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FundamentosDireitoPúblico DPADAP (1)

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FUNDAMENTOS DE DIREITO PÚBLICO 
 
Bem-vindo 
 
Que você aluno, seja bem-vindo ! 
 
Este material irá auxiliá-lo no aprendizado da disciplina que trata dos 
“Fundamentos de Direito Público”. Para isso, é indispensável que você faça a 
leitura cuidadosa e atenta do material e, também, uma leitura complementar 
dos livros indicados. 
 
Professor Responsável: Juliana Cardoso Ribeiro 
Bastos 
 
Objetivos Específicos da Disciplina 
 
A disciplina tem por objetivo desenvolver o estudo de aspectos gerais que 
introduzem os institutos jurídicos constitucionais relacionados aos fundamentos 
do direito público. A disciplina almeja demonstrar ao aluno os fundamentos 
necessários ao direito público, suas diferenças em relação ao direito privado e 
a sistemática inicial da disciplina que norteará o aluno nas disciplinas de direito 
público, como direito constitucional, direito administrativo, direito tributário, 
processual penal e processual civil. 
 
Unidade Sub-unidade 
 
 
Sociedade e Estado 
 
Sociedade: origem; conceito; teorias 
naturalistas e contratualistas. Sociedade 
Política. 
Estado: formação do Estado. Elementos 
do Estado. 
 
 
Estado e Poder 
 
 
Poder. Poder social. Poder político. Poder 
jurídico. Poder constituinte. 
 
 
Evolução histórica da regulação 
do poder 
 
Estado Absolutista. Constitucionalismo. 
Estado de Direito. Estado Liberal. Estado 
social. Estado Democrático de Direito. 
 
 
 
 
 
Estado de Direito 
 
 
Constituição. Supremacia Constitucional. 
Garantia dos direitos individuais. 
Separação dos poderes. Poder Legislativo, 
Poder Executivo. Poder Judiciário: funções 
típica e funções atípicas dos poderes. 
Sistema de freios e contrapesos. 
 
 
Organização do Estado 
 
 
Personalidade jurídica do Estado. 
Distinção entre personalidade jurídica de 
direito público e privado. Breves noções 
sobre organização do Estado 
(descentralização e desconcentração). 
Atividades dos particulares e do poder 
público. 
 
 
Princípios gerais do Direito 
Público 
 
 
Conceito de princípios. Importância dos 
princípios. Importância dos princípios de 
direito público. Autoridade Pública. Função 
Pública. Princípio da Legalidade. Princípio 
da Igualdade perante o Estado. Princípio 
da Segurança Jurídica. Princípio do 
Devido Processo (legislativo, judicial e 
administrativo). Princípio da Publicidade. 
Responsabilidade objetiva. 
 
 
Dicotomia entre direito público e 
direito privado 
 
 
Existência ou inexistência da dicotomia 
entre direito público e direito privado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A disciplina “fundamentos de direito público” pretende oferecer as bases do 
direito público. Assim, apresenta aspectos introdutórios e essenciais para 
compreensão do sujeito principal do direito público que é o Estado. Para tanto, 
é necessário compreender a origem e formação da sociedade até que se possa 
alcançar efetivamente a atual forma complexa de organização da sociedade 
que é o Estado. 
 
Uma vez alcançado o surgimento do Estado, você apofundará o seu 
conhecimento a respeito do poder que ele exerce, sua evolução histórica, as 
atividades por ele desenvolvidas, sua organização, bem como os principais 
princípios que regem sua estrutura. 
 
Este estudo oferece aspectos inciais para posterior introdução nas disciplinas 
de direito público, como, por exemplo, direito constitucional, direito 
administrativo, direito tributário e direito internacional. Além disso, pretende que 
você ao final saiba comparar a distinção entre os dois ramos principais do 
direito: direito público e direito privado. 
 
Tema I: Sociedade e Estado 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 SOCIEDADE: origem, conceito, teorias naturalistas e 
contratualistas. Sociedade Política. 
 ESTADO: formação do Estado e elementos do Estado. 
 
1. Sociedade 
 
1.1 Origem da sociedade 
 
Determinar a origem da sociedade não é tarefa fácil, já que são muitas 
as teorias que tentam explicá-la. Contudo, não há dúvida em determinar 
que a sociedade é necessariamente um agrupamento de homens que 
possuem suas condutas reguladas por normas. Assim, diferentemente de 
outros agrupamentos, como por exemplo o de abelhas que são chamados 
de associações, a sociedade é um grupo de homens, já que possuem o 
diferencial da racionalidade pertencente a espécie humana. 
Explica Celso Ribeiro Bastos que: “o homem apresenta uma 
característica fundamental consistente em depender de outros homens 
para a realização plena de sua natureza. É certo, não há dúvida, que 
outros animais também vivem em bandos ou grupos (abelhas, formigas, 
castores) numa forma de manifestação gregária na qual não está 
ausente, inclusive, uma repartição de funções que acaba por dar lugar a 
uma certa organização. Contudo, é bem de ver, não se falar aí da 
existência de uma autêntica sociedade. Na verdade, é esta resultante da 
atuação própria e exclusiva do homem. Só há, pois, sociedades 
humanas.” (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, pág.23. São 
Paulo: Celso Bastos editora) 
Encontrar apenas uma única justificativa para a formação da socidade 
também parece um desafio. Isso porque o que motiva o homem a 
ingressar em uma vida em sociedade pode variar. Mesmo com esta 
subjetividade nas justificativas para a formação da sociedade, não há 
dúvida em relação a segurança que eo ser humano encontra em uma vida 
conjunta. 
Explica Dalmo de Abreu Dallari que: “a vida em sociedade traz 
evidentes benefícios ao homem mas, por outro lado, favorece a criação 
de uma série de limitações que, em certos momentos e em determinados 
lugares, são de tal modo numerosas e frequentes que chegam a afetar 
seriamente a própria liberdade humana. E, apesar disso, o homem 
continua vivendo em sociedade.” (Elementos de Teoria Geral do Estado, 
pág.21) 
A importância de identificar a origem da sociedade implica no alcance 
do sujeito central pertencente aos ramos do direito público que é o 
Estado. Portanto, para entender o próprio surgiemento do Estado, suas 
justificativas e o seu papel, é importante compreender a vida em 
sociedade. 
 
1.2 Conceito de sociedade 
 
A sociedade é formas de integração das atividades humanas 
objetivando um determinado fim e regulada por um conjunto de normas. 
Possui como elementos indispensáveis para a sua formação: homens, 
base física, normas jurídicas, organização, poder e finalidades. 
 
1.3 Teoria naturalista e Teoria contratualista 
 
Anteriormente foi dito que a origem da sociedade não é tema pacífico. 
Isso porque os pensadores dividem-se entre duas teorias distintas, as 
chamadas teorias naturalista e contratualista. 
A teoria naturalista sobre a origem da sociedade, que possui como 
seus defensores Aristóteles e São Tomás de Aquino, aponta que a 
sociedade é fruto da própria natureza do homem. Aristóteles afirma que “o 
homem é naturalmente um animal político” (A Política, I, 9), que 
necessitava relacionar-se constantemente com os outros homens para 
poder se desenvolver. Já São Tomás de Aquino compartilhando das 
mesmas ideias de Aristóteles, afirmava que o homem é um animal 
eminentemente social e político, e que a sociedade representa para o 
homem um elemento vital para sua sobrevivência, pois é nela que ele 
encontra a satisfação de suas necessidades e a proteção de seus direitos 
e bens. (BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência 
Política, pág.26. São Paulo: Celso Bastos Editor) Portanto, a concepção 
naturalista é aquela que aponta o surgimento da sociedade a partir do 
instinto natural doser humano em viver juntamente com outros. 
A teoria contratualista sobre a origem da sociedade defende a 
necessidade da vontade humana para a existência da sociedade. Assim, 
o elemento principal é a manifestação de vontade do ser humano a favor 
da convicência com outros seres humanos. Contudo, existe uma 
diversidade de contratualismos defendidos por pensadores como Thomas 
Hobbes, John Locke, Charles de Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau. 
Explica Dalmo de Abreu Dallari que: “o ponto comum entre eles, porém, é 
a negativa do impulso associativo natural, com a afirmação de que só a 
vontade humana justifica a existência da sociedade, o que vem a ter 
influência fundamental nas considerações sobre a organização social, 
sobre o poder social e sobre o próprio relacionamento dos indivíduos com 
a sociedade.” (Elementos de Teoria Geral do Estado, pág.24. São Paulo: 
Saraiva) 
 
