandas comerciais sem autorização; ★ Transsexuais: mudança de nome mais facilitada (sem cirurgia de resignação sexual e sem processo judicial); ● Direitos à integridade intelectual: ❖ Direito à proteção à liberdade de pensamento e no direito autoral de personalidade; ❖ Aspecto patrimonial: utilizar, fruir e dispor das produções do espírito e autorizar essas ações por terceiros (art. 29) por meio de edição, transmissão ou adaptação; 3.PESSOA JURÍDICA ● É um conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica; por analogia às pessoas físicas os reconhecemos como sujeitos de direito; ● O que é? É a unidade de pessoas naturais ou patrimoniais que visa à concepção de certos fins, reconhecida essa unidade como sujeito de direitos e obrigações (Maria Helena Diniz); ● O ordenamento concede capacidade de direito (personalidade jurídica) a certo grupo de pessoas ou a conjunto de patrimônio; ● História: fruto do desenvolvimento da sociedade civil, necessidade de organização em grupos com a mesma finalidade (interesses econômicos e sociais); interesses em comum; ❖ Evolução de complexidade; união de conhecimentos, esforços e patrimônios; ❖ Maior estabilidade (não envelhecem, não podem sofrer intervenção em sua integridade física; se alonga no tempo e no ordenamento); ● Características: ❖ Autonomia e independência em relação às pessoas físicas que as compõem. Todo orgânico com vontade própria; ❖ Sujeitos de direito via passiva ou ativa; ❖ No âmbito público visa valores coletivos; ● Função social: ❖ Proteção à dignidade da pessoa humana; ❖ Objetivo de lucro não deve sobrepor-se à proteção do indivíduo; ❖ Deve cumprir certos requisitos e ocasionar bem à sociedade; ex: lei anti-truste; acesso para pessoas com deficiência; ❖ “Responsabilidade social da empresa”; ● Criação da pessoa jurídica: ❖ Vontade humana criadora; - ato constitutivo (no caso privado); ★ Ato constitutivo: declaração de vontade coletiva no caso de associações e individual, no caso de sociedade; ❖ Organização das pessoas e do patrimônio: destinação para certo fim; ❖ Observância das condições legais - requisitos legais - registro civil; (no caso privado ❖ Licitude dos propósitos; ● Princípio da separação patrimonial: o patrimônio das pessoas físicas que compõe a empresa é diferente do patrimônio da empresa jurídica; art. 47, CC; ● Natureza: ❖ Teorias negativistas: contrárias à existência da pessoa jurídica; negam sua personalidade; ❖ Teoria da ficção: o homem é sujeito de direito e a pessoa jurídica é uma criação do legislador, contrária a realidade, mas imposta pelas circunstâncias; finge-se que existe uma pessoa. Pessoa jurídica como ficção jurídica; criação legal ou doutrinária; ente abstrato; sem realidade concreta; mas e a responsabilização? ❖ Teorias realistas: ★ Objetiva/orgânica: pessoa jurídica é como o corpo humano, com a administração sendo o cérebro e os funcionários seriam os membros (analogia à pessoa natural); pessoa jurídica não tem tal existência concreta, e a responsabilização? ★ Técnica: a pessoa jurídica resulta de um processo técnico, a personalização, pelo qual a ordem jurídica atribui personalidade a grupos em que a lei reconhece vontade e objetivos próprios. São uma realidade, não uma ficção. São entes de existência própria, são autônomos; realização de negócios jurídicos; dotadas de patrimônio; sujeito de direitos e deveres; instituída e regulada pelo Direito; ● Classificação: art. 40, CC ❖ De direito público - interno (estados, cidades, autarquias, sindicatos) ou externo (Estados e comunidade internacional); ❖ De direito privado - associações, sociedades e fundações; não se compreende no conceito de pessoa jurídica a empresa, pois pode ser desenvolvida tanto por uma pessoa física quanto por pessoa jurídica (sociedade empresária); Pessoas jurídicas de direito privado ● União de vontades; voluntarismo dos particulares; ● Art. 44 (quais são as pessoas jurídicas de direito privado?); ● Nascimento da pessoa jurídica (formalmente): ❖ Sucessão de atos (complexidade): I. Ato constitutivo: declaração da vontade coletiva; concretização da vontade dos sócios, define objetivos, capital empregado, regras disciplinadoras. Dele consta o estatuto, ato pelo qual