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Economia - Modulo 2

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Responsável pelo Conteúdo: 
Professor Ms. Guilherme Antonio Ziliotto 
 
Revisão Técnica: 
Profª Ms. Herida Cristina Tavares 
 
Revisão Textual: 
Profa Ms Eliane Nagamini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode ser que no começo dos estudos a Microeconomia pareça diferente de 
outras matérias que você tenha estudado antes. Isso acontece algumas vezes 
porque ela é uma disciplina que usa conceitos abstratos, isto é, representa 
fenômenos reais através de ferramentas ideais. Mas com algum esforço e a mente 
aberta para novas ideias, você será premiado com uma nova forma de pensar e 
ver o mundo real. 
 
 Valor, Preço,Objetividade e Subjetividade 
 Principais Teorias 
 Microeconomia vs. Macroeconomia 
 Principais Temas da micro Empresa 
Nesta unidade, estudaremos os principais temas relacionados à 
Microeconomia, isto é, a parte da Economia que estuda mais de 
perto o funcionamento das empresas e como elas se comportam no 
ambiente competitivo. 
 O Mercado 
 O Comportamento do Consumidor 
no Ambiente de Negócios 
 
8 
 
 
 
 
Quando nos referimos ao termo “microeconomia”, estamos tratando das 
questões econômicas que são dadas em um determinado mercado, alguns poucos 
mercados, um setor ou mesmo apenas uma unidade produtiva. Por isso é usada a 
palavra “micro”, que significa que estamos olhando a economia de bem perto. 
Nesta unidade, estudaremos as questões e os princípios mais básicos deste 
segmento da Ciência Econômica. Veremos também, simplificadamente, de que 
forma comportam-se e interagem os principais “agentes econômicos”, isto é, as 
pessoas ou grupos de pessoas representadas por seus interesses econômicos 
distintos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
Uma das principais perguntas perseguidas pelos economistas, mesmo nos 
primórdios desta ciência, foi a de entender o que dá valor aos bens. Durante 
séculos os economistas debateram-se sobre esta questão do valor – que será 
explicada mais detalhadamente no tópico a seguir - sem, contudo, conseguirem 
uma resposta plena e satisfatória, ao menos do ponto de vista quantitativo, para 
este tema. 
Partiram, posteriormente, para a tentativa de determinação dos preços. 
Neste caso, sim, a teoria evoluiu satisfatoriamente para uma teoria de 
determinação de preços de mercado e, associados a estes preços, as quantidades 
de compra e venda que dariam estabilidade a este mercado. A este grupo de 
questões denomina-se Teoria do Consumidor. 
A microeconomia investiga também questões ligadas ao produtor. As 
questões mais importantes são a determinação da quantidade a ser produzida para 
que se obtenha o menor custo possível - por unidade de bem produzido - e, ao 
mesmo tempo, o máximo lucro possível. Trata-se da Teoria do Produtor. 
Finalmente, outro grupo importante de questões da microeconomia é o 
estudo das Estruturas de Mercado, cujo objetivo é entender as formas mais 
comuns de interação entre compradores e vendedores de um determinado tipo de 
bem. A avaliação sobre esses modelos de concorrência permite-nos entender 
de forma mais específica como as empresas competem e como os compradores se 
comportam dentro de ambientes competitivos variados. 
Nesse momento, esses conceitos provavelmente são bastante abstratos para 
o aluno; mas não se preocupe, trataremos de cada um deles a seu tempo e todos 
serão explicados ao longo da unidade e praticados nos exercícios. 
 
 
Como vimos na Unidade 1, a microeconomia diferencia-se bastante da 
macroeconomia, tanto quanto ao tema tratado como nas metodologias de estudo. 
De um lado, a microeconomia, na sua visão “neoclássica” (que é nosso objetivo) é 
uma construção teórica bastante abstrata que busca verificar os comportamentos 
racionais das empresas, consumidores e, no máximo, de algum setor em conjunto. 
Por outro lado, a macroeconomia busca explicações para temas mais amplos, 
como aqueles ligados a um país ou uma região, ou no mínimo para o agregado de 
algumas classes ou setores econômicos. 
 
 
 
10 
 
A metodologia também é, na maioria das vezes, distinta. Na 
macroeconomia o estudo dá-se mais por indução, isto é, partimos de casos ou 
fenômenos conhecidos, muitas vezes através de dados históricos, e tentamos 
entender as leis gerais que determinaram estes casos ou fenômenos. Um desses 
métodos é o uso de instrumentos estatísticos - mais propriamente, econométricos - 
para tentarmos avaliar o comportamento de variáveis macroeconômicas. Já na 
microeconomia neoclássica, a lógica é normalmente dedutiva. A racionalidade por 
trás dos fenômenos está dada pela própria lógica dos agentes e alguns axiomas 
fundamentais, e a teoria é construída sobre estas bases. Naturalmente, é possível (e 
sempre desejável) a posteriori verificar se as teorias são confirmadas pelo mundo 
real. 
 
Princípios básicos no estudo da Microeconomia 
O estudo da microeconomia exige que tenhamos em mente alguns 
pressupostos e princípios, detalhados a seguir. 
 