1.4 Sociedade Política 
 
São muitos os tipos de sociedades, temos a sociedade familiar, a 
religiosa, a política, entre outras. Contudo, com a ampliação das relações 
humanas, aumento da interdependência entre os seres humanos e, por 
consequência, a complexidade das relações estabelecidas entre os 
homens, surge a sociedade política como sendo um agrupamento mais 
abrangente ente os homens, pela amplitude de seus fins. Inclusive, Dalmo 
de Abreu Dallari a classifica como pertencente as chamadas sociedades 
de fins gerais, extamente porque não se prendem a um objetivo 
determinado e não se restringem a setores limitados da atividade 
humana, buscando, em lugar disso, integrar todas as atividades sociais 
que ocorrem no seu âmbito. (Elementos de Teoria Geral do Estado, 
pág.57. São Paulo: Saraiva) 
As sociedades políticas sempre estiveram circunscritas ao território 
sob sua jurisdição. São tidas por tais: as tribos, as cidades-estados 
gregas, o Império Rmano, a sociedade feudal e o Estado. (BASTOS, 
Celso Ribeiro. Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, 
pág.37. São Paulo: Celso Bastos editor) 
Assim, o Estado é a principal sociedade política. Explica Dalmo de 
Abreu Dallari que esta importância se deve por sua capacidade de influir e 
condicionar, bem como por sua amplitude. (Elementos de Teoria Geral do 
Estado, pág.58. São Paulo: Saraiva) 
 
2. Estado 
 
2.1 Formação do Estado 
 
O Estado surge a partir da evolução da própria sociedade. Na medida 
em que a sociedade ganha em complexidade, outras formas de 
organização social vão surgindo até alcançar o que conhecemos 
aturalmente como Estado. Portanto, é possível afirmar que o Estado é 
uma forma complexa de organização social. Como já estudado por você, 
é a mais importante sociedade política existente, com o objetivo de 
proporcionar a possibilidade de cada ser humano desenvolver-se 
socialmente. 
O termo “Estado” aparece pela primeira vez com o seu sentido ligado 
à sociedade política, com Maquiável, em sua obra “O Princípe”, publicada 
em 1531. 
Dalmo de Abreu Dallari conceitua Estado como sendo: “a ordem 
jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em 
determinado território.” Explica o autor a escolha por este conceito: “nesse 
conceito se acham presentes todos os elementos que compõem o 
Estado, e só esses elementos. A noção poder está implícita na de 
soberania, que, no entanto, é referida como característica da própria 
ordem jurídica. A politicidade do Estado é afirmada na referência 
expressa ao bem comum, com a vinculação deste a um certo povo, e, 
finalmente, a territorialidade, limitadora da ação jurídica e política do 
Estado, está presente na menção a determinado território.” (Elementos de 
Teoria Geral do Estado, pág.122. São Paulo: Saraiva) Você estudará 
cada um destes elementos no próximo ponto. 
 
2.2 Elementos do Estado 
 
A grande maioria entende que o Estado é formado por três 
elementos: povo, território e poder. 
 
a) Povo 
 
Por povo entende-se o elemento pessoal do Estado, em outras 
palavras é o conjunto de pessoas que fazem parte do Estado. Isso porque 
sem seres humanos não há que se falar nem mesmo em sociedade. É 
para os seres humanos que o Estado é criado. Contudo, povo não deve 
ser confundido com outras expressões como: população, nação e 
cidadão. Povo diferentemente desses é “conjunto dos indivíduos que, 
através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, 
estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permamente, 
participando da formação da vontade do Estado e do exercício do poder 
soberano.” (DALLARI, Dalmo de Abreu, pág.100-106. Elementos de 
Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva) 
Assim, o que determina se alguém faz ou não parte do povo de um 
Estado é o direito ou, ainda, a nacionalidade que representa este vínculo 
jurídico entre Estado e indivíduo. É a nacionalidade que liga o povo ao 
Estado. É por ela que o Estado considera alguém como seu membro. 
Já o termo população é a expressão numérica, demográfica do 
conjunto de pessoas que vivem em um território. Abrange, inclusive, 
aqueles que se encontram temporariamente, pois neste caso não há a 
necessidade de vínculo jurídico com o Estado. 
O termo nação, por sua vez, indica origem comum. Indica uma 
comunhão formada por laços históricos e culturais. São pessoas com 
traços comuns como, por exemplo, raça, descendência, língua e cultura. 
Pertencem a uma determinada nação todos aqueles que cultivam um 
sentimento de pertinência a determinado grupo, independentemente da 
onde se encontrem. Exemplo: nação brasileira. 
Por fim, o termo cidadão identifica a participação dos indivíduos no 
poder político. São todos aqueles que encontram-se no gozo dos direitos 
políticos de determinado Estado. Em outras palavras, todo aquele que 
possui titularidade dos direitos políticos. 
 
b) Território 
 
O território é a base geográfica do Estado. Não há Estado sem 
território. O território é formado pela superfície do solo, águas territoriais, 
ar e subsolo. 
É elemento indispensável para formação do Estado, já que o território 
indica onde a soberania do Estado é efetivada. É a delimitação do poder 
soberano. Consequentemente, acaba sendo o limite natural a ação dos 
governantes, isso porque no território de cada Estado vige apenas sua 
ordem jurídica. 
A ordem jurídica consagra o princípio da territorialidade, segundo o 
qual em um dado território só vige uma determinada ordem jurídica. Por 
isso, o estrangeiro situado dentro de um Estado, fica sujeito a ordem 
jurídica daquele Estado. Apenas de modo excepcional, quando a lei traz a 
sua previsaõ, aplica-se o princípio da extraterritorialidade, segundo o qual 
é a aplicação da lei brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. 
 
c) Poder 
 
O poder também é elemento indispensável do Estado, pois todo grupo 
organizado tem um poder. Entretanto, o pode está presente em todo tipo 
de relacionamento humano, na família, na economia, na religião, no 
trabalho, entre outros. 
Por isso, antes mesmo de você estudar estas diferentes formas do 
poder se expressar, é preciso compreender o elemento comum a todas 
elas que é a existência do “poder”. Assim, o que seria “poder” ? 
Norberto Bobbio define “poder” como sendo “a relação entre dois 
sujeitos, dos quais o primeiro obtém do segundo um comportamento que, 
em caso contrário, não ocorreria.” (SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos 
de Direito Público, pág.20. São Paulo: Malheiros) 
Explica Celso Ribeiro Bastos que: “o poder é algo intríneco a todas as 
formas de organização social, ou melhor, é ele fruto de todas as formas 
de organização. Ele exerce uma função de coordenação e coesão entre 
os integrantes de uma sociedade.Sem o poder não existiria ordem, 
organização dentro de uma sociedade e essa rumaria ao caos, pois o 
poder é natural em qualquer tipo de sociedade. O poder é fenômeno 
social e bilateral, uma vez que decorre da união de duas ou mais 
vontades, sendo que uma sempre prevalece sobre a outra. O poder é 
indispensável para a vida em sociedade e para organização do Estado.” 
(Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, pág.89. São Paulo: 
Celso Bastos editor) 
 
 
Tema II: Estado e Poder 
 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Poder 
 Poder social 
 Poder político 
 Poder jurídico 
 Poder constituinte 
 
1. Poder 
 
Você já estudou no ponto anterior o que seria o “poder”. Vale a pena 
lembrar que este elemento encontra-se presente em todas as sua variações. 
Assim, ao estudar o que seja o poder social, o poder político, o poder jurídico e, 
mesmo, o poder constituinte, você deve-se lembrar que todos são espécies de 
“poder”, desta força que opõe e que obriga. 
 
