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Estratégias de prevenção de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais Taciana Lucas de Afonseca Salles Introdução Definir formas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais é essencial para promover a segurança e a saúde no trabalho, envolvendo uma série de medidas técnicas. O assunto é impor- tante para o ambiente laboral e também para a rotina doméstica, já que os motivos que levam aos incêndios normalmente são os mesmos. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar práticas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais; • reconhecer estratégias e comissões de prevenção de acidentes. 1 Estratégias de prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais Primeiramente, entenda que em qualquer ambiente, sempre existe a possibilidade de um acidente acontecer. Assim, é importante desenvolver estratégias que, por meio da neutralização, redução ou até eliminação dos agentes nocivos, previnam e diminuam as chances de lesões (ROS- SETE, 2015). No entanto, nas organizações onde há um volume considerável de pessoas, processos e equipamentos, a prevenção é uma tarefa complexa. Diante disso, as NRs dão estratégias de prevenção por meio de normas, comissões e progra- mas que visem a saúde e a segurança no trabalho (SST), conforme mostra a tabela a seguir. Tabela 1 – Estratégias de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais NORMA REGULAMENTADORA PROPOSTA CENTRAL NR4: Serviços especializados de Engenharia de Segurança e em Medicina do trabalho (SESMT) Constituir equipe multiprofissional, visando SST. NR5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) Constituir comissão para verificar riscos de acidentes e causas, propondo medidas corretivas e preventivas. NR6: Equipamento de Proteção Individual (EPI) Especificar a qualidade dos EPIs e regras quanto à disponibilização e uso. NR7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Oferecer diretrizes sobre como prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente agravos à saúde. NR9: Programa de Prevenção de Riscos Am- bientais (PPRA) Antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais. NR23: proteção contra incêndios Normatizar a adoção de medidas contra incêndio. NR26: sinalização e segurança Adotar cores indicativas para cada tipo de risco. Fonte: adaptado de BRASIL, 2017. Pode-se dizer então que, buscando a prevenção, a empresa deve atuar em diferentes dire- ções, por exemplo: • formando equipe multidisciplinar que busque a SST por meio de procedimentos e medi- das de segurança; • formando comissões específicas à investigação e prevenção de acidentes, oferecendo EPIs e garantindo seu uso; • avaliando periodicamente a saúde das pessoas; • fazendo mapa de riscos ambientais e sinalizando-os; • equipando a empresa e treinando as pessoas para situações de incêndio. FIQUE ATENTO! Atuar apenas em uma vertente ou aspecto não garantirá segurança e saúde no trabalho. Por fim, conclui-se que as estratégias devem sempre buscar antecipar, eliminar ou reduzír riscos existentes e iminentes no ambiente, reorganizar o trabalho, treinar, conscientizar e proteger o indivíduo com medidas preventivas. A seguir, conheça mais sobre a CIPA. 2 CIPA A NR5 trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) a qual objetiva a pre- venção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a torná-lo compatível com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador (BRASIL, 2015). FIQUE ATENTO! Prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho é garantir a capacidade pro- dutiva do trabalhador. Entenda que toda empresa privada, pública, sociedade de economia mista, órgãos de admi- nistração direta e indireta, instituições beneficientes, associações recreativas, cooperativas e outras instituições que admitam trabalhadores como empregados deve formar a CIPA (BRASIL, 2015). A comissão é composta de representantes do empregador e dos empregados em igual quan- tidade, de modo que o número de membros titulares e suplentes dependerá do total de colabo- radores e do ramo de atividade da empresa, conforme consta no anexo I da NR5 (BRASIL, 2015). Note que, caso a empresa não possua o número mínimo de pessoas para formar a CIPA, deverá indicar um representante para cumprir a norma (ROSSETE, 2015). Os representantes dos empregados serão eleitos por voto secreto a um mandato de um ano, podendo se reeleger apenas uma vez. Os eleitos assumirão como membros titulares e suplentes dependendo da quantidade de votos que receberem e terão direito à estabilidade de emprego a partir de sua candidatura, até um ano após o final do mandato (ROSSETE, 2015). EXEMPLO Os colaboradores mais votados assumem cargos titulares, como o de vice-presi- dente, e os demais serão suplentes. Os indicados pelo empregador podem ter vários mandatos, sem restrições, sendo que um deles deverá ser designado ao cargo de presidente. A CIPA busca prevenir acidentes e doenças no trabalho, tendo várias atribuições, dentre as quais destacam-se: • identificar riscos e elaborar mapa de riscos; • elaborar plano de trabalho para prevenir acidentes e doenças; • avaliar o cumprimento das metas do plano de trabalho; • verificar ambiente e condições de trabalho, requerendo a paralisação de máquinas ou setores se necessário; • divulgar informações sobre SST; • fazer cumprir as NR e demais determinações; • participar da análise das causas dos acidentes e doenças e das campanhas preventivas; • promover anualmente a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT) (BRASIL, 2015). SAIBA MAIS! O Mapa de Risco deve: • reunir informações necessárias para diagnosticar a situação de segurança e saúde no trabalho; • permitir a troca e a divulgação de informações entre os trabalhadores, sobre os riscos a que estão sujeitos no ambiente de trabalho; • estimular a participação dos trabalhadores nas atividades de prevenção; A responsabilidade pela elaboração, anualmente, do Mapa de Riscos é da CIPA. Além disso, ela deve fixa-lo, obrigatoriamente, em cada setor de trabalho. Assim, para que a CIPA possa exercer seu papel, é fundamental que o empregador forneça treinamentos sobre investigação e análise dos riscos, leis e normas de segurança, brigada de incêndio, primeiros socorros, entre outros. Conheça a seguir sobre os equipamentos de segurança individuais. 