Economia como ciência objetiva 
O estudo da microeconomia conforme proposto aqui, corresponde a uma 
visão chamada de “neoclássica”. Nessa visão, a economia é tratada como uma 
ciência objetiva, em que são definidos alguns axiomas (princípios básicos e dados 
como certos) e toda a teoria é desenvolvida a partir desses axiomas de forma lógica 
e, por vezes, matemática. Em alguns casos isso representará alguma simplificação 
da realidade, mas com isso tem-se o benefício de um maior avanço nas conclusões 
e uma maior formalidade na construção da teoria. 
Existe, naturalmente, a possibilidade de testar, ao final, se as teorias 
encontram respaldo na realidade, o que denominamos de “testes empíricos”. A 
teoria microeconômica tem evoluído muito desta forma, com da construção de 
modelos teóricos e, a partir daí, a verificação se a realidade é suficientemente 
explicada com base nestes modelos. 
 
 
Utilidade 
Utilidade é a característica que os produtos e serviços têm de satisfazerem 
necessidades ou desejos das pessoas e empresas. Esse conceito de “utilidade” 
aproxima-se do uso cotidiano que damos para a palavra. Podemos dizer que um 
litro de água tem utilidade por vários motivos. Pode ser usado para saciar a sede; 
 
 
 
11 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui pode ser usado para lavar a louça; pode ser usado para cozinhar alimentos. O 
conceito de utilidade está ligado, em parte, à característica daquele produto em 
satisfazer necessidades ou desejos das pessoas. 
Além desse aspecto mais óbvio, os bens também podem ter utilidade mais 
abstrata. Por exemplo, um diamante, que a princípio não é um bem “essencial” 
para a sobrevivência humana, tem utilidade porque pode ser considerado como 
um artigo que embeleza um adereço ou uma pessoa. Dessa forma, a pessoa que 
adquire um diamante encontra utilidade nesse objeto, por mais “supérfluo” que 
possa parecer a princípio. Vale mencionar também que um serviço também 
carrega uma determinada utilidade. Cortar os cabelos, por exemplo, é um serviço 
que tem sua utilidade. 
Finalmente, outro aspecto que não deve ser esquecido sobre a utilidade é 
que ela é subjetiva. Isto é, a percepção de “quão útil” é um determinado produto 
depende do seu utilizador ou comprador. Depende também do momento e da 
necessidade atribuídaàquele produto em um dado momento. Portanto, a utilidade 
de um litro d’água para um habitante de uma casa com água encanada abundante 
é diferente da utilidade do mesmo litro d’água atribuída por um habitante do 
deserto do Saara. A utilidade é subjetiva porque depende do uso que será dado a 
determinado bem, das preferências das pessoas, do momento do consumo, entre 
outros fatores. 
 
 
Escassez 
Este é um dos conceitos mais importantes da economia e, ao mesmo 
tempo, um dos que algumas pessoas encontram mais dificuldade. Por isso, exige 
maior atenção. 
Escassez significa, literalmente, a falta ou a iminência da falta de algo. Ou 
seja, escassez é o oposto de abundância. Entretanto, escassez, no seu sentido 
econômico, não significa que não há nenhuma quantidade disponível de um 
determinado objeto, mas sim que não há quantidades infinitas desse objeto à 
disposição, e/ou que há um custo para a obtenção deste objeto. 
 
Por exemplo, um caso evidente de produto escasso é o petróleo. Não só é 
uma substância rara, mas também tem sua quantidade limitada pela própria 
natureza. Não há “infinitos” litros de petróleo no mundo. Há o que está nos 
reservatórios do subsolo e do oceano e nenhuma gota a mais. 
 
12 
 
O que dizer dos alimentos, por exemplo, como o milho? Não há uma 
quantidade pré-determinada de milho no mundo. Há a quantidade que está 
disponível hoje, mas podemos plantar mais e mais, de forma indefinida (pelo 
menos ao longo do tempo). Podemos então dizer que o milho não é um produto 
escasso? A resposta é um sonoro “NÃO”. Apesar de existir em grandes 
quantidades, há um custo para se obter milho. Deve-se plantar, há um custo para 
cultivá-lo, colhê-lo, armazená-lo, transportá-lo. Logo, milho entra também na 
categoria econômica de produtos escassos. 
 
Bens 
Uma vez explicados os conceitos de utilidade e escassez, podemos agora 
definir o que são bens. Resumidamente, um bem, no sentido econômico, é 
qualquer produto ou serviço que tem utilidade e é escasso. Assim, uma substância 
tão importante quanto o ar que respiramos normalmente, em sua forma natural 
disponível em abundância, não pode ser considerado um bem econômico por não 
haver escassez, salvo em situações ou condições especiais. Outros itens são 
escassos, porém não são considerados úteis ou mesmo maléficos e, portanto, 
também não são considerados bens econômicos. Alguns exemplos seriam o lixo 
doméstico, materiais descartáveis utilizados, a poluição, entre outros.1 
O leque de opções desse conceito é bastante amplo. São considerados bens 
não somente os produtos e serviços finais que consumimos diariamente. Os 
materiais, produtos e serviços que utilizamos para a produção de outros bens 
também são considerados bens (os chamados bens intermediários de produção e 
bens de capital). Logo, uma máquina utilizada na fabricação de carros é um bem. 
O próprio trabalho utilizado na produção é um bem. Além, é claro, do produto 
final, o carro, que neste caso é denominado de bem final ou bem de consumo 
(neste caso um bem de consumo durável). 
 