2. Poder social 
 
Sem o poder os relacionamentos humanos ficam sem organização. O 
poder social é aquele que se efetiva nas mais diversas formas do 
relacionamento humano. Em razão das diferentes formas de relacionamentos, 
há também diferentes formas de poder, como, por exemplo: o poder familiar 
(pais X filho), o poder econômico, o poder religioso, o poder empresarial 
(diretor X gerente), o poder bélico, entre outros. Todos estas formas de 
expressão do poder formam o “poder social”. E, todas eles são subordinados 
ao poder político que você estudará a seguir. 
 
3. Poder político 
 
Chama-se de poder político o poder exercido pelo Estado. Assim, o poder 
político é o poder ou expressão da manifestação do Estado, tendo como 
característica primordial manter-se com o uso da força de forma exclusiva e 
soberana. 
Por ser o poder exercido pelo Estado, não reconhece poder maior do que 
o seu. Portanto, o único poder legítimo para atuar em nome do Estado, na 
realização de suas tarefas, é o chamado poder político. Por consequência, este 
poder encontra-se em uma posição hierárquica superior as demais formas de 
poder social que se expressam na sociedade como você estudou no item 
anterior. 
É o poder político é o detentor da força responsável por fazer as regras e 
exigir o seu respeito. No entanto, como sistematizar as peculiariedade do poder 
político que o distingue dos demais tipos de poderes existentes ? 
 
Com o objetivo de diferenciar o poder político das demais formas de 
expressão do poder, Carlos Ari Sundfeld aponta as seguintes características do 
poder político: 
 
 Uso da força física (exclusiva do Estado): para aqueles que 
não seguem as regras; 
 
 Não reconhece a ninguém poder semelhante ao seu; 
 
 O poder do Estado se impõe aos demais poderes 
existentes em seu interior; 
 
 O Estado não reconhece poder externo superior ao seu. 
Esta característica do poder político denomina-se 
soberania. O Estado brasileiro não admite que o americano 
exerça qualquer poder sobre as pesoas residentes no 
Brasil. 
 
4. Poder jurídico 
 
Poder jurídico é a força empregada exclusivamente como meio de 
realização do Direito e segundo normas de direito. Em outras palavras, é o 
poder exercido com fundamento no Direito. 
Pode-se afirmar que o poder não existe sem o direito e o direito não 
existe sem o poder. É preciso do poder para o direito se impor. Ao mesmo 
tempo em que é preciso do direito para o poder se positivar. 
Celso Ribeiro Bastos explica que: “o poder não consegue exercer-se 
dentro do Estado enquanto pura e exclusivamente força bruta; ele há de dizer 
sempre porque veio, tornando-se nesse discurso, necessariamente, um poder 
jurídico.” (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, pág.93. São Paulo: 
Celso Bastos editora) 
 
5. Poder constituinte 
 
O poder constituinte é aquele que cria as normas constitucionais. As 
normas constitucionais são aquelas que pertencem à Constituição que é o 
documento jurídico principal do ordenamento jurídico. 
A expressão “poder constituinte” aparece primeiramente na obra do 
Abade Emmanuel Sieyès, intitulada como “O que é o Terceiro Estado ?”. O 
Abade, meses antes da Revolução Francesa, editou este pequeno panfleto “O 
que é o Terceiro Estado” que contribui de sobremaneira com a identificação do 
poder constituinte. Suas preocupações apontadas no panfleto apontavam para 
a forma de expressão do podere sua titularidade. 
Cada integrante do clero e da nobreza tinha um direito a voto por pessoa, 
enquanto que o povo tinha direito a um voto pelo todo. Sendo assim, o povo 
não conseguia fazer valer suas necessidades. Não conseguiam que elas se 
transformassem em ação do Estado. Nesses termos, vislumbrava a ascensão 
do povo na participação do poder político e o fim da realidade de privilégios que 
viviam naquela período. 
O povo era o Terceiro Estado que o abade faz menção. Verificou que era 
o Terceiro Estado que suportava todos os trabalhos particulares ou atividades 
econômicas e as funções públicas. Não obstante a atividade que exerciam 
dentro da sociedade, eram excluídos dos lugares lucrativos e honoríficos. 
Então, a burguesia percebeu que, ainda que excluídos clero e nobreza, 
não implicava em nada na subsistência deles. Embora o Terceiro Estado 
possuísse todo o necessário para constituir uma nação, ele nada era na 
França. 
Dentro deste panorama, o Terceiro Estado reivindicou que seus 
representantes devessem ser escolhidos somente entre os cidadãos 
pertencentes verdadeiramente ao Terceiro Estado. E, foi Sieyés quem procurou 
fundamentar no direito estas reivindicações, a partir da distinção entre poderes 
constituintes e poderes constituídos. 
 
 
Título III: Evolução histórica da regulação do 
poder 
 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Estado Absoluto 
 Constitucionalismo 
 Estado de Direito 
 Estado Liberal 
 Estado Social 
 Estado Democrático de Direito 
 
1. Estado Absoluto 
 
Na Idade Moderna, como forma recente de organização política, surge a 
concepção de Estado Absoluto. Antes deste modelo de Estado, era possível 
encontrar formas mais primitivas de organização social. Na pré-história, o 
homem das cavernas que se utiliza da força para mostrar o seu poder. Na 
Antiguidade, as cidades-Estado afirmavam que a autoridade dos governantes e 
das normas de comportamento individual e coletivo eram expressões da 
vontade de um poder divino. Já a Idade Média foi um período marcado pela 
dispersão do poder entre inúmeros centros de poder: reis, igreja, senhores 
feudais e corporações de ofício. Após este período de luta pelo poder, buscou-
se exatamente o contrário. Com a influência de Thomas Hobbes, surge o 
Estado Absoluto como forma de solucionar a dispersão do poder existente na 
Idade Média. 
Como característica marcante deste modelo de Estado Absoluto, aponta-
se a centralização do poder em torno de um soberano. Decorrente desta 
centralização do poder, o governante não encontra limitação, quer interna, quer 
externa. Trata-se de um poder insuscetível de qualquer controle. 
O Estado, sendo o criador da ordem jurídica, não se submetia a ela, 
dirigia-se apenas aos súditos. O Estado era indemandável pelo indivíduo. O 
Estado era irresponsável juridicamente. Inexistiam direitos individuais contra o 
Estado Os poderes estavam centralizados na mão do soberano, a quem cabia 
editar leis, julgar os conflitos e administrar os negócios públicos. 
Neste sentido, o Estado exerce um poder de polícia (Estado-Polícia), que 
impunha, de modo ilimitado, quaisquerobrigações ou restrições às atividades 
dos particulares. 
 
2. Constitucionalismo 
 
O movimento do constitucionalismo surgiu com o propósito de por fim ao 
Estado Absoluto. Teve como objetivos a serem alcançados: determinar leis 
para os governantes, controlar o poder político, responsabilidade dos 
governantes e impor direitos individuais. Assim, a partir do surgimento das 
primeiras Constituições (Americana e Francesa), institui-se a limitação do 
poder dos governantes e, assim, um novo modelo de Estado: o Estado de 
Direito. 
 
3. Estado de Direito 
 
Os momentos históricos quem marcam o surgimento do Estado de Direito 
são a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789) que deram 
origem as primeiras Constituições. 
O Estado de Direito como o próprio nome indica, é um Estado submetido 
às leis. Inclusive os governantes submetem suas vontades às determinações 
impostas pelo ordenamento jurídico e, principalmente, pelos Textos 
Constitucionais. O direito passo a regular a atividades estatal, as relações entre 
os indivíduos e, até mesmo, as relações entre o Estado e os indivíduos. 
Carlos Ari Sundfeld (Fundamentos de Direito Público, págs.37-48), com o 
objetivo de caracterizar o Estado de Direito, aponta quais seriam os seus 
princípios ou, em outras palavras, as bases sobre as quais o Estado de Direito 
se sustenta. É o que o autor denomina como sendo as pedras de toque do 
Estado de Direito, quais sejam: 
 
 Supremacia da Constituição 
 
A Constituição é o documento jurídico que constitui o Estado de 
Direito. É ela que prevê a forma pela qual o Estado se organiza. O 
conteúdo das Constituições variam de Estado para Estado, 
entretanto é conteúdo indispensável de uma Constituição, a 
organização dos poderes, organização do Estado e os direitos 
fundamentais. 
 