se disciplina a a atividade da pessoa jurídica: regimento interno em acordo com a lei; II. Registro: ato constitutivo no Registro Público competente. Momento essencial para a criação. Natureza constitutiva do ente (aquisição da personalidade jurídica); deve ser feita pelo órgão competente: A. Sociedade empresarial - junta comercial; B. Sociedade simples, associação e fundação - cartório de registro de pessoa jurídica; C. Empresas bancárias, empresas de mineração (excessão) - prévia autorização do Estado - áreas estratégicas; ● Diferença de capacidade jurídica entre pessoa física e jurídica: ❖ Ente não tem existência psicofísica: ★ Capacidade ligada principalmente a aspectos patrimoniais; ★ Pode passar por transformações pelas quais pessoas jurídicas não passam (ex: fusão); ❖ Vontade da pessoa jurídica: ★ Teoria da representação necessária: não tem existência física, não pode estar presente (diferente dos incapazes); ❖ Direitos de personalidade da pessoa jurídica: nas pessoas físicas a personalidade é autônoma e original e nas pessoas jurídicas é meramente instrumental, meio de realização de vontades sociais; ★ Art, 52 - protege a personalidade; só pode ser aplicado em questões patrimoniais como no direito de imagem, nome e honra; ★ SÚMULA 722, STJ: pessoa jurídica pode sofrer dano moral (é indenizável); Crítica: no fundo, todas as questões convergem para o viés patrimonial; I. Dano moral: dificuldade de quantificação, valoração do dano?; capacidade econômica do agente é seu grau de culpa; II. Dano material: extensão do dano; princípio da correlação (dano e reparação); excessão: art. 944, par único (solidariedade); dano material pode ser calculado por: ➔ Danos emergentes (imediato, concreto); ➔ Danos cessantes: período de cessação de lucros; ● Responsabilidade civil: obrigação de indenizar decorrente de ato ilícito; negócio jurídico lícito; representante legal válido - pessoa jurídica é responsabilizada; (art. 47 representação/responsabilidade) ❖ Aparência: representante ilegítimo deve ser punido; Se os agentes ou representantes desta tiverem pessoalmente cometido o delito ou forem co-autores dele, merecem punição por estas circunstâncias, porque, sendo pessoalmente imputáveis, respondem pelo ato delituoso. Mas a pessoa jurídica, como entidade abstrata, não poderia ser criminalmente responsável. ❖ Responsabilidade extracontratual (aquiliana): ★ Representante realiza ato ilícito - empresa realiza responsabilidade; “ação de regresso” - análise da culpa; proteção do indivíduo (vítima) já que a empresa tem maior poder aquisitivo; responsabilidade indireta; ❖ Teoria dos atos “ultra vires”: o representante age além do que estava previsto, em excesso e representante é responsabilizado (proteção da pessoa jurídica);❖ Pessoa jurídica não pode ser penalizada pois é abstrata; hoje podem ser sancionadas por crimes ambientais; assunto controverso na doutrina; direito penal como ultima ratio; ● Nacionalidade nacional ou estrangeira: ❖ Questão das multinacionais: capital e membros de várias nacionalidades. Qual a nacionalidade: ❖ Teoria da constituição: local do regramento jurídico da pessoa jurídica; se a nacionalidade da pessoa moral traduz a sua subordinação a uma ordem jurídica determinada, ou a sua dependência originária a um ordenamento legal, o que se tem a examinar é a sua articulação com a ordem jurídica que presidiu à sua criação. ❖ Características da nacionalidade: permanente; ● Desconsideração da personalidade jurídica: ❖ Princípio da separação patrimonial: total independência patrimonial e individual da nova entidade relativa aos membros que a constituem; ★ Separação entre pessoa física e jurídica em relação ao patrimônio pode suscitar fraude; confusão de patrimônios; a disregard doctrine tem sido usada como barreira; ★ “Disregard doctrine” - EUA; desconsidera a separação patrimonial, o patrimônio individual pode ser usado para garantir responsabilização pessoal; desconsidera-se, diante de caso concreto, a personalidade jurídica; desaparece a autonomia patrimonial; ★ Desconsideração é sempre episódica; ★ Ex: art. 55 - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. ★ Teoria maior da desconsideração: mais requisitos para a pessoa