 
Agentes Econômicos 
Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de 
decisão na economia, seja pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias 
empresas e o governo podem ser considerados agentes econômicos per se. O 
 
1 Produtos que são considerados nocivos ou indesejáveis têm utilidade negativa, e são considerados 
“males”. 
 
 
 
13 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui termo agente vem do fato de que esses indivíduos, grupos, governo, entidades ou 
empresas agem na economia e a ação tem algum efeito ou impacto em seu 
funcionamento. 
 
 
Racionalidade 
Um dos princípios mais elementares da microeconomia é a racionalidade. 
Racionalidade, no sentido microeconômico, significa duas coisas. Primeiro, que os 
agentes econômicos desejam sempre obter o máximo de utilidade.2 Isto é 
conhecido pelo termo “maximização da utilidade”. Trata-se de um princípio 
bastante intuitivo, mas ao mesmo tempo de fundamental importância para a teoria 
microeconômica. Outro fator da racionalidade é a consideração de que os agentes 
econômicos conhecem as regras básicas de funcionamento de seus negócios e de 
economia como um todo, conseguindo, com base nessas regras, tomar decisões de 
consumo e produção. 
 
O que dá valor aos produtos e serviços 
O que é valor? 
O valor é a característica da importância econômica de um determinado 
bem quando é trocado pelos agentes econômicos. Um bem que vale R$1.000 
é duas vezes mais importante economicamente que um bem de R$500. Assim, 
a importância econômica de um bem é refletida no valor pela qual é 
transacionado entre as pessoas, sendo de particular importância a relação de 
valor entre os bens e não sua representação de valor na forma monetária (ou 
seja, é importante percebermos o valor real, e não somente o valor nominal, 
dos bens). 
O que dá valor aos bens? 
A questão do valor ocupou as atenções dos filósofos, cientistas sociais e 
economistas desde que se tem notícia. A dúvida fundamental é: o que dá valor 
às coisas? Por que os bens têm o valor que têm? Por que bens tão essenciais 
como a água são trocados por valores relativamente baixos enquanto bens não 
essenciais, quase “inúteis”, como o diamante, tem valor altíssimo? 
 
2 Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de decisão na economia, seja 
pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias empresas e o governo podem ser considerados 
agentes econômicos per se. 
 
14 
 
Trata-se de um tema fundamental para profissionais de qualquer setor 
econômico, sobretudo para profissionais de Marketing. Ao saber identificar o que 
dá valor aos bens, os profissionais poderão focar esforços naquelas atividades e 
características que “agregam mais valor” aos bens, em detrimento de outras 
atividades menos profícuas. 
 
 
 
A principal “escola” econômica que tratou da questão do valor foi a Escola 
Clássica, cujos principais expoentes foram Thomas Malthus, Adam Smith, John 
Stuart Mill, David Ricardo, Karl Marx, entre muitos outros. Essa escola de 
pensamento econômico foi dominante durante o século XIX. 
Na concepção dos autores clássicos, o que dá valor aos bens é o trabalho 
humano. Um determinado bem é mais valioso se há necessidade de muito 
trabalho humano para que ele seja obtido; enquanto que um outro bem será 
menos valioso se pode ser obtido ou construído com relativamente pouco trabalho. 
Essa concepção atingiu várias formas, mas teve seu ponto de maior rigor teórico 
nos trabalhos de Karl Marx. No entendimento de Marx, o valor é dado pelo tempo 
de trabalho socialmente necessário para a produção deste bem. Dessa forma, 
explicar-se-ia a questão do valor da água e do diamante. O diamante tem valor 
alto porque é extremamente raro e exige muito tempo de trabalho para ser 
encontrado, trabalhado e lapidado, até que seja transformado em um ornamento e 
jóia. Por outro lado, a água que pode ser encontrada em abundância, exige pouco 
trabalho da sociedade (pelo menos em relação aos diamantes, mais raros e de 
difícil obtenção). Por isso, exigindo pouco trabalho, apesar de mais essencial, a 
água tem um valor menor. 
Apesar de mais satisfatória que teorias anteriores, essa interpretação não 
explicava, por exemplo, por que o mesmo bem era comprado e vendido a preços 
diferentes em diferentes situações. Afinal, se um determinado bem, em 
determinado momento, tem um dado custo social em horas de trabalho por 
unidade de produto, seria dese esperar que seu valor (e, portanto, seu preço) não 
oscilasse tanto. 
A partir da segunda metade do século XIX, começou a tomar corpo uma 
nova visão sobre o valor e os preços das mercadorias. Segundo diversos 
economistas, o valor das mercadorias não poderia ser atribuído a características 
intrínsecas dos bens, nem somente ao trabalho que era exigido para serem obtidos. 
Esta nova escola de pensamento considerava que, ao determinar o valor de um 
bem, as pessoas levam em conta as quantidades adicionais deste bem que estariam 
 
 
 
 
15 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui à sua disposição e, além disso, consideram também os aspectos de valor subjetivos 
que cada pessoas atribui aos bens. Tratava-se de uma visão tão distinta das 
anteriores e que ganhou tanta importância que tomou o nome de Revolução 
Marginalista. Seus principais expoentes, à época, foram William Jevons (1862), 
Carl Menger (1871) e León Walras (1874). 
Essa visão efetivamente revolucionou a forma de se compreender o valor, 
abolindo a interpretação do valor intrínseco dos bens (relativo ao seu material ou 
aos seus custos de produção) e passando a explicar o valor dos bens em função de 
sua abundância relativa e também dos aspectos derivados do desejo das pessoas 
em adquirir tal bem. 
 