O ordenamento jurídico é organizado por meio de uma estrutura 
hierarquizada e a Constituição se posiciona em seu topo, 
conferindo fundamento de validade para as demais normas. 
Consequência disso, é que todas as normas do ordenamento 
jurídico precisam corresponder aos ditames disciplinados pela 
Constituiçao sob pena de serem declaradas como inconstitucionais 
e, sendo assim, retiradas do ordenamento jurídico. Este controle de 
adequação entre a Constituição e as demais normas é chamado de 
controle de constitucionalidade. 
 
Você já estudou os diferentes tipos de poderes existentes na 
sociedade, mas vale você recordar que o poder que cria e altera a 
Constituição é chamado de poder constituinte. Sendo a 
Constituição uma lei diferenciada em razão da sua posição no 
ordenamento, o poder que a cria e modifica também exige um 
procedimento diferenciado. Explica Carlos Ari Sundfeld que: 
“inexistem normas jurídicas regulando o poder constituinte: ele é 
poder de fato, não jurídico. Exerce a função de constituinte quem 
tiver força para fazer respeitar o conjunto de regras de organização 
do Estado que houver concebido.” (Fundamento de Direito Público, 
pág.41. São Paulo: Malheiros) 
 
 Separação dos Poderes 
 
A teoria da separação dos poderes, como mecanismo de controlar 
o poder exercido pelo governante, teve como pensador Charles de 
Montesquieu, em sua obra “Do Espírito das Leis”. Seu objetivo era 
buscar o fim do Estado Absoluto e evitar a tirania e, para isso, 
apontou que as três funções principais que um Estado exerce 
deveriam ser divididas em três diferentes órgãos. 
 
A primeira coisa que você deve observar é que existe uma 
utilização imprópria do termo “separação dos poderes”. Isso porque 
o poder é uno e indivisível. O que, na verdade, acaba sendo 
dividido são as funções do Estado. Sendo assim, temos três 
distintos órgãos: Judiciário, Legislativo e Executivo. 
 
Cada um destes poderes exerce o que se denomina como função 
típica, que é aquela que cada poder exerce com primazia e 
superioridade. Nestes termos, o Poder Judiciário tem como função 
típica a função jurisdicional, que é a aplicação da lei ao caso 
concreto. O Poder Legislativo tem como função típica a criação de 
leis ou, em outras palavras, inovar no ordenamento jurídico por 
meio da criação de normas gerais e abstratas. Ao Poder Executivo 
cabe a função administrativa, que é a aplicação da lei na realização 
de atividades como cobrança de tributos e prestação de serviços. 
 
É importante lembrar que os poderes exercem suas funções com 
independência em relação aos demais. Saber que a investidura e 
permanência das pessoas num dos órgãos do governo não 
depende da vontade dos outros. Saber que, no exercício das 
atribuições que lhe sejam próprias, não precisam os titulares 
consultar os outros nem necessitam de sua autorização. Ainda, são 
livres na organização dos respectivos serviços, observadas apenas 
as disposições legais. Como exemplo temos a impotência do 
Presidente da República para dar ordens a um juiz. 
 
A divisão possibilita maior controle do poder que se encontra nas 
mãos do Estado. O poder politico (Estado) é uno, indivisível e 
indelegável. Contudo, a experiência mostra que todo homem que 
tem poder é tentado a abusar dele. Vai até onde encontra limites. 
 
Para estabelecer limites e na impossibilidade da separação 
absoluta das funçõe, são instituídas as funções atípicas de cada 
um destes poderes. Isso significa que o Poder Legislativo em 
determinados momentos, definidos pela Constituição, poderá julgar 
e administrar. Da mesma forma, o Poder Judiciário poderá legislar 
e administrar e o Poder Executivo poderá julgar e legislar. Algumas 
destas interferências visam ao estabelecimento de um sistema de 
freios e contrapesos, à busca do equilíbrio necessário à realização 
do bem da coletividade. Isso quer dizer, que estes poderes 
exercerão determinadas atribuições com a finalidade de controlar o 
poder exercido pelo outro, exemplo desta limitação é o controle de 
constitucionalidade que é exercido pelo Poder Judiciário contra 
normas produzidas pelo Poder Legislativo. 
 
Na atual Constituição Brasileira, a separação dos poderes enconta 
sua previsão no art.2°, segundo o qual: são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
 
 Superioridade da lei 
 
A superioridade da lei coloca a lei acima da vontade de todos, 
inclusive do Estado. O Estado de direito conquista a lei como 
expressão da vontade geral e impõe as indivíduos e ao Estado, no 
âmbito dos seus três poderes, sua observância. É o que se 
conhece como princípio da legalidade. 
 
 Garantia dos direitos individuais 
 
Os direitos individuais nascem com o Estado Direito. É a conquista 
dos homens em relação a atuação arbitrária do Estado. São 
direitos de defesa dos indivíduos contra a atuação invasiva do 
Estado na esfera de liberdade dos indivíduos. Por isso, são 
identificados como direitos de liberdade. Ditam uma conduta 
omissiva por parte do Estado ou, em outras palavras, um não fazer. 
 
Fazem parte do atual rol de direitos fundamentais, protetivos da 
dignidade da pessoa humana. Contudo, representam a 1ª 
dimensão destes direitos. São eles atualmente: libberdade de 
locomoção, liberdade de reunião e associação, liberdade de 
expressão, liberdade de manifestação do pensamento, liberdade 
religiosa, entre outros. As outras duas dimensões que caracterizam 
a divisão clássica das dimensões dos direitos fundamentais são, 
respectivamente, dos direitos sociais, econômicos e culturais e, da 
fraternidade ou solidariedade. 
 
Os momentos históricos que marcam a conquista destas direitos 
são as Revoluções Americana e Francesa que trouxeram a 
Constituiçãocomo o documento responsável por positivar direitos 
que os indivíduos podem opor contra o Estado. 
 
Observa Carlos Ari Sundefeld que: “não poderão ser suprimidos 
pelo Estado, nem mesmo por via legislativa. Portanto, ainda que o 
interesse público prevaleça sobre o interesse particular, isso nunca 
poderá se dar em prejuízo dos direitos individuais previstos na 
Constituição.” (Fundamentos de Direito Público, pág.47. São Paulo: 
Malheiros) 
 
4. Estado Liberal 
 
Quando nasce o Estado de Direito, além das novidades já estudadas por 
você como o surgimento das Constituições, a separação dos poderes e a 
defesa de direitos individuais, também nasce como característica marcante 
deste modelo de Estado o liberalismo, que lhe confere a denominação de 
Estado Liberal. 
O caráter liberal de Estado se deve a sua preocupação com a liberdade. 
É a previsão de direitos que garantem esta liberdade contra a atuação arbitrária 
por parte do Estado. Portanto, disciplina para o Estado uma conduta omissiva, 
de modo que ao Estado cabe não intervir. É o que se denomina como conduta 
negativa do Estado, um dever de não agir. Isso se deve porque quando o 
Estado não intervém, ele por consequência garante maior liberdade aos 
indivíduos. 
A previsão destes direitos que garantem a liberdade dos indivíduos 
encontram-se previstos pela Constituição, como exemplos são a liberdade de 
locomoção, a liberdade de religião, liberdade econômica, liberdade de 
manifestação do pensamento, entre outras. 
Explica Celso Ribeiro Bastos que: “o fundamental é que o indivíduo seja 
livre para agir e realizar as suas opções fundamentais. Do Estado se espera 
muito pouco: basicamente que ele organize um exército para defender a 
sociedade contra o inimigo externo. Que ele assegure boa convivência 
internamente mediante a polícia e o judiciário incumbidos de aplicar as leis civis 
e as leis penais.” (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, pág.212. São 
Paulo: Celso Bastos editora) 
 
5. Estado Social 
 
As crises econômicas do século XX fizeram com que os Estados 
repensassem sua atuação dentro da sociedade e, assim, passaram de uma 
postura negativa para uma postura positiva socialmente. 
Isso quer dizer que o Estado deixou de se omitir e passou a assumir 
tarefas que antes eram prestadas pelos particulares. A intervenção do Estado 
era imprescindível naquele momento para restabelecer as relações sociais e 
econômicas. O Estado se tornou um garantidor de necessidades, como saúde, 
educação, previdência, assistência, entre outros, conhecidos como direitos 
sociais. 
 