jurídica - casos de maior ilicitude (CC); ★ Teoria menor da desconsideração: menos requisitos; mais hipóteses para considerar, sempre que for interesse dos credores, a pessoa jurídica poderá ser desconsiderada (CDC); ★ A separação de patrimônio é muito importante para a segurança jurídica; ★ “Função social da empresa”; ● Modificação das pessoas jurídicas: a partir de uma transformação, a pessoa pode mudar sua espécie (art. 113 e ss, CC); (as sociedades simples não se transformam) ❖ Transformação: mudança de classificação quanto a espécie; modificação do estatuto social; deve haver previsão no ato constitutivo; maioria ou unanimidade dos sócios; ❖ Incorporação: pessoas jurídicas menores são incorporadas a uma maior; há a continuação da existência da sociedade incorporadora; ela passa a suceder as incorporadas em direitos e obrigações; ❖ Fusão: criação jurídica de uma nova pessoa jurídica com a junção de duas sociedades originárias; se extingue as antigas; há junção de patrimônio e absorção de dívidas; há novo ato constitutivo; novo registro; ❖ Cisão: separação de certa sociedade; divisão de patrimônios, direitos e obrigações. Pode haver criação de novas pessoas jurídicas (oq geralmente acontece); ● Fim da pessoa jurídica: (art. 1033 ss, CC) ❖ Causas de três naturezas: I. Convencional: no decurso do tempo da pessoa jurídica, se houver prazo determinado desde sua criação; dissolução deliberada entre os sócios; falta de pluralidade entre os sócios por exemplo; II. Legal: possibilidade de extinção prevista em lei; III. Judicial: perda de autorização do poder público; o fim social da empresa é violado; ❖ Fase da liquidação: apuração dos bens e patrimônios e consequente pagamento de seus débitos de qualquer natureza ; ❖ Fse da dissolução: cancelamento no órgão de inscrição da pessoa jurídica, dada por registro; art. 51, CC; ● Tipos de pessoas jurídicas: art. 44, CC ❖ Sociedades: objetivo sempre de natureza lucrativa, necessário um patrimônio; direitos e obrigações recíprocos; ★ Simples: união intelectual; artística, sem fins de empresa; ★ Empresária: atividade econômica organizada; administradores; ❖ Associações: conjunto de pessoas que se reúnem com interesses não econômicos; ★ Não visam lucro; finalidades específicas, por exemplo, esportivas, filantrópicas, etc; é possível haver ganho financeiro, não é dividido entre os sócios, mas investido na própria associação; ★ Organizações religiosas e partidos políticos; ★ Regidas por estatuto social - art. 54, CC; elementos essenciais; ★ Vincula membros originais a todos que entram posteriormente; ★ Igualdade dos associados: é possível criar critérios objetivos de diferenciação - art. 55; ★ Qualidade de associado é intransmissível - art. 56; ★ Associados podem ser excluídos por justa causa - art. 57; ★ Extinção da associação: bens não são divididos, são apenas ressarcidos os sócios e o patrimônio remanescente é destinado a ações de fins semelhantes, se não houver, o patrimônio vai para a União; ❖ Fundações: arts. 62 ss, CC: conjunto de bens destinado a uma finalidade específica definida pelo instituidor, dotado de personalidade jurídica; ★ Elementos: patrimônio + finalidade + afetação do patrimônio; ★ Existência de bens livres: não podem estar vinculados, ter ônus nem ser objetos de hipoteca; ★ Finalidade: assistência social, educação… Deve ser produtiva para a sociedade, sem visar o lucro; ★ Constituição: (???) ★ Registro + atuação do MP: aprovação do estatuto; avaliação durante existência; ★ Art. 63; ★ Art. 64; ★ Art. 69; ❖ Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI): ★ Criação mais recente, lei de 2011; ★ Art. 980-A; ★ Inovação: pessoa jurídica constituída por um único indivíduo; ★ Há separação de patrimônio; ★ Capital mínimo de criação: 100 salários mínimos; ★ Não abrange microempresários; ★ Pode haver desconsideração; ❖ Entes atípicos: não são vistos como pessoa jurídica regular; são grupos despersonalizados que realizam negociações jurídicas; não tem ato constitutivo; ★ Doutrina: como são sujeitos de direito? Apesar de não serem pessoas, eles tem capacidade de agir, processualmente inclusive; ★ Art. 75, CPC - representação judicial; ex: sociedade irregular, família, massa