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EFEITOS DA CONDENAÇÃO, REABILITAÇÃO E MEDIDAS DE SEGURANÇA

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– DIREITO PENAL –
EFEITOS DA CONDENAÇÃO, REABILITAÇÃO E MEDIDAS DE SEGURANÇA
2017
Efeitos da Condenação
Também chamada de 'efeitos secundários' ou 'acessórios da sentença'.
A sentença condenatória produz efeitos secundário de duas ordens:
Penais: impedir ou revogar o sursis, impedir ou revogar o livramento condicional ou a reabilitação, lançar o nome do réu no rol dos culpados, propiciar a reincidência, etc.
Extrapenais: a atuação está fora no âmbito penal, subdividindo-se em efeitos genéricos e efeitos específicos, nos artigos 91 e 92 do Código Penal.
Este trabalho visa apresentar os efeitos secundários extrapenais.
Efeitos Genéricos
– Tornar certa a obrigação de reparar o dano. É um efeito automático, que não necessita ser expressamente pronunciado pelo juiz na sentença e destina-se a formar título exclusivo judicial.
– Perda em favor do Estado de bens e valores de origem ilícita. É a possibilidade de confiscar, também é automática, sem necessidade de ser declarada pelo juiz.
Os documentos/objetos que podem ser confiscados pelo Estado são os ilícitos, ou seja, aqueles cujo porte, uso, detenção, fabricação e/ou alienação é vedado pela lei.
Exceções: pode-se mencionar o confisco especial previsto na Lei de Drogas, que recai sobre veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, assim como, mecanismos, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, usados para a prática dos crimes abordados por essa lei. 
Quanto ao produto do crime, trata-se daquilo que foi diretamente adquirido com a prática do delito, tal como o dinheiro subtraído do banco. Além do produto, é possível que o sujeito converta o dinheiro roubado em outros bens que adquiriu por conta do crime.
Efeitos Específicos
– Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
Ao contrário dos outros efeitos, esses não são automáticos, precisam ser explicitados na sentença, respeitando os seguintes pressupostos:
Nos crimes praticados com abuso de poder ou violação do dever para com a Administração Pública, quando a pena aplicada for igual ou superior a 1 ano.
Nos demais casos, quando a pena for superior a 4 anos.
– Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela
É aplicável aos condenados por crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
Embora não esteja expresso no Código Penal, parece-nos que a mais lógica aplicação do dispositivo deva dizer respeito ao filho ofendido pela prática criminosa e não a todos os descendentes do infrator.
Não pode a pena e seus efeitos envolver casos ou pessoas não abrangidas pela conduta criminosa ou a ela relacionadas.
– Inabilitação para dirigir veículo
Somente pode ser utilizado quando o veículo foi usado como meio para a prática do crime doloso.
Reabilitação
É a declaração judicial de reinserção do sentenciado ao gozo de determinados direitos que foram atingidos pela condenação. Suas metas principais são garantir o sigilo dos registros sobre o processo e a condenação do sentenciado, bem como proporcionar a recuperação de direitos perdidos por conta dos efeitos da condenação.
– Concessão
É do juiz da condenação, nos termos do art. 73 CPP, nessa parte não revogado. A Lei de Execução Penal, nada tendo disposto a respeito do tema, não transferiu ao juiz da execução a competência para tratar da reabilitação.
– Prazo e Procedimento
Poder ser pedida 2 anos após a extinção ou término da pena, incluindo nesse período o prazo do sursis ou do livramento condicional, se não houver revogação.
Lembremos que a extinção da pena pode dar-se não somente pelo seu cumprimento, mas por qualquer outra forma: prescrição, indulto, abolitio criminis, etc. Caso o sursis ou o livramento condicional tiverem prazos maiores que 2 anos, é natural que o condenado tenha de esperar o final para requerer a reabilitação.
O art. 744 do CPP, faz exigências quanto à solicitação da reabilitação:
Certidões de antecedentes do condenado das comarcas onde residiu durante os 2 anos posteriores à extinção da pena;
Atestados de autoridades policiais ou outros documentos que mostrem ter residido nas comarcas indicadas e mantido bom comportamento;
Atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas cujo serviço tenha estado.