6. Estado Democrático de Direito 
 
O Estado Democrático de Direito é aquele no qual o povo participa das 
decisões políticas da sociedade. Pode ser caracterizado por meio da expressão 
de Abraham Lincoln, segundo a qual: “o poder é do povo, pelo povo e para o 
povo”. Ou, ainda, nas palavras de Carlos Ari Sundfeld: “podemos defini-lo como 
aquele onde o povo, sendo o destinatário do poder político, participa, de modo 
regular e baseado em sua livre convicção, do exercício desse poder. O mero 
Estado de Direito decerto controla o poder, e com isso protege os direitos 
individuais, mas não garante a participação dos destinatários no seu exercício.” 
(Fundamentos de Direito Público, pág,49. São Paulo: Malheiros) 
A participação do povo nas decisões políticas da sociedade ocorre de 
forma direta ou indireta. O modelo de particiapação direta é aquele por meio do 
qual o indivíduo não tem intermediários para mostrar o que pensa. Pode se 
efetivar por meio de plebiscito, referendo e iniciativa de leis. Já o modelo de 
participação indireta é aquele por meio do qual os indivíduos elegem os seus 
representantes para agirem em seu nome. 
A ideia de República encontra-se totalmente atrelada a concepção de um 
Estado Democrático de Direito. A República oferece os instrumentos para 
efetivação da democracia, são ele: eletividade, periodicidade e 
responsabilidade. Em outras palavras: “República é o regime político em que 
os exercentes de funções políticas (executivas e legislativas) representam o 
povo e decidem em seu nome, fazendo-o com responsabilidade, eletivamente 
e mediante mandatos renováveis periodicamente. (...) A eletividade é 
instrumento da representação. A periodicidade assegura a fidelidade aos 
mandatos e possibilita a alternância no poder. A responsabilidade é o penhor 
da idoneidade da representação popular.” (ATALIBA, Geraldo. República e 
Constituição, pág.13. São Paulo: Malheiros) 
 
 
Título IV: Organização do Estado 
 
 
Objetivos 
 
 Nesta aula, você estudará: 
 
 Personalidade jurídica do Estado; 
 Distinção entre personalidades jurídicas de direito público e de 
direito privado 
 Noções sobre organização do Estado 
 Atividades dos particulares e do poder público 
 
1. Personalidade jurídica do Estado 
 
 O Estado é detentor de personalidade jurídica. Isso significa que o 
Estado é “pessoa” para o direito. “Pessoa”, para o direito, é um conjunto de 
direitos e deveres. Portanto, você deve lembrar que a palavra “pessoa” tem um 
sentido específico para o direito que não se confunde com o seu sentido 
comum de ser o indivíduo. 
Explica Carlos Ari Sundfeld que: “pessoa, no sentido que nos interesse 
(o jurídico), é um centro, uma unidade, um conjunto de direitos e deveres. 
Dizemos que, ao reconhecer a certo ente a qualidade de centro de direitos e 
deveres, o ordenamento jurídico lhe outorga personalidade jurídica. a 
personalidade jurídica é produzida pelas normas jurídicas.” (Fundamentos de 
Direito Público, pág.61. São Paulo: Malheiros) 
Assim, o Estado é pessoa e, por isso, tem personalidade jurídica porque 
é centro de direitos e deveres dentro da sociedade. 
Ocorre que existem suas espécies de pessoas: a pessoa física (ou 
pessoa natural) e a pessoa jurídica (ou pessoa moral). “Os indivíduos são 
pessoas físicas. As empresas, as associações esportivas, as fundações, são 
pessoas jurídicas. Em ambos os casos, temos pessoas porque o Direito 
outorga personalidade jurídica, vale dizer, cria centros de direitos e deveres. 
(...) Tanto uma quanto a outra são criações do Direito: é ele, afinal, quem 
outorga a personalidade jurídica a ambas, ao fazê-las centros de direitos e 
deveres.” (Fundamentos de Direito Público, pág.62. São Paulo: Malheiros) 
Assim, o Estado é pessoa jurídica ou pessoa física ? O Estado é uma 
pessoa jurídica.”Só saberemos quem é o ser humano cujo comportamento está 
sendo vinculado se consultarmos outras normas: as de organização deste 
centro unificador de direitos e deveres a que chamamos de Estado.” 
(Fundamentos de Direito Público, pág.66. São Paulo: Malheiros) Este 
documento que conferece personaliddade ao Estado é a Constituição. Ainda, 
vale dizer que o Estado não é pessoa física porque não se sabe diretamente 
quem é o ser humano que tem o seu comportamento regulado pela norma. 
 
2. Distinção entre personalidades jurídicas de direito público e de 
direito privado 
 
 Você já sabe que personalidade juríidica é um centro de direitos e 
deveres determinado pelo próprio direito. Contudo, este conjunto de direitos e 
deveres podem ser disciplinados a partir de um regime jurídico de direito ou de 
direito privado. Em outras palavras, se a personalidade jurídica for de direito 
público, o conjunto de normas que disciplinarão os direitos e os deveres serão 
de direito público, enquanto que se a personalidade jurídica for de direito 
privado, o conjunto de normas que disciplinarão os direitos e os deveres serão 
de direito privado. 
 Pressuponho que você deva estar se questionando quais as diferenças 
existentesentre estes dois conjuntos de normas. “As normas de direito público 
outorgam ao ente incumbido de cuidar do interesse público (o Estado) posição 
de autoridade nas relações jurídicas que trave. Expressa-se no poder de impor 
deveres ao outro sujeito, independentemente da concordância deste. A lei 
(espécie de ato estatal, regido pelo direito público) ingressa no âmbito jurídico 
dos indivíduos, impondo-lhes deveres. E, como se sabe, o legislador não 
consulta os atingidos pela lei a fim de saber se estão ou não de acordo com a 
norma a ser posta. O mesmo se passa com o ato administrativo, como a ordem 
determinando o pagamento de uma multa de trânsito. Também com a sentença 
do juiz determinando a entrega de bem por um indivíduo a outro. Por isso se 
diz, usando uma figura de linguagem, que a relação jurídica de direito público 
(isto é, regida pelo direito público) é vertical: um sujeito (o Estado) se situa em 
posição mais elevada que o outro (o particular). A essa espécie de poder, 
consistente na possibilidade de obrigar unilateralmente a terceiros, chamamos 
de poder extroverso. 
 Já as normas de direito privado regulam as relações jurídicas de que 
tratam em termos de igualdade. Entre particulares, quando cuidam de seus 
interesses individuais, os deveres só nascem, de regra, pelo consentimento, é 
dizer, pela concordância da ambas as partes envolvidas na relação. Para 
alguém ser obrigado a transferir o uso de sua casa a outrem, necessário que 
tenha celebrado contrato, onde, ao ajustar uma locação, livremente se 
compromete a tanto. Metaforicamente, diz-se que a relação jurídica de direito 
privado é horizontal, situando-se os sujeitos no mesmo plano: nenhum tem 
poderes para, unilateralmente, impor obrigações ao outro; os sujeitos só 
dispõem de poder interno (poder para constranger sua própria esfera jurídica, 
não a alheia.” (Fundamentos de Direito Público, pág.69. São Paulo: Malheiros) 
 
3. Noções sobre organização do Estado 
 
Este ponto do seu estudo pretende que você conheça a estrutura do 
Estado. Em outras palavras, a organização do Estado é identificá-lo como ele 
se corporifica para desenvolver as atividades que a ele são incumbidas. 
 