falida, condomínio... DOMICÍLIO ● É a sede jurídica do indivíduo, o lugar onde ela se presume presente para os efeitos do direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos; ● Há a concretização da privacidade, principalmente na vida moderna; ❖ Protegido pela inviolabilidade: art. 5º, XI, CF; ● Moradia - provisória; ex: aluguel p temporada; ● Residência - permanência, estabilidade relativa; ● Domicícilio: ❖ elemento objetivo; ❖ Elemento subjetivo; ❖ Domicílio múltiplo: pessoa pode ter mais de um domicílio (art. 71); ❖ Domicílio ocasional e aparente: lugar onde a pessoa se encontra; ● Classificação: I. Necessário ou legal: decorre da lei; em razão da situação: art. 76: tem domicílio necessário o servidor público, o incapaz, o marítimo e o preso; II. Voluntário: (regra) A. Geral; B. Especial/de eleição: art. 78 - referente à contratos, as partes indicam o local; refere-se à temporalidade e limitação; i) Cláusula de eleição de foro: ligada à região/cidade, as partes determinam um foro para dirimir eventuais problemas do negócio jurídico; ii) Cláusulas abusivas: pode acontecer na cláusula de foro quando, por exemplo o foro for muito longe. Ex: negócio em jf, foro no Acre; o art. 63, par 3 do NCPC alarga a possibilidade de considerar cláusula abusiva em contratos de adesão (quando não há negociação entreas partes); ex: contratos bancários; C. Domicílio profissional: (art. 72, CC) mora em jf mas trabalha em SD, o trabalho é o domicílio profissional; ● Mudança de domicílio: art. 74; elementos objetivos e subjetivos; intenção de mudar e mudança de fato; o par. Único não acontece; a mudança se concretiza a partir de elementos objetivos (compra da casa, matrícula em escola…); transferência de título de eleitor é comum (domicílio eleitoral); ● Importância: tanto no direito processual (onde há ação, obrigação…); sucessão; direito das obrigações, há importância factual; DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA ● Art. 75: sua sede jurídica, onde se constitui, se estabelece; em regra é criado no ato constitutivo; ● Pessoas de direito público; ● Pessoas de direito privado; ❖ Domícilio legal: pár. 2: sede no exterior mas com domicílio no Brasil; ❖ Domicílio convencional: regra; ❖ Multiplicidade: pár. 1; ❖ SÚMULA 363, STF: concretiza a multiplicidade de domicílios; se facilita a promoção de ações; “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.” 4. BENS 4.1) Conceito: aqueles suscetíveis de valoração jurídica, possuem utilidade e importância; ❖ Relação jurídica: sujeito ativo, passivo e objeto; objeto da relação: bem sobre o qual irá recair o direito subjetivo desse sujeito ativo e a partir do qual o sujeito ativo exige ao passivo alguma coisa; ex: bens economicamente apreciáveis; direito de personalidade; PI... ● Não precisam ter existência física; há uma amplitude, alguns visualizam o meio ambiente como bem jurídico, por exemplo, ou mesmo a informação; 4.1.2) Bens e coisas: ❖ Coisa é um gênero e bem é uma espécie; o bem teria valoração jurídica ou econômica, úteis, raros, importantes e específicos; (Francisco Amaral); ❖ Bem é mais amplo e coisa é mais específico, bens são tudo que satisfaz os seres humanos como “um belo pôr do sol”; ★ Bens jurídicos: podem ser ou não materiais; satisfazem nosso desejo; ★ Coisas: análise da materialidade, existência concreta; (Caio Mário); 4.1.3) Classificação: 1) Bens considerados em si mesmos: a) Incorpóreos e corpóreos: não está claro no cc; possibilidade de serem tocados, materiais, perceptíveis; corpóreo: material; incorpóreo: abstrato; I) Bens móveis e imóveis: (art. 79 a 84) A. Imóveis: não podem ser transportados sem que haja alteração em sua essência, constituição; solo e incorporados ao solo: a) Natureza; b) Cessão artificial: ser humano incorpora ao solo (casa); c) Cessão natural: alevião; d) Legal: quando a lei prevê que aquilo vai ser visto como imóvel (art. 80) B. Móveis: transportáveis; art. 80; ➔ Natureza: capacidade natural de deslocamento; ex: navios automóveis; antes, aeronaves e navios eram considerados imóveis por seu porte e $$ mas hj a doutrina majoritariamente os considera móveis; ➔ Antecipação: inicialmente imóveis que o ser humano torna móvel; ex: tronco de