 
Por entenderem que o termo “valor” carregava esta visão de uma 
característica intrínseca dos bens, os teóricos do marginalismo passaram a chamar 
suas teorias de teorias de determinação dos preços, a não mais do valor. O valor, 
assim, teria um caráter puro e objetivo, mas de difícil determinação. 
Já os preços são função da relação da sua abundância relativa (em 
comparação com os demais bens) e da necessidade ou desejo que as pessoas têm 
em adquiri-los. Trataremos deste tema no item 3 desta unidade. É importante neste 
momento perceber que a determinação de preços não depende apenas de um 
fator isolado (seu custo ou sua abundância relativa), mas também da necessidade 
ou do desejo que as pessoas têm em adquirir tal bem e do valor subjetivo que cada 
uma atribui a tais bens. 
A partir da Revolução Marginalista fundaram-se diversas escolas de 
pensamento novas, com destaque para a escola neoclássica e para a escola 
austríaca. 
 
Variáveis que Afetam a Percepção de Valor 
Mencionamos no tópico anterior que a determinação de preços depende, 
entre outros fatores, da percepção de valor que as pessoas atribuem a determinado 
bem. Mencionamos também que isto é subjetivo, ou seja, varia de um indivíduo 
para outro e para um mesmo indivíduo, de uma situação para outra. 
Um dos elementos mais importantes na determinação subjetiva do valor são 
os gostos ou as preferências por determinado bem. Pode haver preferências 
naturais de uma pessoa, por determinado alimento em detrimento de outro, que o 
 
 
16 
 
faça preferir este àqueles. O gosto de cada um de nós, portanto, é determinante na 
atribuição subjetiva de valor. Da mesma forma que a mesma pessoa pode atribuir 
um desejo maior ou menor por determinado bem dependendo da situação. 
Quanto você pagaria por um guarda-chuva em um dia de sol? E quanto pagaria 
pelo mesmo bem em um dia de chuva? Provavelmente valores diferentes. 
Provavelmente pagaria também valores diferentes em um momento de chuva se 
estivesse voltando para casa de carro, ou se estivesse indo para uma entrevista de 
emprego a pé. 
Pessoas atribuem valores diferentes a um mesmo bem de acordo com suas 
preferências, de acordo com situações distintas, e dependendo de condições que 
variam. Valor é algo subjetivo. 
 
 
Entendendo, assim, que o valor varia, que é subjetivo, que depende de 
fatores ligados a abundância dos bens, sua utilidade para cada agente, suas 
preferência, etc., passaremos a tentar resolver de forma mais objetiva e formal a 
questão da determinação de preços. Este tópico trata da teoria microeconômica 
dominante de determinação dos preços. 
Os itens a seguir exigirão uma visão diferente do aluno, e uma mente aberta 
para uma forma abstrata de se enxergar fenômenos do cotidiano. Ao ler os 
conceitos e explicações a seguir, tente sempre fazer a ponte entre o que é abstrato 
(a teoria) e o real (exemplos da nossa vida e o mundo à nossa volta). Este é um 
dos pontos em que diversos alunos têm muita dificuldade, o que chamamos de 
“capacidade de abstração”. Entretanto, essa é uma capacidade que pode ser 
exercitada pelo aluno e, com isso, desenvolvida. 
Os alunos que conseguirem desenvolver essa capacidade de pensar de 
forma abstrata passarão a ter sucesso na compreensão de modelos teóricos e terão 
maior chance de sucesso na resolução dos problemas complexos da realidade. 
 
A “Lei” da Oferta e da Procura 
Certamente todos já ouviram, em algum momento, em um noticiário, em 
um artigo de jornal, em um artigo na internet, algum comentário sobre “a lei da 
oferta e da procura”. 
Trata-se de um termo largamente utilizado, de certa forma útil, mas bastante 
impreciso. Em geral, é usado para explicar alguma variação importante de preços 
de um bem. Por exemplo, “o preço do tomate subiu 5,3% neste mês, em razão da 
 
 
 