3.1 Descentralização, Centralização e Desconcentração 
 
 A organização administrativa do Estado ocorre por meio de três 
formas: descentralização, centralização e desconcentração. 
 “A centralização é a situação em que o Estado executa suas 
tarefas diretamente, ou seja, por intermédio dos inúmeros órgãos e 
agentes administrativos que compõem sua estrutura funcional. Pela 
descentralização, ele o faz indiretamente, isto é, delega a atividade a 
outras entidades. Na desconcentração, desmembra órgãos para 
propiciar melhoria na sua organização estrutural.” (CARVALHO FILHO, 
José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, pág.453. São Paulo: 
Atlas) 
 Neste termos, a centralização é quando o Estado realiza 
diretamente as atividades públicas, isto é, ele mesmo por meio de seus 
órgãos internos realiza estas atividades. Ela abrange todos os órgãos 
dos poderes políticos (Legislativo, Executivo e Judiciário) das pessoas 
federativas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) cuja 
competência seja a de exercer a atividade administrativa. Exemplos são 
o Itamaraty, cargos de chefes do poder executivo, os Ministérios de 
Estado, Assembleias legislativas, Congresso Nacional, órgãos do Poder 
Judiciário, entre outros. 
 Já a descentralização é quando o Estado realiza indiretamente as 
atividades públicas, isto é, ele cria outras personalidades jurídicas para 
realizar determinadas atividades públicas. Exemplos são as atividades 
exercidas pelas autarquias, sociedades de economia mista, empresas 
públicas e fundações. 
 A desconcentração é a divisão de atividades dentro das pessoas 
jurídicas. Portanto, é a repartição das atividades públicas entre os 
órgãos pertencentes a administração pública. 
 
4. Atividades dos particulares e do poder público 
 
 Em uma sociedade existem dois grupos de atividades: a do campo 
estatal e a do campo privado. As atividades do campo estatal são as 
desenvolvidas pelo Estado e as atividades privadas são as desenvolvidas pelos 
particulares. 
 Estudar sobre as atividades do Estado é verificar o que cabe ao Estado 
realizar. As atividades do Estado são determinadas pela Constituição e pelas 
leis. Por isso, as atividades que cabem a determinado Estado irão variar de 
acordo com o que as Constituições e leis determinam. Assim, nem todo Estado 
exerce as mesmas atividades em suas respectivas sociedades. Não obstante, 
não há dúvida de que algumas atividades são necessariamente desenvolvidas 
pelo Estado, ocorre que outras irão variar das decisões políticas tomadas no 
Estado. Neste sentido, explica Carlos Ari Sundfeld que: “cada ordenamento é 
livre para decidir se uma atividade pertencerá ao Estado (sendo regida pelo 
direito público) ou aos particulares (direito privado). No Brasil, a Constituição 
reserva ao Poder Público a manutenção do serviço de correio (art.21, inc.X). 
nada impede que na Zambia, atribua-se aos particulares a prestação livre dele, 
sob regime de direito privado. (Fundamentos de Direito Público, págs.75 e 76. 
São Paulo: Malheiros). 
 Pode-se dizer que existem atividades essenciais ou caracterizadoras de 
certos modelos de Estado. As atividades essenciais são aquelas que precisam 
ser desenvolvidas necessariamente pelo Estado. São as atividades mínimas 
que um Estado deve desenvolver, já que sem elas não será mais Estado, como 
por exemplo as atividades de seguranla pública. Apenas o Estado pode 
desenvolvê-la porque ele é o único detentor do uso da força física com 
exclusividade. 
 Já as atividades caracterizadoras de certos modelos de Estado são 
aquelas que podem variar, como foi o exemplo dos correios oferecido por 
Carlos Ari Sundfeld. Assim, quando você estudou que o Estado a partir das 
crises econômicas passou a prestar serviços sociais, você identificou aquele 
modelo de Estado como Social. Quando o Estado realiza apenas funções de 
organização social, você estudou que ele se caracteriza como Estado Liberal. 
 Outra questão importante sobre as atividades do Estado é o regime 
jurídico aplicado a elas. Em outras palavras, qual o conjunto de normas 
aplicado a cada uma das atividades desenvovidas socialmente. O que define o 
regime jurídico não é o sujeito (pessoa) que a desenvolve, mas sim o tipo de 
atividade desenvolvida. Às identificadas pela Constituição e pelas leis como 
atividades estatais aplica-se o direito público e às atividades dos particulares, 
remanescentes, aplica-se o direito privado. 
 A classificação das atividades estatais, que você estuda neste momento, 
é aquela sistematizada por Carlos Ari Sundfeld, segundo a qual deve-se 
primeiro fazer uma distinção entre as atividades instrumentais e as atividades-
fim do Estado. As atividades instrumentais são aquelas realizadas para a 
efetivação das atividades-fim ou, ainda, funcionam como um caminho 
intermediário para que se possam realizar as atividades-fim. São a captação e 
gestão de recursos financeiros, a escolha de agentes públicos e a obtenção de 
bens indispensáveis ao suporte da atividade do Estado. Já as atividades-fim 
são aquelas de relacionamento internacional do Estado (exemplo: defesa do 
território, de controle social (legislativo, executivo e judiciário) e de gestão 
administrativa (serviços públicos, serviços sociais, emissão de moeda e 
administração cambial e outras atividades, sem caráter econômico como, por 
exemplo, a construção de um monumento). 
 Cabe observar que de modo excepcional o Estado desenvolve atividade 
econômica. Disciplinaa Constituição que ressalvados os casos previstos por 
ela, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida 
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
 
 
Título V: Princípios Gerais do Direito Público 
 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Conceito de princípios 
 Importância dos princípios 
 Importância dos princípios de direito público 
 Autoridade pública 
 Função 
 Princípio da legalidade 
 Princípio da igualdade perante o Estado 
 Princípio da segurança jurídica 
 Princípio do devido processo 
 Princípio da publicidade 
 Responsabilidade objetiva 
 
1. Conceito de princípios 
 
Talvez a primeira impressão em relação ao direito é a de que todas as 
normas seriam iguais em sua estrutura. O direito é um conjunto de normas, que 
podem ser de duas espécies: regras ou princípios. 
Existem muitos autores que buscam trazer as distinções entre estas duas 
espécies normativas. A diferença mais comum é a que aponta os princípios 
como normas mais abstratas e as regras como normas mais densas em suas 
estruturas. 
Carlos Ari Sundefeld aponta que “são as ideias centrais de um sistema, 
ao qual dão sentido lógico, harmonioso, racional, permitindo a compreensão de 
seu modo de organizar-se.” (Fundamentos de Direito Público, pág.143. São 
Paulo: Malheiros). 
 
2. Importância dos princípios 
 
Por serem os princípios normas abstratas, normalmente veiculam valores 
instituídos no ordenamento jurídico. São as normas base do ordenamento 
jurídico que equivalem a fundação de um prédio que se pretende construir. 
Sendo assim, indispensável para a construção do ordenamento jurídico. 
Carlos Ari Sundfeld lembra de passagem notável de Celso Antônio 
Bandeira de Mello, segundo o qual: “o princípio é o mandamento nuclear de um 
sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre 
diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua 
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a 
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá 
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção 
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema 
jurídico positivo.” (Fundamentos de Direito Público, pág.146. São Paulo: 
Malheiros) 
 
3. Importância dos princípios de direito público 
 
A grande maioria das normas pertencentes ao ramo do direito público não 
estão compiladas em um Código, exceção dos Códigos de Direito Penal e 
Direito Processual Penal. O fato das normas serem encontradas de forma 
espersa no ordenamento jurírico dificulta uma compreensão sistematizada das 
normas para delas poder retirar seus fundamentos essenciais. Assim, os 
princípios de direito público funcionam como este elo dentro da legislação 
espersa de direito público. ”Eles é que permitem ao aplicador organizar 
mentalmente as regras existentes e extrair soluções coerentes com o 
ordenamento globalmente considerado.” (Fundamentos de Direito Público, 
pág.147. São Paulo: Malheiros) 
Ainda, os princípios são úteis para suprimir as lacunas de lei, ou seja, 
omissões que podem ser deixadas pelo legislador. Neste caso, são os 
princípios o instrumento indispensável para o suprimento das lacunas. 
 