Outros documentos que provem sua regeneração
Prova de ter ressarcido o dano ou não poder fazê-lo.
Obs.: o bom comportamento deve seguir durante todo o processo de reabilitação, e não somente no período de 2 anos necessários para fazer o pedido.
– Indeferimento da Reabilitação e Recursos
Se for indeferida a reabilitação, não há mais prazo de 2 anos para renovar o pedido. Aliás, da decisão denegatória da reabilitação cabe apelação.
Vale ressaltar que a prescrição da pretensão punitiva, porque afasta o direito de punir do Estado, não permite o pedido de reabilitação. Entretanto, a prescrição da pretensão punitiva executória, que somente tem o condão de evitar a aplicação da sanção principal decorrente da decisão condenatória, permite a reabilitação.
– Reabilitação e Reincidência
Institutos completamente diferentes, embora possuam conexões:
A reabilitação não extingue a condenação anterior para efeito de reincidência, de modo que o reabilitado, cometendo novo crime, pode tornar-se reincidente;
A reincidência pode servir para revogar a reabilitação;
– Reabilitação em porções
Ocorreria a reabilitação em porções caso o sentenciado fosse, aos poucos, se reabilitando após o cumprimento ou a extinção de cada uma de suas várias penas, o que é inadmissível. Deve, primeiramente, cumprir todas as penas e somente depois pedir a reabilitação.
Medidas de Segurança
Trata-se de uma forma de sanção penal, com caráter preventivo e curativo, visando a evitar que o autor de um fato havido como infração penal, inimputável ou semi-imputável, mostrando periculosidade, torne a cometer outro crime e receba tratamento adequado. 
– Espécies de Medidas de Segurança
São duas:
Internação, que equivale ao regime fechado da pena privativa de liberdade, inserindo-se o sentenciado no hospital de custódia e tratamento, ou estabelecimento adequado;
tratamento ambulatorial, que guarda relação com a pena restritiva de direitos, obrigando o sentenciado a comparecer, periodicamente, ao médico para acompanhamento;
– Pressupostos e Aplicação
São necessários os seguintes pressupostos para a aplicação da medida de segurança:
que haja prova de que o acusado cometeu fato típico e antijurídico;
que exista prova da periculosidade do agente em razão de inimputabilidade decorrente de doença mental;
A periculosidade é presumida quando a perícia atesta que o réu é inimputável: não tinha condição de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento em razão do problema mental.
Já nos casos dos semi-imputáveis, é preciso que a perícia ateste que o agente estava parcialmente privado de sua capacidade de entendimento e autodeterminação em razão da deficiência mental e afirme que, em razão disso, há elementos para concluir que é provável que torne a delinquir se não houver tratamento. É a chamada periculosidade real como pressuposto para a aplicação da medida de segurança em substituição à pena privativa de liberdade para os semi-imputáveis. Para estes, portanto, a sentença tem sempre natureza condenatória, pois o juiz aplica pena privativa de liberdade e, em seguida, se for o caso, substitui pela medida de segurança.
– Duração da Medida de Segurança
Tanto no caso do inimputável como no caso do semi-imputável, a internação ou tratamento ambulatorial serão aplicados sempre por tempo indeterminado, perdurando enquanto não averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade.
O período mínimo será decidido pelo juiz, podendo variar de 1 a 3 anos.
A perícia médica será realizada ao término do prazo mínimo fixado na sentença, e, posteriormente, será repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se assim determinar o juiz das execuções.
– Internação Provisória ou Preventiva
Poderáser decretada nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser o réu inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração.
– Detração Penal e Medida de Segurança
Detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança aplicadas na sentença, do tempo de prisão provisória cumprida no Brasil ou no estrangeiro, de prisão administrativa e o de internação em hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico.
Bibliografia
NUCCI, Guilherme. Manual de Direito Penal. 12ª ed. Editora Forense. 2016.
ESTEFAM, André. GONÇALVES, Victor Eduardo. Direito Penal Esquematizado Parte Geral. 6ª ed. Editora Saraiva. 2017

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