 
17 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui entressafra do produto. É a lei da oferta e da procura que faz com que o produto 
fique mais caro quando a oferta do produto diminui nos supermercados e nas 
feiras”. 
Em muitos casos a explicação do fenômeno é válida. Faz-se uma avaliação 
do preço de um bem como resposta à disponibilidade dele no mercado (oferta) e 
ao desejo das pessoas em obtê-lo (procura). Entretanto, como um aluno de um 
curso superior, é importante que você utilize termos mais precisos. 
Primeiramente, é importante abolir o uso do termo “lei”. A economia, 
conforme aprendemos na Unidade 1, não é uma ciência exata, e sim uma ciência 
humana. Portanto, é um pouco perigoso atribuirmos aos comportamentos dessa 
ciência o caráter de “leis universais”. A Física pode ter leis universais, como as três 
leis da Termodinâmica. Basicamente porque o átomo comporta-se da mesma 
forma, repetidamente, desde que reproduzidas as mesmas condições. O ser 
humano, contudo, é bem mais complexo, sendo difícil atribuirmos um 
comportamento robótico, previsível ou mesmo repetitivo para suas atitudes. Por 
isso, não falaremos em leis, e sim em teorias, modelos ou hipóteses. 
Outra ressalva importante é trocarmos o termo “procura” por “demanda”, 
que definiremos a seguir. 
Vamos, então, definir o que é oferta, o que é demanda e como a interação 
dessas duas “forças” no ambiente de mercado leva à formação dos preços e 
quantidades. 
Oferta 
Podemos definir oferta como a quantidade de determinado bem que os 
produtores desejam vender no mercado a um determinado nível de preços. Oferta 
está ligada ao desejo de vender um determinado bem no mercado. 
Por exemplo, suponha que fizéssemos uma pesquisa junto a todos os 
produtores e vendedores de café em grãos do Brasil. Suponha que fizéssemos a 
seguinte pergunta: quantas sacas de café você venderia hoje no mercado se o 
preço fosse de R$ 200? Cada vendedor responderia com uma determinada 
quantidade. A soma de todas as quantidades que desejam ser ofertadas naquele 
mercado, naquele momento, àquele determinado preço, é a oferta de café em 
grão. 
Quisemos enfatizar que a oferta depende do preço, de um determinado 
mercado, de um determinado momento, e é relativa a um bem específico. É 
importante que o aluno NÃO atribua ao termo “oferta” o significado utilizado no 
cotidiano, usado para promoções ou vendas com desconto (“oferta de carros a 
preço de custo”, “oferta especial de Natal” etc.). Na economia, oferta NÃO tem 
 
18 
 
este significadode promoção. É, sim, a soma das quantidades que os vendedores 
desejam vender a um determinado preço. Concretamente, se houvesse apenas 3 
produtores de café em grão, e a resposta do primeiro fosse “10 mil sacas”, a 
resposta do segundo fosse “30 mil sacas” e a resposta do terceiro fosse “5 mil 
sacas”, a oferta seria de 45 mil sacas. Mais rigorosamente, esta é a quantidade 
ofertada. 
Uma vez entendido este lado inicial da oferta, podemos olhá-la de uma 
perspectiva um pouco mais ampla. Perceba que a quantidade ofertada é uma 
hipótese, uma possibilidade. Se o preço fosse de R$ 200, a quantidade ofertada 
seria de 45 mil sacas de café. Vamos supor agora que a mesma pesquisa fosse feita 
para um preço maior, digamos de R$ 250. O que você esperaria que ocorresse 
com a oferta? Em situações normais, para bens considerados normais, esperamos 
que a oferta seja maior quanto maior for o preço. 
Ou seja, se fizéssemos a mesma pesquisa, com os mesmos parâmetros, mas 
mudando o preço para R$ 250, deveríamos obter respostas que, somadas, seriam 
superiores a 45 mil sacas. Isso, é claro, porque os vendedores de qualquer produto 
têm uma tendência a desejar vender mais daqueles produtos se o preço for maior. 
Além disso, outros produtores que, talvez, não tivessem sua produção lucrativa a 
um preço de R$200, poderiam ter sua produção viabilizada a um preço de R$250. 
Por exemplo, um produtor com custo de R$210 por saca não ofertaria os produtos 
a um preço de R$200 (pois teria prejuízo e não valeria a pena produzir e vender 
nessas condições). Porém, a um preço de R$250, mesmo essa produção a custo de 
R$210 torna-se viável. Portanto, a oferta tende a aumentar à medida que são 
oferecidos preços maiores. De forma análoga, a tendência é que a quantidade 
ofertada seja menor para preços menores (verifique que você entendeu isso antes 
de seguir adiante). 
Vamos, agora, explorar sua capacidade de abstração e de pensar na forma 
de modelos. Vamos representar graficamente o comportamento da oferta. 
Entendendo que a quantidade ofertada de um determinado bem, em um 
determinado mercado, varia em função do preço que seria pago por este bem, 
vamos simular quais seriam as diversas combinações de preço e quantidades 
ofertadas possíveis. Isto é como se fizéssemos inúmeras pesquisas como as 
descritas anteriormente e fossemos registrando neste gráfico as combinações de 
preço e quantidades ofertadas obtidas em sua resposta. O gráfico teria a forma da 
Figura 1 a seguir. 
 
 
 
19 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
Figura 1 - Exemplo de Curva de Oferta 
É importante ressaltar que este não é um gráfico da evolução da oferta no 
tempo. Ele representa todas as combinações de preço e quantidade de oferta de 
café em grão para o mercado mencionado, em um dado momento. O aspecto 
mais importante representado é dado pela inclinação do gráfico (dada pelo ângulo 
da figura em relação ao eixo horizontal. Como a inclinação é positiva, isso significa 
que para preços maiores, estão associadas a eles ofertas também maiores de café. 
A combinação de diversas possibilidades de oferta e seu preço neste gráfico 
denomina-se curva de oferta. Por ser uma representação extremamente simples, 
ela toma a forma de uma reta. Entretanto, uma representação mais realista 
provavelmente não seria uma reta, podendo ter vários formatos não-lineares. 
Uma vez entendida a representação gráfica da oferta, passamos agora para 
sua representação algébrica, que corresponde à escrita desse fenômeno na forma 
de uma equação matemática. 
Por ser linear, sua representação é dada genericamente por uma equação 
do tipo: 
 