4. Autoridade pública 
 
Você já estudou que o Estado foi criado pelo homem para atender a 
necessidades que individualmente os homens não conseguiriam alcançar. 
Pode-se dizer que esta busca pelos interesses coletivos, de uma sociedade, 
pretende que o indíviduo abra mão de parcela de sua liberdade em prol do 
chamado interesse público. É a prioridade do interesse coletivo em face do 
interesse individual. 
Com esta função, o Estado assume dentro da sociedade uma posição 
superior em relação a todos. Trata-se de uma relação vertical entre Estado e 
indivíduo, já que deve prevalecer o interesse público sobre o privado. 
Essa posição superior em que o Estado se apresenta é um dos 
pressupostos para sua autoridade pública. Entretanto, outros fatores 
contribuem para esta sua autoridade decorrente do papel que exerce na 
sociedade, como a possibilidade de impor de forma unilateral deveres aos 
particulares, por comandos imperativos (ex.: lei, sentença e ato administrativo) 
ou atribuindo direitos aos particulares (ex.: conceder cidadania brasileira a 
estrangeiro por decreto presidencial). 
Observe que o Estado não exerce a autoridade pública sempre, em 
qualquer situação, ou na medida em que o quiser. Exerce-a, quando e na 
proporção em que esta lhe tenha sido conferida pela ordem jurídica. 
 
5. Função 
 
A função, para o Direito, é o poder de agir, cujo exercício traduz 
verdadeiro dever jurídico, e que só se legitima quando dirigido ao atingimento 
da específica finalidade que gerou sua atribuição ao agente. As atividades 
públicam constituem-se em função, já que quem age em nome do Estado não 
age de acordo com a sua vontade, mas de acordo com o que a lei determina. 
O legislador, o administrador, o juiz, desempenham função: os poderes 
que receberam da ordem jurídica são de exercício obrigatório e devem 
necessariamente alcançar o bem jurídico que a norma tem em mira. Como 
exemplo, temos o Pode Judiciário. O juiz deve julgar com imparcialidade e de 
acordo com o que a lei determina, mesmo que vá de encontro com as suas 
convicções políticas, filosóficas e religiosas. 
O princípio da função, próprio do direito público, opõe-se o da autonomia 
da vontade, vigente no direito privado. Enquando naquele os atos se vinculam 
a certo fim, que deve ser necessariamente atingido, neste os atos são 
produzidos nos termos da vontade dos particulares. 
 
6. Princípio da legalidade 
 
Durante o seu estudo, você aprendeu que a partir do Estado de Direito 
quatro pilares foram estabelecidos para a sua sustentação, dentre eles a 
superioridade da lei. Esse pressuposto é de extrema importância para que você 
compreeenda o princípio da legalidade. 
Atualmente previsto pela nossa Constituição, art.5°, inc.II, protege-se o 
direito de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei. 
Está submissão aos ditames da lei é para os indivíduos, mas também 
para o Estado. Não obstante ambos estarem submetidos às leis, a definição de 
legalidade ganha sentido distinto a se tratar do âmbito público e do âmbito 
privado. 
O princípio da legalidade no sentido público é a submissão do Estado à 
ordem jurídica. Isso significa que para o comportamento do Estado ser válido 
ele precisa ir de encontro com o que a lei disciplina. O Estado só pode fazer o 
que a lei determina. 
O princípio da legalidade no sentido privado, por outro lado, determina 
que os indivíduos podem ser tudo que a lei não proíbe. 
Por fim, não se deve confundir legalidade com reserva de lei, o primeiro é 
mais abrangente do que o segundo. A reserva de lei, diferente do que você 
acabou de estudar, significa que existem matérias que poderão ser tratadas 
somente por meio de lei em sentido formal. Isso quer dizer que determinados 
conteúdos só podem ser veiculados por meio de lei criada pelo poder 
legislativo e não pelo poder executivo na atribuição de função atípica. 
 
7. Princípio da igualdade perante o Estado 
 
A Constituição confere destaque ao princípio da igualdade quando 
começa o art.5°, “caput” de seu texto: todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza. No entanto, outros dispositivos constitucionais 
também fazem menção a este princípio, quais sejam:art.4°, Art.5°, “caput” 
(pribição de distinção entre brasileiro e estrangeiro) e inciso I; V; art.7°, XXX, 
XXXI, XXXII e XXXIV; art.19, III; e, art.37, “caput”. Como princípio, a igualdade 
deve ser otimizada nas esferas de criação e aplicação das normas jurídicas. 
No mundo do ser (realidade), é normal que existam as distinções entre os 
seres humanos e, por isso, os homens servem-se do direito para buscar 
desfazer estas desigualações. É esta a razão pela qual este princípio ganha 
destaque a partir do Estado de Direito, já que não se torna mais possível a 
instituição de privilégios para alguns em detrimento de outros. 
Ocorre que apontar um conceito de igualdade não é tarefa fácil, isso 
porque o que é igual para uns, pode não ser para outros. Buscando essa 
definição, encontra-se Aristóteles. Segundo o pensador, a igualdade é tratar os 
iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Como você pode 
perceber, acontecerá situações em que será necessária uma diferenciação 
para que se possa alcançar a almejada igualdade. Nesse sentido, Rui Barbora 
ensina que é tratar os iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na 
medida de suas desigualdades. Em outras palavras, em uma sociedade onde a 
desigualdade vem da própria natureza do homem, ela não deve passar 
despercebida e, sim, ser considera para a busca de uma igualdade. 
A aplicação do princípio da igualdade na administração pública é 
identificada com facilidade. Portanto, encontra-se na base de inúmeros 
institutos, como a licitação, o concurso público e a igualdade dos litigantes em 
processo judicial. 
Observe que a lei agride a isonomia quando não revestida de 
generalidade ou abstração, isto é, quando beneficia ou prejudica sujeito 
determinado e perfeitamente individualizado no presente como, por exemplo, 
uma lei concendendo isenção de imposto apenas a algumas empresas. 
 
8. Princípio da segurança jurídica 
 
O princípio da segurança jurídica encontra-se relacionado ao Estado de 
Direito na medida em que um Estado submetido às normas jurídicas pretende 
garantir aos indivíduos segurança. 
A evolução é natural da sociedade e, com isso, o direito precisa estar 
sempre acompanhando essas mudanças sociais, sob pena de perder sua 
efetividade. Tendo em vista essa adaptação que o direito passa com o decorrer 
do tempo, é preciso que os indivíduos sintam-se seguros em relação a 
situações já consagradas de acordo com a disciplina jurídica anterior. 
Nestes termos, o direito prevê três principais formas de garantir 
segurança aos indivíduos: o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada. Veja cada um deles: 
 
 DIREITO ADQUIRIDO: veda a possibilidade de se ver o indivíduo 
desprotegido da lei que o beneficiou. Respeita tudo aquilo que 
adquiriu e patrimonializou em um tempo em que a própria lei 
vigente lhe facultava tal benefício. 
 
 ATO JURÍDICO PERFEITO: é aquele que se aperfeiçoou, que 
reuniu todos os elementos necessários à sua formação, debaixo 
da lei velha. Se alguém desfruta de um direito por força de um ato 
que cumpriu integralmente as etapas da sua formação debaixo da 
lei velha, não pode ter este direito negado só porque a lei nova 
exige outra exteriorização do ato. 
 
 COISA JULGADA: é a decisão do juiz de recebimento ou de 
rejeição da demanda da qual não caiba mais recurso. É a decisão 
judicial transitada em julgado. 
 