3 EPI É importante saber que, mesmo com ações preventivas e medidas de controle dos riscos ambientais, existem situações e profissões em que o perigo permanece. Assim, utilizar o equipa- mento de proteção individual (EPI) pode ser uma opção para minimizar ou neutralizar o risco. Como o próprio nome diz, note que EPIs são equipamentos que protegem, mas não evitam o acidente, apenas reduzem as chances de lesões e são usados em lugares onde não é possível eliminar o risco (ROSSETE, 2015). EXEMPLO Um vigia que faz a segurança patrimonial precisa usar colete à prova de balas, pois continua sujeito a situações de risco, mesmo adotando outras medidas de proteção. Os EPIs podem servir para diversas partes do corpo, como capacete ou capuz, óculos, prote- tor auricular, máscaras, avental, luvas, botas e cinto de segurança. Figura 1 – EPIs na atividade de solda Fonte: Praphan Jampala/Shutterstock.com. É obrigação da empresa oferecer o EPI sem qualquer custo ao colaborador e em perfeito estado, sempre que não haja proteção completa contra riscos de acidentes e doenças, enquanto medidas coletivas estiverem sendo implantadas e em situações de emergência (BRASIL, 2015). No entanto, apenas disponibilizá-los não é suficiente. Deve-se treinar, conscientizar e encon- trar formas de garantir seu uso adequado e constante (ROSSETE, 2015). SAIBA MAIS! A NR6 traz definiçõessobre a produção, as condições de importação e venda, como e quando devem ser fornecidos os EPIs. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf>. Assim, é de responsabilidade da empresa adquirir EPI aprovado e adequado ao risco, treinar quanto ao uso e conservação, exigir o uso, substituir caso danificado, fazer a higienização, comu- nicar defeitos e registrar o fornecimento. E o colaborador deve usar adequadamente, guardar e conservar o EPI e avisar sobre o desgaste ou o defeito (BRASIL, 2015). Conheça a seguir as formas de prevenção de incêndios. 4 Prevenção de incêndio Uma situação de incêndio pode gerar danos graves e acidentes de grandes proporções. Por esse motivo, a adoção de medidas preventivas e técnicas de combate ao fogo são importantíssi- mas para se garantir a SST. Prevenir incêndios implica, antes de tudo, em tomar medidas para evitar sua ocorrência, como: fazer instalações elétricas de forma adequada, isolando condutores e aterrando as instala- ções; armazenar materiais químicos e inflamáveis segundo a NR20; proibir uso de cigarro e fós- foro em ambientes com produtos inflamáveis; proteger soldas e limpar o material a ser soldado, evitando dispersão de centelha; colocar cilindros de gás longe da operação; promover ventilação para evitar vapores explosivos no ar, além de fazer a sinalização, a limpeza e a distribuição ade- quada do leiaute da empresa, entre outros (ROSSETE, 2014). FIQUE ATENTO! A prevenção é a principal forma de se preservar a saúde dos colaboradores, embora nem sempre seja possível se antecipar a todos os acontecimentos. Entretanto, caso o incêndio ocorra, existem métodos de extinção: • retirada do material combustível ainda não atingido pelo fogo; • resfriamento pela água; • abafamento com panos, cobertores etc.; • extinção química (ROSSETE, 2014). Figura 2 – Extintor de incêndio ABC Fonte: John Kasawa/Dreamstime.com. A NR23 define que o empregador deve treinar todos os colaboradores sobre como utilizar os equipamentos de combate ao incêndio, evacuar o local de trabalho e conhecer os dispositivos de alarme existentes. Além disso, estipula a existência de saídas de emergência sinalizadas, com travas que permitam evacuação rápida, aberturas e vias de passagens com placas e a proibição de bloqueios nessas passagens e saídas (BRASIL, 2015). Existem quatro classes de fogo e cada qual tem seu melhor método de extinção, conforme mostra a tabela a seguir. Tabela 2 – Eficiência dos extintores Classe de incêndio Agente extintor ÁGUA Pó BC Pó ABC CO2 ESPUMA A (papel, tecido, fibra) Eficiente Pouco eficiente Eficiente Pouco eficiente Eficiente B (álcool, verniz, óleo, gasolina) Pouco eficiente Eficiente Eficiente Eficiente Eficiente C (aparelhos elétricos) Proibido Eficiente Eficiente Eficiente Proibido Principal método Resfriamento Quebra reação Quebra reação Abafamento Abafamento e resfriamento Fonte: ROSSETE, 2014, p. 118. Perceba que a classe D de fogo são de incêndios os provocados por metais combustíveis (magnésio, zicôrnio e titânio), cujo melhor método de extinção é cloreto de sódio (ROSSETE, 2014). Em qualquer das situações, se a equipe estiver devidamente treinada, será capaz de evitar os incêndios ou de extingui-los rapidamente. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer práticas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais; • conhecer estratégias e comissões de prevenção de acidentes. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho. Normas regulamentadoras. Brasília: Ministério do Trabalho, 2015. Disponível em <http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-re- gulamentadoras> Acesso em: 30 out. 2017. _______. Ministério do Trabalho. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes. Brasília: Ministério do Trabalho, 2015. Disponível em: <http:// trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR5.pdf>. Acesso em: 30 out. 2017. _______. Ministério do Trabalho. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 6 Equipamento de proteção individual – EPI. Brasília: Ministério do Trabalho, 2015. Disponível em: <http://trabalho. gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf>. Acesso em: 30 out. 2017. ROSSETE, Celso Augusto. (org.) Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. ROSSETE, Celso Augusto. (org.) Segurança e Higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
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