Sendo “O” = quantidade ofertada, em milhares de sacas; “p” = preço em 
R$ por saca; “a” e “b” parâmetros da equação. Alguns autores preferem 
representar “qo” (quantidade ofertada) ao invés de “O”. 
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)
p (R$/saca)
 
20 
 
Dado o conhecimento que você já tem sobre a oferta e o gráfico que 
fizemos, o que você espera dos sinais dos parâmetros a e b? Como vimos 
anteriormente que a quantidade ofertada sobe à medida que aumentamos o preço, 
podemos dizer confortavelmente que o sinal de b é positivo. Isso também é 
refletido na inclinação da curva, positiva. Com relação ao sinal de a, no caso 
representado no gráfico, sabemos que ele é negativo, mas no momento não é tão 
importante darmos atenção a ele. 
A propósito do exemplo das sacas de café, a equação representada no 
gráfico é: 
 
É muito importante que você se familiarize com esta visão matemática de se 
representar um fenômeno social. Tente exercitar este conhecimento, traçando um 
gráfico com a curva de oferta, a partir da equação acima. Basta listar diversos 
valores de p e calcular qual a quantidade ofertada associada cada um deles. Após 
estes cálculos (que ficam mais organizados na forma de uma tabela) basta que 
você represente os pontos obtidos (combinações de preço e quantidades) em um 
gráfico. A ligação destes pontos dá a figura da curva de 
oferta. 
A seguir um exemplo de uma tabela gerada a partir 
de valores hipotéticos de p. 
Tabela para curva de oferta 
 
 
 
Esta descrição da função de oferta é uma visão estática. Isto significa que, 
em um dado momento, dadas características de produção, consumo e mercado 
constantes, ela representa as combinações possíveis de preço e quantidade 
ofertadas. Isto é, a quantidade ofertada varia “sobre” a curva de oferta. 
Poderíamos, contudo, fazer uma análise mais dinâmica sobre a oferta. A 
pergunta neste momento é: “o que faria a curva se mover?”, ou, em outras 
palavras, “o que, além do preço, mudaria o comportamento dos ofertantes?”. 
Diversos fatores. Um aumento da produtividade, que reduzisse os custos de 
produção, permitiria um aumento da oferta, sem alterarmos o nível de preços. Ou 
uma redução dos custos derivada de insumos mais baratos. Qualquer destes 
fatores causaria um deslocamento da curva de oferta para a direita. Isso significa 
 
 
 
21 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui que, aos mesmos preços, a oferta seria maior do que anteriormente. Esta mudança 
está representada na Figura 2. A linha tracejada representa a oferta antes das 
mudanças. A linha cheia representa a curva de oferta após as mudanças (por 
exemplo, após uma redução nos custos do setor, de forma generalizada). 
-
50 
100 
150 
200 
250 
300 
350 
400 
450 
- 20 40 60 80 100 120 140 
q (mil sacas)
p (R$/saca)
 
Figura 2 - Deslocamento da curva de oferta 
Praticaremos posteriormente alguns exercícios na forma de curvas de oferta, 
sua representação gráfica e algébrica. Mas antes vamos ver como se comportam 
outros agentes que atuam sobre o mercado de café. 
Demanda (“procura”) 
Se, de um lado, os ofertantes de café querem vender o produto, isso 
somente poderá ocorrer se, de outro lado, existirem agentes desejando comprar 
este produto. 
Os indivíduos, empresas e demais agentes econômicos que desejam adquirir 
um produto são chamados de demandantes. De forma análoga à oferta, o 
conjunto dos demandantes, quando atuam em um determinado mercado e 
manifestam sua intenção de adquirir determinado bem, refletem-se no conceito de 
“demanda”. Demanda, portanto, é a intenção, o desejo manifesto de adquirir um 
determinado bem a um dado nível de preços. 
Também da mesma maneira com que investigamos a oferta, podemos 
investigar o comportamento da demanda. 
 
22 
 
Suponha, então, que fizéssemos uma pesquisa com todos os demandantes 
de café em grãos do Brasil. Suponha que a pergunta fosse “quantas sacas vocêcompraria se o preço fosse R$ 200 por saca?”. A quantidade demandada seria a 
soma de todas as quantidades demandadas individuais manifestadas pelos 
potencias compradores do mercado. Supondo, então que a soma destas respostas 
fosse de 60 mil sacas, esta seria a quantidade demandada associada ao preço de 
R$200/saca. O que você espera que ocorra, agora, se aumentarmos o preço 
proposto, digamos, para R$ 250/saca? Você se lembra que a oferta aumentava 
quando aumentávamos o preço. 
Pois ocorre exatamente o oposto no caso dos demandantes. À medida que 
subimos o preço, considerando bens normais e uma situação normal do mercado, 
a tendência é que a quantidade demandada caia. Afinal, a preços maiores nós 
compramos menos quantidades de um dado produto, certo? 
Vamos tentar inverter um pouco a ordem de raciocínio apresentada 
anteriormente. Suponha que tenha sido dada a função (equação) da curva de 
demanda, descrita a seguir: 
 
Sendo qd a quantidade demandada (em milhares de sacas) e p o preço (em 
R$/saca). Como você faria o gráfico da quantidade demandada? 
O primeiro passo é montar uma tabela em que se representam o preço e a 
quantidade demandada associada a cada preço. Posteriormente, basta supor um 
valor de p e calcular, com base na função da demanda, qual a qd associada a este 
preço. 
 