9. Princípio do devido processo 
 
O princípio do devido processo indica o modo de agir do Estado, 
diferenciado do modo de agir dos particulares. Noção de processo: “é o 
encadeamento necessário e ordenado de atos e fatos destinado à formação ou 
execução de atos jurídicos cujos fins são juridicamente regulados.” 
Ao operar, manejando o poder político, o Estado edita decisões, 
expressas em atos jurídicos: lei, sentença, ato administrativo. Os indivíduos 
também produzem atos jurídicos, como os contratos. No entanto, o direito 
privado não se ocupa do procedimento a ser adotado pelo indivíduo para 
produzir seu ato. O direito privado ignora o comportamento do sujeito anterior 
ao contrato: o itinerário, o caminho, o procedimento até a contratação é um 
indiferente jurídico. Assim, o agir no direito público contrapõe-se ao agir no 
direito privado. Neste, existe a faculdade de os sujeitos determinarem 
livremente o iter formativo de suas vontades, sem vinculação a qualquer 
processo juridicamente regulado. 
Com o direito público é o inverso que ocorre. O exercício das diferentes 
funções estatais exige a observância de processo perfeitamente regulado pelas 
normas jurídicas. O Estado edita seus atos por meio processo, já o devido 
processo é o que legitima a atividade estatal. Indica o conjunto de garantias 
processuais a serem asseguradas à parte, para a tutela das situações que 
acabam legitimando o próprio processo. 
Importante perceber a razão da exigência de que os atos estatais sejam 
fruto de processo. Os agentes públicos exercitam poderes em nome de 
finalidade pautada pelo interesse público. você já estudou que aqueles que 
atuam em nome do Estado desempenham função. Função é o poder outorgado 
a alguém para o obrigatório atingimento de bem jurídico disposto na norma. 
Assim, o Poder Legislativo quando produz as normas jurídica, encontra-se 
submetido a um processo composto de três fases: a fase introdutória (iniciativa 
legislativa), a fase constitutiva (discussão e votação de projeto de lei pelas 
duas Casas do Congresso mais sanção ou veto pelo Presidente) e fase 
complementar (promulgação e publicação). 
O Poder Executivo também encontra-se submetido ao processo, o 
chamado processo administrativo. São vários os processos adminitrativos, tem-
se o processo administrativo disciplinar para apurar falta daqueles que 
trabalham na estrutura estatal, o processo de desapropriação, o processo para 
contratação de pessoas, mais conhecido como concurso público, entre outros. 
O Poder Judiciário também encontra-se submetido ao processo. Ao 
exercer sua função típica de julgar, o juiz deve seguir o caminho de atos 
determinado pelas leis processuais. Por isso, existem o processo civil, o 
processo penal e o processo trabalhista 
O processo infunde ao ato racionalidade, imparcialidade, equilíbrio; evita 
que o agente o transforme em expressão de sua personalidade. Sem ele, o 
agente fatalmente excederia seu papel de intermediário entre o Direito e o ato a 
ser produzido. 
 
10. Princípio da publicidade 
 
O Estado tem o dever da publicidade, de dar transparência e 
conhecimento dos atos que ele pratica. Por outro lado, também representa 
condição de eficácia, pois é com a publicidade que o ato possui condições de 
desencadear seus efeitos. 
Os atos praticados pela Administração Pública devem ser acessíveis aos 
administrados de modo que os particulares tenham ciência e possam controlar 
as ações do Poder Público. Portanto, a publicidade é de extrema importância 
para que os indivíduos possam saber o que a administração pública faz para 
controlá-la. 
A publicação dos atos da administração ocorrem por meio de diversas 
formas, dentre as quais o diário oficial e jornais. Inclusive, hoje a lei 
12.527/2011 busca implementar este dever de publicidade dos atos da 
administração do Estado. 
Ocorre que de esta publicidade não é algo absoluto. Excepcionalmente, é 
possível o sigilo dos atos estatais, desde que imprescindíveis à segurança da 
sociedade e do Estado. 
 
11. Responsabilidade objetiva 
O art.37, §6° da Constituição disciplina que as pessoas jurídicas de direito 
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão 
pelos danos que seus agentes,nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou 
culpa. 
O dispositivo preceitua expressamente que o Estado não é irresponsável, 
devendo, obrigatoriamente, arcar com os prejuízos provocados por sua ação 
ou omissão. A responsabilidade do Estado é uma exigência do Estado de 
Direito, já que deve agir conforme o que a lei determina. 
O Poder Público responde por seus atos: administrativos, legislativos e 
jurisdicionais. Nestes termos, o Estado responde em caso de erro do poder 
judiciário que cause dano a alguém. Também, responde o Estado pelas leis 
inconstitucionais criadas. E, ainda, responde pelos atos administrativos que 
causem danos. 
Ocorre que a responsabilidade estatal não é igual à responsabilidade 
comum dos particulares. Governa-se por regras próprias do direito público, que 
a fazem mais ampla. 
Como regra, a responsabilidade do Estado é a objetiva. É aquela que 
independe de culpa do agente no ato praticado. O Estado é obrigado a reparar 
os danos que cause. Assim, não é preciso provar a culpa ou o dolo do Estado 
para que ele seja responsabilizado pelos danos causados. 
Lembrar que a responsabilidade objetiva não faz do Estado um segurador 
universal, mas apenas o obriga a suportar os prejuízos que gere, direta ou 
indiretamente aos indivíduos. 
O Estado responde por atos lícitos e ilícitos. A responsabilidade por atos 
ilícitos deriva de seu dever de submissão à ordem jurídica. Já a 
responsabilidade por comportamento lícitos decorre do princípio da igualdade, 
pois seria injusto um indivíduo suportar sozinho o prejuízo gerado no interesse 
de todos. 
O Estado responde pelas condutas de ação e omissão. Entretanto, 
quando se tratar de danos causados por omissões do Estado, aplica-se a 
responsabilidade subjetiva, ou seja, neste caso, deverá comprovar a culpa ou o 
dolo do Estado para não ter realizado o que a lei disciplinou como obrigação 
sua. 
 
Título VI: Dicotomia entre direito público e direito 
privado 
 
Você já sabe que o Direito é um conjunto de normas que podem ser 
divididas em dois grandes grupos para facilitar o seu estudo: o público e o 
privado. Trata-se de uma divisão didática do estudo do direito, já que o direito é 
um só. 
Ao considerar a existência destes dois grandes grupos é necessário 
identificar o que os distinguem. Em outras palavras, quais são as diferenças 
existentes entre o direito público e o direito privado que permitem esta 
separação. 
Ao longo do seu estudo, já foi possível apontar muitas destas distinções. 
Pode-se dizer que o sujeito principal do direito público é o Estado, enquanto 
que o sujeito principal do direito privado são os particulares. O direito público 
busca o interesse público, enquanto que o direito privado busca interesses 
individuais. O direito público preocupa-se com as relações entre Estado e 
indivíduos, relações entre diferentes Estados, com a organização do Estado e 
com as normas que regulam o poder político. Enquanto que no direito privado, 
a preocupação são com as relações jurídicas que se estabelecem entre dois 
particulares. 
Não obstante estas principais distinções, existem outras, como aquelas 
que atingem a aplicação dos princípios por você estudados. Exemplo disso é o 
sentido do princípio da legalidade para o direito público e o direito privado, bem 
como o devido processo ao qual o Estado encontra-se submetido e os 
particulares dotados de autonomia. 
 
CONCLUSÃO 
 
Nesse tema, você aprendeu sobre a origem e evolução da sociedade, bem 
como as teorias que envolvem o seu surgimento. Você aprendeu os diferentes 
tipos de poderes, com destaque para o poder político que aquele exercido pelo 
Estado. Você aprendeu a evolução histórica da regulação do poder político, 
sobre o período abslutista, a conquista do Estado de Direito, Estado Liberal, 
Estado Social e Estado Democrático de Direito. Você aprendeu de modo 
aprofundado as pedras de toque do Estado de Direito: supremacia da 
Constituição, superioridade da lei, separação dos poderes e garantia dos 
direitos individuais. Você aprendeu sobre a organização do Estado, 
identificando sua personalidade jurídica, estrutura e atividades. Você aprendeu 
os princípios gerais do direito público, bem como as diferenças entre o direito 
público e o direito privado. 
 
MAIS SABER 
 
 
Lei o texto “O surgimento do Estado Republicano”, de autoria de Luiz carlos 
Bresser-Pereira. O texto apresenta de modo aprofundado o surgimento e a 
evolução do Estado, bem como características de forma republicana de 
governo. Lua Nova, 62, 2004: 131-150. Trabalho apresentado no III Simpósio 
Internacional sobre Justiça. Porto Alegre, 1-5 de setembro de 2003. Revisado 
em fevereiro de 2004. 
 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452004000200008 
 
 
MOMENTO CULTURAL 
 
 
ATALIBA, Geraldo. A República. Ed.: Malheiros; 
 
PIRES, Luiz Manuel Fonseca. O Estado Social e Democrático e o serviço 
público: um breve ensaio sobre liberdade, igualdade e fraternidade. Ed.: Fórum. 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. Ed.: Malheiros; 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. Ed.: 
Saraiva.

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