árvore, frutos; ➔ Casas móveis são consideradas pelo ordenamento como imóveis; ex: trailer; ➔ Bens imóveis antes tinham maior proteção, hoje isso nem sempre se justifica pelos altos preços atuais de bens imóveis; III) Fungíveis e infungíveis: A. Fungíveis: substituíveis, vinculados aos bens móveis; ex: dinheiro (pensar no troco); art; 85; geralmente determinados por peso, números, o que possibilita a troca pela mesma espécie; B. Infungíveis: insubstituíveis, ex: obra do Picasso; raros, específicos, especiais; ➔ Consequência: art. 303 - não se pode exigir substituição, pode ser tornada infungida ao longo do tempo; IV) Consumíveis e inconsumíveis: A. Consumíveis: se perdem após o uso; ex: alimentos; perde a substância, sua qualidade, seu valor; ➔ Consumibilidade natural: se exaure no primeiro uso; ➔ Consumibilidade jurídica: art. 86 - parte final; destinado à alienação; à venda como finalidade por exemplo; transmitido a outra pessoa; B. Inconsumíveis: podem ser utilizados várias vezes e sua integridade não se perde; V) Divisíveis e indivisíveis: A. Divisíveis: capacidade de ser dividido sem perder valor; ex: saco de feijão; pode ser fracionado; medidos em determinada quantidade; B. Indivisíveis: não podem ser divididos pois perdem sua capacidade essencial; a) Natureza: animais; b) Legal: art. 88; possibilidades soltas pelo código; c) Partes: acordo entre contratantes (prestações $ em à vista) art. 259; VI) Singulares e coletivos: A. Coletivos: vários bens singulares; ex: obra de arte, galeria/ livro, biblioteca/ árvore, floresta; a) Universalidade de fato: determinados pela realidade; reunião clara dos bens; b) Universalidade de Direito: entes atípicos; herança; massa falida; confere-se unidade aos bens; o patrimônio é unido; união de bens pelo direito, antes espalhados; art. 90 e 91; b) Reciprocamente considerados: considerados em relação ao outro: I) Principais e acessórios: A. Principais: existência autônoma; independente; função por si mesmo; B. Acessórios: vinculados; dependem; ex: solo-principal; árvore-acessório/ crédito-principal; juros-acessório; ➔ Princípio da gravitação jurídica: ideia de subordinação e dependência do bem acessório e do bem jurídico; se o principal é extinto, o acessório também é; art. 92; ➔ Pertenças: art. 93; há divergências na doutrina; são um tipo de bem acessório; bens que se destinam a facilitar e tornar mais útil a coisa principal; NÃO é parte integrante do bem; casa + ar cond./carros + som; não seguem o princípio da gravitação jurídica; 1) Frutos: produzidos de forma periódica pelo bem principal; frutos e vegetais; 1. Periodicidade; 2. Inalterabilidade substancial da coisa principal; 3. Destacável da coisa principal; ➔ Naturais; ➔ Industriais: dependem da ação humana; ➔ Civis: rendimentos; ➔ Pendentes: ainda unidos à coisa principal; ➔ Percebidos: separados da coisa principal; ➔ Estantes: separados e armazenados; ➔ Percipiendos: deveriam ter sido separados mas não foram; ➔ Consumidos: foram consumidos; 2) Produtos: se tirados, há alteração da coisa principal; o bem principal sofre esgotamento; ex: petróleo - posto (principal); pedras preciosas nas minas; 3) Rendimentos: prestações periódicas em dinheiro; aluguel; em razão do bem principal; 4) Benfeitoria: despesas, serviço, todo o processo, pode-se confundir com pertenças; melhoramento da coisa principal; ➔ Necessárias: evitam deteriorização da coisa; ➔ Úteis: aumentam o valor e utilidade do bem; ex: piscina; ➔ Voluptuárias: recreação, prazer; ex: fonte de jardim; c) Bens considerados em relação ao sujeito: arts. 98 ao 103 A. Públicos: titular é a pessoa jurídica de direito público; em regra não podem ser alienados; ➔ Comum: qualquer cidadão pode utilizar; pode exigir pagamento; ➔ Uso comercial: utilizado pelo poder público para instalação do poder público; ➔ Dominicais: patrimônio estatal disponível; sem utilidade, nesse caso, pode ser alienado; oab B. Privados: os que não são públicos; art. 98; d) Bens dentro e fora do comércio: existia no CC de 99; há alguns bens que podem ser alienados, transferidos; fora do comércio não podem; (ar, água, bens públicos - exceção dominicais, corpo humano.
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