Um exemplo de tabela seria: 
Tabela de demanda 
 
 
 
 
A partir da tabela, basta então identificarmos os pontos que representam 
cada combinação de preço e quantidade. A interligação destes pontos é a curva de 
demanda. 
q (mil unid) p (R$)
60 200 
50 250 
70 150 
80 100 
90 50 
40 300 
30 350 
20 400 
 
 
 
23 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
Figura 3 - Curva de demanda 
 
Evidentemente, a inclinação da curva de demanda é negativa, 
correspondendo à reação dos demandantes de reduzirem suas compras à medida 
que o preço sobe. 
Da mesma forma que a oferta pode sofrer alterações (além do preço), a 
demanda também pode. Alguns exemplos são: aumento da renda ou da riqueza 
da população; uma variação dos gostos ou preferências por este produto (por 
exemplo, um estudo mostrando que café reduz a chance de se obter um 
determinado câncer); um aumento do número de compradores. Qualquer destas 
variações faria aumentar a demanda de forma generalizada, aos mesmos níveis de 
preço, o que seria representado por um deslocamento para a direita da curva de 
demanda. 
Obviamente, variações no sentido oposto (redução da renda etc.) causariam 
um deslocamento à esquerda da demanda. 
 
 
Analisamos, até agora, o comportamento isolado de demandantes e 
ofertantes. Porém, o mais interessante está por vir: investigarmos como funciona a 
interação destes comportamentos. 
Esta interação ocorre no que chamamos de mercado. Conforme 
aprendemos na Unidade 1, o mercado é um ambiente em que demandantes e 
ofertantes de um mesmo produto encontram-se, física ou virtualmente, para 
realizarem estes intercâmbios a uma taxa que denominamos “preço”. 
-
50 
100 
150 
200 
250 
300 
350 
400 
450 
- 20 40 60 80 100 
q (mil sacas)
p (R$/saca)
 
 
24 
 
Três características são importantes para que um mercado funcione de 
forma ótima. 
Primeiro, o mercado deve ser livre e sem muitas interferências. A imposição 
de um preço, ou um piso dos preços, um teto, etc., interferem no bom 
funcionamento dos mercados em geral. A interferência governamental no sentido 
de cobrar impostos exagerados também afeta o funcionamento otimizado dos 
mercados. 
Segundo, deve haver uma definição precisa do produto que está sendo 
transacionado (“café arábica tipo II, safra 2009”). Quanto mais específico for o 
produto, menor a interferências de variações na qualidade do produto ou outras 
variáveis relativas à diferenciação no mercado. Basicamente, esta homogeneização 
ou “commmoditização” do mercado permite que a discussão limite-se a preços e 
quantidades comercializadas. 
Terceiro, o mercado deve ter um arcabouço de regulação e organização tal 
que permita a livre concorrência. Por exemplo, nos mercados de capitais 
organizados (bolsas de valores, futuros, bens agrícolas, entre outras) há regulações 
no sentido de proibir a atuação de agentes que têm conhecimento privilegiado 
sobre os bens transacionados. Por exemplo, o presidente de uma empresa não 
pode comprar ou vender ações da sua própria empresa com objetivo de obter 
lucros de curto prazo. Isso porque tal agente tem informações privilegiadas, 
sabendo de fatos que alteram a percepção do valor das ações antes dos demais 
membros do mercado. Perceba que estas regulações são distintas do primeiro item, 
pois são mecanismos para promover uma igualdade entre os agentes demandantes 
e ofertantes no mercado. 
 
Equilíbrio de Mercado 
O equilíbrio de mercado ocorre quando a interação entre demandantes e 
ofertantes de um bem no mercado leva a que haja uma combinação ótima de 
quantidades trocadas a um dado preço. O ponto de equilíbrio3 é o ponto em que 
todos os demandantes que querem comprar o bem a um determinado preço 
encontram oferta para ele, e todos os ofertantes que querem vender este bem 
àquele preço também encontram demanda para ele. Não há, portanto, “sobras” 
nem “falta” de bens. 
 
3 Mais especificamente, aqui referimo-nos ao chamado “Equilíbrio Walrasiano”. Há outras definições de 
equilíbrio e um sistema econômico complexo pode ter muitos pontos de equilíbrio ou nenhum. Pode 
ainda ter equilíbrios estáveis ou instáveis. Nessa visão inicial, vamos nos restringir ao básico. 
 
