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Aula 3 - A ética em Aristóteles. Prof. Clauberson Rios Amicus Plato, sed magis amica Veritas Platão é amigo, porém mais amiga é a Verdade. Aristóteles (384-322 a.C.) • Talvez não seja exagerado afirmar que é com Sócrates, sobretudo o “Sócrates” platônico, que a discussão sobre a Ética se inicia, mas certamente foi com Aristóteles que a Ética apareceu como disciplina constituída, como estudo sistemático, com contornos mais precisos. • Corpus Aristotelicum Ética a Nicômaco, texto mais comentado Ética a Eudemo Magna Moralia Da Virtude e dos Vícios (texto apócrifo) Política Metafísica De Anima • Apesar de ser discípulo de Platão por quase duas décadas, Aristóteles não aceita a divisão dos mundos em Sensível e Inteligível. • Ele não pode aceitar o modelo ético que tem como guia das ações o Mundo das Ideias. • O bem, que deverá orientar as ações moralmente boas do agente, não podem consistir em um Ideia. • A partir desta rebelião de Aristóteles, o estagirita precisa de outra concepção de Bem, orientadora das ações do agente moralmente bom. • O que deve orientar a ação moralmente boa deve ser a busca pela felicidade. Possíveis caminhos da felicidade: A vida dos Prazeres A vida das Honras A vida Contemplativa A vida Virtuosa A VIDA DOS PRAZERES • Ele não propõe um modelo ético hedonista em que o fim a ser buscado seria dado pelo • prazer. • Porém, Aristóteles não desconsidera a importância deste fator. • Ainda que a vida feliz pressuponha algum prazer, a felicidade não se confunde com o prazer. • Enfim, o prazer em si não é um bem, mas também não é um mal, como se poderia pensar a partir de Platão. • Importância dos desejos e prazeres A VIDA DAS HONRAS • De fato, sob um rápido olhar, as honrarias seriam uma garantia de felicidade, que o digam os mais variados exemplos dos heróis gregos que compõem a mítica da literatura antiga. • Contudo, a vida guiada por honras é uma saída que vai ser descartada por Aristóteles ao entender que a honras dependem mais de que as concedem do que de quem as recebe. • Como para o estagirita um das características do homem seria a autonomia, felicidade não pode se identificar com as honras depositadas por outrem. A VIDA CONTEMPLATIVA • Embora importante para Aristóteles – e a rigor, enquanto “filho” de Platão, esta caraterística nunca será apagada do espírito do estagirita – a razão contemplativa, por si, não dá conta da complexidade da experiência humana, pelo menos enquanto práxis (prática). • Na contingência do mundo o agente moral precisa detectar qual a melhor ação em cada caso em particular. A VIDA CONTEMPLATIVA • Diferentemente de Platão, que investe, como vimos, numa razão contemplativa, numa razão científica, Aristóteles irá propor um outro tipo de racionalidade: uma razão prática. • Uma razão capaz de calcular, na contingência do mundo, qual a melhor ação dentre as ações possíveis, quais ações devem ser executadas para atingir um determinado fim. A VIDA VIRTUOSA • Aristóteles propõe que uma ação, para ser considerada virtuosa, portanto moralmente boa necessita atende a um certa moderação, a uma mediania, a um JUSTO-MEIO. • Este JUSTO-MEIO não se trata de um meio mecânico, matemático, aritmético da metade, senão um mesotés, um meio que varia caso a caso. • Mas isso não nos levaria, por exemplo, ao mesmo relativismo de Protágoras? A VIDA VIRTUOSA • Toda ação e sentimento há um EXCESSO, uma FALTA e um JUSTO-MEIO. • As ações podem ser viciosas tanto por EXCESSO quanto por FALTA. Mas se houver uma justa medida entre estes extremos, se elas atendem a um JUSTO- MEIO, são virtuosas. • Por exemplo, vejamos a coragem como sendo uma virtude. A VIDA VIRTUOSA • A FALTA de coragem pode ser considerada um vício: a covardia. Já o excesso de coragem,a temeridade, também é um vício, pois a temeridade pode, por exemplo, fazer um general arriscar a vida de seus soldados sem a promoção de qualquer ganho em contrapartida. • Apenas pode ser considerada corajosa uma ação resultante de um impulso adequado, moderado, que atende a um JUSTO-MEIO, fazendo com que o agente não aja nem por excesso nem por falta, mas virtuosamente. A VIDA VIRTUOSA • Mas o problema é que o JUSTO-MEIO varia caso a caso: varia segundo o agente, segundo o objeto, segundo o contexto no qual a ação ocorre, ou seja, não sendo possível determinar uma ação virtuosa incondicionalmente para TODOS os indivíduos. • A ação virtuosa em Aristóteles requer um trabalho contínuo de avaliação dos vícios e a construção de uma saída virtuosa para aquela específica ação. A VIDA VIRTUOSA • Essa maleabilidade conferida pelo JUSTO-MEIO faz com que o modelo ético aristotélico difira dos modelos universalistas, conferindo a ela a possibilidade de se considerar a diversidade cultural, de contextos, de agentes morais na determinação das ações virtuosas, moralmente boas. • O resultado deste exercício contínuo seria a felicidade em Aristóteles. FELICIDADE E EDUCAÇÃO • A felicidade, portanto, não é obra do acaso, mas pode ser alcançada com um bom cálculo das ações a serem realizadas. • Daí ser a educação algo tão importante para Aristóteles, pois ela pode criar o hábito (ETHOS) que irá promover a execução deste exercício.
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