 
 
25 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Vejamos um exemplo: no caso das sacas de café, obtivemos que a R$200 a 
quantidade ofertada é de 45 mil sacas. Ao mesmo preço, vimos que os 
demandantes desejam a quantidade demandada de 60 mil sacas. Pela definição de 
equilíbrio do parágrafo anterior, você entende que o mercado está em equilíbrio? É 
claro que não. Pois estão faltando 15 mil sacas para que os demandantes consigam 
comprar tudo o que desejam ao preço de R$200. A oferta é de 45 mil sacas, 
enquanto a demanda é por 60 mil sacas. 
O que é preciso que ocorra para haver equilíbrio? É preciso que o preço 
suba, pois assim mais ofertantes irão desejar vender seus bens, ao passo que um 
maior preço fará com que a demanda caia um pouco, até que se atinja o 
equilíbrio. 
Porém, a melhor estratégia para descobrirmos o ponto de equilíbrio não é 
um método de tentativa e erro. Levaria muito tempo. Há um método algébrico 
mais fácil, que consiste basicamente em igualar as quantidades dadas pela função 
de demanda e pela função de oferta. A partir daí, isola-se o preço, que será o 
preço de equilíbrio. Então, substitui-se o preço de equilíbrio em qualquer das 
funções para se obter a quantidade de equilíbrio. Exemplificando: 
 
Relembrando as funções: demanda 
Relembrando as funções: oferta 
Fazendo qd = qo: 
Isolando p, temos: 
Resolvendo p: 
Resolvendo q: 54,29 
 
Repare que, neste último passo, pode ser usada tanto a equação da 
demanda como da oferta. Obviamente, como se trata do equilíbrio, as quantidades 
de demanda e de oferta devem ser idênticas (faça o teste!). 
Qual o ponto de equilíbrio? É a combinação de preço de R$228,57 por sacae a quantidade de 54,29 mil sacas. A este preço, todas as quantidades ofertadas 
encontram demanda e todas as quantidades demandadas encontram oferta. Não 
há sobras; não há faltas. Um aluno atento já saberia sugerir uma nova forma de 
representar o equilíbrio. Trata-se, sem nenhuma novidade, da forma gráfica. O 
primeiro passo é representarmos demanda e oferta em um mesmo gráfico. A 
 
26 
 
seguir, identificamos o ponto de equilíbrio (p=228,57; q=54,29). Qual a 
observação a ser feita sobre este ponto? (veja na figura a seguir). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Equilíbrio de Mercado 
 
O ponto de equilíbrio, marcado em amarelo, é justamente o ponto de 
encontro das curvas de oferta e demanda. Como, aliás, não poderia deixar de ser. 
Afinal, qualquer outro ponto sobre as curvas não preencheria os requisitos do 
equilíbrio. Faça o teste. Identifique qualquer ponto sobre a demanda ou a oferta 
que não seja o ponto de equilíbrio, e veja como, em qualquer deles, ou sobrará ou 
faltará café. 
Vejamos, agora, que podem ocorrer diversas perturbações na oferta ou na 
demanda, que poderiam levar este mercado a outro equilíbrio. Suponha que 
partindo do ponto de equilíbrio identificado na figura anterior, houvesse uma 
mudança externa. Por exemplo, imagine que, obtido o equilíbrio anterior, seja feita 
uma grande campanha publicitária institucional, que influencie de forma 
generalizada as pessoas para os benefícios do consumo do café. O que você 
esperaria que ocorresse neste mercado? 
Como vimos anteriormente, a demanda deslocar-se-ia para a direita 
(aumento da demanda). Com a oferta, por sua vez, não há mudanças. O novo 
equilíbrio seria dado em um novo ponto. Veja no gráfico a seguir esta 
representação. A linha laranja tracejada (D1) representa a demanda antes da 
mudança. A linha laranja cheia representa a demanda após a campanha 
publicitária. A linha azul representa a oferta (só há uma, pois a oferta não foi 
afetada pela campanha). A curva de oferta antes é a mesma que a curva de oferta 
depois.
-
50 
100 
150 
200 
250 
300 
350 
400 
450 
- 20 40 60 80 100 120 
q (mil sacas)
p (R$/saca)
q (mil sacas)
p (R$/saca)
q (mil sacas)
p (R$/saca)
Demanda
Oferta
 
 
 
27 
 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - Deslocamento da demanda e novo equilíbrio 
 
Perceba que há 2 equilíbrios. “Eq1” representa o equilíbrio original, pelo 
cruzamento de D1 e O. Após o deslocamento da demanda, configura-se o novo 
equilíbrio, “Eq2”. O que ocorreu neste novo equilíbrio? Perceba que, em razão do 
deslocamento da curva de demanda e da manutenção da curva de oferta, o novo 
equilíbrio foi atingido à direita e acima do anterior. Portanto, há uma venda de 
mais quantidades de café, e a preços maiores. 
Viu como foi importante esta campanha publicitária? A partir dela os 
ofertantes passaram a vender mais e a preços maiores. Esta é, provavelmente, uma 
visão bastante mais formalizada e rigorosa de um fenômeno que os alunos de 
Marketing tratarão o tempo todo. 
Se você entendeu corretamente os itens desta Unidade, parabéns! Trata-se 
de um passo importante na compreensão dos mecanismos econômicos mais 
elementares. Entender a interação de oferta e demanda é uma grande vantagem 
para qualquer profissional, sobretudo para profissionais atuantes no mundo dos 
negócios. 
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50 
100 
150 
200 
250 
300 
350 
400 
450 
- 20 40 60 80 100 120 
q (mil sacas)
p (R$/saca)
O
D1
Eq1
D2
Eq2
 
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Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
 
VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de 
Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: 
Campus, 1994. 
 
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